comunicação · ... luiz carlos schultz, silvia maria ramos técnica vocal ... senac – paraná....
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ComunicaçãoEdson Gatto
ORATÓRIA
1
Objetivo
Com esta apostila preparada especialmente para os distribuidores independentes que
pretendem ser Treinadores Hoken.
Aqui você encontrará todas as informações necessárias para cuidar de sua voz, aprender a se
comunicar mais e melhor, cuidar de sua aparência e transmitir as informações necessárias aos seus
interlocutores.
Esta apostila traz exercícios que devem ser praticados continuamente, sempre visando o seu
aperfeiçoamento e aprimoramento pessoal.
Todo o material contido nesta apostila foi pesquisado a partir dos melhores livros e apostilas
sobre a voz humana.
A alta qualidade desta apostila deve-se aos autores destes livros:
1. Fátima S. M. Aranda, Dulce C. de Lemos - Disfonia – Exercícios Práticos – Revinter Editora
2. Maria do Carmo B. Tobias – Voz- (Apostila)
3. J.R. Whitaker Penteado – A Técnica da Comunicação Humana Livraria Pioneiro Editora
4. José Paiva –Impacta University (Apostila)
5. Ary Pense – Exercícios de Impostação de Voz e Dicção. Academia Brasileira de Comunicação
6. Carla Maffei, Luiz Carlos Schultz, Silvia Maria Ramos Técnica Vocal – Senac – Paraná.
7. Alkíndar de Oliveira – Curso de Comunicação Verbal (Apostila)
8. Marilam Sales – Curso de Comunicação Verbal (Apostila)
9. Reinaldo Polito – Como Falar Corretamente e sem Inibição Editora Saraiva
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ÍNDICE PÁGINAS
A Importância da Boa Comunicação.................................................. 03
Respiração e Voz ............................................................................... 04
Formas de Respiração ....................................................................... 05
O Instrumento da Voz ........................................................................ 06
O Processo da Comunicação ............................................................ 08
Cuide da Higiene Vocal ..................................................................... 11
Exercícios Respiratórios .................................................................... 15
Exercícios Para Corrigir Voz Fraca ................................................... 17
Exercícios Para Corrigir Voz Monótona ........................................... 18
Exercícios Para Corrigir Voz Nasal .................................................. 19
Exercícios Para Corrigir Voz Estridente ........................................... 20
Como Conseguir Melhor Entonação ................................................ 21
Como Conseguir Melhor Ênfase ....................................................... 23
Como Melhor Usar A Pausa .............................................................24
Califasia ............................................................................................ 25
Exercícios Para Leitura Em Voz Alta ................................................ 26
Como Conseguir Ritmo Da Voz Num Discurso Lido ........................27
Como Melhorar A Pronúncia E Ter Uma Boa Dicção ...................... 28
Textos Para Ler e Interpretar ........................................................... 34
Memória ............................................................................................ 36
Vocabulário ....................................................................................... 38
Tiques e Maneirismos ....................................................................... 39
Expressão Corporal .......................................................................... 41
Timidez .............................................................................................43
Dicas Para Combater a Timidez em Apresentações ........................ 46
10 Dicas Para Falar Melhor, Falar Corretamente e Sem Inibições ..47
Como Começar Um Discurso ........................................................... 48
Como Terminar Um Discurso ........................................................... 54
Como Não Terminar um Discurso .................................................... 57
“SENC” Uma Palavra Que Ajudará a Proferir Um Bom Discurso .... . 59
Como Elaborar Uma Apresentação .................................................. 68
Seis Regras Para Falar Em Público .................................................. 72
Receita do Sucesso “O Bolo” ............................................................ 73
Recomendações Bibliográficas ......................................................... 74
ORATÓRIA
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A Importância da Boa Comunicação
Hoje, mais do que em qualquer tempo, vemos a importância da boa
comunicação, para a vida profissional e pessoal.
As pessoas em evidência precisam se expressar bem para participar de
reuniões, negociar, dar entrevistas, vendas, expressar idéias, enfim, a
comunicação é importante em praticamente todas as atividades.
A boa comunicação é muito importante, pois a comunicação deficiente
normalmente pode ser confundida com a falta de competência. Quando o
responsável pela apresentação de um projeto, por exemplo, articula mal as
palavras, equivoca-se na seqüência dos argumentos, ele compromete o entendimento e a
credibilidade de sua proposta.
Essa situação também ocorre em uma reunião social, poucas pessoas teriam interesse em
conversar com alguém que não soubesse se comunicar. As pessoas nessas situações querem estar
com quem seja interessante na maneira de contar histórias, relatar fatos, comentar notícias, ou até
mesmo que saiba fazer perguntas pertinentes no momento apropriado, com presença de espírito e,
quando a circunstância permitir, com bom humor.
Aquele que não sabe se comunicar com eficiência comporta-se de maneira retraída ou
inadequada e, num mundo tão competitivo, onde as oportunidades precisam ser constantemente
garimpadas, deixa de aproveitar as chances de se projetar.
Quem tem problemas de comunicação está sempre encontrando uma boa desculpa para não
falar diante das pessoas, geralmente fica irritado e coloca-se numa posição defensiva para se
proteger, não participa espontaneamente das atividades que exijam comunicação e quando precisa
falar, sem chance de se esconder, é comum expressar-se de maneira ríspida e agressiva.
Quem se comunica com eficiência está, naturalmente, fazendo o seu “marketing pessoal”, pois
é requisitado para falar e expor suas idéias na empresa ou no convívio social. Pelo fato de falar bem
ele não se comporta com atitudes defensivas, ao contrário, é participativo, integrado nos ambiente
onde convive, é normalmente uma pessoa mais feliz, porque conta com o atributo da boa
comunicação para resolver problemas, realizar projetos e abrir as portas para o seu crescimento e
desenvolvimento na vida em sociedade e na sua profissão. E se nós observarmos bem, aquele que
se comunica de maneira correta e eficiente, por não ser retraído, não fugir das oportunidades, por ser
participativo e integrado, além de ser mais feliz, consegue fazer com que as pessoas que estejam a
sua volta se sintam também pessoas mais felizes.
Portanto, não importa quais sejam os nossos planos, dos mais simples aos mais ambiciosos,
em todos eles vamos incluir um dos mais importantes ingredientes para que sejam concretizados e
bem sucedidos: a boa comunicação.
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Respiração e Voz
O que é? Como usar?
Nossas vozes possuem, em cada um de nós, o seu próprio timbre
pessoal.
Timbre – é o som da voz de cada pessoa. Assim como em todas as nossas partes físicas somos
diferentes, o somos também em nossas vozes. Tanto nos homens quantos nas mulheres, existem
três registros de vozes:
Vozes Masculinas: Baixo (o som grave) – Nelson Gonçalves
Barítono (o som intermediário) – Lulu Santos
Tenor (o som mais agudo) – Ney Matogrosso
Obs.: Existe em alguns homens o Baixo Profundo (som muito grave), mas é muito raro.
Vozes Femininas: Contralto (som mais grave) – Baby Consuelo
Meio-soprano (som intermediário) – Zizi Possi
Soprano (som mais agudo) – Jane Duboc
Para usarmos bem nossa voz, o principal apoio que temos é a respiração. Se não soubermos
respirar corretamente, também não saberemos falar, nossa voz parecerá fraca, sem volume e sem
resistência. Se enquanto falamos uma frase curta respiramos várias vezes, parecerá que estamos
cansados, na verdade o que aconteceu foi que não respiramos corretamente antes de começarmos a
falar.
E como respirar e falar corretamente? Fazendo exercícios de respiração, articulação e de
dicção. Os exercícios respiratórios são indispensáveis para aumentar e manter a capacidade vital e
para que possamos corrigir os defeitos e insuficiência de nossas vozes e palavras.
A respiração, funcionando como função vital, é inconsciente, mas na sua função fonética, é a
base fundamental das palavras, já que o som vocal é dependente de uma ação motora, regulável,
que é o ar que expelimos dos pulmões.
ORATÓRIA
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Formas de Respiração
Abdominal - É mais apropriada para os homens, já que nesse tipo de respiração o diafragma
desce muito. Comprimindo as vísceras abdominais e impelindo as vísceras para fora.
Observação: alguns biofísicos afirmam que esse tipo de exercício respiratório não é muito
recomendável para as mulheres, devido à compressão que exerce sobre a região dos órgãos
genitais, causando alguns incômodos.
Costal-Diafragmática – É a que mais se adapta à fonética perfeita. É a mais aconselhável,
porque proporciona maior retenção de ar nos pulmões, com menor esforço. É invisível e silenciosa.
Quando inspiramos, nossas costelas flutuantes afastam-se, aumentando nossa capacidade torácica,
no sentido transversal e oblíquo, dando preponderância ao alongamento da base dos pulmões, que é
de onde parte o aumento do tórax, em todo o seu diâmetro.
Clavicular – Não é aconselhada, pois sendo os pulmões mais estreitos no ápice, a provisão de
ar fica insuficiente, visível, fatigante, além de forçar o congestionamento das veias do pescoço. A
subida do peito e seu estreitamento impedem a dilatação da base do pulmão. É impossível alargar e
levantar o tórax ao mesmo tempo.
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O Instrumento da Voz
Só pequena proporção do que a fala transmite tem finalidade lingüística.
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Uma boa voz constitui valor básico no florescimento da personalidade. A voz retrata a
personalidade que evolui, ajustando-se, crescendo e afirmando-se: “O homem convencido do que diz
parece transportar o pensamento em sua voz: objetiva e dirige em esforço de penetração intelectual,
sensual, mímico e sonoro”. No bom orador, o pensamento se exterioriza, adquire uma forma sonora,
cria uma plástica vocal, através da qual são conquistados os sentidos e a inteligência do ouvinte.
A voz exerce três funções:
1ª - De representação – conta alguma coisa.
2ª - De expressão – Revela algo a respeito do orador.
3ª - De apelo – Deseja e provoca a reação da platéia.
A voz ideal seria aquela em que se obtivesse, com um mínimo de esforço, um máximo de efeito
estético. A voz é o homem e a Foniatria pode assegurar bons resultados, no aprendizado do manejo
da voz — indispensável à projeção favorável da personalidade humana.
O aparelho fonador compreende:
1 – O aparelho respiratório: os pulmões, como fole e depósito de ar. São os pulmões que
proporcionam ao som intensidade, força, potência e fôlego.
2 – O aparelho vocal vibrante: a laringe com a glote, as cordas vocais e os ventrículos. É o
gerador do som, o aparelho que proporciona ao som a altura, através da vibração das cordas vocais.
3 – O sistema de ressonância: as fossas nasais, a cavidade da boca, o “céu” da boca (palato),
a língua, os dentes, as bochechas e os lábios. São aparelhos que proporcionam timbre, colocação e
alcance ao som.
O diafragma é um poderoso músculo sobre o qual descansam as bases dos pulmões, tendo na
parte inferior o estômago e os intestinos.
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A voz depende de uma coluna de ar expirado (fonação), do reforço ou atenuação de certas
vibrações nas cavidades supra glóticas (ressonância) e da modificação do timbre pelos ressoadores e
articuladores.
Os pulmões são “reservatórios de ar”. Ao provocarmos, através dos músculos, a compressão
dos pulmões, obrigamos o ar a escoar-se através dos brônquios e da traquéia. Este ar, ao passar
pelas cordas vocais, faz com que elas vibrem, produzindo um som, o qual atinge os ressoadores
superiores, onde é aperfeiçoado. O som assim produzido, não está definido: necessita ser articulado.
A articulação é feita pelos articuladores, comandada pelo cérebro, através dos nervos que se
distribuem pela língua e lábios. Desta forma, surge a palavra.
A aprendizagem da palavra exige compreensão e expressão — processos inteiramente ligados.
A compreensão compõe-se de duas partes: recepção do som e sua transformação em estímulos
nervosos. Esses estímulos dirigem-se aos centros auditivos, de onde partem outros estímulos
nervosos capazes de produzir associações cerebrais; nossa mente funciona através de complexo
mecanismo de associações. Os sons ganham atributos que lhes correspondem e que a memória fixa.
Se ouvirmos a palavra sino, ela desperta em nós a idéia da forma e das demais propriedades de um
sino, ao percorrer os caminhos assinalados. Entretanto, se for pronunciada uma palavra de idioma
desconhecido, o som chega aos centros auditivos, sem que se formem associações cerebrais
inteligíveis.
Nossa voz, talvez qual a ouvimos, é diferente do que nossos interlocutores ouvem, pois estes a
ouvem por via aérea e nós por via óssea. Não avaliamos nossa voz, a não ser que a reproduzamos
em aparelho gravador, quando, então, podemos conhecer suas qualidades e defeitos.
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Processo de Comunicação
Comunicar significa tornar comum alguma coisa. Comunicação é o processo através do qual as
pessoas transmitem umas às outras suas emoções, idéias, conhecimentos, sentimentos, para que
entre si conheçam as mesmas coisas. Nesse processo precisam existir no mínimo duas pessoas
envolvidas, pois ele é bilateral; sempre deve existir alguém que emite e alguém que recebe.
No processo de comunicação estarão envolvidos os seguintes elementos, que representamos
graficamente:
* EMISSORÉ aquele que envia a mensagem.
* MENSAGEMÉ aquilo que é transmitido.
* RECEPTORÉ aquele a quem a mensagem é dirigida.
* CANALÉ a via utilizada para levar a mensagem.
* REALIMENTAÇÃO
ORATÓRIA
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Resposta do receptor sobre como recebeu a mensagem. Neste momento, este receptorpassa a ser o emissor.
* INTERFERÊNCIASAspectos que dificultam ou impedem a recepção da mensagem tal qual pretendida peloemissor.
Destes conceitos vamos nos ater aos dois últimos:
A Realimentação no Processo de Comunicação
A maneira pela qual podemos eliminar grande parte das distorções no processo de comunicação
é a criação do “Canal de Retorno”, isto é, provocar uma volta do receptor ao emissor, dizendo o que e
como entendeu a mensagem.
Desta forma poderemos perceber todas as distorções introduzidas no processo e poderemos
realimentá-lo com as correções necessárias.
A abertura do canal de retorno não significa apenas “cobrar” a mensagem de volta, mas criar o
clima para que ele seja utilizado, seja pela explicitação do que foi entendido, seja através de
perguntas e solicitação de informações complementares.
Ao emissor cabe escolher corretamente o código, emitir a mensagem de forma precisa e
imparcial, ter consciência do subjetivismo presente e dar condições para o retorno.
Ao receptor cabe a predisposição para ouvir e compreender, a consciência do subjetivismo na
interpretação, a disposição para pedir informações complementares e explicitação daquilo que julga
ter entendido.
Interferências no Processo de Comunicação
Quando alguém quer transmitir alguma coisa, trabalha a idéia em sua cabeça. Expressa tal
idéia através de códigos, que podem ser símbolos gráficos, gestos, expressões faciais, olhares, voz,
etc. o conjunto de sinais forma uma mensagem que, decodificada pelo receptor deve levar à mesma
idéia originária na mente do emissor.
Mas nem sempre esse processo ocorre de forma fluida, havendo muitas vezes perdas
decorrentes de interferências. As influências destas nos processo determina três tipos de mensagens:
Mensagem pretendida – aquela que o emissor efetivamente quer fazer chegar ao receptor.
Mensagem real - aquela que é efetivamente transmitida.
Mensagem recebida - aquela que chega ao receptor.
As interferências no processo de comunicação ocorrem:
entre o emissor e o receptor, isto é, no próprio canal de comunicação;
no emissor e no receptor – fatores inerentes a eles que se interpõe entre;
a mensagem pretendida e a efetivamente codificada, no caso do emissor;10
a mensagem recebida e efetivamente decodificada, no caso do receptor.
