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COMUNICAÇÃO E JORNALISMO POPULAR NO PARQUE ARAXÁ
Autor: Francisca Benício Moreira1
Co-autor: Ms.Joana D’arc Dutra2
RESUMO
Este estudo foi feito para nos levar a uma reflexão sobre o percurso histórico do jornalismo de resistência, levando-nos a observar outra forma do jornalismo, tipificado como alternativo, e, além disso, identificarmos o exercício da comunicação popular/participativa no bairro Parque Araxá, a partir da análise da produção do jornal de bairro “Jornal do Parque Araxá”. Durante o desenvolvimento da pesquisa, buscamos todas as definições para este tipo de jornalismo que, sempre esteve à margem de uma imprensa convencional, mas que especialmente se fundamenta em alguns eixos, dentre eles: jornalismo como serviço público e bem da sociedade; comprometido, em primeiro lugar, com a informação e não com o capital, desempenhando principalmente uma função social; jornalismo como instrumento de formação da cidadania focado na defesa de interesses populares e democráticos. Durante o desenvolver da pesquisa, buscamos fazer uma exposição da evolução dos movimentos de resistência vinculados à comunicação desde a imprensa operária até os movimentos sociais e mídias dos dias atuais. Por fim, entendemos o jornalismo popular como uma busca constante por garantir um maior número de vozes e pensamentos ativos fornecendo ao leitor, elementos que possibilitam a construção de uma visão crítica contextualizada. Para isso, utilizamos uma análise geral da publicação, principalmente quanto às formas de definição das pautas, produção das matérias até a distribuição dos exemplares.
1 Graduada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Faculdade Cearense, 2010.
(kika_jornalista@hotmail. com)
2 Mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas (UFBA) – Graduada em Comuniucação Social –
Jornalismo (UFC) Núcleo de Comunicação Popular e Alternativa da Prefeitura de Fortaleza – Docente -
Faculdade Cearense - Docente – Universidade de Fortaleza. ([email protected]).
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SUM ÁRIO: 1. Introdução; 1.1 Comunicação e resistência; 2. A imprensa
alternativa; 2.1 O jornalismo comunitário e seu exercício; 2.2. O Que é
notícia popular; 3. Rotina de produção de um jornal de bairro
(comunitário); 4. Produção e participação popular no Jornal Parque
Araxá;4.1 A metodologia aplicada; 4.2. Treze anos de Jornal do Parque
Araxá; 4.3. Da definição da pauta à distribuição; 5. Análise das
publicações; 6. Considerações Finais; REFERÊNCIAS.
1. Introdução
O presente estudo foi desenvolvido em virtude da busca por maior conhecimento
sobre um assunto que inicialmente não possui grande visibilidade na academia. O estudo de
um jornal de bairro para tentar compreender melhor os movimentos alternativos em
comunicação, buscou mostrar um viés da mídia em que os conceitos de participação e
cidadania são amplamente discutidos e conceituados.
1.1 Comunicação e resistência
Entende–se como jornalismo de resistência, produções jornalísitcas que se constituem
à margem de uma imprensa convencional, mas que, especialmente se fundamenta em
alguns eixos, dentre eles: jornalismo como serviço público e bem da sociedade e, por isso,
comprometido, em primeiro lugar, com a informação e não com o capital, desempenhando
principalmente uma função social, jornalismo como instrumento de formação da cidadania
focado na defesa de interesses populares e democráticos, e, por fim, jornalismo como
garantia do maior número de vozes e pensamentos ativos fornecendo ao leitor, elementos
que possibilitem a construção de uma visão crítica contextualizada.
No Brasil, a comunicação posteriormente conceituada como alternativa, pôde ser
observada desde o período regencial, muito embora, com relevância comunicacional
questionável em virtude de tratar-se de abordagens sobre assuntos de interesses da elite
como informativos sobre a vida burguesa, além de pasquins humorísticos, revistas literárias
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etc, todos de caráter efêmero. Segundo Sodré (1968 apud KUCINSKI, 1991) estes pasquins
e panfletários da época atingiram seu apogeu em 1830 com cerca de 50 títulos e foram
seguidos pelo surgimento “de jornais anarquistas de operários meio século depois (1880 -
1920) com quase 400 títulos”.(FERREIRA, 1978 apud KUCINSKI, 1991).
Desde as lutas operárias que desalojaram o poder da classe dominante da Rússia
durante a revolução de 1917, é apropriado falar que a imprensa operária está ligada
diretamente à trajetória destas conquistas. Os veículos de comunicação de massa, desde
finais do século XIX,principalmente os jornais, representam preferencialmente os interesses
da sociedade. A exemplo desta afirmação, Ferreira (1988) é categórica ao dizer:
O jornal é um instrumento de informação, conscientização e mobilização; o
receptor não é um elemento passivo, mas alguém que tem interesses comuns e
participa da mesma forma de organização: „A comunicação torna-se um
instrumento de intercâmbio, não de dominação‟. (FERREIRA, 1988:6).
2. A imprensa alternativa
O ápice temporal em que a comunicação alternativa foi mais evidenciada no Brasil,
ocorreu entre os anos 1960 e 1970, momento em que o regime militar atuava a todo vapor
de forma violenta e repressiva. E foi nos anos 1970, que a política “linha dura” de Médici
começou a deixar o cenário político e deu-se início a Era Geisel, sendo nesse momento que
a repressão começou a sofrer lenta abertura, mesmo mantendo a hegemonia da elite.
Mesmo com restrições, foi nesse período que se consolidou o crescimento dos
conglomerados que controlavam os meios de comunicação e da cultura de massa. Neste
contexto que detinha o poder da mídia entre o estado e o privado, fez-se necessária à
comunhão dos interesses da população a partir da criação do sentimento de comunidade em
prol da luta por interesses comuns.(BARBALHO,2000)
Ainda segundo Barbalho (2000), foi nesse momento em que os movimentos sociais
formados pelas classes menos favorecidas pelos interesses comerciais, industriais e
políticos que predominavam na sociedade, sentiram a necessidade de intervir contra o
regime. Esses movimentos reuniam jornalistas, intelectuais, estudantes universitários e
políticos afastados pelo regime. Bernardo Kucinski (Kucinski, 1990:XXII, apud Caíres,
2009: 4) demarca o início deste movimento expondo as condições políticas da época e a
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ideologia das classes menos favorecidas em relação à mídia convencional que não
contrapunha o governo.
Vale ressaltar que maioria desses veículos sobrevivia a duras situações de
perseguição econômica uma vez que, embora a censura tivesse sido extinta em 1978, eram
usadas outras formas para impedir a circulação dos informativos como a apreensão de
edições inteiras inviabilizando a sucessão dos projetos além de atentados à bomba sofrida
pelos distribuidores destes jornais.
