comum.rcaap.pt · web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das...

153
RELATÓRIO FINAL DA PRÁTICA DE ENSINO SUPERVISIONADA Andreia Sofia Aguiar Silva O erro na escrita: conceções e representações de quatro professoras do 3.º e 4.º ano de escolaridade 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 1

Upload: trinhmien

Post on 11-Feb-2019

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

RELATÓRIO FINAL DA PRÁTICA DE

ENSINO SUPERVISIONADA

Andreia Sofia Aguiar Silva

O erro na escrita: conceções e representações de quatro

professoras do 3.º e 4.º ano de escolaridade

Provas destinadas à obtenção do grau de Mestre para a Qualificação

para a Docência em Educação Pré-Escolar e 1.º Ciclo do Ensino Básico

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS

Lisboa, março de 2015

1

2

34

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

1

Page 2: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

2

28

29

30

31

32

33

34

35

36

37

38

39

40

41

42

43

44

45

46

47

48

49

50

51

52

53

54

23

Page 3: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

RELATÓRIO FINAL DA PRÁTICA DE

ENSINO SUPERVISIONADA

O erro na escrita: conceções e representações de quatro

professoras do 3.º e 4.º ano de escolaridade

Autora: Andreia Sofia Aguiar Silva

Orientador: Mestre Sandra Duarte Tavares

Provas destinadas à obtenção do grau de Mestre para a Qualificação

para a Docência em Educação Pré-Escolar e 1.º Ciclo do Ensino Básico

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS

Lisboa, março de 2015

55

56

5758

59

60

61

62

63

64

65

66

67

68

69

70

71

72

73

74

75

76

77

78

79

80

81

82

4

Page 4: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

AGRADECIMENTOS

Ao longo do percurso de Mestrado de Qualificação para a Docência em

Educação Pré-Escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico foram muitas as pessoas

que contribuíram de forma direta e indireta, para que fosse possível a chegada a mais

esta etapa importante.

Desta forma, apresenta-se um sentido agradecimento a todas as que

manifestaram sempre apoio e força e que sem elas a concretização deste objetivo não

teria sido possível.

A todos os Alunos, apesar de não terem prestado o seu contributo de forma direta

para a concretização deste trabalho, pelo carinho demonstrado e pelos ensinamentos

adquiridos, através da prática, ao longo do período de estágio.

Às orientadoras Ana Patrícia Almeida e Sandra Duarte Tavares, pela incansável

ajuda, pela disponibilidade demonstrada para o esclarecimento de qualquer dúvida e

pela partilha de conhecimento.

Às colegas e amigas Ana Margarida Agostinho e Renata Cunha pela amizade

desde o início deste percurso de mestrado e pela união mantida ao longo deste caminho,

que com certeza irá ser ultrapassado com sucesso!

Ao meu namorado André Peralta, por toda a paciência e carinho, pela

compreensão e ajuda prestada em todos os momentos e tal como tem acontecido ao

longo destes oito anos foi, mais uma vez, incansável.

Aos meus Pais, pelo contributo importante para a concretização desta etapa da

formação académica, pelo apoio e pela demonstração constante de confiança e orgulho.

À restante Família por todo o carinho e apoio demonstrado ao longo deste

percurso.

A todos, um muito obrigado!

i

838485

86

87

88

89

90

91

92

93

94

95

96

97

98

99

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

112

113

114

115

56

Page 5: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

ii

116

117

118

119

120

121

122

123

124

125

126

127

128

129

130

131

132

133

134

135

136

137

138

139

140

141

142

143

144

145

146

78

Page 6: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

RESUMO

O trabalho de investigação que aqui se apresenta teve como objetivo primordial

abordar o desenvolvimento da dimensão ortográfica e, mais concretamente, identificar

as conceções e as estratégias implementadas por quatro docentes do 3.º e 4.º ano de

escolaridade relativamente ao erro na escrita.

Este tema surgiu no seguimento do estágio realizado no 1.º Ciclo do Ensino

Básico, uma vez que os problemas ao nível da escrita, e neste caso específico, as

dificuldades relativas ao desempenho ortográfico, assumiam grande incidência nas

produções escritas dos alunos. Para o efeito, realizou-se um trabalho de investigação

qualitativo considerando duas docentes do 3.º ano de escolaridade e duas do 4.º ano de

escolaridade.

Após uma definição dos objetivos a atingir com o desenvolvimento deste

trabalho, formularam-se duas questões de investigação. Para que fosse possível

responder às mesmas, realizaram-se entrevistas semiestruturadas às docentes, que foram

posteriormente analisadas recorrendo à sua transcrição e a análise de conteúdo. Os

resultados obtidos contribuíram para perceber o que as docentes pensam acerca do tema

abordado e também para uma reflexão sobre as várias questões tratadas.

De forma geral, é possível afirmar que as docentes apresentam várias

semelhanças quanto às conceções e estratégias consideradas promotoras do

desenvolvimento da dimensão ortográfica da escrita. Estas mesmas conceções e

estratégias são, num primeiro momento, mencionadas no quadro de referência teórico,

onde se procurou perceber o que defendem os autores que se dedicam a esta matéria.

Por fim, através das entrevistas realizadas, estabeleceu-se uma comparação entre as

respostas obtidas e a teoria acerca do tema.

Palavras-chave: erro na escrita, ortografia, conceções, estratégias

iii

147148

149

150

151

152

153

154

155

156

157

158

159

160

161

162

163

164

165

166

167

168

169

170

171

172

173

174

175

176

177

178

179

910

Page 7: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

iv

180

181

182

183

184

185

186

187

188

189

190

191

192

193

194

195

196

197

198

199

200

201

202

203

204

205

206

207

208

1112

Page 8: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

ABSTRACT

The research presented here had the primary objective of approaching the

development of orthographic dimension and, more specifically, identifying the

conceptions and strategies implemented by four teachers of 3rd and 4th grade concerning

errors in writing.

This topic appeared in the period of training carried out in the 1st Cycle of Basic

Education, given that problems in writing, and in this particular case, difficulties in

correct spelling, had great incidence in the written productions of the students. For the

effect, a qualitative research was conducted with two teachers of 3 rd grade and two of 4th

grade.

After defining the research objectives, two questions of inquiry were formulated.

In order to answer these questions, semi-structured interviews to the teachers were

conducted and subsequently analyzed, through their transcription and content analysis.

The results obtained contributed for a perception of what the teachers think about the

subject and also for a reflection on the issues in question.

In general, it is possible to say that the teachers have similar conceptions and

strategies regarding the development of the orthographic dimension of writing. These

conceptions and strategies are, at first, referred to in the theoretical framework, in which

there is an attempt to understand the view of authors who studied this matter. Finally,

through the interviews, a comparison between the responses obtained and the theory on

the subject is established.

Keywords: writing error, spelling, conceptions, strategies

v

209210

211

212

213

214

215

216

217

218

219

220

221

222

223

224

225

226

227

228

229

230

231

232

233

234

235

236

237

238

239

240

241

242

1314

Page 9: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

vi

243

244

245

246

247

248

249

250

251

252

253

254

255

256

257

258

259

260

261

262

263

264

265

266

267

268

269

270

271

272

1516

Page 10: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS................................................................................................................ i

RESUMO................................................................................................................................... iii

ABSTRACT................................................................................................................................v

ÍNDICE DE QUADROS...........................................................................................................ix

INTRODUÇÃO..........................................................................................................................1

CAPÍTULO 1 - QUADRO DE REFERÊNCIA TEÓRICO....................................................3

1.1. CONCEITO DE ORTOGRAFIA......................................................................................3

1.2. COMPETÊNCIA ORTOGRÁFICA..................................................................................5

1.3. O ERRO NA ESCRITA....................................................................................................9

1.4. TIPOLOGIAS DE ERROS.............................................................................................12

1.5. CAUSAS E ORIGENS DOS ERROS.............................................................................15

1.6. O PAPEL DO PROFESSOR NO DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA.................................17

1.7. ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA

ORTOGRÁFICA...................................................................................................................19

CAPÍTULO 2 - PROBLEMATIZAÇÃO E METODOLOGIA............................................23

2.1. PROBLEMA, OBJETIVOS E QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO...............................23

2.2. PARADIGMA.................................................................................................................25

2.3. PARTICIPANTES..........................................................................................................26

2.4. INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS............................................................27

2.4.1. Observação.................................................................................................................27

2.4.2. Conversas Informais...................................................................................................27

2.4.3. Entrevistas..................................................................................................................28

2.5. PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS...........................................................30

CAPÍTULO 3 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.............................................................33

CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................45

ANEXOS...................................................................................................................................49

vii

273

274275

276

277

278

279

280

281

282

283

284

285

286

287

288

289

290

291

292

293

294

295

296

297

298

299

300

301

1718

Page 11: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

ANEXO 1 – GUIÃO DA ENTREVISTA..............................................................................51

ANEXO 2 – TRANSCRIÇÃO DAS RESPOSTAS DAS ENTREVISTAS...........................53

ANEXO 3 – GRELHAS DE ANÁLISE DE CONTEÚDO....................................................67

ANEXO 4 – SÍNTESE DE CADA ENTREVISTA...............................................................81

viii

302

303

304

305

306

307

308

309

310

311

312

313

314

315

316

317

318

319

320

321

322

323

324

325

326

1920

Page 12: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Tipologia de erros (Cardoso, Costa & Pereira, 2002)...................................13

ix

327328329

330

331

332

333

334

335

336

337

338

339

340

341

342

343

344

345

346

347

348

349

350

351

352

353

354

355

356

357

2122

Page 13: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

x

358

359

360

361

362

363

364

365

366

367

368

369

370

371

372

373

374

375

376

377

378

379

380

381

382

383

384

385

386

2324

Page 14: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

INTRODUÇÃO

O presente relatório tem como propósito a apresentação de um trabalho de

investigação relacionado com a ortografia, mais concretamente, sobre as conceções e

representações de professoras do 3.º e 4.º ano de escolaridade do 1.º Ciclo do Ensino

Básico acerca desta área.

Para a escolha deste tema contribuiu a observação efetuada ao longo do estágio

realizado no 1.º Ciclo do Ensino Básico, bem como as conversas informais

estabelecidas com as docentes dos anos de escolaridade supracitados. De uma forma

geral, sentiu-se que esta era uma problemática presente nas turmas dos dois últimos

anos do 1.º Ciclo do Ensino Básico e neste seguimento surgiram as seguintes questões

de investigação:

(1) Quais as conceções das docentes de 3.º e 4.º ano de escolaridade face ao erro

ortográfico?

(2) Quais as estratégias a que recorrem para o desenvolvimento da ortografia?

De forma a responder às questões de investigação definidas, recorreu-se à

realização de quatro entrevistas: a duas docentes do 3.º ano e a duas docentes do 4.º ano

de escolaridade do colégio onde se realizou a componente de estágio.

Autores como Mateus (2002), Fonseca (2004) e Barbeiro (2007) defendem que

as dificuldades de escrita comprometem o sucesso pessoal, social, académico e

profissional dos alunos. Seguindo esta linha de pensamento, Fonseca (1998, citado por

Azevedo, 2000) chama a atenção para o papel fundamental e a responsabilidade que a

escola tem no desenvolvimento da expressão escrita do aluno, “dado que a importância

desta foi e continua a ser enorme na sociedade dos nossos dias, apesar da concorrência

do mundo áudio-visual” (p. 13).

No que concerne à estrutura do relatório, este encontra-se organizado em três

grandes partes: uma primeira parte, constituída pela introdução e quadro de referência

teórico; a segunda parte, constituída pelo estudo empírico, onde são referidos, num

primeiro momento, a metodologia e o percurso metodológico e, num segundo momento,

a apresentação e a discussão dos dados. A terceira parte é composta pelas considerações

finais e as referências bibliográficas que serviram de base para a construção do trabalho

de investigação e redação deste relatório.

Quanto ao Capítulo 1, referente ao Quadro de Referência Teórico, são

apresentados os conceitos teóricos que sustentam este trabalho e que se dividem em sete

1

387388389

390

391

392

393

394

395

396

397

398

399

400

401

402

403

404

405

406

407

408

409

410

411

412

413

414

415

416

417

418

419

420

2526

Page 15: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

subcapítulos. No Capítulo 2, denominado Problematização e Metodologia, é tratada a

problemática central deste relatório, bem como as questões de investigação e ainda as

opções metodológicas tomadas quanto ao paradigma, participantes, instrumentos de

recolha de dados e procedimentos de análise de dados.

O Capítulo 3, relacionado com os Resultados, destina-se à apresentação e

discussão dos resultados, tendo em consideração o quadro de referência teórico

contruído. Nas Considerações Finais é apresentada uma reflexão sobre os resultados

apresentados, de forma a dar resposta às questões de investigação formuladas. Por

último, são apresentados os anexos, onde se encontram os documentos considerados

pertinentes para a compreensão deste trabalho.

2

421

422

423

424

425

426

427

428

429

430

431

432

433

434

435

436

437

438

439

440

441

442

443

444

445

446

447

448

449

450

451

452

453

2728

Page 16: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

CAPÍTULO 1

QUADRO DE REFERÊNCIA TEÓRICO

1.1. CONCEITO DE ORTOGRAFIA

A linguagem escrita consiste na codificação da linguagem oral e uma das

componentes da linguagem escrita é constituída pela ortografia. Assim, é importante

explicar este termo, que se pode definir como “a codificação das formas linguísticas em

formas escritas, respeitando um contrato social aceite e respeitado por todos” (Carvalho,

1986; Perfetti, 1997 citado por Horta & Martins, 2004, p. 213). Neste sentido, a

ortografia assume-se como sendo a maneira correta de escrever as palavras. A definição

anteriormente apresentada remete, igualmente, para um conjunto de normas, que

regulam a forma correta da escrita. Neste sentido, tal como refere Silva (2005)

A ortografia é uma técnica gráfica, vinculada por um «Acordo» normativo, ou seja, é uma arte que consiste em desenhar num espaço concreto os grafemas definidos para o registo escrito de uma dada língua, seguindo-se um conjunto de regras combinatórias e de usos, ambos codificados (p. 32).

Neste sentido, a ortografia pressupõe a mobilização de um conjunto de normas

reconhecidas pela sociedade e a sua aplicação prática envolve uma atividade de

produção escrita resultante quer da utilização de mecanismos mentais, quer da utilização

de mecanismos motores.

Tal como já foi referido, a ortografia envolve a oralidade e a escrita, o que torna

estes dois termos indissociáveis. Desta forma, Franco, Reis e Gil (2003) referem que “a

linguagem escrita é um sistema simbólico que surge na sequência do desenvolvimento

da linguagem oral. (…) Ao contrário da linguagem oral, a linguagem escrita não se

desenvolve de forma espontânea e universal, necessitando do recurso ao ensino formal”

(p. 22-23). A aquisição da ortografia torna-se indispensável, devido à sua relevância,

tanto na vida escolar, como na vida social e profissional. Esta aquisição surge como

resultado de uma aprendizagem formal, explícita e intencional, pelo que é essencial

compreender os processos intrínsecos a esta aprendizagem.

Sendo que a comunicação oral e a escrita acarretam uma grande importância, a

ortografia é, sem dúvida, um meio eficiente para escrever e falar corretamente. Um

pleno domínio desta competência é uma mais-valia para os alunos e não constitui

apenas um critério de avaliação na área curricular de Português, mas também em todas

3

454455

456457

458459460

461

462

463

464

465

466

467

468469470471472473474

475

476

477

478

479

480

481

482

483

484

485

486

487

488

489

490

2930

Page 17: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

as outras áreas. E neste sentido são muitos os casos em que o sucesso dos alunos está

muitas vezes comprometido pela sua forma de escrever.

Em suma, é essencial que qualquer cidadão, de uma sociedade como a nossa,

demonstre conhecimento quanto às normas ortográficas e à forma como as palavras

devem ser representadas, segundo a convenção escrita. Assim, é fulcral adquirir uma

boa competência ortográfica, como se constata a seguir.

4

491

492

493

494

495

496

497498499500501502503504505506507508509510511512513514515516517518519520521522523524525526527528529530531532533534535536537

3132

Page 18: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

1.2. COMPETÊNCIA ORTOGRÁFICA

A competência ortográfica é adquirida quando os alunos aprendem e

compreendem alguns princípios básicos que constituem o sistema alfabético. Os

trabalhos desenvolvidos por Martins, 1994; Mata, 1991; Neves e Martins, 1994; Martins

e Niza 1998, nesta linha de investigação, mostraram que antes da descoberta da escrita

alfabética, isto é, da escrita baseada na representação do fonema, a criança desenvolve

conceções acerca da linguagem escrita.

A unidade-base do sistema alfabético, no qual se insere a língua portuguesa, é o

fonema. Assim, para a representação ortográfica da palavra, é necessário que a criança

obtenha o domínio consciente dos fonemas, ou seja, que desenvolva uma boa

consciência fonológica. Para que tal aconteça, o contacto com a linguagem escrita na

vida quotidiana da criança é imprescindível, pois é graças a este contacto que se

desenvolve a descoberta de características da escrita. No entanto, Silva (2004) refere

que “a consciência fonológica é uma competência necessária, ainda que não suficiente,

para o pleno entendimento conceptual do princípio alfabético” (p. 188). Assim, a

consciência fonológica não é a única via para o acesso à competência ortográfica, visto

que as correspondências entre grafema e fonema podem ser, por vezes, complexas e as

mesmas só vão sendo aprendidas tendo por base o contacto com as regularidades e

irregularidades da escrita, que culminam progressivamente numa fase ortográfica. Esta

especificidade levou a que Barbeiro (2006) dividisse o grau de complexidade das

relações entre fonemas e grafemas em dois sistemas ortográficos. O primeiro designado

de sistemas “transparentes ou superficiais” e o segundo de “opacos ou profundos”. No

primeiro caso, a língua “tende a ser representada na escrita a um nível estritamente

fonológico”, enquanto o segundo caso é caracterizado pelo “recurso à morfologia da

língua, o que quer dizer que a utilização exclusiva à fonologia não garante a exatidão da

transcrição” (p. 4).

Até que a criança atinja a escrita ortográfica, existe um longo caminho a

percorrer, no qual a descoberta do princípio alfabético constitui também um aspeto

essencial, que pode ter origem mesmo antes da escolaridade e da aprendizagem formal

da escrita. Seguindo esta linha de pensamento, Martins e Niza (1998) sistematizam esse

percurso anterior ao domínio da escrita em três fases: escrita pré-silábica, escrita

silábica e a escrita com fonetização. Na escrita pré-silábica, a criança é capaz de

diferenciar o desenho e a escrita e a mesma caracteriza-se pelo facto de a representação

5

538539540

541

542

543

544

545

546

547

548

549

550

551

552

553

554

555

556

557

558

559

560

561

562

563

564

565

566

567

568

569

570

571

3334

Page 19: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

escrita ainda não constituir uma representação da linguagem oral. A escrita das palavras

é, neste contexto, “orientada por critérios de quantidade mínima de letras” e de

“variação na sua posição para escrita de palavras diferentes” (Martins e Niza, 1998, p.

67) Para além da exigência de uma quantidade mínima de grafias para a representação

escrita, a variação do número de letras pode estar relacionada com as propriedades dos

próprios objetos, em que, por exemplo, a criança escreve mais letras se o objeto em

causa tiver grandes dimensões.

