comum - edição 6

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Série 3 Edição nº 6 Distribuição gratuita Director: Rui Passos Rocha www.comumonline.com [email protected] “Todos os cursos deveriam ter cadeiras em que se abordasse a realidade da investigação europeia nessa área. Deveriam acordar parcerias com cursos equivalentes noutras universidades e desenvolver projectos de relevância continental em que participassem docentes e discentes” João Martinho Moisés Martins: AAUM “ampara Reitoria nas decisões fundamentais” Em comunicado disponibiliza- do esta semana no serviço de Intranet da Universidade do Minho, o candidato derrotado nas mais recentes eleições pa- ra a Reitoria critica o papel de- sempenhado pela Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) aquando das votações mais importantes pa- ra o futuro da Academia. No entender de Moisés Mar- tins, o papel da equipa liderada por Pedro Soares “é apenas o de amparar a Reitoria no con- trole das decisões fundamen- tais”, para as quais isoladamen- te não consegue impor as suas ideias. Foi, portanto, “por artes mágicas” que a Reitoria sem- pre fez valer as suas opiniões - é que “da cartola sempre saiu uma coelhinha” (a AAUM). Em reacção, Pedro Soares diz que lidera uma associação com uma “postura democrática” e considera “um insulto baixo” a analogia da ‘coelhinha’. » P 7 Seg 06 Abr 08 ENTERRO DA GATA » P 6 James e Jorge Palma no Enterro James é a primeira banda oficialmente confirmada para o cartaz do Enterro da Gata 2008. No seu MySpace, Jor- ge Palma também anuncia a vinda a Braga em Maio. MENOS 5 POR CENTO » P 5 Orçamento da AAUM reduzido O orçamento da Associação Académica da Universidade do Minho sofreu uma redu- ção de cerca de cinco por cento em relação ao ano passado. Pedro Soares ga- rantiu, ainda assim, que vão ser cumpridas todas as activi- dades aprovadas na RGA da última segunda feira. PUBLICIDADE Pedro Soares diz que ex-candidato a Reitor fez “insulto baixo” PROCESSO DE BOLONHA » P 5 Alunos de LEI pagam por erros administrativos Alguns estudantes do 3º ano da Licenciatura em Engenha- ria Informática viram-se, em Janeiro, subitamente matricu- lados no 2º ano. Tiveram, en- tão, de fazer um requerimen- to ao Reitor, que lhes custou 16 euros. Outros não tiveram de pagar nada. EM DIREITO Docente não entrega exames e impede que alunos acedam à Ordem dos Advogados Seis alunos de Direito da UM fizeram o exame da cadei- ra de Direito das Obrigações numa época antecipada. Mas a antecipação, que supostamente permitiria aos alunos terminarem o curso a tempo de entrarem na Ordem dos Advogados, acabou por ser inútil. O docente da unidade curricular, Nuno Oliveira, não entregou os exames a tempo e, agora, os alunos arriscam-se a ficar parados até Outubro, altura em que reabrem as inscrições na Ordem. Dois destes alunos falarem em exclusivo com o ComUM. » P 8/9

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Número 6 do jornal dos alunos de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho

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Page 1: ComUM - Edição 6

Série 3 Edição nº 6Distribuição gratuita

Director: Rui Passos Rocha

[email protected]

“Todos os cursos deveriam ter cadeiras em que se abordasse a realidade da

investigação europeia nessa área. Deveriam acordar parcerias com cursos equivalentes

noutras universidades e desenvolver projectos de relevância continental em

que participassem docentes e discentes”João Martinho

Moisés Martins: AAUM “ampara Reitoria nas decisões fundamentais”

Em comunicado disponibiliza-do esta semana no serviço de Intranet da Universidade do Minho, o candidato derrotado nas mais recentes eleições pa-ra a Reitoria critica o papel de-sempenhado pela Associação

Académica da Universidade do Minho (AAUM) aquando das votações mais importantes pa-ra o futuro da Academia. No entender de Moisés Mar-tins, o papel da equipa liderada por Pedro Soares “é apenas o

de amparar a Reitoria no con-trole das decisões fundamen-tais”, para as quais isoladamen-te não consegue impor as suas ideias. Foi, portanto, “por artes mágicas” que a Reitoria sem-pre fez valer as suas opiniões

- é que “da cartola sempre saiu uma coelhinha” (a AAUM). Em reacção, Pedro Soares diz que lidera uma associação com uma “postura democrática” e considera “um insulto baixo” a analogia da ‘coelhinha’. » P 7

Seg 06 Abr 08

ENTERRO DA GATA

» P 6

James e Jorge Palma no Enterro

James é a primeira banda oficialmente confirmada para o cartaz do Enterro da Gata 2008. No seu MySpace, Jor-ge Palma também anuncia a vinda a Braga em Maio.

MENOS 5 POR CENTO

» P 5

Orçamento da AAUM reduzido

O orçamento da Associação Académica da Universidade do Minho sofreu uma redu-ção de cerca de cinco por cento em relação ao ano passado. Pedro Soares ga-rantiu, ainda assim, que vão ser cumpridas todas as activi-dades aprovadas na RGA da última segunda feira.

PUBLICIDADE

Pedro Soares diz que ex-candidato a Reitor fez “insulto baixo”

PROCESSO DE BOLONHA

» P 5

Alunos de LEI pagam por erros administrativos

Alguns estudantes do 3º ano da Licenciatura em Engenha-ria Informática viram-se, em Janeiro, subitamente matricu-lados no 2º ano. Tiveram, en-tão, de fazer um requerimen-to ao Reitor, que lhes custou 16 euros. Outros não tiveram de pagar nada.

EM DIREITO

Docente não entrega exames e impede que alunos acedam à Ordem dos Advogados

Seis alunos de Direito da UM fizeram o exame da cadei-ra de Direito das Obrigações numa época antecipada. Mas a antecipação, que supostamente permitiria aos alunos terminarem o curso a tempo de entrarem na Ordem dos Advogados, acabou por ser inútil. O docente da unidade curricular, Nuno Oliveira, não entregou os exames a tempo e, agora, os alunos arriscam-se a ficar parados até Outubro, altura em que reabrem as inscrições na Ordem. Dois destes alunos falarem em exclusivo com o ComUM. » P 8/9

Page 2: ComUM - Edição 6

A semana em revista

FICHA TÉCNICA ComUM - Jornal dos Alunos de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho | Site: www.comumonline.com | geral@

comumonline.com | Propriedade: Grupo dos Alunos de Comunicação Social da Universidade do Minho | Contribuinte nº 503508411 | Depósito-

legal: 272917/08 | Impressão: Diário do Minho | Tiragem: 2.000 exemplares | Director: Rui Passos Rocha | Chefes-de-redacção: Pedro Romano

(Sociedade), Anabela Peixoto (Cultura) e Alberto Miguel Teixeira (Desporto) | Editores: Bruno Simões (Sociedade), Olga Pereira (Cultura) e Carlos

Daniel Rego (Desporto) | Sub-editores: Phillipe Vieira (Sociedade), Carla Lameira (Cultura) e Alberto José Teixeira (Desporto) | Coordenação:

Cláudia Lomba | Redacção: Ana Gomes, Ana Luísa Rego, Carla Oliveira, Catarina Dias, Catarina Martins, Catarina Navio, Cátia Ferreira, Cidália

Barros, Cláudia Lima Carvalho, Cláudia Garcia, Delfim Machado, Dennis Lima, Eduarda Simões, Eduarda Sousa, Filipa Gomes, Hugo Monteiro,

Hugo Pires, Isabel Velho Ferreira, Ivo Neto, João Santos, Liliana Alves, Márcio Silva, Marcos Sabino, Margarida Carvalho, Maria Betânia Ribeiro,

Marisa Ribeiro, Miguel Machado, Mónica Dias, Nídia Rainha, Octávio Pedrosa, Paula Lobo, Paulo Paulos, Pedro Cunha, Pedro Silva, Rita Araújo,

Salomé Peixoto, Sanny Fonseca, Sara Meneses, Sylvie Oliveira e Vítor de Sousa | Multimédia: Carlos Ferreira (agendamento e edição), Cidália

Barros, João Rodrigues, Phillipe Vieira e Rita Araújo | Fotografia: Carlos Ferreira (agendamento), Catarina Oliveira, Francisca Fidalgo e Sílvia

Pereira | Agenda: Hugo Monteiro | Opinião: Carla Cerqueira, Carolina Lapa, Filipe Alves, Hélder Beja, Hugo Torres, Irene Ferreira, Joana Abreu,

João Martinho, Joaquim Fidalgo, Joaquim Sá, José Cadima Ribeiro, José Pedro Monteiro, José Sá Reis, Luís Soares Barbosa, Pedro Morgado, Rui

Afonso, Rui Barbosa, Samuel Silva e Sílvio Mendes | Cartoon e ilustrações: César Évora | Paginação: Phillipe Vieira, Rui Passos Rocha e Débora

Pinguinha (base) | Webmaster: Rui Passos Rocha e Bruno Simões (apoio) | Fundadores: Hélder Beja e Hugo Torres - Dezembro 2005

02 . ComUM | Série 3 Edição nº 6 | www.comumonline.com

A peça “O Amor”, da Companhia de Teatro Regional da Serra de Montemu-ro, marcou o início do 2º Festival das Companhias Descentralizadas, que se realizou em Braga entre os dias 25 a 30 de Março. A iniciativa surgiu no âmbi-to do Dia Mundial do Teatro e juntou a companhia de Teatro das Beiras, a Escola da Noite - Grupo de Teatro de

Coimbra, o Centro Dramático de Évora, a Companhia de Teatro do Algarve e a Companhia de Teatro de Braga. O objectivo deste evento passou por apresentar o trabalho artístico teatral pro-duzido fora dos grandes centros urbanos e promover a reflexão sobre a problemá-tica da criação, a necessidade de circula-ção e a optimização de recursos.

Os antigos alunos fecharam com chave de ouro as Jornadas de Comunicação Social. Na Velha-a-Branca, a tertúlia só acabou quan-do o trabalho do dia seguinte obrigou ao recolher.

Vídeo da semana

Ascensor

Ex-alunos de CS

O antigo seleccionador nacional de atletismo emocionou-se com a homenagem que técnicos e atle-tas lhe fizeram. Um justo tributo a quem já levou o atletismo portu-guês ao pódio olímpico.

Moniz Pereira

A Associação Académica da Uni-versidade do Minho tem menos dinheiro para este ano. Apesar de tudo, o presidente Pedro Soares garante que nenhum projecto da associação está em causa.

Orçamento da AAUM

O problema com o curso de LEI até pode não ser da sua compe-tência. Mas a recusa em prestar esclarecimentos só revela autismo da parte dos Serviços Académicos da Universidade do Minho.

Serviços Académicos

Segundo os alunos entrevistados, o docente não publicou as notas do exame de Direito de Obriga-ções a tempo e seis estudantes acabaram por não poder concor-rer à Ordem dos Advogados.

Nuno Oliveira-2

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A semana revistaSINUS apresentado. Foi dado a conhecer, nos dias 2 e 3 de Abril, no campus de Azurém, o pro-jecto SINUS, um programa que pretende elaborar equipamen-tos tecnológicos que permitam a melhoria da eficiência e da qua-lidade da energia em sistemas electrónicos. A iniciativa foi or-ganizada pelo Departamento de Electrónica Industrial (DEI).

Ex-alunos animam Jornadas de Ciências da Comunicação. As XI Jornadas trouxeram no-mes importantes à Universidade do Minho mas foram os antigos alunos (ver caixa) que fecharam o certame com chave de ouro. Na quarta-feira passada, na Velha-a-Branca, a tertúlia só acabou já depois da uma da manhã.

ABC nas meias. O ABC de Braga conseguiu um lugar nas meias-finais da Liga Halcon ao vencer o ISAVE, por 23-26, no segundo

Jorge Palma abriu Feira do Livro de Braga. O concerto de Jorge Pal-ma foi no sábado, dia 29 de Março, e contou também com a partici-pação de Vicente Palma, filho do músico. O Parque de Exposições de Braga encheu-se para ouvir a dupla que cantou e encantou com músicas do presente e do passado.

Vicious 5 no Siga Pra Bingo. Os Vicious 5 trouxeram ao Siga Pra Bingo uma quantidade anormal de visitantes. O concerto foi no sábado, dia 29, e contou com os The Glockenwise, de Barcelos.

A semana previstaXXII Semana de Direito traz Freitas do Amaral à UM. O já célebre evento organizado pela Escola de Direito começa hoje, segunda-feira, pelas 14h30, no Anfiteatro A1 do CP1. A Sessão Solene de Abertura recebe Frei-tas do Amaral, que receberá o prémio AEDUM “Personalidade Jurídica do ano 2007”, e o Pre-sidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do Nascimento. Os colóquios prolongam-se du-rante terça, quarta e quinta-feira.

Bioenergia em debate na UM. Já começou ontem mas pro-longa-se até quarta-feira, dia 9 de Abril. “Bioenergy: challenges and opportunities” é o nome do Congresso promovido pelo Centro para a Valorização de Resíduos, no pólo de Azurém, em Guimarães.

Congresso Viver Ambiente. O Congresso tem lugar no CP2, em Gualtar, entre quinta e sexta-fei-ra. A iniciativa é destinada a alu-nos do Ensino Secundário e visa debater o impacto que a acção humana pode ter na salvação do planeta, tentando sensibilizar os mais novos para estes problemas ambientais.

Centenário da morte de Alberto Sampaio. Esta semana comemo-ra-se o centenário da morte de Alberto Sampaio. Um pouco por toda a região estão programados diversos eventos para honrar o escritor e historiador natural de Guimarães.

José Saramago, 10 anos do pré-mio Nobel. O autor e as obras vão estar em discussão na Feira do Livro de Braga. O debate é no

dia 11 de Abril, às 15h30, e con-ta com a presença de Ana Paula Arnaut e José Manuel Mendes. A leitura dos textos está a cargo de António Durães.

jogo do play-off. O jogo realizado no pavilhão Flávio Sá Leite, casa emprestada dos estudantes da Póvoa do Lanhoso, foi dominado pelos campeões nacionais. Já no primeiro jogo, os bracarenses ha-viam vencido por 30-28.

AAUM na final four de hóquei. A equipa de hóquei em patins da AAUM qualificou-se para a final four, depois de ficar no quarto posto no II Open de Apuramento da especialidade, realizado entre segunda e terça-feira, na Universi-dade do Porto (UP).

RUI PASSOS ROCHA

GREENPEACE

Page 3: ComUM - Edição 6

Inquérito da semana

A resposta mais frequente ao inquérito desta semana, que pretendia perceber se os alunos da Universidade do Minho tencionam visitar a Feira do Livro de Bra-ga, foi “Sim, definitivamente”, com 38, 1 por cento dos votos. No primeiro dia de inquérito, a 28 de Março, a resposta mais votada foi “Provavelmente não” com 50 por cento das respostas. Foi só a partir do dia 31 de Março que a opção “Sim, definitivamente” passou a ocupar o pri-meiro lugar, mantendo essa posição até dia 3 de Abril, último dia de inquérito. Em segundo lugar ficou a respos-ta “Provavelmente não”, com 35,7 por cento dos votos, um valor que não está muito longe do alcançado pela respos-ta “Sim, definitivamente”. Seguida da resposta “Provavelmen-te não” e ocupando o terceiro lugar no ranking dos mais votados ficou a opção “Provavelmente sim”, com 11,9 por cento das respostas. Esta opção foi

Pode repetir?

www.comumonline.com | Série 3 Edição nº 6 | ComUM . 03

subindo gradualmente no número de votos, conquistando o primeiro voto apenas no dia 31 de Março. Na quarta posição ficou a resposta “Ainda estou a pensar”, com 7,1 por cento dos votos. A resposta também só obteve as primeiras escolhas no dia 31 de Março, dia em que alcançou a tercei-ra posição. A partir de 1 de Abril a res-posta desceu para o quarto lugar, onde se manteve até ao fim do inquérito. Em último lugar e com a mesma per-centagem de votos da resposta anterior ficou a opção “Não definitivamente”. Es-tas últimas duas opções andaram sempre lado a lado nas votações, com 10,5 por cento de votos no dia 31 de Março, des-cendo no dia 1 de Abril para 6,2 por cento para depois voltar aumentar a 3 de Abril. O maior número de participações foi registado entre os dias 28 e 31 de Março, com 23 votos. No total partici-param no inquérito 42 pessoas.

