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Comunicação Humana e Design - construção de uma relação

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teorias da comunicação - 2010 | rute joão - 43098

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Índice 3Introdução 4Defenindo Comunicação 5Defenindo Metodologia Projectual 7 Construção de uma possível relação entre as Teorias da Comunicação Humana e o Design 8 Conclusão 17 Considerações finais 19Bibliografia 20

Índice

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No âmbito da disciplina de Teorias da Comunicação foi proposto o desafio de tentar perceber qual a relação que existe entre a comunicação humana e o design.

Neste trabalho, irei tentar identif icar, através da análise da metodologia projectual em design, em que situações e em que contextos se estabelece a relação entre estas duas disciplinas; que apesar de algumas opiniões diferentes, estão, no meu entender, absolutamente inter l igadas. irei tentar responder a algumas questões como: qual a relação conceptual que pode

Introdução

ser estabelecida entre o design e a comunicação?; quais as implicações desta relação para o exercicio do design?; e qual a sua impor tancia no desenvolvimento de estratégias conceptuais?

Na minha opinião, o design dependerá sempre da comunicação e dos pr incípios que lhe são inerentes; já a comunicação, por outro lado, não é dependente do design, mas poderá servir-se de alguns campos em que este actua para se estabelecer. Mas mesmo que não o faça: a comunicação existirá sempre, “quer queiramos, quer não”.

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Definindo Comunicação

Para percebermos a relação entre estas duas áreas (a de comunicar e a de designar) é necessário pr imeiro definir o que é a comunicação; como actua, como se desenvolve e quais a suas manifestações e efeitos.

Na língua por tuguesa a palavra comunicação define acto ou efeito de comunicar; troca de informação entre indivíduos através da fala, da escrita, de um código comum ou do próprio compor tamento; o facto de comunicar e de estabelecer uma relação com algo ou alguém, relação, correspondência; o que

se comunica, mensagem, informação, aviso, anuncio; meio técnico usado para comunicar, transmissão; capacidade de entendimento entre as pessoas através do diálogo; passagem de um local para outro, acesso, via. [PORTO EDITORA, 2010]

No entanto o acto de comunicar vai além destas definições: “ a comunicação é o terr itór io onde o Homem constrói as suas realidades” é através da comunicação que entendemos e descodif icamos o mundo que nos rodeia, é através da comunicação que nos relacionamos com o outro

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e com o ambiente onde nos inser imos, é a através da comunicação que nos definimos enquanto ser.

A palavra comunicar, sofreu ao longo dos tempos uma alteração semântica, que abandonou este signif icado mais antigo de communicare, der ivado do latim e que quer dizer estar em relação e pôr em comum; “este pôr em comum suscita um movimento, ou força, que liga aquele que põe em comum com aquele que recebe e toma par te dessa par ti lha. Por sua vez, a par te comum ar ticula a acção de dar e de receber, que ocorrem pelo facto de

aquele que dá estar em relação com aquele que recebe” [LOPES, 2004].

Assim o acto de comunicar não é apenas o acto de transmissão de uma mensagem entre um emissor e um receptor que ocorre apenas num sentido; mas sim a construção de uma relação entre os indivíduos que comunicam – uma par ti lha que ocorre num sistema aber to de interactividade.

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Definindo Metodologia Projectual

Para estabelecer uma relação entre comunicação e design é também impor tante definir metodologia projectual.

Poderia par tir do esquema do “arroz verde” de Bruno Munari, por si só um óptimo exemplo de como o acto de comunicar está intimamente relacionado com o design: pela forma como o autor transpõe os pr incípios de culinár ia para os pr incípios da aplicação de uma metodologia em projecto e também pela simplicidade com que comunica a sua ideia. No entanto opto por uma definição menos abrangente (dada por um Prof. de Educação Tecnológica

da Escola E.B. 2,3 Eugénio dos Santos e com a qual estou de acordo) para tentar deste modo identif icar em que situações a comunicação é indissociável à pratica projectual em design, e fazendo a ponte entre ambas.