Cicília Peruzzo (1998) relata que nesse momento essas classes começaram a
denunciar, resistir e se organizarem pela luta em nome de seus direitos. Nesse período, a
oposição juntava forças e traçava estratégias para combater o regime militar muito embora
cada manifestação social resultasse em uma conseqüência dita corretiva aos opositores ao
governo, podendo ir da perca de um emprego até a prisão e tortura sob acusação de práticas
subversivas.
A história da imprensa alternativa começa a ser formada tendo como base os
movimentos de resistência, assim como citado no tópico anterior, impulsionada pela
ansiedade de mudanças no modo de regime autoritário do governo e, de acordo com
Caparelli (1986:45), era uma forma alternativa de a sociedade menos favorecida de acesso
aos meios de comunicação massiva externar suas necessidades e realidades da seguinte
forma:
[...] poderia ser do ponto de vista do produtor, que, não contente com a imprensa
tradicional, se propõe elaborar ele mesmo o produto. Ou do leitor, que no
mercado capitalista de idéias, tem opção a uma maior diversidade de conteúdos,
fugindo ao monopólio dos grandes grupos que reforçam o status quo [...].
(CAPARELLI,1986)
Segundo Peruzzo (2006:8), “eram jornais que se apresentavam como alternativa de
leitura aos grandes jornais então existentes. [...] eram vendidos em bancas ou por
assinaturas e em locais de fluxo flutuante (universidades, centros de convenções etc.)”.
Esses veículos eram escritos por intelectuais, jornalistas e estudantes que procuravam
dedicar seu tempo à imprensa de caráter reivindicatório, livre, mas o que ocorre é que
grande maioria desses profissionais também atuava na imprensa tradicional, o que de certa
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forma, dava aos jornais alternativos mais proximidade aos fatos dados às dificuldades de
recursos financeiros.(CAPARELLI,1986).
As publicações, ao contrário dos grandes meios de comunicação da época que,
segundo Festa (1998:16), “recebiam extraordinários incentivos econômicos e fiscais”,
sofriam grande repressão uma vez que se contrapunham aos modelos pré-estabelecidos pela
sociedade e pela grande mídia, representando uma significativa camada de oposição contra
as imposições da ditadura. Estas, não visavam lucro como os grandes meios de
comunicação de massa e por isso nunca estiveram categorizados como meio de
comunicação de massa, muito embora, como citado anteriormente tenham, em muitas
ocasiões, atingindo significativas tiragens, contudo, maioria marcada pela efemeridade.
O fato é que o contexto social da época era muito violento e os considerados
“subversivos” pelo governo, eram torturados e, por muitas vezes, chegavam a desaparecer.
Daí a grande importância dessas publicações quando denunciavam a violência dos militares
e defendiam a queda do militarismo. Segundo os estudiosos do Exército Brasileiro, ainda
podemos acrescentar que esse tipo de imprensa anunciava “a busca da sobrevivência nos
fatores análise, denúncia e crítica, trinômio que se esvaziou da grande imprensa”.(Caparelli,
1986). É nesse momento que fica clara a luta principal pelo objetivo de liberdade de
expressão e implantação da democracia.
Dito isso, a efetiva decadência, foi de fato observada quando os alternativos
começaram a criar vínculos muito estreitos com partidos políticos e sindicatos perdendo o
sentido inicial de sua existência durante o governo militar e os discursos sindicais ou
partidários adotados pelas publicações, retirou dos adeptos o gosto pela diversidade que a
imprensa alternativa trazia em suas características mais relevantes.
No entanto, o que podemos observar na prática é que, de acordo com Rodrigues
(1998:25), é que a imprensa alternativa não desapareceu, o que ocorreu claramente foi uma
transformação, ou seja, uma mudança transitória entre novas correntes ideológicas e
publicações político-partidárias, criando-se inclusive a imprensa alternativa especializada a
exemplo do jornal Mulherio. Ou seja, de acordo com o autor, neste momento a
comunicação alternativa passou a ter propósitos ainda mais amplos do que os iniciais, que
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eram o de oposição ao regime e passou a lutar por toda e qualquer desigualdade social
contra a população e conquistou nova denominação de “Imprensa Popular”.
E a esta nova roupagem da comunicação alternativa agora, popular, damos também
uma nova definição a partir da visão incorporada com o exercício pleno da cidadania, nas
palavras de Cicília Peruzzo que afirma que essa “nova” forma de comunicação
“representou um grito, antes sufocado, de denúncia e reivindicação por transformações,
exteriorizado, sobretudo em pequenos jornais, boletins, alto-falantes, teatro, folhetos,
volantes [...]”.(PERUZZO,1998:115)
2.1 O jornalismo comunitário e seu exercício
Não só o jornalismo popular, mas o jornalismo em geral também vive da teoria da
comunicação como necessidade de utilidade publica, senão vejamos o que afirma Clóvis
Rossi em sua publicação definindo que sobre o jornalismo “é inegável que ela desempenha,
claramente, um papel-chave na batalha para ganhar as mentes e corações dos segmentos
sociais que, no Brasil ao menos, formam o que se chama de opinião pública”.(ROSSI,
2007:8).
De acordo com Mário Erbolato (2004), o jornal é uma mercadoria que vive em
função de adquirir compradores todos os dias e, além disso, para alcançar fins de
instabilidade econômica e rentabilidade, é preciso que estes apesar de necessitar da
confiança do leitor, se prendam principalmente a aceitação destes pela sua principal fonte
de suas receitas que são os anunciantes.
Já para a comunicação popular, de acordo com Callado e Estrada (1985), o jornal de
bairro é uma publicação que existe especialmente em virtude da participação da
comunidade. Ainda segundo as autoras, este tipo de jornalismo veicula em suas páginas,
assuntos que dizem respeito mais diretamente a interesses das comunidades nas quais eles
atuam, sem fins lucrativos.
O jornal comunitário é muito mais do que um órgão de informação é um
instrumento de mobilização. É ele que vai estabelecer a verdadeira comunicação
entre os membros da comunidade, o debate de seus problemas e a participação de
todos nas soluções a serem dadas. (CALLADO E ESTRADA, 1985:8)
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Partindo dessa colocação, entendemos, portanto, que o processo de elaboração de um
jornal comunitário torna o receptor da mensagem um agente passivo no processo de
comunicação, o que reforça ainda mais o conceito de exercício da cidadania nos meios de
comunicação direcionado à comunidade. Comunga com essa idéia, o autor Amarildo
Carnicel (2005) em sua obra O jornal comunitário e a educação não-formal: experiências e
reflexões ao citar Marcondes (1987) expondo ainda mais claramente a definição de jornal
comunitário.
