comunicaÇÃo - linguagem e língua

Upload: juliana-de-lucca

Post on 19-Jul-2015

905 views

Category:

Documents


5 download

TRANSCRIPT

COMUNICAO LINGUAGENS, SIGNOS E LNGUA PALAVRAS(Marcelo Fromer e Srgio Britto) Palavras no so ms Palavras no so quentes Palavras so iguais Sendo diferentes Palavras no so frias Palavras no so boas Os nmeros pra os dias E os nomes das pessoas Palavras eu preciso Palavras com urgncia Palavras que se usam Em caso de emergncia Dizer o que se sente Cumprir uma sentena Palavras que se diz Se diz e no se pensa Palavras no tm cor Palavras no tm culpa Palavras de amor Pra pedir desculpas [...]

a) Em quais versos o eu lrico transmite a ideia de que palavras soltas, isoladas de um contexto, no tm valor em si? Copie trs deles. b) Quando que as palavras passam a ter importncia, segundo a letra da cano? Vivemos um mundo de representaes, ou seja, todos os sentimentos ou pensamentos so representados atravs de algum tipo de sinal ou smbolo (verbais e no-verbais). Para se relacionar com o mundo e com as pessoas, o ser humano precisa estabelecer associaes entre esses elementos diferentes, atribuindo valores e conceitos. D-se o nome de linguagens a esse conjunto de meios que possibilitam aos indivduos interagir e comunicar-se. As linguagens podem ser: Linguagem verbal aquela que representada atravs da palavra escrita ou falada. Linguagem no-verbal aquela que representada atravs de imagens, desenhos, gestos, expresso facial, cores, sons. A partir da, temos a linguagem gestual, a dana, a pintura, a msica, o cinema, o teatro, a linguagem digital etc.

Entre essas linguagens, a linguagem verbal desempenha um papel de extrema relevncia na nossa vida cotidiana, pois empregada na maior parte das situaes de comunicao e nos ajuda a compreender outras linguagens, facilitando acesso mais amplo ao conhecimento e participao social. Algumas linguagens so mistas, ou seja, constituem-se a partir de outras linguagens, como por exemplo, o cinema, que mistura linguagem verbal com imagens, msicas, sons e cores. Todas as linguagens precisam de meios materiais para serem transmitidas. A lngua precisa de sons e smbolos visuais para fazer sentido, a msica se constitui atravs de sons, e da por diante. O texto faz parte do universo material da linguagem, pois representa materialmente atravs da palavra, dos gestos, do olhar, das imagens um ato de comunicao em determinada situao.

A LNGUA E OS SIGNOS LINGUSTICOS

Todos os povos possuem uma lngua para representar os smbolos verbais de comunicao. Assim, lngua um sistema de representaes socialmente construdo e constitudo por sons e smbolos visuais que fazem sentido nesse universo de linguagem e que so classificados como signos lingusticos. Os signos devem ser conhecidos pelos envolvidos no processo comunicativo para que a comunicao seja possvel. O signo possui dupla face: Significante x Significado Significante a imagem, os smbolos, a parte concreta do signo. Significado o conceito, o sentido, a parte abstrata do signo.

Exemplos: M E S A = signo lingstico Significante = smbolos (letras e fonemas) x Significado = conceito (mvel sobre o qual vrias atividades so realizadas.)

= signo Significante = o desenho x Significado = conceito, sentido (proibido buzinar) Ateno: Lingustica a cincia que investiga a linguagem verbal. O suo Ferdinand de Saussure considerado o pai da Lingstica moderna por ter desenvolvido os estudos sobre a linguagem verbal. Prtica Pedaggica: No depoimento a seguir, publicado na revista Superinteressante, o escritor italiano Humberto Eco fala sobre o valor simblico das vestimentas humanas. [O ser humano] Tinha frio e cobria-se, no h dvida. Mas tambm no h dvida de que, poucos dias depois da inveno do primeiro traje de peles, se ter criado a distino entre os bons caadores munidos das suas peles, conquistadas pelo preo de uma dura luta e outros, os inaptos, os sem-peles. No preciso muita imaginao para enxergar a circunstncia social em que os caadores envergaram as peles, j no para proteger-se do frio, mas para afirmar que pertenciam classe dominante, diz Eco. a) De acordo com o trecho lido, pode-se afirmar que a pele de animal usada pelos seres humanos nos primrdios da histria da humanidade era um signo? Explique. b) Na sociedade moderna, uma pea do vesturio tem o mesmo valor simblico que uma pele de animal usada pelos antigos caadores? Explique sua resposta. c) Mencione um elemento que no parte do vesturio e que assume, na sociedade moderna, papel semelhante ao que foi apontado para a pele. Justifique.

