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Composição química e Consumo de nutrientes do feno de capim de raiz (Chloris orthonoton Doell)

em ovinos.

Nathalia Andressa Pereira de Morais1, Adriana Guim2, Evaristo Jorge Oliveira de Souza3, Carolina Corrêa Figueirêdo Monteiro4, Felipe Douglas Barbosa Pedrosa de Oliveira4, Hilson Barretto dos Santos Filho4,

Karen Santos Félix de Abreu4 e Mércia Virginia Ferreira dos Santos5.

________________1. Graduanda do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, bolsista PIBIC/UFRPE. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Recife, PE, CEP 52900-090. E-mail: [email protected]. Professor Associada do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, bolsista do PET SESu/MEC. 3. Aluno do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco. 4. Aluno do Curso de Zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco.5. Professor Associada do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, bolsista CNPq.

Introdução

A baixa produtividade dos rebanhos no Nordeste brasileiro é ocasionada entre outros fatores por nutrição deficiente em quantidade e qualidade, relacionada com o manejo inadequado das pastagens e a reduzida disponibilidade das forragens, provocando sazonalidade nas taxas de crescimento e produção dos rebanhos, principalmente durante o período de estiagem. Assim, torna-se necessário a utilização de técnicas de conservação de forragens para proporcionar alimentação equilibrada em termos de nutrientes essenciais para garantir a continuidade da produção animal (RIBEIRO et al., 2002)[1]. Nas condições do Nordeste do Brasil, a utilização de plantas nativas, devido a sua natural adaptação à região, pode ser uma alternativa promissora. Dentre essas plantas, está o feno de capim de raiz (Chloris orthonoton Doell), alimento de baixo custo que pode ser introduzido na dieta e garantir a alimentação de animais nos períodos de carência alimentar.

Entre os principais parâmetros relacionados com a qualidade das forrageiras, destacam-se o consumo alimentar e a digestibilidade, sendo o consumo ainda mais importante do que a digestibilidade, uma vez que estabelece a ingestão e o aporte de nutrientes, portanto, determina a resposta do animal. A forragem consumida determina a quantidade de nutrientes ingeridos e, consequentemente, a produção animal. Em decorrência desse fato, um dos elementos preponderantes do consumo de um alimento volumoso pelos ruminantes é a matéria seca indigestível.

Considerando os altos custos da proteína da dieta, a economia da produção animal é altamente dependente da eficiência de sua utilização. Por esse motivo, nos últimos anos, tem havido considerável interesse na redução das perdas de compostos nitrogenados (N) pelos ruminantes (RUSSEL, 1992)[2]. A proteína bruta tem sido relacionada com o consumo de matéria seca.

Todavia, para forragens com teor de proteína bruta abaixo de 4 a 6%, na base da matéria seca, o consumo de matéria seca seria limitado pela baixa disponibilidade de compostos nitrogenados para os microrganismos do rúmen. No entanto, uma vez corrigida essa deficiência, o consumo seria limitado pela taxa de remoção de resíduos indigestíveis do rúmen.

Objetivo geral

Avaliar a Composição e Consumo de Nutrientes do fenode capim de raiz (Chloris orthonoton Doell) em ovinos.

Material e métodos

O Capim de raiz foi proveniente de uma propriedade particular localizada no município de São Caetano, agreste pernambucano. O material foi coletado em plena floração, exposto ao sol por três dias para desidratação parcial e transportado para o Departamento de Zootecnia (UFRPE), quando foi passado em máquina forrageira e armazenado em sacos de ráfia.

Para caracterização químico bromatológica a amostra foi previamente moída a 1 mm para determinação, em duplicata, dos teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), matéria orgânica (MO), extrato etéreo (EE), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), nitrogênio não protéico (NNP), nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) e nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) segundo metodologias descritas por SILVA e QUEIROZ (2002)[3].

O experimento foi conduzido no Setor de Caprino-ovinocultura, do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Para a determinação do consumo de matéria seca e demais nutrientes foi utilizado o método descrito por GIVENS et. al; (1989)[4] empregando-se dois alimentos em proporções distintas (60% feno e 40% concentrado; 50%feno e 50% de concentrado segundo metodologias

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Foram utilizados 5 ovinos, castrados, sem padrão racial definido, com peso médio de 28,34 Kg que foram alojados em gaiolas metabólicas individuais 2 x 1.10m, providas de comedouro e bebedouro (Figura 1). O experimento foi dividido em dois períodos. Cada período teve duração de 10 dias, destes, 7 são para adaptação à dieta e 3 de coleta de dados. Foram distribuídos em delineamento inteiramente ao acaso, constituindo um tratamento (ovino) e duas repetições.

A alimentação foi pesada e fornecida diariamente às 8 e às 14h, e permitiram-se sobras em torno de 10%. As sobras foram retiradas e pesadas diariamente, para determinação do consumo diário. A água e o sal mineral foram fornecidos a vontade. As coletas de fezes e sobras foram realizadas consecutivamente por três dias (do 8º ao 10º dia de cada período), registrando-se, nessa oportunidade, a quantidade diária de fezes e sobras dos animais. Após a homogeneização do material, foi retirada uma alíquota diária de 5 a 10% do total produzido, para a confecção de uma amostra composta por animal. As amostras de fezes e sobras foram colocadas em sacos plásticos e foram armazenadas em freezer.