Um jornal comunitário é elaborado por membros de uma comunidade que
procuram através dele obter mais força política, melhor poder de barganha, mais
impacto social, não para alguns interesses particularizados (anunciantes, figuras
proeminentes), mas para toda a comunidade que esteja operando o veículo.
(Marcondes,1987:161 apud CARNICEL,2005:50)
Após as definições para este modo de produção, algumas observações são
importantes, dentre estas, a forma de produção deste tipo de jornalismo, que deve ser
expressa de forma simples e direta para que seja bem compreendida por seus leitores, uma
vez que são nestas publicações, que são veiculadas as matérias e artigos que trazem as
reivindicações destes.
Em decorrência disto, a Aler3
(1986), lembra que o redator de um jornal de bairro
deve traduzir as informações publicadas nos demais jornais para a linguagem popular, ou
seja, deve eliminar os substantivos abstratos e reduzir os adjetivos empregando
preferencialmente frases simples, pequenas e claras, isto para que o leitor não se confunda
com linguagem e idéias difíceis de interpretar. Isto porque estes jornais são destinados a um
público de menor escolaridade (periferias).
Neste sentido, fica clara a aproximação entre as características de produção do
jornalismo em geral para o especializado como é o caso do jornalismo comunitário.
Podemos então, entender esta necessidade quando citamos as palavras de José Marques de
Melo (ERBOLATO,2004 apud MARQUES DE MELO) em seu trabalho sobre o
desenvolvimento da imprensa no Brasil quando este faz a seguinte observação: “a
3 ALER (Associação Latinoamericada de Educação Radiofônica) - Brasil, FASE, IBASE/CETA - SEPAC/EP. A Notícia Popular em Manuais de Comunicação,1986,
Manual nº2.
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linguagem dos jornais é uma linguagem elevada e inacessível ao grande público”. O autor
ainda ratifica sua afirmação quando aborda o assunto linguagem jornalística ao dizer que
esta “deve ser correta e acessível a todos. (...) O segredo da boa notícia depende da maneira
compreensível como chega ao receptor”.(ERBOLATO,2004:90)
Daí entendemos que principalmente o redator popular deve seguir a “regra de ouro”
do Manual segundo a Aler que ensina o seguinte: “Quando estiver redigindo, lembre-se dos
analfabetos e se eles entenderiam o que está escrevendo”.(ALER,1986: 128). Além disto,
torna-se pertinente acrescentar que a pauta do jornal comunitário é criada a partir da
participação coletiva.
O reforço da idéia do interesse do homem pela informação que o diz respeito,
parece mais claro em nosso compreender quando o autor do livro Técnicas de Codificação
em Jornalismo Mário Erbolato (2004) nos afirma que “é inegável que o homem tem o
desejo inato de informar-se, variando apenas os assuntos pelos quais cada um se
interessa”.(ERBOLATO,2004:22)
Para exemplificarmos melhor a comunicação comunitária como uma base
fundamental da cidadania, concluímos a idéia de necessária para a comunidade citando o
pesquisador Marques de Melo (ERBOLATO,2004:29 apud MARQUES DE MELO) que
observou que, “nos países e regiões de baixo nível econômico e, conseqüentemente, de
baixo nível cultural, a imprensa assume papel de um meio de comunicação de elite, se
comparado aos outros meios de comunicação social”.
Ou seja, enquanto a comunicação de massa se destina especialmente a informar,
divertir e principalmente persuadir o receptor com produtos ou idéias, a imprensa
popular/alternativa deve expor idéias e fatos dado subsídios para que os seus receptores
construam seus ideais de vida em sociedade e procure ver mais claramente a necessidade de
reivindicação como busca de soluções para suas dificuldades. Nesse sentido, observamos
novamente a comunhão de técnicas de produção entre a imprensa alternativa e de massa.
O repórter deve dar a mão aos leitores e levá-los pelos caminhos de uma história,
mesmo complicada, mas sem opinar. (...). O jornal de hoje é um trabalho de
equipe (...) Fora das páginas dos editoriais, qualquer opinião não tem sentido. A
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opinião deforma a informação, que deve ser comunicada intacta.
(ERBOLATO,2004: 41-42).
Ainda nesse sentido, podemos ainda comparar estas duas modalidades de imprensa se
levarmos em conta o modo de pensar de Caparelli (1947) quando este afirma que no jornal
convencional, o da grande mídia, existe a divisão entre o editorial e o resto do jornal,
expondo que só no primeiro momento são explícitas críticas e opiniões do veículo sobre
determinado assunto e o restante da produção deve estar composta com imparcialidade,
objetividade e neutralidade.
Já no que diz respeito à imprensa alternativa, embora esta não seja de caráter
ideológico, o mesmo autor indica que, na maioria das vezes toma posicionamento crítico
em relação aos acontecimentos que envolvem a comunidade, ou seja, aborda assuntos que a
grande impressa de massa não julga de interesse público, adotando assim, um
posicionamento combativo em relação aos fatos.
Diante das características expostas podemos melhor definir a comunicação
comunitária como um conjunto de ações em comunicação, seja qual for o instrumento
utilizado (rádio, jornal impresso, TV ou internet) que simbolize a produção coletiva de
veículos ou produções outras de caráter contestador, sendo esta contestação em relação aos
meios de comunicação de massa, à política, enfim, em relação à classe dominante.
2.2 O Que é notícia popular
O autor Mário Erbolato(2004), cita os autores Albert Kientz e William Mac Dougall
para dizer que a notícia é o conjunto de informações selecionadas de acordo com o graus de
implicação destas no psicológico dos indivíduos, ou seja, a notícia muitas vezes é a causa
direta de nossas ações, pois influenciam diretamente na conduta das pessoas.
Não obstante esta definição, a Aler (1986) diz que para que uma notícia seja
considerada popular, ela deve ser produzida a partir da perspectiva do povo, ou seja, uma
notícia que satisfaça os interesses e esclareça o povo de forma que este tenha sua
consciência crítica aumentada. Isto fará com que a comunidade participe das ações nas
quais estão envolvidas e possam intervir nas resoluções de problemas que os envolvem.
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Este conceito de notícia é essencial para uma comunicação participativa e que
envolve as pessoas de forma a contemplar mais de perto sua realidade, uma vez que a
grande mídia, a exemplo do que diz a próprio Aler, torna relevantes muitas informações
fora da realidade. Segundo a publicação estudada, “os noticiários estão cheios de
informações estranhas e extravagantes, mostram casos e coisas fora do comum, que não
acontecem todos os dias”.(ALER,1986: 100)
Entende-se, portanto, como notícia popular todas as informações que são de interesse
de uma determinada comunidade e que possuem o caráter ativo de estimular as
organizações populares a construir a solidariedade entre as pessoas de mesma condição. Os
problemas e reivindicações compõem as principais pautas de um jornal popular.