Vamos nos ater as interferências no emissor e receptor.
No caso de um palestrante, na maioria das vezes ele será o emissor
da mensagem.
São vários os exemplos de interferência que podemos citar, decorrentes do emissor. Falar baixo
e auditório grande, apresentar verbalização deficiente quanto a falar rápido ou devagar demais, ser
claro ou prolixo são alguns deles. Veja que nestes exemplos estamos nos referindo ao aspecto verbal
da comunicação.
Mas o processo de comunicação não se dá apenas através da verbalização, pois envolve
gestos, postura, expressão facial e a própria vestimenta, ou seja, envolve o que o indivíduo como um
todo transmite para a platéia que o assiste.
Há cientistas que afirmam até que o próprio corpo, eventualmente, comunica. E não só por
intermédio do movimento ou da posição que assume, mas também através da própria forma do corpo
ou até da maneira como os traços do rosto se organizam.
Neste momento estamos falando de COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL.
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Cuide da Higiene Vocal
O desenvolvimento completo normal termina na idade de quinze anos na mulher e até aos
dezoito anos no homem. Logo, até estas idades, o uso excessivo da palavra ou os exercícios
exagerados de canto podem dificultar ou alterar o desenvolvimento orgânico dos aparatos vocais.
Normalmente, a voz deve ser perfeita até aos cinqüenta anos.
Neste período, admite-se que os órgãos comecem a envelhecer; no entanto, se o indivíduo tem
boa técnica vocal, pode conservar sua voz. Verifica-se que as vozes femininas se conservam melhor.
Para profissionais, é importante que façam exercícios diários a fim de manter sua voz potente e
sua dicção clara.
O cantor não deverá exercitar seus estudos mais do que 45 minutos consecutivos. Quando notar
fadiga na garganta, deve suspender os estudos imediatamente.
As normas de higiene vocal são conselhos dados aos profissionais que utilizam a voz como
instrumento de trabalho, a fim de prevenir problemas que possam afetá-la, não se limitando só ao
cuidado do aparato vocal, senão também o de outros órgãos e funções que possam intervir
indiretamente em colaborar com seu bom funcionamento.
Alimentação e Bebidas
Antes de atuar vocalmente, é prudente ingerir alimentos leves, dando tempo
para completar a digestão. Depois da função, é conveniente esperar meia hora e
fazer uma alimentação com frutas, sem bebidas alcoólicas.
A maçã e o salsão são considerados os antissépticos bucais, auxiliando na
limpeza da orofaringe.
Evite os derivados de leite, porque produzem um aumento de muco no trato vocal.
Evite refrigerantes.
É conveniente limitar as comidas picantes ou excessivamente condimentadas.
Álcool destilado é mais nocivo às cordas vocais, não sendo, portanto, recomendável durante
nem antes da atuação. As bebidas fermentadas são menos prejudiciais.
Evitar as bebidas geladas, pois ocorre o choque térmico entre a temperatura do organismo e a
bebida gelada. Orienta-se esquentar na boca os três primeiros goles.
Deve-se mastigar com equilíbrio.
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Pastilhas, balas de gengibre, balas de hortelã ou menta, spray são paliativos para dores
ocasionais por abusos vocais.
Calefação
A excessiva calefação pode ser contraproducente, pois seca a mucosa. Também devem ser
evitadas as mudanças bruscas de temperatura.
Ar Condicionado
Tiram a umidade do ar, ressecando o ambiente e também a mucosa, tendo repercussão
imediata na voz, dependendo do grau de sensibilidade do indivíduo.
Orienta-se que, quando não se possa diminuir a perda da umidade do ar através do aparelho,
que se coloquem plantas aquáticas ou se tomem líquidos não gelados ou se comam maçã para
desenvolver o muco das cordas vocais.
Fumo
Deve-se evitar fumar, pois na laringe a ação do fumo é nociva.
Roupa
Usar roupas confortáveis, que permitam uma boa respiração. Roupas de nylon ou plásticos
impedem a evaporação da transpiração, podendo deixar o corpo úmido e frio, provocando problemas
orgânicos.
Evitar adornos que estejam apertados, como: cintos, colares, lenços, que impeçam uma boa
respiração ou uma boa emissão vocal.
Usar sapatos folgados.
Evitar o uso de salto, durante atuação vocal.
Esportes
São tradicionalmente indicados natação e atletismo.
Evitar os esportes muito violentos e os que reforçam o estado de tensão do organismo, como é o
caso da musculação.
Telefone
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Cuidar da postura, para que não fique com a cabeça inclinada muito tempo para um só lado.
Gravidez
Tomar cuidado para não atuar nas últimas semanas, pois há diminuição da freqüência
fundamental; cansaço vocal; limitação do diafragma; há edema de corda vocal, podendo a voz estar
enrouquecida.
Menopausa
É a verdadeira mudança vocal da mulher.
Todos os hormônios influenciam na voz. Havendo alteração destes hormônios, há virilização
vocal (perda dos agudos).
Ambientes Ruidosos
Evitar falar nestes ambientes, para que não ocorra competição vocal.
Evitar pigarros, tosses, raspar a garganta.
Microfone
Fale sempre de frente.
Mantenha sempre a mesma distância, não muito próximo, evitando a voz
metálica, e não muito afastado, evitando a voz abafada.
O ideal é deixar 10 cm de distância da boca.
Evitar a respiração ruidosa.
Não vire a página do texto diante do microfone.
Não mexa no microfone.
Não pigarreie nem tussa, ao microfone.
Evite falar períodos longos numa mesma expiração.
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Não cante os finais das palavras ou frases.
Evite inflexões exageradas.
Limite sua movimentação de braços e cabeça.
Não eleve sua cabeça (microfone para cima), pois agudiza a voz.
Não baixe sua cabeça (microfone para baixo), pois agrava a voz.
Mantenha o corpo ereto, mas relaxado.
Não emita sons explosivos com força inadequada, pois o microfone amplia esta distorção
desagradável para o ouvinte.
Professores
Apagar a lousa com pano umedecido enrolado no apagador.
Manter as janelas fechadas, quando houver barulhos externos.
Uso de microfone adequado.
Cuidar da postura.
Usar recursos didáticos para não ser preciso tencionar a laringe.
Respire corretamente (Costal-Diafragmática)
Ex.: Peça silêncio, emitindo um som chiante, com o dedo indicador sobre os lábios, e não grite.
Dirija sua voz para o centro da sala e não para um aluno específico.
Evitar as barreiras verbais em cacoetes. Ex.: Né? Daí, Aí, Tá? Certo? Sabe? Entende?
Nos intervalos, não esquecer: evitar água gelada.
Não atuar, sem antes ter realizado avaliação otorrinolaringológica e fonoaudiólógica.
Pratique sempre esta higiene vocal. Só assim, você evitará problemas no aparelho vocal.
ORATÓRIA
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Exercícios Respiratórios
Observações Importantes
Para se instalar a respiração correta (costal-diafragmática) os exercícios deverão ser feitos
inicialmente em posição deitada; quando instalada, poderão ser feitos em posição sentada ou em pé.
Deve-se notar que, ao inspirar, as costelas se alargam lateralmente, e o abdômen se expande;
ao expirar, as costelas se estreitam e o abdômen se contrai.
Obs.: Os exercícios respiratórios deverão ser feitos usando-se sempre inspiração nasal e
expiração bucal.
Outras observações.
pp: pausa pequena.
pg: pausa grande.
Exercícios
1 -Inspirar lentamente e expirar lentamente;
2 -Inspirar lentamente e expirar rapidamente;
3 -Inspirar rapidamente e expirar lentamente;
4 -Inspirar rapidamente e expirar rapidamente;
5 -Executar os quatro exercícios acima, fazendo uma pausa entre a inspiração e a expiração;
6 -Inspirar, expirar, pausa, expirar (expiração em dois momentos);
7 -Ir aumentando os momentos progressivamente;
8 -Inspirar, expirar, pp, expirar, pg, expirar;
9 -Inspirar, expirar, pg, expirar, pp, expirar;
10 -Inspirar, expirar, pg, expirar, pg, expirar;
11 -Inspirar, expirar, pp, expirar, pp, expirar, pp, expirar;
12 -Fazer os quatro exercícios acima com outras variações nas pausas;
13 -Inspirar, 2 , 2, expirar. Contar lentamente;
14 -Ir aumentando a contagem mental progressivamente;
15 -Fazer os dois exercícios acima, usando nomes de objetos, pessoas, meses do ano, etc;
16 -Inspirar, elevando os braços, e expirar, descendo os braços;
17 -Inspirar, pp, expirar, emitindo:
ssssssssssssssssssss...
(se possível, cronometrar o tempo)
18 -Inspirar lentamente, pp, expirar emitindo:
ffffffffffffffffffffffffffffffffffff...16
19 -Inspirar lentamente, pp, expirar emitindo:
chchchchchchchch...
20 -De pé, inspirar lentamente, elevando os braços acima da cabeça:
prender a respiração, colocando os braços em posição horizontal; expirar lentamente, abaixando
os braços ao longo do corpo;
21 -De pé, inspirar levantando os braços; fazer uma pausa quando eles estiverem acima da
cabeça, expirar, jogando o corpo para frente;
ORATÓRIA
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Exercícios para corrigir Voz Fraca
Para corrigir este defeito (desde que não seja um caso clínico), deve-se
começar por adotar uma posição firme dos ombros e da cabeça, evitando,
porém, a tensão. Sendo a respiração a base da palavra oral, é necessário aprender a inspirar
profundamente e a expirar lentamente, de maneira a garantir o suprimento de ar, até ao final do
pensamento enunciado.
Às pessoas de voz fraca é recomendável o seguinte exercício:
Respire profundamente;
Expire lentamente, dizendo em voz alta e compassada: 1, 2, 3, 4 ...
Repita a operação, contando agora de 1 a 5;
Vá repetindo a operação, aumentando sempre a contagem de mais uma unidade.
Poderá dar-se por satisfeito, se chegar até ao número de 10, enunciando os números em ritmo
pausado, sem pressa. Este mesmo exercício pode ser feito com a leitura de uma quantidade cada
vez maior de palavras.
Economizar o fôlego é a primeira condição para que deseja falar bem e luta contra a
desvantagem da inabilidade ou da fraqueza vocal. Aprendido este primeiro passo, é preciso praticar a
graduação do volume de voz. Para isto, há um exercício muito fácil, que consiste na escolha de uma
determinada frase, a qual deve ser repetida de cinco a seis vezes, com um volume de voz cada vez
mais alto.
Por exemplo:
Espere aí, que eu vou com você!
Faça uma experiência com esta frase. Antes de cada emissão, respire profundamente e
coloque-se em posição firme. Na última repetição, faça o possível para evitar a voz espremida,
embora seja praticamente gritar.
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Exercícios para corrigir Voz Monótona
A monotonia ocorre quando se negligencia a mudança do volume e do tom de voz.
A variação do volume, de acordo com as nuanças do assunto, desperta maior
interesse em quem ouve. Varia-se o volume com a ênfase. A declamação e a
leitura em voz alta são consideradas bons exercícios para corrigir a voz monótona.
Experimente ler com expressão estes versos de Olavo Bilac e este período de
Euclides da Cunha:
“Ora (direis), ouvir estrelas! Certo”.
Perdeste o senso!”E eu vos direi, no entanto”,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...”“.
“... quando, diante do ministério vencido, o Marechal Deodoro alteava a palavra imperativa da
revolução, Não era sobre ele que convergiam os olhares, nem sobre Benjamim Constant, nem sobre
os vencidos, mas sobre alguém que, a um lado, deselegantemente vestido de uma sobrecasaca
militar folgada, cingido de um talim frouxo de onde prendia tristemente uma espada, olhava tudo
aquilo com uma serenidade imperturbável. E quando algum tempo depois, os triunfadores, ansiando
pelo aplauso de uma platéia que não assistiria ao drama, saíram pelas ruas principais do Rio, quem
quer que se retarde no Quartel General veria sair de um dos repartimentos, no ângulo esquerdo do
velho casarão, o mesmo homem, vestido à paisana, passo tranqüilo e tardo, apertando entre o médio
e o índex um charuto consumido a meio, seguindo isolado para outros rumos, impassível, indiferente,
esquivo... E assim, esquivo, indiferente e impassível, que Floriano penetrou na História.”
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Exercícios para corrigir Voz Nasal
Deve-se a voz nasal ao ar que se exala através do nariz e da boca, ao mesmo tempo. Com
exercício constante e ouvido apurado, pode corrigir-se este defeito, quando não existirem causas
físicas passíveis de tratamento médico.
1 - Um dos exercícios para correção da voz nasal consiste na repetição de vogais longas e
ditongos, em voz alta:
Aaaaaaaa.... Eeeeeeeee... Iiiiiiiiiiiiii... Oooooooo... Uuuuuuu...
2 - Algumas consoantes possuem som nasal próprio, assim como grupos de consonantais e
fonemas orais nasais:
M N EN
NH NA UN
3 - Pronuncie em voz alta, estabelecendo uma separação exagerada, os seguintes fonemas:
A NA
E EN
I IN
O ON
U UN
4 - Sinta a diferença ao pronunciar:
UMA UNHA UA
AMA MANHÃ AA
EM LENHA LE
5 - Procure destacar a vogal clara do som nasal que a acompanha:
Aaaaaaa – M (AM)
Eeeeeee – M (EM)
Iiiiiiiiiiii – M (IM)
Oooooo – M (OM)
Uuuuuu – M (UM)
Pelos exercícios, percebe-se que é possível canalizar pela boca o ar que expira nos sons claros,
permitindo-lhes sair pelo nariz, apenas nos sons nasais.
Palavras com Sons Nasais para serem articuladas exageradamente:
AMANTE BRANCO ESPADA AMARELENTO RENTE20
ENSABOAR AMBULANTE CAMPINA ENSOMBRAR AMEAÇANTE
CAMONIANO ONIROMANCIA AUMENTAR AMÉM
SULTÃO
Exercícios para corrigir Voz Estridente
A estridência é, na maior parte das vezes, um hábito. Uma das maneiras mais simples de
controlar-se uma voz estridente consiste na atenção ao volume da voz.
Fale mais baixo, mesmo quando a frase sugira um tom mais alto.
Pronuncie em meio tom, frases altas como estas:
Olá! Como vai?
Muito prazer em vê-lo!
Ah, ele é um sujeito formidável!
Adorei a fita!
Gosto imensamente desse camarada!
Olha aqui, eu não admito brincadeiras!
ORATÓRIA
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Como conseguir melhor Entonação
Entonação é a música da linguagem. Entonar bem é falar no tom certo, como se cada palavra,
cada sílaba representasse uma nota musical. O professor. Hermann Klinghart foi o primeiro a propor,
na língua inglesa, um sistema de sinais para indicar o tom exato das palavras, facilitando a leitura em
voz alta, na entonação certa, e facilitando a compreensão dos vocábulos.
O sistema não teve ainda seguidores em português e faltam-lhe entusiastas em inglês.
