complexidade e análise de impactos sociais

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 1 Integrando a complexidade na análise dos impactos sociais Autoria: Artur Neves de Assis, Nírvia Ravena Agradecimentos à CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – pelo apoio recebido  para o desenvolvimento deste estudo.  Resumo: Promover a integração entre diferentes avaliações de impacto, especialmente avaliações de impacto ambiental e de estratégias ambientais, é um dos princípios do Social Impact Assement (SIA), sob o patrocínio da International Association for Impact Assessment (IAIA). Contudo, a efetivação deste princípio exige o desenvolvimento de um novo paradigma que reintegre o homem biológico e o homem social, ou seja, a dimensão antropossocial e a dimensão biofísica, em um único framework  de análise que possibilite avaliações, simultaneamente, interpretativas e funcionais. O presente ensaio faz uma busca por esta integração por intermédio da teoria da complexidade de Morin (2002). Consequentemente, a inter venção social pass a ser vista como uma interação de adaptação e seleção antropossocial intencional de caráter auto-eco- organizacional. Palavras-Chave: Análise de impactos sociais; SIA; complexidade; ação social; gestão de  políticas públicas. Introdução As consequências imprevistas decorrentes das ações sociais intencionais ou planejadas (Chapin, 1936; Merton, 1936) há tempos representam um importante problema na formulação e gestão de  políticas públicas. Contudo, seu estudo parece retomar sua relevância a partir da aprovação do  National Environmental Act (NEPA), nos Estados Unidos, em 1970, a qual passa a exigir que as suas agências federais realizem a análise dos impactos ambientais previamente às suas ações utilizando abordagens interdisciplinares (Burdje & Vanclay, 1996; Freudenburg, 1986; Vanclay, 2006). Em 1973, o termo “social impact assessment” foi introduzido para se referir às consequências na cultura e organização social local decorrente das ações sociais no ecossistema natural – como foi o caso da construção do oleoduto que liga Prudhoe Bay a Valdez, no Alaska, e que afetou os costumes e o modo de vida da tribo Inuit (Burdje & Vanclay, 1996). A partir de então, o novo campo ou paradigma do Social Impact Assessment (SIA) tem se desenvolvido para aplicar os conhecimentos oriundos, principalmente, da sociologia na tentativa de prever os efeitos sociais decorrentes das alterações ambientais causadas por projetos de desenvolvimento, sujeitos às legislações NEPA e Canadian Environmental Assessment and Review Process  (EARP). O SIA pode ser definido como o processo de avaliar ou estimar antecipadamente os  propensos impactos sociais resultantes de políticas públicas ou projetos de desenvolvimento (Burdje & Vanclay, 1996; Freudenburg, 1986). Ou, segundo Vanclay (2002, p. 484) como “o  processo de análise (previsão, avaliação e reflexão) e gestão das consequências intencionais e não intencionais no ambiente humano de intervenções planejadas (políticas, programas, planos e  projetos), de modo a criar um ambiente biofísico e humano mais sustentável”. Ou ainda, como o  processo de identificar as conseqüências futuras de uma ação, atual ou proposta, em que indivíduos, organizações e sistemas macrossociais estão relacionados (Becker, 2001). Este campo se desenvolveu da necessidade de aplicar conhecimentos da sociologia e outras ciências sociais na previsão dos impactos sociais decorrentes das alterações ambientais como consequência das ações sociais de projetos de desenvolvimento. Portanto, pode compreender como impacto social

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Artigo apresentado durante o EnANPAD 2015, em Belo Horizonte, Brasil.

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Integrando a complexidade na análise dos impactos sociais

Autoria: Artur Neves de Assis, Nírvia Ravena 

Agradecimentos à CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – pelo apoio recebido

 para o desenvolvimento deste estudo. 

Resumo: Promover a integração entre diferentes avaliações de impacto, especialmente avaliaçõesde impacto ambiental e de estratégias ambientais, é um dos princípios do Social Impact Assement

(SIA), sob o patrocínio da International Association for Impact Assessment (IAIA). Contudo, a

efetivação deste princípio exige o desenvolvimento de um novo paradigma que reintegre ohomem biológico e o homem social, ou seja, a dimensão antropossocial e a dimensão biofísica,

em um único framework  de análise que possibilite avaliações, simultaneamente, interpretativas e

funcionais. O presente ensaio faz uma busca por esta integração por intermédio da teoria dacomplexidade de Morin (2002). Consequentemente, a intervenção social passa ser vista como

uma interação de adaptação e seleção antropossocial intencional de caráter auto-eco-

organizacional.

