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COMUNICAÇÃO HUMANA I
Desenvolvimento da fala na infância Língua materna e 2ª língua
Profa. Dra. Percília C. Giaquinto
Depto de Fisiologia – IBB/UNESP
Linguagem e fala
Linguagem = processo simbólico da comunicação
Fala = instrumento de expressão da linguagem.
Linguagem ≠ fala
Muito antes do bebê emitir suas primeiras
palavras (fala), já é capaz de utilizar-se de
codificação (linguagem) para inter-relacionar com
o meio e seus semelhantes (mãe, pai, irmãos, etc).
Figure 10.1 A model of language acquisition proposed by nativists.
Teorias do desenvolvimento da linguagem
Nativista
Figure 10.4 An overview of the interactionist perspective on language development.
Teorias do desenvolvimento da linguagem
Menino Lobo- Victor
Menino de 12 anos encontrado em uma floresta na França em 1797.
Sem fala (apesar de audição normal e reação aos sons).
O médico Itard tentou treiná-lo a usar a linguagem por 5 anos.
Em geral, o progresso da linguagem para Victor foi pobre
Capaz de compreender a linguagem, mas praticamente incapaz de produzi-la
Pronunciava duas palavras: “leite” e “oh, meus deus”.
Maior parte de sua comunicação consistia de grunhidos.
Criança Isolada- Genie
Resgatada aos 13 anos na Califórnia, não ficava em posição ereta e falava somente duas palavras: “para” e “chega”.
Pouca exposição a linguagem durante seu aprisionamento:
A partir 20 meses, vivia em isolamento quase total.
Criança Isolada- Genie
Programa para remediar a linguagem
1970: apenas palavras únicas: ‘não’. ‘gato’
1971: linguagem de uma criança de 18-20 meses
Distinção entre plural e singular
Sentenças com dias palavras: “quero leite”, “dente grande”
Não houve explosão de vocabulários após este período (o que aconteceria com uma criança de 2 anos)
Incapaz de fazer perguntas.
Desenvolvimento semântico, rápido e extenso/ desenvolvimento sintático: lento
Ex) Eu gosta ouvir musica sorvete carro (Curtiss, 1981) : pouca estrutura gramatical
Ex) Pensar sobre mamãe Genie ama (Curtiss, 1981)
desenvolvimento cognitivo anterior ao desenvolvimento da linguagem
Hipótese do período crítico
O ambiente linguístico
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Hipótese do período crítico
Existe um período em que estamos especialmente
aptos a aquisição da linguagem
Fator que corrobora esta hipótese:
Existem mudanças/conformações neurológicas que levam
determinados indivíduos a serem menos eficientes nesta
aquisição
Comunicação direta mãe-filho: “manhês/maternês”
(Motherese)
O ambiente linguístico
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“Manhês”
Maneira como adultos falam com
bebês/crianças.
Em geral, a fala é curta, mais
concreta, mais direta e tonalmente
exagerada.
Tais propriedades permitiriam o
desenvolvimento da linguagem na
criança.
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“Manhês”
Hipóteses
Existe uma relação entre ajuste na fala do adulto e
desenvolvimento na linguagem da criança
A pergunta é:
O ‘manhês’ é necessário para o desenvolvimento da
linguagem ou facilita o desenvolvimento da linguagem ?
voz materna X voz de estranho
Neurobiologia da linguagem
DESENVOLVIMETO BIOLÓGICO
cordas vocais de bebês assemelham-se à dos chimpanzés
o cavidade oral e faringeal indistintas
o Palato mole alcança a epiglote
Isto facilita a respiração pelo nariz enquanto suga
o aos 3 meses a faringe ‘desce’ em direção a laringe
o tal mudança permite grande variedade de sons
ESTUDOS
PASSADO ....
Area de Broca
Área de Wernicke
Área de Wernicke
Enquanto os pacientes de
Broca podiam entender, mas
não conseguiam falar, o
paciente de Wernicke podia
falar, mas não
compreendia a fala – nem
mesmo o que ele próprio
dizia.
ESTUDOS
PRESENTE
http://psychology.tamu.edu/infantlab/ http://www.utsc.utoronto.ca/~petitto/lab/nirs.html
Cortex temporal inferior Area de Broca
• Neonatos sem nenhuma ativação nesta área
• 6 meses: mostra alguma ativação quando estimulado com diferentes sons/vozes
• 12 meses: maior ativação
Imada et al. 2006
neurobiologia
HEMISFÉRIO ESQUERDO – mais verbal. Falamos com
metade do cérebro. Localização dominante em
95% das pessoas, incluindo a maioria dos
canhotos.
HEMISFÉRIO DIREITO – responsável pela inflexão e
entonação, conferindo ênfase a comunicação
verbal.
Linguagem e choro
Após o nascimento do bebê, o ‘equipamento’
sensorial e motor encontram-se em
funcionamento.
A linguagem restringe-se ao choro,
indiferenciado, mas com o passar do tempo o
bebê começa a comunicar desconforto ou
descontentamento, através do choro em
diferentes tons.
Quando a criança começa a falar?
• Por volta dos 2 anos a maioria das crianças já
tem um número de vocábulos que lhes permite
expressar-se verbalmente com facilidade.
• Algumas já utilizam frases simples, com
verbos, adjetivos e preposições, relatam fatos
e criam seus próprios vocábulos.
Desenvolvimento da Linguagem
• ESTÁGIO PRÉ – LINGUÍSTICO: a criança usa o choro para
comunicar, podendo ser rico em expressão emocional. Logo ao
nascer este choro ainda é indiferenciado, porque nem a mãe
sabe o que ele significa, mas aos poucos começa a ficar cheio de
significados e é possível, pelo menos para a mãe, percebê-los.