Resultados e Discussão

A partir dos resultados verificou-se que os ovinosalimentados com feno de capim de raiz junto com o farelo de soja consumiram mais FDN e PB (g/dia). Segundo GOYANNA (2009)[5], este fato pode ser atribuído aos teores mais elevados desses nutrientes nos alimentos apresentados. Importante salientar que parte da proteína do feno de capim de raiz está indisponível,ligada à parede celular, ao NIDA (Tabela 1) e que quando levado em consideração o consumo real de proteína do feno é baixo (como mostra a Tabela 2).

Do consumo médio total de proteína bruta pelos animais o feno contribuiu apenas com a menor parte, uma vez que houve a necessidade de associação deste feno com um alimento protéico para melhorar o nível de proteína da dieta e desta forma também estimular o consumo dos animais, com objetivo de maximizar o potencial da forragem estudada.

Mediante os resultados apontados fica evidente que o capim de raiz não pode ser ofertado a ovinos

como fonte exclusiva de alimento, sem esquecer de levar em consideração o estágio que foi colhido (em plena floração), pois o feno estudado apresentou uma ingestão de matéria seca muito baixa, fator este que pode ser atribuído a alta percentagem de fibra em detergente neutro em torno de 65% (tabela 1), onde Segundo VAN SOEST (1994)[6], concentrações acima de 55 - 60% já é uma variável bastante consistente correlacionada com o consumo de matéria seca, pois um ruminante alimentado à vontade só consegue ingerir quantidade limitada de certos alimentos, uma vez que o consumo está diretamente relacionado ao conteúdo de fibra em detergente neutro (FDN) e do valor energético da dieta, sendo assim necessário controlar estes efeitos ao se analisar variáveis de consumo alimentar.

Agradecimentos

A Universidade Federal Rural de Pernambuco pela oportunidade de participação no Programa de Iniciação Científica, ao Departamento de Zootecnia pelo espaço para realização do experimento e das análises bromatológicas e a orientação recebida pelo corpo docente.

Referências[1] RIBEIRO, E.L.A.; ROCHA, M.A.; MIZUBUTI, I.Y.; et al. Silagens

de girassol (Helianthus annus L.), milho (Zea mays L.) e sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) para ovelhas em confinamento. Ciência Rural, v.32, n.2, p.299-302, 2002.

[2] RUSSELL, J.B. Minimizing ruminant nitrogen losses. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL EM RUMINANTES, 1992, Lavras. Anais... Lavras: ESAL, 1992. p.47-64.

[3] SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. de.; Análise de Alimentos: métodos químicos e biológicos. 3 ed. Viçosa: UFV, Imprensa Universitária, 2002, 235 p.

[4] GIVENS, D.I., Dewey, P.J.S., Donaldson, E., Jones, D.I.H. and Adamson, A.H. (1989) Within and between centre variability in the measurement of in vivo organic matter digestibility of straw. In: Chenost, M. and Reiniger, P. (eds) Evaluation of Straws in Ruminant Feeding. Elsevier Applied Science, London, OK, pp 62-65.

[5] GOYANNA, G.J.F., Caracterização nutricional dos fenos de sabiá (Mimosa caeslpiniifolia BENTH) e mororó (BauhiniaCheilantha (BONG) STEUD) em caprinos. (2009). Dissertação de mestrado do programa de Pós-graduação em Zootecnia da universidade Federal Rural de Pernambuco.

[6] VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2.ed. New York: Cornell University Press, 1994.

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Figura 1. Gaiola metabólica, com bebedouro e comedouro individual.

Tabela 1. Média dos valores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE), proteína bruta (PB), fibra em detergente

neutro (FDN), nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) e nitrogênio insolúvel em detergente neutro do capim de raiz

(Chloris orthonoton Doell).

Variáveis (%)Forragem

MS MM1 EE1 PB1 FDN1 FDA1 NIDA1 NIDA2 NIDN1

Capim de raiz 90,66 8,59 1,52 7,16 65,34 37,9 0,15 13,42 0,25

1. Resultados expressos na matéria seca; 2. % do N total

Tabela 2 – Média e desvio padrão dos valores do consumo de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), matéria mineral (MM), fibra

em detergente neutro (FDN), e matéria orgânica (MO), do feno de capim de raiz (Chloris orthonoton Doell) por ovinos.

Variáveis Feno Soja Total

IMS(g/dia) 390,53 ± 52,42 357,03 ± 50,90 747,56 ± 49,64

IMSPV(%) 1,39 ± 0,19 1,27 ± 0,18 2,66 ± 0,18

IMSPVM(g/kgPM) 31,98 ± 4,30 29,22 ± 4,13 61,20 ± 4,03

IMO(g) 316,67 ± 43,54 292,78 ± 42,28 608,85 ± 41,29

ICZ(g) 74,46 ± 9,23 64,25 ± 8,85 138,71 ± 8,55

IPB(g) 29,44 ± 3,99 91,2 ± 13,47 120,64 ± 16,38

IFDN(g) 269,93 ± 34,15 171,56 ± 22,73 441,49 ± 19,65

IFDNPV(%) 0,96 ± 0,13 0,61 ± 0,08 1,57 ± 0,07

IFDN(g/PM) 22,11 ± 2,86 14,05 ± 1,88 36,16 ± 1,65