composição corporal e índices biométricos

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  • 7/22/2019 Composio corporal e ndices biomtricos

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    Acta Scientiarum Maring, v. 24, n. 2, p. 533-540, 2002

    Composio corporal e ndices biomtricos do pacuComposio corporal e ndices biomtricos do pacuComposio corporal e ndices biomtricos do pacuComposio corporal e ndices biomtricos do pacu,,,,PiaractusPiaractusPiaractusPiaractus

    mesopotamicusmesopotamicusmesopotamicusmesopotamicus HolmbergHolmbergHolmbergHolmberg, 1887, 1887, 1887, 1887 (Osteichthyes, Characidae)(Osteichthyes, Characidae)(Osteichthyes, Characidae)(Osteichthyes, Characidae) submetido asubmetido asubmetido asubmetido aciclos alternados de restrio alimentar e realimentaociclos alternados de restrio alimentar e realimentaociclos alternados de restrio alimentar e realimentaociclos alternados de restrio alimentar e realimentao

    Valria Leo Souza1, Elisabeth Criscuolo Urbinati*2, Daniela Chainho Gonalves3 ePaulo Csar Silva4

    1Departamento de Produo Animal, EV/Universidade Federal de Gois, Goinia Gois, Brasil.

    2Departamento de Morfologia e

    Fisiologia Animal, Centro de Aqicultura, Universidade Estadual Paulista, Caunesp, Via de Acesso Prof. Paulo DonatoCastelane, 14884-900, Jaboticabal, So Paulo, Brasil.

    3Departamento de Patologia, EV/ Universidade Federal de Gois,

    Goinia Gois, Brasil.4Departamento de Produo Animal, Escola de Veterinria, EV//Universidade Federal de Gois, Goinia,

    Gois, Brasil. *Autor para correspondncia. e-mail: [email protected]

    RESUMO. Avaliou-se a utilizao de energia, pelos ndices hepatossomticos, gorduravscerossomtica e composio corporal do pacu submetido a ciclos alternados de restrioalimentar/realimentao, no perodo de engorda. Juvenis foram distribudos em trs tanquese submetidos aos programas alimentares: A (alimentadoad libitum, diariamente), B (restrioalimentar de quatro semanas, realimentado por nove semanas) e C (seis semanas derestrio alimentar, realimentado por sete semanas), num total de 13 semanas por ciclo(quatro ciclos experimentais). No final da restrio alimentar e realimentao, 6 peixes decada tratamento foram amostrados e os dados biomtricos e bioqumicos registrados. Osresultados demonstram que durante os dois primeiros ciclos, o tratamento C apresentoumelhor crescimento compensatrio. Teores de lipdio e gua da carcaa foram inversamentecorrelacionados, com diminuio da gordura corporal. Ocorreu utilizao das reservasenergticas hepticas e viscerais nos peixes de B e C, na restrio alimentar. Estes

    parmetros foram restabelecidos na realimentao, em todos os ciclos.Palavras-chave: peixe, programa de alimentao, composio corporal, ndice hepatossomtico,

    ndice gordura vscero-somtico.

    ABSTRACT. Body composition and biometric indexes of the pacu, Piaractus

    mesopotamicus Holmberg, 1887 (Osteichthyes, Characidae) related to alternate cycles

    of feed and re-feeding constraints. The present paper evaluated, through hepato-somatic/mesenteric fat indexes and body composition, the pacu energy utilization whensubmitted to alternated food restriction/refeeding cycles during the growout period. Juveniles

    were distributed in three pounds and submitted to different feeding programs: A (ad libitumdaily feeding), B (4-week feeding restriction and 9-week refeeding) and C (6-week feedingrestrictions and 7-week refeeding), totaling 13 weeks for each cycle (4 experimental cycles). Atthe end of the periods, fish were sampled to obtain biometrics and biochemical data. Theresults showed that, during the first two cycles, C treatment obtained the best compensatory

    growth. Carcass lipid and water contents were inversely related, with body fat decrease. Fishesunder B and C treatment during food restriction utilized liver and mesentery energy stores.These parameters were re-established in the refeeding phase, in all cycles.Key words: fish, feeding management, body composition, hepatosomatic index, mesenteric fat index.