Palavra ComUM

“Com menos dinheiro vai ser possível organizar todas as activida-des propostas” Pedro Soares, presidente da AAUM, comentando os cortes orçamentais de 2008.

“Talvez não haja um jornalista que possa dizer que não tentaram manipulá-lo” José Pedro Pereira, jornalista da RTP, nas XI Jornadas de Comu-nicação Social

“O docente violou os princípios da igualdade dentro de um Estado de Direito democrático” Pedro Macedo, aluno finalista de Direito, em entre-vista ao ComUM

“O professor Nuno Oliveira foi o único que não publicou e continua sem publicar as notas dentro dos prazos estipulados” Idem, ibidem

“Se existem guerras dentro da EDUM, nós não podemos servir de joguetes João Leite, aluno finalista de Direito, idem

“Se as notas vierem a ser favoráveis, os danos morais já estão pro-vocados e podem vir a ser reclamados. O professor é o primeiro responsável. Se existem mais, vão ser apurados depois” Idem, ibidem

“Estou arrasado com esta homenagem” Mário Moniz Pereira, antigo se-leccionador nacional de atletismo, emocionado com o tributo a ele feito no coló-quio ‘A Caminho de Pequim’, na Casa das Artes, em Famalicão

“O atletismo ainda é a única modalidade que ganhou medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos (…) Devia merecer outra consideração por parte de quem manda no desporto” Idem, ibidem

“Os treinadores também precisam de estar em bom estado de for-ma” José Barros, director técnico da Federação Portuguesa de Atletismo, sobre a preparação dos atletas para os Jogos Olímpicos

“Auguramos um grande resultado para Pequim” Abreu Matos, treina-dor de Naide Gomes, referindo-se às possibilidades da sua atleta para os Jogos Olímpicos em Pequim

“Apesar de ter muitos títulos, o ABC é um clube que precisa de mui-tos apoios, porque há gastos na formação dos atletas” Jorge Borges, treinador dos juniores do ABC de Braga, sobre as condições do clube na formação

Editorial

Carlos Daniel Rego [email protected]

Vais calar?

Ou muito me engano, e corri-jam-me se estiver errado, ou o dia do estudante passou em branco na Universidade do Minho. Não houve nenhuma tomada de posição nem ne-nhum acontecimento relevan-te que marcasse o aniversário do primeiro Encontro Nacional de Estudantes, que ocorreu em Coimbra, em 1962, mesmo contra a vontade do governo fascista. O facto de a efeméri-de ter, este ano, acontecido na segunda-feira de Páscoa, 24 de Março, também não ajudou à “festa”, mas não é isso que está aqui em causa. O que está sim em cima da mesa é a falta de mobilização dos estudantes do Ensino Su-perior, que é hoje inócua, para não dizer inexistente. Não sei precisar ao certo a data da sua morte, mas basta olhar para o olhar sorridente de Mariano Ga-go para perceber que esta mo-bilização faleceu a alguns anos atrás. Alguém se lembra de ver o antigo ministro da educação, Marçal Grilo, com ar de anda-rilho feliz? E Diamantino Durão e Couto dos Santos? Só o facto de actualmente o ministro que tutela o Ensino Superior acu-mular mais duas pastas, Ciência e Tecnologia, diz tudo sobre a coisa. Dantes havia um ministro da educação. Ponto. E que fardo tinha de carregar este minis-tro! Agora acumulam-se car-gos porque não há contestação nem discórdia. Os estudantes de agora ca-lam-se, enquanto que outros andaram anos a fio a gritarem “Não Pagamos!” A época dos estudantes reivindicativos na As-sembleia da República chegou ao fim. O silêncio do actual cor-po discente desilude todo esse grupo contestatário de outros tempos. E, nem as atrocidades curriculares de Bolonha foram móbil suficiente para despertar os estudantes adormecidos. Perante tudo isto, há uma pergunta que fica por fazer aos estudantes universitários de hoje: “Vais calar?”

“O problema com esse artigo que ele simplifica feminismo, como se houvesse um “feminismo normativo”. Essa complexidade e facções INTERNAS do movimento gera ambigui-dade a respeito do que o termo “feminista” se refere. Sendo assim, não é nada surpreendente que mulheres - inteligentes, trabalhadoras, e que diariamente incorporam o valor da igualdade feminina - não aceitem esse termo, pois ele carrega com ele uma bagagem que elas não estão dispostas a aceitar. Por exemplo, minha esposa - que tem suas próprias opiniões, é formada na faculdade, tem uma carreira profissional, etc... - crê que certos valo-res geralmente associados ao feminismo são errôneos e maléficos (às próprias mulheres, aos homens, e a humanidade como um todo). E eu concordo com ela. Exemplos? • “Mulheres e homens são iguais”. Sim, em valor, importância, em es-sência. Mas em funções somos MUITO diferentes. Dizer que a função da mulher e o homem são iguais é uma irrealidade que traz males tremen-dos à família e em consequência à sociedade. • O aborto. Não vou nem gastar tempo com isso daqui. Dizer que ser “pró mulher” significa aceitar a destruição facultativa do feto é um terro-rismo cultural - noção esposada por muitas, sim, “feministas”. Sim. Os direitos têm que ser iguais - para todos. E sim, a cultura mundial é predominantemente machista, desigual para às mulheres, injusta, e TEM que mudar. Mas... infelizmente o termo “feminismo” e vários dos movimentos asso-ciados com ele não podem ser apoiados irrestritamente. Vai ter que ser reinventado. Enquanto isso não acontece, lutemos pela direitos iguais para todos. Sou pró-mulher, e anti-feminista (e anti-machista também).”

Beto Carvalho em comentário ao artigo de opinião publicado online “Ainda faz todo o sentido falar de feminismo”, de Carla Cerqueira

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Região04 . ComUM | Série 3 Edição nº 6 | www.comumonline.com

Atletismo em debate na Casa das Artes com Pequim no horizonte

Antigo seleccionador emocionado com homenagem

Foi um tributo sentido a Mário Mo-niz Pereira. O antigo seleccionador nacional de atletismo foi home-nageado por todos os presentes na Casa das Artes, em Famalicão, que recebeu, no sábado, dia 5, o colóquio de atletismo ‘A Caminho de Pequim’. Além da homenagem, vários técnicos referiram que Por-tugal está em condições de ga-nhar algumas medalhas nos Jogos Olímpicos de Pequim. “Estou arrasado com esta home-nagem”, confidenciou ao ComUM Mário Moniz Pereira. Perante os olhos atentos da plateia, onde figu-ravam nomes como Fernanda Ribei-ro ou Rui Silva, Moniz Pereira, com 87 anos, não deixou de lançar algu-mas críticas ao modo como a mo-dalidade tem sido tratado. “O atle-tismo ainda é muito desprezado em Portugal. Na altura que se fizeram oito estádios de futebol nenhum ti-nha pista de atletismo”, afirmou. O treinador, que esteve pre-sente em onze edições dos jogos olímpicos, finalizou dizendo que “o atletismo ainda é a única mo-dalidade que ganhou medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos e, por-tanto, devia merecer outra consi-deração por parte de quem manda no desporto”.

“Treinadores também têm de estar em forma”Para além da cerimónia, a prepa-

ração dos atletas olímpicos e a sua relação com os treinadores foi um dos temas em destaque. Para se ganhar, “os treinadores também precisam de estar em bom esta-do de forma”, sintetizou o director técnico da Federação Portuguesa de Atletismo e moderador da ini-ciativa, José Barros. Segundo o docente da Faculda-de de Desporto da Universidade do Porto, Paulo Colaço, “para se fazer um campeão é preciso ter a audá-cia de sonhar”. Assim, o professor apresentou, no primeiro painel do dia, “a competência, a dedicação e a inovação” como as principais características para se fazer um atleta olímpico. Além disso, Colaço adiantou que hoje em dia a nutri-ção e uma recuperação rápida são os “elementos chave” para ter su-cesso na alta competição.

Naide e Évora para as medalhasE melhores casos de sucesso não podiam existir como os que foram posteriormente apresentados. O treinador de Nelson Évora, João Ganço, e o responsável pela pre-paração de Naide Gomes, Abreu Matos, debruçaram-se sobre a preparação dos seus atletas para os jogos olímpicos. “Sou como o pai da Naide, tanto no aspecto desportivo co-mo social”, disse Matos. “Em 183 treinos, desde o início da época, só faltei a três”, atestou o técnico a propósito da proximidade que mantêm com campeã do mun-do de salto em comprimento de pista coberta, título este conquis-

tado o mês passado em Valência. O objectivo passa agora por saltar “mais de 7,10 m este Verão”, marca que poderá garantir uma medalha. “Auguramos um grande resultado para Pequim”, acrescentou. Também o treinador do triplista Nelson Évora encontra-se confian-te. Com base nos treinos que tem realizado, o treinador estima que Évora poderá alcançar este ano “a marca de 17,67m”.

CARLOS DANIEL REGO

Carlos Daniel [email protected]

Por fim, foi a vez do treinador de atletismo, João Campos, expli-car como é gerir não um desportis-ta, mas um grupo de treino amplo, constituído por 17 atletas, oito dos quais com boas possibilidades de estar presentes em Pequim. Desse lote, destacam-se nomes como a campeã olímpica Fernanda Ribeiro ou a meia-fundista e estudante da Universidade do Minho, Jessica Au-gusto. “Penso que a Jessica, apesar de alguns problemas de ordem fí-sica, continua a cumprir o progra-ma definitivo até ao dia da final dos 5000 metros dos jogos olímpi-cos”, asseverou João Campos. Para além da presença garantida nesta prova, o professor deixou ainda em aberto a possibilidade da atle-ta participar nas provas de 10 000 metros e 3000 obstáculos.

“O atletismo ainda é muito desprezado em Portugal. Na altura que se fizeram oito estádios de futebol nenhum tinha pista de atletismo”

Formação de andebol no Minho com talento nacional

Alberto Miguel Teixeira

[email protected]

Moram no Minho as melhores escolas de formação em andebol de Portu-gal. Desportivo Francisco de Holanda (DFH) e ABC de Braga atraem para a sua cantera algumas centenas de jo-vens atletas, dividindo o protagonismo com os maiores clubes de futebol da região. O êxito na formação dos dois clubes reflecte-se depois nas selecções nacionais mais jovens. O futebol é tradição nas duas cida-des, mas fora das grandes estruturas do Vitória de Guimarães e Sporting Clube de Braga sobrevivem ainda o Xi-co de Holanda e ABC, no andebol. Por essa razão, ganha outra importância o número de atletas e o sucesso que as escolas de formação minhotas têm mostrado, captando a preferência para o andebol de mais de 300 atletas. O êxito de ambos os clubes não passou despercebido aos técnicos da selecção nacional. São chamados re-gularmente, para as equipas sub19 e sub21, 13 atletas dos dois emblemas. Nos sub21, quase toda a equipa titu-lar joga no Minho: cinco jogadores do ABC e um do Xico.

Formação precisa de apoiosNa equipa bracarense, o processo de captação passa muito pelos técnicos que dão aulas de Educação Física nas

escolas, explicou o treinador dos ju-niores do ABC, Jorge Borges, que não põe de lado “a grande propaganda da equipa sénior e os êxitos dela para atrair os mais novos”. Sobre o sucesso dos valores que formam anualmente, Jorge Borges destaca o “trabalho feito de base, com grande dedicação e esforço por parte dos atletas”, que só pode ser feito se houver condições financeiras. “Apesar de ter muitos títulos, o ABC é um clube que precisa de muitos apoios, porque há gastos na formação dos atletas. In-felizmente não temos muitos sócios e o clube precisa de apoios”, afirmou.

Mudar o andebol nacionalCésar Gonçalves tem 19 anos e joga des-de os nove no DFH. Entrou no desporto por obrigação dos pais e no andebol por influência dos amigos. Actualmente é in-ternacional sub-21 da selecção das qui-nas e, por vezes, joga como sénior no Xi-co, nome pelo qual é conhecido o DFH. O atleta considera “excelente” a for-mação no clube onde cresceu, “onde trabalham pessoas competentes”. Mas para se chegar a um nível internacional seria preciso uma mudança profunda no andebol nacional. “É muito difícil porque teria de haver outro apoio, o andebol teria de ser visto em Portugal com ou-tros olhos. Só a partir daí os clubes po-deriam começar a trabalhar com outros objectivos”, referiu César Gonçalves.

Diferença entre ficção narrativa e dramaturgia não reúne consenso na FLB

Anabela Peixoto

[email protected]

O debate sobre ficção narrativa e dra-maturgia, que ocupou a programação de sábado à noite da Feira do Livro de Braga (FLB), começou com Jacinto Lucas Pires a assumir-se tentado pela diferença entre “os dois amores” – a dramaturgia e a ficção. O mote esta-va dado, mas a conversa acabou por seguir outro rumo. Inês Pedrosa, Ja-cinto Lucas Pires, Abel Neves e valter hugo mãe, moderados por Agostinho Domingues, discursaram acerca do seu percurso e obras. Houve ainda espaço para Inês Pedrosa lamentar a falta de apoios oficiais à Feira do Livro e a não comparência do ministro da Cultura. “Pode não haver dinheiro, mas tem de haver um sinal”, afirma a escritora. Para valter hugo mãe há que distin-guir entre escrita e encenação: “Escre-ver um texto para teatro é uma coisa, encenar é outra”, declara o escritor. Fa-la da relação destruidora entre autor e encenador, admitindo a sua tendência para os “dramalhões”. Abel Neves, filosofando um pouco, sugere que a escrita dramática é como

o rio e a ficção narrativa como o mar, e entre eles surge um estuário, com o cosmos à volta. Com a promessa de ser breve, estende-se na leitura de um texto onde refere que a “a ficção nar-rativa não tem de se preocupar com o diálogo, ele acabará por se encontrar”. Ao discursar sobre a sua experiên-cia na escrita para teatro, valter hugo mãe assume: “Acabei por ocupar um lugar que toda a gente ocupa agora, escrevo para teatro quando me pe-dem”. E refere ainda que “uma peça de teatro escrita por um bom romancista não tem de ser matematicamente boa” ao que Jacinto Lucas Pires retalia, con-siderando o discurso de valter hugo derrotista: “Entrei para a dramaturgia porque sim”. “Haverá necessidade de uma certa ‘sedução’ em relação ao encenador para o autor conseguir manter o tex-to original?”, pergunta um membro da audiência. Inês Pedrosa humoriza, assumindo que “a tentativa de seduzir um homem é a coisa mais ingrata: só são seduzidos quando não queremos”. Jacinto Pires é directo: “Não escrevo para agradar ou seduzir. Soa-me a fal-sidade”.