VARIEDADES LINGUSTICAS

Assim como os grupos humanos so diversificados e esto em constante transformao, a lngua tambm reflete e ajuda a construir essa diversidade. Diversos fatores influenciam o uso que as pessoas fazem da lngua: a regio onde moram, o grupo social a que pertencem, a idade, o sexo, o nvel de escolaridade, a profisso, etc. Leia o poema a seguir: Lisboa: aventuras tomei um expresso cheguei de foguete subi num bonde desci de um eltrico pedi um cafezinho serviram-me uma bica quis comprar meias s vendiam pegas fui dar a descarga disparei um autoclisma gritei: cara! responderam-me: p! positivamente as aves que aqui gorjeiam no gorjeiam como l.(Jos Paulo Paes)

1- A que se referem as aventuras vividas em Lisboa? 2- De que forma a maneira como o poema se organiza no espao contribui para a construo de sentidos no texto? 3- O ltimo verso do texto faz referncia ao poema Cano do exlio, de Gonalves Dias. Nele, o eu lrico lamenta sua distncia da terra natal, o Brasil, e compara-o em mincias a Portugal. No contexto do poema, qual o sentido desse verso? Diversos fatores influenciam o uso que as pessoas fazem da lngua: a regio onde moram, o grupo social a que pertencem, a idade, o sexo, o nvel de escolaridade, a profisso, etc. Assim, so muitas as variedades lingusticas no Brasil. Qualquer variedade lingustica vlida, desde que permita uma comunicao eficiente; mas, na escola, aprendemos a variedade considerada padro. Dominar a variedade padro importante para que se possa empreg-la em situaes comunicativas mais formais. Uma variedade lingustica pode ser adequada em uma situao e inadequada em outra. A preocupao com a adequao da linguagem fundamental na comunicao. Exemplos: Uma linguagem repleta de termos de uma regio pode ser inadequada em uma revista de circulao nacional. Uma linguagem caracterizada por grias totalmente inadequada em uma entrevista de emprego. Variedades lingusticas ou dialetos so todas as variaes determinadas pela regio, grupo social, nvel de escolaridade, idade, sexo, profisso. Variedades regionais representam as diferenas de uma lngua nas diversas regies em que falada. Variedades sociais so as diferenas em termos fonolgicos, morfolgicos e sintticos, que podem ser causados pelo nvel de escolaridade, idade, sexo, profisso.

Variedade histrica os contextos sociais mudam, os falantes mudam, e a lngua acompanha esse processo.

Variaes de estilo ou registros lingsticos so as variaes que ocorrem na fala ou na escrita de uma mesma pessoa conforme a situao de comunicao. Registro coloquial, informal usado em situaes familiares, conversas com amigos, em que no h preocupao com o rigor gramatical. Registro formal, culto, padro usado em situao formal, em palestras, em congressos cientficos. Aqui, h preocupao com a correo gramatical. o registro de maior prestgio social.

Gria ou jargo uma forma de linguagem baseada no vocabulrio criado por determinado grupo social com o objetivo de distingui-lo dos demais falantes da lngua. Gria distingue grupo de jovens. Jargo distingue grupo profissional. Leia este trecho da revista Discutindo a Lngua Portuguesa: A voz do Brasil Acusado constantemente de cometer erros, Lula tem, na verdade, se distanciado cada vez mais da fala popular que o consagrou. [...] Eu conquistei o direito de andar de cabea erguida, neste pas, com muito sacrifcio. E no vai ser a elite brasileira que vai fazer eu baixar minha cabea. A frase inspirou a manchete do jornal Folha de S. Paulo: Elite no me far baixar a cabea. Como vemos, ao sintetizar a fala do presidente, a manchete tambm opera sobre ela ao menos trs interferncias gramaticais. [...] De certo modo, portanto, a manchete do jornal corrigiu a fala do presidente.BEARZOTI FILHO, Paulo. Revista Discutindo Lngua Portuguesa, ano 1, n.4.

1- Que alteraes gramaticais o jornal fez na fala do presidente? Por que essas mudanas so consideradas correes? 2- (Enem-2005) As dimenses continentais do Brasil so objeto de reflexes expressas em diferentes linguagens. Esse tema aparece no seguinte poema: [...] Que importa que uns falem mole descansado Que os cariocas arranhem os erres na garganta Que os capixabas paroaras escancarem as vogais? Que tem se o quinhentos reis meridional Vira cinco tostes do Rio pro Norte? Juntos formamos este assombro de misrias e grandezas, Brasil, nome de vegetal! [...]Mrio de Andrade. Poesias completas. 6. ed. So Paulo: Martins, 1980.

O texto potico ora produzido trata de diferenas brasileiras no mbito: a) tnico e religioso. c) racial e folclrico. e) literrio e popular. b) lingstico e econmico. d) histrico e geogrfico.