A definição poética, que compara o tom à melodia, é exata; exige-se de quem fala bem uma
variedade melódica. Para isso, é indispensável uma voz flexível e expressiva. A variedade melódica
decorre do próprio significado da palavra — a palavra tem de ser enunciada, de acordo com seu
significado, e a expressão é, toda ela, sentimento. Vamos pronunciar cada uma das palavras
seguintes, dando-lhes toda a expressão de que formos capazes de acordo com o significado:
Assassino Biruta
Anjo Funeral
Lixo Gargalhada
Perfume Crápula
Samba Palhaço
Melodia Estrondo
Amor Ódio
Cada uma destas palavras tem a sua entonação certa, sugerida pelo significado. Não se
pronunciam com a mesma entonação as palavras: amor e ódio. A palavra ódio, pronunciada com a
mesma entonação de amor, soa diferente. Experimente anunciar em voz alta a palavra lixo, com a
mesma entonação com que pronuncia a palavra perfume. Sentirá com o é difícil, porque a palavra
pede o seu tom correspondente.
Toda variedade melódica de entonação tem por finalidade facilitar a compreensão. Falar no tom
certo é fazer-se mais facilmente compreendido. Eis algumas frases para exercícios em voz alta com
entonação correta:
Ele é um sujeito malvado!
Suas filhas são encantadoras!
Rafael é uma autoridade em Psicologia!
Dei gargalhadas com o Palhaço Tic-Tac!
22
O perfume é delicioso!
É um garoto levado da breca!
Você está se portando como um palhaço!
A leitura em voz alta dessas peças teatrais, quando nos esforçamos para interpretar, dando às
palavras a sua entonação certa, é dos melhores exercícios para adquirir-se expressividade no falar.
Um bom discurso é apenas a projeção de uma boa conversação. Fala-se em público em tom de
conversa, embora, vez por outra, na oratória, seja necessário o tom oratório.
É importante falar uma oitava acima do que habitualmente se fala, preocupando-se com o
número e a qualidade das transições. Transição é uma frase curta, que liga dois pensamentos ou
idéias diferentes; é o elemento que evita saltos e surpresas nos discurso e ajuda a avaliar a
entonação, quebrando a monotonia. A variedade das reflexões pode ser obtida através de três pontos
essenciais:
Variando a velocidade da voz;
Variando o volume da voz;
Variando o tom da voz.
ORATÓRIA
23
Como conseguir melhor Ênfase
Assim como a palavra tem sua sílaba tônica, em uma frase existem uma ou mais palavras
que pedem maior ênfase ao serem enunciadas: a expressividade depende da ênfase correta na
palavra certa.
Pronuncie as frases a seguir, esforçando-se por expressar a ênfase, de acordo com as
palavras:
Eu, absolutamente, não permito que você viaje esta
semana!
Fique certo que não havia outra solução!
Gosto de coisas claras!
Às minhas custas, ele não faz!
Ponha-se na rua!
Isto é mentira!
Acontece, freqüentemente, em uma frase, situar-se a ênfase em mais de uma palavra, como se,
a exemplo das sílabas, existissem palavras tônicas e subtônicas:
Nós discutimos e esse sujeito é quem ganha um monte de
dinheiro ÀS NOSSAS CUSTAS!
Eu NÃO ADMITO que esse miserável volte a botar os pés
nesta casa!
Não PENSE que eu esteja de acordo com essa TOLICE!
Outro exercício consiste em mudar-se a palavra tônica em uma mesma frase. O sentido muda
de acordo com a transferência da ênfase de uma palavra para outra:
VOCÊ viu aquele sujeito sair daqui?
Você VIU aquele sujeito sair daqui?
Você viu AQUELE sujeito sair daqui?
Você viu aquele SUJEITO sair daqui?
Você viu aquele sujeito SAIR daqui?
Você viu aquele sujeito sair DAQUI?
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Como usar melhor a Pausa
Experimente ler o seguinte trecho, respirando em todas as vírgulas e pontos, e você verá como
vai sentir-se desconfortável:
“Outro dia, aqui mesmo, dizia eu que São Paulo ou, mais precisamente, sua capital — não tem
horizonte. É óbvio que ninguém vê, porque somos cegos para o óbvio. Mas reparem: em São Paulo o
horizonte é uma parede e, depois, outra, mais outra, outra mais, enfim, dezenas de paredes, como no
soneto de Raimundo Corrêa. Eu não tinha percebido isso. Um dia, o meu amigo Luís Eduardo
Borghet veio ao Rio.”
Agora você vai reler o mesmo trecho, só respirando onde houver indicação de PAUSA
RESPIRATÓRIA. Nas outras PAUSAS, retenha simplesmente o fôlego. Fora disso, não respire, nem
pause em sinal algum. Atenção: o fato de você não fazer pausa num ponto final ou de fazer pausa
sem respirar não deve modificar a entonação própria do sinal (por exemplo, no ponto final a voz
desce, e assim deve ser em qualquer caso).
“Outro dia,(PAUSA) aqui mesmo,(PAUSA) dizia eu que São Paulo (PAUSA)”.
(RESPIRATÓRIA) ou, mais precisamente, sua capital — (PAUSA) não tem
horizonte. (PAUSA RESPIRATÓRIA) É óbvio que ninguém vê,
(PAUSA) porque somos cegos para o óbvio. (PAUSA RESPIRATÓRIA)
Mas reparem: (PAUSA RESPIRATÓRIA) em São Paulo o horizonte é uma
parede (PAUSA) e, depois, outra, (PAUSA) mais outra, (PAUSA) outra mais,
(PAUSA RESPIRATÓRIA) enfim, dezenas de paredes, como no soneto de
Raimundo Corrêa. (PAUSA RESPIRATÓRIA) Eu não tinha percebido isso.
Um dia, (PAUSA RESPIRATÓRIA) o meu amigo Luís Eduardo Borghet
veio ao Rio.”(PAUSA RESPIRATÓRIA)”.
ORATÓRIA
25
Califasia
Exemplo - Para alternância de pausa:
[/] Coloque uma barra antes do início de uma palavra ou frase, quando você se utilizar uma
pequena pausa.
[//] Coloque duas barras, quando você se utilizar uma média pausa.
[///] Coloque três barras, quando você se utilizar uma grande pausa.
Para dar destaque a uma palavra, você deve utilizar-se da devida entonação e variar a
intensidade e a velocidade de sua voz. Portanto:
[__] Coloque um traço horizontal em baixo da palavra a que pretenda dar um pequeno destaque.
[==] Dois traços sob a palavra que pretenda dar um médio destaque.
[==] E três traços sob a palavra a que pretenda dar um grande destaque.
Para treinar o ritmo da voz e praticar o exercício da boa leitura, vamos aplicar a teoria anterior no
texto a fim de que você possa colocar em prática.
Se você tem um gravador, leia o texto primeiro sem as marcações, fazendo a análise final,
através da comparação.
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Exercícios para leitura em Voz Alta
Objetivando a melhoria do ritmo Da Voz
Obs. Use a Califasia
O MUNDO TEM SUA COR
O mundo tem sua cor...
É que você mede o mundo e o vê como é você.
Se você põe óculos de bondade, de amor,
Tudo é belo, positivo,
Porque positivo e belo está você.
Se você é vingativo,
Invejoso, egoísta,
Vê o Mundo desse jeito,
Porque desse jeito é você.
Do modo que você fala,
Do modo que você vê,
Do modo que você pensa,
Desse modo é você.
Você é a medida do seu mundo.
ORATÓRIA
27
Como conseguir ritmo da voz num discurso lido
O ritmo é o conjunto de todos os aspectos fundamentais da voz. É a boa dicção, entonação,
ênfase, a alternância da intensidade, velocidade, pausa, etc., fazendo da voz uma melodia que influa
na alma da platéia, fazendo-se vibrar e emocionar-se.
O ritmo da voz é próprio em cada indivíduo caracterizando um estilo, havendo, entretanto, a
possibilidade de você aperfeiçoá-lo. Você pode aproveitar melhor a energia, o timbre e a sonoridade
da voz, fazendo com que o conjunto harmonioso de todos provoque nos auditórios sensações de
extremo encantamento.
Você deve ser natural, ter seu próprio estilo e jamais tentar imitar alguém; mas é sempre
recomendável observar e analisar comunicadores que bem utilizam o ritmo da fala.
O ritmo e a cadência da fala poderão ser conquistados através do aperfeiçoamento dos
aspectos anteriores (intensidade, sonoridade, pausa, etc.), através da realização dos exercícios. E,
para desenvolver ainda mais o ritmo de sua voz, faça constantes leituras de poemas em voz alta.
A leitura desenvolve o ritmo da voz e, quando bem feita, pode cativar e envolver o auditório. E,
para que possa realizar uma boa leitura que signifique para você um exercício a mais em oratória,
você deve seguir algumas orientações:
1 – Leia em público um discurso somente quando for absolutamente necessário. O discurso de
“improviso” (que você prepara, mas não lê) é sempre mais bem recebido pela platéia.
2 – Atribua símbolos que destaquem a alternância das pausas e a ênfase das palavras.
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Como melhorar a pronúncia e ter boa dicção (1)
Evite a afetação!
Pessoas afetadas, no afã de exibir-se, estropiam as palavras. O excesso de capricho na
pronúncia confunde-se com afetação.
Tenha modelos!
Ouvir quem fala bem ajuda a falar melhor. Foi ouvindo os grandes oradores que Demóstenes se
fez orador. Mas não imite ninguém.
Leia em voz alta!
A leitura em voz alta é exercício por excelência para quem deseja falar bem. São recomendáveis
quinze minutos diários dessa leitura, mas enfática do que de costume; cada palavra deve ser lida com
ênfase exagerada, a fim de nos acostumarmos à entonação correta.
Aumente seu vocabulário!
Muitas vezes, as hesitações ou erros de pronúncia devem-se à ignorância da pronúncia certa.
Falar bem depende muito de um bom vocabulário. Todas as vezes que tiver dúvidas sobre as
palavras, na leitura em voz alta, consulte um dicionário.
Como melhorar a pronúncia e ter boa dicção (2)
Respeitar a pronúncia correta das palavras.
Fazer soar nas frases as palavras tônicas.
Saber pronunciar os finais das frases, sem enfraquecê-las, para não torná-las inexpressivas.
Saber dizer as frases, flexionando e utilizando todas as possibilidades de colorido da voz.
O timbre da voz deve estar de acordo com o sentimento que se procura expressar.
As imagens faladas devem ter vida.
A voz falada compreende cerca de cinco ou seis notas. É preciso saber usá-las para dar relevo e
harmonia à exposição oral.
ORATÓRIA
29
É preciso usar a arte dos silêncios, de onde nasce à força das pausas.
A voz é o nosso instrumento de expressão individual. Precisamos conhecê-lo perfeitamente,
para sermos donos absolutos da nossa voz.
Articular bem, articular claro; articular exageradamente evita cansar a voz.
Como melhorar a pronúncia e ter uma boa dicção (3)
Leia em voz alta. Capriche na pronúncia, tendo em vista as consoantes insistentes assinaladas
no início:
(1-) V.D.T.G. - O ávido Dom Veridiano, o endividado vendeiro, verdadeiro vadio, deve ter vindo
do Estado Delta para vender antigüidades. Ele tem artigos prateados deveras e dois ou três de prata
da lei; entre outros, tem uns dedais de prata de verdade, além de pratos de bandejas de vidro e cristal
com bordados: tudo isso deve ser vendido entre dois ou três dias.
(2-) V.D.F. – O verdadeiro Vito Valderez tem de vender “vodka” ao verdadeiro David. Este foi ver
se dava para ficar devendo até vinte do vindouro fevereiro.
(3-) D.T.N.R.S. – Na rota da torre de tiro, os atiradores direitos têm direito de tirar da terra o
rastro dos ratos tarados que retêm os tiros. Eles atiram os estéreis tiros aos ratos: terríveis tiros que
atraem terra trazendo rastros atrasando os atiradores ratos ao tiro certeiro da torre.
(4-) D.V.B – Débeis bedéis, vinde ver dádivas deveras defeituosas, vendidas ao verdadeiro Divo
de Val de Vez: devemos revendê-las de verdade, de agora em diante, aos vadios que invadem a
venda ou devemos devolvê-las, deveras, verdadeiras indignidades ao revendedor que lhas deu?
(5-) P.R.L.P. – A probalidade da perspicácia do problema psicológico imprimiu um crisma plebeu
à irresponsabilidade do programa. A repressão contida na imploração dos prisioneiros tem a
reprovação problemática dos professores.
(6-) R.R.R. – A mira de Altamira admira a mirradas mira, que só a remirar admirada a miraculosa
Almira. Resultados registrados recentemente revelam recordes realmente retumbantes de Rui
Ramos, relembrando Rubens Ribeiro, recordista regional, Rei de Remo. Reabilitado, Ramos refuta
russos e romenos, repelindo rudes remoques, repetidos rumorosamente.
(7-) D. T. – A data dita ao Teddy é ditada em tarde idade ao Tito Tadeu: é a data adotada por
todos e aditada aos adidos, qual data de “Todos os santos”.
(9-) B. D. T. V. – Os bêbados badalando os débeis rebeldes embevecidos, advertidos a debelar
os bandidos, obedecem indevidamente, enquanto os bêbados bordam bandos e bandas bordavam,
redobrando as badalações. É total o tédio de te ditar deitada toda a dedicatória, entendendo destarte
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datar-ta toda, de dois até doze de dezembro, tendo tido todo tempo de te ditar na totalidade, tudo
redundando de todo lado, em teu dano.
(10-) P. R. L. T.- No programa da entrega da flâmula aos atletas pratenses e paulistas,
produziram-se frenéticos aplausos de extrema violência, sendo aclamados os principais pelejantes
entre os pratenses presentes e os paulistas imprescindivelmente plenos de aplicação na peleja.
(11-) J. X. G. – Jogar seixos sujos de giz ao chão, sem cessar.
(12-) S. J. C.- Seja rijo, exija sem jamais ceder: se rachar sua segurança, seu jogo será azarado:
só assim aparecerá perdido e padecerá, perecendo.
(13-) S. T. C.- Neste recital se receitam demasiados recitativos. Parece-me ser esta uma receita
inaceitável para um concerto conceituado. O recitativo concitado e exercitado não incita decerto: não
sendo o concerto aceito, descerá também a receita decerto. Não aceitam a continuação deste
concerto. Decerto será acertado outro recital consertando o programa sem recitativos que não incitem
o concerto.
(14-) J. Z. G. – Hoje há giz no jazigo de Adalgisa e José Joseraldo.
(15-) C. R.- Crer e acreditar indiscriminadamente de braços cruzados incrementa a cretinice e a
crueldade. É, pois, criminosa a clausura dos escravos crioulos que acreditam na concretização da
crença, sem criar acrimônia através da crítica: incrível procrastinação que incrementa a crueldade.
(16-) C. Z. S.- Faça benzer seus cem zebus, seus cento e sessenta e seis bezerros recém-
nascidos e suas sessenta e sete zebras. Se isso produzir vexames, mande suspender o ato.
(17-) C. H. S. – A chuva chata sujou os chinelos roxos do chinês, deixando-os sujos e chochos.
(18-) S. G. J. – Se você agir sem juízo e jeito, suas ações descerão na aceitação dos seus. Para
vencer, seja ajuizado, jeitoso e sensato, vigiando suas reações.
Como melhorar a pronúncia e ter uma boa dicção (4)
Leia em voz alta. Capriche na pronúncia.
1 - Num prato de trigo comiam três tigres.
2 - Paralelepípedos pretos pontilham pelas portadas.
3 - Um tigre, dois tigres, três tigres.
4 - A aranha arranha a rata, a rata arranha a aranha.
5 - Por que pairas, pardal pardo? Pairo e pairarei. Porque sou pardal pardo, Pairador do rei.
ORATÓRIA
31
6 - Comprei uma arara em Araraquara.
7 - O peito de Pedro é preto, é preto o peito de Pedro.
8 - Um pinto dentro da pia pia quando a pipa pinga.