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Universidade do Minho

Orçamento da AAUM reduzido em 2008

Alberto Miguel Teixeira

[email protected]

O orçamento da Associação Académi-ca da Universidade do Minho (AAUM) sofreu uma redução de cerca de cinco por cento em relação ao ano passado. Ainda assim, Pedro Soares, represen-tante dos estudantes minhotos, ga-rantiu que vão ser cumpridas todas as actividades propostas no documento apresentado e aprovado na Reunião Geral de Alunos (RGA), na última se-gunda-feira, em Azurém, Guimarães. Já há dois anos que os subsídios e apoios financeiros à entidade que repre-senta dos estudantes da Universidade do Minho (UM) têm vindo a diminuir. Rei-toria, Instituto Português da Juventude são as principais causas da redução do orçamento da AAUM. Para este ano, o executivo académico liderado por Pedro Soares conta com 1.917 mil euros, me-nos 100 mil euros que no ano anterior. A redução orçamental não vai, contudo, afectar as actividades que a AAUM vai desenvolver durante este ano, algumas delas novidades. Pedro Soares garantiu que “com menos di-nheiro vai ser possível organizar todas as actividades propostas”, enaltecen-do, com isto, a capacidade de gestão dos vários departamentos e gabinetes que constituem a AAUM. Mas há mais fontes de onde o di-

nheiro começa a vir em menor número. As receitas directas dos alunos também têm vindo a ocupar uma menor fatia no bolo orçamental, fruto da entrada de menos alunos nos últimos anos na UM. Para fazer face a esta tendência, AAUM apresentou um projecto de divulgação da academia minhota nas escolas se-cundárias da região. Pedro Soares con-siderou esta actividade “estratégica”, porque poderá incentivar a entrada de mais alunos cursos da UM. A RGA começou 30 minutos depois da hora prevista, por falta de quórum. Foram poucos os alunos que se deslo-caram à Escola de Ciências do campus de Azurém. Durante a apresentação do orçamento para 2008, foi apresentado todo o programa da AAUM. Entre os novos projectos, destaca-se aquele que vai dar representação dos alunos do 3º ciclo. Segundo explicou o responsável pela área, Paulo Sampaio, vai ser criada uma base de contactos de alunos em doutoramento por área cien-tífica e, na próxima Feira do Emprego da AAUM, o departamento vai fomentar a inserção de doutorandos nas empresas. Também foram dadas a conhecer as novas imagens do site da AAUM. Cons-truído de raiz, pretende ser um ponto de encontro de todos os núcleos e estudan-tes da UM. Cada um poderá colocar con-teúdos referentes ao seu curso ou outras informações de interesse académico.

SINUS acaba com tensões na Electrónica Industrial

Bruno Simões

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O Projecto SINUS foi apresentado na semana passada num Seminário no campus de Azurém (Guimarães) da Universidade do Minho (UM). Consis-tindo num equipamento que pretende compensar os problemas das instala-ções eléctricas das mais variadas em-presas e indústrias, o SINUS é, para um dos seus responsáveis, João Afonso, motivo de orgulho para a academia. “Podemos desenvolver tecnologia útil ao país”, garante. O responsável identifica três gran-des problemas nas instalações eléctri-cas actuais, que os Filtros Activos de Potência, desenvolvidos pelo Depar-tamento de Electrónica Industrial (DEI), vêm resolver. O primeiro é a poluição eléctrica, causada pelas cargas não-li-neares de “equipamentos eléctricos e electrónicos e iluminações diferentes [das incandescentes]”. Outro problema prende-se com o facto de a maioria do equipamento electrónico estar bastante automatiza-do, com o objectivo de aumentar a sua eficiência. Tal situação liberta harmó-nicos na instalação eléctrica, algo “bas-tante indesejável”, assegura Afonso. Finalmente, há ainda o problema das fases das instalações. Enquan-to que “em nas casas há instalações neutras, com 230 volts”, nas grandes

empresas as instalações eléctricas são trifásicas – têm três fases e uma neu-tra. O problema é que as correntes são diferentes em cada uma das fases, na maioria dos casos: “Às vezes, temos 100 amperes numa fase, 20 na outra e 30 na outra, e isso é mau. O ideal era que tivéssemos 50 na fase A, B e C, e o nosso equipamento faz isso também – faz com que as correntes nas três fa-ses fiquem iguais”. O equipamento desenvolvido pela área de Energia e Electrónica de Potência do DEI ainda apresenta uma importan-te característica, principalmente numa altura em que as energias alternativas começam a tornar-se mais importantes: a possibilidade de introduzir energia solar directamente na rede eléctrica. “A energia captada pelos painéis foto-vol-taicos é reintroduzida na rede eléctrica das empresas”, revela o responsável. O seminário, que começou na pas-sada quarta-feira, serviu para apresen-tar o projecto, e ainda para demons-trar, em quatro locais específicos, os equipamentos em funcionamento. A UM, em Azurém (onde se demons-trou também a interface com energia renovável), a fábrica têxtil Lameirinho, em Pevidém, o Hospital Pedro Hispa-no, em Matosinhos, e ainda a Alliance Healthcare, em Aveiro, receberam os equipamentos de controlo e compen-sação da qualidade da rede eléctrica desenvolvidos na UM.

Alunos de LEI pagam por erros administrativos

Estudantes obrigados a pedir requerimento ao Reitor

Alguns estudantes do 3º ano da Licenciatura em Engenharia Infor-mática (LEI) viram-se, em Janeiro, subitamente matriculados no 2º ano. Para resolver a situação tive-ram de fazer um requerimento ao Reitor, que lhes acabou por custar 16 euros. O erro administrativo é ainda mais inusitado porque, se a uns foi dito que as despesas se-riam suportadas pela Universidade do Minho (UM), outros acabaram mesmo por ter de abrir os cordões à bolsa para evitar o prolongar da situação.

ar um plano de equivalências, feito através de uma tabela ou de blo-cos de disciplinas; e, quando os dois recusos se esgotam, é preciso avaliar as áreas disciplinares e os créditos associados a cada uma delas, podendo surgir uma nova cadeira sem equivalência no ante-rior plano. Durante o ano lectivo de 2006/7, foram organizadas várias sessões de esclarecimento com os alunos, onde ficou claro que tudo decorreria dentro da normalidade. Não foi o que aconteceu com Márcio Lima, aluno do 3º de LEI. “Disseram-me que me podia matri-cular normalmente no 3º ano e em Janeiro recebi uma carta a dizer que estava inscrito apenas nas cadeiras do segundo ano”, explica. “Isto de-pois de já ter feito as cadeiras do primeiro semestre, quatro meses depois de me ter matriculado”. Quando confrontado com a situação, o aluno visado recorreu aos Serviços Académicos da Uni-versidade do Minho (SAUM), que lhe disseram que para resolver a situação teria de fazer um reque-rimento ao Reitor, que lhe permi-tisse frequentar o 3º ano com uma pauta extra para todas as cadeiras que fizesse. O requerimento cus-taria 16 euros, a serem suportados pelo próprio estudante. Passou-se o mesmo com Pau-lo Silva, também aluno do 3º ano. “Em Janeiro, ao receber a carta em

casa com as disciplinas em que es-tava inscrito, apercebi-de de que estava inscrito apenas a cadeiras do segundo ano”. Mas, ao contrá-rio de Márcio, Paulo preferiu falar com alguns colegas na mesma situação antes de pedir informa-ções aos SAUM. E constatou então que “metade [dos colegas] pagou e outra metade disse que não foi obrigada a pagar nada”.

CARLOS FERREIRA

Cláudia Lima Carvalho

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A situação liga-se ao novo sis-tema de ensino introduzido por Bolonha, que reformulou os planos curriculares. Foi necessário efectu-

Paulo deslocou-se então aos SAUM e disseram-lhe então que o pagamento não era, afinal de contas, obrigatório. “A funcionária disse-me que só teria de pagar se fosse um erro meu, pelo que não paguei”, confirma Paulo. Nesta situação, Márcio defende que houve “falta de comunicação” entre os alunos, o Director de cur-so e os próprios SAUM. Até à data de fecho desta edi-ção, foi impossível contactar com o Director de Curso de LEI. Por sua vez, os SAUM recusaram-se a co-mentar o problema.

O erro administrativo é ainda mais inusitado porque, se a uns foi dito que as despesas seriam suportadas pela Universidade do Minho (UM), outros acabaram mesmo por ter de abrir os cordões à bolsa para evitar o prolongar da situação

Durante o ano lectivo de 2006/7, foram organizadas várias sessões de esclarecimento com os alunos, onde ficou claro que tudo decorreria normalmente

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Universidade do Minho06 . ComUM | Série 3 Edição nº 6 | www.comumonline.com

Luís Rios traz a público o “tal mundo”

Aluno de Direito lança segundo livro

Luís Manuel dos Santos Rios, aluno do 1º ano de Direito e que celebra esta quinta-feira 19 anos, é tam-bém o autor de ‘Esse tal mundo’, um livro que marcou o início da carreira de um jovem que “gosta-va de viver da escrita”. Neste mo-mento, Luís prepara-se para lançar a sua segunda obra, intitulada “Le-va-me para casa”, e encontra-se já a trabalhar numa terceira. A paixão pela escrita e o deixar fluir da imaginação acompanham-no desde pequeno, e foi com 15 anos que começou a idealizar a obra que viria a vencer o concurso “One Touch, Faz o Futuro”, na ca-tegoria de artes. Em ‘Esse tal mundo’ “as perso-nagens começaram a surgir-me na cabeça”, confidenciou ao ComUM o jovem natural de Rebordosa (Paredes), que acrescenta que o processo de transcrição das ideias para o papel ficou a dever-se à ne-cessidade de as escrever, apesar de não ter sido “com a ideia de publicar um livro”. Só mais tarde “acabou por surgir uma história global”, admite. O seu segundo trabalho, que tem

como protagonistas dois irmãos gémeos de 17 anos, já está con-cluído, mas tem “permanecido na gaveta”, pois o primeiro é ainda muito recente e o departamento de marketing da Papiro, uma pe-quena editora que aposta em no-vos escritores, como o Luís, ainda não avaliou o feedback do público. Mas, segundo o que o ComUM conseguiu apurar não tardaremos a ter disponível nas livrarias “Leva-me para casa”, pois a apresenta-ção deste segundo livro poderá vir a ser feita brevemente, na loja da FNAC do Bragaparque. A tiragem do primeiro livro foi pequena (500 exemplares), tendo alguns deles sido enviados para Lisboa, e o resto para as livrarias da região. Em Braga, “Esse tal mundo”

pode ser encontrado nas livrarias “Braga Books”, “Livro de Braga” e “Oswaldo de Sá”.

FOTO GENTILMENTE CEDIDA POR LUÍS RIOS

Paula [email protected]

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Este romance conta-nos a histó-ria de um adolescente que após a separação dos pais parte com a mãe para Inglaterra. “Tipicamente adolescente” – é assim que Luís classifica o seu primogénito, cujo estilo de escrita denotava ainda alguma “imaturidade”. “Não que agora me considere muito adulto”, brinca, mas considera que ago-ra que já está a trabalhar no seu terceiro livro o seu estilo começa a definir-se. O jovem escritor não quis adiantar, para já, muitos por-menores sobre este terceiro livro, revelando apenas que é baseado em experiências pessoais “muito importantes” e que, apesar de es-tar ainda no início – escreveu ape-nas 50 páginas até à data – é o seu “favorito”.

FNAC poderá acolher apresenta-ção do segundo livro

Este primeiro livro foi apresen-tado na livraria “Índex”, no Porto, mas, tal como a editora, Luís não faz “a mínima ideia” da aceitação que o seu romance teve junto dos leitores: “só sei que em Rebordosa foi um sucesso”, conclui entre risos.

A paixão pela escrita e o deixar fluir da imaginação acompanham-no desde pequeno, e foi com 15 anos que começou a idealizar a obra que viria a vencer o concurso “One Touch, Faz o Futuro”, na categoria de artes

O seu segundo trabalho já está concluído, mas tem “permanecido na gaveta”, pois o primeiro é ainda muito recente e o departamento de marketing da Papiro ainda não avaliou o feedback do público

Modalidade jorkyball de passagem pela UM

João Santos

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Durante Março, os estudantes da Univer-sidade do Minho (UM) puderam praticar um novo desporto, o jorkyball. O court flexível foi colocado num dos campos sintéticos do complexo desportivo de Gualtar para divulgar a modalidade. Ago-ra, o pequeno campo andará pelas praias de todos o país onde se organizarão al-gumas de competições de exibição. O desporto e a academia minhota continuam de mãos dadas. Numa uni-versidade onde cada vez se pratica de tudo um pouco, os responsáveis pelo centro de jorkyball em Braga procu-raram difundir esta modalidade junto dos alunos. No horizonte está a reali-zação de um torneio interno, cuja fase final se vai jogar no Bragashopping. A popularidade deste desporto in-

ventado na década de 90 é tal que o Campeonato Europeu das Nações vai na sua oitava edição. A última decor-reu no último fim-de-semana de Mar-ço, em Braga. A vitória sorriu para os “pais” da modalidade, a França, que bateu Portugal na final. Paralelamente, realizou-se o primeiro Mundial de Clu-bes. Numa final totalmente francesa, a vitória caiu para Franconville. A melhor equipa portuguesa foi a de Coimbra, que ficou no quarto lugar. Esta modalidade, que se joga dois contra dois num court fechado de três metros de altura, pode vir ser engloba-da no plano universitário. Dentro dos dez por cinco metros de campo são proibidos todos os contactos. Em cada jogo disputa-se o melhor de cinco sets, de sete golos cada. No final de cada set as posições invertem-se: O avança-do passa a defesa e vice-versa.

AAUM afastada das meias-finais da Taça da Liga de Futsal

Carla Lameira

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A equipa de futsal da Associação Aca-démica da Universidade do Minho (AAUM) foi eliminada da Taça da Liga de Futsal, após a derrota em casa por 1-4 frente à Associação Académica de Trás-os-Montes e Alto Douro (AAU-TAD). O jogo foi quase sempre contro-lado pela formação transmontana, que soube aproveitar os erros defensivos da turma minhota para se adiantar no marcador. Apesar do resultado negativo, a AAUM podia ter-se apurado para as meias-finais, caso a Associação Acadé-mica da Universidade da Beira Interior (AAUBI) tivesse perdido o jogo contra a Associação Académica de Coimbra (AAC) por uma diferença superior a três golos. Tal não aconteceu e a der-rota por 3-2 frente à AAC garantiu a continuação da AAUBI na competição

por ser a equipa vencida que mais go-los marcou e menos sofreu. Na primeira parte do encontro, a equipa anfitriã apenas criou perigo através de remates de meia distância resultantes de jogadas individuais. Os visitantes exerceram uma pressão constante sobre a equipa minhota, que não aproveitou o facto de a AAUTAD ter chegado às cinco faltas ainda no primeiro tempo. O único livre de dez metros de que dispôs foi desperdiçado por José Magalhães. No segundo tem-po, a AAUM criou alguns desequilí-brios e acabou por reduzir para 1-3 na cobrança de um livre. Já perto do final, os transmontanos fixaram o resultado ao apontar o quarto golo. Nas meias-finais, que se realizam no dia 17 de Abril, defrontam-se o Ins-tituto Politécnico de Leiria e a AAUBI. A AAUTAD recebe a AAC. As equipas que vencerem encontram-se na final no dia 25 de Abril, em Aveiro.