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construção de uma possível relação entre as teorias da comunicação humana e o design

Projectar é uma atitude inerente ao Design que implica sermos sensíveis aos problemas que surgem no nosso quotidiano, e aplicarmos a nossa experiência na solução dos mesmos. Esta experiência e sensibil idade estão implícitas no exercício da comunicação como ferramenta essencial para o conhecimento e entendimento do mundo – arr isco-me mesmo a dizer que comunicação está implícita no processo fenomenológico do conhecimento, que no meu entender é essencial para a prática do design.

Os problemas nascem da necessidade do ser humano se sentir integrado no seu meio ambiente de uma forma confor tável. Ou seja, a humanidade construiu desde os seus pr imórdios, objectos que tinham como função pr imordial faci l i tar o seu quotidiano. O conceito do Design implica ainda que esta função facil i tadora do objecto seja acompanhada de uma forma agradável, que acompanha determinados padrões estéticos socialmente aceites ou não.

Mais uma vez, o processo de comunicação está aqui subordinado; é necessário

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entender o mundo e comunicar com ele para percebermos, por exemplo, como se manifestam os padrões estéticos de uma determinada época, para além de ser necessário descodif icar as mensagens implícitas em determinado objecto; campo este mais explorado pela semiótica e em comunhão com as teor ias da comunicação.

Para a solução de qualquer problema foi cr iado um método, uma organização de ideias aceite pela sua ef iciência, que se pode aplicar tanto numa perspectiva r igorosamente científ ica, como da forma mais casual no dia-a-dia, seja para

confeccionar um prato saboroso, como para escolher a roupa que vestir naquele dia em específ ico. Torna-se pois necessário estabelecer todos os componentes do problema, ou seja, todos os pormenores que o caracter izam como os seus objectivos, o seu público-alvo, a ergonomia implícita ao objecto, mater iais e metodologias inerentes. Também nesta fase de identif icação dos componentes inerentes ao problema, o processo de comunicação está mais uma vez presente. Esta fase implica na maior ia das vezes a par ti lha de ideias e

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teor ias com outras áreas de conhecimento. O designer precisa de saber comunicar as suas ideias e intenções. Por vezes esta poderá ser a fase mais complicada, porque na diversidade das áreas implicadas em determinado projecto, existem diferentes níveis de conhecimento e consequentemente diferentes patamares onde a comunicação de vai estabelecer. Ou seja, nesta fase o designer poderá ter de comunicar a sua ideia em diversos níveis de discurso: a comunicação não se estabelecerá do mesmo modo entre um designer e um

engenheiro e entre um designer e um operár io de determinada fábrica; e os meios (verbais e não verbais) que o designer irá uti l izar para comunicar com ambos serão necessariamente diferentes (mesmo que disso não tenha consciência). Definir concretamente o problema ajuda na tr iagem de ideias nascentes, ao que se segue uma recolha de dados e respectiva análise. Esta etapa do projecto é fundamental na edif icação do conhecimento do que já existe, não só em termos histór icos e cronológicos, como na actualização e introdução de novos mater iais (quando tal

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se aplica), na recuperação de antigas metodologias (que pela sua simplicidade se revelavam mais ef icientes), ou ainda na observação dos mecanismos biológicos na sua interacção com a natureza – a biónica – que permitem uma adequação simbiótica dos objectos com o seu objectivo.

Aqui está implícita a pesquisa e a interpretação das soluções que possam já existir para o problema que o designer identif icou; mesmo que estas soluções não sejam, do seu ponto de vista, ef icazes, é necessário identif icá-las e interpretá-las, para perceber

onde falharam ou não. Pode até mesmo acontecer que o designer considere que o problema proposto tenha já uma solução, poderá ver if icar que é apenas necessário o “redesenho” de alguma solução, como veremos de seguida.

Por vezes, o design de um objecto, pode implicar antes um “redesign”. Em vez da cr iação de algo totalmente novo retorna-se à uti l ização de formas ou “ fórmulas” que são comprovadamente e naturalmente ef icazes. Após a análise dos dados recolhidos, a ideia inicial sofre uma maturação que lhe é acrescida

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pelo conhecimento adquir ido.