Se a pipa pinga, o pinto pia, o pinto pia, se pia o pinto a pipa pinga.
E o pinto dentro da pia, piando, a entupia.
9 - Três pratos de trigo para três tristes tigres.
10 - O doce de batata doce perguntou ao doce: “Qual é o doce mais doce”? O doce respondeu
ao doce que o doce mais doce é o doce de batata doce.
11 - Toco preto, porco crespo.
12 - Seu paulista da conquista, insista na pista, pois não há quem revista, visto que está na pista
atrás da lista das artistas malabaristas existencialistas.
13 - O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu ao tempo:
tem o tempo quanto tempo tem.
14 - Titia pôs o distintivo no vestidinho de Cidinha.
15 - O rato roeu a roupa do rei de Roma.
Como melhorar a pronúncia e ter uma boa dicção (5)
Leia em voz alta. Capriche na pronúncia.
/PL/
Mandei plastificar o planisfério.
Plínio ganhou muitos aplausos em plenário.
O planalto ficou repleto de placas de plásticos.
/PR/
O presente de prata é um primor.
Preparei uma festa na prefeitura em ritmo apressado.
A professora tomou o comprimido emprestado.
O prato prateado é do prezado advogado.
/BL/
O blusão caiu no trabalho de Blandina.
A Bíblia está na biblioteca de Blumenau.
O bloco está sublinhado.
/BR/
Braga é um bravo brasileiro.
Branca brinca com broches e brincos de brilhantes.
Fui obrigado a fazer obras no sobrado.
/FL/
Florinda ganhou um pijama de flanela.
Fiquei muito aflito com o fogo do Flamengo e Fluminense.
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As flores estão refletidas nas águas fluviais.
/FR/
Faço refresco de frutas frescas e frito frango na frigideira.
Francisco esfrega os olhos porque lê com luz fraca.
A fritada de espinafre está fria.
/VL/e /VR/
Vladimir vende livros velhos na livraria.
O lavrador é livre.
A palavra “azinhavre” está nos livros.
/TL/
O Atlas é do atleta.
Vi o Oceano Atlântico no Atlas.
/TR/
O retrato da construção está no teatro.
Traga o meu troco dentro de três horas.
Trindade trabalha no trapézio como trapezista.
Patrícia trouxe o treco de quatro folhas.
/DR/
O padrinho de Pedro é Rodrigo.
O dromedário é um quadrúpede.
Os vidros dos quadros são padronizados.
/KL/
Clóvis tocou clarinete no clube.
Cláudio compareceu à reunião da clínica.
Cláudia tocou clarim ao clarão do luar.
A clientela reclamava do cloro da água.
/KR/
Cristóvão tem criação de tucanos.
Creusa entornou a creolina no crustáceo.
O micróbio cravou a criança na região sacra.
“O Seu Creison é nosso crandidato”
/GL/
Glória derramou glicerina e glicose no globo.
A glutona com glacê.
As glândulas do gladiador estão aglutinadas.
ORATÓRIA
33
/Gr/
A gravata de Gregório é grande e graciosa.
O engraxate engraxou na gruta dos milagres.
A gravura do grêmio está grossa.
A grade da granja é negra.
Palavras para serem articuladas exageradamente
PARIRI LANÇADEIRA ATITUDE
PARLAPATICE
LANCANHO ALTERNAR PESCOCINHO LENHIFICAR
ALTERAR POLIORCÉTICO LUXURIOSO AMÍGDALA
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Textos para Ler e Interpretar
O POLÍTICO
Marilam Sales
Senhoras e Senhores, boa noite. Em primeiro lugar, quero agradecer o
apoio que nossa candidatura vem recebendo. Hoje sou candidato ao
governo de nosso estado porque acredito no potencial do povo que luta por
seus ideais e não desanima, um povo de garra e que a cada dia está mais
politizado. Por isso aceitei ser o candidato a governador deste povo.
Relutei por saber muito bem da responsabilidade que é governar o nosso
estado. Um estado promissor, um estado que vem crescendo a cada ano,
graças à somatória dos esforços de nossos jovens, juntamente com a sabedoria dos nossos velhos,
porque não dizer, dos mais vividos, mais experientes ou maduros. Somente um trabalho conjunto irá
trazer um resultado positivo e dar crescimento na área industrial e na agronomia. Temos mulheres
inteligentes que a cada dia despontam nos melhores cargos de nossas grandes empresas,
disputando com os homens, uma disputa sadia, a sua colocação no mercado de trabalho.
Há tempos o nosso crescimento andava a passos de tartaruga, mas com a ajuda de Deus e o
apoio de todos vocês, iremos trocar os animais — nada pessoal com a tartaruga — mas iremos andar
a passos de coelho, levando nosso estado à frente, despontando no cenário nacional. Quando
assumirmos o governo, iremos dar prioridade a educação, porque cremos que um povo sem cultura é
um povo sem identidade. Iremos investir na saúde, criando mecanismos que facilitarão o bom
atendimento a população nos hospitais da rede pública e particular. Iremos trazer de volta às
indústrias que se foram por causa de uma política tributária arcaica que afastou mais de 50% do
nosso parque industrial. Com as indústrias de volta, iremos criar novos empregos, reduzindo a zero o
índice de desemprego em nosso estado.
Senhoras e Senhores, temos um programa de governo que irá atender a todos os anseios de
nossa população. A começar pelas nossas crianças que terão: escola, alimentação, esportes e lazer
adequados. Não teremos uma só criança fora da escola, não teremos um adulto desempregado. A
equipe que estamos montando para juntos governarmos este estado, garante o que estou dizendo.
Para que tudo isso se torne uma realidade, só preciso do apoio maciço de todos vocês no dia 3
de outubro próximo votando em nossa candidatura, agindo assim estarão votando no progresso e no
desenvolvimento de nosso estado.
Muito obrigado.
ORATÓRIA
35
O CAMELÔ
Marilam Sales
Olha aí, gente, levem a pedrinha da sorte, aproveitem a promoção.
Tem pro-moção e pra-mocinha, tem até pra-crianCinha.
Chora neném, chora que a mamãe compra (imita uma criança chorando). Chora neném, chora
que a mamãe compra.
Ei, psiu ! vai levar hoje a pedra da sorte? Com essa pequena pedra a sua vida vai mudar, ela
além de trazer sorte, cura todo tipo de doença, tira toda urucubaca e afasta toda ziquezira, é só você
colocá-la debaixo do travesseiro e todos os seus sonhos se tornarão realidade.
Vamos levar uma pedra, 5 reais; 2 pedras, 10 reais. Não deixe a sua sorte para amanhã, leve-a
hoje mesmo. Aproveite a promoção para a entrega do prédio, vamos vender todo o nosso estoque.
Temos pedra para quem quer arrumar namorado, para quem precisa de dinheiro ou para quem
quer dar uma volta ao mundo. Leve a sua pedrinha a preço de banana, menina bacana.
Menina bonita não paga, mas a feia paga dobrado para compensar o que a bonita levou.
Não precisa empurrar, tem para todo mundo, é só pedir. Quem não pediu “pida”.
Estamos vendendo no atacado e no varejo. Uma pedra, 5 “real”; 2 pedras, 10 “real”; 3 pedras,
você só paga 15 “real”. É pegar ou largar, aproveite porque vai acabar.
Não cutuca nem futuca, essa pedra tira toda uruca.
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Memória
A memória é uma parte da nossa mente. Nela guardamos as
informações. Podemos dizer que funciona como um grande armazém,
onde muitos produtos ficam estocados e de acordo com a necessidade,
pegamos e usamos.
Há uma peculiaridade para ser ressaltada. À medida que utilizamos o
que temos na nossa memória, por incrível que pareça, não se gastam. Parece que quanto mais se
usa, mais se renova em maior quantidade e em maior riqueza. Inacreditável, se tomarmos o exemplo
do grande armazém, isto é infundado, pois o que se gasta, acaba e precisa de renovação, pôr outro
no lugar. Podemos entender que a memória não é apenas um lugar para guardar informações. A
memória está acompanhada de influências importantes da nossa personalidade. As partes mais
relevantes são: as nossas preferências; valores da sociedade onde vivemos; o que acreditamos e o
que seguimos. A memória recebe uma forte influência da nossa emoção.
É possível perceber que as informações saem diferentes do modo que entraram. Um comentário
pertinente sobre as falhas na nossa memória, passa a ser importante. O famoso “deu branco”. Apesar
da preparação, a pessoa acaba esquecendo-se daquilo que julgava muito importante para falar na
sua apresentação.
Os atos falhos também valem comentar. Quando expressamos uma determinada palavra
contrária ao que era para ser dito.
Exemplo: Não gostaria de passear com você; quero dizer, eu gostaria de passear com você.
Neste caso algumas variáveis podem ter influenciado a primeira resposta. Algumas hipóteses
poderiam ser:
Não gostou da companhia;
Não tem roupa adequada para sair neste passeio;
Está com algum problema de saúde e achou por bem ocultá-lo;
Os esquecimentos freqüentes podem ser resultado de uma sobrecarga de trabalho, gerando um
cansaço físico e mesmo psicológico. Este último chamamos de estresse. Palavra do idioma inglês,
que quer dizer resistência, o quanto agüenta, o quanto poderá suportar. Os engenheiros executam o
cálculo do stress para se saber o quanto de peso determinada coluna agüenta ou o quanto uma
esteira rolante poderá transportar de peso. Com isso queremos dizer: se o indivíduo transportar uma
carga emocional muito mais forte do que a sua capacidade pode agüentar, logo aparecem problemas
e uma das partes mais prejudicadas é certamente a memória.
ORATÓRIA
37
Para resgatarmos os conteúdos da nossa memória, numa palestra, por exemplo, se fazem
necessárias algumas providências. Vamos citar algumas:
Estabelecer uma seqüência lógica dos acontecimentos;
Elaborar o conteúdo com ordem: introdução, começo, meio e conclusão;
Palavras “chaves” são importantes para desencadear as seqüências estabelecidas;
Elaborar uma sinopse orientativa para servir de apoio durante a apresentação de preferência
só os tópicos;
Estabelecer uma didática agradável, de fácil entendimento;
Utilizar recursos didáticos, tais como: lousa, multimídia, flip-chart e etc.
Precisamos exercitar a nossa memória através de contar histórias; resolver problemas
simulados; palavras cruzadas e outros.
38
Vocabulário
O vocabulário é determinante na comunicação. Não tem como o comunicador se expressar
verbalmente sem deter um número razoável de palavras no seu vocabulário. Precisa estar apto para,
no mínimo utilizar uma palavra mais sofisticada, porém acompanhada do seu significado. Poderá
ainda ter a habilidade do domínio para surfar nas ondas dos sinônimos e antônimos, podendo ainda
pintar o quadro com fundo arrojado, perspectiva e todos os detalhes da arte do curso do pensamento,
criatividade com toda a riqueza de dados do banco de uma das principais estrelas do show, a
memória.
A palavra é o veículo pelo qual todo o nosso ser é expresso. A nossa emoção com todos os
detalhes, pode ser conhecida, repercutindo em alegria ou tristeza, amor ou ódio, enfim tudo que o ser
humano tem direito de sentir e viver em cada momento.
Quais são as melhores palavras a serem utilizadas?
As palavras mais adequadas são aquelas que expressam a mensagem de maneira mais
simples, ou seja, de fácil compreensão, assimilação e aquelas que proporcionam o afastamento de
variáveis que podem interferir, ocasionando os ruídos no processo de comunicação.
Para ampliar o vocabulário se faz necessários alguns exercícios.
Praticar a leitura diária de jornais e revistas pode se tornar um hábito saudável, que informa e
atualiza, levado o leitor a conhecer e ampliar os seus limites. Anotar as palavras novas ou mesmo as
que o significado ainda não é tão familiar, pode fazer parte de uma lista para sofrer uma consulta ao
dicionário e conhecer o seu real significado com os seus antônimos e sinônimos e se quiser se
aprofundar, saber a raiz das palavras, pode ser um grande diferencial em relação aos concorrentes
na guerra acirrada das competições do mercado de trabalho.
Um bom exercício para aumentar o vocabulário é conhecer palavras novas.
Todos os dias devemos procurar o significado de no mínimo três palavras
desconhecidas.
ORATÓRIA
39
Os Tiques e Maneirismos
Numa apresentação, exemplo de uma palestra, é comum ouvirmos algumas
expressões, tais como; “né?”, “né!”, “tá?”, “tá!” no final das frases.
Presenciamos também irritantes “ãããããã”, “êêêêê”, “Huumm”, colocados
durante as pausas.
Para corrigirmos esta questão, precisamos considerar alguns itens, como o objetivo de
analisarmos o processo causa-efeito:
Certamente o comunicador irá transmitir insegurança e falta de preparação do assunto que se
propõe a falar, mesmo sendo profundo conhecedor do enfoque dado.
Parece que o comunicador busca confirmação por parte dos participantes. Quando utiliza o
“né?!”, dá a entender que gostaria de falar “não é mesmo?!”, buscando assim um olhar, um sorriso,
um meneio de cabeça afirmativo de um dos participantes.
O uso de “tá!?” pode ser entendido como forma agressiva de que os participantes precisam
concordar com as idéias do comunicador, que na maioria das vezes são acompanha das preconceitos
e quando o comunicador percebe, pela expressão facial dos participantes, então ele se coloca de
maneira mais firme “...mas é assim, tá!...”. Nesta seqüência pode se agravar ainda mais quando o
comunicador torna-se mais enfático no seu discurso impositivo e agressivo, da seguinte forma: “você
tá entendendo?”, “tá compreendendo?”.
O uso dos “ãããããã”, “êêêêê”, “huumm”, além de denotar insegurança como já abordamos no
primeiro tópico, existe a questão de que o uso pode ser para preencher o silêncio entre uma
colocação e outra, entre um pensamento que foi verbalizado e a sua seqüência no contexto
abordado. Pode nos parecer a forte tendência da nossa cultura de que o silêncio é algo negativo para
todos nós e numa abordagem coletiva, temos medo do silêncio. No silêncio o nosso pensamento
funciona de maneira mais acelerada, em segundos pode-nos levar a lembranças, como na maioria
das vezes, negativas e ativar um processo de sentimentos, por exemplo de solidão e ansiedade.
O silêncio é um item imprescindível num discurso, numa apresentação de uma palestra, pois os
participantes recebem as informações e necessitam, na seqüência, de um tempo para processar a
informação recebida. Esse tempo é tão e somente o silêncio. Se ele não acontecer, se o comunicador
não conceder o silêncio em pequenas pausas, estará desrespeitando os participantes, pois todo
indivíduo possui esse funcionamento.
É impossível assimilar o assunto se não lhe é dado o espaço necessário para isso.
40
Os tiques e maneirismos incomodam porque não comunicam nada, são letras soltas no meio
das colocações intelectuais.
Para combater expressões indesejáveis, precisa de muito treino. A partir do momento que se
conhece a situação, a pessoa ficará mais atenta. Deverá estabelecer um planejamento com uma
preparação adequada do assunto conhecido. Utilizar as técnicas disponíveis para cativar os
participantes e oferecer-lhes conforto e maiores condições para assimilação do assunto. A
tranqüilidade será o resultado de ter realizado as etapas necessárias para uma boa apresentação.
Com tudo isso feito, o próximo passo é colher o sucesso da apresentação realizada. Comemore,
porém seja comedido, encare com naturalidade, espontaneidade e normalidade, não deixe o seu ego
ficar inflado, tirá-lo do chão da realidade, pois precisará de sobriedade para colher o sucesso de
outras apresentações.