Por sua vez, a fase da escrita silábica, surge no seguimento da descoberta de que

a escrita das palavras é constituída por letras dispostas em sequência, sendo que a

criança estabelece uma relação entre essa representação e a forma oral. A unidade de

representação é a sílaba e a ligação da escrita à linguagem oral, ainda que realizada por

meio da unidade silábica, leva ao contacto com os segmentos fónicos que constituem as

palavras. Em vez da arbitrariedade na escolha das letras, adota-se a representação de um

dos elementos da sílaba.

Consequentemente desenvolve-se a terceira fase: a escrita com fonetização.

Embora a unidade-base para a representação possa continuar a ser a sílaba, esta é

representada por uma letra correspondente a um dos seus segmentos fónicos. A

fonetização da escrita conduz à descoberta do princípio alfabético. Esta descoberta

permite à criança permite a chegada à escrita alfabética, ou seja, a escrita que toma o

fonema (segmento fónico), como unidade linguística para a representação da oralidade.

Como abordado anteriormente, apesar de constituir uma base que ajudará a

criança no ensino formal, a conceção da escrita não pode ser facilmente explicada com

base na conceção alfabética simples, pois a criança terá de desenvolver o seu

conhecimento ortográfico. Esta pode ser uma tarefa bastante complexa, pelo facto de

muitos alunos possuírem conhecimentos acerca do sistema alfabético, mas

desconhecerem as restrições relativas às normas ortográficas.

Neste sentido para Barbeiro (2007) a competência ortográfica consiste

na capacidade do sujeito de escrever as palavras, de acordo com as normas estabelecidas pela comunidade a que pertence. Essas normas seguem como princípio de base o princípio alfabético, ou seja, a unidade tomada como base para a representação escrita é o fonema. Todavia, tal princípio é actualizado ou levado à prática tendo em conta, designadamente, factores e regras contextuais, morfológicos e etimológicos (p. 33).

No sentido de se perceber a complexidade da relação fonema-grafema, Marques

(2003, p. 24-25) diz-nos que desta relação resultam cinco tipo de ocorrências:

6

572

573

574

575

576

577

578

579

580

581

582

583

584

585

586

587

588

589

590

591

592

593

594

595

596

597

598

599600601602603604605

606607

608

3536

Page 20: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

- Um só fonema representado por um só grafema (por ex., dar, tia, paz…);

- Um só fonema representado por grafemas diferentes (por ex., geada, jeito…);

- Um só fonema representado por um dígrafo (por exemplo: velho, ninho…);

- Vários fonemas diferentes representados pelo mesmo grafema (por ex., exame,

enxame, auxílio, fixar…);

- Um grafema que pode não representar qualquer som (por ex., higiene…).

A partir das combinações de letras que o sistema de escrita alfabética permite, a

norma ortográfica concebe outras restrições. Em alguns casos existem regras implícitas

e noutros elas são inexistentes, o que exige a memorização de quem escreve, sem seguir

qualquer tipo de regra.

Assim, pode-se considerar que a ortografia da língua portuguesa é constituída

por regularidades e irregularidades, sendo que, no primeiro caso, a norma define as

possibilidades de letras para determinado som, em que é necessário optar pela letra ou

dígrafo correto. Nestes casos existem inúmeras regras são interiorizadas ao longo do

tempo. Desta forma, as irregularidades não são sustentadas por nenhuma regra, os

grafemas existentes em determinada palavra devem-se à sua etimologia, isto é, à sua

origem (Morais, 2007). Por conseguinte, poderá também ser necessário que o aluno

recorra à forma escrita das palavras, ou seja, à sua morfologia para que apresente uma

escrita sem erros ortográficos.

O reconhecimento da não existência de uma relação biunívoca, regular e

constante entre letras e sons é a aprendizagem mais morosa e difícil, exige mais esforço

para ser assimilada e leva a criança a diferentes representações. É normal os alunos

manifestarem indecisões relativamente ao domínio da ortografia quanto à escrita de

palavras pouco comuns e que contêm correspondência letra-som de tipo irregular.

Nestes casos é aconselhado o uso do dicionário e os hábitos de leitura assumem também

grande importância. Os mesmos devem iniciar-se em casa, em contexto familiar e ser

consolidados no ambiente escolar. O ato de ler possibilita inúmeras aprendizagens que

acompanharão a criança pela vida académica e, por esse motivo, a leitura e a

consolidação dos hábitos de leitura são fatores importantes para o sucesso escolar. Desta

forma, a estimulação de hábitos de leitura deve ser um objetivo partilhado pela escola e

pela família. Esta ideia é reforçada por Sabino (2008) ao defender que “o estímulo para

a leitura deve ser feito pelos familiares no lar, à medida que a criança cresce,

prolongando-se por toda a idade escolar”. (p. 3)

7

609

610

611

612

613

614

615

616

617

618

619

620

621

622

623

624

625

626

627

628

629

630

631

632

633

634

635

636

637

638

639

640

641

3738

Page 21: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

Uma vez considerados os aspetos que podem contribuir para a aquisição da

competência ortográfica, importa também que os erros ortográficos sejam analisados,

pois são parte constituinte de um processo de aquisição global e complexo, como será

demonstrado seguidamente.

8

642

643

644

645

646

647648649650651652653654655656657658659660661662663664665666667668669670671672673674675676677678679680681682683684685686687688

3940

Page 22: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

1.3. O ERRO NA ESCRITA

A complexidade associada ao sistema alfabético mostra que existe uma relação

de dependência entre a oralidade e a escrita. Essa mesma dependência conjugada com as

regularidades e irregularidades que caracterizam a ortografia da língua portuguesa, são

os elementos responsáveis pelo surgimento de erros.

As incorreções ortográficas praticadas pelos alunos cumprem um papel

significativo, pois permitem ter acesso às suas reproduções sobre a escrita correta e

segundo Jaffré (1990) “o verdadeiro progresso de uma criança não é passar de um

estado com erros para um estado sem erros mas sim, não cometer mais os mesmos

erros, de constatar que eles mudam” (p. 2). Assim, os erros devem ser considerados

construtivos, isto é, devem ser encarados como parte importante no processo de

aprendizagem do aluno.

Em termos pedagógicos, podem ser tomadas duas posições face ao erro: ou

considerá-lo como algo indesejável e, como tal, reprovável no âmbito do processo de

ensino-aprendizagem, ou então como algo inevitável nesse mesmo processo (Azevedo,

2000). Nesta linha de pensamento, Pinto (2008) refere:

o erro ortográfico, desempenha assim dois papéis. Um dos papéis está relacionado com a visão clássica de falha e constitui objecto de «censura» com vista a melhores desempenhos de acordo com a norma ortográfica estabelecida e transmitida aos aprendentes. O outro papel do erro encontra-se porventura menos vulgarizado. Trata-se, com efeito, de uma via que nos permite penetrar no modo como a escrita se pode revelar um objecto em construção a partir de conhecimentos que a criança possui no momento. E confere-nos, por isso, a capacidade de acompanhar o processo inerente ao desenvolvimento do conhecimento (p. 142).

Para que se compreendam os aspetos que comprometem a aprendizagem da

ortografia, Batista, Viana e Barbeiro (2011) definem alguns que podem ser tomados

como base para a análise de incorreções ortográficas. Os primeiros aspetos referidos por

estes autores começam por apontar para a forma como vulgarmente os alunos se

expressam oralmente, que nem sempre se aproxima da norma ortográfica, o que provoca

incorreções quando escrevem a palavra tal como a aplicam na oralidade. Neste sentido,

é importante que alunos sejam regularmente confrontados e expostos à forma de registo

cuidado, ou seja, após a constatação do erro deve ser mostrada a forma ortográfica

correta das palavras. Alguns exemplos de palavras provenientes deste tipo de erros são:

“sacu” em vez de saco; “cuartel” em vez de quartel; “rapash” em vez de rapaz. Podem

ainda encontrar-se erros relacionados com a transcrição de fonemas de sílabas

9

689690691

692

693

694

695

696

697

698

699

700

701

702

703

704

705706

707708709710711712713714715

716

717

718

719

720

721

722

723

724

725

726

4142

Page 23: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

complexas (prato); de sílabas terminadas por consoante (animal - animale); de sílabas

em que o núcleo é constituído por um ditongo (queimar - quemar); à transcrição da

nasalidade (sentaram-se - setaram-se); e com a discriminação da oposição surda/sonora

(foram – voram).

Outros erros dados pelos alunos podem ser de origem contextual e de

acentuação. Os erros de origem contextual referem-se à combinação com outros sons e

um exemplo deste caso é a confusão que alguns alunos apresentam na utilização dos

grafemas <m> e <n>, em que <m> é utilizado para nasalar a vogal, antes de <p> ou

<b>, consoantes correspondentes a sons bilabiais, e no final da palavra. Exemplo:

campo; sombra; fim. Antecedente a outras consoantes é aplicado o <n>. Como por

exemplo nas palavras: convite; entrar; anjo; pintar. Para finalizar, a escrita com <x>

para o som /∫/, procedente aos ditongos ai, ei, oi, por exemplo em caixote; queixo;

rouxinol.

Os erros de acentuação dizem respeito à posição, tónica ou átona, em que se

encontram, ou seja, neste caso é importante que o aluno compreenda a regra da escrita

com <-am> ou <-ão>, nas terminações verbais da terceira pessoa do plural. O ditongo

final é escrito com a grafia <-am> quando pertence a uma sílaba átona. Por sua vez é

escrito com <-ão> quando corresponde a uma sílaba tónica. Estas duas grafias referem-

se a tempos verbais diferentes. Ainda no seguimento dos erros de acentuação, mais

concretamente de acentuação gráfica, os autores Batista, Viana e Barbeiro (2011)

indicam que estes merecem uma atenção particular, pois há uma desconsideração

generalizada por parte dos alunos neste aspeto, na medida em que consideram a sua

utilização pouco importante.

Como já tivemos oportunidade de referir, para uma escrita ortograficamente

correta, existem casos em que é necessário recorrer à memória, recorrendo à via lexical.

Um forte elemento de apoio para a escrita com correção é a junção da informação

fonológica com a informação morfológica. Deste modo, o aluno consegue optar pela

forma ortográfica correta, para escrever determinada palavra, embora em alguns

momentos se possa deparar com a presença de exceções.

Os autores já referidos indicam também o aspeto da influência da oralidade na

escrita uma vez que, antes da entrada na escola, já dominamos a fala, desenvolvida no

meio familiar e social. Através do ensino formal, é transmitido que a linguagem escrita

possui regras mais rígidas no que toca à estruturação, sintaxe, concordância verbal e a

um padrão ortográfico que a oralidade não possui. Na escrita as palavras constituem

10

727

728

729

730

731

732

733

734

735

736

737

738

739

740

741

742

743

744

745

746

747

748

749

750

751

752

753

754

755

756

757

758

759

760

4344

Page 24: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

uma unidade visual independente, que por exemplo, são separadas entre si por um

espaço como acontece no caso de “derrepente” – “de repente”.

Existem também combinações de palavras que, pelo facto de serem de uso

constante e se interligarem a partes de outras palavras, podem causar a separação de

constituintes de uma palavra como por exemplo no caso de “de pois” – “depois”; “de

vagar” – “devagar”.

Como se pode verificar, são múltiplos os erros passíveis de serem cometidos

pelos alunos, devido a múltiplos fatores. Seguidamente serão apresentadas formas de

agrupar os erros já vistos, através das várias tipologias desenvolvidas por alguns

autores.

11

761

762

763

764

765

766

767

768

769

770

771

772

773

774

775

776

777

778

779

780

781

782

783

784

785

786

787

788

789

790

791

792

793

794

4546

Page 25: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

1.4. TIPOLOGIAS DE ERROS

Muitos são os autores que, ao longo dos anos, através das suas investigações,

deram a conhecer as suas perspetivas face às tipologias possíveis face ao erro. Neste

sentido, foram escolhidos cinco autores que apresentaram tipologias de erros, como é o

caso de Horta e Martins (2004) que adotaram uma classificação de erros baseada em

sete categorias:

1) Ortográficos de uso: erros que alteram a grafia mas que conservam a forma

sonora das palavras (ex: avia – havia);

2) Fonéticos de Tipo 1: erros em que a correspondência fonema-grafema seria

possível noutros contextos, mas que, no contexto da palavra em causa,

alteram a sua forma sonora (ex: poças – posas);

3) Fonéticos de Tipo 2: erros em que a correspondência fonema/grafema é

incorreta, alterando a forma sonora da palavras (ex: maravinhoso –

maravilhoso);

4) Segmentações incorretas: erros decorrentes de segmentações incorretas de

palavras no enunciado oral (ex: a pareciam – apareciam);

5) Flexão de género ou número: erros dados por substituição do género ou do

número da palavra (ex: rochas – rocha);

6) Palavras irreconhecíveis: erros que não permitem o reconhecimento da

palavra (ex: petra; sima);

7) Outros: outro tipo de erros não enquadráveis nas categorias anteriores.

Cardoso, Costa e Pereira (2002) por sua vez, contemplam três grandes categorias

de desvios ou erros que reúnem os diferentes níveis de análise linguística.

Apresentamos, de seguida, a tipologia referida.

12

795

796797798

799

800

801

802

803

804

805806

807

808

809810

811

812

813814

815

816817

818

819820

821

822823

824825

826

827

828829830831832

4748

Page 26: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

Exemplos

Desvios Ortográficos

a) Relação assistemática som/grafia caza – casa

b) Translineação ca/rro – car/ro

c) Acentuação cantáva – cantava

d) Uso de maiúscula por minúscula e vice-versae) Pontuação

Desvios Fonéticos

a) Inserção felor – flor

b) Omissão bricar – brincar

c) Inversão perciso – preciso

d) Substituição faso – vaso

Desvios Morfológicos

a) Segmentação ou delimitação e palavras da-mos – damoschamase – chama-se

b) Flexão cãos – cães

c) Derivação adoentou – adoeceu

Quadro 1 - Tipologia de erros (Cardoso, Costa & Pereira, 2002)

Ainda Barbeiro (2007) refere que as tipologias de erros abarcam diferentes

aspetos como:

o confronto entre a forma correcta e a forma incorrecta, com considerações das operações que permitem relacionar as duas (omissões, adjunções, etc.); a relação com a oralidade (designadamente se o erro permite ou não a reconstituição da forma fónica); a relação com a estrutura morfológica; a unidade gráfica correspondente à palavra; a utilização de diacríticos, como os acentos; a relação com convenções relativas à translineação e à utilização de maiúsculas e minúsculas (p. 107).

De uma forma geral e, após a apresentação das duas tipologias, é possível

concluir que não existe um critério universal na categorização dos erros, facto que

poderá resultar, por um lado, da possibilidade de certos erros serem distribuídos por

mais do que uma categoria e, por outro, pelo facto de decorrerem de estudos empíricos

com objetivos distintos. Efetivamente, Pinto (1998) já havia mencionado “a dificuldade

que por vezes representa distribuir (classificar) os erros por categorias e de em certos

casos algumas palavras abrigarem em si mais do que uma categoria de erro” (p. 158).

13

833834

835836

837838

839840841842843844845

846847

848

849

850

851

852

853

4950

Page 27: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

É de salientar que os exemplos acima expostos se apresentam como alguns entre

muitos outros que poderiam ser apresentados. Pretende-se apenas demonstrar os erros

que podem ser cometidos, tendo em conta que a língua portuguesa apresenta uma forte

componente de base fonológica.

Como foi possível verificar, os erros ortográficos podem agrupar-se em várias

categorias, possuindo um caráter diversificado. Tal como os erros, as suas causas podem

ser diversas, como será possível confirmar a seguir.

14

854

855

856

857

858

859

860

861862863864865866867868869870871872873874875876877878879880881882883884885886887888889890891892893894895896897898899900901

5152

Page 28: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

1.5. CAUSAS E ORIGENS DOS ERROS

Pretende-se, neste subcapítulo, apresentar algumas das causas e origens dos

erros ortográficos, embora algumas delas possam já ter sido referenciadas quando se

abordaram os processos implicados na aquisição/aprendizagem da ortografia, bem como

na sistematização dos tipos de erros ortográficos. Contudo, serão abordados aspetos que

ainda não foram tratados e sobre os quais importa aludir.

Tendo por base a informação de que, para atingir o domínio de um sistema

ortográfico, o aluno deverá desenvolver competências ligadas a uma diversidade de

princípios e critérios, é possível dizer que a diversidade de erros é comparável à

variedade de causas que podem estar associadas aos mesmos.

Seguindo esta linha de pensamento, Gomes (2006) afirma que sistematizar de

forma exaustiva as causas dos erros não é tarefa fácil, já que são “inumeráveis os

factores que contribuem para que o aluno erre” (p. 93). Por sua vez Silveira (2006)

refere que as causas que originam o erro ortográfico podem ser inúmeras, como “as

causas psicológicas, as causas derivadas dos métodos de ensino, as causas das

dificuldades da própria língua; as causas relacionadas com o meio social e cultural do

aluno.” (p. 169) No entanto, Gomes (2006) enumera, de entre os fatores possíveis: os

aspetos psicológicos (memória, atenção, perceção e lateralidade), os métodos de leitura

e de escrita adotados, o meio social dos alunos (pobreza do vocabulário, hábitos de

leitura), o contacto com situações predominantemente orais (conversações,

audiovisuais), as dificuldades da própria língua e as interferências linguísticas.

Apesar desta diversidade de causas, Mateus (2002) destaca a psicomotricidade

como um aspeto importante, dado que “a caligrafia deficiente, muito miúda, ilegível por

vezes, tem uma influência dupla igualmente prejudicial: levanta a dúvida no espírito de

quem lê (…) e cria uma imagem visual errada no campo dos conhecimentos, já bastante

inseguros, de quem escreve” (p. 106).

Azevedo (2000) considera igualmente que muitas são as razões para que o aluno

erre e que o erro poderá indicar aprendizagens que não foram alcançadas, bem como a

utilização de estratégias cognitivas inadequadas. Por outro lado, os equívocos também

poderão explicar outros tipos de erros que, neste caso, não são atribuíveis à falta de

conhecimentos, mas ao cansaço ou falta de atenção.

15

902903904

905

906

907

908

909

910

911

912

913

914

915

916

917

918

919

920

921

922

923

924

925

926

927

928

929

930

931

932

933

5354

Page 29: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

Identificadas, de uma forma sistematizada, as possíveis causas e origens do erro

na escrita, emerge a necessidade de destacar algumas das estratégias de tratamento que a

investigação nesta área nos oferece, assunto que irá ser abordado no ponto seguinte.

16

934

935

936

937938939940941942943944945946947948949950951952953954955956957958959960961962963964965966967968969970971972973974975976977978979980

5556

Page 30: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

1.6. O PAPEL DO PROFESSOR NO DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA

Tendo em conta a complexidade que se encontra associada ao bom domínio da

competência ortográfica, o professor assume um papel importante, pois cabe ao mesmo

perceber os processos inerentes à aquisição desta capacidade e criar condições para que

os alunos adquiram o conhecimento necessário ao sucesso neste domínio.