    IntroduoIntroduoIntroduoIntroduo

    A capacidade de sobreviver a longos perodos dejejum uma caracterstica tpica dos peixes e outrosectotrmicos (Zamal e Ollevier, 1995). Nessacondio, os peixes diminuem a demanda energticareduzindo a atividade e o consumo de oxignio.

    Como o jejum afeta a atividade metablica, a

    manuteno dos processos vitais ocorre atravs damobilizao das reservas energticas endgenas(Cook et al., 2000), resultando em perda de pesocorporal (Weatherley e Gill, 1987). As respostas ao

    jejum, entretanto, variam de espcie para espcie, notipo de reserva utilizada e no tecido do qual essasfontes so obtidas (Silva et al., 1997).

    Independente da exigncia de cada espcie, a

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    Acta Scientiarum Maring, v. 24, n. 2, p. 533-540, 2002

    mobilizao das fontes energticas ocorre da formamais eficiente. A dinmica da utilizao endgena deenergia pode ser estimada monitorando-se os ndiceshepatossomticos e gordura vscerossomtica, sendo

    que as alteraes nesses ndices refletem a utilizaode lipdio, protena e glicognio (Collins e

    Anderson, 1995).A utilizao dos constituintes do corpo resulta

    em hidratao do tecido e as diferenas na perda depeso entre os peixes podem ser devido s alteraesno contedo de gua. Segundo Love (1980), em um

    jejum moderado, o peso mantido pela gua paracompensar a perda de matria orgnica. Entre ospeixes com maior teor de gordura corporal h umarelao dinmica inversa entre o contedo de lipdioe gua no msculo, enquanto as espcies com menor

    teor de gordura apresentam uma relao semelhanteentre protena e gua. Essa uma caractersticacomum dos peixes submetidos ao jejum. Mas esseaumento na proporo de gua corporal parece serlimitado e inversamente proporcional energia totaldo peixe, pois em juvenis de salmo (Salmo salar),nveis superiores a 84% de gua corporal foramletais, uma vez que ocorreu reduo da energia total,tornando-a insuficiente para manter as condies

    vitais (Gardiner e Geddes, 1980).O retorno s condies adequadas de alimentao,

    aps perodo sem alimento, poder resultar em rpidocrescimento, conhecido como crescimentocompensatrio (Jobling e Miglaus, 1993), embora osmecanismos que desencadeiam esse crescimento nosejam ainda bem entendidos. A habilidade dos peixesem apresentar essa resposta, quando submetidos aciclos de jejum e realimentao, tem sido pesquisadapara utilizao na produo comercial, no controle dastaxas de ganho de peso, na manipulao da composiocorporal ou melhora da eficincia de crescimento(Quinton e Blake, 1990).

    O objetivo deste estudo foi avaliar a mobilizaode energia atravs dos ndices hepato-somtico(IHS) e gordura vscero-somtico (IGVS), bem

    como da composio corporal do pacu, Piaractusmesopotamicus (Osteichthyes, Characidae), submetido aciclos alternados de restrio alimentar erealimentao, durante o perodo de engorda.

    Material e mtodosMaterial e mtodosMaterial e mtodosMaterial e mtodos

    O experimento foi conduzido no Setor dePiscicultura da Escola de Veterinria daUniversidade Federal de Gois (UFG), em Goinia- GO (16o41 de Latitude Sul, 49o17 de LongitudeOeste e a 730 m de Altitude), no perodo de 23 demaro de 1999 a 21 de maro de 2000.