Ainda de acordo com as autoras, os temas das matérias procuram buscar soluções
comuns para problemas da comunidade e por isso são temas importantes para reportagens,
isto seria um preâmbulo importante para que seja excluída do jornal comunitário a visão de
simples boletins de eventos acontecidos nos bairros. Nesse sentido, os temas são tratados de
forma a explicar as causas e as conseqüências dos fatos estabelecendo uma ligação entre o
que ocorreu e o que poderá ocorrer para que as pessoas não se resignem diante dos fatos
achando que não são capazes de intervir no sistema.
De acordo com Traquina (1993), isto se consolida pelo fato de que a narrativa feita
pelo jornalista da grande mídia não é inteiramente livre como a idealizada pela mídia
popular, isso porque nas palavras do autor, são sustentadas “pelas convenções que moldam
a sua percepção e fornecem o repertório formal para a apresentação dos acontecimentos,
pelas instituições e rotinas”.(TRAQUINA, 1993:169). Isto significa que o jornalista deve
seguir a linha editorial de cada empresa para estabelecer suas produções, até porque o
número de leitores sobre cada assunto é o fator determinante para decidir a notícia. Além
disso, Pena (2007), reitera que:
No interior dessa lógica, fica clara a pressão sofrida pelo repórter. Ao mesmo
tempo, entretanto, ele toma a notícia como um valor, ou seja, apropria-se dos
benefícios de ser o jornalista a dar o furo e entra no jogo da concorrência
comercial. É um dos aspectos classificados por breed8 como constrangimento
organizacional, que influencia diretamente no trabalho jornalístico.
(PENA,2007:71)
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Ainda de acordo com a Aler, as notícias populares devem priorizar as seguintes
características: “informar, esclarecer, despertar, unir e fortalecer”.(ALER, 1986: 103). Em
decorrência disto, reforçamos a idéia de que somente assim a população se tornará capaz de
analisar cada situação vivida por ela de uma forma mais crítica e compreensiva ficando
ciente de que é capaz de transformar coisas que não estão benéficas para o todo.
A notícia popular é uma notícia que informa ao povo tudo o que ele tem direito
de saber, particularmente o que diz respeito a seus interesses. É uma notícia que
lhe permite entender tudo que está realmente acontecendo no mundo e sair do
isolamento em que vive. (ALER, 1986: 106).
Partindo destas definições, podemos entender melhor a notícia popular como uma
reflexão da vida de um grupo que mostra o povo como uma sociedade organizada e que
poderá até servir como exemplo a outros grupos. Nesse momento vale um parêntese para
acrescentar que o noticiário popular não deve se restringir somente ao que acontece dentro
da comunidade, mas também ao que acontece em todo o mundo que afete diretamente a
população em geral, uma vez que todas essas informações também são de interesse geral.
Essas notícias devem ainda, segundo a Aler(1986), ser selecionadas observando
critérios de referência que determinam a importância de cada informação para cada
momento da vida em sociedade, são eles: “ Preferimos o que afeta a muitos ao que afeta a
poucos, o que afeta aos interesses do povo ao que afeta os interesses dos ricos, o que
acontece perto de nossa audiência ao que acontece longe.”(ALER,1986:33) . Observa-se
claramente que estes critérios carregam também muitos pontos semelhantes aos adotados
pela grande imprensa, isto, de acordo com as técnicas de codificação em jornalismo citadas
por Erbolato (2004:60-65), que são: “proximidade, marco geográfico, progresso, interesse
humano, utilidade, (...)”, dentre muitos outros.
Já no que diz respeito às fontes de informações, segundo Traquina (1993), a grande
mídia adere a convenções que dão prioridade à posição da fonte em relação à sociedade, ou
seja, quanto mais alta a posição (autoridade) do informante, maior a credibilidade merecida
por ele. Isto ocorre inclusive pelos contatos regulares que os profissionais jornalistas
mantêm com essas fontes, embora saibam que estes podem querer manipular informações
por interesses próprios.
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Ao contrário do que diz define este autor, na comunicação alternativa o povo é a
própria fonte da notícia popular e esta, por sua vez, torna evidente a necessidade do esforço
organizado do povo para mudar sua realidade. (ALER,1986: 108).
Contudo no contexto da participação popular, vale lembrar ainda do termo “liberdade
de expressão”, que vem associado a este modo de comunicação, uma vez que o povo sai da
condição de receptor para emissor da notícia. Isto porque, deve-se atentar para o detalhe de
que emitir a notícia não significa produzí-la, ou seja, a distinção entre o que é fato e notícia
deve ser bem evidenciada na hora de transmitir a informação, capacidade mais plausível
aos que se interessam pela produção do jornal.
3. Rotina de produção de um jornal de bairro (comunitário)
Antes de nos colocarmos quanto à rotina de produção, precisamos saber que para se
lançar um jornal comunitário, muitas decisões são necessárias para que o veículo funcione.
Além de todo o levantamento financeiro que deve ser feito para a produção, decisões outras
como o nome do jornal, deve contar com a aprovação da maior parte dos membros da
comunidade.
Daí em diante, a produção, em sua maioria não diferente dos grandes jornais. Um
veículo impresso popular bem estruturado deve seguir as seguintes fases: “planejamento,
coleta de informações, redação, edição (incluindo edição de texto, copidesque e
diagramação), composição, revisão de texto, montagem, revisão de página, fotolitagem (ou
produção de flan, chapeamento, impressão e distribuição)”. (CALLADO E ESTRADA,
1985:11-12).
Embora o modo de produção de veículos populares se aproxime em algum momento
dos meios de comunicação de massa, podemos observar que a lógica de produção de um
meio alternativo carrega, muitas vezes uma só pessoa na execução de todas as etapas do
processo, ou seja, o diagramador, o editor, o repórter, o revisor de texto e até mesmo o
responsável pela impressão e distribuição da publicação tratam-se da mesma pessoa.
Enquanto isso, o meio de comunicação de massa utiliza-se de um profissional distinto para
cada atividade descrita.
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Outra observação válida é que na grande mídia, indicadores como o chamado “direito
de resposta” procuram ser amplamente respeitado com espaço garantido em suas
publicações, o que não obrigatoriamente acontece no meio de comunicação popular. Isto se
explica por que na prática, são diferentes os interesses defendidos nos dois casos, enquanto
a mídia de massa defende interesses privados ficando mais difícil assumir que tomam
“partido” em algum fato, na comunicação alternativa a técnica é dominada por um grupo
mais restrito que controla de certa forma a produção e se faz autonomia no que é publicado.
Segundo a orientação das autoras citadas, uma boa publicação popular deve seguir as
etapas executando as seguintes ações em cada umas de suas fases:
1 - Planejamento - Cada edição deve ser planejada, ou seja, os acontecimentos devem
ser listados, fatos são importantes para a comunidade devem ser explorados e todos os
envolvidos devem participar deste processo.