Palavras-Chave:  Análise de impactos sociais; SIA; complexidade; ação social; gestão de

 políticas públicas.

Introdução

As consequências imprevistas decorrentes das ações sociais intencionais ou planejadas (Chapin,1936; Merton, 1936) há tempos representam um importante problema na formulação e gestão de

 políticas públicas. Contudo, seu estudo parece retomar sua relevância a partir da aprovação do

 National Environmental Act (NEPA), nos Estados Unidos, em 1970, a qual passa a exigir que assuas agências federais realizem a análise dos impactos ambientais previamente às suas ações

utilizando abordagens interdisciplinares (Burdje & Vanclay, 1996; Freudenburg, 1986; Vanclay,2006). Em 1973, o termo “social impact assessment”  foi introduzido para se referir às

consequências na cultura e organização social local decorrente das ações sociais no ecossistema

natural – como foi o caso da construção do oleoduto que liga Prudhoe Bay a Valdez, no Alaska, eque afetou os costumes e o modo de vida da tribo Inuit (Burdje & Vanclay, 1996). A partir de

então, o novo campo ou paradigma do Social Impact Assessment (SIA) tem se desenvolvido para

aplicar os conhecimentos oriundos, principalmente, da sociologia na tentativa de prever os efeitossociais decorrentes das alterações ambientais causadas por projetos de desenvolvimento, sujeitos

às legislações NEPA e Canadian Environmental Assessment and Review Process (EARP).

O SIA pode ser definido como o processo de avaliar ou estimar antecipadamente os

 propensos impactos sociais resultantes de políticas públicas ou projetos de desenvolvimento(Burdje & Vanclay, 1996; Freudenburg, 1986). Ou, segundo Vanclay (2002, p. 484) como “o

 processo de análise (previsão, avaliação e reflexão) e gestão das consequências intencionais e não

intencionais no ambiente humano de intervenções planejadas (políticas, programas, planos e projetos), de modo a criar um ambiente biofísico e humano mais sustentável”. Ou ainda, como o

 processo de identificar as conseqüências futuras de uma ação, atual ou proposta, em que

indivíduos, organizações e sistemas macrossociais estão relacionados (Becker, 2001). Este campose desenvolveu da necessidade de aplicar conhecimentos da sociologia e outras ciências sociais

na previsão dos impactos sociais decorrentes das alterações ambientais como consequência das

ações sociais de projetos de desenvolvimento. Portanto, pode compreender como impacto social

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qualquer consequência social ou cultural, decorrente de quaisquer ações públicas ou privadas,

que altere o modo de vida de uma população humana.

Epistemologicamente, as ações sociais podem ser classificadas na categoria dos fatossociais, definida por Durkheim, (1895), nas regras do seu método sociológico. Por fatos sociais,

entende-se os tipos de conduta, crenças, pensamentos e práticas que existem fora das

consciências individuais, e que exercem um certo poder de coerção externa (Durkheim, 2007).

Dentro da categoria de fatos sociais, as ações sociais são aquelas que buscam conduzir a algumtipo específico de comportamento ou resultado, e que foram escolhidas dentre outras ações

alternativas (Merton, 1936). Geralmente, as ações sociais têm sido consideradas de duas formas

(Chapin, 1936): (a) como ações sociais planejadas, ou o esforço intencional organizado paraatingir um objetivo social – como nos trabalhos dos ativistas sociais e no campo da assistência

social (Khinduka & Coughlin, 1975). E, (b) como as consequências imprevistas ou não-

 planejadas decorrentes dos inter-relacionamentos entre os elementos da ação social intencional,que faz parte dos trabalhos da teoria da ação social e, mais recentemente, do SIA (Freudenburg,

1986). Visto que os “métodos mudam à medida que a ciência avança” (Durkheim, 2007), o

 presente estudo tem por objetivo, primeiramente, propor uma pequena “reforma” na proposiçãosegundo a qual os fatos sociais devam ser tratados como coisas, reinterpretando-a com base na

teoria da complexidade de Morin (2002), de forma a melhor integrar as dimensões ambientais,

culturais e sociais requeridas ao SIA. Por fim, busca-se integrar estas definições re-significadasao modelo integrado de SIA (Khinduka & Coughlin, 1975; Slootweg, Vanclay, & van Schooten,

2001) para o estudo das consequências imprevistas das ações intencionais humanas.