    Foram utilizados juvenis de pacu (Piaractusmesopotamicus), com peso mdio inicial de 83,517,1 g.Os animais foram divididos em 3 tratamentos: A:controle, alimentadoad libitum, diariamente; B: quatro

    semanas de restrio alimentar, nove semanas derealimentao; C: seis semanas de restrio alimentar,sete semanas de realimentao. Para os tratamentos Be C, os ciclos comeavam com perodos de restriesalimentares e cada ciclo durava 13 semanas. Os peixesforam submetidos a quatro ciclos completos, queterminavam com realimentao, e distribudos emtrs tanques (tratamentos A, B e C), com 169 animaisem cada. Os tanques de 50m2, profundidade mdia de1,10 m, vazo inicial de 3 L/min. e final de 6 L/min.,abastecidos com gua procedente de uma represa montante, foram previamente preparados com 100

    g/m2

    de calcrio agrcola e 200 g/m2

    de esterco degalinha.Os animais passaram por duas semanas de

    adaptao nos tanques, recebendo rao comercialextrusada, diariamente (9h e 16h), contendo 28% deprotena bruta, fornecida a lano, oferecida adlibitum. Aps, os animais do tratamento Acontinuaram sendo alimentados diariamente e osdos tratamentos B e C alternaram perodos derestrio alimentar com realimentao. Durante arealimentao, o arraoamento foi realizadoconforme indicado anteriormente e a quantidade dealimento ofertada anotada.

    Ao final de cada perodo de restrio alimentar e/ourealimentao, seis peixes de cada tratamento eramcapturados, pesados, anestesiados com benzocana (1g/15 L de gua) e sacrificados para a retirada do fgado egordura visceral, para determinao dos ndices hepato-somtico [IHS= (peso do fgado (g)/peso corporal (g))

    x 100] e gordura vscero-somtico [IGVS = (peso dagordura visceral (g)/peso corporal (g)) x 100]. Ascarcaas foram congeladas, modas e, posteriormente,utilizadas na determinao de: protena bruta, pelomtodo de Kjedhal; extrato etreo, utilizando o extratorSohxlet; cinzas, por incinerao em mufla a 600oC; e

    umidade, obtida atravs da secagem da amostra emestufa a 105oC (A.O.A.C., 1984). O perodo derestrio alimentar do tratamento C (seis semanas)coincidiu com a realimentao de duas semanas dotratamento B, conforme apresentado na Tabela 1.

    Para anlise de varincia dos dados de cada cicloalimentar foi utilizado o Delineamento InteiramenteCasualizado em esquema fatorial 3x4 (condiesalimentares x perodos de amostragem), com seisrepeties, e as mdias comparadas pelo teste de Tukey(Banzatto e Kronka, 1989). Todos os dados expressosem porcentagem sofreram transformao angular

    (arcsen x ) para a realizao da anlise estatstica.

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    Composio corporal e ndices biomtricos do pacu 535

    Acta Scientiarum Maring, v. 24, n. 2, p. 533-540, 2002

    Tabela 1. Valores mdios obtidos para peso corporal (PC), ndice hepato-somtico (IHS), ndice gordura vscero-somtico (IGVS),extrato etreo (EE), umidade (%), protena bruta (PB) e cinzas de juvenis de pacu submetido a ciclos alternados de restrio alimentar erealimentao

    Ciclo 1 (semanas) Ciclo 2 (semanas) Ciclo 3 (semanas) Ciclo 4 (semanas)Restrio Alimentar Realimentao Restrio Alimentar Realimentao Restrio Alimentar Realimentao Restrio Alimentar Realimentao

    Variveis Trat. 0 4 6 7 Mdia 4 6 7 Mdia 4 6 7 Mdia 4 6 7 Mdia

    A1 84,7 91,7 103,0 120,3 99,9 A 130,0 140,0 159,0 143,0 A 221,7 235,0 553,8 336,8 796,2 901,7 1118,0 938,6 APC (g) B2 82,2 74,3 91,0 119,3 91,7 A 118,0 125,0 163,7 135,6 A 162,3 198,8 455,5 272,2 B451,7 607,7 809,8 623,1 B

    C3 84,0 73,5 73,0 120,8 87,8 A 117,7 117,3 182,8 139,3 A 181,2 180,0 450,0 270,4 B440,8 433,2 652,5 508,8 CMdia 83,6 b 79,8 b 89,0 b 120,2 a *24,7% 121,9 b 127,4 b 168,5 a *20,0% 188,4 b 204,6 b 486,4 a *23,6%562,9 b 647,5 b 860,1 a *19,1%

