comunicação nos movimentos sociais - bocc.ubi.pt · ações comunitárias, comunicação e...

5

Click here to load reader

Upload: vuongphuc

Post on 15-Dec-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Comunicação nos Movimentos Sociais - bocc.ubi.pt · Ações Comunitárias, Comunicação e Segu-rança Humana – com os objetivos em co-mum de incluir socialmente os jovens em

Comunicação nos Movimentos Sociais

ONGs e Movimentos Sociais: Novos desafios da comunicação tecnológica.

Thales Aguiar∗

Universidade Vale do Rio Doce

Índice1 Introdução 22 ONG’S e movimentos sociais, um

conceito 23 Redes de comunicação 34 Cybercultura e a construção do con-

hecimento solidário 35 Rede de comunicação e internet, uma

necessidade emergente 46 Conclusão 57 Referências Bibliográficas 5

Resumo

Com o advento da globalização perma-nente e das tecnologias da informação, osprocessos de unificação da sociedade edas experiências culturais cresceram, assimcomo os intercâmbios comerciais e as trocasfinanceiras mundiais. As tecnologias da in-formação e propriamente dita a internet, pos-sibilitou diferentes formas de produção e or-ganização das comunidades sociais. Democ-ratizou a informação, possibilitou a reorga-nização, a inclusão de movimentos sociais,

∗Aluno discente do 8operíodo do curso de Jornal-ismo da Universidade Vale do Rio Doce – GovernadorValadares-MG.

das ONG’s e das diversas identidades. O ob-jetivo do artigo é analisar de forma descritivaa relação existente entre a internet, os movi-mentos sociais, ONG‘s e as possibilidadesda inclusão digital nas comunidades locais.Os desafios enfrentados nessa nova forma deorganização devem acontecer de forma quehaja líderes capazes de direcionar as institu-ições no intuito de garantir políticas públicasvoltadas para o exercício da comunicação so-cial. Uma vez inserida e executada a utiliza-ção das ferramentas tecnológicas e comuni-cacionais, elas conquistarão um espaço naesfera civil, política e social.

Palavras Chaves: ONG’S, movimentossociais, comunicação tecnológica.

Abstract

With the advent of globalization and per-manent information technology, the pro-cesses of unification of society and culturalexperiences grew, as well as commercial ex-changes and financial exchanges worldwide.Information technology and the Internet it-self, allowed different forms of productionand organization of social communities. De-mocratized information enabled the reorga-nization, the inclusion of social movements,

Page 2: Comunicação nos Movimentos Sociais - bocc.ubi.pt · Ações Comunitárias, Comunicação e Segu-rança Humana – com os objetivos em co-mum de incluir socialmente os jovens em

2 Thales Aguiar

ONG’s and the various identities. The aimof this paper is to analyze descriptively therelationship between internet, social move-ments, Ongs and the possibilities of digitalinclusion in local communities. The chal-lenges facing this new form of organizationmust happen in order to have leaders capableof directing the institutions in order to ensurepublic policies for the financial media. Onceentered and enforced the use of technologi-cal tools and communication, they will gaina place in the civil sphere, politics and soci-ety.

Keywords: ONG’s, social movements,communication technology.

1 IntroduçãoO grande desafio hoje de um veículo comu-nitário que reagrupa as comunidades é dom-inar as ferramentas da internet, organizá-lasem rede, e, sobretudo ter constantementeuma comunicação externa com a sociedade,através da propaganda e publicidade. Maso agente comunitário tem o dever de enx-ergar com os olhos da comunidade, umavez que estas comunidades não têm os sub-stratos materiais nem a preparação para en-frentar as ferramentas tecnológicas da in-formação. Diante desse fato, o que fazer?Como preparar as comunidades e os líderescomunitários na implantação das novas fer-ramentas comunicacionais? Mesmo que oslíderes já pertençam a elas, devem fazerum esforço no sentido de verificar uma realapropriação dos processos de mediação pelogrupo. Isso quer dizer, substituir mode-los padronizados e estereotipados de apreen-são da realidade por estratégias simbólico-discursivas que ressaltem a visão da comu-nidade sobre si, reforçando suas identidades

e valores. Esta é uma oportunidade que ainternet e o computador possibilitaram emmeados da década de 90, quando o PC pas-sou a ser comercializado como um produtode massa.

2 ONG’S e movimentos sociais,um conceito

Antes de começarmos a falar dos desafios eoportunidades que essas novas ferramentastrouxeram à sociedade, precisamos entendero conceito de ONG’S e movimentos sociais.Segundo AVRITZER, o conceito de movi-mentos sociais está ligado ao de sociedadecivil, entendendo esta como os movimentosdemocratizantes que procuram proteger e ex-pandir espaços para o exercício da liberdadenegativa e positiva. Esse conceito se deveao fato dos movimentos sociais encontraremespaço livre para organização e produção dacultura e a construção de identidades e soli-dariedades, ou seja, a própria sociedade civilprocura caracterizar essa nova cidadania, quesurge a partir da experiência dos movimentossociais e marca a cena política dos anos 90.