A definição de ação nas perspectivas tradicionais

Existem ao menos duas abordagens de estudos da ação social e que se sobrepõem. A

 primeira, tradicionalmente  trabalhada por ativistas políticos e no campo da assistência social,trata a ação social como o esforço intencional organizado para atingir um objetivo social comum

ou para influenciar os ambientes econômicos e sociais em busca de uma melhor distribuição de status, poder ou recursos (Day, 1962; Hill, 1951; Judson T. Landis, 1947; Khinduka & Coughlin,

1975; Paull, 1971; Willhelm, 1967).  A  segunda abordagem, tradicionalmente trabalhada pela

sociologia e mais relacionada à teoria da ação, busca compreender a explicação causal das açõessociais e suas consequências (Bourdieu, 1977; Coleman, 1986; Habermas, 1984; Morin, 2002;

Olson, 1965; Parsons, 1949; Weber, 2002, dentre outros). Neste contexto, o campo da SIA

emerge como um campo híbrido da ciência social e como um componente na formulação de políticas públicas, no intuito de prever as consequências ou impactos sociais antes da sua

ocorrência (Freudenburg, 1986).

Para Weber (2002), a ação social existe na medida em que um indivíduo ao agir atribui um

significado subjetivo ao seu comportamento – “seja ostensivo ou dissimulado, de omissão ouaquiescência” (ibid, p. 4). E esta é social na medida em que o seu significado subjetivo leva em

conta o comportamento dos outros e, assim, é orientada em seu curso. O “outro” pode ser uma

 pessoa conhecida individualmente ou uma pluralidade indefinida ou desconhecida como indivíduo.Weber (2002) delimita a ideia de ação social com a ideia de ações não-sociais, as quais podem ser

ações individuais orientadas exclusivamente a objetos inanimados, ou ações semelhantes com as de

muitas outras pessoas, ou que são influenciadas por um evento externo comum ou a imitação.Assim, a religião não é uma ação social pois esta consiste em apenas em contemplação ou oração

solitária. Ao passo que uma atividade econômica é uma ação social na medida em que o indivíduo

assume que os outros irão respeitar o atual regime de trocas de bens econômicos.

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 Nesta perspectiva, as as ações sociais podem ser determinadas de quatro formas: (a)

racional instrumental, pelas expectativas de comportamento de objetos no ambiente ou de

comportamento de outros indivíduos que são as condições ou meios para atingir finsracionalmente calculados; (b) valor-racional, pela crença consciente no valor de seu próprio

interesse ético, estético, religioso ou outra forma de comportamento, independentemente das

 perpectivas de sucesso; (c) afetiva, pelas estados afetivos ou sentimentais do indivíduo; (d)

tradicional, por hábitos enraizados. Em suma, para Weber (2007), uma ação social é aquela pelaqual o indivíduo desenvolve um significado subjetivo individual – seja de forma racional

instrumental, valor-racional, afetiva ou tradicional – e em relação ao comportamento do outro.

A definição de ação de Weber influencia fortemente o trabalho de Parsons (1949), emsua teoria da ação social. Esta perspectiva retoma o primeiro princípio durkheiniano (ou, de que

os fatos sociais devem ser considerados como coisas) ao observar que as ações resultam sempre

em eventos concretos no espaço. Desta forma, os fatos sociais podem ser divididos em suaunidade mínima, denominada “unidade de ação” a qual deve possuir propriedades semelhantes

(tais como, na teoria das partículas, na física) e que confirmam a existência ou não de uma ação

social. Em suma, uma “ação” deve envolver, em termos lógicos, os seguintes componentes: (a)um agente ou “ator”, (b) uma orientação de finalidade ou estado futuro, ou “fim”, (c) uma