    IHS A 2,3 Aa 1,8 Aa 2,1 Aa 1,7 Aa 1,6 Aab 1,4 Ab 1,8 Aa 1,9 Aa 1,7 Aa 1,7 Ba 2,7 Aa 2,7 Aa 2,3 Bb(%) B 2,1 Aa 1,0 Bb 2,1 Aa 2,0 Aa 1,1 Bb 1,6 Aa 1,9 Aa 0,9 Bc 1,8 Ab 2,8 Aa 0,8 Bb 2,6 Aa 2,3 Ba

    C 2,1 Aa 1,1 Bb 1,0 Bb 2,0 Aa * 10,9% 1,1 Bb 1,0 Bb 2,0 Aa*7,8% 0,8 Bb 0,7 Bb 2,7 Aa *6,4% 0,8 Bb 0,7 Bb 2,8 Aa *7,0%

    A 1,1 Bb 2,5 Aa 2,6 Aa 2,9 Aa 2,7 2,9 2,7 2,8 A 2,7 Aa 2,7 Aa 2,5 ABa 2,6 Aa 3,0 Aa 2,4 ABaIGVS B 1,8 Aa 1,3 Ba 1,7 Ba 1,9 Ba 2,0 2,8 2,3 2,4 AB 2,4 Aa 2,2 Aa 2,3 Ba 1,8 ABb2,2 ABab 3,0 Aa(%) C 1,8 Aab 1,3 Bb 1,3 Bb 2,2 ABa 1,9 1,9 2,1 2,0 B 2,0 Ab 1,8 Ab 3,3 Aa 1,7 Ba 1,7 Ba 2,2 Ba

    Mdia * 14,6% 2,2 a 2,5 a 2,4 a *16,8% *15,0% *14,0%

    A 6,7 6,8 9,9 13,0 9,1 A 12,2 12,0 12,6 12,3 A 11,7 13,6 13,5 12,9 15,6 Aa 16,9 Aa 18,0 AaEE (%) B 6,9 6,4 6,6 10,0 7,5 B 8,0 10,7 11,7 10,1 B 10,5 11,5 12,6 11,5 AB11,0 Bb 11,0 Bb 17,9 Aa

    C 6,3 6,2 6,0 11,5 7,5 B 7,9 6,3 11,0 8,4 B 8,9 8,7 13,8 10,4 B 9,5 Bb 9,5 Bb 15,4 AaMdia 6,7 b 6,5 b 7,5 b 11,5 a * 13,6% 9,4 b 9,7 b 11,8 a *12,4% 10,4 b 11,2 b 13,3 a *10,3% *7,8%

    Umidade A 76,9 76,8 73,4 70,1 74,3 A 71,0 Ba 70,8 Ba 70,9 Aa 71,0 70,3 69,8 70,3 68,3 Ba 68,3 Ba 68,9 Aa(%) B 76,5 77,1 76,8 73,3 75,9 A 75,8 Aa 72,8 Bab 70,7 Ab 71,9 70,6 70,2 70,9 71,9 Aa 72,5 Aa 68,8 Ab

    C 77,3 77,1 77,3 71,9 74,3 A 75,4 Aa 77,1 Aa 70,2 Ab 73,4 74,3 69,5 72,4 71,9 Aa 72,6 Aa 68,1 AbMdia 76,9 a 77,0 a 75,8 a 71,8 b *2,7% *3,1% 72,1 a 71,7 ab 69,8 b *2,9% *2,2%

    A 14,7 14,8 14,3 15,0 14,8 A 15,0 15,1 14,4 14,8 A 15,3 14,7 15,1 15,0 15,1 15,6 15,4 15,4 APB (%) B 14,9 14,6 14,7 14,7 14,7 A 14,4 14,4 15,6 14,8 A 15,6 15,9 15,2 15,6 15,2 15,3 15,3 15,3 A

    C 14,9 14,9 14,8 14,7 14,8 A 14,7 14,6 16,8 15,4 A 15,9 15,2 14,9 15,3 14,9 14,9 14,9 14,9 AMdia 14,8 a 14,8 a 14,8 a 14,8 a *4,1% 14,7 a 14,7 a 15,6 a *4,% 15,7 a 15,3 a 15,1 a *5,5% 15,1 a 15,3 a 15,2 a *3,4%