Inicialmente, partindo do conhecimento implícito da língua que o aluno possui, o

professor deverá ajudá-lo a tornar esse conhecimento mais explícito e intencional, o que

é fulcral para a sua compreensão. Assim, a partir do conhecimento que o aluno tem

sobre a língua, o professor assume o papel de analisar e explicitar as regras que

constituem a mesma, bem como estratégias e técnicas que devem ser objeto de um

ensino sistematizado. Para que este processo seja facilitado, é igualmente importante

que o aluno tenha uma boa competência metalinguística, ou seja, “a construção de um

conhecimento reflectido sobre a língua.” (Silveira, 2006, p. 52).

Até ao momento de iniciar uma aprendizagem formal, todas as crianças já têm

uma ideia construída relativamente à escrita. A ideia que cada criança constrói acerca da

escrita difere em função das experiências anteriores, tendo em conta o seu ambiente

familiar e cultural, o facto de terem ou não frequentado uma instituição de ensino pré-

escolar, entre outros. Desta forma, é possível dizer que um ambiente rodeado de

informação escrita influencia positivamente o desenvolvimento da escrita e

posteriormente da ortografia. Contudo, só isto não é suficiente, pois o professor deverá,

segundo Silveira (2006):

conduzir ao conhecimento progressivo das relações entre a escrita e a estrutura fonológica das palavras, levando-a a uma aprendizagem adequada. Seguindo um conjunto de regras (sintáticas, morfológicas, pragmáticas) que deverão ser explicitamente abordadas, ajudar-se-á a criança a passar do saber práctico ao saber concetual. (p. 115)

As dificuldades no domínio da ortografia emergem nos primeiros anos de

aprendizagem formal, no que toca à correspondência som-grafema. Tal como já foi

referido, o sistema alfabético português não apresenta uma regularidade constante na

correspondência grafema-fonema e vice-versa.

Neste sentido, Marques (2003) refere que “quem ensina ortografia deverá

possuir noções claras acerca da relação entre os fonemas e os grafemas que os

17

981982983984

985

986

987

988

989

990

991

992

993

994

995

996

997

998

999

1000

1001

1002

1003

100410051006100710081009

10101011

1012

1013

1014

1015

1016

5758

Page 31: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

representam, sobretudo quando essa relação não é biunívoca (um fonema - um

grafema)” (p. 24).

É de referir, que o professor ao aplicar o conhecimento que tem acerca da

ortografia deve, antes de mais, conhecer o aluno e o seu ritmo de aprendizagem, bem

como recorrer a estratégias motivadoras que facilitem este processo. Se os alunos se

sentirem motivados, aprendem mais facilmente o que lhes é transmitido, pois sentem-se

confiantes e envolvem-se na tarefa, adotando uma postura empenhada.

Como tal, existem estratégias que podem ajudar o professor no trabalho

desenvolvido com os alunos, como irá ser tratado de seguida.

18

1017

1018

1019

1020

1021

1022

1023

1024

1025

1026

1027

1028

1029

1030

1031

1032

1033

1034

1035

1036

1037

1038

1039

1040

1041

1042

1043

1044

1045

1046

1047

1048

5960

Page 32: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

1.7. ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA ORTOGRÁFICA

É importante começar por referir que não existem modelos nem modos de

atuação ideais, no que respeita à prática pedagógica, e o modo de intervenção do

professor deve ser adaptado à realidade onde se encontra inserido. Pretende-se portanto,

indicar algumas ideias e estratégias que podem ser adotados, tendo em vista a

minimização do erro ortográfico.

Assim, uma primeira estratégia a adotar poderá ser uma dicção correta no

contacto com os alunos. Neste sentido, Rio-Torto (2000) enfatiza a necessidade que o

professor deve colocar no cuidado com a dicção, de modo a que as palavras sejam

pronunciadas com a máxima clareza e correção. A mesma autora, propõe ainda algumas

atividades relativas aos erros que afetam a representação ortográfica da palavra:

Vários caminhos podem ser ensinados no sentido de se levar o aluno a estabelecer as conexões estruturais (formais e semânticas) com as bases ou até mesmo com os étimos das palavras deficientemente transcritas. Relacionar assustados com susto, apaziguar com paz, cruzeiro com cruz, desprezar com prezar, diziam com dizer, ferozes com feroz, felizmente com feliz, reluzentes com luz, apesar com peso, pesar, classicismo com clássico, ansioso com ânsia, ansiedade, explicar as relações estruturais e formais entre os termos de cada par, fazendo o aluno tomar consciência de que a grafia de base é herdada e preservada pelo derivado, não parece ser tarefa difícil de levar a bom porto. De igual modo, explicar, exemplificando, que todos os adjectivos terminados em –oso/a se escrevem com -s- intervocálico, e atestá-lo em amoroso, brioso, choroso, temeroso, ruidoso, jeitoso, saudoso, etc., não só ajuda a reter a caligrafia correcta, como permite avivar a consciência da composição/da morfologia da palavra. Paralelamente, estabelecer o paralelismo entre conceber, receber, perceber, possibilita uma análise comparativa entre produtos congéneres, que abre caminho a uma melhor percepção da estrutura interna dos verbos. No domínio do vocalismo, estabelecer a relação entre capuchinho e capucha/o, guloseima e guloso, gulosos e gula, evita certamente os erros que as grafias *capochinho, *goluseima e *golosos representam, e que radicam na habitual pronúncia como vogal posterior fechada de /u/ pré-tónico (p. 606-607).

Por sua vez, Barbeiro (2007) define um conjunto de estratégias facilitadoras da

aquisição da competência ortográfica.

Assim, numa fase inicial, este autor defende a importância da revisão de textos.

Esta mesma revisão pode seguir algumas linhas de orientação como o desenvolvimento

da capacidade de o aluno detetar as incorreções ortográficas, a criação de oportunidades

para o aluno contactar com a forma correta de escrever a palavra, que poderá ser escrita

pelo professor ou consultada num material de apoio (listas de palavras, dicionário) e, no

início da aprendizagem ou caso o aluno apresente dificuldades, este poderá escrever as

19

1049105010511052

1053

1054

1055

1056

1057

1058

1059

1060

1061

10621063106410651066106710681069107010711072107310741075107610771078107910801081108210831084

1085

1086

1087

1088

1089

1090

1091

6162

Page 33: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

palavras num outro local (no caderno, folha de rascunho, quadro, cartões). É também

importante procurar que o aluno tome consciência das suas dificuldades, que as

explicite, que recorde regras ortográficas já aprendidas, estabeleça relações de

semelhança e de contraste com outras palavras. Por fim, é importante promover a

progressiva autonomia do aluno cabendo ao professor criar momentos de

desenvolvimento da prática de consulta e de confirmação da forma de escrever a

palavra, com recurso a instrumentos como listas de palavras, ocorrência da palavra em

textos trabalhados anteriormente, dicionário).

O aperfeiçoamento ortográfico no âmbito da revisão e de reescrita de textos

pode ter continuidade em momentos posteriores, dedicados especificamente à sua

aprendizagem. Deste modo, Barbeiro (2007) sugere algumas estratégias facilitadoras

neste sentido, tais como: construção de listas de palavras difíceis para trabalho posterior,

organizadas por conjuntos ou agrupando casos semelhantes e utilizadas na verificação

quanto à consolidação da sua aprendizagem, por exemplo, por meio de ditado de

palavras difíceis.

Associadas a estas estratégias com vista à minimização dos erros, podem ser

também referidas algumas “técnicas” de trabalho como os ditados, das cópias e das

repetições. Estas técnicas têm vindo a ser associadas a um método tradicional de ensino

e não têm recolhido opiniões consensuais. Gomes (2006) sublinha, que na realização do

ditado, o aluno só poderá escrever as palavras de uma de duas maneiras: “como está

habituado a escrever, ou se se tratar de palavras que nunca escreveu antes, como lhe

parece que devam ser escritas” (p. 163). Ainda sobre este assunto, duas situações são

possíveis: ou a grafia habitual é correta e de nada servirá o ditado, ou a sua grafia é

errada e o ditado só servirá para solidificar ainda mais o erro; na segunda situação, uma

vez que se trata de palavras desconhecidas, são grandes as possibilidades de as escrever

incorretamente.

Por outro lado, alguns autores como é o caso de Mateus (2002) defendem que o

ditado poderá funcionar como uma das variadas estratégias que podem ser

implementadas para a prevenção ou melhoria das incorreções ortográficas. O mesmo

autor indica que o ditado poderá ser realizado de duas formas, ou é preparado

cuidadosamente ou não é preparado e é corrigido logo que termine. A correção deste

deve ser imediata à sua conclusão e pode ser realizada pelo próprio professor e pelos

próprios alunos, que se autocorrigem ou corrigem reciprocamente, podendo recorrer a

20

1092

1093

1094

1095

1096

1097

1098

1099

1100

1101

1102

1103

1104

1105

1106

1107

1108

1109

1110

1111

1112

1113

1114

1115

1116

1117

1118

1119

1120

1121

1122

1123

1124

6364

Page 34: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

um dicionário ou vocabulário pessoal, ou verificar os erros através do confronto com o

texto original.

Gomes (2006) defende que o ditado pode apresentar-se como uma abordagem

tão legítima como outras, “com a vantagem de que, com ele, os alunos podem ter acesso

imediato aos seus (des)acertos. Desde que se faça uma reflexão sobre tal prática o

ditado pode constituir um estimulante momento de aprendizagem” (p. 164).

No que concerne às cópias, a maior crítica associada a esta atividade é relativa

ao cariz de artificialidade e de repetição, tornando-se, uma tarefa desprovida de sentido,

em que a ação de copiar não implica necessariamente a atenção nem a retenção. Assim,

Pinto (1998) refere que “o facto de a tarefa-cópia se poder processar sem exigir a

retenção desejada do material verbal que se encontra a ser trabalhado e se poder

executar com o pensamento muito distante não se coaduna com o pretender-se que a

cópia (…) sirva a consolidação da linguagem escrita” (p. 231).

Por fim, uma estratégia que parece assumir cada vez mais relevância é a de

incutir hábitos de leitura nos alunos. Por esta razão, é necessário que se estabeleçam

estratégias para que se promova a leitura em contexto escolar preparando-se atividades

atrativas que captem a atenção dos alunos. Deve-se, assim, colocar à disposição dos

alunos géneros literários que lhes interessem com temas direcionados para diferentes

faixas etárias.

Magalhães e Alçada (1994) referem que “os professores interessados em

promover o gosto pela leitura, têm tudo a ganhar se tomarem conhecimento destas

preferências… Saber do que gostam e do que não gostam significa afinal compreendê-

los melhor.” (p. 41). Torna-se também fulcral que nas rotinas pedagógicas diárias, os

professores concedam não só tempo, mas também espaços dentro da sala de aula para a

leitura e locais para a exposição de livros, de acesso fácil.

21

1125

1126

1127

1128

1129

1130

1131

1132

1133

1134

1135

1136

1137

1138

1139

1140

1141

1142

1143

1144

1145

1146

1147

1148

1149

1150

1151

1152

1153

1154

1155

11561157

6566

Page 35: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

22

1158

1159

1160

1161

1162

1163

1164

1165

1166

1167

1168

1169

1170

1171

1172

1173

1174

1175

1176

1177

1178

1179

6768

Page 36: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

CAPÍTULO 2

PROBLEMATIZAÇÃO E METODOLOGIA

2.1. PROBLEMA, OBJETIVOS E QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO

A escrita correta das palavras é um desafio para muitos alunos e apresenta-se

como uma problemática transversal aos diferentes anos de escolaridade. Este é um tema

que tem sido desenvolvido em alguns estudos em Portugal, como já referido no capítulo

referente ao enquadramento teórico, sobre a aprendizagem da escrita, em geral, e da

ortografia, em particular.

Para a formulação do problema de investigação, partiu-se inicialmente da

observação realizada ao longo do período de estágio, onde se verificou o número de

erros dado pelos alunos da turma, mais concretamente, do 3.º ano de escolaridade.

Posteriormente e através das conversas informais realizadas com a colega de estágio,

que se encontrava a estagiar com uma turma do mesmo ano de escolaridade, constatou-

se que esta era também uma realidade presente na mesma turma. Recorrendo ainda a

este instrumento de recolha de dados, notou-se que esta era uma problemática também

vivida pelas docentes do 4.º ano de escolaridade.

Destacando Silva (2007) o mesmo afirma que é possível encontrar resultados

relativos à prevalência, tipo e evolução de erros ao longo dos ciclos, bem como

propostas de intervenção pedagógica. No entanto, um dado comum destas mesmas

investigações é o seu enfoque no aluno. Assim, como refere Silva (2007),

No domínio da aprendizagem da ortografia são escassos os estudos que abordam metodologias de treino e de intervenção, as quais podem, não só proporcionar pistas para estratégias de ensino, mas igualmente, desde que eficazes, fornecer indicadores sobre o processo de construção e mobilização de conhecimentos ortográficos. (p. 172)

De uma certa forma, esta situação evidencia uma lacuna no campo da

investigação nas dificuldades de escrita, principalmente no que respeita às conceções e

às estratégias implementadas por professores relativamente ao erro ortográfico.

Pretendeu-se deste modo, obter uma visão crítica sobre a forma como as professoras,

em primeiro lugar, concebiam os erros ortográficos e, em segundo lugar, desenvolviam

estratégias e atividades pedagógicas para solucionar ou minimizar este aspeto. Assim,

23

11801181

11821183

1184118511861187

1188

1189

1190

1191

1192

1193

1194

1195

1196

1197

1198

1199

1200

1201

1202

1203

120412051206120712081209

12101211

1212

1213

1214

1215

1216

6970

Page 37: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

foi necessário selecionar de entre a multiplicidade de metodologias e métodos existentes

aqueles que melhor correspondessem aos propósitos que se pretendiam atingir. Posto

isto, optou-se pelo recurso a uma metodologia de investigação qualitativa, que é

utilizada quando, como referencia Vale (2004) “se pretende descrever e explicar

fenómenos” (p. 193). Posto isto, pareceu pertinente a exploração deste tema segundo a

perspetiva das docentes, neste caso concreto, do 3.º e 4.º ano de escolaridade.

Um dos pontos de partida para a elaboração de uma investigação qualitativa

prende-se com a formulação de um problema, que consiste, segundo Sousa (2005) no

“objetivo da investigação, a meta que se pretende atingir, a pergunta científica para a

qual queremos resposta.” (p. 44). Neste sentido, formularam-se as seguintes questões de

pesquisa:

(1) Quais as conceções das docentes de 3.º e 4.º ano de escolaridade face ao erro

ortográfico?

(2) Quais as estratégias a que recorrem para o desenvolvimento da ortografia?

Com o desenvolvimento deste trabalho de investigação, pretendeu-se atingir os

seguintes objetivos: identificar as conceções que as professoras têm relativamente ao

erro na escrita, verificar as estratégias utilizadas pelas mesmas e identificar o tipo de

feedback fornecido aos alunos após a correção dos trabalhos escritos.

Procurou-se também evidenciar os pontos de convergência e divergência que as

docentes possuem no que toca a conceções sobre o domínio ortográfico, práticas

desenvolvidas e feedback dado aos alunos quanto ao erro na escrita.

24

1217

1218

1219

1220

1221

1222

1223

1224

1225

1226

1227

1228

1229

1230

1231

1232

1233

1234

1235

1236

1237

1238

1239

1240

1241

12421243

1244

1245

1246

1247

124812491250

7172

Page 38: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

2.2. PARADIGMA

Com o presente trabalho de investigação tentou-se perceber quais as conceções

de professoras de 3.º e 4.º ano de escolaridade, face aos erros ortográficos e quais as

estratégias a que recorrem para desenvolver este problema junto dos alunos. Sousa

(2005) refere que este problema de estudo é “o objectivo da investigação, a meta que se

pretende atingir, a pergunta científica para a qual procuramos resposta” (p. 44).

Desta forma, trata-se de um trabalho de investigação que se encontra no

paradigma qualitativo, dado que se procurou compreender os fenómenos do ponto de

vista dos participantes, realizando entrevistas às docentes. Quanto ao trabalho

qualitativo, e tendo em conta que se pretendia a compreensão das representações das

docentes, Bogdan e Biklen (1994) referem que “o objectivo dos investigadores

qualitativos é o de melhor compreender o comportamento e experiência humanos” (p.

70), assumindo o investigador um contacto intenso com os sujeitos.

Uma vez que a investigação qualitativa procura compreender os fenómenos em

profundidade e dentro de contextos específicos, considera-se também que este trabalho

assenta numa abordagem interpretativa, pois a partir das entrevistas realizadas às

docentes foram recolhidos dados descritivos que foram, posteriormente, analisados. Este

tipo de orientação tem por finalidade, segundo Oliveira, Pereira & Santiago (2004) “a

compreensão dos fenómenos ou características de uma dada população sem a

preocupação de intervenção.” (p. 27).

Ainda segundo os mesmos autores, no que respeita aos traços metodológicos,

este tipo de orientação pode comportar, ao nível da recolha de dados, tanto estratégias

quantitativas como qualitativas. No caso das estratégias qualitativas, a entrevista e a

observação são as mais valorizadas. Neste sentido “procura-se obter uma descrição dos

fenómenos, ou de determinadas características da análise da sua frequência ou de

operações de correlação entre variáveis.” (p. 27)

Tendo como referência as indicações dadas pelos autores, o desenvolvimento

deste trabalho teve na sua base um caráter interpretativo, para que fosse possível chegar

a uma compreensão do fenómeno em estudo.

25

125112521253

1254

1255

1256

1257

1258

1259

1260

1261

1262

1263

1264

1265

1266

1267

1268

1269

1270

1271

1272

1273

1274

1275

1276

1277

1278

1279

1280

12811282

1283

7374

Page 39: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

2.3. PARTICIPANTES

Os participantes neste estudo surgiram no seguimento do contexto de estágio

realizado no 1.º Ciclo do Ensino Básico e constituem, no total, quatro docentes, mais

concretamente, duas docentes do 3.º ano de escolaridade e duas docentes do 4.º ano de

escolaridade. As mesmas são as docentes titulares das respetivas turmas e lecionam num

Colégio Privado da área metropolitana de Lisboa.

Relativamente ao percurso académico das docentes, três delas são licenciadas

em Ensino do 1.º Ciclo e apenas uma possui Mestrado em Educação Pré-Escolar e

Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico. A idade média das mesmas situa-se nos 30 anos

e, quanto aos anos de serviço, a primeira docente entrevistada tem nove anos de serviço,

a segunda, sete anos, a terceira três anos de serviço e a quarta, onze anos.

Foram escolhidas docentes do 3.º e 4.º ano de escolaridade pelo facto de, nos

primeiros anos de ensino formal, o enfoque do ensino ao nível da escrita situar-se,

sobretudo, no código escrito (escrever letras e palavras). Por esta razão, o número de

erros cometidos nesta fase pode ser considerado “normal”. Após o mecanismo das

correspondências grafo-fonéticas estar adquirido, o ensino sobre a escrita, no 3.º e 4.º

ano de escolaridade passa a incidir sobre o desenvolvimento de competências mais

avançadas como produzir frases complexas, planear a escrita e rever o que se escreveu,

capacidades necessárias à produção de textos (Gersten. & Baker, 2001). Assim,

considera-se que nestes dois últimos anos de escolaridade do 1.º Ciclo do Ensino

Básico, é suposto os alunos já terem adquirido um certo domínio da escrita, ao contrário

do 1.º e 2.º ano de escolaridade, em que ainda se encontram numa fase de aprendizagem

inicial.

