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COMPOSIÇÃO DA MESA2010 - 2011

Deputado Giovani Cherini, PDT, Presidente.

Deputado Marquinho Lang, DEM, 1.º Vice-Presidente.

Deputado Nelson Härter, PMDB, 2.º Vice-Presidente.

Deputado Pedro Westphalen, PP, 1.º Secretário.

Deputado Luis Augusto Lara, PTB, 2.º Secretário.

Deputado Paulo Brum, PSDB, 3.º Secretário.

Deputado Adão Villaverde, PT, 4.º Secretário.

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COMPOSIÇÃO PARLAMENTAR

TITULARESDeputado Frederico Antunes - PP - Presidente

Deputado Nelson Marchezan Jr. - PSDB - Relator

Deputado Raul Pont - PT

Deputado Fabiano Pereira - PT

Deputado Alceu Moreira - PMDB

Deputado Luiz Fernando Záchia - PMDB

Deputado Mano Changes - PP

Deputado Gilmar Sossella - PDT

Deputado Marquinho Lang - DEM

Deputado Cassiá Carpes - PTB

Deputado Berfran Rosado - PPS

Deputado Heitor Schuch - PSB

SUPLENTESDeputado Edson Brum - PMDB

Deputado Nelson Härter - PMDB

Deputado Adolfo Brito - PP

Deputado João Fischer - PP

Deputada Zilá Breitenbach - PSDB

Deputado Paulo Odone - PPS

Deputado Miki Breier - PSB

Secretária : Anna Alzira Conter JohnsonAssessor: Jorge Luis Lopes Martins

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SUMÁRIO

Introdução ...................................................................51ª Reunião ...................................................................9Audiência Pública em Santana do Livramento ........ 10Audiência Pública em São Borja ..............................17Audiência Pública em Uruguaiana ............................25Conclusões ................................................................36Anexo .......................................................................41

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INTRODUÇÃO

Com base no art. 79 do Regimento Interno da Assembléia Legislativa, o Deputado Estadual Frederico Antunes requereu a constituição da Comissão Especial para Debater a Situação Financeira e Econômica das Cidades da Fronteira em Razão dos Regimes Aduaneiros Federal e Estadual por meio do RCE 008/2009.

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Foto: Guerreiro/AL

Instalada no dia 15 de junho de 2010, no Gabinete da Presidência da Assembleia Legislativa, tem o objetivo de debater os procedimentos implantados nas alfândegas, além dos impactos administrativo-orçamentários suportados pelos municípios em face de sua localização estratégica na faixa de fronteira.

Conforme estudo de mapeamento dos postos de fronteira do Sindicato Nacional dos Analistas Tributários da Receita Federal - Sindireceita - vislumbra-se total abandono das aduanas nas fronteiras gaúchas.

Além disso, urge a necessidade dos municípios localizados na faixa de fronteira mobilizarem-se na direção da obtenção dos benefícios e incentivos oferecidos pelo governo federal.

Tanto nas reuniões como nas audiências públicas, os trabalhos foram direcionados pelo Deputado Frederico Antunes com a finalidade de abrangerem os seguintes temas: Revisão e Debate do Tratado Mercosul (revisão e debate); Comércio e Indústria, Importação e Exportação: a situação dos free-shops, das áreas de livre comércio, das ZPE’s; Agronegócio: fiscalização sanitária, aquisição de insumos e de equipamentos agrícolas; Saúde nos municípios de fronteira; Segurança: limites relativos à Faixa de Fronteira, Policiamento Especializado na Fronteira (PEFRON); Infraestrutura: construção de pontes binacionais, aeroportos, ferrovias e portos, energia e não cumprimento de acordos internacionais; Educação; Recursos Humanos: servidores públicos nas aduanas e áreas de Fronteira.

É importante que o próprio Parlamento gaúcho coordene um trabalho que envolva os setores organizados da sociedade na busca conjunta dos caminhos do desenvolvimento dos municípios de

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fronteira, preparando o Estado para atuar em busca de soluções para problemas semelhantes que se verificam em diferentes locais.

Sempre atento aos pleitos das comunidades da fronteira, o Deputado Frederico Antunes, presidindo os trabalhos da Comissão Especial para Debater a Situação Financeira e Econômica das Cidades da Fronteira em Razão dos Regimes Aduaneiros Federal e Estadual optou por, mais uma vez, ouvir prefeituras, câmaras de vereadores, integrantes do Sistema 5 “S”, Governo Federal, Governo Estadual, Ministério da Agricultura, Polícia Federal, Receita Federal, Polícia Rodoviária Federal, Brigada militar, entidades da sociedade civil, técnicos, e população interessada.

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“Cabe a nós agora fazermos o trabalho de sugerir, com base legal, aquilo que efetivamente possa ajudar às nossas cidades em faixa de fronteira a terem a reparação de algumas dificuldades geradas por leis diferentes no país vizinho ...”

Deputado Frederico Antunes

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1ª REUNIÃO : 29/06/2010

DELIBERAÇÕES:

@ foram eleitos o Deputado Heitor Schuch, Vice-Presidente e o Deputado Nelson Marchezan Jr., Relator;

@ foi apresentado o plano de trabalho;@ foram votados os requerimentos para a realização de

audiências públicas.

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Foto: Marcos Eifler/AL

EM 16 DE JULHO DE 2010

Pauta: Mensurar os impactos administrativo-orçamentários suportados pelos municípios em decorrência da localização estratégica na faixa de fronteira.

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O SR. SÉRGIO OLIVEIRA, Presidente da Associação Comercial e Industrial de Santana do Livramento - ACIL -, registrou que até pouco tempo, a zona de fronteira era tida com uma área de restrição. No entanto, entende a faixa de fronteira como uma forma de integração, onde poderia haver uma relação comercial muito maior do que a vista até então.

Elencou como pleitos a construção de um hospital binacional em Santana do Livramento e a necessidade de criação de incentivos fiscais e tributários para a instalação de frigoríficos para atender a demanda do setor agroindustrial de Santana do Livramento e região.