“situação” inicial na qual ação é orientada e na qual o ator pode ou não ter controle, (d) e um

certo modo de relacionamento entre estes elementos, ou seja, as escolhas dos “meios” para sechegar aos fins. Esta definição de ação social embora muito sistematizada e influenciada pela

física, em nada contradiz as definições utilizadas pelo campo da assitência social. Ou seja, se os

fatos sociais devem ser considerados objetivamente (como coisas), porém neste caso,

diferentemente das ciências da física, estes fenômenos possuem um aspecto subjetivo de extremarelevância científica. Neste ponto, Parsons (1949) diferencia por “objetivo” tudo o que significa

“do ponto de vista científico do observador da ação”, do “subjetivo”, que reflete apenas “o ponto

de vista do ator”. Consequentemente, por “externo” não se entende externo ao corpo ou aoambiente onde o corpo se encontra (como, por exemplo, na biologia), mas externo ao “ego” ou ao

“self”, como na psicologia, ou seja, das coisas não-concretas que influenciam na decisão do ator.Ressalta-se, neste aspecto, a infuência de Freud na teoria de Parsons, assim como, o esforço deste

autor em definir pontes que integrem as contribuições da biologia, física e psicologia com a

sociologia na definição de sua “unidade de ação”.Outro aspecto relevante da teoria da ação de Parsons (1949) é a percepção de que a ação

 pode ser definida em dois níveis: (a) no nível concreto, como a descrição do estado atual da

unidade de ação e seu fim (fim concreto ou a antecipação do futuro do estado das coisasdesejado) ou outros elementos normativos, incluindo meios, situação e condições concretas

(aspectos da situação que estão fora do controle do ator) os quais sejam relevantes para compor o

esquema descritivo da unidade de ação; e (b) no nível analítico, como a descrição das relações

funcionais dentre estes elementos, incluindo os diferentes papéis dos elementos normativos enão-normativos na ação e seu fim. Um fim, no sentido analítico, pode ser definido como a

diferença entre o futuro antecipado do estado das coisas e o que poderia ter sido previsto advindo

da situação inicial, sem a interferência da agência ou do ator. E os meios, por sua vez, não sereferem às coisas concretas que são "usadas" no curso da ação, mas apenas aos elementos e

aspectos que são capazes de controle pelo ator na busca de seu fim. Portanto, a ação do ponto de

vista concreto pode ser descrita como seu fim ou o resultado esperado do estado das coisasdecorrente desta ação. Do ponto de vista analítico, significa a diferença entre o fim concreto e o

futuro previsto do estado das coisas, caso não houvesse a intervenção do ator.

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A definição complexa de ação

As teorias de Weber (2002) e Parsons (1949) são importantes porque definem axiomas e premissas fundamentais para o desenvolvimento da teoria da ação. Contudo, estas perspectivas

ainda não integram a dimensão ecológica – e a complexidade decorrente desta integração – na

definição de ação. Como resultado, a análise das consequências ou do impactos das ações sociais

segue um viés antropocêntrico das interações dos atores da ação e suas racionalidades, semconsiderar as interações com o ecossistema no qual as ações sociais e seus atores estão inseridas

em uma relação de interdependência.

A teoria de Morin (2002), por sua vez, tem sido ressaltada pela sua habilidade emintegrar diferentes disciplinas, incluindo a ecologia, e construir pontes entre elas (Dobuzinskis,

2004; Assis, 2011). Nesta perspectiva, a ação social não significa apenas um movimento de um

ator com uma aplicação para obter um fim esperado, porém, interações. Interações são definidascomo ações recíprocas motivadas por encontros que, são essenciais para toda a ordem e para a

organização. Contudo, diferente da abordagem da ação coletiva de Olson (1965), onde a

organização é colocada dentro do sistema (neste caso, social e econômico), Morin (2002) buscana física a ideia de sistema no interior da organização, o que retoma novamente o primeiro

 princípio de Durkhein.