James e Jorge Palma no Enterro da Gata 2008

Cláudia Garcia

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James é a primeira banda oficialmente confirmada para o cartaz do Enterro da Gata 2008. O concerto vai ser no domingo, dia 11 de Maio. Jorge Palma também deverá subir ao palco do En-terro, conforme informa a agenda do seu MySpace. A actuação vai acontecer no primeiro dia de festividades, sába-do, dia 10 de Maio. Este ano, os feste-jos mais aguardados pelos estudantes minhotos vão realizar-se na terceira semana de Maio, entre os dias 9 e 15. James é a primeira banda internacio-

nal confirmada no Enterro da Gata08, mas segundo a Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), ha-verá mais artistas internacionais a pre-sentear a academia minhota. A banda de Tim Booth inicia a tournée de divul-gação do seu novo álbum “Hey Ma” es-te mês e regressa a Portugal em Maio, onde também já é certa a presença na Queima das Fitas de Coimbra. Jorge Palma vai brindar os estudan-tes universitários um pouco por todo o país, durante os meses de Abril e Maio. De momento estão confirmados os concertos nas Queimas das Fitas de Leiria, Viseu, Guarda, Porto e Braga.

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www.comumonline.com | Série 3 Edição nº 6 | ComUM . 07

Moisés Martins: “AAUM ampara Reitoria nas decisões fundamentais”

Ex-candidato a Reitor critica associação de “foliões das gatas”

“Houve eleições de docentes para os órgãos superiores da Univer-sidade. E também houve eleições de funcionários para os mesmos órgãos. Houve ainda eleições para a assembleia estatutária. Em todas estas eleições o mesmo resultado: a derrota das ideias e das listas da Reitoria”, escreve Moisés Martins, o candidato derrotado nas mais recentes eleições para a Reitoria, em comunicado enviado esta se-mana por Intranet à comunidade académica. Apesar dos referidos contratempos, e “por artes má-gicas”, refere, “sempre a Reitoria pôde sobrepor-se à vontade da Universidade”. O que se deve a que “da cartola sempre saiu uma coelhinha”: A Associação Acadé-mica da Universidade do Minho (AAUM), cujo papel “é apenas o de amparar a Reitoria no controle das decisões fundamentais”, sustenta. No texto intitulado “A Assem-bleia Estatutária e a retórica da democracia, da convergência e do consenso”, o presidente do Institu-to de Ciências Sociais da UM lembra ainda a eleição dos representantes estudantis na Assembleia Estatutá-ria, que decorreu a 4 de Dezembro último. Critica Moisés Martins: “Não há decoro em eleições cuja Comis-são Eleitoral é designada pelo Pre-sidente da Associação, para decidir em causa própria, sendo ele próprio candidato numa lista por si constitu-ída”. Além disso, sublinha, aludindo à candidatura de Marco Escadas,”é preciso muita lata para a comissão eleitoral da Associação Académica anular a lista que se lhe opôs, com a cumplicidade do Reitor”. O sociólogo deixa uma questão: “Não é uma caricatura académica do sucesso e da qualidade que a comunidade dos estudantes seja representada por alunos, que são

sobretudo profissionais do con-trole, e não exemplos de estudo e de investigação, que são foliões das gatas, a quem uma dúzia de anos ainda não bastou para a con-clusão de uma licenciatura?”

Senado devia abarcar docentes, alunos e funcionários“A lista da Reitoria e da Associação Académica impôs uma ideia de Senado que o torna um órgão bu-rocrático, de representação de cú-pula, um órgão de inerências, sem professores nem alunos eleitos”, o que diverge, no entender de Moisés Martins, daquela que deveria ser a sua essência: “Um órgão de coesão dos vários sectores da Universidade, com professores, alunos e funcioná-

rios”. Mas a realidade é outra: “Será um órgão de Professores Catedráti-cos, Presidentes de Escola, e de alu-nos burocratas não eleitos”. São a “soberba” e a “estreiteza de vistas” dos decisores duas carac-terísticas que, pode ler-se no texto, tornam “absolutamente imprestável um Senado que não tenha carácter convergente e consensual quanto à sua natureza e constituição”. “A lis-ta da Reitoria e da Associação Aca-démica impôs um Senado” e “um Programa rejeitado em eleições, depois de ter perdido o combate das ideias”, o que contraria “a regra da democracia”. O ComUM tentou obter reacções da parte da Reitoria, tendo sido in-frutífera a tentativa de contacto.

FRANCISCA FIDALGO

Rui Passos [email protected]

Pedro Soares reage em comunicadoO ComUM contactou o presidente da AAUM, que decidiu reagir em comuni-cado às críticas de Moisés Martins:“Relativamente ao e-mail do Professor Doutor Moisés Lemos Martins sobre re-centes decisões da Assembleia Estatutária, e enquanto elemento legitimamente elei-to pela lista A, tenho a dizer o seguinte:- A lista A apresentou-se a sufrágio elei-toral com um programa próprio e um conjunto de ideias concretas, ao con-trário da outra lista que não apresen-tou qualquer pensamento ou reflexão válida para o futuro da UM. (Recordo que o resultado eleitoral atribuiu TRÊS elementos à lista A e ZERO à lista E, sua concorrente). Ao contrário do Pro-fessor Doutor Moisés Lemos Martins, cujo desempenho eleitoral o continua a atormentar ao ponto de não ter “apare-cido” nestas eleições, se refugia agora noutros para tecer insinuações abusivas relativamente a pessoas eleitas por nú-meros esmagadores. - A lista A tudo fez para mobilizar a Aca-demia e é bom recordar que a participa-ção dos estudantes nestas eleições foi, por exemplo, três vezes superior à que se verificou na Universidade de Coimbra. - As reuniões da AE regem-se por nor-mas democráticas em que nenhum ele-mento ou grupo de elementos impõe decisões a ninguém.- Neste contexto, a lista A votou, de um modo independente, a proposta que vi-

ria a ser aprovada relativamente à natu-reza e à constituição do novo Senado. Enquanto Presidente da AAUM tenho a dizer o seguinte:- Refuto e considero indecorosas as afirmações do Prof. Moisés nomeada-mente quando refere que o papel da AAUM tem sido o de “amparar a Reito-ria” e que a AAUM é a “coelhinha saída da cartola”. Esta última afirmação em especial é um insulto particularmente baixo, e a primeira constitui uma afron-ta ao trabalho e à dedicação ao asso-ciativismo de um grande número de estudantes que passaram pela AAUM. - A AAUM não nomeou nem interferiu em nenhuma decisão da Comissão Eleitoral.- Ao contrário do Professor Doutor Moi-sés Lemos Martins, manteremos a nossa postura democrática e não recorreremos ao insulto infundado. Reiteramos a nos-sa dedicação às causas dos estudantes e ao futuro da UM. Os estudantes têm re-conhecido aqueles que trabalham e que lutam pelos seus interesses e rejeitado a demagogia e o populismo. - O teor do comunicado do Professor Doutor Moisés Lemos Martins será ava-liado pelos estudantes em local próprio.Sem acusação não há defesa. Com-preendemos que, como o Professor Doutor Moisés Lemos Martins não tem matéria de facto para proceder a uma acusação, siga o caminho das insinua-ções, disseminando a sua irritação.”

Funcionários “repudiam” a sua exclusão do Senado

Rui Passos Rocha

[email protected]

Os funcionários da Universidade do Minho (UM) estão “certos de que po-deriam contribuir para o enriqueci-mento” dos destinos do Senado Uni-versitário, órgão de formação recente. No entanto, e após terem estado pre-sentes activamente na criação da nova figura decisória, sentem que “os me-canismos de audição, estabelecidos na lei e difundidos institucionalmente, constituem, afinal, meros exercícios de encenação, sem qualquer efeito útil”. Agora “repudiam esta manifestação de desinteresse na sua participação e contributo nos futuros órgãos da insti-tuição”. Esta é a posição dos represen-tantes dos funcionários não docentes da Universidade do Minho, esta sema-na difundida em Intranet na forma de comunicado. Aquilo que deveria ser uma “ins-tância de coesão governativa” tor-nou-se, afinal de contas, o seu oposto. “Alguns membros da Assembleia [da Universidade do Minho], atidos a um programa eleitoral que não perfilhava tal concepção, alheados de um sentido de convergência com outras sensibili-dades e tendências no seio da mesma Assembleia, fizeram vingar a sua pro-posta, através da conjugação dos seus votos com os dos representantes dos estudantes”, concretiza o documento. É ainda criticada “a inclusão de fi-guras, tais como o Presidente da Asso-ciação Académica da Universidade do

Minho (figura não referida em qualquer disposição do RJIES), o Administrador (que poderá ser escolhido de entre pessoas sem vínculo à instituição) e o Presidente do Conselho Cultural”, “competências [que nem] sequer fo-ram devidamente definidas”. Daí se ex-trai que, para quem decide, “é (muito) mais importante o contributo do estu-dante indicado pela AAUM, do que o de um funcionário da Universidade”. Houve, assim, uma “menorização da participação do pessoal não docente, já expressa na votação do Senado”. Desigualdade de tratamentoOs representantes dos funcionários da UM “salientam, ainda, o facto de os seus direitos e interessem estarem a ser fortemente penalizados, nos últi-mos anos”. Isso verifica-se sobretudo, escrevem, “na desigualdade de trata-mento que têm sofrido (designada-mente face aos funcionários docentes) na abertura de concursos de progres-são nas suas carreiras, ‘congeladas’ há cerca de quatro anos”. Sentem que são “as primeiras vítimas, e alvo pri-vilegiado, das políticas de contenção e saneamento financeiro da UM, que neste particular ‘antecipou’ qualquer recomendação da tutela”. O ComUM tentou contactar a Rei-toria, para obter reacções às críticas dos funcionários não docentes. A ten-tativa de ligação com a secretaria do órgão do Largo do Paço acabou por não passar disso mesmo até à data de fecho desta edição.

Colóquio debate problemas de imigração na Europa

Cidália Barros

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A Universidade do Minho (UM) acolheu, na sexta-feira, o Colóquio “Comunica-ção Intercultural: Perspectivas, Dilemas e Desafios”. No certame, que se realizou no âmbito do “Ano Europeu do Diálogo Intercultural” e que reuniu especialis-tas de vários quadrantes, a ideia mais marcante acabou por vir da politóloga da UM Isabel Estradas Carvalhais, que defendeu que, hoje, “a Europa não sabe como conviver com a imigração”. Falando sob o tema “Políticas de Imigração e a Linguagem da Intercul-turalidade na Europa”, Estradas expli-cou que a Europa tem necessidade de imigrantes para manter a estabilidade populacional devido à falta de reno-vação de gerações. E acrescentou que isto tem promovido a imigração ilegal, que tem “coisas horríveis” como o trá-fico de mulheres e crianças, conside-rando este fenómeno um autêntico “cavalo de batalha”. Pedro Bacelar foi outro dos ora-dores. O antigo político tratou do te-ma “Direitos Humanos e Diversidade

Cultural”. Explicando que “há algo de comum que une as pessoas de dife-rentes culturas e religiões”, Bacelar considerou que quando alguém pen-sa em “diferenças culturais, a primeira diferença que ocorre historicamente, a mais fundamental, a mais amplamente generalizável parece ser o indivíduo como primeira construção cultural”. A ligação de Portugal a MoçambiqueJá Sheila Kan, investigadora de Man-chester que falou no painel “Do pós-colonialismo do quotidiano às iden-tidades hifenizadas: identidades em exílios pátrios?”, abordou a questão da interculturalidade e a complexa rela-ção entre Moçambique e Portugal. O Colóquio, que teve o auditório quase cheio – principalmente por estu-dantes – tinha como objectivo debater os desafios que se colocam à comuni-cação intercultural multifacetada que se pode observar hoje em dia. A inicia-tiva conjunta do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS), do Núcleo de Estudos em Antropologia (NEA) e do Instituto de Ciências Sociais dividiu-se por cinco painéis.

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Entrevista

“Ultrapassaram-se todos os limites do razoável e do bom senso”

Alguns alunos finalistas do cur-so de Direito puderam antecipar época de exames de Julho de 2008 para a época de Fevereiro. Por que é que isto aconteceu?João Leite (JL) – Depois da época especial de Setembro/2007, alguns finalistas ficaram com uma cadei-ra por fazer. E, como é prática na Escola de Direito (EDUM), os alu-nos contactaram os docentes para encontrarem outra alternativa, de forma a não terem de esperar por Julho. O que está em causa é a en-trada na vida profissional, uma vez que as inscrições para a Ordem de Advogados (OA) abrem entre Fe-vereiro e Março de cada ano.Pedro Macedo (PM) – A manter-se a época de Julho, os alunos te-riam de esperar um ano para po-der voltar a concorrer para a OA.

Na EDUM, a antecipação da épo-ca de exames de Julho para Fe-vereiro já ocorria?JL – Esta não foi uma época espe-cial, mas sim uma época antecipa-da que passou a ser em Fevereiro e deixou de ser em Julho para nós, excepcionalmente. Foi uma época antecipada excepcional. Formal-mente, esta antecipação aconteceu pela primeira vez este ano lectivo. Mas, habitualmente, fazia-se.PM – Não existia uma época for-mal neste caso. O que acontecia era que o aluno contactava, a tí-tulo individual, o docente e fazia o exame. Se o aluno passasse era emitida uma pauta ‘alternativa’ pe-los Serviços Académicos e dava-se por concluído o curso.

Que reacções teve o docente

Eduarda [email protected]

Phillipe [email protected]

[Nuno Oliveira] quando lhe pro-puseram a antecipação do exa-me [da cadeira de Direito das Obrigações]?PM – O professor Nuno Oliveira sempre foi contra qualquer ante-cipação do exame. Depois de ter reprovado na época de Setembro à cadeira, indaguei-o quanto à possibilidade de podermos anteci-par a época de Julho e o professor disse-me frontalmente que por ele não havia a mínima hipótese.JL – E há aqui um outro aspecto. A OA abriu em Outubro. Em teoria, se fizéssemos o exame de imedia-to, como era possível, ele dava-nos a classificação e, acto contínuo, nós ainda poderíamos aproveitar em 2007 a inscrição na OA. Mas fi-cou fora da cogitação do docente a hipótese de abrir uma excepção. O que o professor disse foi que só anteciparia o exame se existisse uma norma da EDUM ou da Uni-versidade que o obrigasse.

lhe deram – ponta por onde se lhe pegue. Mas admiti que fos-se possível antecipar a época, e é neste sentido que se consegue uma negociação com o presidente da Escola de Direito no sentido de o sensibilizar, não para a situação exclusiva do exame de Direito das Obrigações, mas para todos os fi-nalistas com uma cadeira em falta para terminar o curso.PM – A única coisa que une este grupo de finalistas é o facto de nos faltar uma unidade curricular para acabar a licenciatura. O que se procurou foi que todos esses alunos pudessem beneficiar desta época e pudessem concluir os seus estudos e seguirem a sua vida. O que aconteceu – menos para nós seis que fomos tratados de forma desigual perante os outros, que já se inscreveram na OA e têm a sua vida perfeitamente estabilizada.

E como é que surge, finalmente, a antecipação formal da época de Julho para Fevereiro?JL – A EDUM reuniu, o problema foi discutido – desconhecemos os ter-mos em que foi discutido – mas a deliberação foi um sim à antecipa-ção excepcional da época de exa-mes. É o que está no documento de aprovação do Conselho de Cursos.

De acordo com o calendário esco-lar da EDUM, a época de exames deveria decorrer entre 28 de Ja-neiro e 16 de Fevereiro de 2008. Para que dia ficou marcado o exame de Direito de Obrigações?PM – Fizemos o exame a 27 de Fe-vereiro, no dia que coincidia com a frequência da época normal.JL – Objectivamente, o exame não foi marcado porque foi realizado no dia da frequência que está no plano normal.