26

128412851286

1287

1288

1289

1290

1291

1292

1293

1294

1295

1296

1297

1298

1299

1300

1301

1302

1303

1304

1305

1306

1307

1308

1309

1310

1311

1312

1313

1314

1315

13161317

1318

7576

Page 40: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

2.4. INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS

Os instrumentos de recolha de dados constituem elementos essenciais, uma vez

que da utilização destes advém a qualidade e o êxito de um trabalho de investigação. A

sua elaboração e aplicação deve ser o mais completa possível, de forma a captar todas as

informações relacionadas com os fenómenos em estudo. Para tal, deve ter-se em conta

os objetivos e o contexto em que se realizou o estudo.

De Ketele e Roegiers (1996) consideram a recolha de informações:

processo organizado posto em prática para obter informações junto de múltiplas fontes, com fim de passar de um nível de conhecimento para outro nível de conhecimento ou de representação de uma dada situação, no quadro de uma acção deliberada cujos objetivos foram definidos. (p. 17)

Após a identificação das informações a obter, é importante perceber a forma

como as mesmas serão recolhidas, o que implica saber quais as técnicas e instrumentos

de recolha de dados a utilizar.

2.4.1. Observação

Como já foi evidenciado, a escolha deste tema deveu-se ao facto de, em contexto

de estágio, ser percetível o número de erros dados pela turma com quem foi realizada

esta componente do percurso académico. Assim, através da observação, que, segundo

Máximo-Esteves (2008) “permite o conhecimento directo dos fenómenos tal como eles

acontecem num determinado contexto” (p. 87), foi possível constatar, durante a prática

pedagógica, que os erros ortográficos eram um problema que afetava a grande

generalidade da turma. Por essa razão, pareceu pertinente perceber, da perspetiva das

docentes, quais as conceções que estes tinham acerca dos erros ortográficos.

2.4.2. Conversas Informais

As conversas informais realizadas ao longo do período de estágio contribuíram

para se perceber qual a realidade vivida pelas turmas de 3.º e 4.º ano de escolaridade no

que toca aos erros ortográficos. Foi feito um registo num diário de campo, cuja

informação foi utilizada para informar e esclarecer aspetos relacionados com o

problema em estudo.

27

131913201321

1322

1323

1324

1325

1326

1327132813291330133113321333

1334

1335

1336133713381339

1340

1341

1342

1343

1344

1345

1346

1347134813491350

1351

1352

1353

1354

1355

1356

7778

Page 41: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

2.4.3. Entrevistas

A entrevista é uma das estratégias utilizadas na investigação em educação. Para

que os dados fossem recolhidos de forma direta, optou-se pela utilização da entrevista,

que constitui, segundo Tuckman (1999), “um método de recolha de dados acerca das

pessoas, sobretudo interrogando-as e não observando-as” (p. 432). Segundo o mesmo

autor, trata-se de um “processo direto de obter informação sobre um determinado

fenómeno” (p. 690)

Neste sentido a escolha da entrevista, enquanto instrumento de recolha de dados,

deveu-se ao facto de ser a estratégia mais adequada ao tipo de trabalho que se pretendeu

desenvolver, que era compreender os significados que as entrevistadas atribuíam às

questões relacionadas com o domínio da ortografia. Desta forma, procurou-se que a

recolha deste tipo de informação envolvesse um contacto direto, recorrendo a um ato de

conversação intencional e orientado.

Este é um instrumento de recolha de dados que exige alguma preparação, antes

de ser aplicado. Assim, a primeira fase prendeu-se com a definição dos objetivos que se

pretendia atingir com a sua aplicação, tendo sempre em vista os objetivos do trabalho de

investigação. Após a definição dos objetivos, segundo Carmo & Ferreira (2008) “há que

os operacionalizar sob a forma de variáveis. Após este procedimento o investigador vai

ter de operacionalizar as variáveis em perguntas às metas que pretende atingir.” (p.

150). Este foi também o ponto de partida para a formulação e estruturação das questões

de forma adequada ao objetivo da pesquisa. Assim sendo, no momento da elaboração

das questões, procurou-se que estas tivessem uma linguagem clara, evitando as questões

de resposta fechada e uma ordem lógica.

Desta forma reuniram-se as condições para a construção do guião da entrevista.

Na ótica de Guerra (2008), “o guião é geralmente estruturado em grandes capítulos,

desenvolvendo depois perguntas de «lembrança» que apenas são introduzidas se o

entrevistado não as referir nas respostas” (p. 53). Tal como a autora refere foram

definidos tópicos de resposta, associadas a cada questão, de forma a serem explorados

assuntos de interesse para este trabalho. O guião que serviu de suporte à realização da

entrevista (ver anexo 1) foi elaborado por blocos de conteúdo segundo a revisão

bibliográfica apresentada na primeira parte do trabalho. As questões formuladas eram de

resposta aberta para que os entrevistados tivessem liberdade para responder às perguntas

colocadas, de forma extensiva tanto quanto considerassem necessário.

28

135713581359

1360

1361

1362

1363

1364

1365

1366

1367

1368

1369

1370

1371

1372

1373

1374

1375

1376

1377

1378

1379

1380

1381

1382

1383

1384

1385

1386

1387

1388

1389

1390

7980

Page 42: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

Quanto à estrutura da entrevista, optou-se por uma entrevista semiestruturada,

pois houve espaço para que, no seguimento da conversa com cada uma das docentes,

fossem colocadas outras questões que não foram contempladas, de forma a esclarecer

algum aspeto que não estivesse claro nas respostas dadas. Este é um tipo de entrevista

intermédio, na medida em que é dada liberdade aos participantes de responderem

consoante o que pensam, estruturando o seu pensamento. Por outro lado, é importante

remeter o entrevistado para o que se pretende com a colocação da dada questão, uma

vez que é frequente que se deixem levar por aspetos que podem não ser relevantes.

Desta forma, a técnica de entrevista escolhida permite que os indivíduos possam “falar

livremente e oferecer a sua interpretação dos acontecimentos.” Devine (1995, p. 138

citado por Santo 2010, p. 33).

As entrevistas realizaram-se ao longo de uma semana, em contexto escolar, isto

é, nas salas de aula das docentes, em momentos em que os alunos não tinham atividades

letivas. Esta situação permitiu uma maior concentração por parte das participantes e

permitiu à entrevistadora sentir-se confortável, caso achasse necessário alongar a

entrevista.

A captação das respostas foi possível através da utilização de um gravador áudio

o que, permitiu uma recolha mais rica, uma vez que as entrevistas foram registadas tal

como estas aconteceram.

29

1391

1392

1393

1394

1395

1396

1397

1398

1399

1400

1401

1402

1403

1404

1405

1406

1407

1408

1409

14101411

1412

1413

1414

14151416141714181419142014211422142314241425142614271428

8182

Page 43: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

2.5. PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS

Após terem sido reunidos os dados obtidos através das entrevistas realizadas,

procurou-se iniciar a análise aos mesmos. Assim, os dados foram tratados com recurso à

análise de conteúdo. Bardin (2004) define a análise de conteúdo como

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. (p. 42).

A mesma autora defende que este é um processo que se divide em três fases,

sendo a primeira designada de pré-análise, que se relaciona com um processo indutivo,

em que se vai precisando a leitura.

Relativamente à segunda fase, esta envolve a exploração do material recolhido,

analisando-o, e envolve a tarefa de codificação, muito importante nesta técnica, que

decorre da seleção das unidades de análise e escolha de categorias, tendo em conta os

pressupostos definidos na primeira fase.

Por fim, a terceira fase corresponde ao tratamento dos resultados, à inferência e

interpretação, procurando validar os dados e atribuir-lhes significado.

No caso concreto deste trabalho, a análise dos dados realizou-se, num primeiro

momento, através da transcrição integral das entrevistas gravadas em registo áudio.

Concluída esta tarefa, efetuou-se uma leitura flutuante das transcrições, de modo a que,

tal como refere Esteves (2006), “o investigador se aproprie da natureza dos discursos

recolhidos e dos sentidos gerais neles contidos a fim de começar a idealizar o sistema de

categorias que vai usar no tratamento” (p. 113). Ao longo da análise das respostas

procurou-se encontrar os temas inerentes a cada questão e, consequentemente, a cada

resposta.

Finalizada esta leitura inicial da entrevista e depois da análise temática de cada

questão e resposta, partiu-se para a construção de uma grelha de análise dividida em três

colunas: categorias, subcategorias e transcrições (Ver anexo 2). No que respeita à

coluna das categorias, são referidos os grandes temas inerentes a cada uma das questões,

enquanto nas subcategorias são indicados os temas adjacentes aos grandes temas, desta

vez, das respostas. Por conseguinte, na grelha das transcrições, como o nome indica,

encontram-se presentes os registos das respostas dadas pelas docentes que justificam a

escolha das categorias e das subcategorias.

30

14291430

1431

1432

1433

14341435143614371438143914401441

1442

1443

1444

1445

1446

1447

1448

1449

1450

1451

1452

1453

1454

1455

1456

1457

1458

1459

1460

1461

1462

1463

1464

1465

8384

Page 44: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

Após a realização da grelha de análise, esta permitiu que se iniciasse a síntese da

descrição das respostas dadas por cada docente (ver anexo 3), onde são mencionados os

aspetos referidos por cada docente quanto às questões colocadas.

A conclusão da síntese de cada uma das entrevistas possibilitou a identificação

de pontos em comum e de divergência entre as docentes entrevistadas, que se refletiu

numa síntese global de todas as entrevistas, que será apresentada e discutida no próximo

capítulo.

31

1466

1467

1468

1469

1470

1471

1472

1473

1474

1475

1476

1477

1478

1479

1480

1481

1482

1483

1484

1485

1486

1487

1488

1489

1490

1491

1492

1493

1494

1495

1496

1497

1498

8586

Page 45: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

32

1499

1500

1501

1502

1503

1504

1505

1506

1507

1508

1509

1510

1511

1512

1513

1514

1515

1516

1517

1518

1519

1520

1521

15221523

1524

8788

Page 46: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

CAPÍTULO 3

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Pretende-se neste ponto, referenciar os temas mais relevantes para o trabalho

desenvolvido, a partir de uma síntese das respostas dadas por todas as entrevistadas, ao

mesmo tempo que é apresentada uma discussão dos resultados, relacionando alguns dos

autores presentes no quadro de referência teórico.

Assim, pode-se considerar que todas as docentes têm conceções muito similares

quanto aos erros ortográficos, referindo essencialmente a falta de hábitos de leitura

como uma causa importante para o número de erros dados pelos alunos. Este é um

aspeto que as docentes tentam minimizar através da iniciativa criada pelo colégio,

denominada “Biblioteca Viva”, em que todas as turmas do 1.º Ciclo aderem à mesma.

Esta iniciativa visa a criação de hábitos de leitura por parte dos alunos de cada turma,

em que os mesmos levam um livro para a instituição escolar e este vai sendo trocado

entre os colegas, mensalmente.

Como já visto no quadro de referência teórico, é clara a importância da criação

de hábitos de leitura nos alunos, uma vez que com o contacto com o material escrito

percecionam a ortografia das palavras. Apesar da existência da iniciativa “Biblioteca

Viva” por parte do colégio, em que os alunos trocam os livros ente si, subsistiam

algumas condicionantes, remetendo agora para o contexto particular de estágio. Em

algumas ocasiões, os alunos por vezes recebiam um livro que não era do seu agrado, em

termos literários, e como não havia uma partilha de cada aluno com a restante turma

sobre o assunto do livro que tinha lido, não era percetível se os alunos de facto liam os

livros que lhes eram cedidos. Contudo, considera-se importante que os alunos leiam

vários tipos de literatura, mas se o objetivo passava pela criação de hábitos de leitura, é

importante ter em conta que géneros literários podem levar os alunos, de facto, a ler.

Ainda no caso particular do contexto de sala onde se realizou o estágio, para além desta

iniciativa, existia também uma biblioteca na sala, identificada com uma pequena estante

em que os livros eram lidos apenas nos momentos em que algum grupo de alunos

terminasse uma tarefa rapidamente e, por isso, tivessem de aguardar que os restantes

colegas também terminassem. Quando os colegas terminavam, os alunos que se

encontravam a ler, tinham de interromper a leitura para iniciar uma outra tarefa. Assim,

parece que é dada pouca importância a iniciativas que fomentem a leitura junto dos

33

15251526

152715281529

1530

1531

1532

1533

1534

1535

1536

1537

1538

1539

1540

1541

1542

1543

1544

1545

1546

1547

1548

1549

1550

1551

1552

1553

1554

1555

1556

1557

1558

8990

Page 47: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

alunos, uma vez que a troca de livros se realiza uma vez por mês e a utilização da

biblioteca na sala onde se realizou o estágio, ser apenas para momentos em que não se

realizam atividades escolares.

Pensa-se que é importante a existência de um espaço nas salas de aula para que

os alunos tenham fácil acesso a livros, mas os momentos em que os utilizam devem ter

um objetivo em concreto e não servir como ferramenta de distração enquanto os colegas

terminam as suas tarefas, sendo que os alunos que se encontram a ler têm de

interromper esse momento.

Uma causa importante para o surgimento de erros, referido por quase todas as

docentes, é o facto de os alunos escreverem da mesma forma como se expressam

oralmente. Assim, é notória a relevância da oralidade para o desempenho escrito e, neste

sentido, Pinto (2009), que defende que “quanto mais investirmos na fala, conferindo-lhe

também a possibilidade de ser aprendida, tanto menos penoso e mais facilitado se revela

o encontro com a escrita” (p.118). Neste sentido, a oralidade pode ser uma má

influência para o desempenho ortográfico dos alunos, uma vez que a linguagem oral não

se reveste de regras tão específicas, como a linguagem escrita. Assim, é importante

recorrer à etimologia e à morfologia das palavras, como referem Barbeiro (2006) e

Morais (2007).

Por outro lado, um aspeto revelado por apenas uma docente é o da memória, em

que a mesma indica que este é um fator muito importante para um bom desempenho

ortográfico. Ehri (1997 cit. por Horta e Martins, 2004, p. 214) estabelece uma relação

entre a memória e o acesso à ortografia, em que para a escrita de palavras familiares,

recorremos à memória. Apesar de ser um aspeto referenciado apenas por uma docente,

pensa-se que a memória é uma aliada para uma expressão escrita sem erros, porque no

contacto com o material escrito, a memória vai assimilando a forma das palavras, o que

se torna fulcral na escrita de palavras que não se regem por nenhuma regra ortográfica.

De uma forma geral, em relação ao desempenho escrito dos alunos, as docentes

indicam que, tendo em conta os erros ortográficos, é bom, mas que este varia segundo

vários fatores, como o tipo de exercício escrito que realizam e os próprios alunos, pois

existem alunos com mais dificuldades de aprendizagem neste domínio. Ainda neste

sentido, algumas docentes afirmam que os seus alunos cometem mais erros em situação

de ditado, porque é uma tarefa que os obriga a escrever o mais rapidamente possível o

que está a ser ditado. Por outro lado, referem que, num exercício de escrita criativa, em

que a redação deste exercício parte da imaginação dos alunos, estes tendem a prestar

34

1559

1560

1561

1562

1563

1564

1565

1566

1567

1568

1569

1570

1571

1572

1573

1574

1575

1576

1577

1578

1579

1580

1581

1582

1583

1584

1585

1586

1587

1588

1589

1590

1591

1592

9192

Page 48: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

mais atenção na forma como redigem as palavras. Este dado vai ao encontro da visão de

alguns autores, que encaram os ditados como algo que não constitui uma mais-valia

para o desenvolvimento da competência ortográfica.

Quanto aos erros dados pelos alunos, as docentes indicaram os mesmos a partir

de exemplos e também aqui se verificaram pontos em comum. A maioria das docentes

referem os grafemas <o> e o <u> quando estes surgem no meio da palavra, podendo o

<o> em alguns casos assumir o som [u], como acontece na palavra “costume”. Outros

dos erros mais indicados é o facto de o grafema <x> possuir vários sons como é o caso

dos sons [ʃ] em (xaile), (exame) [z], (próximo) [s] e [ks] em (táxi), a confusão entre o

dígrafo <ss> e o <ç>, tendo em conta que assumem o mesmo som, o [s], como é o caso

das palavras “poço” e “posso” e ainda ao facto de escreverem algumas palavras juntas,

quando estas se escrevem separadamente, como é o caso de “de seguida”, “de repente”.

Neste ponto é possível rever o que autores como Batista, Viana e Barbeiro (2011)

indicam acerca dos erros dados pelos alunos, no caso do exemplo da confusão entre os

grafemas <o> e o <u> quando estes surgem no meio da palavra e do facto de o grafema

<x> possuir vários sons. Estes autores indicam que nestas situações existe uma relação

assistemática som/grafia e que no caso da escrita de “desseguida” em vez de “de

seguida”, atribuem estes erros à oralidade. Por sua vez os autores Horta & Martins

(2004), referem a categoria de erros fonéticos de tipo 1 para a explicação da confusão

entre o dígrafo <ss> e o <ç>, tendo em conta que assumem o mesmo som, o [s], como é

o caso das palavras “poço” e “posso”.

Relativamente às causas para os erros, segundo a visão das docentes, a causa

mais apontada é a ausência de hábitos de leitura e a forma como os alunos se expressam

oralmente. Uma das docentes refere ainda o meio circundante dos alunos como uma das

causas para os erros dados, afirmando que estes estão rodeados de maus exemplos.

Ainda outra docente aponta mais uma vez para o treino da memória e também para a

consciência fonológica, em que ressalva a importância de se fomentarem conversas com

os alunos, em que se articulem bem as palavras, para que os mesmos tomem consciência

dos sons que constituem cada palavra.

Relativamente às atividades e estratégias que as docentes adotam para colmatar

os erros, as mesmas recorrem de uma maneira generalizada aos ditados, quer de

palavras, quer de frases ou texto, e recorrem igualmente a outros exercícios de escrita,

privilegiando a construção de textos. Uma das docentes apresenta mesmo uma estratégia

de escrita de texto coletivo, em que refere que considera o mesmo benéfico, pois os

35

1593

1594

1595

1596

1597

1598

1599

1600

1601

1602

1603

1604

1605

1606

1607

1608

1609

1610

1611

1612

1613

1614

1615

1616

1617

1618

1619

1620

1621

1622

1623

1624

1625

1626

9394

Page 49: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

alunos constroem um texto em conjunto, dando a sua opinião quanto a algum aspeto que

tenha sido referido por um colega e que não esteja claro. Assim, através desta

aprendizagem, os alunos conseguem percecionar as suas dificuldades e a dos colegas.

Além destas atividades todas as docentes realizam a troca de livros, uma vez por mês,

através da iniciativa “Biblioteca Viva”, apesar de esta iniciativa ser apenas referida por

uma docente, todas as turmas do 1.º Ciclo participam na mesma. Contudo pensa-se que

esta iniciativa não é suficiente, uma vez que a troca de livros é realizada uma vez por

mês. Estas trocas deveriam realizar-se mais frequentemente e as próprias docentes

deveriam criar iniciativas de leitura, tendo em conta que as mesmas destacam a ausência

de hábitos de leitura como a causa mais importante para os erros, mas apenas recorrem à

iniciativa criada pelo colégio.