De acordo com Morin (2002), a verdadeira realidade segue diferentes ordens. Umaordem física (onde todas as coisas obedecem a determinadas leis da natureza), uma ordem

 biológica (na qual todo o indivíduo obedece à lei da espécie), e uma ordem social (na qual todo o

ser humano obedece à lei da sociedade em que vive). Portanto, o indivíduo ou ator não pode ser

observado de forma dissociada desta realidade, mas deve ser concebido “trinitariamente” em umarelação simbiótica indivíduo-sociedade-espécie com a organização física maior da qual fazem

 parte, ou seja, a eco-organização do planeta que os sustenta. Ou seja, a organização social e a

organização biológica devem ser vistas sob a perspectiva da organização física. E a cadadesenvolvimento das interações físicas das organizações sociais, deverão surgir interações antro-

 bio-psico-sociológicas.O conceito complexo de ação social, portanto, passa a significar mais do que apenas

movimento ou esforço intencional com uma aplicação de um meio para atingir um fim, como nas

 perspectivas anteriores. Mas, ação social passa a significar – como na física das partículas –interações, a qual comporta diversamente reações (mecânicas, químicas), transações (ações de

trocas), retroações (ações que atuam retroativamente sobre o processo que as produz, e

eventualmente sobre a sua origem ou causa). As interações são, portanto, ações recíprocas deordem, desordem e organização que ocorrem dialogicamente, ou seja, de forma complementar,

concorrente e antagônica, simultaneamente, como um anel tetralógico apresentado na Figura 1.

Figura 1. O Anel Tetralógico, de MorinFonte: Morin (2002)

Desordem

Organização Ordem

Interações

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As interações, portanto, geram e são geradas por organização, ordem e desordem,

dialogicamente. Estas interações podem ser de quatro tipos: (a) Emergências, qualidades ou propriedades dos elementos ou partes do sistema que não são novos para as partes consideradas

individualmente, mas que são novas para o sistema; (b) imposições, mecanismos de controle,

limites, normas e diferenciações que inibem as qualidades ou propriedades que podem ameaçar a

estabilidade do sistema; (c) complementaridades, interações entre as partes do sistema e entre as partes e o sistema na organização do sistema; e, por fim, (d) antagonismos, mecanismos que

 produzem e limitam complementaridades através de um contínuo processo de criação e inibição

de antagonismos. As interações, portanto, são ações recíprocas de emergências, imposições,complementaridades e antagonismos que modificam o comportamento ou a natureza de

elementos, corpos, objetos ou fenômenos que estão presentes ou se influenciam.

A ideia do anel tetralógico remete à ideia de que as ações atuam como causa econsequência de si, retroativamente. A retroação, por sua vez, “cria uma endocausalidade, não

redutível ao jogo normal das causas/efeitos.” (ibid., p. 238). Primeiramente, porque a retroação

que se gera no e pelo processo de produção da ordem, desordem e organização, leva a uma novacausalidade generativa. Segundo, a endocausalidade é indissociável da exocausalidade

interagindo dialogicamente em um complexo de causalidade mútua inter-relacionada entre o

macro e o micro ambientes. Por fim, a retroação e a idéia de endocausalidade introduzem umaincerteza interna na causalidade.

O framework  integrado de SIA

O SIA é uma consequência do desejo de integrar aspectos econômicos e sociais nas

avaliações de projetos de desenvolvimento. Contudo, estes dois campos tem sido desenvolvidos

como entidades distintas. Slootweg, Vanclay, & van Schooten (2001) propuseram desenvolverum framework  de análise social e ambiental integrada com base no conceito de function-analysis

and valuation (R. de Groot, 2006; W. T. de Groot, 1992) com objetivo de integrar as avaliaçõesde impactos do ambiente biofísico natural com os impactos sociais. O foco desta conceitualização

está na caracterização e classificação das funções fornecidas pelo ambiente biofísico e a avaliação

deste valor no suporte às atividades humanas.De acordo com o  function evaluation framework , do SIA (Slootweg, Vanclay, & van

Schooten, 2001), a sociedade ou ambiente social demanda produtos e serviços que são oferecidos

 pelo ambiente biofísico ou natural. A sustentabilidade, portanto, consiste no equilíbrio entre aoferta do ambiente natural e a demanda do ambiente social. Quando um desequilíbrio é previsto,

as instituições devem agir para gerenciar a demanda pela sociedade, ou a oferta pelo ambiente

 biofísico (Figura 2). De acordo com esta lógica, a presença percebida de um desequilíbrio entre a

oferta (ambiente biofísico) e a demanda (ambiente social) é o “gatilho” (trigger ) que provoca areação das instituições para realizarem intervenções e tratarem a questão. Estas intervenções

 podem ser planejadas para ter influência sobre o ambiente físico ou ambiente social.