ORATÓRIA
41
Expressão Corporal
Na comunicação o nosso corpo é o que mais participa, fazemos gestos com os
braços, balançamos a cabeça, mudamos a direção do olhar de um lado para o outro,
sorrimos ou ficamos tristes. Tudo o que demonstramos, existe uma razão de ser. O
que demonstramos deve estar em conformidade coerente com nosso sentimento, ao
conteúdo interior. Se dissimularmos, conseguimos fazê-lo por algum tempo e sempre
corremos o grande risco de perceberem que não se trata de algo genuíno.
A parte do nosso corpo que mais participa da comunicação é o rosto, a região
facial. Quando fazemos uma análise mais apurada, percebemos que nesta região os olhos têm maior
participação. Conhecemos várias histórias de quando queremos a verdade. Precisamos olhar para os
olhos da pessoa. Este enfoque é muito conhecido na relação dos pais com os filhos, para detectar as
possíveis mentiras. Nos adultos também aparecem, principalmente os que apresentam
comportamentos infantilizados e aí usamos a técnica infalível dos olhos nos olhos para saber se
podemos confiar naquela pessoa ou não.
Precisamos atentar para algumas regras, que se bem utilizadas podem contribuir para o sucesso
da apresentação.
Precisamos conhecer o processo natural da gesticulação. Quando estamos conversando
descontraidamente, nem nos preocupamos onde as nossas mãos devem ficar, se no bolso, no cinto,
segurando uma caneta ou outros lugares. O homem foi criado de forma que se agirmos
espontaneamente, tudo acontece adequadamente às necessidades, consequentemente conseguimos
resultados mais satisfatórios.
A nossa postura inicial deve ser a mais espontânea possível. Podemos colocar os nossos braços
de forma reta para baixo e quando menos esperamos, à medida que comunicamos as nossas
palavras, os nossos gestos acompanham o nosso falar. Devemos gesticular com os braços, na região
do tórax até a cintura. Claro, é permitido fazer um movimento ou outro fora dessa região, pois
precisaremos dar ênfase em algumas situações.
Os dois maiores erros da gesticulação são: a ausência e o excesso de gesticulação.
As mãos nos bolsos podem revelar a sua falta de disposição e mesmo a falta de vontade de
estar ali. Mãos atrás, nas costas, demonstram um ar superior de quem entende mais do assunto em
questão. Mãos ou cotovelos apoiados sobre algum móvel, dá a entender que a pessoa cansada, com
pouca energia para prosseguir.
Uma curvatura das costas, leva a uma leitura de que esta pessoa carrega uma carga mais
pesada do que a sua capacidade poderia suportar. Em contrapartida, o oposto, costas eretas
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inclinadas levemente para trás acompanhada de um pescoço esticado, dá a entender que o
comunicador se coloca como superior àquelas pessoas e que ninguém é capaz de chegar ao seu
nível de conhecimento.
Tal postura é a maior responsável pelo distanciamento do professor e o aluno num processo de
Ensino — Aprendizagem.
Algumas manias e tiques devem ser evitados: mexer no anel, cabelo, óculos, pulseira, fio do
microfone, botão do paletó. Andar de um lado para o outro de forma rápida, resultará no cansaço dos
ouvintes em pouco tempo.
Num palco ou estando à frente do público, deve-se fazer movimentos leves e movimentos
paulatinos. Inicialmente tome a posição central, poderá alterar a sua posição, porém deverá fazê-lo
lentamente e discorrendo o olhar para a ala das pessoas que estavam se dedicando até que tomará
que posição desejada.
Posicione as suas pernas de forma a dar apoio ao seu corpo. Estabeleça o sincronismo entre a
sua fala e os seus gestos. Use o jogo fisionômico e olhe para os participantes.
ORATÓRIA
43
Timidez
É uma característica momentânea ou duradoura, cuja origem encontra-se em
sentimentos de menos valia, por parte do seu detentor.
O medo de enfrentar dificuldades e de transpor obstáculos podem ser alguns dos inúmeros
motivos da manifestação da timidez em uma pessoa.
As pessoas tímidas, na sua maioria, são introvertidas. Alguns traços da sua personalidade são:
Receio de ser ridicularizada;
Conhecimento fora do comum ou alguma aptidão fora da média;
Prefere refletir a agir;
Resistência a enfrentar situações novas;
Preferência por grupos pequenos;
Bastante consciencioso, pessimista e crítico;
Opção pelas atividades individuais;
Observador criterioso, elege as idéias de caráter subjetivo;
Sente-se perdido nas grandes concentrações de pessoas;
Defensiva é uma constante na sua vida;
Dificilmente é lembrado, bem como notado;
O seu potencial não é conhecido;
Dificuldade em se comportar socialmente;
Preocupado com os detalhes;
A sua atenção é mais desenvolvida em concentração;
O introvertido está mais voltado para a sua própria pessoa, os seus sentimentos e a sua
aparência. Grande parte do seu pensamento está reservada para os conteúdos negativos, fatos que
contribuem para denegrir a sua própria imagem. Uma pessoa que admiro muito usou a seguinte
expressão: — “quanto mais pensa, mais aumenta a possibilidade de acontecer” — “o que temia,
aconteceu”.
A superpreocupação rouba a energia da concentração. Usando uma figura para exemplificar
este fato, podemos dizer que se alguém segurar um punhado de barro, de tanto que quer prendê-lo
em sua mão, acaba não retendo nada, pois o barro se esvai pelos vãos dos seus dedos. Aquele que
quer controlar tudo, não consegue controlar nada. A energia é pulverizada e perde-se o foco.
O tímido constrói alguns mecanismos de defesas. É evidente, pois chegam determinados
momentos que nem ele mesmo se agüenta. Portanto se faz necessário, a partir das suas
experiências desagradáveis, traçar as suas estratégias para não ter mais os dissabores e amargores,
que resultam na maioria das vezes, em pura solidão.
O tímido estabelece métodos e formas sistematizadas para se lidar com os fatos, principalmente
aqueles que mais incomodam a todos. Através de muito treino, qualquer pessoa, independente das
suas características, pode adquirir uma performance adequada a satisfazer a si, devido ter alcançado
44
o objetivo proposto. Tal sentimento vem do cumprimento das exigências do meio onde vive, o qual
dita as determinantes que formam os valores culturais da sociedade.
Características do tímido
Olhar para o chão e não para as pessoas;
Colocar as mãos nos bolsos ou cruzar os braços;
A coluna cervical fica mais curvada que ereta;
Ombros caídos;
Facilmente fica ruborizado;
Em baixo dos braços, através de manchas na sua camisa, percebemos a sudorese;
A sua voz é trêmula e pode sair como que através de soquinhos;
Os vícios de linguagem podem aparecer com facilidade, como resultado da sua
insegurança. Tais como: né, ta, ãããããã .ta claro?.
Pode facilmente tropeçar, cair ou não pisar em um dos degraus da escada, na subida ou
descida;
Vulnerável as tragédias: derrubar copo cheio de água, caneta, microfone, papéis
Podemos citar alguns exemplos de pessoas famosas que enfrentam a timidez e obtiveram
sucesso.
Do meio artístico:
-Ney Matogrosso;
-Peninha;
-Antonio Fagundes;
-João Gilberto.
Do meio político, existe:
-Eduardo Suplicy, senador pelo estado de São Paulo.
Numa apresentação, o que mais incomoda o apresentador é a insegurança dos momentos
iniciais. Todos dizem, o difícil é começar. Esta dificuldade é vencida de maneira simples, começando,
ou seja, enfrentando o medo do novo e do inesperado.
Devemos levar em consideração o potencial do ser humano. Nem dá para imaginar, a
capacidade de realização em muitas áreas nos deixa, muitas vezes, perplexos. Só acreditamos a
partir do momento em que presenciamos a prática, sendo o protagonista ou apenas um participante.
Ficamos surpresos, quando nos deparamos com situações de trabalhos em grupo, palestras e outros,
percebemos que aquela pessoa que você menos acreditava, esta foi muito bem sucedida. Teve uma
atuação muito boa.
Os comportamentos de um tímido são surpreendentes, porque nele tudo é misterioso e pouco é
conhecido.
O seu sucesso é determinado pelo conhecimento que detém de determinado assunto, então
logo sobressai em relação aos outros. Está intimamente ligado às suas preferências. Podemos, então
ORATÓRIA
45
entender que a pessoa tímida é bastante seletiva, fechando-se para muitos assuntos que a maioria
das pessoas gostam.
Entendemos também, através de suas atitudes, que pode se julgar o melhor e pouco ou quase
nada seria entendido se colocasse as suas idéias. Calar-se e contemplar as próprias idéias, talvez
seja a manifestação de um narcisismo latente.
Dicas para combater a timidez em apresentações46
Inclinação vocacional – gosta de realizar apresentações?
Traçar um plano de ação.
3) Dominar o assunto.
4) Conhecer o público-alvo.
5) Conhecer o local da apresentação.
6) Realizar várias simulações, para si, usando o espelho, gravações de imagem e som.
7) Criticar e aperfeiçoar.
8) Apresentações-piloto para pessoas de confiança, a fim de estabelecerem críticas construtivas.
9) Produto final avalizado pelos críticos do item anterior.
10) Tudo pronto para a apresentação.
11) Combater a ansiedade dos momentos que antecedem o início da apresentação.
12) Usar os pensamentos positivos e dispensar os negativos com o repelente da sua confiança.
13) Saborear o sucesso através dos olhares e aplausos da platéia.
14) Subir ao podium da vitória juntamente com todos que contribuíram para o seu sucesso.
Hoje no mercado de trabalho, o extrovertido consegue, na mesma função do
introvertido, receber até 10% a mais de salário.
ORATÓRIA
47
10 Dicas para Falar Melhor, Corretamente e SemInibições.
1 - Seja você mesmo – Nenhuma técnica poderá ser mais importante que a sua naturalidade.
2 - Pronuncie bem as palavras – Principalmente não omita a pronúncia dos “sss” e “rrr” finais e
dos “iii” intermediários. Por exemplo: Janeiro, primeiro,precisar, trazer, levamos.
3 - Exercícios de articulação, com o palito entre os dentes é o ideal.
4 - Fale com boa intensidade — Falar baixo- as pessoas distantes não entenderão; falar alto
cansa rapidamente e irrita os ouvintes. Fale com entusiasmo e vibração.
5 - Fale com boa velocidade — Não fale rápido demais e não fale muito lentamente, com pausas
prolongadas, para não entediar os ouvintes. Use um gravador para conhecer melhor a velocidade da
sua voz.
6 - Fale com bom ritmo — Altere a altura e a velocidade da fala para construir um ritmo
agradável — Falar com vales e montanhas.
7 - Tenha um vocabulário adequado — Não usar gírias. Evitar também o vocabulário repleto de
palavras difíceis. Exercício prático: Encontrar no dicionário três palavras novas por dia.
8 - Cuide da gramática — Concordância verbal e conjugação de verbos é um grande problema.
Exemplo: “menas”, “fazem três anos”. “Trazer as literaturas” — Literatura já é uma palavra que tem
seu significado plural, ou seja, significa uma gama de livros. A leitura é uma das melhores fontes de
aprendizado.
9 - Tenha postura correta — Ficar bem posicionado. Não colocar as mãos nos bolsos, nas
costas, não cruzar os braços, nem se debruce sobre a mesa, cadeira ou tribuna. Distribua do corpo
sobre as duas pernas. Não relaxe a postura do tronco com os ombros caídos. Não entre em cena
parecendo um pedinte (humilde demais). Cuidado também para não agir de forma contrária,
projetando uma imagem arrogante. Tenha coerência dos gestos com o que você fala.
10 - Tenha início, meio e fim — Não pedir desculpas por estar gripado, rouco, etc. Descontrair a
platéia, sem contar piadas ou usar palavras de baixo calão, etc...
Ao falar, penetre no coração das pessoas, não seja mecânico e artificial. Fale com emoção e
entusiasmo.
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Como começar um discurso
Existem alguns exemplos rotineiros de começo de discurso que se tornam clássicos: algumas
são formas (veremos a seguir) que não devem se utilizadas, outras podem ser utilizadas com
restrições. Para bem proceder, siga estas orientações:
Comece com Humor
Uma piada ou fato humorístico pode ser uma agradável maneira de captar a atenção do público.
Nada melhor para o orador do que, já nos instantes iniciais, sentir-se descontraído e encorajado pela
boa receptividade que sua piada ou fato humorístico obteve. Sua fluência, a partir daí, desenvolve-se
com muito mais naturalidade.
Ótimo, quando o público vibra, mas... e se ninguém achar graça?
Se ninguém achar graça, o orador se sentirá perdido, terá dificuldades para reabilitar-se e, com
certeza, preferirá, naquele momento, estar bem longe daquele lugar.
Para orador e público, nada é mais decepcionante do que uma graça sem graça. Por isto, ao
utilizar-se deste rico recurso, o orador deve ter rígidos critérios de sensatez e procurar conhecer
antecipadamente o gosto e receptividade do auditório.
Não se exige que o orador tenha dotes de humorista profissional para contar uma piada. Mas
exigi-se bom senso: sua atitude não deve ser a de um humorista ou de um falso humorista e sim de
um orador criativo, que sabe relatar piadas ou fatos humorísticos adequados ao assunto da palestra e
ao gosto do auditório.
Uma das melhores formas de utilizar-se do humor é relatar algo engraçado que esteja
relacionado à sua pessoa. O público é receptivo e relatos onde humoristicamente o orador se
deprecia ou expõe gafes ocorridas em certas passagens de sua vida.
Outra forma que também resulta em sucesso é contar ou relatar de forma espirituosas algo que
esteja relacionado com as circunstâncias do momento de discurso. Neste caso, cuidado para não
causar suscetibilidade.
A utilização do recurso humorístico, conquanto seja excelente, deve merecer criteriosa análise
prévia por parte do orador. Na dúvida, não utilize.
ORATÓRIA
49
Encene algo engenhoso
Imagine uma apresentação pública onde o tema do discurso seja “O Futuro dos Projetos
Políticos por Ocasião das Mudanças de Governo”.
O mestre de cerimônia, após breve explanação introdutória, cientifica o público sobre o tema a
ser proferido, apresenta o orador e passa-lhe a palavra.
O orador dirige-se ao microfone.
Ao lado do microfone de forma visível para o público, há uma mesa com papéis empilhados
sobre ela e uma cesta de lixo vazia (objetos ali colocados previamente).
O público está aguardando a palavra do orador.
O orador, sem nada a dizer, aproxima-se do microfone e começa a pegar blocos de papéis na
mesa que está ao seu lado.
Silêncio absoluto. Junta os papéis, formando vários maços. De repente, pega o primeiro maço
de papéis, rasga-o várias vezes e joga os pedaços na cesta do lixo.
Por alguns segundos, o orador repete este gesto com o segundo maço, o terceiro ...
O público está ansioso, em silêncio absoluto, com os olhos imersos nos gestos do orador e com
um ponto de interrogação na mente: “O que está acontecendo?”
Então, o orador quebra o silêncio:
“Senhores (apontando um dos dedos para cesta de lixo), este é o futuro dos projetos públicos
por ocasião das mudanças de governo, enquanto não se levar em conta neste país o princípio de
continuidade administrativa.”
A partir deste começo, a fala do orador terá seu poder de persuasão aumentado pela força
multiplicadora da grande atenção despertada.
O orador do exemplo em pauta usou de engenhosidade para teatralizar uma cena que teve o
poder de deixar o público atônito, pela surpresa, e curioso, pelo que viria a seguir.
Toda vez que for possível encenar um começo, é aconselhável fazê-lo.