2 - Apuração - Para ser o mais fiel possível aos acontecimentos ao transmitir a
informação ao público, o repórter deve conhecer a realidade dos fatos, no caso do jornal
comunitário, conviver com estes, ouvir todas as fontes (neste caso, os moradores) para
maiores esclarecimentos, para que então possa analisar todos as indícios que o ajudem a
completar a apuração.
3 - Redação - Nesta etapa o material apurado deve ser selecionado e organizado e o
texto iniciado do fato de maior relevância comum.
4 - Edição - A edição definirá o caráter da publicação. Nessa etapa, o editor decide
qual a manchete principal da página, as fotos a serem publicadas, e qual o espaço que as
demais notícias ocuparão.
5 - Composição e revisão - O texto é transposto para o metal ou papel fotográfico
nas medidas e tipos predeterminados pelo diagramador e o texto é passado pelo
copidesque4.
4 Copidesque (do inglês copy-desk) é o redator que edita o texto, isto é, corrige possíveis erros, adéqua o texto à dimensão
que o editor determinou e titula-o de acordo com esta dimensão (CALLADO; ESTRADA, 1985, p. 17).
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6 - Montagem e revisão da página - Aqui, após a revisão dos textos, as páginas são
montadas e revisadas desde legendas até fotografias para confirmar se estão dispostas nos
locais adequados.
7 - Fotolitagem - Neste processo que é variável de acordo com o tipo de matriz de
impressão que será adotado (fotocomposição, tipográfico ou off-set), os mecanismos de
impressão das páginas começam a ser constituídos.
8 - Impressão e distribuição - As páginas são colocadas todas juntas (se o jornal é
pequeno) na máquina impressora. E a distribuição pode ser composta de duas formas de
acordo com o estabelecidos pelos idealizadores do jornal.
4. Produção e participação popular no Jornal Parque Araxá
4.1 A metodologia aplicada
Para o desenvolvimento deste estudo, buscamos utilizar a análise de conteúdo como
uma forma tentar identificar nas publicações do Jornal do Parque Araxá ao longo de seus
13 anos de existência, a comunicação participativa e a influência da comunidade na qual ele
atua, no processo de criação e manutenção das informações nelas veiculadas. Para atender
às nossas necessidades, optamos por aplicar a entrevista em profundidade, que é uma
entrevista aberta, a partir da qual utiliza-se uma técnica que atende às necessidades
exploratórias do estudo e a análise do conteúdo publicado no espaço de treze anos, período
total de existência do objeto aqui estudado.
Segundo Boni e Quaresma (2005), este tipo de entrevista é bastante utilizada porque
detalha de maneira mais adequada as questões que poderão sofrer modificações nos seus
conceitos. Ao utilizar esta técnica, introduzimos o tema ao entrevistado, no caso o
idealizador do jornal, e este pôde discorrer de forma livre sobre o assunto em pauta como
forma de poder explorar mais a questão discutida. Isto porquê, durante este diálogo
procuramos fazer com que o entrevistado respondesse a todas as questões pertinentes ao
tema sugerido de forma a interferir o mínimo possível em suas colocações. A entrevista foi
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realizada para tentar identificar, dentre outros aspectos, os critérios de noticiabilidade
escolhidos para a produção do referido jornal e em que medida existe de fato a participação
da comunidade.
Para esta investigação, desenvolvemos a análise do conteúdo como metodologia de
pesquisa, haja vista que, para o campo do jornalismo, a autora Heloíza Herscovitz define a
técnica da seguinte forma:
Método de pesquisa que recolhe e analisa textos, sons, símbolos e imagens
impressas, gravadas ou veiculadas em forma eletrônica ou digital encontrados na
mídia a partir de uma amostra aleatória ou não dos objetos estudados com o
objetivo de fazer inferências sobre seus conteúdos e formatos enquadrando-os em
categorias previamente testadas, mutuamente exclusivas e passíveis de
replicação. (HERSCOVITZ,2008:126)
4.2. Treze anos de Jornal do Parque Araxá
Após alguns anos de experiência no jornal Tribuna do Ceará e jornal O estado, Juracy
Mendonça5, idealizou o Jornal do Parque Araxá
6 para atender a expectativa de mostrar a
história, os valores culturais e as necessidades locais do bairro Parque Araxá e comunidades
vizinhas.
Eu tinha vontade assim de que os bairros tivessem um espaço pra divulgar as
coisas daquele bairro, por exemplo, o bairro aqui onde agente morava, às vezes
eu queria divulgar um evento que tava acontecendo aqui no bairro, mas os
espaços eram muito reduzidos porque os jornais grandes eles preferem dar espaço
global[...]graças a deus essa idéia que eu tive foi boa e tá até hoje né, nesses traze
anos.” (MENDONÇA,2010)
Lançado em agosto de 1997, o Jornal do Parque Araxá, chamado Park News em suas
primeiras edições, ou JPA como conhecido em suas atuais páginas, comemorou na edição
de agosto de 2010, treze anos de existência e publicou sua edição mensal de nº 127. O
jornal aborda os assuntos de caráter sócio-culturais, religiosos, esportivos, educacionais e
5 Juracy Mendonça,estudante de jornalismo com experiência em jornais de pequeno porte, músico e morador do Parque
Araxá, concedeu entrevista a esta pesquisa em 17 de novembro de 2010.
6
O bairro Parque Araxá, de acordo com dados publicados no site do Jornal Diário do Nordeste
(http://tvverdesmares.com.br/cetv1aedicao/cetv-vai-ao-parque-araxa/, acesso em 07/12/2010), tem 7500 moradores. De um
lado, está a avenida Jovita Feitosa, do outro a Bezerra de Menezes, onde fica a Secretaria de Segurança Pública do
Estado. Local próximo a estrada de ferro, no limite com o bairro Farias Brito..
16
econômicos do bairro Parque Araxá e comunidades vizinhas, como os bairros: Rodolfo
Teófilo, Parquelândia, Benfica, Otávio Bomfim e São Gerardo. De acordo com o produtor,
a publicação teve um “acanhado” início nos anos 90 , na época, com apenas quatro páginas
em preto e branco, mas mesmo assim resistiu até hoje.
Atualmente, o jornal tem forma de tablóide com oito páginas, sendo quatro coloridas
e quatro em preto e branco, com tiragem mensal de cinco mil exemplares. Segundo o
idealizador do projeto, a missão do JPA é mostrar o passado e o presente de quem mora
nessa região de Fortaleza, abrindo também novas perspectivas para o futuro da localidade.