A abordagem  function evaluation considera as ações sociais como intervenções físicas para o gerenciamento entre a oferta natural e a demanda social. O interesse do SIA, portanto, é o

de prever o impacto que estas ações planejadas podem causar tanto no ambiente social, quanto no

natural. A lógica na determinação dos impactos sociais e ambientais resultantes de umaintervenção física pode ser observada na Figura 3.

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 base nos conceitos de ecossistema e seus usos, é possível identificar uma extensa lista de

 potenciais impactos. Esta lista pode ser refinada ou “filtrada” para definir os impactos relevantes,

de acordo com o conhecimento local ou técnico – técnica denominada “filtro de paisagem” (ou,“landscape filter ”) (D). Quando as mudanças de primeira-ordem ou maiores ordens que resultam

da intervenção são determinadas, a área do impacto pode ser definida. As mudanças nos produtos

e serviços fornecidos pelo ambiente natural têm impacto nos valores destas funções para a

sociedade humana (F). Estes impactos na sociedade são considerados impactos indiretos, poisneste caso, o impacto nos humanos ocorre através de mudanças e impactos biofísicos, em

contraste com os impactos diretos propostos pela intervenção.

Slootweg, Vanclay, & van Schooten (2001) diferenciam o termo impacto humano deimpacto social, sendo que este último significa os impactos que são percebidos e experienciados

 por humanos diretamente no nível individual e grupal. Da mesma forma, fazem distinção entre

mudanças e impacto no ambiente físico, assim como, entre mudanças para definir os impactosrelevantes e os impactos no ambiente social. Políticas e intervenções causam processos de

mudança social. Estas podem ser intencionais (por exemplo, aumento da oferta de empregos) ou

não intencionais (por exemplo, geração de bolsões de pobreza). E, em certas condições,dependendo das características da comunidade, estes processos sociais podem causar impactos

humanos.

A Figura 4 apresenta uma versão ampliada do  framework apresentado anteriormente,que combina todos os elementos descritos quanto ao ambiente biofísico e social, e seus inter-

relacionamentos.

Figura 4. Caminhos para Inferir Impactos Biofísicos e HumanosFonte: Slootweg et al., 2001

Esta perspectiva demonstra que o ambiente social pode ser influenciado indiretamente

(quando o impacto humano resulta de alterações biofísicas, ou seja, no ambiente natural e suas

funções) e diretamente (quando o impacto humano deriva de intervenções no ambiente social,

intencionalmente ou não). Dessa forma, existe uma circularidade ou interatividade neste framework   que pode expressar-se de diferentes formas. Os processos de mudança social queresultam de intervenções de primeira-ordem podem levar a outros processos de mudança social

de segunda ou maiores ordens. Da mesma forma, os processos de mudança social podem

 provocar mudanças biofísicas, as quais por sua vez, podem levar a outros processos de mudança

 biofísica e social, de maiores ordens, indefinidamente.

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O framework  tetralógico de SIA

O  framework   integrado de Slootweg et al. (2001) contribui para o reconhecimento daretroatividade ou interatividade das ações sociais e ambientais, e como estas ações podem

retroagir levando a novas ações e consequências de segunda ou maiores ordens. Da mesma

forma, contribui para a consciência da complexidade dos problemas sócio-ambientais, quando

 percebidos de forma integrada. Contudo, esta abordagem ainda fica restrita às limitações dalógica econômica por ao menos duas razões.