Para evitar cair no ridículo, é necessário que: a encenação transmita de fato a informação
desejada: seja clara a interrogação da cena com o assunto central: a forma, conteúdo e
expressividade do discurso sejam equivalentes ao seu forte começo.
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Faça uma citação Adequada
Ao fazer uma citação, o orador deve evitar frases polêmicas.
A citação tem o propósito de unir o pensamento do auditório, estimulando seus sentidos, e vibrar
em uníssono com o tema a ser desenvolvido.
Uma frase polêmica, não obstante possa ser forte e cumprir com o objetivo de captar a atenção,
tem o sério inconveniente de dividir opiniões. Após uma citação polêmica, o orador fatalmente passa
a falar para três públicos: pró, contra e neutro, aumentando o nível de dificuldade em conseguir
adesão aos objetivos do discurso.
O orador não deve omitir o nome do autor da citação, pois, se assim indevidamente fizer, será
plágio e não citação. É conveniente que o autor da citação seja uma personagem célebre, o que
facilita a integração do público com o teor da citação e com a imagem cultural que o orador transmite.
Lisonjeie O Público
À medida que o leitor estudar os diversos recursos para começar um discurso, ele verifica que
em vários deles existem prós e contras. Nada mais natural, pois enorme é a variedade de temas e de
públicos e o que é recomendável para um público ou tema pode ser um desastre para um outro
público ou tema. Cabe ao orador discernir bem cada tema, cada público, cada recurso a ser utilizado.
Sabemos que este breve comentário apenas dá maior evidência a um fato de que toda pessoa
sensata tem conhecimento. Se demos este destaque justamente no espaço de recursos “Lisonjeie o
público”, é porque, mais do que em qualquer outro, este recurso tem que ser dirigido ao público certo
e na forma certa.
Qual o público certo para receber lisonjas?
Público certo para receber lisonjas é aquele que merece. Ou melhor ainda, é aquele público de
que o orador conhecer fatos ou situações concretas em relação à atividade ou procedimentos que o
caracterizam como merecedor de elogios sinceros e francos.
Se você não conhece devidamente as qualidades ou virtudes do público, não o elogie. Se o fizer,
soará falso. Muitos pensarão com seus botões: “Lá vem mais um bajulador” .
É o próprio do ser humano gostar de receber elogios. Sinceridade e franqueza devem impregnar
as palavras do orador, quando este faz um elogio ou lisonjeia um auditório.
Para lisonjear, procure saber previamente sobre algum projeto ou procedimento que seja fator
comum de orgulho do auditório. Por exemplo, ao inaugurar um conjunto de casas populares que
foram construídos pelos moradores, você pode começar assim:
ORATÓRIA
51
“Veja à minha frente homens. Homens no verdadeiro sentido da palavra. Homens que julgaram
por um ideal. Homens que construíram. Homens que venceram...”
Evite este tipo de lisonja: “Nesta sala, situada no centro de uma cidade famosa por ser
denominada de cidade dos corruptos, conseguimos juntar homens íntegros, honestos...” Se o público
tiver um forte sentimento de cidadania, seu tiro sairá pela culatra.
Não comece Pedindo Desculpas
Existem “oradores” que assim começam seus discursos:
“Não tive tempo para preparar convenientemente o assunto desta palestra e por
isto peço desculpas pelos eventuais lapsos que ocorrerão” ou assim: “Certamente,
eu não seria a pessoa mais indicada para estar aqui falando; não tenha veia de
orador e nada entendo deste assunto. Portanto peço desculpas pelas falhas que
poderão surgir” ou assim: “Estou com uma forte indisposição física ocasionada por
gripe e não poderei dar tudo de mim nesta palestra. Peço desculpas e paciência”.
Esta “humildade” dos oradores em nada os torna simpáticos. Ao contrário. Os ouvintes estão ali
sentados, pacientemente ou não, para ouvir algo que lhes agrade ou, no mínimo, que lhes interesse.
Se você começar pedindo desculpas, estará desrespeitando o seu público, magoando-o já no início e,
indubitavelmente, está criando propícias condições para o insucesso de seu discurso. Ninguém
baterá palmas pelas suas desculpas.
Mesmo que você realmente não esteja preparado convenientemente (o que é um erro), não
peça desculpas. Ficará mesmo mal.
Se Fizer Perguntas ao Auditório, Tome Cuidado!
No capítulo anterior, “Como Começar um Discurso”, vimos que uma das formas sugeridas é:
“Pergunte algo ao auditório”. Já naquele texto, alertamos o leitor para os prós e contra que tal recurso
enseja. Agora reforçamos o cuidado que o orador deve ter, ao perguntar algo ao auditório.
Imagine-se fazendo esta pergunta ao auditório: “Será que também não somos culpados pela
devastação ecológica em nosso planeta?” (pergunta para não ser respondida e sim estimular
reflexão) e de repente alguém se levanta, responde-a com exemplos, citações, fatos com ele
ocorrido, relacionados com o tem... O orador passou a ser ouvinte!
Num discurso político, em praça pública, as perguntas podem ser feitas (por exemplo: “Na
eleição passada, cada um de vocês pôde afirmar que escolheu acertadamente o seu candidato?”
Pois praça pública não oferece condições para manifestações verbais isoladas).
Num recinto fechado que predisponha o público a manifestações individuais, as perguntas não
precisam se evitadas, mas devem ser muito bem elaboradas.
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Se Contar Piadas, Cuidado, Para não Chorar Depois!
Este tema também já mereceu destaque anteriormente. Lá : “Não se exige que o orador (quando
utilizar este recurso) tenha dotes de humorista profissional para contar uma piada. Mas exige-se bom
senso: sua atitude não deve ser a de um humorista ou de um falso humorista e sim a de um orador
criativo, que sabe relatar piadas ou fatos humorísticos adequados ao assunto da palestra e ao gosto
do auditório”.
Você já deve ter visto alguém contar uma piada e rir tanto, enquanto relatando-a, passando até
mesmo a ter acesso de tosse, que, no final, você ri muito mais do descontrole do contador da piada
do que da própria. Com este exemplo, claro fica que, num discurso, que sempre tem a
responsabilidade de atingir objetivos, a forma e postura do orador ao contar a piada valorizam ou
desvalorizam orador e piada.
Além da forma e postura do orador, este deve cuidar (insistimos nisto) para que a piada ou fato
humorístico se restrinja e tenha interligação com o assunto da palestra.
O insucesso de uma graça sem graça pode fazê-lo chorar!
Seja cauteloso.
Evite Conseguir Atenção de Forma Desfavorável
Existem procedimentos no início do discurso que, apesar de captar a atenção do público, o
fazem de forma desfavorável.
Portanto, se o tema for polêmico, evite começar por narrar fatos ou circunstâncias que
evidenciam a polêmica. Comece por discorrer sobre fatos do tema que tenham a concordância do
auditório.
Evite frases dúbias que possam ser interpretadas de forma contrária aos objetivos de seu
discurso: “Havemos de lutar até à morte” pode significar para o soldado que só a vitória interessa ou
então morrer estupidamente . “Nossa vitória significará a liberdade para nossos filhos” evite a
dubiedade; significa para o soldado a idéia de lutar para que a vitória seja a liberdade dos seus filhos
(a idéia da morte ficou encoberta).
Evite frases vulgares ou comuns, pois desvalorizamos o discurso: “Quem não se comunica se
estrumbica”, “Mente sã em corpo são”, “Sempre vale a pena, quando a alma não é pequena”. Estas
duas últimas não são vulgares, mas são comuns; já foram utilizadas em muitos discursos.
Evite ser prolixo.
Vejamos: “Você já deve ter ouvido coisas que não lhe convêm, mas guardou-as no interior de
sua alma. O mar, que recebe águas do rio e da chuva, é um depositário de detritos os mais diversos.
ORATÓRIA
53
Mas o mar expulsa estes detritos, através dos movimentos superficiais de suas ondas. O ser
humano também deve expulsar de dentro de si o que não lhe convém”.
Este início, sem perda de objetividade e beleza, pode ser resumido para:
“O mar conserva em seu interior tudo que representa vida e atitude, mas, sabiamente, através
de suas ondas, de forma lenta e contínua, expulsa os detritos que não lhe convêm. Sigamos seu
exemplo”.
Evite agarrar-se a palavras denominadas “muletas do orador”.
Evite olhar o relógio de forma explícita, pois fará o público preocupar-se com o tempo.
Evite beber água à frente do público, principalmente no início do discurso, pois estimulará a sede
nos ouvintes, tornando-os desatentos ao discurso.
Evite ter algum objeto estranho ao discurso, nas mãos, nos bolsos, visíveis para o público, pois a
atenção deste será dirigida para o objetivo e não para o orador.
Lembre-se:
O começo do discurso é o momento supremo da conciliação de interesses entre orador
e público. Um discurso com bom começo, seguindo estas orientações, abre todas as
chances de o orador conseguir seu objetivo e terminar coroado de êxito.
54
Como terminar um Discurso (1)
Um dos piores castigos para o ouvinte é ouvir um final de discurso excessivamente repetitivo e
desprovido de espírito conclusivo.
Há forte tendência dos oradores em passar este tipo de castigo. É comum orador não experiente
– e às vezes até experientes! - prolongarem a conclusão do discurso: repetem de forma
inconveniente o que já foi dito, divulgarem, e pior, terminam de maneira amorfa. Um desperdício de
energia para o orador e para o público.
Provavelmente, nenhuma parte de discurso exige maior vibração na fala do que no seu final.
Devem ter substanciais alterações o ritmo e a intensidade da voz. Os gestos devem ser vigorosos e
firmes.
Através da força provinda das vibrações de palavras e gestos do orador, o ouvinte sentir-se-a,
no final do discurso, impelido à ação, comovido, convencido ou bem informado.
A CONCLUSÃO do discurso divide-se em duas partes:
a) Recapitular;
b) Dizer uma frase forte e objetiva.
a) Recapitular
Se dissemos anteriormente que há oradores que impõem castigos aos seus ouvintes, repetindo
o que já foi dito e, se agora orientarmos para recapitular, sobressai à impressão de incongruência
entre estas duas informações.
Lembramo-nos, no entanto, de que no texto anterior afirmávamos a existência de oradores que
“repetem de forma inconveniente o que já foi dito”. A colocação da palavra “inconveniente” esclarece
a dúvida suscitada no leitor. Repetir, ou melhor, recapitular o discurso é necessário, mas é preciso
que utilizem recursos convenientes.
Recapitular convenientemente o assunto do discurso é voltar a falar sobre tópicos que
relembrem ao ouvinte o espírito da sua mensagem.
O poder de convicção brotado através do conjunto de suas argumentações anteriores deve, na
recapitulação, retornar à mente do ouvinte. Para tanto, utilize-se resumidamente das principais forças
de suas argumentações.
Ao começar a recapitulação, você pode basear-se nos modelos a seguir (além de usar sua
criatividade para produzir outros):
“Portanto, senhores, destaquemos desta fala...”; ou
“Para resumir...”; ou
“De tudo o que foi dito, guardaremos em nossas mentes os dois pontos principais, a saber...”; ou
ORATÓRIA
55
“A síntese da palavra de hoje resumiu-se em...” ou
“Reflitam sobre o que foi comentado e guardaremos em nossas memórias este pequeno
resumo...”.
Não se entusiasme demais! A recapitulação deve ser curta. Lembre-se que você já está no final
do discurso, e nesta parte, por mais que você tenha agradado, a disposição física do ouvinte está na
curva descendente.
b) Dizer uma Frase Forte e Objetiva
A síntese, o resumo dos tópicos principais, você já forneceu ao público, quando da
recapitulação. Portanto o que vem a seguir não será o resumo, nem a síntese.
Agora será proferida aquela frase que fará o público sair de suas poltronas, estimulando a agir,
convencido ou bem informado (sempre de acordo com a finalidade do seu discurso).
Aproxima-se o momento em que o orador e público, numa perfeita simbiose de pensamentos,
fala e audição, entrelaçam seus sentimentos mais profundos, aguçam seus sentidos, despertam as
emoções adormecidas e, juntos, chegam aos mesmos objetivos, com almas enternecidas,
entendimento perfeito e ação estimulada.
A razão pode estar presente na frase final. Será o sustentáculo de seus objetivos, mas a emoção
deve suplantá-la em vigor e dinamismo. A emoção deve agitar os sentimentos mais íntimos dos
ouvintes. Seus sentimentos devem vir à tona com vigor e energia liberados quando do retorno à
superfície de um pedaço de cortiça colocado à força no fundo de um lago. Devem estar presentes na
frase ou oração final a variação na intensidade da voz e no ritmo da fala, e a preocupação com o
estilo na colocação dos vocábulos, para que, além da emoção sentida, o público aprecie o
encantamento e a clareza de sua exposição.
A frase que encerre a emoção tem que estar no final do discurso e ser breve.
Pode ser afirmar de forma geral que o ser humano “vive” a emoção em duas etapas: a primeira
quando se entrega de corpo e alma ao objeto que emocionou e direciona seus objetivos mais íntimos
para a satisfação da emoção (é o momento divino); a segunda, quando “volta” ao mundo dos mortais
e se recrimina por ter tido aquele sentimento (é o momento “humano”, vivido mais acentuadamente
pelo público masculino).
O orador hábil aproveita a primeira etapa acima descrita (aquela em que o público se entrega à
emoção) e faz com que a segunda etapa nem seja cogitada pelo pensamento do ouvinte.
Como ele consegue isto?
Usando da brevidade.
56
Como Terminar um Discurso (2)
Para encerrar o discurso dentro das técnicas até agora apresentadas, você pode utilizar-se,
brilhantemente, de qualquer um dos recursos sugeridos para iniciar um discurso (captar a atenção),
pois de fato você estará, com grande ênfase, captando novamente a atenção do público.
O discurso, se não for meramente informativo, deve estimular a ação do ouvinte. Para conseguir
este ultimato, o orador, além, de usar da emoção, deve valer-se de palavras que induzam o ouvinte a
perceber que tem capacidade e deseja de fato agir tal qual a proposta do discurso.
A ação é sempre conseguida de forma mais fácil, quando o ouvinte é estimulado de forma
simples e específica. Em outras palavras, o final do discurso não deve estimular sugestões
generalizadas que forcem o ouvinte a pensar “como e o que devo fazer?”, mas sim “sei como e o
quê vou fazer”.
ORATÓRIA
57
Como não terminar um Discurso
Imagine este final de discurso:
“...Assim, compatriotas, não pergunteis o que o vosso país pode fazer
por vós e sim o que podeis fazer por nosso país”.
Concidadãos do mundo: não pergunteis o que os Estados Unidos podem
fazer por vós e sim o que podeis fazer juntos pela liberdade do homem.
Finalmente, sejais cidadãos norte-americanos ou cidadãos do mundo,
esperais de nós o mesmo alto nível de força e sacrifício que esperamos de
vós. Com uma consciência tranqüila como única recompensa, com a história
como juiz final de nossos atos, marchamos avante para guiar a terra que
amamos, implorando a bênção e a ajuda de Deus, sabendo, porém, que aqui, na Terra, o trabalhador
de Deus deve ser, na realidade, o nosso próprio trabalho. Era só o que eu tinha a dizer ““.
Este foi o final do discurso proferido em 1961, no Estados Unidos, pelo Presidente John
Kennedy, por ocasião de sua posse.
Mas na transcrição acima há uma incorreção.
Colocamos propositalmente uma frase a mais.
Você é capaz de descobrir qual é a frase do texto acima que Kennedy não falou?
Pense um pouco.