Havendo uma directiva da Esco-la que marcava um período para a realização das provas, como

foi possível o docente marcar o exame fora dessa data?PM – É uma boa pergunta para colocar ao docente da cadeira. JL – Nós apenas nos apresentá-mos no dia e fizemos a prova.

Seis alunos do curso de Direito da Universidade do Minho (UM) fizeram o exame da cadeira de Direito

das Obrigações numa época antecipada. O docente da unidade curricular, Nuno Oliveira, sempre se mostrou

adverso a uma tal época mas a Escola de Direito (EDUM), cumprindo uma tradição do curso, aceitou

antecipar a época de Julho para os finalistas, de modo a que estes pudessem terminar a licenciatura a tempo de entrarem na Ordem dos Advogados (OA). Porém,

as inscrições na OA terminaram no dia 31 de Março e as seis notas não foram publicadas. Agora, os alunos arriscam-se, no mínimo, a ficar parados até Outubro,

momento da reabertura das inscrições na OA. Dois destes alunos falaram em exclusivo para o ComUM

“Depois de ter reprovado na época de Setembro, indaguei-o [Nuno Oliveira] quanto à possibilidade de podermos antecipar a época de Julho e ele disse-me frontalmente que por ele não havia a mínima hipótese”

Como é que se conseguiu, então, marcar o exame para Fevereiro?JL – Foi um longo processo. No meu caso, reclamei a avaliação atribuída ao exame realizado em Setembro. A reclamação não foi deferida e avancei para o recurso que acabou também por não ser deferido. E, depois, de acordo com as regras da Escola de Direito, o recurso também não foi deferido, ainda que a fundamentação dada para justificar o indeferimento, na opinião de outros juristas, não te-nha – e esta foi a expressão que

íram. O prazo para a inscrição na OA terminou a 31 de Março. JL – [tom irónico] O que era ex-pectável, se considerarmos que éramos seis alunos. 27 de Feverei-ro até ao final de Março... [pausa longa] Seis exames corrigem-se em três dias… Neste momento, ainda há hipó-teses para a vossa entrada na Ordem?PM – A partir de 31 de Março foi-nos cortada a possibilidade de nos podermos inscrever neste curso que começa a 14 de Abril. O pró-ximo curso será daqui a meio ano, em Outubro. O efeito útil da época de exame foi perdido.

A não publicação das notas aconteceu também com outras cadeiras?PM – O professor Nuno Oliveira foi o único que não publicou e conti-nua sem publicar as notas dentro dos prazos estipulados.

Durante este período de espera, foram alertando os responsáveis da EDUM para o facto de o pra-zo se ir aproximando e da nota ainda não ter saído?JL – Telefone, e-mails, contactos pessoais com os Serviços Adminis-trativos da Escola e com o presi-dente da EDUM. Ele [o presidente da EDUM, Luís Gonçalves] estava

“O recurso também não foi diferido, ainda que a fundamentação dada para justificar o indeferimento, na opinião de outros juristas, não tenha – e esta foi a expressão que lhe deram – ponta por onde se lhe pegue”

Entre a data do exame e o fecho das inscrições na OA, existiria ainda tempo para os alunos se inscreverem na Ordem, mesmo tendo realizado o exame após as datas estipuladas pela EDUM?PM – Na altura, ainda não sabía-mos porque as inscrições ainda não tinham aberto. A única coisa que sabíamos era que as inscrições seriam durante o mês de Março.

Qual era o prazo limite para as classificações da disciplina saírem?JL – O último dia para o registo das notas no livro de termos seria 10 de Março.PM – Aquela data passou e até hoje (n.d.r. entrevista realizou-se a 2 de Abril) as notas ainda não sa-

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www.comumonline.com | Série 3 Edição nº 6 | ComUM . 09

Entrevista

“Ultrapassaram-se todos os limites do razoável e do bom senso”CARLOS FERREIRA

e está sensível para o problema e desde sempre dizia que estava a diligenciar. Mas resultados disso não tivemos até hoje.

“O professor Nuno Oliveira foi o único que não publicou e continua sem publicar as notas dentro dos prazos estipulados”

A Escola poderia feito mais para resolver esta questão?PM – Nós, enquanto alunos, fi-zemos aquilo que achámos mais correcto. Ou seja, contactar os Ser-viços Administrativos quer telefo-nicamente, quer pessoalmente, so-bre se as notas já teriam saído pois as inscrições estavam a acabar. Eu estive com o presidente da escola, o professor Luís Gonçalves…

Qual foi a sua resposta?PM - Que tinha entrado em con-tacto com o docente no sentido de ele publicar com a maior bre-vidade possível as notas. Mas hoje continuamos sem elas. Se me per-guntam se a EDUM poderia fazer mais, eu não sei até que ponto a Escola terá a possibilidade obri-gar o docente a publicar as notas. Enquanto aluno compete-me lu-tar pelos meus interesses, ou se-ja, que as notas saíssem a tempo de ir para a OA. E, objectivamen-

te, isso não aconteceu. Quanto à posição da EDUM, nós entrámos em contacto com eles de modo a dar-lhes o conhecimento daquilo que se estava a passar, para que diligenciassem da melhor maneira possível. A partir daí, não sei o que mais a Escola poderia ter feito.JL – Se há mecanismos de orga-nização interna em termos de au-tonomia da Escola que permitem, dentro da própria Escola, pressio-nar, forçar o que quer que seja no sentido de colocar o professor a cumprir uma determinada di-rectriz que decorre da decisão do Conselho Académico, se existem essas ferramentas na EDUM, eu desconheço. Agora, do ponto-de-vista administrativo uma coisa que é clara: em termos pedagógicos e científicos, o docente tem autono-mia; em termos do cumprimento das regras de funcionamento da Escola, aí já não tem essa autono-mia. E, se o dia 10 de Março era a data limite para a publicação em livro de termos, não faz sentido, ul-trapassados todos os limites do ra-zoável, a não publicação das notas. De 27 de Fevereiro a 10 de Março é mais do que razoável para se pu-blicarem as notas de seis exames. Ainda para mais tendo em conta o carácter excepcional da época de exames, qualquer pessoa minima-mente razoável, tão rápido quanto possível, resolveria a questão.

Mas se as notas publicadas den-tro do prazo fossem negativas, o efeito não seria o mesmo?PM – Não necessariamente. Se os alunos reprovarem têm possibili-dade de ver o exame e caso não concordem com a nota poderão recorrer, de acordo com o RIAPA. Mas esta é uma situação hipotéti-ca que não se coloca porque esta época não foi criada para passar os alunos que se encontram nesta situação. Foi criada para os alunos poderem fazer exame, não para passarem sem merecer. Estive a es-tudar todos os dias durante quatro meses para chegar ao exame e ter aproveitamento. A época não foi criada para nos passar a todos.JL – Não foi uma época de favor.

“O docente violou os princípios da igualdade dentro de um Estado de Direito democrático”

O que entendem em relação à postura do professor?PM – O docente violou os princí-pios da igualdade dentro de um Estado de Direito democrático. JL – Má-fé. Se existem guerras dentro da EDUM, nós não pode-mos servir de joguetes. Se nos per-guntarem se temos provas disso, é daquelas coisas que não podendo provar mas que nós sentimos por-que estamos no meio. Agora, se há guerras que as resolvam. O que os alunos querem, com legitimida-de e lealdade, é serem avaliados. Aliás, o próprio professor disse que não era obrigado a publicar e que o faria quando entendes-se. Quer-me parecer que nem os professores da Escola de Direito conseguem entender o que é que motiva, objectivamente, este com-portamento, porque ele [Nuno Oliveira] não o diz. PM – Nenhum de nós tomou qual-quer comportamento incorrecto quer para com o docente, quer para com a EDUM. Nada justifica esta atitude. JL – Nós usámos todos os instru-mentos que a EDUM e a UM nos proporcionaram para ir até ao fim. Neste momento, quem está em falta é a UM, a EDUM e, espe-cialmente, o docente. O professor Nuno Oliveira está a impedir que este processo se resolva. PM – Existe aqui um claro abuso de poder: o professor não está a cumprir aquilo que é o dever ine-rente às suas funções.

O que esperam que venha a acontecer?JL – Para já, queremos que o professor publique as notas. Em função disso, vamos reclamar se entendermos que a nota não é favorável (como está previsto no

RIAPA). Se as notas vierem a ser favoráveis, os danos morais já estão provocados e podem vir a ser reclamados. O professor é o primeiro responsável. Se existem mais, vão ser apurados depois.PM – A partir do momento em que a reitoria tome conhecimen-to da situação, através da entrada dos requerimentos, esperamos que faça as diligências necessárias para apurar os responsáveis por esta situação. JL – Perante dados tão claros, ob-jectivos, palpáveis se nada acon-tecer agora, neste processo, a minha opinião é “fechem a porta, não vale a pena”. Se não existirem consequências, a ideia com que os alunos e professores vão ficar é que até podem fazer aquilo tudo o que quiserem que nada, mas nada, acontecerá para resolver a situação. Nas palavras de alguém da EDUM, isto é “inominável” e “escandaloso”.

Ultrapassaram-se todos os limites do razoável e do bom senso.

“Estamos a viver um pesadelo do qual queremos acordar rapidamente”

Como é que se sentem em rela-ção a todo este processo?PM – Sinto que são meses de tra-balho e estudo deitados ao lixo. JL – Nas palavras de uma das co-legas, “Eu tinha um sonho. Rouba-ram-me o sonho”. Estamos a viver um pesadelo do qual queremos acordar rápido. Alguns licenciados pela EDUM costumam dizer que é “sair daqui depressa, esquecer tudo isto e não voltar mais”. Eu gostava de dizer o contrário: “Eu quero sair daqui depressa mas quero ter prazer em voltar sempre que puder”. A isto chama-se rou-bar um sonho.

O caso passo a passo 1) Finalistas de Direito fazem exames na época especial de Setembro.2) Os alunos que, mesmo após a época especial, mantinham uma cadeira por fazer, apelam à realização de uma época antecipada, como habitual na Escola de Direito, para poderem inscrever-se no curso da Ordem dos Advogados em Abril. 3) Professor da cadeira de Direito das Obrigações recusa a antecipação, man-tendo essa posição até à directriz da Escola de Direito que confirma a época antecipada entre 28 de Janeiro e 16 de Fevereiro.4) Professor Nuno Oliveira marca o exame para 27 de Fevereiro, dia da fre-quência à cadeira. São seis os alunos inscritos.5) O prazo para entrega do exame é 10 de Março. A data limite para inscrição na Ordem dos Advogados é 31 de Março.6) Chega o dia 31 de Março e as notas não foram afixadas. Os seis alunos ficaram impossibilitados de se inscrever na Ordem.

Complicações de Bolonha

A criação de uma época antecipada de exames não é caso virgem em Di-reito e desta vez serviu os interesses dos estudantes e da própria Escola. Actualmente, o curso funciona com três programas curriculares diferen-tes desde a introdução do Processo de Bolonha e esta época permitiria diminuir o número de estudantes inscritos dos planos anteriores. Pedro Macedo entrou no cur-so em 2000/2001. No ano seguinte – ano da entrada de João Leite – a estrutura curricular de Direito alte-rou-se, tal como recentemente com a adesão do curso a Bolonha. Esta é a última oportunidade para Pedro Macedo completar o curso sem

ser absorvido por Bolonha. “Não aca-bando a minha licenciatura este ano – estou no quinto ano de direito e fal-ta-me uma cadeira para acabar – vou passar para o quarto ano de Bolonha e ainda vou levar com mais cadeiras que não estavam abrangidas na altura em que eu entrei”, confidencia o estudante. Mais: para ter entrada no Centro de Estudos Jurídicos (CEJ) e na Or-dem dos Advogados tem sido exigi-do aos alunos provenientes de cursos formatados em Bolonha o grau de Mestre. No caso de Pedro Macedo, seriam mais dois anos de estudo. Para João Leite, o prazo é mais alargado. Tem mais dois anos para terminar a licenciatura.

Escola de Direito não comenta

Contactado pelo ComUM, o presi-dente da Escola de Direito da Univer-sidade do Minho, Luís Couto Gon-çalves, não quis comentar o caso. A Escola, disse, não emitirá uma posi-

ção oficial enquanto o docente não se pronunciar sobre o mesmo. Até à hora do fecho da edição, não foi possível contactar o professor Nuno Oliveira.

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Destaque10 . ComUM | Série 3 Edição nº 6 | www.comumonline.com

Caracteres(inc.espaços)2000/2100

XI Jornadas de Comunicação Social decorreram na semana passada

diz respeito à questão central da discussão, grandes divergências de opinião entre os vários participan-tes. De um modo geral, todos eles reconheceram o jornalismo como uma profissão sujeita a constantes tentativas de manipulação. José Pe-dro Pereira, jornalista da RTP, afir-mou inclusivamente que “talvez não haja um jornalista que possa dizer que não tentaram manipulá-lo”. Para Carlos Rodrigues Lima, que disse que o jornalismo não é manipulação mas sim manipulá-vel, o jornalista é um “contador de histórias”, mas “tem de ter consci-ência que nem tudo o que as pes-soas contam é verdade”. Carlos Li-ma apontou ainda a concorrência entre os Órgãos de Comunicação Social (OCS) e o recurso a fontes pouco credíveis como as principais causas para um “mau jornalismo”.Em relação a este ponto, José Pe-dro Pereira partilhou da mesma opinião, assegurando não haver

Márcio Silva [email protected]

Rita Araú[email protected]

As XI Jornadas de Comunicação Social encerraram na quarta-fei-ra com uma tertúlia na Velha-a-Branca entre alunos, ex-alunos e professores. Mas, durante os dois dias de certame, muitos outros convidados marcaram presença no Auditório B1 do Complexo Pe-dagógico 2 (CP2) da Universidade do Minho. No primeiro dia, os no-mes escolhidos foram Carlos Ro-drigues, jornalista do Expresso, Jo-sé Pedro Marques Pereira, da RTP, Manuel Carvalho, director-adjunto do Público, e Paulo Baldaia, direc-tor da TSF. “Jornalismo é manipu-lação” foi o tema do debate. O tema não provocou, no que

fontes “desinteressadas”: “Ven-dem-nos ideias que não estão de acordo com a realidade”. A expo-sição a essas fontes “depende da agenda de cada OCS”. Por sua vez, Manuel Carvalho destacou o Código Deontológico dos jornalistas como a única fuga para estas dificuldades. “Sabemos quais são as suas linhas-mestras e, se encararmos a profissão como serviço público, estaremos mais per-to do bom jornalismo”, sublinhou. Por último, Paulo Baldaia, direc-tor da TSF, corroborou as opiniões dos restantes membros do painel e, após ter afirmado que o jornalismo é manipulação, declarou que cabe aos jornalistas, quer aos actuais quer aos vindouros, “lutar para que não seja esse o grosso do jornalis-mo”. Para além disso, todos os in-tervenientes apontaram a política e a justiça como as áreas onde o risco de manipulação é maior, com prin-cipal incidência sobre esta última.