O SR. NELMO OLIVEIRA, Vereador de Santana do Livramento, destacou a existência do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul – Focem –, que, segundo o embaixador do Mercosul, tem 80 milhões de dólares à disposição para investimentos, bastando elaborar um projeto. No entanto, os prefeitos têm informado que é difícil acessar esse Fundo, que existe uma enorme dificuldade para dispor desses recursos.

Salientou ainda a necessidade de definir a que nível de integração refere-se a proposta do Mercosul, se trata-se de integração comercial, integração aduaneira, integração de legislação, ou de participação nas áreas de saúde e de educação.

O DEPUTADO FREDERICO ANTUNES comunicou à audiência o conteúdo de documento - que consta na íntegra na parte destinada a Anexos deste Relatório - emitido pelo Gabinete de Segurança Institucional, através da Secretaria de Acompanhamento e Estudos Institucionais, intitulado Faixa de Fronteira e Legislação Correlata, Esclarecimentos Gerais.

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Comentando o documento, o Presidente desta Comissão Especial referiu que não se pode criar defesas no território se não houver vida. A defesa de um território está atrelada à vida. Se não houver vida, seres humanos, não se defende nada.

Afirmou que para as pessoas permanecerem residindo e trabalhando nas zonas de faixa de fronteira, elas têm de receber um tratamento diferenciado.

Enfatizou que atualmente, a lei nº 10.522/2002 autoriza a transferência de recursos federais aos Municípios localizados na faixa de fronteira, mesmo com restrições no Cadin. O art. 26 diz que fica suspensa a restrição para a transferência de recursos federais a Estados, Distrito Federal e Municípios destinados a execução de ações sociais e ações em faixa de fronteira, em decorrência de inadimplemento objeto de registro no Cadin e no Sistema Integrado de Administração Financeira do governo federal.

Concluiu a necessidade de a lei existente ser regulamentada, para que o cidadão tenha a possibilidade de acesso a benefícios, tais como: benefícios fiscais e não fiscais; tratamento da agilização de zonas de processamento e exportação; tratamento das áreas de livre comércio; tratamento diferenciado tributário com compensações à compra de insumos, máquinas, equipamentos em faixa de fronteira; contratação; até mesmo pagamento de plus salarial para efetivos de órgãos públicos que prestem serviços em faixas de fronteira.

Fez referência, ainda, o Deputado Frederico Antunes, ao art. 17 da lei nº 8.270/91, revogado pela lei nº 9.527/97, que previa gratificação especial de localidade – o GEL – aos servidores da União, das autarquias e das fundações públicas federais em exercício em zonas de fronteira, ou em localidades cujas condições de vida justificassem-no, conforme regulamento baixado pelo Poder Executivo. Essa lei foi revogada, sendo, no entanto, exatamente o que se está buscando tanto para o Estado quanto para a União.

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O SR. OSCAR BENTANCUR, da ACIL, informou que em Santana do Livramento, nos últimos 10 anos, fecharam mais de 400 empresas de médio e grande porte, segundo a Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul. Esse fechamento não se deu por incompetência dos administradores, mas, sim, por conta da legislação brasileira, uma vez que o Município de Rivera opera com uma alíquota reduzida entre 10 e 15% para a importação de bens de qualquer origem, enquanto no Brasil, operamos com uma alíquota na faixa de 100 a 140%. Segundo o representante da ACIL, não há como competir. Sem área de livre comércio no lado brasileiro, a venda é feita somente no município do País vizinho.

Reivindicou a possibilidade de transformar o aeroporto de Rivera em aeroporto binacional.

O SR. LEONEI MOURA DE ALMEIDA, representando a Polícia Federal, passou às mãos do Deputado Frederico Antunes a minuta do ofício que está sendo encaminhado ao ministro da Justiça solicitando a inclusão, no orçamento, de 1 milhão e 400 mil reais para a contratação de funcionários terceirizados, especialmente para localidades de fronteira. Com a contratação de funcionários terceirizados, é possível designar os servidores efetivos para a atividade de investigação e fiscalização.

Em relação ao Policiamento Especializado de Fronteira – Pefron -, manifestou o participante que a área de inteligência da Polícia Federal mantém contato direto com os policiais militares, com os policiais civis, com a Polícia Rodoviária Federal e com a polícia uruguaia. Regularmente são realizadas reuniões conjuntas. Apesar de não terem um local para convivência, já existe a integração das polícias.

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O SR. JEOVANE WEBER CONTREIRA, Vereador de São Borja, informou já terem organizado audiências em São Borja para debater questões relacionadas à faixa de fronteira – como, por exemplo, zonas de processamento de exportação - ZPE’s -, áreas de livre comércio e reativação das linhas de transporte ferroviário, adicional de 30% aos trabalhadores da área de segurança – Polícia Civil, Brigada Militar, bombeiros.

O SR. ÂNGELO DAMIÃO RODRIGUES DE MELLO, do Sinditransportes do Município de Santana do Livramento, apontou a elaboração de um documento em que solicita a ampliação da área do terminal aduaneiro, que hoje já não atende à demanda do fluxo de veículos que aguardam liberação. Referiu estarem trabalhando com déficit, por isso identifica a necessidade de haver mais investimento destinado à estrutura, como internet banda larga e maior número de fiscais e de agentes atuando no terminal aduaneiro.

Chamou a atenção para a importância de dois aspectos: a criação de uma unidade, em Santana do Livramento, do Sest/Senat, para treinamento e aperfeiçoamento de motoristas na área de logística; e a criação de um posto avançado de imigração no terminal aduaneiro, e de um posto de migração no lado uruguaio, para os motoristas ficarem enquanto aguardam a liberação de seus veículos.

O SR. PAULO ROBERTO FOGAÇA, representando a Receita Federal, salientou que quanto à proposta de ampliação física do porto seco, já existe a posição da EADI Sul de que vai realizar estudos nesse sentido e quanto ao número de servidores, há previsão de nomeação dos aprovados no último concurso para breve.

