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Composição mineral e sintomas de deficiência de macronutrientes em
abóbora híbrida, tipo tetsukabuto, cultivada em solução nutritiva.
Sanzio Mollica Vidigal¹; Carla Santos²; Paulo Roberto Gomes Pereira³; Dilermando
Dourado Pacheco¹; Cláudio Egon Facion¹
¹ EPAMIG, C.P. 216, CEP 36.570-000, Viçosa-MG; ²UFV, Estudante Especial do Dept° de Fitotecnia,
Viçosa-MG;³ UFV, Professor do Dept° de Fitotecnia, Viçosa-MG. E-mail: [email protected]
RESUMO
O experimento foi conduzido em condições de casa-de-vegetação com plantas de abóbora híbrida, tipo tetsukabuto, cv. AG-90, cultivadas em vasos contendo 8 L de solução nutritiva de Hoagland completa. Aos 21 dias após o transplante foi iniciada a aplicação dos tratamentos: solução nutritiva completa e as omissões individuais de N, P, K, Ca e Mg, mantendo as plantas por mais 58 dias. Foram observados sintomas característicos de deficiência para todos os macronutrientes, sendo os teores nas folhas com sintomas de deficiência iguais a 9,9; 0,8; 17,3; 0,7 e 6,4 g.kg-1 para N, K, P, Ca e Mg, respectivamente. Os teores de N, P, K, Ca e Mg em folhas normais no tratamento completo foram 31,8; 1,8; 42,7; 24,8 e 11,1 g.kg-1. Palavras-chave: Abóbora híbrida (C. maxima x C. moschata); sintomas de deficiência.
ABSTRACT
Mineral composition and symptoms of macronutrientes deficiency in hybrid squash
cultivated in nutritious solution.
The experiment was carried out in glasshouse with hybrid squash plants, cv. AG-90, cultivated in vases contends 8 L of nutritious solution completes of Hoagland. To the 21 days after the transplant the application of the treatments was begun: nutritious solution completes and the individual omissions of N, P, K, Ca and Mg, maintaining the plants for more 58 days. Characteristic symptoms of deficiency were observed for all the macronutrients, being the content in the leaves with deficiency symptoms the same to 9,9; 0,8; 17,3; 0,7 and 6,4 g.kg-1 for N, K, P, Ca and Mg, respectively. The content of N, P, K, Ca and Mg in normal leaves in the complete treatment were 31,8; 1,8; 42,7; 24,8 and 11,1 g.kg-1. Keywords: Abóbora híbrida (C. maxima x C. moschata); deficiency symptoms.
Entre os métodos de diagnose, a descrição dos sintomas de deficiência é importante, pois
permite fazer um diagnóstico no campo e assim direcionar ações para comprovar e
corrigir a deficiência de algum nutriente. Para se caracterizar estas deficiências com maior
segurança, sem a interação com outros fatores, o cultivo em solução nutritiva é uma
excelente opção, permitindo associar os sintomas visíveis com a composição mineral do
tecido. O trabalho teve o objetivo de caracterizar os sintomas visuais de deficiência de
macronutrientes e os seus teores associados com tais sintomas na cultura abóbora
híbrida, tipo tetsukabuto.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em condições de casa-de-vegetação com a abóbora
híbrida, tipo tetsukabuto, cv. AG-90, cultivando-se uma planta por vaso contendo oito litros
de solução nutritiva de Hoagland. Aos 21 dias após o transplante foi iniciada a aplicação
dos tratamentos: solução nutritiva completa e as omissões individuais de N, P, K, Ca e
Mg, mantendo as plantas por mais 58 dias, registrando-se os sintomas de deficiências
nutricionais de cada nutriente. Na colheita foram avaliados os teores de N-orgânico pelo
reagente de Nessler, após digestão sulfúrica, P pelo método da Vitamina C, K por
fotometria de chama, Ca e Mg por espectrofotômetro de absorção atômica, após digestão
nítrico perclórica. A composição mineral foi determinada em folhas normais sem sintomas
e em folhas com sintomas. Além da diagnose foliar, foram caracterizados os sintomas
visuais de deficiências nutricionais mediante observações diárias das plantas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os teores de N em folhas normais sem sintomas em todos os tratamentos variaram
de 26,2 a 52,3 g.kg-1 (Tabela 1). O menor valor foi observado em plantas no tratamento
com omissão de N, valor este muito próximo ao limite inferior da faixa de 25 a 50 g.kg-1
considerada adequada para plantas de abóbora híbrida, tipo tetsukabuto (Jones Jr. et al,
1991; Locascio, 1993). O teor de N observado no tratamento com omissão de K
apresentou-se pouco acima da faixa considerada pelos autores de referência,
evidenciando efeito de concentração. O teor de N em folhas normais foi igual a 31,8 g.kg-1
no tratamento completo não diferindo de 26,2 g.kg-1 em folhas normais sem sintoma, e o
teor de N em folhas com sintomas foi igual a 9,9 g.kg-1, no tratamento com omissão de N.