    Cinzas A 1,6 1,8 1,9 2,0 1,8 A 2,0 2,0 2,0 2,0 A 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 A(%) B 1,7 1,9 1,9 2,0 1,9 A 2,0 2,0 2,0 2,0 A 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 A

    C 1,6 1,9 1,9 2,0 1,8 A 2,0 2,0 2,0 2,0 A 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 AMdia 1,6 b 1,9 ab 1,9 ab 2,0 a * 7,8% 2,0 a 2,0 a 2,0 a *9,2% 2,0 a 2,0 a 2,0 a *8,6% 2,0 a 2,0 a 2,0a *10,1%

    * Coeficiente de Variao; 1 Controle alimentado diariamente, ad libitum; 2 quatro semanas de restrio alimentar/nove semanas de realimentao; 3 seis semanas de restrioalimentar/sete semanas de realimentao; Mdias seguidas de letras iguais minsculas nas linhas e maisculas nas colunas no diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05); Obs.:

    Quando o tratamento C encontrava-se em restrio alimentar por seis semanas, o B j estava sendo realimentado por duas semanas

    A converso alimentar aparente [CAA = Qr/(Bf- Bi), onde: Qr a quantidade de rao fornecida(kg) e Bf e Bi, as biomassas iniciais e finais (kg)(Bernardino e Ferrari, 1989)] foi calculada com basenos valores mdios de cada tratamento.

    A temperatura da gua foi monitoradadiariamente (9h e 16h) e, quinzenalmente, amostrasde gua dos tanques foram coletadas (7h30min) paraobteno dos valores de oxignio dissolvido, pH,alcalinidade total, amnia, nitrito e transparncia,utilizando-se um kit comercial.

    ResultadosResultadosResultadosResultados

    Os resultados da anlise da gua dos tanquesrevelaram valores mdios de pH para os tratamentos

    A= 7,00,2, B= 6,90,2 e C= 7,10,3; oxigniodissolvido 4,22,1, 3,72,2 e 5,12,3mg/L;transparncia 70,513,7, 80,39,7 e 84,915,9cm;amnia 0,100,09, 0,150,20 e 0,090,07mg/L N-NH3; alcalinidade total 29,35,9, 28,65,9 e28,14,0mg/L HCO3 e, nitrito 0,010,01, 0,010,01e 0,010,01mg/L N-NO2, respectivamente. Atemperatura mdia da gua, durante o perodo de

    estudo, foi de 24,32,5 e 27,42,4oC pela manh e tarde, respectivamente.

    O consumo total de rao dos peixes, durante o1o ciclo alimentar, foi de 13,07 kg para o tratamento

    A; 11,11 kg para o B; e 8,38 kg para o C, comconverso alimentar de 2,7; 2,2; e 1,8 para osrespectivos tratamentos. No 2o ciclo, a quantidade derao fornecida foi de 8,87 kg para os peixes dotratamento A; 6,03 kg do B; e 5,48 do C. Aconverso alimentar obtida nesse perodo foi de 2,9;1,6; e 0,8 nos tratamentos A, B e C, respectivamente.

    Com a elevao da temperatura da gua, a partirdo 3o ciclo, os peixes do tratamento A consumiram43,53 kg; do B, 32,75 kg; e do C, 27,43 kg de rao.Nesse 3o ciclo, foi encontrada converso alimentarde 1,0 para todos os tratamentos. Durante o 4o cicloalimentar, os peixes do tratamento A consumiram91,79 kg; do B, 54,63 kg; e do C, 44,17 kg de rao.

    A converso alimentar dos tratamentos A e B foi de1,9, enquanto o C apresentou a pior resposta (3,4:1).