Primeiramente, ao tomar como a referência a lógica econômica da oferta e demanda para

disparar o trigger  da intervenção, o modelo reincide no problema da relatividade de valor (Olson,1965; Parsons, 1949). Ou seja, o impacto será percebido de acordo com os limites da

racionalidade dos atores que utilizarem o landscape filter . Consequentemente, se as alterações

não afetarem o valor econômico de utilidade humana percebido por estes atores, então estamudança não será considerada um impacto relevante. Ou seja, mesmo que esta represente uma

ameaça grave ao ecossistema mais amplo, mas não resultar em impactos imediatos ao sistema

econômico humano, o trigger  não será disparado.Em segundo lugar, ao relegar a definição de impacto aos valores sociais, o modelo gera

um viés extremamente antropocêntrico de julgamento quanto à sua relevância. Não há

 preocupação com as funções ambientais para as demandas não-humanas por recursos naturais, aqual também pode impactar nos ambientes biofísico e social. Da mesma forma, se as mudanças

não são de origem humana, então não são consideradas impactos. Mas muitas das mudanças

sociais e ambientais podem ser resultantes de impactos indiretos de diferentes ordens,

consequências indiretas de diversas ações humanas ou não-humanas, intencionais ou não. E,neste contexto, o modelo dificilmente terá valor preditivo.

A Figura 5, a seguir, apresenta uma proposta de  framework   integrado de análise das

ações sócio-ambientais, com base na idéia de ações no sentido de interações (Morin, 2002), deforma a ajudar a compreender um pouco mais esta complexidade.

Figura 5. Framework  Tetralógico de Análise das Ações Sócio-AmbientaisFonte: Os autores.

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 Nesta perspectiva, a intervenção é observada como uma interação em meio a outrasinterações, as quais interagem dialogicamente com ambos os sistemas biofísicos e

antropossociais. Ou seja, a política pública ou a ação intencional passam a ser vistas dentro de

seu ambiente real como causa e consequência, simultaneamente, de outra interaçõesantropossociais e biofísicas. Assim, a ideia de iteratividade e retroação sugerem a substituição da

lógica antropocêntrica de oferta e demanda pela lógica sistêmica da endocausalidade, onde umainteração ao acaso pode levar a “produção-de-si”, como nas organizações físicas de átomos emoléculas, a estrelas e galáxias (Morin, 2002).

Morin (2002) utiliza o termo “organização ativa” para designar as organizações físicas

que produzem e são produzidas por interações, distinguindo-as das organizações vivas ou sociais.

Portanto, resignificar o conceito de ação social no sentido complexo de interação significacompreender a ação social (ou antropossocial) no conjunto de todas as interações biofísicas que

operam na produção e manutenção da organização ativa maior dos quais ambos sistemas

 biofísicos e antropossociais fazem parte simbioticamente em uma relação de interdependêcia: aeco-organização ou biosfera.

Ou seja, a eco-organização compreendida como uma unidade oriunda de um biótipo

(meio geofísico) e de uma biocenose (conjunto das interações entre os seres vivos de todas asespécies que povoam o biótipo), comporta interações que apresentam características de

complementaridades (associações, sociedades, simbioses, mutualismos), concorrências

(competições, rivalidades) e antagonismos (parasitismos,  free-riders, degradações, predações)que expressam, assim, uma dialógica permanente na busca por organização e re-organização.

Assim, o framework  de análise socioambiental deve comportar simultaneamente os conceitos de

ecossistema e eco-organização, complementados por um princípio de eco-auto-relação, onde se

integram reciprocamente os sistemas biofísicos e antropossociais.O framework tetralógico, portanto, propõe substituir a premissa econômica da oferta e

demanda na ativação do trigger   (a qual, em algum momento, pode levar a um viés

antropocêntrico do tipo ceteribus paribus), pelo conceito de homeostase. As organizações ativas,

assim como as organizações vivas e sociais, normalmente operam por intermédio de umcomplexo de estados estacionários pelo qual o organismo mantém a sua constância. Nessa

 perspectiva, não existe uma alternativa simples para equilibrio/desequilibrio ouestabilidade/instabilidade, pois estes termos precisam ser tomados sistemicamente

complementares, concorrentes e antagônicos. O equilíbrio pode ser resultado de duas forças

iguais e antagônicas. Ou seja, equilíbrio e desequilíbrio associam-se complementarmente, apesar

de antagônicos, na produação da ordem, desordem e organização. Portanto, o trigger   deve seracionado no momento quem alguma interação (emergência, complementaridade, imposição ou