RUI PASSOS ROCHA

Jornalismo “não é manipulação mas é manipulável”

“Novas formas de comunicação” no segundo diaO segundo dia das XI Jornadas de Co-municação Social deu a conhecer o “novo perfil do profissional de comuni-cação”. Foi este o tema do 1º painel da tarde, moderado por Luís Santos, que teve como convidados Pedro Almeida, director do Mestrado em Comunicação Multimédia da Universidade de Aveiro, e André Rabanea, director da Torke. Desde o marketing de guerrilha até aos ambientes virtuais, os estudantes fica-ram a conhecer novas formas de fazer comunicação, tendo sempre presente a importância crescente da internet. André Rabanea é especialista em marketing e, apenas com 25 anos, criou a primeira agência de guerrilha em Por-tugal: a Torke. Esta empresa pretende

“fugir dos meios tradicionais” e, também por isso, o marketeer declarou: “Não le-mos currículos”. O objectivo desta inter-venção foi mostrar novas formas de fazer as coisas na área da comunicação estra-tégica, mais concretamente no marketing. “Sou a pessoa mais contra os meios tradi-cionais”, afirmou o orador. Assim, a Torke propõe em conjunto de medidas que permitem ao cliente “brincar com a marca”, como a propa-ganda de combate e o marketing de em-boscada. Estes dois conceitos consistem, essencialmente, em aproveitar eventos da concorrência para publicitar uma outra marca, utilizando “novos meios”. Segundo André Rabanea, “este tipo de acções faz gerar retorno mediático” e

demonstra a importância da internet e das novas tecnologias no actual mer-cado concorrencial. Pedro Almeida, por sua vez, apre-sentou novas áreas de intervenção e hi-póteses de formação e qualificação no âmbito da Comunicação, como a apos-ta em ambientes virtuais 3D. O Second Life foi o ambiente virtual de eleição e, de acordo com o professor, aquele que nos permite “quebrar as regras” que mantemos na realidade dita tradicio-nal, sempre numa “lógica de informali-dade”. Este tipo de ambientes reinventa também o próprio jornalismo, fazendo com que aos tradicionais meios de co-municação se junte a internet.

Márcio Silva e Rita Araújo

Fidalgo diz que muitos jornalistas “são vítimas do poder mediático”O livro “O jornalista em construção”, de Joaquim Fidalgo, foi apresentado pelo próprio docente de jornalismo no final do primeiro painel que abriu as jornadas de Ciências da Comunicação, ironicamente no Dia das Mentiras. É dedicado à Sociologia das Fontes e resulta da vontade de perceber como os jornalistas se foram constituindo como profissionais. Ao ComUM, Joaquim Fidalgo falou de algumas questões que estão na ordem do dia da profissão de jornalista, como a “metáfora da dança que está presente na relação entre jornalistas e fontes”, e criticou a postura do “jornalista-bailarino” que precisa, nalguns casos, “de acertar passo com alguns interlocutores, o que não significa com isso que seja conivente com eles”. “No trabalho jornalístico, há uma relação de tensão permanente com aquilo que está à nossa volta, nomeadamente com as fontes de informação, directas ou indirectas”, disse o professor de jornalismo, para quem, nalguns casos, “é preciso estabelecer uma relação de confiança sem a qual nós não conseguimos obter a informação”. A precariedade do emprego tem sido apontada pelos representantes

dos jornalistas como uma das causas para a baixa de qualidade da produção jornalística. Joaquim Fidalgo concorda e sublinha que “o poder jornalístico é, eventualmente, o elo mais fraco do sistema mediático”. “Não são os jornalistas que têm muito poder, mas sim as televisões, as rádios, os jornais. Os jornalistas, individualmente considerados, muitas vezes não têm esse poder e são eles próprios vítimas do poder mediático”. A ideia não significa que as audiências dos órgãos de comunicação social estejam dependentes do facto de estes se situarem junto do poder. Ao contrário, observa que “a tentação do curto prazo é dançar perto das audiências e dançar perto do poder e pode ter rendimentos a curto prazo, mas a médio e a longo prazo já teve grandes desastres”. Num jornal, como num jornalista, o que conta é o seu bom nome, a sua credibilidade e a sua independência”. E o Código Deontológico? Não obstante ser igual para todos, existe o risco que sempre existiu: “O de interpretar desta maneira ou daquela é, também, igual para todos, na sua diferença”. “Cada um tem a responsabilidade e o risco de, por sua própria iniciativa, tomar as decisões”.

Vítor de Sousa

Deontologia fecha Jornadas na Velha-a-BrancaA Velha-a-Branca encerrou as XI Jornadas

na quarta-feira, quando já passava da uma

da manhã. Alunos, ex-alunos e professores

reuniram-se no estaleiro cultural para uma

tertúlia informal em que o tema da Ética e

da Deontologia foi o prato forte.

A questão foi levantada por Telmo

Dourado, antigo aluno e actualmente

editor na RTP, que lançou o mote: “Temos

de saber que o que move as empresas

é o dinheiro”. Dourado explicou que os

profissionais não podem ser “autistas”

ao ponto de pensarem que não precisam

de produzir conteúdos apreciados pelo

público e defendeu que apenas na

estação pública é que o nível cultural

dos conteúdos apresentados pode ser

legitimamente escrutinado.

O docente Joaquim Fidalgo contrapôs

que essa perspectiva esvaziava o Jornalismo

das noções de Ética e Deontologia,

dizendo que o caminho proposto por

Dourado “não é desejável”. Hélder Beja,

antigo aluno, conciliou as duas posições,

defendendo que, se é verdade que “o

jornalismo precisa de dinheiro e não vale

a pena fechar os olhos a isso”, também

é verdade que “a maioria dos jornalistas

não se sente bem nesse papel meramente

mercantilista”, tendendo a “olhar também

para a qualidade do que produz”.

Pedro Romano

RUI PASSOS ROCHA

Page 11: ComUM - Edição 6

Opiniãowww.comumonline.com | Série 3 Edição nº 6 | ComUM . 11

Embrolhonhacursos, acabou por resultar no culto do facilitismo. Um trabalho exigido pelo docente de uma cadeira nun-ca é apenas um trabalho, mas sim um entre vários, e como o tempo nunca sobra, os estudantes sen-tem-se sempre tentados a recorrer à webgrafia; daqui resultam cen-tenas de trabalhos que não valem sequer o gasto dos consumíveis. Para além dos trabalhos, também os mini-testes acabam por não ser mais que exames mais acessíveis – já que exigem, no máximo, o co-nhecimento de metade da matéria da cadeira em cada um. Outra questão que penso ser importante é a mobilidade. A ofer-ta de soluções de mobilidade para estudantes hoje é a mesma de há dois anos. Também a adaptação dos cursos ao novo modelo pecou pela não incentivação à mobilida-de; todos os cursos deveriam ter cadeiras em que se abordasse a realidade da investigação europeia nessa área, cadeiras de linguagem técnica – não de língua –, todos os cursos deveriam acordar parcerias com cursos equivalentes noutras universidades e desenvolver pro-jectos de relevância continental em que participassem docentes e discentes. O desenvolvimento da investigação científica na Europa pode ser a chave para o aumen-to da empregabilidade dos jovens licenciados, mestres e doutores. Não só em investigação académi-

ca, mas na sociedade em geral, já que só a ignorância pode explicar o tão elevado número de desem-pregados com formação superior. O que falhou? A transição para bolonha não foi devidamente pen-sada, antes precipitada. Desde a Declaração de Sorbonne até à pu-blicação da nova lei em Diário da República passaram oito anos, mas só aí é que a questão começou a

Sociedade aborrecida precisa de palhaços simpáticos. Contratação imediataAndré Rabanea é o director da Torke Stunt Marketing Estratégico. Esteve na Universidade do Minho, no âmbito das Jornadas de Ciências da Comunicação, na semana passada.

para namoradas. Dali a nada posa para a foto e, gradualmente toda a plateia compreende que marketing de guer-rilha (se já não tinha chegado lá pelo nome) é tudo menos convencional. O objectivo é vender um produto, a ideia é rasgar com rotinas. Através do insólito e do inesperado, deixar um nome bem cravado na memória do consumidor. Se custar pouco dinheiro, tanto melhor. E choveram os exemplos: empresa italiana que queria evidenciar a potên-cia de um sistema de som automóvel Pioneer. Acção eficaz e barata, preten-de-se. Resultado: carro vindo directa-mente da sucata com sistema Pione-er instalado, no meio de uma praça. Mensagem: som tão potente que até destrói o veículo. Exemplo dois: Nova Iorque, era preciso lançar a nova série de Os So-pranos. Resultado: o típico yellow cab nova-iorquino, da bagageira fechada balança um braço humano. Exemplo três (e último, para não ser aborrecida): 25 anos do lançamento do álbum Thriller, de Michael Jackson. Ví-

deo amador com imagens do interior de uma composição de metro. Tudo rotineiro, malta sentada a viajar com o marasmo que embala o trajecto. Aos poucos, anónimos levantam-se, or-ganizam-se subtilmente e salta, para espanto dos verdadeiros anónimos, a coreografia do videoclip da Thriller, to-talmente presente na cabeça de todos. E é assim que funciona. Actos de ir-reverência, que usam a tela deslavada da urbe rotineira, para mexer com o que já não tem vida, por ter sempre a mesma. André pegou na sua experiência de poucos anos, atravessou o Atlântico, e veio mostrar aos portugueses como se guerreia no marketing. 25 anos de idade dão-lhe a juventude e frescura para, jun-to com a sua equipa, fazer intervenções urbanas em Portugal. Ninguém fica in-diferente aos dançarinos disco, que se passeiam pelas ruas de Lisboa a publici-tar a vodka Absolut, com garrafa a lem-brar as bolas reflectoras de discoteca. Acções como estas têm piada. Mais piada teriam se não fossem feitas com um objectivo comercial. Conhecem o Juan Mann? Em 2004 chegou a Sidney

Ao chegar, assustou com a sua rudeza. Ninguém o conhecia bem e ele insistia em querer entrar de imediato. Houve quem se resig-nasse, houve quem se indignasse, houve ainda quem tenha alter-nado entre os dois sentimentos conforme a direcção do vento. Na verdade, há meia década que pe-dia licença e todos faziam questão de não ouvir. Acabou por entrar à força e, albarroando as vontades, pôs-se à sua vontade. Aí, até os indignados se resignaram e trata-ram de fazer tudo o que pensavam satisfazê-lo. Dele nunca receberam nem um obrigado, mas não faltou quem elogiasse a nossa hospita-lidade. Sabemos acolher e fazer com que as pessoas se sintam em casa; gostamos de servir e impres-sionar; deslumbra-nos o exótico, mais ver que compreender. Ao acolhermos e adaptarmos os objectivos da Declaração de Sor-bonne (1998) – dos quais surgem as directrizes de Bolonha (1999), Praga (2001), Berlim (2003), Bergen (2005) e Londres (2007) –, mal-in-terpretamos porque nunca ten-tamos compreender. Pediam-nos que olhássemos para a Europa e lu-tássemos por uma autonomia insti-tucional, pela liberdade académica, pela promoção e pela igualdade de oportunidades à mobilidade, pe-lo aumento da empregabilidade. Pediam-nos que nos uníssemos a eles para construirmos uma Europa

ser verdadeiramente debatida na Universidade. Em meio ano, me-tade dos estudantes transitaram obrigatoriamente para o novo pla-no, um plano sobre o qual ninguém lhes pediu opinião, apesar de todos os documentos europeus sobre a matéria afirmarem a importância da participação dos estudantes, “parceiros competentes, activos e construtivos” (Praga, 2001).

Puto franzino de calça descaída e t-shirt da Nike, cabelo desordenado. Muito pouco ar de director do que quer que fosse. Não fica sentado e salta para a boca de palco para falar de presentes

mais atractiva e competitiva, uma Europa de futuro traçado pelo co-nhecimento científico. Em nenhuma das declarações acima mencionadas é referida a autonomia dos estudantes, antes a autonomia das instituições; em Diá-rio da República (03/2006) é defini-do que a licenciatura – entre outros objectivos – deve preparar o futuro licenciado para uma aprendizagem autónoma ao longo da vida. Ainda assim, facilmente associamos bolo-nha à necessidade de uma maior autonomia dos estudantes e é comum ouvirmos queixas sobre o excessivo trabalho que o Processo provocou. Será que esta “burocra-cia” valoriza a licenciatura? É consensual que a questão do absentismo às aulas ficou resolvi-da; afinal, burocratizar é a melhor forma de organizar. Enquanto que até há dois anos era comum pen-sar-se que um curso universitário se fazia com uns bons aponta-mentos, hoje não há quem não reconheça que é muito mais van-tajoso ir a todas as aulas do que tentar passar em exame. Para além da obrigatoriedade da presença nas aulas, os estudantes têm ainda de fazer vários trabalhos e alguns testes intermédios para aprovar à generalidade das cadeiras. Ora, o que idilicamente pre-tendia a maximização do conheci-mento adquirido pelos estudantes, apesar da redução da duração dos

Carolina LapaPerspectiva C(r)ónica | [email protected]

Estudante do 2º ano do 2º ciclo de Ciências da Comunicação na Uni-

versidade do Minho, escreve textos de opinião para o ComUM desde

Outubro do ano transacto.

e estava mesmo a precisar de um abra-ço. Foi para umas das ruas mais movi-mentadas da cidade, com um cartaz a anunciar “abraços grátis”. Nos primei-ros 15 minutos os transeuntes olharam-no com desconfiança e indiferença. Até que chegou uma senhora a quem, nes-sa manhã, tinha morrido o cão… Dá sempre um gozo enorme fazer as coisas um bocadinho à margem do estabelecido. Descalçar os sapatos num dia de calor, para sentir o picar da relva do jardim da avenida, passear na cida-de com um nariz de palhaço, dizer olá a alguém que não conhecemos, abanar a cabeça e dar dois acordes de air guitar, assim que o leitor de mp3 o ordena, ir à praia dar um mergulho em Janeiro. Es-sencialmente, não ter receio de perder credibilidade com actos menos rotinei-ros, porque a credibilidade não se per-de porque se usa um nariz de palhaço fora do Carnaval. Quem vê ri e faz muito bem em rir. Por momentos esquece-se do que tem para fazer e concentra-se apenas no palhaço. O palhaço também está contente, porque enquanto tiver o nariz vermelho, deixa de ser só o João.

João MartinhoLugar Comum | [email protected]

Estudante do 3º ano de Sociologia na Universidade do Minho, escreve

crónicas de opinião para o ComUM desde Outubro do ano passado.

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O outro lado12 . ComUM | Série 3 Edição nº 6 | www.comumonline.com

Luís Soares Barbosa

No meu tempo é que era...

Cláudia Quintas

Licenciada em Engenharia Biomédi-ca, ramo de Engenharia Clínica, pela Universidade do Minho (UM) des-de o ano passado, Cláudia Quintas conta já com dois anos de experiên-cia na área do controlo de infecção. Numa altura em que se fala das poucas saídas do curso, a ex-aluna fala-nos da sua formação e das ra-zões que a levaram a concorrer ao curso que escolheu. Natural de Leça da Palmeira, teve conhecimento da abertura de um novo curso, que lhe cha-mou a atenção: “Desde logo me aliciou pela sua apresentação”, refere. Ingressou no ano lectivo de 2002/2003, e soube desde ce-do que Engenharia Clínica seria a especialidade a seguir. No final do terceiro ano, aquando da tomada de decisão sobre o ramo a seguir, Cláudia não hesitou. Contando já com uma experiên-cia de dois anos na área hospitalar, Cláudia destaca a importância de um dos projectos que considera mais significativos, que teve ori-gem no âmbito do projecto de

mestrado: um pré-estudo sobre a infecção nosocomial, que tem por título “Um contributo para a segu-rança hospitalar – A prevalência da Infecção Nosocomial em Portugal”. A par disto, Cláudia teve oportu-nidade de contactar com mais de duas dezenas de hospitais da zona Norte. Enquanto representante do ramo de Engenharia Clínica, sentiu que através deste projecto conse-guiu dar a conhecer o curso, fa-zendo o “papel” que lhe competia na ajuda da divulgação do mesmo e no estabelecimento de interes-ses, pois ao investigar também es-tava a “promover directamente o curso, a solicitar a colaboração das unidades num trabalho de mútuo interesse”, explica. Quanto a objectivos alcança-dos, afirma que instalar a necessi-dade do seu trabalho nas unida-des onde esteve nos últimos dois anos lhe deu uma grande satisfa-ção. A ex-aluna realizou trabalhos inovadores e auxiliou as unidades em várias áreas para além do que estava no âmbito do seu projecto de mestrado e, ao “sair” da rela-ção estabelecida, ou seja, após a defesa do projecto de mestrado, as solicitações mantiveram-se. Resultado disso foi a sua primeira

Director-adjunto do Departamento de Informá[email protected]

experiência profissional remune-rada, em Janeiro de 2008, na qual levou a cabo um estudo de vigi-lância epidemiológica. Cláudia considera que a possibilidade de criar um contacto directo com os possíveis empregadores na sua formação foi crucial para o seu sucesso profissional, “apesar de estas oportunidades terem sido reduzidas”, adianta.