No que concerne ao feedback dado pelas professoras aos alunos, inicialmente as

docentes realizam a correção dos exercícios onde são detetados os erros, assinalando a

palavra ou a parte da palavra onde os alunos erraram. Relativamente às estratégias

utilizadas para trabalhar o erro, os exercícios são posteriormente entregues aos alunos e

estes têm de realizar a correção da palavra que erraram. Neste momento, algumas

docentes optam pela divisão silábica da palavra e a sua reescrita três vezes de forma

correta. Para além desta tarefa é indicado, de uma forma generalizada, que os alunos

têm de redigir uma frase onde escrevam novamente a palavra num contexto diferente

daquele em que erraram. Um aspeto salientado por uma das docentes é o facto de, no

momento de correção dos erros, diferenciar a forma como realiza esta tarefa, tendo em

conta as dificuldades que os alunos apresentam. Quer isto dizer que dá um maior

acompanhamento aos alunos que manifestam mais dificuldades neste âmbito.

Os ditados constituem, de forma geral, a estratégia mais utilizada pelas docentes

entrevistadas, o que pode ser considerado, de acordo com alguns autores, como o

resultado de uma perspetiva tradicional de tratamento do erro.

O impacto que o feedback transmitido pelas docentes aos seus alunos tem na

aprendizagem dos mesmos é vista por todas as docentes como positivo, mas duas delas

referem que a melhoria que verificam na aprendizagem varia consoante as regras

ortográficas que regem as palavras em que os alunos erram. Um fator referido por uma

das docentes que impede este impacto de produzir melhores resultados é o tempo, pois o

facto de ter de transmitir os diversos conteúdos e de ter de cumprir prazos não privilegia

o melhoramento de texto, que considera ser benéfico.

36

1627

1628

1629

1630

1631

1632

1633

1634

1635

1636

1637

1638

1639

1640

1641

1642

1643

1644

1645

1646

1647

1648

1649

1650

1651

1652

1653

1654

1655

1656

1657

1658

1659

9596

Page 50: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

Uma das docentes alude ao facto de o impacto do feedback dado ser maior ou

menor depender dos alunos, porque a capacidade de aprendizagem destes varia e os que

têm mais dificuldades neste âmbito têm mais tendência para voltar a errar as mesmas

palavras, mais tarde.

Devido ao facto de a entrevista possuir um caráter semiestruturado, houve

espaço para a exploração de algumas questões que, não tendo sido comtempladas como

objetivos da mesma, eram aspetos que podiam servir para a reflexão sobre os erros

ortográficos.

Um desses aspetos foi o facto de algumas docentes afirmarem que os alunos

cometem mais erros em situação de ditado, pelo motivo de estarem mais preocupados

em escrever o que está a ser ditado, descurando a escrita correta das palavras. Contudo,

tendo consciência deste aspeto, é um exercício a que todas as docentes recorrem para

testar o conhecimento ortográfico dos alunos.

Outro aspeto referido por apenas uma docente é o facto de considerar que as

raparigas têm um melhor desempenho escrito que os rapazes. Ainda neste sentido, esta

docente refere que tem esta opinião pelo facto de julgar que as raparigas têm uma

personalidade mais calma que os capazes e são mais persistentes, qualidades que

considera relevantes para quem gosta de ler. Por outro lado, considera que os rapazes

são ágeis, em termos de raciocínio, o que é uma característica importante para a área

curricular de matemática.

Sobre este assunto já se debruçaram autores como Mata e Monteiro (2005),

referindo que, ao longo da progressão escolar, as raparigas apresentam motivações mais

positivas que os rapazes. Mata, Monteiro e Peixoto (2009) referem vários estudos que

mostram diferenças entre os géneros, desde o início da escolaridade, no que toca aos

hábitos e gosto pela leitura. Os resultados encontrados por Lages et al. (2007) vão no

mesmo sentido, visto que mostraram que ser rapaz ou rapariga é determinante no gosto

e prática da leitura, sendo que, ao longo dos ciclos de escolaridade, existem sempre

mais raparigas do que rapazes a gostar de ler e a ler mais.

37

1660

1661

1662

1663

1664

1665

1666

1667

1668

1669

1670

1671

1672

1673

1674

1675

1676

1677

1678

1679

1680

1681

1682

1683

1684

1685

1686

1687

1688

1689

1690

1691

1692

1693

9798

Page 51: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

38

1694

1695

1696

1697

1698

1699

1700

1701

1702

1703

1704

1705

1706

1707

1708

1709

1710

1711

1712

1713

1714

1715

1716

1717

1718

1719

1720

1721

1722

1723

99100

Page 52: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo da elaboração deste trabalho, tentou-se compreender a importância que

os erros ortográficos têm na prática das docentes e de que forma estas profissionais

atuam para que os seus alunos desenvolvam uma correta competência ortográfica.

Retomando a literatura associada ao tema deste trabalho, a escrita é muitas vezes

um meio de avaliação dos alunos e por essa razão associa-se também à qualidade das

aprendizagens que o mesmo obteve ao longo da escolaridade. Como tal, a função da

escrita, nomeadamente da escrita ortograficamente correta, adquire um valor social

importante e promotor de credibilidade. De acordo com Barbeiro (2007), o valor social

da ortografia é conferido pelos seguintes indicadores:

- a capacidade de a pessoa operar com um sistema complexo, estabelecido por uma norma numa comunidade alargada – este facto tem como consequência que, muitas vezes, a ortografia apresente um grau elevado de abstracção, de distanciamento em relação à realidade concreta que representa; - o grau de instrução e de literacia de um indivíduo – pois, a um maior nível de instrução e de contacto com a leitura, espera-se que corresponda um domínio da ortografia também maior; - o nível de sucesso alcançado na aprendizagem escolar – um fraco domínio ortográfico torna-se frequentemente um indicador negativo acerca das aprendizagens realizadas. (p. 9)

Tendo estes conceitos como base, partiu-se para a elaboração deste trabalho de

investigação, em que a primeira parte do mesmo corresponde ao quadro de referência

teórico. Aqui destacou-se o conceito de ortografia, o que se entende por competência

ortográfica, explicitando as dificuldades apresentadas pelos alunos, dividindo-as por

tipologias, tendo como referência vários autores. Posteriormente tentaram-se perceber

as causas para esses mesmos erros e que estratégias poderão ser desenvolvidas pelas

docentes, de acordo com a revisão da literatura.

Após esta primeira etapa verificou-se que os trabalhos anteriormente

desenvolvidos neste âmbito possuíam um fator em comum, a aquisição e aprendizagem

da ortografia do ponto de vista do aluno. Desta forma pareceu pertinente desenvolver

um trabalho de investigação qualitativo centrado nas representações das docentes de 3.º

e 4.º ano de escolaridade face à competência ortográfica e às estratégias que

desenvolvem para ajudar os alunos neste aspeto.

Neste sentido, retomaremos as questões de pesquisa:

(1) Quais as conceções das docentes de 3.º e 4.º ano de escolaridade face ao erro

ortográfico?

39

172417251726

1727

1728

1729

1730

1731

1732

1733

17341735

17361737173817391740174117421743174417451746

1747

1748

1749

1750

1751

1752

1753

1754

1755

1756

1757

1758

1759

1760

1761

101102

Page 53: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

(2) Quais são as estratégias a que recorrem, para o desenvolvimento da

ortografia?

Assim, olhando para a primeira questão colocada e para os dados obtidos, é

possível concluir que as docentes apresentam uma concordância generalizada entre si,

quanto às conceções e representações face ao erro ortográfico. Apresentaram posições

muito consensuais em relação a vários aspetos abordados ao longo da entrevista,

evidenciando na resposta a esta questão a falta de hábitos de leitura por parte dos

alunos.

No que concerne à segunda pergunta formulada, as estratégias utlizadas pelas

docentes passam sobretudo pela realização de exercícios de escrita como os ditados,

quer sejam de palavras, frases ou de texto. Contudo, não desenvolvem atividades com

vista à criação de hábitos de leitura por parte dos alunos, fator este mais referido pelas

docentes como a causa mais importante para o surgimento de erros.

A forma como os erros detetados pelas professoras são transmitidos aos alunos,

ou seja, o feedback que é transmitido também é semelhante, na medida em que as

docentes optam por assinalar o erro e os alunos posteriormente reescrevem a palavra,

dividindo-a silabicamente e reescrevendo-a num dado número de vezes. Contudo esta

correção por parte do aluno diferencia-se tendo em conta as dificuldades mais ou menos

acentuadas que os alunos possam apresentar.

Uma vez apresentadas as respostas às questões de pesquisa, pode-se considerar

que o desenvolvimento deste trabalho permitiu, enquanto futura profissional de

educação, uma reflexão sobre a temática que tem vindo a ser tratada neste trabalho de

investigação. Assim serão apresentadas no próximo ponto, as considerações realizadas

durante e após a concretização deste relatório.

Relativamente ao domínio ortográfico, para além de ser um resultado do

contacto com o material escrito, pensa-se que poderá também ser visto como um

processo normal de aprendizagem, o que não foi muito salientado pelas docentes

entrevistadas. Neste sentido, perspetiva-se que pode constituir um pré-requisito

necessário à definição de estratégias de intervenção por parte do professor e um

processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que

ainda manifestam. A leitura, por sua vez, e em concordância com as conceções das

docentes, pode ser encarada como uma ferramenta importante para o bom

desenvolvimento da competência ortográfica. Ainda neste sentido poderão desenvolver-

se atividades interessantes propostas pelo professor como o envolvimento das famílias

40

1762

1763

1764

1765

1766

1767

1768

1769

1770

1771

1772

1773

1774

1775

1776

1777

1778

1779

1780

1781

1782

1783

1784

1785

1786

1787

1788

1789

1790

1791

1792

1793

1794

1795

103104

Page 54: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

nos momentos de leitura, convidando um elemento da família de um dos alunos para

que leiam, uma vez por mês, uma história em sala de aula. O professor poderá também

incentivar a leitura em família, nos momentos das reuniões de pais, com a distribuição

de listas de livros que podem ser interessantes e adequadas à faixa etária dos alunos.

Relativamente às estratégias de desenvolvimento do domínio ortográfico dos

alunos, considera-se importante privilegiar os momentos em que exista uma

confrontação com o erro, em que o professor explique as razões que levam determinada

palavra a se escrever de uma determinada forma e não de outra. Contudo, existe a noção

de que esta tarefa nem sempre é simples, porque a escrita de algumas palavras da nossa

língua rege-se pela origem etimológica destas, o que pode ser de difícil compreensão

para os alunos.

Pensa-se também que uma partilha, entre o professor e toda a turma, dos erros

dados com mais frequência, também possa ser benéfica, pois pode auxiliar o professor a

perceber quais são os alunos que ainda não interiorizaram a forma escrita de

determinada palavra e as razões que levaram aqueles alunos a escreverem a palavra de

forma incorreta. Esta partilha pode ser efetuada logo após a realização de uma atividade

de ditado, em que seja questionado à turma, quais foram as palavras em que sentiram

mais dúvidas a escrever. Posteriormente considera-se importante que o professor

questione de que forma foi escrita a palavra, pedindo ao aluno que a soletre. Se a

palavra estiver escrita erradamente, o professor deve registar, no quadro, a escrita

correta da palavra e explicar à turma que regras se podem aplicar para escrever a

palavra de forma correta. Por sua vez, os alunos que não erraram a palavra apresentada

têm podem ter a oportunidade de explicar aos colegas quais as regras que utilizaram

para a escrever, o que pode ajudar os alunos com mais dificuldades.

Pode-se também referir a memória, como contributo para um bom desempenho

ortográfico, na medida em que se considera interessante existir um espaço em sala onde

o professor possa afixar as palavras que os alunos mais erram ou as regras ortográficas

associadas a determinadas palavras e deixar as mesmas expostas durante algum tempo

para que os alunos as percecionem. Em contexto de estágio verificou-se que esta pode

constituir uma boa estratégia, pois os alunos recorriam muitas vezes a este tipo de

informação, exposta nas paredes da sala, nos momentos em que tinham dúvidas

relacionadas com a escrita de palavras.

Terminadas as considerações desenvolvidas ao longo deste trabalho, serão

referenciados, seguidamente, os contributos do mesmo para a sua autora. Assim, é

41

1796

1797

1798

1799

1800

1801

1802

1803

1804

1805

1806

1807

1808

1809

1810

1811

1812

1813

1814

1815

1816

1817

1818

1819

1820

1821

1822

1823

1824

1825

1826

1827

1828

1829

105106

Page 55: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

importante começar por explicitar que com a realização deste trabalho de investigação

não se pretendeu transmitir a ideia que os erros são algo reprovável, pois considera-se

perfeitamente normal os alunos errarem, por exemplo, na escrita de palavras que nunca

viram ou que não são do seu uso recorrente.

O que se pretendeu efetivamente, para além dos objetivos propostos, foi

aprofundar um pouco mais o conhecimento relacionado com esta área e perceber melhor

o que envolve uma competência como a ortografia e as dificuldades que os alunos

enfrentam neste domínio, aludindo aos processos inerentes a esta área da escrita, às suas

causas e estratégias.

Apesar de já ter sido abordado, neste capítulo, o que se considera importante

desenvolver em relação a esta temática, este trabalho contribuiu essencialmente para

perceber a que estratégias se irá recorrer no futuro, enquanto profissional de educação.

Considera-se importante a existência de confrontação com o erro, em que o professor

regista a palavra que os alunos erraram, no quadro, e explicita as regras que rege a

mesma. Neste sentido, pensa-se que o facto de assinalar apenas o erro e os alunos terem,

unicamente, de reescrever a palavra sem haver uma explicação que seja clara para os

mesmos não irá contribuir para a aprendizagem e consequente assimilação da forma

escrita da palavra. Considera-se igualmente importante o desenvolvimento de atividades

lúdicas, como por exemplo, jogos de caça ao erro, levando os alunos a pensar sobre a

escrita correta das palavras, através da apresentação de palavras escritas de forma

correta e incorreta. Ainda no sentido de se recorrer a atividades lúdicas e, uma vez que

os erros dados pelos alunos são de origem fonológica, podem também ser entregues aos

alunos cartões com uma imagem e com a palavra correspondente a essa imagem escrita

por baixo da mesma, mas em que falte uma letra. Por exemplo, entregar um cartão com

a imagem de um chapéu, em que a palavra escrita por baixo da imagem não tenha o

“ch”. Para além de desenvolverem a consciência fonológica, os alunos desenvolvem

também a sua competência ortográfica. Por fim, considera-se que as atividades de

escrita devem ser privilegiadas, bem como atividades de leitura, para que os alunos se

apropriem da norma ortográfica das palavras.

Em termos pessoais, a área curricular de Português sempre constituiu uma área

de interesse e posteriormente, com a realidade vivida no local de estágio, gerou-se a

oportunidade de seguir este caminho. A maior dificuldade sentida foi o facto de existir

uma grande variedade de bibliografia relativa a este tema e por esta razão, houve alguns

42

1830

1831

1832

1833

1834

1835

1836

1837

1838

1839

1840

1841

1842

1843

1844

1845

1846

1847

1848

1849

1850

1851

1852

1853

1854

1855

1856

1857

1858

1859

1860

1861

1862

107108

Page 56: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

momentos de hesitação quanto ao conteúdo a selecionar e preocupação em fazer

transparecer de forma correta os dados teóricos relacionados com a ortografia.

Em suma, a realização deste trabalho contribuiu para o enriquecimento pessoal e

profissional da sua autora e os ensinamentos adquiridos com o mesmo permitiram

perspetivar este domínio da escrita de uma forma muito mais concreta, o que constituirá

uma mais-valia para o futuro profissional.

43

1863

1864

1865

1866

1867

1868

1869

1870

1871

1872

1873

1874

1875

1876

1877

1878

1879

1880

1881

1882

1883

1884

1885

1886

1887

1888

1889

109110

Page 57: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

44

1890

1891

1892

1893

1894

1895

1896

1897

1898

1899

1900

1901

1902

1903

1904

1905

1906

1907

1908

1909

1910

1911

1912

1913

1914

111112

Page 58: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Azevedo, F. (2000). Ensinar e aprender a escrever – Através e para além do erro.

Porto: Porto Editora.

Baptista, A., Viana, F. L., & Barbeiro, L. (2011). O Ensino da Escrita: Dimensões

Gráfica e Ortográfica. Lisboa: Ministério da Educação - Direção Geral de

Inovação e de Desenvolvimento Curricular.

Barbeiro, L. (2006). Ortografia – Quadro Geral In Mateus, Mª. H. M.; Pereira, Dulce;

Fisher, Glória (coord.). Diversidade linguística na escola portuguesa. Lisboa:

ILTEC. (CD-ROM).

Barbeiro, L. (2007). Aprendizagem da ortografia – Princípios, dificuldades e

problemas. Porto: ASA.

Bardin, L. (2004). Análise de Conteúdo. (3ª edição). Lisboa: Edições 70.

Bogdan, R. & Biklen, S. (1994). Investigação qualitativa em educação. Uma

introdução à teoria e aos conteúdos. Porto: Porto Editora.

Cardoso, A., Costa, M. & Pereira, S. (2002). Para uma tipologia de erros. Revista da

Escola Superior de Educação de Lisboa "Ler Educação”, 2 (2), 5-23.

Carmo, H., & Ferreira, M. M. (2008). Metodologia de Investigação - Guia para Auto-

aprendizagem. (2ª edição). Lisboa: Universidade Aberta.

De Ketele, J., & Roegiers, X. (1996). Metodologia da recolha de dados. Lisboa:

Instituto Piaget.

Esteves, M. (2006). Análise de Conteúdo, In J. Lima & J. Pacheco (Org.). Fazer

Investigação. Contributos para a elaboração de dissertações e teses. (pp. 105-

126). Porto: Porto Editora.

Franco, M., Reis, M. & Gil, T. (2003). Comunicação, Linguagem e Fala –

Perturbações Específicas de Linguagem em contexto escolar. Lisboa: Ministério

da Educação.

45

191519161917

1918

19191920

1921

1922

19231924

1925

1926

19271928

1929

19301931

19321933

1934

19351936

1937

19381939

1940

19411942

1943

19441945

1946

1947

19481949

1950

1951

1952

113114

Page 59: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

Gersten, R., & Baker, S. (2001). Teaching expressive writing to students with learning

disabilities: A meta-analysis. Elementary School Journal, 101, 251–272.

Gomes, Á. (2006). Ortografia para Todos - Para (ensinar a) escrever sem erros. Porto:

Porto Editora.

Guerra, I. C. (2008). Pesquisa Qualitativa e Análise de Conteúdo - Sentidos e Formas

de Uso. Cascais: Princípia.

Horta, I & Martins, M. (2004). Desenvolvimento e aprendizagem da ortografia:

Implicações educacionais. Análise Psicológica, Nº1 (XXII) (pp.213-223).

Lisboa: ISPA.

Jaffré, J. P. (1990). L’orthographe: Avec ou sans erreurs. Recherche en Education –

Théorie & Pratique, 1, 3-8.

Lages, M. (2007). Os estudantes e a leitura. Universidade Católica, Centro de Estudos

dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEP-CEP). Lisboa: Gabinete de

Estatística e Planeamento da Educação (GEPE).