Expressando uma estratégia para a con-strução da democracia que delineia, desdelogo, o seu aprofundamento, a cidadaniaafirma um selo entre as dimensões da cul-tura e política. As ONG’s, de acordo com adivulgação realizada em diversos sites da in-ternet, são associações do terceiro setor, dasociedade civil, que se declaram com finali-dades públicas e sem fins lucrativos, que de-senvolvem ações em diferentes áreas e que,mobilizam a opinião pública e o apoio dapopulação para modificar determinados as-pectos da sociedade. Estas organizações po-dem ainda complementar o trabalho do Es-

www.bocc.ubi.pt

Page 3: Comunicação nos Movimentos Sociais - bocc.ubi.pt · Ações Comunitárias, Comunicação e Segu-rança Humana – com os objetivos em co-mum de incluir socialmente os jovens em

Comunicação nos Movimentos Sociais 3

tado realizando ações onde ele não conseguechegar, podendo receber financiamentos edoações do mesmo e também de entidadesprivadas, para tal fim.

3 Redes de comunicaçãoO conceito de rede tem suscitado constan-temente discussões sobre as políticas soci-ais como uma alternativa para sua gestão,dispostas a ampliar os resultados e efeitosdessas políticas. O termo rede já foi uti-lizado em outros momentos, como por ex-emplo: rede de escolas de uma dada região,rede de serviços sociais para uma dada pop-ulação, rede de produção de bens de con-sumo, dentre outras. De fato, são redes quesomam valores de uma mesma natureza oudiversas naturezas que quer se juntar ao se-tor público ou privado, se regularizarem nostrâmites jurídico legais, à execução dos in-teresses de cada grupo, ao produto ou aoserviço. A rede é o tecido da sociedade quevai se fragmentando nas redes sociais pes-soais. A rede é parceria que pode articulartoda esfera social “todas as relações que umindivíduo percebe como significativas ou de-fine como diferenciadas da massa anônimada sociedade” (SLUZKI 1997:42). O indi-víduo é o centro dessas redes e pode pro-mover relações interpessoais, governamen-tais, intergovernamentais e intersociais. Paratodos os conceitos de rede, a internet pas-sou a ser um modelo de referência. Ela évirtual e sua composição é dinâmica. Ex-iste enquanto movimenta indivíduos e tem acada momento uma configuração diferente.O seu maior destaque diz respeito às vanta-gens de custo/benefício para os que entramcom o objetivo de trocar e divulgar infor-mações. O objetivo é o de compartilhar in-

formações e muitas vezes a rede atende à ne-cessidades comerciais e intelectuais. O mod-elo internet parece ser um grande exemplopara a releitura do conceito de rede. De tantose falar em rede, a palavra se tornou pejo-rativa, uma fórmula de resolver os mesmoproblemas que já foram objetos e formas deadministrar problemas que acontecem com asociedade, que são de todos e de ninguém.Tudo passou a ganhar rótulo de rede, a partirde uma idéia mobilizadora que leva em con-junto a um objetivo comum a ser realizadoatravés de artifícios com a permanência daidentidade original de cada participante.

4 Cybercultura e a construçãodo conhecimento solidário

Pierre Levy tem produzido interessantes es-tudos e reflexões sobre o impacto das no-vas tecnologias na vida social. A construçãodo conhecimento através da cultura é des-encadeada por um sistema simbólico: comoa arte, o mito, a linguagem, na sua quali-dade de instrumento de comunicação entrepessoas e grupos sociais.Desse modo a elab-oração de um conhecimento consensual so-bre o significado do mundo. De acordo comLevy (2000), o ciberespaço representa umestágio avançado de auto-organização social,ainda que em desenvolvimento. O ciberes-paço aparece como um espaço do Saber, emque o conhecimento é o fator determinantee a produção contínua de subjetividade é aprincipal atividade.

Conhecer é em um mesmo movimento,redefinir sua identidade, observar e modi-ficar configurações dinâmicas entregar-sea uma dialética da avaliação, da decisão

www.bocc.ubi.pt

Page 4: Comunicação nos Movimentos Sociais - bocc.ubi.pt · Ações Comunitárias, Comunicação e Segu-rança Humana – com os objetivos em co-mum de incluir socialmente os jovens em

4 Thales Aguiar

e da reavaliação permanente dos critériosde avaliação. (PIERRE, 2000:175).