Juracy Mendonça atua como diretor, repórter e redator, ou seja, ele define as pautas,
constrói e dispõe as matérias da publicação de acordo com sua idealização sobre cada
edição do jornal. Além de informações colhidas pelo bairro e adjacências como: serviços,
denúncias e histórias dos membros da comunidade, o JPA apresenta histórias fictícias de
personagens conhecidos do público. Dentre eles encontra-se o personagem “Zé da Diva”,
que é um ícone da comédia do jornal, como também produtos e serviços disponíveis nas
proximidades da comunidade.
Como citado anteriormente, a publicação é mensal e, segundo Mendonça, a produção
leva um mês inteiro para ser criada, onde são percorridos os bairros Parque Araxá,
Parquelândia e o Rodolfo Teófilo buscando notícias e anunciantes por ele mesmo que conta
com a ajuda apenas de um diagramador e um distribuidor que são moradores do bairro.
Recentemente, o tablóide passou a receber o apoio da Prefeitura Municipal de Fortaleza que
possui hoje um núcleo de apoio à comunicação popular e livre da cidade, fato que facilita a
divulgação do jornal e a interatividade entre a comunidade e a entidade.
4.3. Da definição da pauta à distribuição
A produção do Jornal do Parque Araxá segue as mesmas etapas necessárias para uma
boa publicação definidas no capítulo anterior. Participam do processo, o idealizador, Juracy
Mendonça, um diagramador e um distribuidor, que são moradores do bairro, muito embora,
a maior parte seja executada pelo próprio Mendonça, que planeja, constrói as matérias, tira
as fotografias (se necessário), coordena a distribuição e capta os anúncios.
17
Inicialmente, o planejamento da publicação é feito pelo próprio editor. Neste passo,
segundo o mesmo relata em sua entrevista, o fato do jornal ser mensal, o permite percorrer
o bairro e proximidades colhendo informações percebidas por ele mesmo e enviadas pelos
leitores que fazem isto por e-mail, telefone ou abordagens na rua. Ao apurar as informações
colhidas, este por sua vez, seleciona os fatos que ele mesmo considera pertinentes, levando
em conta os acontecimentos que dizem respeito diretamente ao bairro. A seleção das pautas
segue ainda critérios criados pelo próprio redator como o próprio explica:
As coisas que eu acho que são positivas para o bairro, é uma das preocupações do
jornal...é...divulgar só coisas que elevem tanto o nível cultural como intelectual
das pessoas, é aquela questão que eu te falei, notícias ruins eu deixo pra imprensa
divulgar certo? (MENDONÇA, 2010)
Na redação, que funciona em sua própria casa, Mendonça redige as matérias, revisa
as publicações que entrarão naquele número, inclui na edição os anunciantes, e envia para a
diagramação, impressão, que ocorre em uma gráfica rápida do centro da cidade e, por fim, a
distribuição.
Uma das etapas da construção do jornal é também a composição dos anunciantes. O
JPA não condiciona ao anunciante a exigência de pertencer ao bairro para que este tenha
sua propaganda publicada, ou seja, existem anúncios de vários bairros, no entanto, o
contratante fica ciente de que seus serviços serão oferecidos apenas naquele bairro.
Contudo, pudemos analisar que a maioria das edições traz uma quantidade
consideravelmente superior, de anunciantes locais. Como já vimos, os critérios de
noticiabilidade são definidos pelo próprio editor, que em algumas situações, chega ainda a
confessar que procuraa evitar publicações polêmicas que possam envolver seus
anunciantes.
Eu coloco o que eu quiser, claro que como em todo jornal, tem uma certa...uma
certa limitação em termos de...de liberdade de divulgar o que quer, eu se eu
souber que uma matéria não vai agradar a uma determinada pessoa que é o meu
assinante, eu posso evitar de colocar aquela matéria né. todo grande jornal faz
isso, (....) todo grande jornal faz isso, televisão, rádio, todo mundo...agora só que
agente tem aqui uns meios de driblar essa censura entre aspas né, é essa relação
entre comercial e redação que é a grande briga nos jornais, é onde é que termina o
interesse da redação e começa o do comercial e vice-versa, né é uma briga
danada. ai aqui como a redação e o comercial tudo sou eu, ai fica mais fácil né de
fazer...(risos). (MENDONÇA, 2010)
18
Outra composição que faz parte da publicação é o quadro de assinantes. Segundo o
editor, atualmente é formado por cerca de duzentos leitores que pagam uma taxa anual de
R$ 20.00 para receberem o exemplar mensal do tablóide, fato evidenciado por ele, como
quase inédito para o jornalismo comunitário, que a não ser em estados como o Rio de
Janeiro, por exemplo pode ser observado número tão considerável de assinantes. Nesse
caso, os anunciantes têm prioridade no recebimento do jornal, isto por que, ainda de acordo
com Mendonça, a área abrangida pelo JPA atinge mais de vinte e seis mil domicílios e a
tiragem de cinco mil exemplares, não é suficiente para atender todos os moradores do
bairro.
O editor explica este processo de distribuição da seguinte forma:
Aí nós somos obrigados a entregar o jornal para os anunciantes e distribuir o
restante. desse restante ai, quem quiser garantir que o jornal chegue na sua casa
todo mês agente coloca lá, faz a contribuição. em troca também agente coloca o
aniversário dele, ele tem preferência de sugerir uma matéria, e de...dá uma...de
colocar um aniversário de uma esposa de uma filha, certo. ele têm
preferência.(MENDONÇA, 2010)
Por fim, consultamos um dos critérios que não está na maioria dos manuais, porém,
que contribui muito para atestar a aceitação do veículo no que diz respeito ao atendimento
das necessidades da comunidade, o feed back7
no Jornal do Parque Araxá. Após selecionar
o assunto que entende como de interesse da comunidade, e este por sua vez é veiculado nas
páginas do jornal, o sucesso da publicação, segundo Mendonça, é direcionado ao próprio
segundo relata em sua entrevista:
(...) e as pessoas me ligam também ou então agente conversando por email, ou
então pelo orkut também. tem vários canais, e a resposta agente sente mais, eu
queria que fosse mais a resposta, eu queria que... às vezes eu escrevo uma coisa
achando que vai dar um ibope danado que o pessoal vai comentar, e os
comentários são muito poucos, acho que as pessoas hoje tão pouco se
interessando pela leitura, assim...depois que apareceu a televisão, a internet, o
cinema, praia, pré-carnaval essas coisas todas acho que as pessoas desprezaram
um pouco a leitura. (MENDONÇA,2010)
5. Análise das publicações
7 Curso básico de teoria da comunicação - Pereira, José Haroldo. - Rio de Janeiro: Quartet:UniverCidade,2001 - O termo
inglês (feed-back) significa, literalmente, alimentar de volta ou retroalimentar.