    Os valores mdios obtidos para peso corporal,ndices biomtricos (IHS e IGVS) e composio dacarcaa (umidade, extrato etreo, protena bruta e

    cinzas; expressos em porcentagem do peso mido)

  • 7/22/2019 Composio corporal e ndices biomtricos

    4/8

    536 Souzaet al.

    Acta Scientiarum Maring, v. 24, n. 2, p. 533-540, 2002

    dos peixes utilizados neste estudo, durante os 4ciclos alimentares, encontram-se na Tabela 1.

    Peso dos peixes e ndices biomtricos

    Houve perda de peso corporal na quarta semanade restrio, tanto para peixes do tratamento Bquanto para os do C. Em duas semanas derealimentao (tratamento B) ocorreu recuperaodo crescimento, e mais acentuadamente aps setesemanas (tratamentos B e C), sugerindo resposta decrescimento compensatrio, apesar de diferenasno significativas (P>0,05) entre os tratamentos.

    Esse mesmo padro de resposta foi encontrado nosciclos 1 e 2, sendo que neste ltimo, a expresso docrescimento compensatrio foi mais evidente. Apartir do 3o ciclo, os resultados se diferenciaram. O

    crescimento dos peixes do tratamento A sobressaiu-se (P

  • 7/22/2019 Composio corporal e ndices biomtricos

    5/8

    Composio corporal e ndices biomtricos do pacu 537

    Acta Scientiarum Maring, v. 24, n. 2, p. 533-540, 2002

    atividade (Borghetti e Canzi, 1993; Sealey et al.,1998). Neste estudo, foram encontrados menoresconsumos de alimento nos dois primeiros ciclos,coincidindo com as estaes mais frias do ano

    (outono/inverno), e a converso alimentar aparenteesteve prxima aos valores apresentados por Ferrariet al. (1990), Bernardino e Ferrari (1989) eGonalves (2001), que tambm trabalharam com opacu.

    A elevao da temperatura contribuiu paraaumentar o consumo de rao, elevar a taxa decrescimento e melhorar a converso alimentar (3ociclo). Com a permanncia da temperatura elevada,durante o 4o ciclo, houve aumento no consumo dealimento e na converso alimentar, especialmentedos peixes do tratamento C que apresentaram ainda,

    menor crescimento em relao aos demaistratamentos. Segundo Ferraz de Lima et al. (1988), avelocidade de crescimento do pacu diminui a partirde um tamanho de 500 g, contribuindo paraaumentar a converso alimentar dos peixesconstantemente alimentados.

    A habilidade dos animais em recuperar ocrescimento, quando realimentado aps privaoalimentar, conhecida h muitos anos (Osborne eMendel, 1915). Na natureza, perodos de jejum socomuns na vida dos peixes, especialmente quando hescassez de alimento ou diminuio na temperaturada gua (Weatherley e Gill, 1987). As formasutilizadas para desencadear o crescimentocompensatrio so de grande interesse naaqicultura por possibilitar vantagens comoaumento na taxa de crescimento e eficinciaalimentar, bem como, diminuio dos gastos naproduo e maior flexibilidade nos programasalimentares (Gaylord e Gatlin III, 2000).

    Aumentos na taxa de crescimento aps umperodo de baixo crescimento ou perda de peso temsido amplamente pesquisados. Kim e Lovell (1995)observaram rpida recuperao no peso corporal de

    Ictalurus punctatus, equivalente ao controle, quando

    realimentados aps um perodo de trs semanas semalimento. Respostas similares foram encontradascom a mesma espcie (Zamal e Ollevier, 1995;Gaylord e Gatlin III, 2000), Oncorhynchus mykiss(Quinton e Blake, 1990), Oreochromis niloticus(Melard et al., 1997), Sparus aurata (Power et al.,2000) e Piaractus mesopotamicus (Souza et al., 2000;Gonalves, 2001).

    No presente estudo, as respostas de crescimentocompensatrio foram observadas em todos os ciclos,mas apenas nos dois primeiros o peso dos peixes foisimilar (ciclo 1) ou levemente superior (ciclo 2) ao

    do controle. Esses ciclos coincidiram com pocas de

    temperaturas mais baixas (outono/inverno), que,neste caso, pode ter ajudado o pacu a suportarmelhor os perodos de restrio alimentar. Houveum crescimento mais acelerado dos peixes, em todos

    os tratamentos, com o aumento da temperatura dagua. No 3o ciclo, apesar dos peixes dos tratamentosB e C no terem conseguido alcanar o peso dos de

    A, eles expressaram seu potencial para o crescimentocompensatrio.