Também, observou-se que houve redução no teor de Ca nas folhas normais sem
sintomas no tratamento com omissão de N em relação ao tratamento completo, sugerindo
que a deficiência de N reduz a absorção de Ca. Esta hipótese deverá ser testada
futuramente. Os sintomas visuais de deficiências de N observados no tratamento com
omissão de N foram: folhas mais velha com coloração verde mais claro, evoluindo para
cor amarela, característico de plantas deficientes em nitrogênio. Redução de crescimento
nas folhas mais novas, e ainda, aumento na distância entre as folhas novas. E o teor foliar
associados a deficiência foi igual a 9,9 g.kg-1. Os teores de P em folhas normais sem
sintomas em todos os tratamentos variaram de 0,6 a 4,7 g.kg-1(Tabela 1). Os menores
valores foram observados em plantas no tratamento com omissão de P e completo, estes
teores foliares de P foram inadequados para plantas de abóbora híbrida, tipo tetsukabuto,
por estarem abaixo da faixa de 2,0 a 6,0 g.kg-1 considerada adequada para plantas de
abóbora híbrida, tipo tetsukabuto (Jones Jr. et al, 1991; Locascio, 1993). Os teores de P
observados nos demais tratamentos apresentaram-se dentro dessa faixa. O teor de P em
folhas normais sem sintomas foi igual a 1,8 g.kg-1 no tratamento completo e igual a 0,6 e
0,8 g.kg-1 em folhas normais sem sintoma e em folhas com sintomas, respectivamente, no
tratamento com omissão de P. Os sintomas visuais de deficiências de P observados
foram: Folhas com coloração verde mais escuro, apresentando limbo mais rígido e
redução no crescimento das folhas. Na seqüência, nas folhas mais novas apareceram
manchas arroxeadas, característico de plantas deficientes em fósforo, evoluindo para
necrose com cor escura. E, o teor foliar associados à deficiência foi igual a 0,8 g.kg-1. Os
teores de K em folhas normais sem sintomas em todos os tratamentos variaram de 33,0 a
47,7 g.kg-1(Tabela 1). O menor valor foi observado em plantas no tratamento com
omissão de K, os teores foram considerados adequados para plantas de abóbora híbrida,
tipo tetsukabuto, por estarem dentro da faixa de 20,0 a 60,0 g.kg-1 considerada adequada
para plantas de abóbora híbrida, tipo tetsukabuto, (Jones Jr. et al, 1991; Locascio, 1993).