Ana [email protected]

Cláudia Quintas23 anos

- Licenciada em engenharia bio-médica, ramo de Engenharia Clínica desde 2007 - Fez um estudo sobre a prevalência da infecção nosocomial em Portugal- Actualmente colabora com a Uni-dade Local de Saúde de Matosinhos

1) A Universidade do Minho é... Um percurso e um projecto em que vale a pena apostar de corpo inteiro, com a consciência da fragilidade que toda a aposta tem. Para mim é, também,

cessidade de a Universidade do Mi-nho proceder a uma melhor e mais eficiente promoção do curso. Para os actuais estudantes de Engenharia Biomédica, a ex-aluna aconselha-os a a lutar pelos seus objectivos e apela a que “não de-sistam nunca!”. Neste seguimento, a Cláudia Quintas não deixa de sugerir que os estudantes actuali-zem e aperfeiçoem os seus conhe-cimentos. Actualmente, Cláudia colabora com a Unidade Local de Saúde de Matosinhos, na área de contro-lo de infecção, e na realização de estudos científicos na área da in-fecciologia, apesar de ser em regi-me não remunerado. Encontra-se ainda a tirar uma pós graduação em regime pós laboral no ramo de Engenharia Clínica.

FOTO GENTILMENTE CEDIDA POR LUÍS SOARES BARBOSA

sabe? Quase tudo.

8) O que faz todos os dias sem excepção? Penso. Às vezes me-lhor, outras vezes pior.

9) O que pensa fazer quando se reformar? Se Deus quiser e a Segu-rança Social assim o permitir, gos-taria de ler e ver o mar. Fazê-lo, so-bretudo, com a pessoa com quem escolhi viver e, se possível, desapa-recer ao mesmo tempo que ela.

10) Qual foi o melhor momento da sua vida? Foram muitos. To-dos, porém, demasiado pessoais para os descrever aqui.

11) Se lhe saísse o Euromilhões, como gastava o dinheiro? Como nunca jogo, a hipótese é não ve-rificável, pelo que não faz sentido investigar as suas consequências.

12) Qual o melhor livro que já leu? E o melhor filme que já viu? Os “Contos Exemplares”, da Sophia e “As Anotações de Malte Laurids

Brigge”, do Rilke. Como filme, talvez “La Strada”, do Fellini. E, ainda, dois versos do O’Neill: “Conforme a vida que se tem, o verso vem \\ Se a vida é vidinha não há poesia que resista’’.

13) Tem algum hobby? Qual? O que faço é o meu hobby.

14) Como se imagina daqui a 10 anos? Com exactamente 10 anos mais: na idade adulta a maioria dos defeitos é já invariante.

15) O que lhe apetece fazer a quem o/a chateia com inquéritos-tipo? Sugerir-lhe um melhor uso do seu tempo de repórter: por exemplo a tentar indagar a razão pela qual o futuro Senado da UM não terá re-presentantes eleitos nem dos alunos, nem dos professores nem dos fun-cionários. Ao que se soube a decisão foi tomada na Assembleia Estatutária sem o apoio das personalidades ex-ternas e com a oposição da lista que mais votos recolhera entre os profes-sores. Iremos ter Estatutos aprovados por tão escassas margens?

FOTO GENTILMENTE CEDIDA POR CLÁUDIA QUINTAS

Salomé [email protected]

uma casa de que sou parte, tecida de desafios, entusiasmos e afectos.

2) O que mais falta faz à sua área profissional? A Informática vulga-rizou-se como tecnologia antes de se haver constituído como Ciência. Sem Ciência, porém, não há cálculo, a ideia de Engenharia é vacuosa, a certificação dos seus produtos per-manece uma miragem. O que nos faz falta, de facto, é o século XVI.

3) Qual a pessoa que mais admi-ra profissionalmente? Porquê? Seria pedantismo vasculhar os no-mes que estão nos livros. Por isso escolho um colega da Casa, o Jo-sé Nuno Oliveira, uma das poucas pessoas a quem o título de Profes-sor, no mais exacto sentido que a palavra tem, se ajusta com proprie-dade, pelo rigor e entusiasmo que nessa palavra põe. E pela profunda humanidade com que a habita.

4) Prefere ensinar ou investigar? As duas coisas não são dissociá-veis: no fundo só sabemos ensinar

(e nem sempre!) aquilo que investi-gamos. Pessoalmente, acho fantás-tico este emprego que me permite gastar um par de horas a provar um teorema e ainda ser pago por isso. Também gosto de certas aulas e, sobretudo, de alunos curiosos, alu-nos que preferem fazer perguntas a coleccionar matrículas. Mesmo sabendo que com uma dúzia des-tas já poderiam almejar à merecida notoriedade que a Academia reser-va aos seus melhores.

5) Quem é que enviava para um deserto? Há uma senhora num programa de televisão que fala muito alto, atropela a montanha de convidados que foram lá vê-la e está sempre muito zangada. Por mim filmava o “Prós e Contras” no Sahara e transmitia-o com legen-das sobre um fundo de Wagner.

6) Na infância queria ser... O meu desejo de infância era ser mais ve-lho. Depois, passou-me.

7) O que gostaria de fazer e não

Confrontada com os principais problemas que teve de enfrentar após finalizar o curso, Cláudia re-fere a falta de conhecimento por parte mundo hospitalar e empre-sarial da multiplicidade de valên-cias e competências que os licen-ciados do curso têm. No entanto, Cláudia não deixa de referir a ne-

Instalar a necessidade do seu trabalho nas unidades onde esteve nos últimos dois anos deu-lhe uma grande satisfação. Realizou trabalhos inovadores e auxiliou as unidades em várias áreas para além do que estava no âmbito do seu projecto de mestrado

Page 13: ComUM - Edição 6

De cultowww.comumonline.com | Série 3 Edição nº 6 | ComUM . 13

Origin of Symmetry Muse

Bruno Simõ[email protected]

Simetria. Presente em todos os domínios das artes e das criações humanas. Exprime equilíbrio e proporcionalidade, no seu sentido mais lato. O segundo álbum dos britânicos Muse tenta, com o título, chamar a si a geração de tais con-ceitos. E não é que depois de ouvir o trabalho de uma ponta à outra, tal ousadia passa a fazer sentido? Quem não conhece o trabalho da banda liderada por Matthew Bellamy devia começar por ouvir este registo. Logo no início, três músicas verdadeiramente épicas. “New Born”, “Bliss” e “Space De-mentia”. A cadência mantém-se com “Hyper Music”, mas o álbum atinge o auge, o clímax total com a melhor canção rock da banda – e uma das melhores da história: “Plug in Baby” é enérgica, empol-gante, chega a ser lancinante ou-vi-la vezes sem conta – pelas dores musculares que causa. A música conta com um glorioso riff de gui-

tarra, considerado o 13º melhor de sempre pela revista Total Guitar. E sim, se há coisa que neste ál-bum se destaca, são os instrumen-tos. Bellamy, músico multi-facetado, consegue deixar a possante guitarra e tocar piano com a mesma mestria com que dedilha. Em “Space De-mentia”, os solos de piano cruzam o calmo com o ruidoso, quer o vo-calista aplique mais ou menos vigor nas teclas do instrumento-com-cau-da. Também o baixo merece aplau-sos. Magnífico em “Feeling Good”, indispensável em “Darkshines”. Claramente rock, o estilo mu-sical dos Muse tarda em reco-lher aceitação geral quanto ao sub-género. Clássico, alternativo, progressivo, épico, psicadélico? É caso para dizer: riscar o que não interessa. Quer dizer, se calhar não é nada. Todos estes adjectivos in-teressam. Faltarão, até, outros. Quase sete anos separam a actualidade do lançamento deste álbum. 2001, ano famoso pelos ataques de 11 de Setembro, viu a banda de Devon crescer ainda mais como fenómeno. Precedido pelo pioneiro “Showbiz” e segui-

do por “Absolution”, o álbum sob a égide da simetria alicia, porque apresenta música musical – salve-se o pleonasmo – ao invés de mú-sica comercial. Faz lembrar uma criança que, antes de conhecer o mundo, pensa que todas as pes-soas são bem intencionadas. Está na idade da inocência, portanto.

ChocolateLasse Hallström

Eduarda [email protected]

Há uma qualquer cadência de sons e ar-ranjos na leitura de uma obra-prima que é difícil de explicar. O primeiro parágra-fo começa assim: “Vim a Comala porque me disseram que vivia aqui o meu pai, um tal de Pedro Páramo. Foi a minha mãe quem mo disse. E eu prometi-lhe que viria vê-lo quando ela morresse”. “Quem é Pedro Páramo?”, pergunta o narrador – Juan Preciado – quando se aproxima de Comala. “Um rancor vivo”, respondem-lhe. Juan é recebido por Eduviges, uma velha que já o esperava, porque a sua mãe, Dolores Preciado, a tinha avisado. “Mas a minha mãe mor-reu”, diz Juan. “Então era por isso que a sua voz estava tão fraca, como se tives-se de percorrer uma distância enorme para chegar até aqui”, responde-lhe. E é assim que prossegue a aventura numa terra onde não se sabe quem está vivo ou morto ou onde começa a realidade e acaba a imaginação. Há todo um rol de personagens enigmáticas que vão aparecendo ao longo da história. Todos têm algo a contar sobre Pedro Páramo, a erva daninha de Comala, que tudo destruiu e a quem todos estão, bem ou mal, ligados. Presos a “Pedro Páramo” também ficam os leitores: “Mutis deu-me aquele pequeno livro. Não dormi naquela noi-te. Não consegui ler outro livro durante

um ano. Revolucionou a minha escri-ta, ensinou-me quase tudo o que sei hoje”, refere Gabriel García Márquez. É impossível ler “Cem Anos de Soli-dão” e “Pedro Páramo” e não encon-trar semelhanças. Frequentemente citado por auto-res como Jorge Luís Borges, Alvaro Mutis, Carlos Fuentes, Júlio Cortázar e Octavio Paz, Pedro Páramo é uma das obras mais importantes da literatura universal.

Pedro Páramo Juan Rulfo

Título: ChocolateAutor: Lasse HallströmAno: 2000Duração: 121 min.

Anabela Peixoto

[email protected]

É doce porque sabe (e quase que cheira) a chocolate. É amargo pela mensagem que pretende trans-mitir. À primeira vista é um típico conto onde o bem o mal, o certo e o errado, andam lado a lado, cada um assumindo a sua personagem, mas encontra a sua excelência na escolha do elemento unificador: o chocolate. Estamos no Inverno de 1959, em Lansquenet, uma vila provin-ciana e conservadora do interior da França. Com o vento gelado

que sopra de Norte, chega à ci-dade uma misteriosa forasteira acompanhada com a sua filha e Pantoufle, um canguru imaginá-rio que, imagine-se, teima em não querer andar mais. Vianne (Juliette Binoche) e Anouke alugam a casa poeirenta da velha e solitária Ar-mande Voizin (Judi Dench) e de-pressa a transformam numa mag-nífica e invulgar loja de chocolates, que, em plena Quaresma, faz pe-car o mais devoto dos cristãos.

nhar o chocolate preferido de cada um. Há a Josephine Muscat que, cansada dos maus-tratos do marido, abandona o lar e junta-se a Vianne; há Armande Voizin, uma das melhores clientes da loja de chocolates, que há anos não fala com a filha Carrie (Anne Moss) e que espera pela oportunidade de se aproximar do neto; e depois há o mau da fita, Reynaud (Alfred Molina), encarregue de preservar a moral e os bons costumes na aldeia, que foi abandonado pela mulher e que faz de tudo para ex-pulsar Vianne da cidade. E como se andar a levar os ci-dadãos da vila para o pecado não bastasse para causar fúria em Reynaud, Vianne ainda se envolve com o cigano irlandês Roux (Jo-hnny Deep), um ‘rato do rio’ cujo estilo de vida deve ser reprovado por todos os que se dizem bons cidadãos. Nomeado para cinco Oscares, entre os quais melhor filme e me-lhor actriz, este é um filme que es-tilhaça os nossos ‘telhados de vi-dro’ e que reprova o preconceito e a repressão. É um filme que apela à alegria pela liberdade, ao prazer de apreciar as coisas boas da vida (aqui personificado pelo paladar do chocolate) e, acima de tudo, que nos ensina que devemos acei-tar os outros como eles são.

Título: Pedro PáramoAutor: Juan RulfoAno: 2007Editora: Cavalo de Ferro

Título: Origin of SymmetryAutor: MuseAno: 2001Editora: Mushroom

É um filme que apela à alegria pela liberdade, ao prazer de apreciar as coisas boas da vida (aqui personificado pelo paladar do chocolate) e, acima de tudo, que nos ensina que devemos aceitar os outros como eles são

Mais do que adoçar a boca dos seus clientes, Vianne propõe-se ajudá-los a serem felizes, usando para isso o seu dom para adivi-

pois, ridículo que se diga que o trio imita os Radiohead. Há que saber distinguir o acto de influenciar ao de imitar. Até porque, o trio lide-rado por Bellamy nada mais pede do que “all the peace and joy in your mind”. Respeitemos, pois.

A salvação do rock, apregoada sempre que alguma banda abre novos horizontes musicais, cola-se à inovação como um cromo foleiro. O rock precisa de criatividade e de rasgos de inspiração. Costuma ler-se em fóruns – portugueses e não só – que aos Muse, ou se adora ou se detesta. É compreensível. Não há nenhuma banda semelhante, pelo que ninguém pode dizer que a ban-da x ou y é comparável aos Muse. É,

Uma das melhores músicas da história, “Plug in Baby”, é enérgica, empolgante, chega a ser lancinante ouvi-la vezes sem conta – pelas dores musculares que causa

Page 14: ComUM - Edição 6

14 . ComUM | Série 3 Edição nº 6 | www.comumonline.com

Próxima RGA em Portimão durante “Gata na Praia”

das Couves, do 4º ano de LEI, dá o seu aval à proposta, re-ferindo que gosta muito “des-se bar, a RGA”. “Tem lá um barmen que é um pão”. Já Rolando Escada Abaixo, do 1º ano de Engenharia Civil e membro do Cabido de Car-deais, revelou-se indiferente à proposta: “Desde que me me-tam no staff para viajar à pala, por mim, tudo bem. Não ando a colar cartazes de borla...”. Pedro Morgado, antigo pre-sidente da Mesa de RGA e antigo estudante de Medicina, anunciou que a medida repre-senta o fim de um ciclo: “No meu tempo havia caloirada a votar nas RGA’s sob praxe, o que, à altura, me parecia um bocadinho perturbador; esta medida vai estimular o exer-cício físico, o que vai impedir que seja necessário atender velhos gordos caso deseje se-guir carreira de médico”.