É neste conhecimento adquir ido que entra, mais uma vez, o processo de comunicação e, no meu entender, também a análise semiótica e a análise pragmática – em que o designer “adopta como cr itér io de verdade a uti l idade prática, identif icando o verdadeiro como útil” [MACHADO, 1981]. Este processo de maturação implica o desenvolvimento de um conceito e, na minha opinião, esta construção de sentido estabelece-se através da comunicação e como tal, uti l iza

as mesmas áreas de análise desta: a sintaxe, a semântica e a pragmática.

Abre-se então espaço para a cr iatividade, processo esse que oferece ao projecto o seu potencial de diferenciação, de único. A aplicação da cr iatividade gera uma definição mais concreta em termos de mater iais e metodologias a uti l izar, surgindo a necessidade de uma nova recolha de informação relativa a este tema. Numa época em que as questões ambientais estão na ordem do dia, esta é uma etapa par ticularmente sensível, pois há que ter em conta, não só as

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do objecto de Design, mas também a componente ambiental da produção do mesmo, tornando-se deveras impor tante optar por métodos produtivos que uti l izem energias renováveis e menos poluidoras.

Neste plano mais especif ico, em que é impor tante considerar as questões ambientais e de sustentabil idade do produto a ser cr iado, os autores Loe Feijs e Fr ithjoh Meinel, sugerem no ar tigo A Formal Approach to Product Semantics with an Application to Sustainable Design a definição de oito campos de mediação para

a cr iação de produtos que pretendam comunicar esta ideia de sustentabil idade e preocupação com o ambiente. A comunicação é um desses campos e está envolvida no processo de construção semântica, na qual mantém uma relação de interdependência entre os diversos campos que os autores enumeram, como a estética, a comercialização, o próprio ambiente, a funcionalidade e o fabr ico. A ideia dos autores é que o designer se sir va destes diversos campos para a construção de objectos com carga simbólica; na minha opinião esta ideia convive com

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a definição de pragmática de Watzlawick, em que o designer deve construir “uma teoria geral dos signos cuja or ientação se define pelo uso que os indivíduos fazem dos símbolos e dos seus efeitos sobre aqueles que os uti l izam”. [Watzlawick, 1993]

A experimentação pode trazer melhorias signif icativas ao objecto. É através dela que vamos testar a uti l ização do mesmo, e resolver qualquer problema que sur ja tanto em termos funcionais como estéticos, aprimorando assim o projecto. Não sendo contudo uma etapa crucial, pode trazer

resultados muito satisfatór ios, e impedir o surgimento de novos problemas.

Nesta etapa o designer poderá testar a ef icácia do seu conceito através da forma como mater ializou a sua ideia/solução. Está aqui subentendida, na minha opinião, a natureza consequencial e intencional da comunicação. O designer pretenderá durante esta fase, obter o feedback daquilo que produziu; e a análise que fará dessa interacção poderá muitas vezes levá-lo a recuar nas decisões e escolhas que tomou durante todo o processo projectual; poderá ter de recuar

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algumas etapas e reformular a ideia inicial, senão mesmo a premissa do problema…

Após a reunião de toda a informação, e de aplicada a cr iatividade, surge o modelo que é já o resultado de uma depuração, um vislumbre da solução, onde se testa a possibi l idade real de uso do objecto. Este modelo é sujeito então a uma ver if icação, processo pelo qual se observa o desempenho do objecto cr iado, junto do seu público-alvo, avaliando-se e comprovando-se, ou não, a sua ef iciência e ef icácia. É nesta etapa que “se l imam as arestas”

do projecto, introduzindo correcções, quando necessárias. Por f im, elabora-se o desenho técnico ou construtivo, que uti l iza uma l inguagem de traçado clara e estandardizada, e que reúne em síntese todos os componentes do projecto de design, apresentando-o como solução ao problema inicialmente identif icado.