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Comentou ainda que o principal corredor de fluxo de mercadorias de importação e exportação com o Uruguai é o Chuí, que tem praticamente o triplo do movimento de Santana do Livramento; o segundo é Jaguarão, com o dobro do movimento; em terceiro é que vem Santana do Livramento.

O SR. ROGÉRIO MARTINS XAVIER, representando a Brigada Militar, informou que segundo o projeto apresentado pela Secretaria Nacional de Segurança teremos três postos de polícia integrada na Região da Fronteira Oeste: em São Borja, em Uruguaiana e em Santana do Livramento. Isso significa uma melhoria de toda a infraestrutura.

O DEPUTADO FREDERICO ANTUNES sintetizou da seguinte forma os assuntos abordados na audiência pública:

“Na questão da Polícia Especializada de Fronteira, precisamos reforçar a importância de o Estado se manifestar no que diz respeito a assinar convênio com a esfera federal e poder estar, então, enquadrado nos repasses de recursos para a melhoria da infraestrutura.

As unidades do projeto Policiamento Especializado de Fronteira – Pefron – são compostas por 46 membros, na proposta inicial. Pode haver mais, mas o mínimo são 46, entre agentes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Civil, da Brigada Militar, do IGP, etc.

Na via balcão vamos trabalhar para que exista a

possibilidade de a organização uruguaia ter na sua estrutura algo que possa despachar os trâmites via balcão propostos pelo Brasil dentro do país vizinho, Uruguai.

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Reforço a possibilidade da integração de uma base hospitalar binacional para atendimento das duas comunidades.

Nos investimentos em bases de produção industrial, como é o caso dos frigoríficos, também há uma possibilidade de integração.

Vamos solicitar que o investimento seja aproveitado, que a base brasileira seja aproveitada para termos uma aduana integrada, funcionando no Chuí.

Na questão do transporte ferroviário, já há um projeto de retomada de unificação de bitola de trens para esse modal importante de transporte.

Na questão do adicional aos servidores de faixas de fronteira, estamos trabalhando de duas formas: uma é da maneira tradicional, esperando o Executivo se manifestar; a outra, é apresentando um projeto de lei na Assembleia Legislativa, de minha autoria, sobre esse tema, que é inconstitucional, porque não podemos legislar sobre incremento de remuneração. Isso é despesa. Mas ele está lá para provocar o tema.”

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EM 22 DE JULHO DE 2010

Pauta: Debater a situação econômica e financeira municipal em razão dos regimes aduaneiros federal e estadual.

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Foto: Marcos Eifler/AL

O SR. CASSIÁ CARPES, Deputado Estadual pelo PTB, salientou que por mais que as pessoas queiram pontes, a grande ponte ainda não foi feita, isto é, a verdadeira integração econômica, social e cultural com nossos vizinhos, ainda não ocorreu. Referiu a existência de problemas decorrentes da falta de integração nas áreas da saúde, da educação, e de aduanas.

Comentou que São Borja tem um grave problema que terá de ser solucionado, que é a falta de um aeroporto. Sem aeroporto, os investimentos não chegam, em razão das distâncias dos grandes centros.

Reforçou a necessidade de realizar-se um planejamento de metas de crescimento para a região.

O SR. MARIOVANE WEIS, Prefeito de São Borja, informou que há cerca de dois meses, foi procurado por um deputado argentino, da Província de Corrientes, para tratarem sobre projetos de desenvolvimento regional dos dois Municípios da fronteira - São Borja e São Tomé.

Comentando que logo após a inauguração da ponte, uma forte crise financeira se abateu sobre a Argentina, que recém agora está se recuperando, entende que agora é o momento de levar adiante os projetos de desenvolvimento entre os dois Municípios.

O DEPUTADO FREDERICO ANTUNES lembrou que em 1987, quando foi assinado o acordo, quatro países originaram o Mercosul: Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil e hoje, outros países fazem parte do acordo. Se houve essa alteração, é sinal de que houve mudanças ao longo do tempo – de pensamentos, de necessidades, etc. Então, por que não se fazer uma revisão específica

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do Tratado do Mercosul?

Quanto à questão do comércio, indústria, exportação e importação, o Deputado Frederico Antunes citou o caso específico dos free shops localizados na região da fronteira do Uruguai, que acabam provocando uma migração de comerciantes e de consumidores brasileiros para o outro lado da fronteira, com consequente evasão de divisas. Questionou sobre que compensação econômica se poderia ter em relação a isso.

Referiu o Deputado a necessidade de duplicação da ponte sobre o rio Ibicuí, considerando surpreendente, nos dias de hoje, em pleno século XXI, ainda existir uma ponte de uma via só sobre uma BR tão importante, pela qual passam inúmeros caminhões que fazem o transporte de toda uma produção..

O SR. FARELO ALMEIDA, Vereador de São Borja, observou a existência de um acordo entre a República Federativa do Brasil e a República da Argentina para a expedição de uma carteira vicinal, que permite liberação de todos os processos burocráticos e transações entre Brasil e Argentina, tanto na questão educacional quanto no comércio. A República da Argentina já cumpre o acordo e já adequou suas funções quanto a essa questão, mas, no Brasil, a homologação desse acordo ainda está no Senado Federal, mesmo com a necessidade urgente de que as fronteiras sejam abertas de verdade para essa comunidade.

O DEPUTADO FREDERICO ANTUNES comentou que assim como os casos de situação de calamidade pública são alegados para remover restrições no repasse de recursos, os municípios de faixa de fronteira também têm esta peculiaridade. Ações em faixa de fronteira não devem sofrer restrições de repasse, de acordo com a Lei nº 10.522/2002 que autoriza a transferência de recursos federais

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aos Municípios localizados na faixa de fronteira, mesmo com restrições no Cadin.

Referiu ainda as dificuldades que existem para trazermos para a região de fronteira servidores da órgãos públicos, federais ou estaduais, como delegados, inspetores, escrivães, agentes da Brigada Militar, do IGP, etc., por falta de atratividade. Citou o art. 17 da lei nº 8.270/1991, revogado pela lei nº 9.527/1997, que previa Gratificação Especial de Localidade – GEL – aos servidores da União, das autarquias e das fundações públicas federais em exercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas condições de vida o justificassem.