Ficha Técnica ComUM - Jornal dos Alunos de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho |

Site: www.comumonline.com | [email protected] | Administração: Dança Vira, Malhão Mal-

hão e Zé Povinho | Director: Hilário Mascarenhas | Chefe-de-redacção: Paulinho Romanov | Redacção:

Natércio Trauliteiro e Zé Quitó das Bombas | Colaboradores: D. Afonso Henriques e Mestre San Ita

O conteúdo desta secção do jornal é puramente ficcionalInComUM

Natércio Trauliteiro

[email protected]

Os principais protagonistas da vida académica da Universi-dade do Minho reagiram em peso - e em exclusivo InCo-mUM - ao polémico comu-nicado divulgado pelo presi-dente do Instituto de Ciências Sociais (ICS), Moisés Martins. Aqui estão elas: VascoLeão,daRádioUni-versitáriadoMinho: “É abso-lutamente incompreensível as acusações de promiscuidade entre a AAUM e a Reitoria. Só falta dizerem que arranjamos emprego uns aos outros”. JoséCadimaRibeiro,cate-dráticodeEconomianaUM:“O presidente da AAUM Pe-dro Soares tem de facto mui-

to peso na Assembleia Estatu-tária. Aliás, é o único que tem direito a duas cadeiras nesse órgão”. Reitor Guimarães Rodri-gues:“É absurdo dizer-se que o Pedro Soares ampara as minhas decisões. Mas, se é pa-ra amparar, antes ele a am-parar-me a mim do que eu a ampará-lo a ele...”. Rui Passos Rocha, directordo ComUM: “Assembleia Es-tatutária? O que é isso? Bom, desde que dê manchete...”. António Carneiro, Papa daUM: “Se os catraios não se comportarem ponho-os já de quatro”. JoãoLeite,alunodeDireito: “E se se deixassem de brincadei-ras e corrigissem o meu exame de Direito das Obrigações?”.

Aposta em mais do que três alunos por RGA leva a mudanças abruptas

Universidade do Minho reage às declarações de Moisés Martins

gens a assinalar: “Uma RGA na praia facilita a eliminação de tecidos adiposos nos estu-dantes. Umas aulinhas de ae-róbica, um joggingzinho, um suminho... Supimpa! Quem sabe até despachamos uns processos manhosos de con-cessões de espaços da AAUM sem ninguém se aperceber”. Está igualmente prevista uma feira do livro, uma do-ação de sangue e balcão para servir finos enquanto se assiste aos jogos de futebol da Cham-pions League, tudo durante as reuniões. “Pode ser que façam a «onda» durante uma vo-tação difícil. É meio caminho andado para aprovarmos tudo o que quisermos, desde cer-vejas ainda mais reles e mais caras no BA até uma sede da AAUM feita em ouro”, concluiu Cunha, visivelmente excitado. O InComUM ouviu também alguns estudantes. Quinhas

D. Afonso Henriques

dafonso [email protected]

A próxima Reunião Geral de Alunos (RGA) vai ter lugar em Portimão, durante o cé-lebre evento “Gata na Praia”. Alexandre Cunha, presidente da Mesa de RGA, explicou ao InComUM que a ideia é “ha-ver mais do que três alunos no órgão máximo de representa-ção dos estudantes”. O esquema, explicou ainda Cunha, constará de duas fases: “Primeiro, embebedamos os estudantes; depois, arrasta-mo-los até às RGA”. O período de embriaguez dos estudantes será utilizado ainda para levar a votação o Relatório de Con-tas da Associação Académi-ca da Universidade do Minho (AAUM). “Se estiverem muito bêbedos, é relativamente fácil aquilo passar despercebido”. Também há outras vanta-

Escola de Direito confirmada no Enterro da Gata

Zé Quitó das Bombas

[email protected]

A Escola de Direito já assegurou presença na Enterro da Gata. Os responsáveis da Associação Aca-démica da Universidade do Mi-nho (AAUM) garantem que Jorge Palma e James “são bons”, mas que “se é para dar um baile aos alunos, nada é melhor do que a

Escola de Direito”. Mas não é só a Escola de Di-reito que vai animar as noites dos estudantes. Confirmados es-tão também Moisés Martins e o Reitor Guimarães Rodrigues, que irão protagonizar um combate de Wrestling ao som de Quim Bar-reiros. O vencedor será pago com bilhetes grátis para a “Gata na Praia” do próximo ano.

Depois DO COMUNICADO DIVULGADO EM INTRANET

Em causa estava a indisposição contínua das leitoras do comum

Actor pornográfico assina Editorial do ComUM

D. Afonso Henriques

dafonso [email protected]

O ComUM contratou uma no-va pessoa para assinar os Edi-toriais. Depois dos problemas com a fealdade do Director Rui Passos Rocha, os responsáveis optaram por jogar pelo seguro e descobriram alguém a quem o sexo feminino já provou não ser avesso: Carlos Daniel Rego, actor pornográfico. Quem duvidar do título po-derá confirmar pela fotogra-fia, tirada a meio da roda-gem do filme “Frescas e Boas – Diário de um Jornalista”,

de Sá Leão. O olhar matador, o ombro descoberto e o ca-belo esvoaçante não enganam ninguém. Fica a faltar apenas a barba rala e o peito a nu – um pormenor que Carlos Daniel garantiu ficar resolvido “nas próximas fotografias”. O director Rui Passos Ro-cha garantiu que a troca irá beneficiar o jornal, assumindo não se sentir diminuido pelo facto de Carlos Daniel lhe ter roubado o lugar. “O Carlos já provou o seu valor e eu já provei o meu. Além do mais, já acordei com ele que os Edi-toriais não vão ser maiores do

que aqueles que eu escrevia. Só para garantir que pelo menos nesse particular não vou ficar a perder em tamanho”. Com este posto, Carlos Da-niel faz o “pleno” nos três grandes jornais de Braga: Correio do Minho, Diário do Minho e ComUM. O editoria-lista explica: “Já tinha anda-do com metade das raparigas que fazem contracapa no Cor-reio do Minho; já tinha sido assediado por quase todos os senhores que aparecem dia-riamente no Diário do Minho a dar a óstia aos crentes; com isto, está feito o hat-trick”.

Pinto da Costa exige ser julgado pela Escola de Direito da UM

D. Afonso Henriques

dafonso [email protected]

O dirigente desportivo Pinto da Costa, a braços com um processo judicial bastante chato, exigiu esta semana ser julgado por juristas da Escola de Direito da Universidade

do Minho. O líder do Futebol Clube do Porto, de idade já avançada, es-pera, desta forma, conseguir adiar o julgamento até 2035. “Se para corrigirem seis exames eles demo-ram aquele tempão, para julgar um tipo em tribunal devem levar no mínimo aí uns 35 anos”, disse.

A Escola de Direito preferiu não comentar, garantindo que iria ana-lisar a proposta de Pinto da Costa assim que a correcção dos exames de Direito das Obrigações fosse concluída. O InComUM voltará a contactar os responsáveis no final do ano para ouvir as reacções.

SIGNO DA SEMANA: Leão por MestreSanIta([email protected])

Tudo corre bem para um Leão. Isto é,

até que chega o natal.

Tal como acontece com o clube que

o possuí no emblema, aquele período

que vai de Setembro a inícios de De-

zembro é o tempo das vacas gordas.

Não preciso abanar os búzios nem

chatear os deuses com perguntas

parvas, tudo está contente no reino

do leão, tudo se ri no reino do leão,

todos dançam sapateado no reino do

leão. E depois vem o Natal.

É sempre o mesmo todos os santos

anos: finda a primeira quinzena do 12º

mês os problemas começam a apare-

cer como rachas numa casa prestes a

ruir, as relações que floresceram du-

rante o ano tornam-se em turbilhões

da condição humana. Como tem um

grande coração gasta o dinheiro em

presentes para os familiares. Porém,

estes marginalizam-no por todo o ar-

roz doce que fez desaparecer por “ar-

tes mágicas”. Escusado será dizer que

toda esta tempestade de castigos faz

dos exames do 1º semestre algo inó-

cuo, catapultando-o para o chumbo a

todas as disciplinas, completando, deste

modo, um falhanço rotundo nas qua-

tro categorias da previsão da astrologia:

Amor, Família, Profissão e Dinheiro. Tal

e qual o Sporting, que já atirou borda

fora o campeonato e a Taça da Liga,

só faltando mesmo serem eliminados da

Taça de Portugal e levarem 3 “bola-

chas” da Fiorentina em casa (porque o

caneco europeu vai para o Zenit).

Por isso, já que está numa época

de reconstrução, eis umas dicas que

as filhas da mãe das folhas de chá me

indicaram para si. Primeiro, poupe di-

nheiro no tempo das “vacas gordas”

porque vai precisar dele por volta da

3ª semana de Dezembro, estude como

um bicho porque 12 disciplinas por

fazer é dose e não se preocupe tanto

com os outros dois sectores que esses

são eternos castelos de areia que se fa-

zem e desfazem. Não se esqueça que

a expressão «Ah Leão!» não apareceu

por acaso. Levante-se de novo, pá!

Como última dica para os aposta-

dores da Bwin, os três golos da “Fiore”

vão ser de Mutu, Montolivo e Semioli.

Page 15: ComUM - Edição 6

Opinião

Ciências experimentais para criançasEra eu professor de Físico-Quími-ca do Ensino Secundário quando ingressei na carreira universitária para ser formador de educadores de infância e de professores do 1º ciclo, na componente de Ciências. Confrontado com essa responsa-bilidade, não pude deixar de me colocar uma questão fundamen-tal: que sei eu acerca do que fazer para que estes jovens venham a ser capazes de ensinar ciências às crianças? Eu tinha feito um Mestra-do em Ensino das Ciências e tinha lido uns quantos livros e artigos acerca do que se ia fazendo nou-tros países, desde a década de 60; mas isso não resolvia a questão. Estávamos em 1990 e não existia literatura que me pudesse elucidar acerca dos processos de educação científica nas nossas escolas pri-márias, quer do ponto de vista dos alunos, quer do ponto de vista dos professores. E mesmo que existis-se, a questão persistia: se eu pró-prio não sei – de experiência vivida - como ensinar ciências às crian-ças, como vou conseguir que os meus alunos o façam? Como vou formar professores de crianças se me intimida a simples ideia de ter à minha responsabilidade um gru-po de crianças? A minha única vi-vência com crianças, em contexto de ensino, resumia-se à vaga e já distante recordação do que fora a minha instrução primária.

Senti-me assim compelido a en-frentar o desafio de eu próprio me tornar competente no ensino de ciências experimentais a crianças. Por isso, de uma maneira informal, fui estabelecendo contacto com professores do 1º ciclo e pedia-lhes que me permitissem ensaiar o ensino experimental de alguns tó-picos por mim planificados; por ou-tro lado, colaborava com os alunos estagiários a orientar actividades de ensino planificadas sob a minha supervisão. E assim, desta forma exploratória, que durou cerca de 2 anos (90/91 e 91/92) fui ganhando confiança e autonomia na condu-ção de uma turma. E os resulta-dos desse trabalho caíam-me em abundância no regaço, como fruta madura em tempo de colheita.

efervescência intelectual nos gru-pos e, sobretudo, o desmuronar de ideias feitas sobre as aprendizagens “possíveis”, deram-me o sentimento de ter descoberto algo fascinante. A experiência era empolgante e o que quer que ela significasse, em ter-mos da carreira académica, diziam-me as crianças que eu tinha que dar continuidade ao trabalho iniciado. Foi assim que surgiu o projecto de doutoramento e subsequentemen-te a actividade de investigação que tenho desenvolvido. A permanência nesta temáti-ca, ao longo de todos estes anos, suscitou alguma perplexidade em alguns colegas que me chegaram questionar sobre o porquê desta “paixão”. Assumo-a e para ajudar à sua compreensão dou a palavra a Karl Popper, quando falava aos seus alunos: (...) penso que só há uma caminho para a ciência ou para a filosofia, (...): encontrar um problema, ver a sua beleza e apai-xonar-se por ele; casar e viver feliz com ele até que a morte vos separe - a não ser que encontrem um ou-tro problema ainda mais fascinan-te, ou, evidentemente, a não ser que obtenham uma solução. Mas mesmo que obtenham uma solu-ção, poderão então descobrir, para vosso deleite, a existência de toda uma família de problemas-filhos, encantadores ainda que talvez di-fíceis, para cujo bem-estar poderão

www.comumonline.com | Série 3 Edição nº 6 | ComUM . 15

Cartoon por César Évora Há mais onlinewww.comumonline.com

Famalicão comemora centenário da morte de Alberto Sampaio“Alberto Sampaio por Terras do Minho” é o nome do roteiro, organizado pela Câ-mara Municipal de Vila Nova de Famalicão, para assinalar os cem anos da morte do historiador Alberto Sampaio.

por Carla Lameira

Guimarães conquista Taça de Portugal de Basquetebol O Vitória de Guimarães conquistou a Taça de Portugal de Basquetebol, a primeira da sua história, derrotando na final o F.C. Porto, por 65-64. Carlos Flechas vestiu o fato de herói do jogo ao anotar o lance livre da vitória.

por João Santos

MNS apresenta “Ver-me a mim através de ti nos teus olhos”A exposição “Ver-me a mim através de ti nos teus olhos” está patente até 30 de Abril, no Museu Nogueira da Silva. A autora desta mostra, Sandra Dias, expõe uma peça de desenho/instalação e uma outra audiovisual.

por Eduarda Simões

“Não há inocentes” entre jornalismo e poder políticoO Café Blogue organizou na Velha-a-Branca uma “Conversa Improvável” entre a jornalista Luísa Teresa Ribeiro e o deputado Miguel Laranjeiro, que abordou o panorama actual do jornalismo e os interesses que os jornalistas e os políticos.

por Rita Araújo

Vitória empata em Paços de FerreiraA formação vimaranense empatou com o Paços de Ferreira a dois golos, no jogo de abertura da 25ª jornada. Desmarets e Wesley foram os homens da partida. O primei-ro foi o autor dos golos vitorianos, enquanto Wesley apontou o golo do empate.

por Carla Oliveira

Joaquim Sá[email protected]

Licenciado em Física, foi professor do ensino secundário até 1998. In-

gressou então na UM onde fez Mestrado e Doutoramento, tendo aber-

to caminho no país à área académica de ciências experimentais para

crianças. Como activista cívico teve papel relevante na inviabilização

do projecto de construção de uma unidade hoteleira no local da es-

cola do 1º ciclo de S. João do Souto, que desse modo seria extinta.

[email protected]

trabalhar com um sentido, até ao fim dos vossos dias. E não há dúvida de que este trabalho apenas está no seu início. A concretização do Mestrado em Ensino Experimental das Ciências

no Ensino Básico, finalmente apro-vado na UM e registado na DGES, a breve prazo dará uma expressão maior á formação dos professores para o ensino experimental nas es-colas do 1º ciclo.

O envolvimento das crianças nas actividades, a sua alegria e sa-tisfação constantes, a atmosfera de

“O envolvimento das crianças nas actividades, a sua alegria e satisfação constantes, a atmosfera de efervescência intelectual nos grupos e, sobretudo, o desmuronar de ideias feitas sobre as aprendizagens “possíveis”, deram-me o sentimento de ter descoberto algo fascinante”

Page 16: ComUM - Edição 6

16 . ComUM | Série 3 Edição nº 6 | www.comumonline.com

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