Lopes, J. A., Velasquez, M. G., Fernandes, P. P., & Bártolo, V. N. (2004).

Aprendizagem, Ensino e Dificuldades da Leitura. Coimbra: Quarteto.

Magalhães, A. M., & Alçada, I. (1994). Os jovens e a leitura: Nas vésperas do século

XXI. Lisboa: Caminho.

Marques, A. L. (2003). Motivar para a Escrita. Lisboa: Editorial Presença.

Martins, M. A. (1994). Clíticos na História do Português. Tese de douturamento.

Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Martins, M. A. & Niza, I. (1998). Psicologia da Aprendizagem da Linguagem Escrita.

Lisboa: Universidade Aberta.

Mata, A. I. (1991). Ensino da gramática: uma caracterização. M.R. Delgado-Martins, I.

Duarte, A. Costa, D. Ramos Pereira, L. Prista & A.I. Mata, Documentos do

Encontro sobre os Novos Programas de Português. Lisboa: Colibri. pp. 81-115.

46

1953

1954

19551956

1957

19581959

1960

1961

1962

1963

19641965

1966

19671968

1969

1970

19711972

1973

19741975

1976

19771978

19791980

1981

19821983

1984

19851986

1987

1988

1989

115116

Page 60: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

Mata, L. & Monteiro, V. (2005). O desenvolvimento da motivação para a leitura em

crianças portuguesas. Actas do VIII Congresso Galaico-Português de

Psicopedagogia (p. 140), Braga, Universidade do Minho.

Mata, L., Monteiro, V. & Peixoto, F. (2009). Motivação para a leitura ao longo da

escolaridade. Análise Psicológica, 27 (4), pp. 563-572.

Mateus, M. (2002). A face exposta da língua portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional -

Casa da Moeda.

Máximo-Esteves, L. (2008). Visão Panorâmica da Investigação-Acção. Porto: Porto

Editora.

Morais, A. G. (2007). O aprendizado da ortografia. Belo Horizonte: Autêntica.

Morgado, J. C. (2012). O Estudo De Caso Na Investigação Em Educação. Santo Tirso:

De Facto Editores.

Neves, M. & Martins, M. A. (1994), Descobrindo a linguagem escrita. Lisboa: Escolar

Editora.

Oliveira, L., Pereira, A., & Santiago, R. (2004). Investigação em Educação -

Abordagens Conceptuais e Práticas. Porto: Porto Editora.

Pinto, M. (1998). Saber viver a linguagem. Porto: Porto Editora.

Pinto, M. (2009). A linguagem ao vivo. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do

Porto.

Rio-Torto, G. (2000). Para uma pedagogia do erro. Actas do V Congresso Internacional

de Didáctica e da Literatura. Coimbra: Livraria Almedina, Vol. I, pp. 595-618.

Rego, A. (2007). Comunicação Pessoal e Organizacional. Teoria e prática. Lisboa:

Edições Sílabo.

Santo, P. d. (2010). Introdução à Metodologia das Ciências Sociais. Lisboa: Edições

Sílabo.

47

1990

1991

1992

19931994

1995

19961997

1998

1999

2000

2001

20022003

2004

2005

2006

20072008

2009

20102011

20122013

2014

20152016

2017

20182019

2020

20212022

2023

2024

117118

Page 61: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

Sabino, M. M. (2008). Importância educacional da leitura e estratégias para a sua

promoção. Revista Iberoamericana de Educación. pp. 1-10.

Silva, A. (2004). Descobrir o princípio alfabético. Análise Psicológica, 22, (1), pp. 187-

191.

Silva, C. (2007). Aprender ortografia: O caso das sílabas complexas. Análise

Psicológica, 2 (XXV), 171-182.

Silva, I. (2005). Contributos para o ensino da escrita – a materialidade da escrita em

textos de alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico. Porto: CRIAP ASA.

Silveira, M. C. (2006). O Erro ortográfico e o Errar. Fafe: Associação Terra Labirinto.

Sousa, A. B. (2005). Investigação em Educação. Lisboa: Livros Horizonte.

Tuckman, B. W. (1999). Manual de Investigação em Educação - Metodologia para conceber e realizar o processo de investigação científica. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

48

2025

2026

20272028

2029

2030

2031

20322033

2034

20352036

20372038

20392040

204120422043

2044

2045

2046

2047

2048

2049

2050

2051

2052

2053

2054

2055

2056

2057

119120

Page 62: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

ANEXOS

49

2058

2059

2060

2061

2062

2063

2064

2065

2066

2067

2068

2069

20702071

2072

2073

2074

2075

2076

2077

2078

2079

2080

2081

2082

2083

2084

2085

121122

Page 63: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

50

2086

2087

2088

2089

2090

2091

2092

2093

2094

2095

2096

2097

2098

2099

2100

2101

2102

2103

2104

2105

2106

2107

2108

2109

2110

2111

2112

2113

123124

Page 64: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

ANEXO 1 – GUIÃO DA ENTREVISTA

51

2114

2115

2116

2117

2118

2119

2120

2121

2122

2123

2124

2125

2126

2127

2128

2129

2130

2131

2132

2133

2134

2135

2136

2137

2138

2139

125126

Page 65: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

52

2140

2141

2142

2143

2144

2145

2146

2147

2148

2149

2150

2151

127128

Page 66: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

Guião de Entrevista

Objetivos – Compreender as representações das docentes quanto ao erro na escrita.

Compreender as representações das docentes quanto às causas/origens dos erros.

Conhecer as estratégias e atividades desenvolvidas pelas docentes quanto aos erros ortográficos.

Conhecer e compreender que tipo de feedback é que as docentes transmitem aos alunos e qual o impacto que este tem na

colmatação dos erros.

Bloco Objetivo específico Guia de Questões ObservaçõesCaracterização da Amostra Categoria Profissional

Formação Académica

Idade

Anos de Serviço

Bloco A – Conceções face ao

erro (origens e causas)

Perceber o entendimento das

docentes relativamente ao erro.

Conhecimento das docentes sobre

os erros dados pelos alunos.

Opinião sobre as causas para os

Na sua opinião como vê o erro em

crianças do 3º/4º ano?

Quais são os tipos de erros mais

comuns em crianças nesta idade?

E na turma?

Na sua opinião quais são as

- Fenómeno natural de aprendizagem

- Falta de hábitos de leitura

- Indicador de uma competência não

adquirida

Tipologia de erros

- Desconhecimento das regras da língua

51

129

2152

21532154

2155

2156

2157

2158

2159

130131

Page 67: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

erros ortográficos. causas/origens dos erros dados

pelas crianças da turma?

- Falta de atenção dos alunos

- Dificuldades da nossa língua

Bloco B –

Estratégias/Atividades

desenvolvidas para colmatar

os erros otográficos

Compreender as

estratégias/atividades desenvolvidas

pelas docentes.

De que forma os alunos percebem

que cometeram erros.

Fale-me um pouco sobre as

estratégias e atividades que aplica

para colmatar os erros ortográficos?

Que tipo de feedback dá aos alunos

e que impacto pensa que tem nos

alunos quanto a este problema?

- Ditados

- Cópias (ou outros exercícios escritos)

- Consulta de dicionários

- Revisão de textos

- Explicação das regras do funcionamento da

língua

- Exercícios de leitura

- É dita/escrita a forma correta da palavra aos

alunos

- O erro é apenas assinalado

- O erro é assinalado e os alunos têm de

descobrir a forma correta de o escrever

- É dito aos alunos que determinado

exercício tem erros e os mesmos têm de os

descobrir

52

132

133134

Page 68: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

ANEXO 2 – TRANSCRIÇÃO DAS RESPOSTAS DAS ENTREVISTAS

53

135

2160

2161

2162

2163

2164

2165

2166

2167

2168

2169

2170

2171

21722173

2174

2175

2176

2177

2178

2179

2180

2181

2182

2183

2184

2185

2186

2187

136137

Page 69: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

54

138

2188

2189

139140

Page 70: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

De uma forma geral que conceções tem acerca dos erros ortográficos?

“Acho que os erros ortográficos têm a ver com a falta de atenção, com falta de

rigor na escrita, com a pressa em escrever e com a falta de leitura.”

Como é que classifica o desempenho escrito dos seus alunos, tendo em conta

os erros ortográficos?

“Penso que têm um bom desempenho, em situação de ditado, em situação de

alguma forma, de pressão, acabam por dar mais erros ortográficos. Mas perante os erros

são capazes de os corrigir. Em escrita livre escrevem com menos erros.”

Consegue exemplificar tipos de erros mais comuns que os seus alunos

deem?

“Sim. Principalmente onde existe mais que um som para a mesma letra, erros

com o <o> no final da palavra ou com o <u>. E erros como “de repente” e “de seguida”

escrevem tudo junto.”

No seu entender quais é que são as causas que podem estar associadas aos

erros ortográficos dados pelos alunos?

“Principalmente a falta de leitura e em grande parte, falta de gosto pela escrita.

Também têm um vocabulário pouco rico, por isso não gostam de escrever ou escrevem

menos para despachar.”

De que forma tenta colmatar os erros ortográficos dados pelos seus alunos?

“Tento fazer mais momentos de escrita, mais momentos de escrita livre ou com

um tema dado e momentos de ditado.“

Perante os erros dos alunos que tipo de feedback é que lhes é dado?

“Nós temos dois momentos de correção dos erros: primeiro corrijo eu, em que

escrevo a palavra correta e eles depois escrevem-na novamente. Depois dividem a

palavra silabicamente. O outro momento é entregar o texto ao próprio aluno e o aluno

identificar o erro e corrigir. Portanto tento sempre trabalhar novamente a regra

ortográfica com eles, perceber onde é que errou, porquê e depois aplicar essa palavra

noutro contexto.”

55

141

2190

2191

2192

21932194

2195

2196

2197

2198

21992200

2201

2202

2203

2204

22052206

2207

2208

2209

2210

22112212

2213

2214

22152216

2217

2218

2219

2220

2221

2222

142143

Page 71: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

Qual é o impacto que pensa que esse feedback tem na resolução do

problema dos erros ortográficos?

“Penso que os alunos acabam por escrever melhor, mas gostava de ter mais

tempo, por exemplo, para melhoramento de texto, porque fazendo melhoramento de

texto claramente melhoram. Acho que não tenho propriamente muito tempo ou tanto

tempo quanto gostava para trabalhar esse pormenor, porque acho que sim, eles

melhoram a escrita se for bem trabalhado.

56

144

2223

2224

2225

2226

2227

2228

2229

145146

Page 72: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

De uma forma geral que conceções tem acerca dos erros ortográficos?

“Acho que a origem dos erros vem da falta de hábitos de leitura, eles leem cada

vez menos e o que leem não são textos bem escritos, com estruturas frásicas bem

estruturadas e como não leem bons textos dão cada vez mais erros ortográficos.”

Considera que nesse sentido, eles também podem ter alguma competência

que ainda não adquiriram ou pensa que os alunos têm um vocabulário pouco

diversificado?

“Sim, penso que os alunos têm um vocabulário pouco rico, também relacionado

com as séries e as novelas e os programas que veem na televisão. Acho que estão

constantemente rodeados de maus exemplos que os fazem também falar mal, logo

escrever mal. Outro ponto que eu também considero importante na quantidade de erros

ortográficos que eles dão é a maneira como eles falam, eles escrevem como falam e por

isso os alunos que falam mal, escrevem mal, sem concordância de tempo verbal, sem

concordância entre o género e o número, frases mal estruturadas, sem pessoa

gramatical, muito confusas.”

Como é que classifica o desempenho escrito dos seus alunos, tendo em conta

os erros ortográficos?

“Acho que se nota claramente que quem lê e, obviamente que está tudo

relacionado, porque quem lê bons livros, escreve melhor e tem um raciocínio lógico e

tem um poder de organização de pensamento muito mais rico, assim como o

vocabulário. Agora respondendo à pergunta colocada, para a idade deles e,

comparativamente com a outra turma que tive há quatro anos atrás, acho que o

desempenho escrito tem vindo a piorar.”

E acha que isso se deve, tal como disse anteriormente, ao facto de estarem

rodeados de maus exemplos?

“Acho que sim, claramente, a todos os níveis.”

Consegue exemplificar os tipos de erro mais comuns que os seus alunos

cometam?

“O <x>e o <ch> é um erro muito comum. Os dois <ss> e o <ç> também é muito

comum. O <o> e o <u> no meio da palavra. E por vezes juntam palavras que se

escrevem separadas. Como eles falam muito rápido, lá está, mais uma vez relacionada

57

147

1

2

3

4

56

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

1718

19

20

21

22

23

24

25

2627

28

29

3031

32

33

34

35

148149

Page 73: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

com a maneira como falam, como alguns falam muito rápido, juntam duas e três

palavras a achar que se escrevem juntas, quando é só uma palavra. Um exemplo

recorrente que eles escrevem como falam é a palavra “professora”, em que escrevem

“prefessora”.

E que causas pensa estar relacionadas com os erros ortográficos?

“Como já disse anteriormente, penso que se deve aos poucos hábitos de leitura,

poucos bons exemplos à volta deles, eles não leem, os pais não leem, o que veem na

televisão não são boas séries nem bons conteúdos. Por isso os poucos bons exemplos

que têm são os dados no colégio, mas que não chega.”

De que forma é que tenta colmatar os erros ortográficos dados pelos seus

alunos?

“Tento incentivar a leitura, através da “Biblioteca Viva” em que eles têm a

responsabilidade de ler, pelo menos, um livro mensalmente que depois tem de ser

apresentado à turma. Ao apresentarem é também corrigida a maneira como eles se

expressam e a maneira como eles expõem o pensamento deles, o que os obriga a uma

preparação prévia. Também fazemos ditados, mais para detetar os erros ortográficos do

que tanto para ver o desempenho escrito, porque os ditados, sendo de texto, são sempre

bons exemplos, com boas estruturas frásicas, por isso no fundo, são sempre os bons

exemplos que eles têm. Outra coisa que temos feito e que acho que tem sido muito bom

é todas as semanas fazermos um texto coletivo, com ideias de todos, em que aos poucos

e poucos, vamos construindo o nosso texto e eles ao se corrigirem uns aos outros e ao

serem orientados por mim, também percebem muitas vezes porque é que uma

determinada palavra tem de ser de uma maneira e não de outra, porque é que faz sentido

uma frase de uma maneira e não de outra e é bom porque é um trabalho semanal que os

obriga a escrever um texto bem estruturado e com as ideias de todos. O texto depois

acaba por ficar rico em termos de vocabulário, de adjetivos.”

Então considera que estas atividades de escrita criativa são benéficas?

“Sim, sem dúvida e outra diferença que eu noto em relação à outra turma que

tive é que eu, com os meus outros alunos e foi apenas há quatro anos, eles adoravam

que lhes desse um texto sem tema, com tema livre para que eles pudessem escrever

sobre o que quisessem ou sobre uma coisa que gostassem e hoje em dia, eu proponho

aos meus alunos que escrevam um texto sem tema e eles ficam muito tempo a pensar no

58

150

36

37

38

39

4041

42

43

44

45

4647

48

49

50

51

52

53

54

55

56

57

58

59

60

61

62

63

6465

66

67

68

69

70

151152

Page 74: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

que é que hão de escrever, em que alguns depois pedem se não posso dar um tema

porque não sabem o que hão de escrever. Para mim, só isto revela a falta de interesse e a

falta de gosto deles por aquilo que os rodeia, parece que não sabem bem do que é que

gostam, do que é que não gostam, o que é que sabem, o que é que não sabem, é

preocupante.”

E quando vê que os seus alunos dão erros, que tipo de feedback é que lhes

costuma dar?

“Costumo sublinhar a parte da palavra onde foi dado o erro, depois escrevo

novamente a palavra, mas de forma correta, por baixo do exercício onde foi detetado o

erro. Eles depois têm de corrigir o erro, fazendo a divisão silábica e escrevendo três

vezes a palavra completa e posteriormente têm de inventar uma frase em que apliquem

essa mesma palavra, noutro contexto.”

Qual é o impacto que pensa que esse feedback tem na resolução dos erros

ortográficos?

“Eles ao corrigirem, muitas vezes está a palavra escrita à frente deles, até escrita

por mim e eles voltam a dar exatamente o mesmo erro e por vezes dão um erro diferente

daquele que deram em relação à mesma palavra. Acho que também um fator que é

também muito relevante em tudo isto que temos estado a falar é a falta de concentração

e a falta de empenho e a falta de interesse da parte deles. Acho que estão cada vez mais

distraídos, vêm para o colégio cada vez mais cansados e a cabeça deles está em todo o

lado, menos no trabalho que estão a fazer na altura e até bons alunos, sem dificuldades e

que já revelaram ser pessoas inteligentes e sem revelarem dificuldades de

aprendizagem, cometem essas distrações, são distrações atrás de distrações e a acho que

está relacionado mais uma vez com os hábitos do dia-a-dia deles.”

Então quer dizer que apesar de desenvolver esses exercícios considera que

mesmo assim eles não melhoram?

“Na maioria dos casos melhoram, nos casos em que a regra ortográfica é muito

semelhante, mas apenas foi alterada a palavra, voltam a dar o mesmo erro.”

59

153

71

72

73

74

75

7677

78

79

80

81

82

83

8485

86

87

88

89

90

91

92

93

94

95

96

9798

99

100

101

154155

Page 75: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

De uma forma geral que conceções tem acerca dos erros ortográficos?

“Nos primeiros anos, quando eles começam a ler e a escrever, acho que é natural

da aprendizagem. Até é importante eles ao darem erros, para depois conseguirem irem

percebendo as regras ortográficas e à medida que leem vão conseguindo melhorar esses

erros. Agora no ano em que estamos, no 3.º ano, penso que os erros se devem à falta de

hábitos de leitura e à maneira como falam, que é cada vez pior o que depois tem

consequências na escrita.”

Como é que classifica o desempenho escrito dos seus alunos, tendo em conta

os erros ortográficos?

“Não, acho que eles dão erros ortográficos muito por distração e como já disse

muito pela maneira como falam”

E pensa que esses erros também se devem a falta de hábitos de leitura, como

é que tenta incutir estes hábitos?

“Eles não leem muito, apesar de serem desenvolvidas estratégias para que eles

leiam mais ao facultar-lhes livros de níveis diferentes de leitura, mas mesmo assim eles

não têm esse hábito.”

Consegue exemplificar tipos de erros mais comuns que os seus alunos

deem?

“Alguns dos erros frequentes são o <x> em várias palavras que têm um som

diferente, nos dois <ss> e no <ç>, no <u> e no <o> trocam muitas vezes estas duas

letras, também por causa do som.”

E quais é que pensa que são as causas que podem estar relacionadas com os

erros ortográficos?

“Sim, como já disse anteriormente, falta de hábitos de leitura, porque quanto

mais eles leem, o seu contacto com as palavras é maior e podem ver a maneira como são

escritas e para mim é a causa mais importante.”

60

156

1

2

3

4

5

6

7

89

10

11

12

1314

15

16

17

18

1920

21

22

23

24

2526

27

28

29

30

157158

Page 76: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

De que forma é que tenta colmatar os erros ortográficos dados pelos seus

alunos?