O ciberespaço surge assim como o quartoespaço antropológico: o primeiro a terra; osegundo, o território; o terceiro, o mercado;o ciberespaço, o último. Levy (2000) de-fine ciberespaço e cibercultura da seguintemaneira: por ciberespaço entende que é umnovo meio de comunicação que surgiu da in-terconexão mundial dos computadores. Otermo especifica não apenas a infraestruturamundial da comunicação digital, mas tam-bém o universo oceânico de informações queela abriga, assim como os seres humanosque navegam e alimentam esse universo ea cibercultura. Antes da popularização dainternet, o espaço público de comunicaçãoera controlado através de intermediários in-stitucionais que preenchiam uma função defiltragem entre os autores e consumidoresda informação. Quanto mais o ciberespaçose estende, mais universal se torna. Novasmaneiras de pensar e de conviver estão sendoelaboradas no mundo das telecomunicaçõese da informática. Segundo Levy, “as redes decomputadores carregam uma grande quanti-dade de tecnologias intelectuais que aumen-tam e modificam a maioria das nossas ca-pacidades cognitivas” (2000:34), ou seja, ocomputador é um instrumento de troca, deprodução e de estocagem de informações,tornando-se desta forma, um instrumento decolaboração.

5 Rede de comunicação einternet, uma necessidadeemergente

A ONG Viva Rio talvez seja um dos exemp-los mais transparentes de como trabalhar as

redes de comunicação e internet associadosàs necessidades das comunidades locais. AONG Viva Rio foi fundada em dezembro de1993, por representantes de vários setores dasociedade civil, como resposta à crescenteviolência no Rio de Janeiro. A partir daí,desenvolveram-se várias estratégias de co-municação. A ONG executou pesquisas elevantou o seguinte cenário para a violênciaarmada:

Vetor: O vetor principal da epidemia deviolência urbana são as armas de fogo, queagravam os conflitos, banalizam os crimesletais, simbolizam a insegurança.

Áreas críticas: As áreas críticas são asfavelas e as periferias pobres. O trabalho so-cial deve ser integrado a processos de reabil-itação urbana.

Apesar de não existir razão simples queligue pobreza e exclusão social com vio-lência armada urbana, quando a violênciacomeça, esses três fatores se reforçam mu-tuamente num círculo vicioso. Para rompero círculo, a segurança, a inclusão social e odesenvolvimento precisam ser integrados.

Partindo desses pressupostos, a Viva Riodesenvolve o seu trabalho em três áreas:Ações Comunitárias, Comunicação e Segu-rança Humana – com os objetivos em co-mum de incluir socialmente os jovens emsituação de risco, reformar o setor de segu-rança e controlar a oferta e demanda de ar-mas de fogo pequenas e leves. Mas o quenos interessa analisar é como a comunidadepassou a ter vez e voz através dos direitos àcomunicação.

Através da internet a ONG pode desen-volver um projeto de comunicação para asfavelas onde o índice de criminalidade eraelevado. Dentro dessa perspectiva foi desen-volvido o portal de internet rede viva favela.

www.bocc.ubi.pt

Page 5: Comunicação nos Movimentos Sociais - bocc.ubi.pt · Ações Comunitárias, Comunicação e Segu-rança Humana – com os objetivos em co-mum de incluir socialmente os jovens em

Comunicação nos Movimentos Sociais 5

O portal oferece ao público de baixa rendaacesso aos serviços de comunicação, comoprodução de material midiático com a re-alidade retratada pelos próprios integrantesdas comunidades ou favelas. (revistas, rá-dios comunitárias, músicas, notícias e pro-dução de outros sites) tudo promovido pe-los agentes comunitários através do site:www.redevivafavela.com.br.

6 ConclusãoAo olhar para as experiências já vivenciadasde comunidades sociais de baixa renda queconseguiram conquistar um espaço na in-clusão digital e comunicacional, percebe-seque a internet não é mera atividade do capi-talismo econômico, ela vai além do consum-ismo e das relações sociais. É a integraçãoefetiva do ser humano e a sua reafirmaçãoexistencial nas relações culturais e sociais.Essas experiências só se efetivarão quandoparcerias de instituições públicas e privadasjuntamente com a sociedade civil for de fatouma emergência de execução no planeja-

mento e no plano de ação de responsabili-dade social de cada instituição. A inclusãodos novos meios de comunicação nestes am-bientes representa um crescimento na qual-idade de vida, e em alguns casos soluçõespara a diminuição da criminalidade e o trá-fico de drogas. O artigo trouxe apenas umareflexão de uma ferramenta democratizanteassim como é a internet. É preciso então,enxergá-la com os olhos da comunidade efazer com que os próprios agentes comu-nitários participem dos processos de con-strução da comunicação local.

7 Referências BibliográficasAVRITZER, Leonardo. Sociedade civil:

além da dicotomia Estado-Mercado. InNovos Estudos, no36, s/d.

CASTELLS, M. A Era da Informação. I: Asociedade em Rede. Rio de Janeiro: Paze Terra. 1999.

LEVY, Pierre, A inteligência Coletiva – Poruma antropologia do ciberespaço, Loy-ola, 3a. ed. São Paulo:2000. 212 p.

SLUZKI, C. A Rede social na PráticaSistêmica. São Paulo: casa do psicól-ogo. 1997.

Sites Pesquisados:

http://www.vivario.org.br/ acessado em05/10/2009.

http://www.redevivafavela.com.br/ aces-sado em 05/10/2009.

www.bocc.ubi.pt