    Durante o jejum, a elevao da temperatura e,conseqentemente, do metabolismo, aumenta asexigncias para a sobrevivncia, podendo ocorrerperdas de peso (Dobson e Holmes, 1984). Nopresente estudo, as altas temperaturas exigiram umademanda extra de energia que os programasalimentares dos tratamentos B e C, no 4o ciclo, no

    atenderam. Nesses tratamentos, as condiesbiolgicas dos peixes foram excedidas para arecuperao do crescimento. A privao alimentarpode ter sido suficientemente severa, resultando emuma limitada capacidade de crescimentocompensatrio e/ou perda de peso do pacu, assimcomo observado em tilpia hbrida (Oreochromismossambicus x O. niloticus) (Wang et al., 2000). Issomostra que a interao entre a durao e a severidadedo perodo de restrio alimentar de importnciacrtica para o sucesso do regime alimentar norestabelecimento do peso corporal (Jobling et al.,1993; Wanget al., 2000).

    Nos peixes, as reservas de energia so estocadascomo carboidratos, lipdios e protena (Weatherley eGill, 1987). Neste estudo, apesar dos nveis deglicognio e lipdio no terem sido medidos, umarpida diminuio no IHS dos peixes durante arestrio alimentar indicou que os estoques deenergia foram rapidamente utilizados. Quandorealimentados, esses estoques foram restabelecidos,chegando, algumas vezes, a exceder aos observadosem peixes alimentados. Respostas semelhantesforam encontradas em Macquaria ambigua (Collins e

    Anderson, 1995), Clarias gariepinus (Zamal e

    Ollevier, 1995), Salmo salar (Arndt et al., 1996),Piaractus mesopotamicus (Souza et al., 2000), Ictaluruspunctatus (Gaylord e Gatlin III, 2000) e Sparus aurata(Power et al., 2000). Entretanto, aps 8 semanas semalimento, nenhuma alterao no IHS foi observadapor Regost et al. (2001) em Salmo trutta. Isso significaque os peixes respondem de forma diferente ao

    jejum, mas, na maioria das vezes, o lipdio hepticotende a ser mobilizado primeiro (Silva et al., 1997).Segundo Power et al. (2000), nem sempre o IHSpode ser considerado um ndice confivel paraavaliar o estado nutricional porque ele pode ser

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    influenciado por outros fatores fisiolgicos, comoreproduo e doenas.

    O tecido adiposo do mesentrio consideradoum grande stio de estoque de energia nos telesteos

    (Sheridan, 1994). A gordura visceral parece ser umstio de estoque de lipdios tambm no pacu. Nesteestudo, diminuies no IGVS foram observadasdurante a restrio alimentar. Redues significativasdo IGVS foram encontradas por Weatherley e Gill(1981) em Salmo gairdneri, depois de trs semanas, eGaylord e Gatlin II (2000) emIctalurus punctatus, aps14 dias de jejum. A realimentao do pacu nemsempre permitiu uma recuperao semelhante dospeixes continuamente alimentados, indicandoque olipdio dos depsitos viscerais utilizado depois dasreservas energticas do fgado, como encontrado por

    Collins e Anderson (1995) e Souza e Urbinati(dados no publicados). A recuperao dos estoquesenergticos mesentricos no to rpida quanto do fgado, indicando, novamente, que o fgado sejautilizado como fonte inicial de energia endgena(Collins e Anderson, 1995). Entretanto, a utilizaoda gordura visceral como a primeira reservadisponvel foi relatada por Weatherley e Gill (1981) eZamal e Ollevier (1995).

    Os depsitos de lipdio podem ser localizados emdiferentes tecidos ou rgos de acordo com a espciee idade do peixe e afetam a qualidade da carne(Regost et al., 2001). A anlise da composiocorporal do pacu revelou que os teores de lipdios(extrato etreo) aumentaram no decorrer do ano,nos animais constantemente alimentados. Quandoos animais passaram por perodos de restrioalimentar, observou-se uma hidratao dos tecidos ediminuio nos teores de extrato etreo, mas aps arealimentao os valores retornaram prximos aosdo controle.