Você já deve ter percebido, mas, para ajudá-lo, perguntamos: Se fosse para você escolher a
última frase do discurso, qual das duas abaixo você escolheria? (Lembre-se: a frase final do discurso
é a que por último ressoa no ouvido do público).
“... implorando a bênção e a ajuda de Deus, sabendo, porém, que aqui, na Terra, o trabalhador
de Deus deve ser, na realidade, o nosso próprio trabalho”.
Ou “Era só o que eu tinha a dizer”.
Kennedy não disse: “Era só o que eu tinha a dizer”. Ele encerrou o discurso com a primeira das
frases acima.
Kennedy, um dos grandes comunicadores do século XX, sabia da importância da última frase do
discurso. Ele tinha consciência de que deveria falar algo diretamente relacionado com a estrutura do
discurso e, além disto, transmitir a emoção e contundência. Se Kennedy tivesse encerrado o discurso
dizendo “Era só o que eu tinha a dizer”, estaria colocando na mente do ouvinte uma frase pálida,
desmotivadora, desprovida de sentido, que teria como único destaque o demérito de toldar um final
vigoroso.
58
Evite qualquer frases semelhantes a citada. Por exemplo:
“Agradeço a atenção que me dispensaram em ouvir pacientemente minha fala...” ou “A palestra
termina aqui. Nada mais tenho a dizer” ou “Desculpem-me, se não consegui expressar-me de acordo
com a expectativa dos senhores”. São frases ocas, vazias.
Portanto a regra número um é: Não encerre um discurso com frases pessoais que nada tenham
a ver com a mensagem do discurso.
Durante toda a palestra, o bom orador prepara o público para receber, no final, uma frase que
seja o clímax emocional motivador. Frases como as mencionadas encobrem este clímax.
A regra número dois é: Não prolongue o final além do planejado.
Muitas vezes o orador, entusiasmado pela receptividade do público, resolve “deliciar” os ouvintes
com frases espontâneas, “completamente” o final anteriormente planejado. Cuidado! Neste caso, é
comum o orador deliciar apenas os seus próprios ouvidos.
A regra número três: Não exagere na emoção.
O público pode emocionar-se de duas formas: através de sua exposição comovedora, mas
branda e ética, que cativa e enternece a alma, e através de sua exposição também comovedora, mas
forte e patética, que desperta piedade ou tristeza na lama do ouvinte. A primeira forma (motivos
éticos) é mais receptiva ao público do que a segunda (motivos patéticos). O correto é utilizar-se do
ético e do patético em doses correspondentes à finalidade do discurso, evitando melosidade
excessiva e tristeza constante.
ORATÓRIA
59
“S E N C”Uma palavra que o ajudará a proferir um bomdiscurso
Podemos entender a sigla “SENC” como:
S de Sinceridade.
E de Emoção, Empatia e Expressividade.
N de Naturalidade.
C de Conhecimento e Concisão.
O orador que conseguir em discurso juntar todos estes ingredientes terá como resultados a
receita do sucesso.
Sinceridade (SENC)
Em todo discurso o orador precisa atingir um objetivo.
Obstinadamente deve, através da correta condução de suas palavras, perseguir este objetivo.
Tudo se torna mais fácil quando o ouvinte consegue captar sinceridade em sua explanação,
quando o ouvinte percebe claramente que você acredita no que está dizendo.
Este é o real significado da palavra SINCERIDADE: transmitir ao espectador a certeza de que
você, orador, acredita no que está dizendo.
O termo sinceridade na boa comunicação vai além do seu sentido popular e usual. Nunca á
demais lembrar existirem iniciantes em oratória que acreditam que, para transmitir sinceridade, você
precisa ser autêntico. Esta crença não traduz fielmente a realidade dos fatos (lembre-se de que nosso
objetivo, é a comunicação eficaz, a comunicação com objetivo, à comunicação com resultados).
“Então, eu não posso ser autêntico na comunicação”?
Pode e deve, quando as circunstâncias exigem, mas sempre dentro dos limites da
objetividade e do bom senso. Por exemplo: imagine você, orador, no meio de um inflamado discurso
e, de repente, as palavras lhes somem (isto acontece até aos oradores mais experientes). Você tem
duas atitudes a tomar:
Ser autêntico: Abandonar a tribuna e ir embora para casa, pois é o que realmente o orador sente
vontade de fazer quando, naqueles segundos ou décimos de segundos, lhe ocorre o famoso “branco
da comunicação”.
Ou60
Ser inteligente: Enfrentar o “branco” colocando uma frase qualquer naquele vácuo e tendo a
certeza de que, dali a instantes, a sua mente o ajudará na continuidade do raciocínio lógico (sem que
o auditório perceba o artifício utilizado em sua fala).
É óbvio que, no exemplo citado, o melhor será você usar da inteligência e não da autenticidade.
Seja sempre sincero e honesto com os propósitos da sua comunicação. Estes propósitos devem
refletir um caráter pessoal honesto e digno. E lembre-se: a melhor forma de transmitir sinceridade é
você, primeiramente, acreditar no que está dizendo.
Emoção (SENC)
Nós seres humanos, necessitamos de emoção. Ela caminha ao nosso lado em todos os belos,
alegres ou tristes momentos de nossa vida. A emoção coloca-nos na condição de seres humanos. Só
passaremos emoção ao público se estivermos emocionados.
Empatia (SENC)
Empatia é a capacidade que todo orador tem (ou deve desenvolver) de colocar-se no lugar do
ouvinte.
Você não fala para paredes ou cadeiras. Você fala para seres pensantes divulgadores por
natureza. Se o ouvinte se interessar pelo assunto, aí sim você passará a fala para as paredes ou
cadeiras.
Esta qualidade deve sempre estar presente no bom comunicador: ser empático, isto é, ter a
preocupação de, ao transmitir sua mensagem, coloca-se no lugar do público, saber como e o quê
gostaria de ouvir.
Quando se fala para um pequeno ou grande público, deve o orador estar atento às diferenças
individuais, as quais são as principais causas dos insucessos dos comunicadores não habilidosos.
Alguns fatores determinam as diferenças individuais, quais sejam:
Meio social cultural e econômico;
Desenvolvimento da capacidade intelectiva;
Princípios éticos, morais e religiosos.
Como conseqüência destes três principais fatores determinados das diferenças individuais, o
ouvinte de sua fala pode – enquanto você discursa – pensar de uma dentre as quatro maneiras a
seguir:
Pensar errado com dados errados;
ORATÓRIA
61
Pensar errado com dados certos;
Pensar certo com dados errados;
Pensar certo com dados certos.
Vê-se claramente a importância de o orador desenvolver sua fala primorosamente para
conseguir ter à sua frente o ouvinte ideal, aquele que “pensa certo com dados certos”.
Daí a necessidade de aplicação da empatia, daí a importância de o orador colocar-se no “lugar”
do público.
Mas como conseguir tal façanha?
Como se colocar no lugar de cada ouvinte, dada a diversidade de personalidades e opiniões?
Há solução para este problema.
Todo indivíduo tem alguma necessidade básica que são comuns a todas as pessoas.
Satisfazendo estas necessidades básicas em seu discurso (as quais devem ser selecionadas de
acordo com o tema e objetivo de sua fala), você estará falando para cada mente, para cada indivíduo.
Você verá, na página seguinte, uma lista de necessidades básicas dos indivíduos, as quais foram
extraídas do livro “COMO PERSUADIR FALANDO” (vale a pena adquiri-lo), EDIÇÕES DE OURO, de
MARQUES OLIVEIRA.
Expressividade (SENC)
Quando falamos em expressividade, não imagine, por favor, alguém falando exageradamente
alto, contorcendo-se, jogando a cabeça para trás, gesticulando braços e mãos desesperadamente.
Nada disto!
Uma palestra eficiente deve ser encarada como se fosse a extensão de uma conversa pessoal,
onde a ausência de gestos exagerados à torna agradável e onde a expressividade é natural e
espontânea, não exigindo um controle mental autoritário.
A boa expressividade na comunicação verbal é resultado da comunicação global com o público:
desde a forma de vestir-se até à maneira de olhar para o ouvinte. No uso correto da expressividade
destacam-se os seus valores pessoais, a sua personalidade, tornando a sua presença envolvente e
agradável.
A expressividade, como qualquer outra característica do com orador, pode ser desenvolvida.
62
Comece pelo bem-vestir
Uma palestra onde o orador se apresenta mal vestido, despenteado – não seria preciso dizer –
tem tudo para causar uma impressão negativa tão forte, que, por mais que o discurso tenha conteúdo
e beleza, a má impressão causada pelo péssimo visual empanará toda a bem arquitetada estrutura
do discurso.
Por outro lado, se o orador se veste com esmero, tem os cabelos alinhados, sapatos bem
engraxados, a sua presença passa a ser – já nos momentos iniciais – fator favorável ao sucesso do
discurso.
Suba ao palco com vigor e energia
O público, ao vê-lo subir ao palco, analisa-o da cabeça aos pés. O seu andar firme e resoluto
entusiasma-o. A sua cabeça ereta, o seu semblante tranqüilo, a sua energia e seu vigor, cativam-no.
O orador que subir ao palco arrastando os pés, ou com o corpo curvado, representando a
própria imagem do fracasso, da insegurança, terá contra si – já no início do discurso – forças
negativas induzindo-o ao fracasso.
Tenha boa postura e gesticulação
É aconselhável a um iniciante em oratória postar-se de pé frente a um espelho
ou, preferencialmente, gravar a sua imagem em “videotape”, para que possa
conhecer e posteriormente eliminar, seus maus hábitos, em relação à postura.
Os maus hábitos mais comuns em relação à postura (em pé) inadequada são: pernas
exageradamente abertas, apoiar o corpo em uma das pernas, apoiar o corpo sobre algum móvel,
mãos nos bolsos, braços cruzados, mãos presas à frente, mãos presas às costas. Todas estas
maneiras não retratam naturalidade, como alguns querem acreditar, mas sim insegurança. Estar com
os braços cruzados, por exemplo, é sinal de que o orador não sabe onde pôr as mãos.
Outro péssimo inconveniente é o orador falar andando, seja de um lado para outro (o que
obrigará a platéia como que acompanhar com a cabeça em autêntico jogo de pingue-pongue), seja
andando para frente e para trás (o que dará ao público a impressão de que vai ser agredido pelo
nervoso orador...).
Ter uma boa postura, utiliza-se convenientemente dos gestos são feitos que o orador deve
conquistar gradualmente. O primeiro passo é deixar seu corpo naturalmente apoiado nas duas
pernas, pés paralelos e eqüidistantes em torno de um palmo.
Os braços, antebraços e mãos podem, no início do discurso, manter-se soltos e paralelos em
relação ao corpo. Isto só no início.
ORATÓRIA
63
Durante o discurso, quando você começar a dar maior força à fala, erga um dos antebraços à
altura da linha da cintura e comece a gesticular. A seguir, de forma espontânea, o seu segundo
antebraço ocupará a mesma posição.
De forma natural e espontânea, os seus antebraços se manterão, na maior parte do tempo, à
altura da cintura, o que é correto.
Obviamente, estas poucas observações têm a proposta de exemplificar e introduzi-lo a perceber
que a postura e gestos sempre podem ser melhorados. Pouco insistiremos neste assunto, para que
você não perca a naturalidade.
O fundamental é que elimine os maus hábitos já comentados em relação a gestos e postura e
não tenha postura e gesticulação robotizadas. Evite afetações.
Desenvolva boa voz, boa articulação das palavras e bom vocabulário.
Exercícios específicos desenvolvem a voz e a articulação.
Não fale “janero” e sim “janeiro”.
Não fale “vamo embora” e sim “vamos embora”.
Não fale, “todas as pessoa” e sim “todas as pessoas”.
A boa pronúncia, a boa sonoridade da voz e o bom vocabulário devem ser constantemente
perseguidos pelo comunicador.
Para conseguir bom vocabulário, duas são as regras: ler e falar.
Sendo expressivo, além de sentir-se bem, passará ao público uma boa imagem, a qual é de
fundamental importância na comunicação.
Naturalidade (SENC)
Não imite ninguém. Seja você mesmo.
É possível que quase todos os iniciantes em oratória tenham conhecido um orador que lhes
causaram respeito e admiração. Os seus gestos eram coerentes, sua voz bem colocada, a
construção de seu discurso devidamente alicerçada no esquema retórica. É possível ainda que esta
admiração o estimule a imitar o seu ídolo.
Jamais faça isto. Jamais imite. Você tem características únicas. Cabe aperfeiçoá-las, corrigir
excessos, eliminar vícios, mas nunca imitar alguém.
A imitação torna-o passível de perder um dos melhores trunfos do orador eficiente: a
credibilidade.
64
Quando você imita, todo o seu corpo passa a agir de forma autômato, como um robô, e o público
perceber facilmente.
É preferível expor seus defeitos – desde que sejam poucos e não comprometedores – a tentar
“vestir” um corpo que não é o seu.
A naturalidade também tem que estar presente na postura e na gesticulação. Deve-se lutar por
conseguir uma postura impecável e gesticulação correta, não podemos esquecer que a apresentação
de alguns pequenos e “condenáveis” defeitos, tais como: colocar as mãos nos bolsos por um instante,
afrouxar o laço da gravata, não deixam de ser toques que enfatizam sutilmente a naturalidade e
espontaneidade do orador.
Todos nós temos defeitos. Não existe orador que, de quando em quando, não erre, não troque
palavras, mas mesmo estas falhas – quando poucas – servem para mostrar ao público que você é
humano.
“Quero ser natural sim, mas que esta minha naturalidade não me exponha ao ridículo”.
Obviamente, se o seu “natural” é falar desabotoando o paletó continuadamente, coçar parte do
seu corpo ou balançá-lo como um pêndulo, é certo que sua “naturalidade” lhe será prejudicial.
Como para tudo existem caminhos, assim o é para a naturalidade. Veja a seguir quatro passos
que farão “desabrochar” a naturalidade convincente e atraente.
1 - Conheça-se
Grave em vídeo sua exposição e análise seus eventuais excessos ou erros. Corrija-os, evitando
gestos automatizados ou fala superficial.
2 - Utilize-se de pausas na apresentação
É preciso repetir que a oratória moderna está muito mais para uma conversa entre amigos do
que para a pomposidade dos discursos antigos.
Numa conversa entre amigos você fala, faz pequena pausa, continua a fala. Este deve ser o seu
procedimento, mas não peque exageradamente na quantidade de pausas nem as faça de forma
longa, cansativa.
O uso da pausa é muito bom também para disciplinar o orador que tenha tendência de
expressar-se feito uma “metralhadora humana”.
3 - Descubra um estilo.
Você tem um estilo. É seu e único.
ORATÓRIA
65
Talvez ele esteja guardado nas entranhas de seu íntimo e provavelmente você terá dificuldades
para trazê-lo à superfície, mas vale a pena procurá-lo, pois seu estilo é o conjunto de suas
características próprias que o diferencia de todos os demais.
Pode ser que o seu estilo ainda seja tal qual o diamante bruto e deve ser lapidado, burilado, para
só então mostrar o seu esplendor.
4 - Não se preocupe por ser “naturalmente” diferente em ambientes diferentes.
Muitas vezes, no afã de ser natural ou autêntica, a pessoa pode ser simplesmente mal educada,
desprovida do senso de ridículo.
Se vivermos em sociedade, temos que adaptar-nos as circunstâncias dos diversos grupos que
nos cercam. Isto é ser natural.