“Nós temos a ortografia à terça-feira, à quarta-feira fazemos ditados de palavras

com o caso ortográfico trabalhado na terça-feira e à sexta-feira fazemos sempre um

ditado com treino, de texto. Mesmo assim não basta só isso, tento que eles escrevam e

depois, quando é possível, corrigir os erros com eles. O que eu faço muitas vezes é

assinalar os erros, mas não corrijo com eles, para que eles releiam os erros que deram e

perceber o que é que podem ter feito mal.”

E relativamente a atividades como as cópias e exercícios de escrita criativa?

“Não, cópias não costumo fazer. Mas exercícios de escrita eles fazem imensos,

mas que incidam mais sobre exercícios de ortografia, em que eles tenham de aplicar a

palavra correta mediante a frase que tenham.”

E considera que eles dão mais erros nos ditados ou mais erros no exercícios

de escrita, por serem atividades que resultam da imaginação deles, enquanto os

ditados são um exercício mais imposto.

“Sim, realmente nota-se essa diferença, porque nos exercícios de escrita criativa

eles estão mais concentrados no que estão a escrever, para além de estarem focados na

palavra estão também atentos à estrutura da frase e em tudo o resto que um texto requer.

Nos ditados eles querem acompanhar o que está a ser dito que depois descuram a forma

de escrever as palavras.”

Que tipo de feedback é dado aos seus alunos após a constatação dos erros?

“Normalmente sublinho a palavra errada com um marcador amarelo e depois

eles têm de descobrir a forma correta de a escrever e faço isto com alguns alunos. Com

outros vou assinalando com eles os erros e vou corrigindo com eles, os que têm mais

dificuldades, os disléxicos e que não têm tanto essa capacidade de autocorreção.”

E qual é o impacto que pensa que esse feedback tem junto dos seus alunos?

“Depende dos alunos, porque os alunos que são mais atentos, que têm maior

capacidade de autocorreção melhoram nos erros que dão e depois os alunos que se

irritam e que são os que têm mais dificuldade escrevem com erros. Momentaneamente

melhoram, mas depois há aquelas palavras que são mais difíceis em que eles depois

acabam por errar mais tarde.”

61

159

31

32

33

34

35

36

37

38

3940

41

42

43

4445

46

47

48

49

50

51

52

5354

55

56

57

58

5960

61

62

63

64

65

160161

Page 77: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

De uma forma geral que conceções tem acerca dos erros ortográficos?

“A ortografia é um exercício que ganha muito com uma boa memória e muito do

problema dos erros tem a ver com este pouco treino da memória que as crianças hoje em

dia têm. Esse treino faz-se com a leitura, com muita conversa, quer com os pais quer

com os professores, em que os obriguemos a estruturar a frase, a dizer bem as palavras.

Portanto as conversas, a leitura, que cada vez é menor, e um treino constante da escrita.

Antigamente escrevia-se muito e conseguia-se trabalhar mais a memória. Hoje em dia,

se não for na escola, escreve-se cada vez menos e portanto essa memória é pouco

desenvolvida. Por isso acho que uma das causas de hoje em dia se escrever com muitos

erros tem a ver com essa memória pouco desenvolvida.”

Como é que classifica o desempenho escrito dos seus alunos tendo em conta

os erros ortográficos?

“Tenho uma panóplia muito grande. Tenho aqui alunas a escrever muito bem,

com imensa correção ortográfica, a maioria dos meus alunos que dão poucos erros ou

que já não dão erros são meninas, tirando em uma ou outra palavra nova, que seja difícil

que nunca viram ou nunca leram, é normal. Mas tenho aqui meninas que fazem ditado

de 120, 150 palavras a não darem erros ou a darem dois, três, um erro. Depois tenho

meninos com imensas lacunas e tenho o estádio do meio, com alunos que não são nem

muito bons nem muito maus e tenho como já referi os que têm imensas dificuldades na

escrita.”

Porque é que acha que eles dão esses erros, pensa que se pode dever

também a um desconhecimento das regras, falta de atenção?

“Penso que as razões variam consoante as crianças. Normalmente “bato” muito

na questão da memória, do treino, da persistência, o não gostar do exercício, a escrita é

um exercício que envolve paciência e calma e algumas crianças não estão predispostas

para isso. E depois também tem a ver com a consciência fonológica que referia no

início, relativamente à conversa com os pais, dizer bem os sons, não os deixar falar de

forma “abebezada” durante muito tarde, uma dicção correta para eles começarem a

ganhar esta consciência dos sons.”

62

162

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

1112

13

14

15

16

17

18

19

20

21

2223

24

25

26

27

28

29

30

31

163164

Page 78: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

Consegue exemplificar tipos de erros mais comuns que os seus alunos

deem?

“Por vezes confundem o <o> e o <u>, algumas palavras que se escrevem em

separado, escrevem tudo junto como “de repente” e por vezes também no <s>, <ss> e

no <ç>.”

De que forma tenta colmatar os erros ortográficos dados pelos seus alunos?

“Como agora estamos no 4.º ano este é um percurso de 4 anos, em que por

exemplo com os ditados eu faço ditados com preparação, no 1.º, 2.º e 3.º ano, em que as

crianças ao fim de semana levam como trabalho de casa um texto. No início palavras,

depois frases e por fim texto, em que se preparam. Depois quando chegam a meio do 3.º

ano já não lhes digo para eles fazerem a cópia das frases ou do texto, mas sim para

lerem e sublinharem e descobrirem as palavras em que sentem mais dificuldade. Depois

treinam essas palavras escrevendo-as várias vezes, fazendo a divisão silábica.

Assinalam a encarnado o erro que teve em determinada palavra, a silaba ou o som em

que errou e isto ao longo dos três primeiros anos. No 4.º ano, em que já estão a chegar

ao ponto da excelência ou que assim se deseja, já não faço ditado com preparações faço

ditados duas e três vezes por semana, que podem ser de palavras, frases ou texto e vou

buscá-los ao livro de história, ao livro de português. Às vezes o ditado de palavras do

meio da semana foram as palavras que eles mais erraram na segunda-feira.”

E costuma também fazer exercícios de escrita criativa, revisão de textos?

“Sim, também costumo fazer, mas os ditados são os exercícios que faço mais.”

Considera que eles dão mais erros nos exercícios de escrita criativa, em que

é um texto da autoria deles, ou nos ditados que é um exercício imposto e que por

isso eles podem dar mais erros?

“Depende dos anos. Acho que por exemplo no 2.º ano, em que eles começam a

escrever os textos deles, seja de escrita criativa uma proposta orientada, são textos que

eles próprios têm de estruturar, neste ano dão imensos erros, porque este é um ano em

que começam a escrever mais textos e histórias e descuram a parte da ortografia e essa

fase é terrível. E nessa altura é importante trabalhar a parte frásica como a ortografia.

No 4.º ano é como disse anteriormente, depende dos alunos que tenham mais ou menos

apetência para a escrita, acho que o facto de ser um exercício proposto ou não, não

influencia os erros que dão.”

63

165

32

33

34

35

36

3738

39

40

41

42

43

44

45

46

47

48

49

50

51

5253

54

5556

57

58

59

60

61

62

63

64

65

66

166167

Page 79: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

Que tipo de feedback é que costuma dar aos seus alunos quando deteta erros

ortográficos?

“Na fase em que eles estão escrevem apenas três vezes a palavra que erraram.

Numa outra fase têm de fazer a divisão silábica. Repito também alguns ditados umas

semanas depois.”

Qual é o impacto que pensa que esse feedback tem nos seus alunos?

“Depende. Há palavras que eles estão a errar e de repente faz-se um “clique” e

eles começam a escrever bem e há outras palavras como o “à” da contração da

preposição ou o “há” do verbo haver que nós batalhamos todos os anos e há alunos que

não conseguem compreender a regra.”

E pensa que isso se deve a quê? A falta de atenção?

“Eu acho que nesse aspeto ainda preciso de mais três anos para descobrir a causa

de aqueles três alunos que uma turma tem sempre. Mas pode dever-se a muitos fatores,

não perceber a regra, a questão do haver e do existir ser muito abstrato para eles e por

isso é difícil aplicar a regra. Isso varia de criança para criança e não consigo ainda

formalizar uma resposta concreta a isso. Ainda em relação a uma questão que foi

colocada anteriormente o levantamento dos erros que faço é para eu ter consciência de

como o aluno está em termos de erros, mas de uma forma geral, já não tenho tanto

tempo para aplicar uma ficha que aplicaria em anos anteriores para ver se eles

conseguem aplicar determinada regra.”

Ao longo da entrevista não foi muito referido o aspeto dos hábitos de

leitura, considera que este também pode ser um fator de ajuda à diminuição dos

erros ortográficos?

“Sim, eu aqui na sala faço a “Biblioteca Viva”, em que eles vão trocando os

livros entre si e posso dizer que neste momento tenho aqui alunos completamente

viciados em leitura que é uma coisa extraordinária, tenho duas mães que dizem que

quase que têm de esconder os livros para eles não lerem, é verdade. Depois tenho aqui

dois ou três rapazes que odeiam a leitura, que nem eu nem os pais conseguimos fazer

com que leiam mais.”

64

168

67

68

69

70

71

7273

74

75

76

77

7879

80

81

82

83

84

85

86

87

88

8990

91

92

93

94

95

96

97

98

99

169170

Page 80: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

Há pouco referiu uma coisa curiosa: que as raparigas dão menos erros e

que os rapazes é mais difícil pô-los a ler. Porque é que considera que existe esta

diferença tão grande entre rapazes e raparigas?

“Penso que tem a ver com a persistência. Sem desmazelo ou feminismo, mas eu

acho que os rapazes são mais rápidos a pensar, o que é bom na matemática porque são

muito ágeis. As meninas na minha opinião são mais persistentes. De uma forma geral as

meninas são mais calmas e têm mais paciência para decorar e talvez por isso consigam

ter mais paciência para ler, para memorizar as palavras. Como disse os rapazes têm uma

agilidade fantástica para a Matemática e depois aquela calma que é preciso ter para

escrever textos, para ler, tem de ser uma coisa trabalhada com eles. Depois tenho aqui

alunas muito boas a matemática, mas que o 1.º e o 2.º ano foi uma desgraça e hoje em

dia são muto boas, porque foi uma coisa que elas trabalharam, não é intuitivo. E os

rapazes a mesma coisa, os rapazes que eu tenho aqui a escrever bons textos, foram

rapazes que trabalharam esta dificuldade. Claro que também pode ter a ver com a sua

própria natureza de cada um.”

65

171

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

112

113

114

172173

Page 81: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

66

174

175176

Page 82: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

ANEXO 3 – GRELHAS DE ANÁLISE DE CONTEÚDO

67

177

178179

Page 83: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

68

180

181182

Page 84: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

Entrevista F. (4.° ano)

Categorias Subcategorias Transcrições

Conceções acerca dos erros

Atenção “Acho que os erros ortográficos têm a ver com a falta de atenção,

com falta de rigor na escrita, com a pressa em escrever e com a falta

de leitura.” (p. 55, l. 2-3)

Rigor na escrita

Leitura

Desempenho escrito dos alunos Tipos de exercício escrito

“Penso que têm um bom desempenho, em situação de ditado, em

situação de alguma forma, de pressão, acabam por dar mais erros

ortográficos. Mas perante os erros são capazes de os corrigir. Em

escrita livre escrevem com menos erros.” (p. 55, l. 7-9)

Erros cometidos pelos alunos Exemplos

“Sim. Principalmente onde existe mais que um som para a mesma

letra, erros com o “o” no final da palavra ou com o “u”. E erros

como “de repente” e “de seguida” escrevem tudo junto.” (p. 55, l.

13-15)

Causas para os erros Falta de hábitos de leitura e de gosto pela escrita

“Principalmente falta de leitura e em grande parte falta de gosto

pela escrita. Também têm um vocabulário pouco rico, por isso não

gostam de escrever ou escrevem menos para despachar.” (p. 55, l.

19-21)

Estratégias/Atividades desenvolvidas

Exercícios de escrita “Fazer mais momentos de escrita, mais momentos de escrita livre

ou com um tema dado e momentos de ditado.“ (p. 55, l. 24-25)Ditado

Feedback dado aos alunos Correção do professor “Nós temos dois momentos de correção dos erros: primeiro corrijo

69

183

115

184185

Page 85: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

eu, em que escrevo a palavra correta e eles depois eles escrevem-na

novamente. Depois dividem a palavra silabicamente.” (p. 55, l. 28-

30)

Correção pelo aluno

“O outro momento é entregar o texto ao próprio aluno e o aluno

identificar o erro e corrigir. Portanto tento sempre trabalhar

novamente a regra ortográfica com eles, perceber onde é que errou,

porquê e depois aplicar essa palavra noutro contexto.” (p. 55, l. 30-

33)

Impacto do feedback na aprendizagem

Melhoria na escrita

“Penso que os alunos acabam por escrever melhor, mas gostava de

ter mais tempo, por exemplo, para melhoramento de texto, porque

fazendo melhoramento de texto claramente melhoram.” (p. 56, l.

36-40)

70

186

116

117

118

187188

Page 86: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

Entrevista M. (3.° ano)

Categorias Subcategorias Transcrições

Conceções acerca dos erros

Falta de hábitos de leitura

“Acho que a origem dos erros vem da falta de hábitos de leitura,

eles leem cada vez menos e o que leem não são textos bem escritos,

com estruturas frásicas bem estruturadas e como não leem bons

textos dão cada vez mais erros ortográficos.” (p. 57, l. 2-4)

Pouco vocabulário

“Sim, penso que os alunos têm um vocabulário pouco rico, também

relacionado com as séries e as novelas e os programas que veem na

televisão. Acho que estão constantemente rodeados de maus

exemplos que os fazem também falar mal, logo escrever mal.” (p.

57, l. 9-12)

Escrever como se fala

“Outro ponto que eu também considero importante na quantidade

de erros ortográficos que eles dão é a maneira como eles falam, eles

escrevem como falam e por isso os alunos que falam mal, escrevem

mal, sem concordância de tempo verbal, sem concordância entre o

género e o número, frases mal estruturadas, sem pessoa gramatical,

muito confusas.” (p. 57, l. 12-16)

Desempenho escrito dos alunos Relação entre hábitos de leitura e a escrita

“Acho que se nota claramente que quem lê e, obviamente que está

tudo relacionado, porque quem lê bons livros, escreve melhor e tem

um raciocínio lógico e tem um poder de organização de pensamento

71

189

119

190191

Page 87: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

muito mais rico, assim como o vocabulário.” (p. 57, l. 20-23)

Mau desempenho escrito

“(…) para a idade deles e, comparativamente com a outra turma

que tive há quatro anos atrás, acho que o desempenho escrito tem

vindo a piorar.” (p. 57, l. 23-25)

Erros cometidos pelos alunos

Exemplos

“O “x” e o “ch” é um erro muito comum. Os dois “ss” e o “c”

também é muito comum. O “o” e o “u” no meio da palavra. E por

vezes juntam palavras que se escrevem separadas. Como eles falam

muito rápido, lá está, mais uma vez relacionada com a maneira

como falam, como alguns falam muito rápido, juntam duas e três

palavras a achar que se escrevem juntas, quando é só uma palavra.

Um exemplo recorrente que eles escrevem como falam é a palavra

“professora”, em que escrevem “prefessora”. (p.57-58, l. 33-39)

Causas para os erros

Falta de hábitos de leitura“Como já disse anteriormente, penso que se deve aos poucos

hábitos de leitura” (p. 58, l. 42)

Meio circundante do aluno

“ (…) poucos bons exemplos à volta deles, eles não leem, os pais

não leem, o que veem na televisão não são boas séries nem bons

conteúdos. Por isso os poucos bons exemplos que têm são os dados

no colégio, mas que não chega.” (p. 58, l. 42-45)

Leitura “Tento incentivar a leitura, através da “Biblioteca Viva” eles têm a

responsabilidade de ler, pelo menos, um livro mensalmente que

72

192

193194

Page 88: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

depois tem de ser apresentado à turma. Ao apresentarem é também

corrigida a maneira como eles se expressam e a maneira como eles

expõem o pensamento deles, o que os obriga a uma preparação

prévia.” (p. 58, l. 49-53)

Estratégias/Atividades desenvolvidas

Ditado

“Também fazemos ditados, mais para detetar os erros ortográficos

do que tanto para ver o desempenho escrito, porque os ditados,

sendo de texto, são sempre bons exemplos, com boas estruturas

frásicas, por isso no fundo, são sempre os bons exemplos que eles

têm.” (p. 58, l. 53-56)

Texto coletivo

“Outra coisa que temos feito e que acho que tem sido muito bom é

todas as semanas fazermos um texto coletivo, com ideias de todos,

em que aos poucos e poucos, vamos construindo o nosso texto e

eles ao se corrigirem uns aos outros e ao serem orientados por mim,

também percebem muitas vezes porque é que uma determinada

palavra tem de ser de uma maneira e não de outra, porque é que faz

sentido uma frase de uma maneira e não de outra e é bom porque é

um trabalho semanal que os obriga a escrever um texto bem

estruturado e com as ideias de todos. O texto depois acaba por ficar

rico em termos de vocabulário, de adjetivos.” (p. 58, l. 56-63)

73

195

196197

Page 89: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

Feedback dado aos alunos

Correção do professor

“Costumo sublinhar a parte da palavra onde foi dado o erro, depois

escrevo novamente a palavra, mas de forma correta, por baixo do

exercício onde foi detetado o erro.” (p. 59, l. 77-79)

Correção pelo aluno

“Eles depois têm de corrigir o erro, fazendo a divisão silábica e

escrevendo três vezes a palavra completa e posteriormente têm de

inventar uma frase em que apliquem essa mesma palavra, noutro

contexto.” (p. 59, l. 79-83)

Impacto do feedback na aprendizagem

Erros diferentes dos dados

anteriormente

“Eles ao corrigirem, muitas vezes está a palavra escrita à frente

deles até escrita por mim e eles voltam a dar exatamente o mesmo

erro e por vezes dão um erro diferente daquele que deram em

relação à mesma palavra.” (p. 59, l. 87-89)

Melhoria dos erros

“Na maioria dos casos melhoram, nos casos em que a regra

ortográfica é muito semelhante, mas apenas foi alterada a palavra,

voltam a dar o mesmo erro.” (p. 59, l. 100-101)

74

198

120

121

122

199200

Page 90: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

C. (3.° ano)

Categorias Subcategorias Transcrições

Conceções acerca dos erros

Processo natural de aprendizagem

“Nos primeiros anos, quando eles começam a ler e a escrever, acho

que é natural da aprendizagem. Até é importante eles ao darem

erros, para depois conseguirem irem percebendo as regras

ortográficas e à medida que leem vão conseguindo melhorar esses

erros.” (p. 60, l. 2-5)

Falta de hábitos de leitura e forma como falam

“Agora no ano em que estamos, no 3.º ano, penso que os erros se

devem à falta de hábitos de leitura e à maneira como falam, que é

cada vez pior o que depois tem consequências na escrita.” (p. 60, l.

5-7)

“Eles não leem muito, apesar de serem desenvolvidas estratégias

para que eles leiam mais ao facultar-lhes livros de níveis diferentes

de leitura, mas mesmo assim eles não têm esse hábito.” (p. 60, l.