O Exército Nacional paga um adicional de 40% além do soldo como incentivo para o militar trabalhar numa faixa de fronteira – por isso vemos muita gente de fora aqui na região. O Exército oferece esse incentivo.

O SR. JEOVANE CONTREIRA, Vereador de São Borja, reforçou a importância da criação da zona de processamento de exportação e da área de livre comércio para São Borja. Ressaltou que enquanto isso não existir, São Borja será apenas corredor de passagem para a Argentina e para o Chile.

O SR. MARCELO LODEIRO, representando a Receita Federal, elencou três objetivos muito importantes para a Receita Federal: controle e eficiência no comércio internacional, evitando fraudes e dando fluidez ao comércio; proteção do mercado local formal, que gera o emprego formal; e bom atendimento ao contribuinte.

Informou que em 2006, em São Borja, as importações médias mensais giravam em torno de 35 milhões de dólares, as exportações,

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em torno de 124 milhões de dólares, e o número total de caminhões que transitavam girava em torno de 4 mil caminhões/mês, para um efetivo de 15 auditores e 15 analistas da Receita Federal.

Apontou que em 2010, a média de importações é de 97 milhões de reais, a de exportações é de 317 milhões de reais e o número médio de caminhões é de 7.300 caminhões, mas já houve o pico de 9 mil caminhões/mês. E o efetivo, atualmente, é de 13 auditores e 13 analistas. Há menos pessoal, portanto.

Ressaltou que o trabalho em equipe da Receita Federal no comércio exterior, com o apoio da concessionária Mercovias e da aduana argentina, tem contribuído para a absorção desse crescimento. Mas existe um limite e, no seu ponto de vista, esse limite já está sendo alcançado.

O SR. ARLINDO FILADELFO ALVES DE ARAÚJO RÊGO, representando a Brigada Militar, afirmou ter encontrado, na fronteira, desde quando veio para cá, uma situação de defasagem bastante grande de efetivo. No entanto, graças ao trabalho do deputado, dos prefeitos e dos vereadores, recentemente foram formados 78 homens aqui na Região da Fronteira Oeste, e ficaram aqui os 78 homens. Devido a conversações com o comando da Brigada Militar, foram aportados para a Fronteira Oeste mais 72 homens, totalizando 150 homens, o que talvez seja um ganho histórico diante da perda do efetivo da corporação de 15 anos atrás.

Comentou que em caso de haver um incentivo salarial aos servidores da região da fronteira, isso virá a ajudar no desenvolvimento e no acréscimo de efetivo na região, uma vez que quem se estabelece por aqui tem gastos superiores aos efetivados na região de Porto Alegre.

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Em relação à Polícia Especializada da Fronteira - Pefron - comunicou que será montado um grupo, composto por policiais militares, policiais civis e peritos do IGP, com o objetivo de tratar de delitos específicos de áreas de fronteira no sentido de protegê-las. Está prevista a dotação de uma alta tecnologia de investigação, de treinamento, de armamento de última geração, de controle por GPS e laboratório.

O SR. IBRAHIM MAHMUD, representando o Sindilojas e a Fecomércio, apresentou os seguintes pleitos:

- há mais de 200 estudantes brasileiros cursando a Faculdade de Medicina de Santo Tomé. Necessita-se a validação do diploma, pois alguns se formaram no ano passado e não têm como trabalhar, pois o diploma não é aceito;

- duplicação da BR-285 e da BR-287;- retorno da ferrovia a São Borja;- criação da plataforma logística em São Borja.

O SR. PEDRO FERREIRA COSTA, representando a Universidade da Região da Campanha, manifestou a importância de divulgar entre os alunos do curso de Comércio Exterior as relações de fronteira entre as pessoas e a legislação de trânsito, além dos números do comércio e dos dados estatísticos. Destacou que muitos dos jovens que estão estudando não sabem que para atravessarmos o rio precisamos ter documentação, que as relações internacionais passam a valer a partir do posto de identificação do Centro Unificado de Fronteira e que as áreas de fronteiras são neutras.

O SR. HUGO CHIMENEZ, representando o Corede da Fronteira Oeste, assinalou a questão da Carta Verde, que não é exigida para os motoristas argentinos: eles têm o seguro normal e basta. No entanto, se brasileiros adentrarem 70 quilômetros no

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território estrangeiro, já têm de apresentar a Carta Verde, o que representa um problema.

Destacou ainda que se quisermos industrializar ou melhorar a qualidade de serviço na Fronteira Oeste, passaremos pela questão energética, que deve ser reavaliada.

O SR. ANDRÉ PINTO, Vereador de Quaraí, comentou que não haverá investimentos em nossa região se não tivermos energia. Nossas redes de distribuição estão completamente ultrapassadas e sem capacidade de produzir energia de qualidade em zonas urbanas.

Afirmou que a região de Santana do Livramento, Rosário do Sul, Quaraí e Uruguaiana sofre muito com a questão da zona de sombra da telefonia, na qual a pessoa não pode fazer uso do celular, pois ele não funciona.

O SR. NILTON KOLTERMANN, representando a OAB, informou que juntamente com o diretor da Universidade de Direito de Santo Tomé, Dr. Cesar Ramírez, está tentando montar um curso de posgrado em Direito Internacional, para que o advogado brasileiro possa também atuar no lado argentino nas questões relativas ao Direito Internacional.

Salientou que quanto à legislação trabalhista, algumas questões foram alteradas com intuito de o cidadão fronteiriço poder trabalhar aqui e nos países do Mercosul, mas há muito ainda a ser feito. Sugeriu a formação de grupos de estudos sobre a legislação, que é a base de tudo, o que propiciará a tomada de decisões e identificar o que é necessário alterar.