Uma mulher que, na intimidade do lar, se porte de forma sensual e provocante para o marido
não receberá dele recriminação (muito pelo contrário!). Mas este mesmo procedimento num lugar
público passará a ser tachado de leviandade ou não saber comportar-se publicamente com distinção
e classe.
Como ser natural?
É fácil. Não crie um “tipo”. Seja o que você é, naquela ou em qualquer outra situação.
Conhecimento (SENC)
Se a um simples e humilde trabalhador rural empregado de uma propriedade agrícola, for
perguntando sobre suas lidas diárias, sobre como se planta, como se colhe, certamente o interlocutor
ficará maravilhado com a resposta. Esta será rica de detalhes e cheia de expressividade. Será uma
comunicação sem técnicas e com vocabulário pobre, mas haverá em seu teor uma das maiores
qualidades do comunicador – imprescindível qualidade: conhecimento.
Seria um contra-senso afirmar que basta o conhecimento para bem falar, pois, se o trabalhador
rural citado tivesse, além do conhecimento, a técnica e o bom vocabulário, ele se comunicaria com
muito mais eficácia. Mas é o conhecimento que faz com que as palavras fluam com naturalidade e
espontaneidade.
Ter conhecimento em oratória significa – além de estudar com afinco o assunto proferido –
procurar vivenciar os pormenores do tema. Somente vivenciando você terá conhecimento, o que o
ajudará a falar com propriedade, segurança, naturalidade e espontaneidade.
Concisão (SENC)
Falar, falar, repetir, cansar o público.
Como é terrível ouvir um orador que não sabe o momento certo de parar de falar.
66
Como é cansativo ouvir o mesmo assunto seguidas vezes num mesmo discurso.
E como isso acontece!
O orador que consegue ser conciso é sempre bem aceito. Poucos têm esta qualidade.
Ser conciso não é tão simples como pode parecer. A empolgação, no momento de fala, pode
levar a desviarmo-nos do caminho previamente traçado.
Mas as regras para ser conciso são simples. O difícil é obedece-las.
Utilize-se do esquema retórico.
Quando chegar a fase “recapitular” (uma das fases do esquema retórico), não repita o que foi
dito, mas sim exponha a síntese do assunto.
Não dê excesso de exemplos sobre um mesmo tema.
E, guarde bem, não seja repetitivo.
O bom orador deve perseguir de forma implacável a concisão em suas exposições.
Fixar o Discurso em sua Mente
Para que a naturalidade, a espontaneidade, a expressividade e a emoção estejam presentes em
sua fala, você:
Não deverá ler o discurso;
Não deverá recitá-lo (no caso dos que, infelizmente, decoram o discurso);
Deverá sim, falar de improviso, tendo em sua mente um ROTEIRO A SER SEGUIDO. Deverá
memorizar apenas esse ROTEIRO. Como memorizá-lo? Veja a seguir:
Para fixar em sua mente o discurso, através da memorização de um roteiro, siga esta sequência:
a) Leia por várias vezes, em voz alta, as folhas avulsas, já ordenadas, com o primeiro objetivo:
perceber claramente as interligações que existem entre os dados selecionados.
Não procure decorar o discurso.
Quando as interligações das diversas fases de seu discurso estiverem, de forma lógica,
compreendidas por você, passe para a fase seguinte, abaixo.
ORATÓRIA
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b) Escreva numa folha vários tópicos (5,10,15,20)...() que o ajudem a ter, na sua fala, a
sequência do discurso.
Não decore os tópicos.
c) só, numa sala ou quarto, fale em voz alta o discurso, tente como orientação o roteiro (tópicos)
elaboração no item anterior.
Fale por várias vezes, sempre em voz alta e sempre olhando para o roteiro, com o seguinte
objetivo: ter o conteúdo do discurso bem claro em sua mente.
Nesta fase, você perceberá que, cada vez que fala em voz alta, utilizará palavras diferentes e
frases construídas também diferentemente. Isto é muito bom.
A espontaneidade está presente. Você não estará decorando o discurso.
Como você está falando em voz alta com base no roteiro, é natural e positivo que sua forma de
falar se altere, sem que o conteúdo seja modificado.
d) Agora você terá um trabalho especial e não tão difícil: reescrever o seu roteiro com o objetivo
de diminuir sensivelmente o número de tópicos. É possível.
Perceba, por exemplo, que as interligações de três tópicos sequentes podem sugerir um único
tópico. Então escreva um só tópico no lugar daqueles três.
Assim procedendo, você passará a ter um número mínimo de tópicos.
Sem ser regra fixa, procure ficar entre 3 a 7 tópicos.
e) Com o novo roteiro nas mãos, agora mais simplificado, você voltará a falar o seu discurso em
voz alta.
O objetivo desta fase é esforçar-se para perceber a interligação que existe entre o 1º e o 2º
tópico; entre o 2º e o 3º, entre o 3º e o 4º, e assim sucessivamente.
Fale em voz alta até verificar que reteve claramente e de forma lógica todas as interligações
existentes entre os tópicos.
f) Através da fase acima, sem dar-se conta, você conseguiu memorizar de forma lógica o roteiro
básico da sua alocução.
Deixe o roteiro de lado e, sem olhá-lo, fale em voz alta todo o seu discurso, “lendo” o roteiro que
está gravado em sua mente.
Agora está pronto. Pode fazer o seu discurso em público.
68
Como Elaborar uma Apresentação
A preparação da pauta da apresentação é fundamental, pois a partir dessa atividade, você
saberá:
Como iniciar a apresentação criando um impacto que colocará os participantes à vontade e
dispostos a colaborar durante o período de sua realização.
O que deve ser abordado e terá oportunidade de formular as perguntas que envolverão os
participantes.
Antecipadamente as possíveis perguntas que lhe serão feitas, pela forma e conteúdo que estará
apresentando.
Quanto tempo levar na exposição, o que impede de ultrapassar o tempo estabelecido para não
torná-la enfadonha e repetitiva.
Determinar as circunstâncias que servem como guia para o desenvolvimento do raciocínio, além
de facilitar a compreensão do público.
Como concluir a reunião, de modo a deixar o público com “vontade de quero mais”. Deverá
aumentar o tom de voz e imprimir um pouco de emoção, evitando terminar com uma frase “mata
tudo”. Exemplo: “era isso que tinha para falar”.
Lembre-se de:
Não usar mais emoção do que o auditório está preparado para sentir;
Resistir à tentação e parar de falar quando já tiver encerrado a sua mensagem;
Não se desculpar, caso não tenha gostado da sua apresentação, saia como se tivesse
proferido a melhor palestra da sua vida.
Atitudes adotadas pelo expositor que agradam
A linguagem utilizada compatível com o entendimento.
Ser esportivo e espirituoso.
Dar atenção a todos os participantes.
Demonstrar que está disposto a escutar e entender o grupo.
Dominar o assunto que está abordando.
ORATÓRIA
69
Transmitir confiança pelos exemplos dados.
Dizer sempre “nós” e nunca “vocês”.
Falar com velocidade que possibilite ser entendido.
Distribuir o olhar para todos.
Falar com sentimento, emoção.
Atitudes adotadas pelo expositor que desagradam.
Falar baixo.
Ser repetitivo no falar.
Ser prolixo.
Ser monopolizador
Ser autoritário e distante.
Parecer superior e fazer pouco do grupo.
Ser preconceituoso às idéias dos participantes.
Usar chavões ou frases vulgares.
Não saber ouvir.
Usar expressões como: “é óbvio”. “Você entendeu”.
Dar a impressão de que derrotou um dos participantes.
Pedir desculpas por não estar preparado, que não teve tempo.
Evite maneirismos como; bater os pés no chão, repuxar a boca, balançar o corpo, etc.
Antes de iniciar a apresentação, faça as seguintes verificações:
O Apresentador
Você sabe precisamente o que falar e quando?
Já desenvolveu um “quebra-gelo”, que poderá ser um jogo ou um comentário interessante e
animador para iniciar a apresentação?
Se houver mais de um apresentador, cada um sabe o seu papel?
Caso vá usar um filme ou áudio-visual, já os assistiu e os estudou com cuidado?
Procurou relacionar os conceitos contidos nos materiais a serem apresentados com a
mensagem a ser desenvolvida?
Os participantes
Todos os participantes receberam seu aviso de convocação e se estão a par do horário de início.
Os participantes já se conhecem ou será interessante distribuir crachás ou outro tipo de
identificação.
Os participantes estão cientes do assunto ou será prudente detalhar o programa, bem como a
carga horária.
Recursos auxiliares para a apresentação
Faça uma verificação geral, a fim de assegurar se o material que você vai utilizar está em
perfeita ordem.
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Canetas de papel e de lousa;
Microcomputador com os respectivos softwares, bem como o multimídia.
Aparelhagem do som, principalmente microfones testados.
Equipamentos para o filme ilustrativo.
Material promocional estrategicamente afixado.
Material para distribuição.
Lápis ou canetas
Blocos para anotações e pastas.
Apostilas
Brindes
Sala
Limpeza.
Quantidade de lugares é suficiente
Disposição física das cadeiras.
Temperatura ambiente está adequada.
A iluminação é adequada.
Os serviços
Coffe Break.
Horário para um intervalo.
Todos avisados do horário de cada um.
Procedimentos durante a apresentação
Nos casos de projeções e que requerem pequena iluminação, evite períodos longos. Deixe
luminosidade suficiente para anotações.
Procure se movimentar enquanto fala, demente sua tensão e matem o público interessado.
Ao receber uma pergunta não responda apenas a quem perguntou, repita a pergunta em voz
alta a fim de envolver todos os participantes. Elogie a pergunta.
Evite ficar de costas para o grupo, esteja sempre à frente do grupo.
Faça perguntas e espere as respostas, isso motiva o grupo.
Termine um assunto para depois passar para outro.
Como recurso didático, conte histórias curtas para ilustração do assunto.
Na conclusão deixe uma mensagem de otimismo e motivação.
Procedimentos Após a Reunião
Deixe para guardar o material e equipamentos após ter se despedido de todos.
Deixe tudo na mais perfeita ordem. Todos os detalhes denotam a sua personalidade.
A aparência também faz parte da comunicação
Para uma apresentação devemos atentar para todos os detalhes. A nossa
aparência é a primeira a passar a mensagem, principalmente a credibilidade, zelo,
estima e acima de tudo consideração pelas pessoas as quais nós estamos
dedicando a nossa fala.
ORATÓRIA
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Quando recebemos uma visita em nossa residência, não o fazemos com trajes inadequados,
como por exemplo, pijama ou roupas íntimas. Nos vestimos de acordo com a nossa intenção,
considerando o objetivo que as conversas resultarão. Poderá ser para reforçar os vínculos existentes,
de amizade, negócios, até mesmo jogar conversa fora.
Devemos adequar a nossa vestimenta ao nível de normalidade da cultura onde vivemos. Não
podemos escolher nada de muito aberrante, espalhafatoso, e diferente dos participantes. Claro,
devemos caprichar na aparência, cabelos e acessórios, discretos, porém possível de perceberem. A
vaidade é bem vinda em doses moderadas, seja o suficiente para demonstrar que houve dedicação
especial para a ocasião.
Aos parâmetros que devemos atentar para a nossa vestimenta são:
Qual o tipo de roupa usado na região;
Quais roupas são mais comuns as pessoas usarem nesse tipo de evento;
Se você se decidir em usar o tipo de roupa deles, você terá espontaneidade durante a
apresentação?
As cores da roupa que usará deverão fazer um contraste moderado às cores das paredes do
local em que fará a apresentação.
A vestimenta deve seguir o padrão de normalidade, se não corremos o forte risco da vestimenta
ser o concorrente direto numa apresentação, funcionando como um perfeito ladrão da atenção dos
ouvintes participantes. Portanto devemos utilizar cores mais comuns e consequentemente mais
aceitáveis. Como por exemplo: a cor azul marinho. Tudo deve estar combinando, as meias com as
calças; e sapatos com o cinto.
Acessórios são bem vindos, no caso das mulheres: brincos, pulseira, anéis, relógio. No caso dos
homens, broche na lapela do paletó, abotoaduras, caneta, relógio.
Devemos atentar a moda. Cuidados como não usar aquele tipo que ninguém mais usa e nem
tampouco o lançamento de ontem nas passarelas da moda. Os profissionais que usam óculos,
deverão estar atentos para a cor da armação de acordo com a cor da pele. Existe a necessidade das
lentes serem transparentes e com tratamento especial anti-reflexo.
Evitar surpresas torna-se uma boa recomendação. Preparar o vestuário com antecedência pode
evitar desconfortos desnecessários. A preparação de alternativas passa a ser opções agradáveis
frente à mudança do tempo, chuvas, frio ou quente. É de com tamanho considerar a adequação para
dia ou noite.
72
Seis Regras para falar em público
1ª) Tenha vontade de falar em público;
2ª) Nunca diga: “Eu acho que vou conseguir falar em público”;
3ª) Diga: “Vou conseguir falar em público”. Se os outros conseguem, eu vou conseguir”;
4ª) Planeje a sua evolução, estabelecendo previamente:
metas de estudo e práticas;
etapas e prazos
Observações em relação a esta regra:
Respeite os seus limites temporários;
Seja otimista. Vendo cada obstáculo que surgir como uma tarefa a ser cumprida (o
pessimista vê cada tarefa como um obstáculo).
5ª) Comece a falar em público;
6ª) Adquira o hábito de falar em público através de práticas periódicas.
ORATÓRIA
73
Receita do Sucesso
“O Bolo”
A receita para ser tornar um ótimo orador leva os seguintes ingredientes:
Uma dose de autoconfiança;
Uma colher de humildade;
Uma xícara de expressão corporal, acrescida de boa voz;
Riqueza de vocabulário a gosto, e
Uma colher de fermento marca “entusiasmo”
Preparo
Bata a humildade com a expressão corporal e, em seguida, misture a simpatia pessoal,
naturalmente.
Coloque uma pitada de assunto paralelo, sem exagerar.
Vá pondo a postura em todas as fases do preparo e, finalmente, adicione o fermento do
entusiasmo.
Unte a forma com bastante expressividade e, em seguida, derrame à massa da sabedoria e
deixe-a crescer.
Não descuide um só instante da temperatura do auditório, conservando-a em nível bem elevado.
Cubra tudo com a calda da expectativa para despertar o interesse, a atenção e a curiosidade
dos ouvintes.
Doure tudo bem quente, no calor do auditório, e saboreie o sucesso.
74
Recomendações Bibliográficas
A ARTE DE FALAR EM PÚBLICO
Autor: Silveira Bueno
Editora: Brasilivros
FALAR EM PÚBLICO
Autor: Harry Simmons
Editora: Record
CARIS-MÁGICA
Autor: Dick Milham
Editora: Record
COMO FALAR COMO UM PROFISSIONAL
Autor: Leon Fletcher
Editora: Record
COMO FALAR EM PÚBLICO
Autor: Dale Carnegie
Editora: Record
MODERNO CURSO DE ORATÓRIA
Autor: Admir Ramos
Editora: CIA Brasil Editora
COMO FALAR CORRETAMENTE
Autor: Reinaldo Polito
Editora: Saraiva
HISTÓRIA UNIVERSAL DA ELOQÜÊNCIA
Autor: Hélio Sodré
Editora: Forense
ANTOLOGIA DA ELOQÜÊNCIA UNIVERSAL
Autor: Porto Sobrinho
Editora: Ediouro
ORATÓRIA
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SERMÕES E CARTAS DO PADRE ANTÔNIO VIEIRA
Autor: Ivan Lins
Editora: Ediouro
COMO FALAR CORRETAMENTE E SEM INIBIÇÃO
Autor: Reinaldo Polito
Editora: Saraiva
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