19
A amostra colhida para esta análise considerou uma edição de cada ano dos treze
anos de existência da publicação, com exceção de edição do ano 2005, tendo em vista que
não houve publicações naquele ano por motivos particulares do editor.
A primeira edição do Park News (atual Jornal do Parque Araxá) é datada de agosto de
1997, com quatro páginas, distribuição gratuita e impressa em papel A4, com o editorial na
capa e uma primeira matéria dando conhecimento aos moradores à divisão regional da
cidade feita, na época, pelo então prefeito Juracy Magalhães. Ainda na capa, o editorial fala
sobre a finalidade do veículo.
(...) desde que aqui aportamos, vínhamos sentindo a necessidade de lançar um
veículo de comunicação que servisse de elo entre as diversas comunidades no
sentido de somar forças nas reivindicações e conhecer os trabalhos realizados na
área, notadamente nos setores culturais e esportivos.(MENDONÇA - Editorial da
edição nº 01 do JPA em 1997)
Em todas as edições analisadas observamos que vinte seis matérias são assinadas por
pessoas que moram ou participam da realidades dos bairros, contudo, a maioria dos
moradores em questão, são especialistas em alguma área, ou simplesmente, defendem
ideologias políticas ou produtos. Poucas foram as publicações em que moradores são
diretamente citados como reivindicadores de soluções para os problemas da comunidade,
ou seja, embora muitas das pautas sejam sugeridas pelos moradores como cita o editor, não
é dado crédito em grande parte das publicações.
Ainda na primeira edição, uma página era destinada especialmente às reclamações
sobre as necessidades da comunidade, esta era intitulado “Tribuna do Park”, mas sua
ocorrência restringiu-se ao primeiro ano do jornal. Até início do ano 2000, existiu um
espaço chamado “Sessão de Cartas”, conde os leitores enviavam textos diversos, da poesia
a agradecimentos e reclamações. Este espaço deixou de ser praticado e foi substituído por
espaços não definidos para as reivindicações dispostas de forma aleatória.
No que se refere às entrevistas praticadas pelo tablóide, sua grande maioria é
constituída, desde o início, de temas como história de vida dos moradores mais antigos ou
mais “ilustres”, como assim são muitas vezes chamados, do bairro. Poucas outras tratam de
assuntos como serviços e ações promovidos dentro da comunidade.
20
Já no editorial, um espaço aberto realmente às opiniões do editor, observamos uma
quantidade maior de críticas e reafirmação da necessidade e importância da existência do
veículo, inclusive abordando temas políticos onde, como já citamos, fica explícita a posição
política do também produtor. De acordo com a própria entrevista concedida por Mendonça,
o fato de que o mesmo exerce cargos em nível de redação e de comercial ao mesmo tempo,
nos faz entender que não há a concorrência de pautas como nos grandes jornais.
Eu coloco o que eu quiser, claro que como em todo jornal, tem uma certa...uma
certa limitação em termos de...de liberdade de divulgar o que quer. Se eu souber
que uma matéria não vai agradar a uma determinada pessoa que é o meu
assinante, eu posso evitar...colocar aquela matéria né? Todo grande jornal faz
isso. Televisão, rádio, todo mundo...agora só que agente tem aqui uns meios de
driblar essa censura entre aspas né, é essa relação entre comercial e redação que é
a grande briga nos jornais, é onde é que termina o interesse da redação e começa
o do comercial e vice-versa. É uma briga danada. ai aqui como a redação e o
comercial tudo sou eu, ai fica mais fácil né de fazer.(risos).(MENDONÇA, 2010).
Contudo, é mister citar que cerca de 90% de todas as publicações aborda assuntos
relativos a toda a região abrangida pela publicação e, nos casos em que houve
reivindicações contra os órgãos governamentais, o assunto torna-se persistente quando é ou
não, atendido.
Com esta análise, pretendemos agora realizar um comparativo entre alguns dos 24
critérios de noticiabilidade definidos por Mário Erbolato que situam um fato como
noticiável e os critérios de seleção destes. No critério proximidade que se refere a
acontecimentos que ocorrem perto do leitor, o Jornal do Parque Araxá utiliza fielmente este
parâmetro para a base de suas notícias.
Já no que diz respeito ao critério impacto, que, segundo o autor, seriam
acontecimentos que causam “abalo moral, causado por acontecimentos chocantes”, o
próprio editor exclui essa técnica de publicidade, senão vejamos novamente trecho da
entrevista: (...) não é o que quero. É sensacionalismo: crimes...mataram um cara na lagoa
sexta-feira passada. Isso já sai na televisão no outro dia, já sai nos jornais grandes
entendeu?”.( MENDONÇA, 2010)
O critério conseqüência, termo que se referente principalmente a atual globalização,
onde as pessoas não respeitam o meio ambiente, o autor aponta como exemplo, “uma
21
epidemia que ocorra na China ou Japão poderá nem ser publicada nos jornais brasileiros,
logo que se manifeste. Mas, se houver possibilidade de o surto atingir o Brasil (...) ganhará
destaque” nos remete as publicações do Jornal do Parque Araxá que reivindicam
saneamento, limpeza urbana, etc.
As notícias de interesse pessoal também atendem a esses critérios e são
eventualmente praticadas na publicação em estudo quando matérias que afetam diretamente
cada um dos leitores como, por exemplo, a quantidade de lixo nas ruas que trazem doenças
a toda a comunidade. Dentro destes exemplos, podemos observar que o jornal aqui
estudado se aproxima em muitos critérios da mídia convencional, ou seja, a grande
imprensa.
No entanto, como já explicitamos, um jornal de bairro tem em sua condição de
existência a participação direta e indireta da comunidade e, nesse sentido, o jornal em
análise já não se aproxima dos critérios da comunicação popular uma vez que a produção
das notícias não parte da perspectiva somente do povo da comunidade e sim do idealizador
do projeto. Ou seja, a comunidade não participa diretamente das ações e intervenções nas
resoluções dos problemas do bairro e o critério “horizontalidade” idealizado para uma
imprensa popular nata, deixa de existir neste momento.
Os espaços para as reivindicações e divergências da comunidade são respeitados pela
linha editorial do jornal e, além disto, a interação com os leitores parece ser efetiva, uma
vez que o feed back recebido pelo produtor, acontece durante as visitas de porta a porta e de
meios eletrônicos. A forma de produção do tablóide também é bastante compreensível,
direta e simples. Nesses dois casos, a publicação se enquadra também como veículo
popular.