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O SR. SANI CARPES, Secretário de Assuntos Internacionais de São Borja, avisou que está sendo realizado, pela prefeitura municipal, em conjunto com autoridades argentinas, um levantamento de desenvolvimento regional Brasil-Argentina e está sendo efetuado um trabalho para captação de investimentos brasileiros na Argentina e de investimentos argentinos no Brasil e muitas vezes o que barra o investimento é a legislação. Ressaltou que, se não for construída uma legislação entre os dois países, não se conseguirá avançar em muitas questões relativas à integração.

Referindo-se às ZPEs, informou que a Zona de Processamento e Exportação é um distrito industrial, onde as empresas que ali se instalarem terão incentivos fiscais e tributários. Defendeu a necessidade de se construir um projeto concreto de viabilidade econômica e de execução, que envolva Santana do Livramento, Uruguaiana e São Borja. Relatou a necessidade de protocolá-lo na comissão das ZPEs, que é composta por cinco ministérios, comunicando que um projeto desses um município só não pode bancar, porque envolve valores muito grandes. Só para São Borja, a viabilidade econômica do projeto das ZPEs custa 1 milhão e 400 mil reais.

O DEPUTADO FREDERICO ANTUNES informou que tendo conhecimento do alto custo do projeto para os Municípios, encaminhou à Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais uma emenda ao orçamento do Estado de 2011 para garantir uma rubrica que abrisse com 50 mil reais ou 100 mil reais, destinada a projetos de desenvolvimento de cunho regional que poderá ser utilizada tanto para essa finalidade, como para criar áreas de livre comércio.

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EM 23 DE JULHO DE 2010

Pauta: Análise de novos procedimentos implantados na alfândega e o impacto econômico-financeiro no Município.

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Foto: Marcos Eifler/AL

O SR. GIL MARQUES FILHO, Prefeito de Itaqui, qualificou a zona de fronteira como sinônimo de difícil acesso e de difícil permanência, destacando a importância de transformar-se em uma zona de desenvolvimento.

Assinalou que em um porto de grande importância, de fronteira agrícola e de ponto intermediário de passagem entre Itaqui e São Borja e entre São Borja e Uruguaiana, não há Polícia Federal, o que cria condições de fuga para os crimes de desvios. Não há representantes da Anvisa, o gerou problemas sérios ao município, em relação à gripe A, no ano passado. Funcionários municipais foram disponibilizados para realizarem o serviço federal.

Destacou que dando seguimento à ideia de integração e de valorização às regiões de fronteira, a construção de uma ponte internacional entre os municípios de Itaqui e Alvear, a duplicação da ponte sobre o rio Ibicuí, entre Uruguaiana e Itaqui e a construção de uma ponte entre Alegrete e Itaqui não podem ser deixadas de lado.

Salientou a importância de haver uma estratégia de saúde pública e de meio ambiente para os municípios de fronteira. Itaqui tem 150 anos e não tem um metro de esgoto sanitário. Com isso, por ser de uma região de fronteira, o município está contaminando a água que bebem as populações de Uruguaiana, Alvear, La Cruz e Paso de los Libres. Além disso, está sendo contaminado o Aquífero Guarani, que região de Itaqui está na superfície.

O SR. JOSÉ CARLOS BECKER, representando a Associação Brasileira dos Transportadores Internacionais – ABTI – e do Conselho Municipal Pró-Segurança Pública – Consepro, manifestou que atualmente, tanto o Estado do Rio Grande do Sul como o governo federal têm exposto a importância das fronteiras e do Mercosul, mas não têm feito nada em termos de infraestrutura, o que gera muita preocupação.

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Com relação às questões que envolvem as alíquotas para o Rio Grande do Sul, expôs que o Estado de Santa Cataria concede incentivos fiscais - os caminhões cruzam os portos do Rio Grande do Sul e vão lacrados para Santa Catarina, muitas vezes para fazer a aduana ou para trocar a nota e retornar ao Rio Grande do Sul.

Lamentou ainda não haver dedicação dos órgãos públicos na prevenção ao roubo de carga.

Acrescentou que o Rio Grande do Sul é o Estado que tem a maior extensão de fronteiras com o Uruguai e com a Argentina, no entanto, essa região tem sido esquecida em Brasília e até mesmo em Porto Alegre.

O SR. WALTER ARNS, representando a Associação dos Arrozeiros de Uruguaiana, comentou que para o setor de produção de arroz, para a agropecuária de uma forma geral, o Mercosul praticamente não existe. No caso do arroz, é permitida a entrada, sem nenhum tipo de restrição, do produto vindo da Argentina, do Uruguai, e agora, cada vez mais, do Paraguai, mas os produtores não podem ir para o outro lado do rio buscar insumos a preços bem mais acessíveis. Chamou a atenção para a existência de uma concorrência desleal. No setor de máquinas, por exemplo, a John Deere, em Horizontina, a Massey Ferguson, em Canoas e em Santa Rosa, e a New Holland, em Curitiba, fabricam tratores e equipamentos que vão para a Argentina. O produtor de lá compra o equipamento fabricado aqui por cerca de 30% a menos do valor pago pelo produtor brasileiro.

Enfatizou a importância de mostrar a necessidade de os produtores disporem das mesmas condições de competitividade que existem do outro lado da fronteira.

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O SR. JADER RIBEIRO DUARTE, representando a Polícia Civil, explicou que a Região da Fronteira Oeste sofre de duas maneiras: por ser fronteira e por ser da Metade Sul, sabidamente a região de menor investimento do Rio Grande do Sul. Tanto é assim, que o governo federal delimitou a Metade Sul do Rio Grande do Sul como uma das áreas mais desprivilegiadas do Brasil. E a Fronteira Oeste, que possui municípios com uma extensão geográfica imensa, é a região menos privilegiada em termos de segurança pública no nosso Estado, com o menor efetivo policial.

Defendeu a ideia de criação de uma delegacia regional em Uruguaiana, mantendo vinculação com os Municípios de fronteira, com características próprias e defendendo os Municípios de fronteira.