Desenvolvimento da Linguagem
•O balbucio ocorre por volta dos 3 meses e caracteriza – se
pela produção sons, mais ou menos articulados, sem
significado.
exemplo: “ma – ma – ma – ma”, que muitas vezes é
confundido com a primeira palavra do bebe.
A primeira palavra ...
Fatores biológicos
Integridade de SNC
• exemplo: crianças com anoxia neonatal devem ter seu desenvolvimento de linguagem observado mais atentamente;
• Atraso significativo no desenvolvimento neuropsicomotor junto com atraso na aquisição de linguagem, podem ser indicativos de deficiência mental.
Fatores biológicos
Integridade do sistema auditivo: importância da triagem auditiva ao nascimento para a detecção precoce da deficiência auditiva;
Integridade dos órgãos periféricos da fala (lábios, língua, palato, bochechas): além das propriedades nutricionais do leite materno, sugar no seio, propicia a criança o exercício da musculatura intraoral, evitando ou minimizando problemas ortodônticos e articulatórios.
Crianças com fissuras lábio-palatais podem apresentar alterações de linguagem e articulações.
Fatores psicológicos
Vínculo afetivo entre mãe (ou cuidadora)-
criança contribui efetivamente para uma
evolução de linguagem satisfatória.
Fatores psico-sociais
Ambientes tensos, de brigas frequentes entre familiares, superproteção (pais que não dão à criança oportunidade de aprendizagem, fazem tudo por ela) são modelos de linguagem pobres, tanto em quantidade quanto em qualidade.
A língua e os sentidos
A apreensão de uma linguagem requer a imersão
nessa mesma língua: a exposição passiva (ouvir os
outros falarem) e ativa (interagir com eles).
Se tal imersão ocorrer durante determinado período,
a criança tornar-se-á um falante competente.
Às alterações no conhecimento da língua que ocorre
durante um período de aquisição da linguagem
chamamos desenvolvimento da linguagem.
A língua e os sentidos
Os sentidos desempenham um papel fundamental
nesse desenvolvimento:
Audição – escuta da comunicação oral e entoação;
Visão – aspectos não-verbais da comunicação;
Tato – transmite sentimentos de segurança,
tranquilidade ou agressividade;
Olfato – recebe a informação nem sempre
consciente.
A língua e os sentidos
Os sentidos não apenas percebem e enviam
sinais nervosos para o cérebro, mas dão
significado ao que nos cerca, criam,
transformam, estabelecem relações, revelam,
mostram e comunicam.
Períodos de desenvolvimento
Idade Período
0 aos 12 meses Pré-verbal/Pré-linguístico
1 aos 5 Verbal básico
5 anos Desenvolvimento linguístico
Desenvolvimento da Linguagem
• Na fase inicial da fala linguística a criança costuma dizer uma única
palavra, atribuindo a ela o valor de frase. São as chamadas
HOLOFRASES.
Por exemplo, diz “ua”, apontando para porta de casa,
expressando um pensamento completo: “Eu quero ir para a rua.”
• Mais tarde a criança passará para o que se chama de fala
TELEGRÁFICA, que consiste em reduzir uma fala longa a uma fala
curta, só com as palavras essenciais. Exemplos:
Pai chapéu
Bento presente
Ir praia
Table 10.3 Similarities in Children’s Spontaneous Two-Word Sentences in Four Languages.
SOURCE: Adapted from Slobin, 1979.
O PERIODO TELEGRAFICO : UNIVERSAL
Desenvolvimento da Linguagem
Nas primeiras tentativas de articular as palavras, as
crianças geralmente prestam mais atenção à parte
tônica da palavra.
Ex.:
Chapéu » péu » sapéu » tapéu
Iogurte » ute » oúte » ogute
Boneco » neco
Almofada » fada » mofada
Desenvolvimento da Linguagem
1ºs Fonemas – a / e
estes fonemas exigem pouco controle motor, não
sendo necessário manipular a língua e os lábios.
1ªs Consoantes – m / p / d / b / t
Também para os sons destas consoantes não é
necessário utilizar muito a língua e os lábios.
Table 10.6 Typical Idiosyncratic Descriptions Offered by Preschool Children When Talking about Unfamiliar
Graphic Designs in the Krauss and Glucksberg Communication Game.
Segunda Língua
Como aprendemos uma segunda
língua?
Usando conhecimento prévio da língua nativa
e propriedade universais da linguagem.
Estes processos servem como meios pelos
quais o aprendiz constrói uma interlinguagem
(como um sistema de transição).
Bilinguismo: desafios e consequências de aprender
segunda língua
Exposição de duas línguas antes dos 3 anos –
fluência em ambas.
Criança em idade pré-escolar podem tornar-se
proficientes numa segunda língua em 1 ano.
Vantagens cognitivas
consciência metalinguística (compreensão de
metáforas, detecção de ambiguidades, melhor
atenção seletiva ).
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Período critico e o aprendizado da
segunda língua
Johnson & Newport (1989)
Estudaram crianças e adultos coreanos e chinesas que imigram para os EUA em idades entre 3 e 39 anos.
Concluíram que diferentes processos estão envolvidos em jovens e adultos
Adultos aprendem mais facilmente no inicio, mas atingem um platô; crianças e jovens alcançam e ultrapassam este platô.
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[Figure 12.1]
Período critico e o aprendizado da
segunda língua
Figure 10.2 As shown here, there is a clear relationship between the age at which immigrants arrived in the
United States and their eventual adult performance in English grammar. Those who arrived early in childhood end up performing like native speakers of English, whereas those who arrived as teenagers or adults perform much more poorly.