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Complexidade e Conhecimento na Sociedade em Redes Marisa Carvalho

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Complexidade e Conhecimentona Sociedade em Redes

Marisa Carvalho

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Sujeito 1

“Somos seres infantis, neuróticos, delirantes e também racionais”

“O século XX foi o da aliança entre duas barbáries: a primeira vem das profundezas dos tempos e traz guerra, massacre, deportação e fanatismo. A segunda, gélida, vem do âmago da racionalização, que sóconhece o cálculo e ignora o indivíduo, seu corpo, seus sentimentos, sua alma, e que multiplica o poderio da morte e da servidão técnico-industriais”

Morin

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Paradigma 1

�Sistemas Vivos: Comportamento de Auto-organização

�Visão Sistêmica: Todo

�Teoria da Complexidade: Interação, Conectividade, Adaptação

� Metáfora Redes: Múltiplas conexões, hipertextos, sistemas multimídias

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Paradigma 2

� Na introdução do Método (vol 1) temos o “Espírito do Vale”em que se explica a visão do Tao de que o espírito do vale “recebe todas as águas que derramam nele”

�Heráclito alertava para a necessidade da aproximação dos contrários como forma de compreender a “realidade”

�O pensamento chinês tem como base uma relação dialógicaentre o yin e o yan

�O único meio possível de entendimento dos processos componentes da “realidade” seriam a aceitação dos contrários como complementares, ou seja, conviver e respeitar os movimentos recursivos entre positivo e negativo, bom e mau, forma e não forma, entre outros

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�O princípio da ordem postula que o universo é regido por leis imutáveis

�O princípio da separabilidade estabelece a lógica de que, para resolver um problema, é preciso decompô-lo em elementos simples

� O princípio da redução limita os elementos conhecidos do sistema ao que é mensurável

�O princípio da razão assegura a validade formal das teorias e raciocínios

Ciência Clássica

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Ciência Moderna 4

� Só era “ciência” aquilo que pudesse ser comprovado através de experimentos com resultados estáveis e constantes, cujos fatos eram regidos por leis de causa e efeito, e que podiam ser medidos e quantificados

� O método era lógico, linear e consistia em reduzir o complexo ao simples

� Esse paradigma não só dominou nossa cultura por séculos, como ajudou a construir a visão da vida em sociedade como uma luta competitiva pela existência, e a crença no progresso material ilimitado a ser obtido, na maioria das vezes, sem questionamentos éticos

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Ciência 5

� Foi no início do Século XX, que as idéias provindas da física quântica, de Einstein, Bohr, Nicolescu, entre outros, originaram outro paradigma: a complexidade e o pensamento sistêmico

�Por esta nova visão, a natureza e o Universo não constituem o conjunto ou a soma dos objetos existentes, mas uma complexa teia de relações, em constante interação

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Ciência 6

� Ë neste ambiente de dicotomia que Bertalanffy surge com sua percepção de que os organismos vivos são sistemas abertos que não podem ser descritos pela termodinâmica clássica, que trabalha com sistemas fechados e isolados

� Dessa forma, lançou as bases para resolver esta dicotomia. A denominação sistemas abertos é devido à necessidade desse sistema interagir com o meio ambiente e retirar dele energia e recursos para sua sobrevivência

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Ciência 7

Gestalt:

� Estudos nos fenômenos da percepção sensorial, baseados na psicofísica, através do conhecimento da funcionalidade dos seus elementos estruturais e dos procedimentos que regem a percepção sensorial

�A percepção da forma pelo cérebro é sempre uma percepção global dos estímulos, ou seja, o cérebro não enxerga elementos isolados, e sim as relações entre eles. Ao se observar coisas do mundo, observam-se suas formas, ou melhor, suas gestalten

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Ciência 8

Teoria Geral dos Sistemas:

�Unificar as ciências no sentido da interdisciplinaridade

�Construir modelos e descobrir os princípios gerais aplicáveis a sistemas complexos de qualquer natureza, por meio do isomorfismo estendido a outras ciências, como principio geral aplicável a todos os sistemas

� TGS amplia e enriquece o modelo sistêmico dos gestaltistas

� Focalizar relações entre partes formadoras de um “todo”, e também interligações de diversos sistemas e a sua articulação

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Paradigma

�Mudança de paradigma pela visão do indivíduo dentro deste novo contexto de modernidade e globalização, pela visão abrangente e universal do pensamento complexo levando-se em consideração o seu todo bio-psiquico-social, pelo seu desenvolvimento cognitivo, e finalmente pela substituição das relações de autoridade e poder atual por processos argumentativos que procuram o consenso

� Não há como trabalhar com tais indivíduos através da imposição de idéias ou manipulação, somente será aceito e considerado como válido o processo argumentativo, o Discurso Prático

� Comprometimento e Reconhecimento do indivíduo

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Ciência 10

“A ciência, por sua vez, foi sofrendo um processo crescente de fragmentação, o que gerou o desenvolvimento de posturas isoladas, a tal ponto de criar modelos que passaram a normatizarestudos e aplicações, teóricas e práticas, sem considerar a complexidade do todo, mas sim as partes isoladas, descontextualizadas e reducionistas, que por si só, não permitem uma visão real das mais diversas abordagens”

�Ação desviacionista das múltiplas especialidades envolvidas no processo multifacetado

�Não se percebe o valor da complementaridade de conhecimentos

�Causando diversas crises atuais conjunturais, estruturais e éticas em diversa áreas como a política, educação, economia, ciência, filosofia...