O SR. HAMILTON JACQUES, representando o Sindicato dos Aduaneiros, sustentou que o despachante aduaneiro e os transportadores são os primeiros a sentirem as dificuldades resultantes dos gargalos existentes na área do comércio exterior. As transportadoras, como sabemos, ficam com seus ativos parados na fronteira, enfrentando demora para cruzá-la. Muitas vezes os caminhões servem de depósito de mercadorias, o que não é sua função.

Referiu que os despachantes aduaneiros nada mais são do que os próprios exportadores e importadores na fronteira, pois trabalham com uma procuração das empresas para importar e exportar.

Registrou ser desejo dos despachantes aduaneiros que o fiscal – não só o da Receita, mas o de outros órgãos intervenientes – aplique a lei que faz parte do ordenamento jurídico com os princípios da transparência, da proporcionalidade e, principalmente, da razoabilidade.

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O SR. ABEL PARÉ, representando a CTTI/OCERGS, manifestou como desafio das cooperativas de transportes internacionais a integração aduaneira e seus intervenientes para tentar reduzir tempo e custo.

Sugeriu que sejam realizados investirmos em pesquisa científica a ser efetivada por uma escola binacional situada em Uruguaiana ou numa dessas fronteiras, com oferta de bolsas de estudo para que se investigassem as reais necessidades e a realidade dessas cidades de fronteira. Dos dois lados. Assim, fundamentados em dados científicos, poderia haver encaminhamento de propostas de legislação, de estudos mercadológicos, de estudos de tecnologia, da própria cultura e principalmente das necessidades de cada Município.

O SR. MIGUEL ANGELO EVANGELISTA, representando a ALL, esclareceu que a ferrovia, responsável pelo desenvolvimento deste País, foi criada no século XIX e deu início às grandes vilas, cidades e capitais, mas hoje, apresenta uma malha defasada. Relatou que os trilhos são do século XIX, e as cidades cresceram todas em volta deles, há grandes gargalos. Informou que são mais de 12 mil passagens de nível por todo o País, sendo 2.120 em nosso Estado. Salientou que há dificuldade de acesso aos portos, e, em Uruguaiana, não é diferente: a cidade tem mais de 18 passagens de nível e necessita a construção de um anel de contorno rodoferroviário.

Lembrou que o transporte ferroviário, no ano de 2001, quando da privatização, carregava 150 mil toneladas, saltando para 1 milhão e 200 mil toneladas, em 2009. Referiu que apesar da quebra de bitola – no Brasil, o trilho que chega à fronteira é de 1 metro; no Uruguai e no Paraguai o trilho é de 1.435 mm, o que obriga a realizar operação de transbordo –, o trânsito aduaneiro ainda é mais moroso do que o trânsito operacional.

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Assegurou que, em Uruguaiana, são gerados mais de 300 empregos diretos no porto, e que houve um avanço nos últimos 30 anos, quando levavam 30 dias com vagão em fronteira: eram 15 dias para transportar do lado brasileiro e 15 do lado argentino. Hoje, este mesmo trajeto é feito em horas.

Informou que no Estado do Rio Grande do Sul, a empresa ferroviária vem realizando investimentos, neste ano, que giram em torno de 600 milhões de reais.

A SRA. DÉBORA BLANCO, representando o Sest/Senat, apresentou duas sugestões: alteração na legislação a fim de que haja reconhecimento de cursos profissionalizantes, técnicos, de ensino superior, de educação de forma geral, principalmente voltada para o trabalho; e que entidades de ensino superior, ou técnicas, possam ser bilingues, atendendo toda região da fronteira e do Mercosul.

O SR. ÉBER ESCOBAR DE ALMEIDA, Vereador de Uruguaiana, sugeriu a criação de comissões municipais setorizadas, institucionalizadas e reconhecidas por legislação federal com assento nos grandes comitês que discutem as questões do Mercosul, uma vez que as comunidades locais têm ficado à margem destas discussões.

O SR. JOSÉ CLEMENTE DA SILVA CORRÊA, Vereador de Uruguaiana, informou que o Portal da Transparência do governo federal disponibiliza a qualquer cidadão o acesso inclusive a uma rubrica específica que repassa valores às cidades de faixa fronteira que fazem o encaminhamento de algumas proposições. Salientou que faltam projetos e propostas de governo, no âmbito municipal ou estadual, para serem encaminhadas ao governo federal, nessa questão de faixa de fronteira.

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Propôs que a Unipampa ofereça cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado, para que se fortaleça o corpo docente e não tenham que vir para cá profissionais de fora, como tem ocorrido. Ponderou que sem esses cursos, futuramente haverá dificuldades para que o corpo docente da Unipampa seja composto de pessoas da própria cidade, como necessitamos.

O SR. LUCAS LAGES BRANDÃO, Cônsul do Brasil na Argentina, informou que o papel consular não é de promover o desenvolvimento das cidades de fronteira, mas sim de realizar controle consular na fronteira que até pode servir para fomentar o desenvolvimento.

Comentou ter recebido a informação de que o serviço de imigração da Argentina estaria confeccionando carteiras de identidade do convênio de tráfego vicinal fronteiriço a cidadãos estrangeiros. Revelou que existe um acordo firmado entre Brasil e Argentina sobre tráfego vicinal fronteiriço que já foi sancionado pelo parlamento argentino no final do ano passado, mas que está ainda em tramitação na Câmara Federal e no Senado brasileiro. Solicitou, com base nisso, que o Parlamento brasileiro, a fim de se evitar qualquer problema maior de fronteira, celeremente aprove e sancione esta proposição.

O SR. RONNIE MELLO, Vereador de Uruguaiana, comentando a respeito da reativação da usina termoelétrica, destacou seu papel em relação ao meio ambiente, já é considerada a menos poluente. Solicitou a reativação da usina, que contribui para a arrecadação da cidade, para a geração de emprego e renda e para a energia propriamente dita de todas as cidades, considerando que na sua plenitude, a usina gera 15% da energia do Estado do Rio Grande do Sul.