O teor de K em folhas normais sem sintomas foi igual a 42,7 g.kg-1, no tratamento
completo, sendo superior aos 33,0 g.kg-1 , observado no tratamento com omissão de K. O
teor de K em folhas com sintoma no tratamento com a omissão de K foi igual a 17,3 g.kg-
1. Os sintomas visuais de deficiências de K observados foram: clorose nas bordas das
folhas mais velhas, evoluindo para necrose. E, o teor foliar associados à deficiência foi
igual a 17,3 g.kg-1. Os teores de Ca em folhas normais sem sintomas em todos os
tratamentos variaram de 10,4 a 24,8 g.kg-1 (Tabela 1). O maior valor foi observado em
plantas no tratamento completo, que apresentou-se acima da faixa de 10,0 a 20,0 g.kg-1
considerada adequada para plantas de abóbora híbrida, tipo tetsukabuto (Jones Jr. et al,
1991; Locascio, 1993). Os teores de Ca observados nos demais tratamentos
apresentaram-se dentro dessa faixa. O teor de Ca em folhas normais sem sintomas foi
igual a 24,8 g.kg-1 no tratamento completo e igual a 10,4 e 0,7 g.kg-1 em folhas normais
sem sintomas e em folhas com sintomas, respectivamente, no tratamento com omissão
de Ca. Os sintomas visuais de deficiências de Ca observados no tratamento com omissão
de Ca foram: as folhas mais novas apresentaram-se distorcidas e encarquilhadas, com
pontos necróticos nas margens das folhas, ocorrendo necrose internerval; no ápice da
planta, pontos necróticos evoluíram para a morte dos tecidos; ocorreu morte de radicelas;
houve um aumento no número de ramificações na base da planta. E, o teor foliar
associados à deficiência foi igual a 0,7 g.kg-1. Os teores de Mg em folhas normais sem
sintomas em todos os tratamentos variaram de 5,5 a 14,4 g.kg-1 (Tabela 1). O menor valor
foi observado em plantas no tratamento com omissão de N, que foi considerado
adequado para plantas de abóbora híbrida, tipo tetsukabuto, por estar dentro da faixa de
3,0 a 6,0 g.kg-1 considerada adequada para plantas de abóbora híbrida, tipo tetsukabuto
(Jones Jr. et al, 1991; Locascio, 1993). Os teores de Mg observados nos demais
tratamentos apresentaram-se acima dessa faixa. O teor de Mg em folhas normais sem
sintomas foi igual a 11,1 g.kg-1 no tratamento completo e igual a 8,5 e 6,4 g.kg-1 em folhas
normais sem sintomas e em folhas com sintomas, respectivamente, no tratamento com
omissão de Mg. Este resultado evidencia a necessidade de estudos futuros, em relação
ao Mg, com a cultura da abóbora híbrida, tipo tetsukabuto. Observou-se que houve
aumento no teor de P nas folhas normais sem sintomas no tratamento com omissão de
Mg em relação ao tratamento completo, sugerindo que a deficiência de Mg aumenta a
absorção de P. Para o teor de Ca, observou-se efeito contrário a este, em relação ao
tratamento completo, ou seja a deficiência de Mg reduziu a absorção de Ca. Os sintomas
visuais de deficiências de Mg observados foram: as nervuras apresentaram-se
“raspadas”, semelhante a dano físico por abrasão, evoluindo para limbo internerval com
manchas esbranquiçadas; as folhas também apresentaram enrolamento dos bordos para
cima, evidenciando crescimento diferenciado entre epiderme inferior e superior, e ao final
tornaram-se necrosadas e quebradiças; as raízes escureceram. E, o teor foliar associados
à deficiência foi igual a 6,4 g.kg-1. Foram observados sintomas característicos de
deficiência para todos os macronutrientes, sendo os teores nas folhas com sintomas de
deficiência iguais a 9,9; 0,8; 17,3; 0,7 e 6,4 g.kg-1 para N, P, K, Ca e Mg, respectivamente.
Os teores de N, P, K, Ca e Mg em folhas normais no tratamento completo foram 31,8; 1,8;
42,7; 24,8 e 11,1 g.kg-1.
AGRADECIMENTOS
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).
LITERATURA CITADA
JONES JUNIOR, J.B., WOLF, B., MILLS, H.A. Plant analysis handbook: a practical sampling, preparation, analysis and interpretation guide. Athens: Micro-Macro, 1991. 213p. LOCASCIO, S.J. Cucurbits: Cucumber, Muskmelon and Watermelon In: BENNETT, W.F. (Ed.). Nutrient deficiencies and toxicities in crop plants. APS Press: The American Phytopathological Society. St. Paul, USA. 1993. p.123-130. Tabela 1– Teores de nutrientes em folhas normais sem sintomas em plantas de abóbora híbrida, tipo tetsukabuto, cultivadas em solução nutritiva completa e com a omissão de nutriente. Viçosa-MG, Epamig, 2005
Tratamentos Nutriente Completo* Sem N Sem P Sem K Sem Ca Sem Mg
g.kg-1 N 31,8b 26,2b 38,5ab 52,3a 36,2b 40,9a P 1,8de 4,3ab 0,6e 4,7a 2,6cd 3,8abc K 42,7ab 45,2ab 46,4a 33,0c 47,7a 38,9bc
Ca 24,8a 10,9b 17,2ab 17,2ab 10,4b 11,8b Mg 11,1ab 5,5b 6,6ab 14,4a 13,7a 8,5ab
*Letras iguais na mesma linha, comparando cada tratamento com omissão de nutriente com o tratamento completo, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F.