antagonismo) é identificada como ameaça ao equilíbrio da eco-organização, independente de seu

valor antropossocial funcional.Portanto, a chave para identificar as possíveis mudanças e impactos das ações,

 planejadas ou não, biofísicas ou antropossociais, reside em compreender a dinâmica dasinterações e suas correlações na produção (ou não) da homeostase. Para isso, dois termos devemser considerados simultaneamente (Morin, 2002): (a) adaptação, ou efeito da aptidão de um ser

vivo, em determinadas condições geofísicas, de constituir ou substituir relações complementares

e/ou antagônicas com outros seres vivos de forma a resistir às concorrências e a enfrentar os

acontencimentos aleatórios próprios da eco-organização onde se integra; e (b) seleção, vistocomo um processo organizacional de auto-seleção por intermédio da seleção das interações que

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são mais possíveis e viáveis, e da eliminação de outras interações menos factíveis e viáveis, ou

que podem ameaçar sua integridade no sistema e do próprio sistema. Dessa forma, o critério

econômico de identificação da necessidade da intervenção – baseado em valores antropocêntricosfuncionais de equilíbrio entre demanda e oferta – é substituído por outro mais sistêmico e que

admite a incerteza decorrente da complexidade das interações biofísicas e antropossociais: a

homeostase. Consequentemente, a intervenção social passa ser vista como uma interação de

adaptação e seleção antropossocial intencional de caráter auto-eco-organizacional.A análise das consequências das interações antropossociais intencionais ou planejadas

 pela perspectiva tetralógica observa a ação de forma muito semelhante à descrição do estudo das

 partículas de Metropolis & Ulam (1949), onde estas ações podem ser consideradas análogas aestas partículas de energia por produzirem interações (associações, reações, retroações,

transações, comunicações etc.) que, por sua vez, produzem novas ações e interações. Estes

 processos interacionais sociais continuam até que a força do impacto desta ações torne-sedemasiado pequena para produzir novas reações e interações. Tal consideração pode ser de

grande valor na definição do alcance de uma ação na mudança institucional, ou seja, qual a área

geofísica ou geopolítica, dentre outras, que o impacto que uma determinada ação pode alcançar.

Considerações Finais

Promover a integração entre diferentes avaliações de impacto, especialmente avaliações

de impacto ambiental e de estratégias ambientais, é um dos princípios do Social Impact Assement  

(SIA), sob o patrocínio da  International Association for Impact Assessment   (IAIA) (Vanclay,

2003). Contudo, a efetivação deste princípio exige o desenvolvimento de um novo paradigma quereintegre o homem biológico e o homem social, ou seja, a dimensão antropossocial e a dimensão

 biofísica, em um único  framework   de análise que possibilite avaliações simultaneamente

interpretativas e funcionais. Isto não significa abandonar totalmente as velhas teorias, mas“reformá-las” (nas palavras de Durkhein), de forma a integrar os novos avanços da ciência,

compreendendo o significado de considerar os fatos sociais como coisas, dentro de uma perspectiva mais holística e integradora.

Ao mesmo tempo, os novos avanços nos campos da física, principalmente, possibilitam

que velhos axiomas sejam revisitados e atualizados para incluir a complexidade e a incerteza.Contudo, o rompimento com a tradição cartesiana simplificadora e positivista de causa-e-efeito

leva à necessidade de aplicação de novas técnicas matemáticas de mensuração, quantificação e

controle, de forma a garantir a funcionalidade necessária aos sistemas de gestão. Nesse sentido, ouso da lógica fuzzy pode ser considerada uma opção adequada na avaliação do impacto das ações

 por oferecer a flexibilidade para adaptar a realidade ao objeto de análise (Souza, Canete, &

Ravena, 2009). Em especial, modelos com uso de fuzzy sets podem ser úteis para avaliar o ponto

no continuum  da homeostase entre os sistemas antropossociais e biofísicos, e se a intervençãoantropossocial está contribuindo para a estabilidade ou instabilidade da eco-organização, assim

como, no rastreamento e controle das ações da intervenção, possibilitando não apenas

desenvolver uma lista de potenciais interações e suas consequências, mas identificar o alcancedesta ação em termos espaciais.

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