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O SR. JORGE LUIZ HERGESSEL, representando a Receita Federal, informou que recentemente novos colegas tomaram posse em toda a jurisdição: Uruguaiana, Itaqui, São Borja, Barra do Quaraí e Quaraí. Estão concluindo a fase de treinamento. Destacou que na metade do semestre o trabalho já deverá fluindo com certa normalidade.

Noticiou a inauguração, no dia anterior, de um sistema de vigilância com câmeras na ponte, que será fornecido para todos os órgãos de segurança nacionais e argentinos, visando basicamente dar maior segurança e controle aduaneiro.

Afirmou que algumas medidas já estão sendo adotadas para evitar o duplo controle, já existindo uma norma encaminhada pela Receita Federal do Brasil, mas faltando a aprovação pela aduana argentina.

A SRA. JORACI DUTRA, representando a Comissão de Serviços Públicos da OAB do Estado do Rio Grande do Sul e o Fórum Permanente para o Desenvolvimento de Uruguaiana, desenvolveu um breve histórico do acordo firmado entre a República Federativa do Brasil e a República Argentina sobre Localidades Fronteiriças Vinculadas: foi assinado em 2005, prevendo a carteira de fronteiriço. Ficou parado até 2008, quando reativamos a Comissão de Serviços Públicos e a Comissão de Integração do Fórum de Uruguaiana e começamos a trabalhar em cima disso junto à Câmara Federal. Foi elaborado decreto, para que fosse formada uma comissão para análise do decreto legislativo que colocaria em vigência esse acordo. Aprovado o decreto, a fase atual é de formação de uma comissão especial e sua aprovação.

Comentou que o tratado prevê todas as benesses, entre elas o estudo e a reciprocidade de trânsito entre os dois países. O fronteiriço, estando no Brasil ou na Argentina, é equiparado ao cidadão argentino ou brasileiro.

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Ressaltou a importância da celeridade do Congresso Nacional em apreciar essa matéria em Plenário. Na Argentina, a matéria já foi aprovada no Parlamento, e em Passo de los Libres está sendo adotada uma carteira de fronteiriço que, no entanto, não está de acordo com esse acordo bilateral. O tratado implementa uma outra situação quanto ao órgão expedidor, quanto à exigência de não haver antecedentes criminais, quanto ao tempo de permanência, sem previsão de pagamentos de multas

Manifestou sua preocupação, considerando que a carteira que está senso expedida fere o acordo. Referiu a luta para implementar o acordo sobre as localidades fronteiriças vinculadas, que traz várias benesses, tanto para o brasileiro como para o argentino.

O DEPUTADO FREDERICO ANTUNES sintetizou os aspectos de grande importância para a Comissão Especial, e que foram debatidos, conforme segue:

* a usina termoelétrica é fundamental no equilíbrio do fornecimento de energia para Uruguaiana, para toda a Fronteira Oeste, para a Metade Sul e para o Rio Grande do Sul como um todo - o excedente da energia produzida em Uruguaiana poderia ainda ser exportada para o Uruguai e para a Argentina;

* a possibilidade de encaminhamento de sugestões a respeito dos benefícios a serem gerados para os Municípios que estão dentro da faixa de fronteira;

* a construção da nova Ponte Internacional entre Itaqui e Alvear, que se arrasta. Queremos saber qual é a deliberação do governo federal em relação à nova ponte. Esperamos que a resposta venha o quanto antes;

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* a concessão de benefício através de plus remuneratório para os órgãos públicos federais e estaduais na faixa de fronteira;

* a regulamentação do acordo entre Brasil e Argentina, cuja votação urgente está sendo solicitada;

* a assinatura, pela governadora, da criação do Policiamento Especializado de Fronteira – Pefron ;

* a vinda de servidores concursados, trazendo maior número de efetivos para a nossa região;

* a elaboração de um programa específico de investimento em infraestrutura para a Copa 2014 na faixa de fronteira – que será, quem sabe, o grande corredor de passagem daqueles que virão nos visitar;

* o incentivo aos vôos regionais e às linhas de transporte rodoviário de longa distância - na Argentina, existem incentivos, como condições tributárias diferenciadas às empresas de transporte de passageiros, via rodoviária, que não temos aqui;

* a construção do anel rodoferroviário de Uruguaiana é uma questão de segurança, agilização e logística;

* a melhoria das estruturas de modais no transporte ferroviário;

* a possibilidade de oferecer pós-graduação, mestrado e doutorado na Unipampa, um aspecto importante na qualificação de recursos humanos, objetivando a fixação da população local.

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Cumprindo o prazo estabelecido pelo Regimento Interno da Assembleia Legislativa, a Comissão Especial para Debater a Situação Financeira e Econômica das Cidades da Fronteira em Razão dos Regimes Aduaneiros Federal e Estadual encerra seus trabalhos.

Durante o período de atividades foram realizadas audiências públicas em que foram ouvidos deputados estaduais, autoridades municipais, vereadores, representantes do Sistema 5 “S”, do Governo Federal, do Governo Estadual, do Ministério da Agricultura, da Polícia Federal, da Receita Federal, da Polícia Rodoviária Federal, e das entidades da sociedade civil.

Das contribuições colhidas, registram-se aqui algumas sugestões e recomendações:

+ Promover a vivificação da região da fronteira, buscando regularizar a oferta de tratamento fiscal e não fiscal diferenciado para municípios que encontram-se na Faixa de Fronteira, conforme o descrito no documento Faixa de Fronteira e Legislação Correlata, anexo.+ Incentivar a vinda ao Estado do Rio Grande do Sul da Dra. Renata Furtado, Coordenadora-Geral de Assentimento Prévio e Procuradora Federal, e do Dr. José Alberto Cunha Couto, Secretário de Acompanhamento e Estudos Institucionais do Gabinete de Segurança Institucional, com a finalidade de explanarem sobre o documento Faixa de Fronteira e Legislação Correlata.

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+Elaborar um planejamento estratégico de caráter emergencial junto aos pontos de fronteira.+ Criar um grupo de trabalho para sugerir modificações visando a corrigir as distorções existentes na legislação.+ Criar grupo de trabalho com órgãos intervenientes e usuários para estabelecimento de normas e ações padronizadas.