    A restrio alimentar no afetou os teores deprotena bruta e cinza durante toda a faseexperimental, de modo que a protena corporal foipoupada s expensas dos estoques de lipdio na

    ausncia do alimento. Parte dos lipdios deve serutilizada para manter a estrutura e a funo dasmembranas celulares, mostrando que essa fonteenergtica essencial (Weatherley e Gill, 1987).

    Essas respostas concordam com as encontradas porSouza e Urbinati (dados no publicados), quetrabalharam com a mesma espcie, e Xie et al. (2001),com Carassius auratus.

    Durante a privao alimentar, os dois maioresconstituintes do corpo, lipdio e protena, tiveramtaxas de mobilizaes diferentes, com o lipdioutilizado como a principal fonte de energia, em

    Salmo salar(Cooket al., 2000). Aps trs semanas de

    jejum, houve reduo no lipdio e aumento naprotena e gua da carcaa de Oncorhynchus mykiss(Quinton e Blake, 1990). Com sessenta e seis dias derestrio alimentar, Zamal e Ollevier (1995),

    encontraram diminuies nos teores de lipdio eprotena e aumento de gua e cinzas na carcaa deClarias gariepinus, enquanto diminuies nos teoresde protena foram observadas em Salmo trutta, apsoito semanas sem alimento, embora sem alteraonos outros constituintes corporais (gua, lipdio ecinzas).

    Sob condies de cultivo, com fornecimentoadequadode rao, os peixes tm pouca necessidadede mobilizar energia endgena (Cook et al., 2000).Por outro lado, eles esto sujeitos a perodos curtosde jejum, como acontece no pr-manejo, no pr-

    abate ou ainda, quando a temperatura est muito altaou baixa. Longos perodos de baixa ingesto dealimento podem ocorrer, resultantes dofornecimento inadequado de alimentos, ou deestresse, como em casos de alta densidade deestocagem, baixa qualidade da gua ou incidncia dedoenas. Todas essas situaes podem levar mobilizao das reservas de lipdio, mas pouco seconhece sobre o assunto (Kiessling et al., 2001). Natentativa de melhorar a qualidade do fil de Salmo

    salar, Einen et al. (1998) submeteram os animais aperodos de jejum antes do abate e constataram quetrinta dias foram suficientes para mobilizar asreservas de lipdio sem provocar perda de pesocorporal. Mas, acima disso, pode se tornarprejudicial, como observado tambm por Regost et

    al. (2001), com Salmo trutta aps oito semanas dejejum.

    A utilizao de ciclos alternados de restrioalimentar e realimentao no cultivo do pacu podeser indicada para pocas do ano com temperaturasmais baixas, como aconteceu durante os doisprimeiros ciclos alimentares, proporcionandorespostas satisfatrias de crescimento compensatrio,sem afetar a qualidade da carcaa. Entretanto, outros

    programas devem ser testados para se obtermelhores respostas durante o perodo detemperaturas mais altas do ano.

    Apesar de a restrio alimentar provocardiminuies nos teores de lipdio, tanto visceralquanto da carcaa, esses estoques foram recuperadosaps a realimentao e no houve prejuzo quantoaos teores de protena bruta. interessante queperodos de restrio alimentar antes do abate sejamexperimentados, para tentar melhorar a qualidade dacarne do pacu, diminuindo o teor de gordura, masno o peso e a protena corporais.

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    AgradecimentosAgradecimentosAgradecimentosAgradecimentos

    fbrica de Raes Guabi Ltda pela doao dasraes, J.L. Qumica da gua Ltda pela doao dos

    reagentes utilizados nas anlises de gua, Escola deVeterinria da Universidade Federal de Gois pelouso das instalaes e ao CNPq (Conselho Nacionalde Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico) pelaconcesso da bolsa de estudo.

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    Accepted on March 28, 2002.