Contudo, além da não produção coletiva, o Jornal do Parque Araxá, em muitas vezes,
perde o seu caráter contestador e se limita a matérias informativas como sobre história de
vida, locais para lazer, festas etc. Talvez, pela falta de participação da comunidade e, por
todas as características aqui explicitadas, o próprio idealizador do veículo tenha a seguinte
concepção de seu trabalho:
22
Eu acho que o meu caso é diferenciado dos outros veículo porque se você for
analisar ao pé da letra, o nosso jornal, ele não é um jornal comunitário, ele não
pertence a uma associação comunitária, ele não é feito por várias pessoas da
comunidade que se reunem e que definem como é que vai ser o jornal, qual é a
pauta...tá entendendo? Eu até tentei já isso. Não deu certo, as pessoas ao longo do
tempo não se mostravam interessadas, outras queriam só aparecer, mas não
queriam ir atrás de colaborar, então com o tempo ele se transformou num jornal
como você vê. Sou eu quem faço a maioria das coisas, das partes, mas ai eu não
tenho essa preocupação de toda semana ou quinzenalmente me reunir com os
líderes comunitários do bairro pra saber... eu divulgo o que chega ao meu
conhecimento.(MENDONÇA, 2010).
6. Considerações Finais
Em meio às mudanças que vemos hoje, onde por um lado, temos um mundo
individualizado sim, mas por outro, as novas tecnologias podem ser o cenário para um novo
momento da comunicação popular, observamos que esta ainda enfrenta muitos obstáculos
para seguir seu curso. Da mesma forma, a imprensa alternativa, que tomou maior impulso
com a abertura política, sofre maiores desafios para sua existência.
Os conceitos de comunicação popular, assim como os defendidos por autores como
Cicília Peruzzo (1998), parecem cada vez mais distantes quando falamos de sobrevivência
de veículos comunitários, assim, como o Jornal do Parque Araxá. A evolução das
publicações estudadas nos mostra que, mesmo sendo o veículo de linha editorial
independente, o teor comercial do veículo aumenta a cada dia, e isto pode, mesmo que
indiretamente, influenciar nas pautas abordadas pelo tablóide, de forma que até mesmo o
produtor reconhece tal empecilho. Assim como o fato de o editor/produtor selecionar as
pautas a seu critério, impede que haja uma democracia na escolha das matérias, condição
sine qua non para a classificação de um veículo como popular. Tais colocações distanciam
substancialmente o veículo em estudo dos moldes estabelecidos pelos estudiosos no
assunto.
Contudo, pudemos observar que a resistência ao longo dos 13 anos de publicação,
trazendo à comunidade assuntos direcionados preferencialmente ao bairro onde está
localizado, dá ao Jornal do Parque Araxá um crédito no critério proximidade. Do mesmo
modo, reconhecemos o respeito à comunidade evidenciado pelo número de protagonismo
popular (anunciantes + assinantes correspondem a aproximadamente 240). Além disso,
encontramos outras características de comunicação popular no jornal, tais como:
23
periodicidade, gratuidade (mesmo com assinantes/colaboradores) e o próprio protagonismo
popular já citado aqui.
Mesmo entendendo que as iniciativas em comunicação popular, principalmente os
periódicos impressos, tendem a diminuir com o passar dos anos, conforme constatamos em
nossa pesquisa bibliográfica, o estudo nos levou a concluir que a possível inexistência
destas tende a sinalizar um enfraquecimento da organização das sociedades no sentido de
contestar o pré-estabelecido pela hegemonia da grande imprensa e suas artimanhas de
persuasão para com a sociedade. Por isso, em cada veículo alternativo, onde as
necessidades de uma comunidade que não são interesses da grande mídia tomam
importância, vemos que o caráter político-contestador popular se apresenta.
Observamos ainda que nem todas as características de comunicação popular são
visíveis ou mesmo possíveis, uma vez que até mesmo a própria comunidade parece ter
perdido o interesse em participar das decisões que a afetam direta8
ou indiretamente, assim
como cita Juracy Mendonça ao justificar o fato de não funcionar a participação direta da
comunidade nas decisões do jornal.
Com isso, pudemos ver na produção do veículo em análise, mesmo que em
proporções menores, alguns dos pilares necessários para o exercício da comunicação de
forma horizontalizada dispostos por Béltran (1981, apud DORNELLES,2007) como: o
reconhecimento do direito de todos receberem mensagens (os jornais são distribuídos
gratuitamente, muito embora não obrigatoriamente, com exceção dos assinantes), a
aceitação em publicar os textos enviados pela comunidade (desde que não corrompam as
ideologias do veículo) e admissão, mesmo que indireta, da participação da comunidade na
produção do material jornalístico.
8
Ao citar a influência direta ou indireta sobre a comunidade dos assuntos abordados no Jornal do Parque Araxá,
esclarecemos que este estudo restringe-se inicialmente, a uma análise de produção e não recepção. Contudo, pretendemos
deixar esta observação quanto à importância de um estudo de recepção para este tema aos novos pesquisadores. Há ainda
de nossa parte, interesse em dar continuidade ao estudo numa oportunidade vindoura.
24
Observamos com esta última colocação que a participação popular, condição
principal para o exercício concreto da comunicação comunitária, não é uma prática efetiva
do Jornal do Parque Araxá, mesmo porque ao decidir o que será ou não matéria, o editor
suprime essa condição, uma vez que, mesmo quando este acata sugestões da comunidade,
na maioria das vezes não é dado o crédito ao leitor/morador.
Sabendo ainda que a comunicação popular se insere no contexto comunicacional
como um movimento de enfrentamento da dominação capitalista dos grandes veículos e
que o Jornal do Parque Araxá expõe tanto os problemas sociais como as necessidades da
comunidade, podemos sim tipificá-lo como um projeto popular e de transformação social. E
se compreendermos deste modo, podemos ainda perceber que um projeto de cunho popular
utiliza-se realmente da comunicação de forma geral e particularmente do jornalismo para
tentar tornar viáveis suas lutas e anseios.
Por fim, nossas observações sinalizam que os desafios para a consolidação de uma
comunicação popular plenamente participativa são enormes. Que a realização de um jornal
de bairro ainda está, em muito, condicionada ao desejo e compromisso individual ou de
pequenos grupos e que a relação com os patrocinadores ainda se constitui um obstáculo
considerável. Mesmo assim, diante de todas essas colocações, concluímos que o Jornal do
Parque Araxá se constitui em um veículo de caráter popular socialmente engajado pelo bem
estar da comunidade e este é seu grande mérito, muito embora ora este se aproxime e ora se
distancie da comunicação popular originalmente definida
Por outro lado, a pesquisa revela a importância de um veículo mesmo nos moldes do
Jornal do Parque Araxá e suas contradições, menos como instrumento de promoção da
participação popular e mais como modo concreto de tirar da invisibilidade pequenas
comunidades, suas histórias, lutas e conquistas. Que instrumentos como estes continuem
valorizando a cultura e o comércio local, que disputem versões com os grandes meios e
possam, coletivamente, estimular a cidadania em seus lugares de origem. Isso tudo é muito,
muito relevante para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e consciente.
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