Na área de Infraestrutura:+ Transformar o aeroporto de Santana do Livramento em aeroporto binacional, com outra estrutura de controle, de tráfego, etc.+ Duplicar as principais vias de acesso a exportação e importação terrestre - Rota do Mercosul.+ Construir novas pontes.+ Substituir pontes antigas.+ Criar pedágios de concessão estadual com políticas públicas voltadas às empresas de transporte instaladas no Estado e instaladas junto aos municípios localizados na faixa de fronteira.+ Montar estrutura física de pontos estratégicos de paradas nas áreas de pedágios, destinada principalmente aos caminhoneiros que procuram locais seguros para descansar.+ Estabelecer 72 horas como sendo o tempo máximo de permanência de caminhão no porto seco.+ Alterar o funcionamento da concessionária administradora do porto seco no terminal de cargas aos sábados, planejando melhor atendimento nos feriados.+ Duplicar o espaço físico no porto, que atualmente conta com espaço para 80 veículos (conjuntos).+ Liberar veículos pela parte da manhã.+ Fazer valer o uso das senhas para ingresso dos veículos no porto.+ Tornar válido o Acordo Bilateral que trata sobre o peso liberado para tráfego de veículos na rota 5 com o peso de 22 toneladas passando para 25,5 toneladas, que devia ter entrado em vigor em 2009.+ Criar o posto de imigração junto ao porto seco, facilitando assim o trânsito de motoristas para agilização dos documentos imigratórios.

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+ Reivindicar o convênio para legalidade da integração aduaneira Brasil e Uruguai e reconhecer a área de controle integrado.+ Transferir a delegacia regional de Alegrete para Uruguaiana, cidade que possui o maior porto seco da América Latina, uma vez que as instalações estão prontas. + Em Uruguaiana, iluminação no entorno PSR-URA nos trevos e na Ponte Internacional; construção de nova portaria na Estação Aduaneira para direcionamento dos caminhões e para que exista a portaria de entrada e a portaria de saída; construção da rua de saída do Porto, passando em frente ao porto seco ferroviário, devidamente canalizada e asfaltada.+ Elaborar estudo de viabilidade de construção de anel rodoferroviário em Uruguaiana.+ Reavaliar investimentos visando melhoria da qualidade energética para as cidades da fronteira.+ Construir o hospital binacional em Santana do Livramento.

Na área de Educação:+ Criar escola bilingue, com possibilidade de disponibilizar cursos de formação ou de atualização para cidadãos dos dois lados da fronteira.

Na área de Comércio e Indústria:+ Criar posto de migração/imigração no terminal aduaneiro.+ Oferecer incentivos fiscais para instalação de frigoríficos atendendo demanda agroindustrial da região.+ Criar a Secretaria Estadual Especial de Comércio Internacional, atendendo demandas do Ministério da Agricultura, da Receita Federal e demais órgãos que tenham envolvimento direto com o setor.+ Fomentar ações que envolvam a empregabilidade indireta e direta gerada pelo comércio exterior nos municípios de fronteira. + Reavaliar as alíquotas fiscais junto às empresas instaladas em faixa de fronteira.+ Acelerar o processo de implantação de ZPE na fronteira.

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+ Criar free shops nas cidades brasileiras que são limítrofes às cidades do Uruguai.+ Criar áreas de livre comércio na fronteira.+ Alterar a Instrução Normativa nº 680, de 2 de outubro de 2006, acrescentando ao art. 17 o seguinte: “§ 2º- Sem prejuízos das cautelas especiais que lhe são aplicáveis, o registo antecipado observará os procedimentos fiscais e os critérios gerais a que são submetidas as demais cargas, inclusive quanto aos canais de conferência aduaneira.” Com isto, pode ser realizado o registro antecipado da Declaração de Importação antes da chegada do veículo ao País. + Implantar no Siscomex os pedidos de retificação de D.I. com a consequente eliminação de trânsito de papéis e protocolos.+ Submeter os veículos e as cargas a fiscalização única. Para isso, é necessário alterar a redação do art. 566 do Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, devendo constar: “§ 4º A SRF e todos os órgãos intervenientes no despacho de importação, intervirão, articulados entre si, para que a conferência física e a coleta de amostras da mercadoria ocorra uma única vez, gerando agilidade e diminuição de custos.”+ Alterar o regulamento aduaneiro, propondo o retorno das tolerâncias de peso/valor para todas as mercadorias e não somente aos graneis, e a cessação de cobrança de diárias e de seguros do usuário, enquanto os processos estiverem em poder da fiscalização - passando a serem cobrados do concedente dos serviços.

Na área de Recursos Humanos:+ Aumentar o efetivo dos fiscais da receita federal tanto na área de importação quanto na de exportação.+ Redistribuir processos quando do afastamento do agente fiscal.+ Dotar o quadro funcional da Receita Federal, da Anvisa e do Ministério da Agricultura de fiscais e analistas em número suficiente para atender a demanda.+ Criar mecanismos de incentivo ao quadro funcional que atua nas fronteiras.

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+ Regionalizar concursos federais.+ Criar mecanismos de incentivo à permanência de servidores em postos da fronteira.+ Revisar a Lei nº 8.270/1991 que previa a Gratificação Especial de Localidade – GEL – aos servidores da União, das autarquias e das fundações públicas federais em exercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas condições de vida o justificassem, e a Lei nº 9.527/1997, que revogou esse benefício.

Na área do Mercosul:+ Agilizar trâmites legislativos em nível federal para regularização do acordo existente entre Argentina e Brasil prevendo carteira de fronteiriço. O tratado oferece cidadania equivalente, estando na Argentina ou no Brasil, sendo argentino ou brasileiro.

Na área da Segurança:+ Nomear urgentemente agentes da polícia civil para a região fronteiriça.+ Enviar viaturas de apoio ao combate à criminalidade na região de fronteira.

É o relatório.

Deputado Nelson Marchezan Jr, Relator.

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