Neste momento f inal existe normalmente um investimento na comunicação e nas técnicas que estão vinculadas a esta área, e que são globalmente aceites pelo entendimento comum – como

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a publicidade, o marketing, a actividade editor ial, o design gráf ico, entre outras. No entanto, na minha opinião, estas actividades são indissociáveis às teor ias da comunicação humana que tenho tentado aqui definir; porque para a aplicação correcta destas técnicas de comunicação/informação é necessário entender o processo de comunicação como algo mais que a simples troca de uma mensagem. É necessário, antes de mais, considerar que “é na manifestação comunicativa que todas as outras manifestações evoluem. A condição do Homo communicans ao emergir

do próprio ser é o próprio ser que nela se manifesta e, que é, sempre, anter ior às suas manifestações. Deste modo, a essência da comunicação reside, sobretudo, nos processos relacionais e interaccionais que os humanos protagonizam, entre si em diferentes situações em que par ticipam e menos nos resultados f inais dessa manifestação” [LOPES, 2004]

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Conclusão

O designer enquanto intermediár io social e cultural deve ter em conta o estudo das teor ias da comunicação humana, como motor de entendimento e de busca do conhecimento pela razão e pela experiencia.

A comunicação está presente na prática do design, não só nas áreas que lhe estão directamente relacionadas, como são exemplo o design gráf ico e o design de interacção, mas também em todo o processo de construção de sentido e desenvolvimento projectual, como se pode observar na tentativa de

construção de uma possível relação entre estas duas disciplinas.

O campo de estudo das teor ias da comunicação humana é muito abrangente e envolve muitas outras áreas, como a sociologia, a semiótica, a l inguística, a f i losofia, a psicologia, a antropologia cultural e outras que cer tamente não saberei ainda identif icar… O design comunga, na minha opinião, com todas estas disciplinas, e apenas servindo-se destas (e de muitas outras mais) poderá servir de uma forma mais correcta o homem e o meio em que coexistimos.

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Penso que vivemos um momento em que não observamos o que nos rodeia, em que não lê-mos o mundo onde vivemos; Walter Benjamim, na sua obra Sobre Ar te, Técnica, Linguagem e Poli t ica fala-nos na perda de encantamento e de uma atrof ia da experiencia, que na minha opinião está subjacente à comunicação humana pela forma como esta é entendida pela maior par te das pessoas.

O designer precisa, não só de comunicar as suas ideias e intenções, como também de interpretar as mensagens que estão implícitas nos objectos e

na relação de convivencialidade que esses objectos estabelecem com o homem; “tout communique”, como satir izou Jacques Tati no seu f i lme Mon Oncle, de 1958.

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Considerações finais

Este trabalho e as ideias que tentei aqui expor são uma síntese de alguns pensamentos e analogias que me foram surgindo no seu desenrolar. Estes pensamentos não deixam de ser o “sumo” da aprendizagem que tem sido feita ao longo da frequência do curso de Design nesta universidade. Tentei sustentar algumas destas ideias em premissas de autores que são referência nas Teorias da Comunicação Humana, no entanto, são ainda alguns, os livros que f icaram na prateleira por ler; correndo assim o r isco de me tornar

simplista em algumas analogias que faço, não sendo essa contudo, a minha intenção...

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Bibliografia

FEIJS, Loe e MEINEL, Fr ithjof (2005). A Formal Approach to Product Semantics with an Application to Sustainable Design. Massachuset ts Institute of Techonoly . Design Issues: Volume 21, Numero 3, Summer 2005, pp. 67 a 81.

JOLY, Mar tin (1994). Introdução à Análise da Imagem. Edições 70, Colecção Ar te e Comunicação.

LOPES, Conceição (2004). Comunicação Humana, Contr ibutos para a busca dos sentidos do Humano, Projecto direitos humanos em acção. Universidade de Aveiro.

MUNARI, Bruno (1981). Das Coisas Nascem Coisas. Edições 70, Colecção Ar te e Comunicação.

MUNARI, Bruno (1968). Design e Comunicação Visual. Edições 70, Colecção Ar te e Comunicação.

RODRIGUES, Adriano (1999). As Técnicas da Comunicação e da Informação. Editor ial Presença.

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