16-18)

Desempenho escrito dos alunos Distração e forma como falam“Acho que eles dão erros ortográficos muito por distração e como já

disse muito pela maneira como falam.” (p. 60, l. 11-12)

Erros cometidos pelos alunos Exemplos “Alguns dos erros frequentes são o “x” em várias palavras que têm

um som diferente, nos dois “ss” e no “c”, no “u” e no “o” trocam

muitas vezes estas duas letras, também por causa do som.” (p. 60, l.

75

201

123

202203

Page 91: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

22-24)

Causas para os erros Falta de hábitos de leitura

“Sim, como já disse anteriormente, falta de hábitos de leitura,

porque quanto mais eles leem, o seu contacto com as palavras é

maior e podem ver a maneira como são escritas e para mim é a

causa mais importante.” (p. 60, l. 28-30)

Estratégias/Atividades desenvolvidas

Ditados

“Nós temos a ortografia à terça-feira, à quarta-feira fazemos ditados

de palavras com o caso ortográfico trabalhado na terça-feira e à

sexta-feira fazemos sempre um ditado com treino, de texto. Mesmo

assim não basta só isso, tento que eles escrevam e depois, quando é

possível, corrigir os erros com eles. O que eu faço muitas vezes é

assinalar os erros, mas não corrijo com eles, para que eles releiam

os erros que deram e perceber o que é que podem ter feito mal.” (p.

61, l. 33-38)

Exercícios de escrita

“(…) exercícios de escrita eles fazem imensos, mas que incidam

mais sobre exercícios de ortografia, em que eles tenham de aplicar a

palavra correta mediante a frase que tenham.” (p. 61, l. 41-43)

Feedback dado aos alunos Correção do Professor “Normalmente sublinho a palavra errada com um marcador amarelo

e depois eles têm de descobrir a forma correta de a escrever e faço

isto com alguns alunos. Com outros vou assinalando com eles os

erros e vou corrigindo com eles, os que têm mais dificuldades, os

76

204

205206

Page 92: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

disléxicos e que não têm tanto essa capacidade de autocorreção.”

(p. 61, l. 55-58)

Impacto do feedback na aprendizagem

Depende dos alunos

“Depende dos alunos, porque os alunos que são mais atentos, que

têm maior capacidade de autocorreção melhoram nos erros que dão

e depois os alunos que se irritam e que são os que têm mais

dificuldade escrevem com erros.” (p. 61, l. 61-63)

Melhoria na escrita

“Momentaneamente melhoram, mas depois há aquelas palavras que

são mais difíceis em que eles depois acabam por errar mais tarde.”

(p. 61, l. 63-65)

77

207

124

125

208209

Page 93: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

C. (4.° ano)

Categorias Subcategorias Transcrições

Conceções acerca dos erros Boa memória

“A ortografia é um exercício que ganha muito com uma boa

memória e muito do problema dos erros tem a ver com este pouco

treino da memória que as crianças hoje em dia têm. Esse treino faz-

se com a leitura, com muita conversa, quer com os pais quer com os

professores, em que os obriguemos a estruturar a frase, a dizer bem

as palavras. Portanto as conversas, a leitura, que cada vez é menor,

e um treino constante da escrita.” (p.62, l. 2-6)

Desempenho escrito dos alunos

Bom desempenho

“Tenho uma panóplia muito grande. Tenho aqui alunas a escrever

muito bem, com imensa correção ortográfica, a maioria dos meus

alunos que dão poucos erros ou que já não dão erros são meninas,

tirando em uma ou outra palavra nova, que seja difícil que nunca

viram ou nunca leram, é normal. Mas tenho aqui meninas que

fazem ditado de 120, 150 palavras a não darem erros ou a darem

dois, três, um erro. “ (p.62, l. 14-18)

Mau desempenho

“Depois tenho meninos com imensas lacunas e tenho o estádio do

meio, com alunos que não são nem muito bons nem muito maus e

tenho como já referi os que têm imensas dificuldades na escrita.”

(p. 62, l. 18-21)

78

210

126

211212

Page 94: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

Erros cometidos pelos alunos Exemplos

“Por vezes confundem o “o” e o “u”, algumas palavras que se

escrevem em separado, escrevem tudo junto como “de repente” e

por vezes também no “s”, “ss” e no “c.” (p. 63, l. 34-36)

Causas para os erros

Treino na memória

“Penso que as razões variam consoante as crianças. Normalmente

“bato” muito na questão da memória, do treino, da persistência, o

não gostar do exercício, a escrita é um exercício que envolve

paciência e calma e algumas crianças não estão predispostas para

isso.” (p. 62, l. 25-28)

Consciência Fonológica

“E depois também tem a ver com a consciência fonológica que

referia no início, relativamente à conversa com os pais, dizer bem

os sons, não os deixar falar de forma “abebezada” durante muito

tarde, uma dicção correta para eles começarem a ganhar esta

consciência dos sons.” (p. 62, l. 28-31)

Estratégias/Atividades desenvolvidas

Ditados

“No 4.º ano, em que já estão a chegar ao ponto da excelência ou que

assim se deseja, já não faço ditado com preparações faço ditados

duas e três vezes por semana, que podem ser de palavras, frases ou

texto e vou buscá-los ao livro de história, ao livro de português. Às

vezes o ditado de palavras do meio da semana foram as palavras

que eles mais erraram na segunda-feira.” (p. 63, l. 47-51)

Escrita de textos “Sim, também costumo fazer, mas os ditados são os exercícios que

79

213

214215

Page 95: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

faço mais.” (p. 63, l. 54)

Feedback dado aos alunos

Reescrita das palavras“Na fase em que eles estão, escrevem apenas três vezes a palavra

que erraram.“ (p. 64, l. 67)

Divisão Silábica “Numa outra fase têm de fazer a divisão silábica.” (p. 64, l. 69)

Repetição de Ditados“Repito também alguns ditados umas semanas depois.” (p. 64, l.

70-71)

Impacto do feedback na aprendizagem Depende das palavras

“Depende. Há palavras que eles estão a errar e de repente faz-se um

“clique” e eles começam a escrever bem e há outras palavras como

o “à” da contração da preposição ou o “há” do verbo haver que nós

batalhamos todos os anos e há alunos que não conseguem

compreender a regra.” (p. 64, l. 74-77)

80

216

217218

Page 96: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

ANEXO 4 – SÍNTESE DE CADA ENTREVISTA

81

219

127

128

129

130

131

132

133

134

135

136

137

138139

140

141

142

143

144

145

146

147

148

149

150

151

152

153

154

155

156

220221

Page 97: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

82

222

157

158

159

160

161

162

163

164

165

166

167

168

169

170

171

223224

Page 98: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

F.

No que concerne à primeira entrevista e no que respeita à primeira questão,

relacionada com a conceção da docente acerca dos erros ortográficos, a mesma destaca

a falta de atenção, o rigor na escrita e a falta de hábitos de leitura como pontos fulcrais

para os erros dados pelos alunos.

Quanto ao desempenho escrito dos alunos é referido que este é um fator que

depende do tipo de exercícios que os alunos realizem, chegando a dar exemplos

concretos desta afirmação, explicitando que na realização dos ditados, ou seja, em

situações que haja alguma pressão para que os alunos escrevam, os mesmos cometem

mais erros. Por outro lado, nos exercícios de escrita livre, indica que os erros dados são

em menor número.

A pergunta seguinte, relacionada com os exemplos de erros dados pelos alunos,

a docente apresenta alguns exemplos concretos, como o <o> no final da palavra ou com

o <u> e erros como “de repente” e “de seguida”, em que deveriam escrever em

separado, mas que escrevem junto.

Relativamente às causas para os erros, a docente indica aspetos como a falta de

hábitos de leitura e de gosto pela escrita como fatores que originam os erros

ortográficos, acrescentando ainda que apesar de alguns alunos possuírem um

vocabulário rico, não apresentam gosto pela escrita e descuram esta atividade.

A docente refere, no que respeita às estratégias desenvolvidas para colmatar os

erros dados pelos alunos, que as mesmas passam pela realização de exercícios de

escrita, como momentos de escrita livre e ditados.

No que toca ao feedback que a docente transmite aos seus alunos aquando da

ocorrência de erros, a mesma refere que na sua prática é comum realizar dois momentos

de correção dos erros. O primeiro, inicia-se com a correção do erro da sua parte, em que

escreve a palavra errada de forma correta e posteriormente, os alunos têm de escrever

novamente a palavra de forma correta e dividi-la silabicamente. O outro momento

referido pela docente, parte da entrega do texto ao aluno, em que cabe ao mesmo a

tarefa de identificar e corrigir os erros. A docente indica também e, ainda neste sentido,

que tenta trabalhar a regra ortográfica com os alunos, para que estes percebam onde

erraram, porquê e consequentemente tenta que os alunos apliquem a palavra onde

erraram num outro contexto.

Por fim, na resposta à questão sobre o impacto que o feedback dado aos alunos,

tem na aprendizagem dos mesmos, a docente refere que de uma forma global, os alunos

83

225

172

173

174

175

176

177

178

179

180

181

182

183

184

185

186

187

188

189

190

191

192

193

194

195

196

197

198

199

200

201

202

203

204

205

226227

Page 99: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

melhoram na escrita de erros. No entanto, acrescenta que gostaria de ter mais tempo

para trabalhar com os seus alunos o melhoramento de texto, porque em momentos

anteriores desenvolveu esta atividade e apercebeu-se que melhoraram

consideravelmente a sua escrita.

84

228

206

207

208

209

229230

Page 100: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

M.

As conceções que a docente entrevistada apresenta relacionadas com os erros

ortográficos, remetem-se para a falta de hábitos de leitura, pouco vocabulário e o facto

de os alunos escreverem como falam. No primeiro aspeto, afirma que os alunos leem

cada vez menos e os poucos textos que leem não são, na sua opinião, textos bem

escritos, que apresentem boas estruturas frásicas. Desta forma apresenta uma relação

entre dois aspetos, designando que se os alunos não leem bons textos, cometem cada

vez mais erros ortográficos.

Quanto ao segundo aspeto, relacionado com o pouco vocabulário que os alunos

apresentam, a docente declara que os alunos estão rodeados de maus exemplos,

indicando os meios de comunicação social, mais concretamente a televisão como uma

causa para os maus exemplos referidos. Neste sentido, indica também que se os alunos

têm estes maus exemplos que os levam a falar mal, irão, desta forma, escrever

igualmente mal.

No que respeita ao último aspeto, relativo ao facto de os alunos escreverem

como falam, a docente estabelece uma correspondência entre a oralidade e a escrita,

afirmando que os alunos também escrevem mal muito por influência da forma como

falam, referindo como exemplos a ausência de concordância de tempo verbal e da

ausência de concordância entre género e o número.

O desempenho escrito dos alunos é visto pela docente como um resultado dos

alunos que apresentam hábitos de leitura, pois quem tem esses mesmos hábitos

adquiridos, demonstra melhores resultados nos exercícios de escrita, bem como um

melhor raciocínio lógico e um vocabulário diversificado. Ainda relativamente ao

desempenho escrito dos alunos, é referido que comparativamente à turma que

acompanhou anteriormente, considera que o desempenho escrito dos alunos tem vindo a

piorar.

Relativamente aos erros ortográficos cometidos pelos alunos, a docente

apresentou exemplos concretos destacando o <x> e o <ch>, os <ss> e o <ç>, bem como

o <o> e o <u> no meio da palavra. Refere também as palavras que se escrevem

separadamente e que os alunos unem numa só palavra. Relaciona também o facto de os

alunos escreverem como falam, em que apresenta o exemplo da palavra “professora”

em que alguns dos seus alunos escrevem “prefessora”.

No que concerne às causas para os erros, a docente destaca dois pontos que

considera relevantes: mais uma vez refere a falta de hábitos de leitura e o meio

85

231

210

211

212

213

214

215

216

217

218

219

220

221

222

223

224

225

226

227

228

229

230

231

232

233

234

235

236

237

238

239

240

241

242

243

232233

Page 101: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

circundante do aluno. Neste último ponto, destaca também e, mais uma vez, a

importância dos exemplos que rodeiam os alunos, considerando que nem sempre são os

melhores.

Quanto às estratégias e atividades que a docente desenvolve, estas recaem sobre

a leitura em que é transmitido aos alunos a responsabilidade de lerem, pelo menos, um

livro mensalmente e o mesmo é, posteriormente, apresentado à turma. Tal como a

docente destaca ao longo da entrevista, a importância da oralidade, a mesma refere que

nas apresentações dos alunos corrige a forma como estes se expressam e como

estruturam o seu pensamento. Outra das atividades desenvolvidas pela docente são as

atividades de ditado e também o texto coletivo. Esta última atividade a docente

considera que tem sido benéfica pelo facto de ser desenvolvida em conjunto, pois todos

os alunos contribuem para a construção do texto. Durante este momento podem ter a

possibilidade de reformularem aspetos referidos pelos colegas e que considerem não ser

os mais adequados. A docente acrescenta que desta forma compreendem porque é que

determinada palavra se escreve de uma forma e não de outra, porque é que determinada

frase faz mais sentido de uma maneira e não de outra forma e afirma que o resultado

final são textos bem estruturados e que servem como um bom exemplo para os alunos.

Quanto ao feedback dado aos alunos, este passa primeiro por uma correção da

docente em que a mesma sublinha a parte da palavra onde os alunos erraram e

posteriormente a palavra é escrita de forma correta, a seguir ao exercício onde foi

detetado o erro.

Após a correção por parte do professor, os alunos fazem a divisão silábica da

palavra que erraram e escrevem-na três vezes. Concluído este momento, os alunos têm a

tarefa de escrever uma frase, onde apliquem a palavra que erraram, num contexto

diferente do que escreveram inicialmente.

A docente considera que o impacto que este feedback tem nas aprendizagens é

positivo, na medida em que os alunos melhoram sobretudo se a regra ortográfica de

determinada palavra for semelhante com alguma que eles já compreendem.

86

234

244

245

246

247

248

249

250

251

252

253

254

255

256

257

258

259

260

261

262

263

264

265

266

267

268

269

270

271

235236

Page 102: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

C.

As considerações da docente relativamente às conceções que tem acerca do erro

incidem sobre o facto de ser um processo natural de aprendizagem, em que é apontado

como normal, o processo de escrita nos primeiros anos e que com os erros que

cometem, os alunos podem depois, numa fase posterior, aprender como se escreve

determinada palavra. É indicado também a falta de hábitos de leitura e a forma como os

alunos se expressam e que tanto um fator como o outro, influenciam bastante a escrita.

O desempenho escrito dos alunos é definido pela docente entrevistada como uma

consequência de distração e mais uma vez da forma como os alunos se expressam.

Os erros cometidos pelos alunos são indicados pela docente através de

exemplos, em que a mesma indica que os erros mais frequentes são o <x> em várias

palavras que têm um som diferente, nos dois <ss> e no <ç>, no <u> e no <o> em que os

alunos erram porque são dois grafemas que em alguns contextos apresentam o mesmo

som.

As causas para os erros ortográficos são na opinião da docente, causados pela

falta de hábitos de leitura, referindo que se os alunos lerem o seu contacto com as

palavras é maior e desta forma percecionam a forma como determinadas palavras se

escrevem.

Quanto às estratégias/atividades desenvolvidas pela docente, estas caracterizam-

se essencialmente pela realização de ditados em que os alunos todas as semanas

trabalham um caso ortográfico e no final de cada semana, realizam um ditado de texto

relacionado com esse mesmo caso ortográfico. São também desenvolvidos com os

alunos exercícios de escrita relacionados com ortografia, em que os alunos tenham de

aplicar a palavra correta, dependendo da frase que tenham.

No que toca ao feedback dado aos alunos acerca dos erros que estes cometem,

este é transmitido através da correção inicial por parte do professor, em que assinala a

palavra que está mal escrita e posteriormente os alunos têm de perceber qual é a forma

correta de escrita da mesma. Por outro lado, com outros alunos, a docente vai

assinalando os erros e corrigindo com os mesmos, esses mesmos erros. Esta

diferenciação tem como propósito as dificuldades que os alunos apresentam.

O impacto do feedback dado aos alunos na sua aprendizagem é vista pela

docente como dependente dos alunos, uma vez que os que apresentam uma maior

atenção e têm maior capacidade de autocorreção, conseguem melhorar, enquanto os

alunos que têm mais dificuldades passam por um processo mais moroso de aquisição da

87

237

272

273

274

275

276

277

278

279

280

281

282

283

284

285

286

287

288

289

290

291

292

293

294

295

296

297

298

299

300

301

302

303

304

305

238239

Page 103: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

escrita de determinada palavra. A docente afirma também que, de uma forma geral,

nota-se uma melhoria dos erros ortográficos, mas que existem sempre algumas palavras

que são mais difíceis para os alunos compreenderem a regra, acabando sempre por errar

mais tarde.

88

240

306

307

308

309

310

311

241242

Page 104: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

C. (4.ºano)

As conceções que a docente tem acerca dos erros ortográficos remetem-se para a

memória, na medida em que refere que hoje em dia existe pouco treino desta

competência e relaciona este facto com o de os alunos cometerem cada vez mais erros.

Neste sentido, indica que é importante que os alunos leiam mais, que nas conversas que

se têm com os mesmos, estes estruturem bem as frases e articulem corretamente as

palavras.

Relativamente ao desempenho escrito dos alunos, a docente afirma que tem uma

grande diversidade de alunos que escrevem muito bem, com muita correção ortográfica,

enquanto outros ainda cometem imensos erros.

A docente, no que respeita aos erros cometidos pelos alunos, indica alguns

exemplos, como o <o> e o <u>, as palavras que se escrevem em separado, escrevem

tudo junto como “de repente” e por vezes também no <s>, <ss> e no <c>.

Quanto às causas para os erros, a docente aponta mais uma vez a memória como

uma das causas, mas também a consciência fonológica, em que a mesma indica que é

muito importante que os pais quando falam com os filhos, articulem bem as palavras,

para que haja uma perceção dos sons que as constituem e não devem deixar que falem

de uma forma demasiado infantil até muito tarde.

As estratégias desenvolvidas pela docente para colmatar os erros ortográficos,

passam pela realização de ditados, em que os mesmos não envolvem uma preparação

prévia dos alunos. Os ditados são realizados duas e três vezes por semana e podem ser

de palavras, frases ou texto. O conteúdo dos ditados é retirado dos vários manuais que

os alunos têm à sua disposição e por vezes os ditados de palavras que os alunos realizam

a meio da semana e são uma repetição do ditado que realizaram na segunda-feira e o

qual erraram muitas palavras. A docente refere também que tem por hábito realizar

exercícios de escrita.

Relativamente ao feedback dado aos alunos este passa por uma reescrita das

palavras que erraram, pela divisão silábica das mesmas e opta também pela repetição

dos ditados que realiza, umas semanas mais tarde.

Por fim, no que respeita ao impacto que este feedback tem nas aprendizagens

dos alunos, a docente indica que depende muito das palavras, porque há palavras que os

alunos demoram imenso tempo a compreender a escrita porque não compreendem a

regra, mas depois há outras que eles aprendem facilmente.

89

243

312

313

314

315

316

317

318

319

320

321

322

323

324

325

326

327

328

329

330

331

332

333

334

335

336

337

338

339

340

341

342

343

344

345

244245

Page 105: comum.rcaap.pt · Web view... de intervenção por parte do professor e um processo revelador das aprendizagens que os alunos já efetuaram e das dificuldades que ainda manifestam

90

246

346

247248