2006 Bastos, 2006

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Ciência 11

Abordagem sistêmica

� A explicação dos objetos não podem mais ser encontrada unicamente na natureza dos seus constituintes elementares, mas na natureza organizacional e sistêmica, a qual transforma o caráter dos componentes

� Os objetos além das características físicas, possuem capacidade de interação consigo mesmo e com outros objetos, capacidade de organização e propriedades emergentes, as quais sofrem influência do ambiente e do observador

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Pensamento Complexo 1

“Configura uma nova visão de mundo, que aceita e procura compreender as mudanças constantes do real e não pretende negar a multiplicidade, a aleatoriedade e a incerteza, e sim conviver com elas”

Mariotti, 2000

“Uma proposta de interpretação de mundo e dos fenômenos que nele ocorrem, ou seja, o pensamento complexo. Nele não predomina o raciocínio fragmentador, o modelo mental binário -ou bem ou mal; ou certo ou errado; ou ocidente ou oriente, tampouco prevalece o utopismo da primazia do todo - o sistemismo reducionista. Uma visão de mundo abrangente deve nascer da complementaridade, do entrelaçamento, do abraço entre esses dois modelos mentais”

Morin, 2002

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Pensamento Complexo 2

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Pensamento Complexo 3

“Eu compreendi que era inútil apenas contestar: apenas uma nova fundação pode arruinar a antiga. É por isso que eu penso que a questão crucial é a de um princípio organizador do conhecimento, e o que é vital hoje em dia não é apenas aprender, não é apenas reaprender, não é apenas desaprender, mas reorganizar nosso sistema mental para reaprender a aprender. (...) O que ensina a aprender é o método”

“Eu não trago o método, eu parto em busca do método. Eu não parto com o método, eu parto com a recusa, totalmente consciente, da simplificação. (...) Originalmente, a palavra método significava caminhada. Aqui, é preciso aceitar caminhar sem um caminho, fazer o caminho enquanto se caminha”

Morin

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Pensamento Complexo 4

“Eu compreendi que era inútil apenas contestar: apenas uma nova fundação pode arruinar a antiga. É por isso que eu penso que a questão crucial é a de um princípio organizador do conhecimento, e o que évital hoje em dia não é apenas aprender, não é apenas reaprender, não é apenas desaprender, mas reorganizar nosso sistema mental para reaprender a aprender. (...) O que ensina a aprender é o método”

“Eu não trago o método, eu parto em busca do método. Eu não parto com o método, eu parto com a recusa, totalmente consciente, da simplificação. (...) Originalmente, a palavra método significava caminhada. Aqui, é preciso aceitar caminhar sem um caminho, fazer o caminho enquanto se caminha”

(...) O método só pode se construir durante a pesquisa; ele só pode emanar e se formular depois, no momento em que o termo transforma-se em um novo ponto de partida, desta vez dotado de método”

Morin, 2003 O Método 1

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Pensamento Complexo 5

Segundo Morin, devemos abandonar o hábito de querer simplificar tudo e de querer tudo certo, definido, claro e objetivo, conforme ambiciona o racionalismo Cartesiano. Precisamos “reformar o pensamento” e assumir a complexidade do ser humano e do mundo ànossa volta, com todas as incertezas e falta de clareza que esta complexidade nos coloca

“Na escola primária nos ensinam a isolar os objetos (de seu meio ambiente), a separar as disciplinas (em vez de reconhecer suas correlações), a dissociar os problemas, em vez de reconhecer suas correlações), a dissociar os problemas, em vez de reunir e integrar. Obrigam-nos a reduzir o complexo ao simples, isto é, a separar o que está ligado; a decompor, e não a recompor; e a eliminar tudo que causa desordens ou contradições em nosso entendimento”

Morin, 2002

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Pensamento Complexo 6

O pensamento complexo tenta religar o que o pensamento disciplinar e compartimentado separou e isolou. Ele religa não apenas domínios separados do conhecimento, como também – dialogicamente – conceitos antagônicos como ordem e desordem, certeza e incerteza, a lógica e a transgressão da lógica

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Complexidade 1

� A complexidade é uma realidade da vida. E pode ser entendida como uma forma de percepção e compreensão, aberta, interligada, abrangente e flexível

�Morin relata a influência de sua leitura da filosofia de Hegel, a dialética, complementada com a de Heráclito em sua aproximação com as idéias relativas à Complexidade

�O Método, cada vez mais, era o da complexidade, e foi nesse momento que surgiu a idéia de um conhecimento e de um pensamento complexo

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Complexidade 2

� Etimologicamente latim, complexus, que significa entrelaçado ou torcido junto

� Sistemas simples também são formados de partes

� Sistema complexo é necessário duas ou mais diferentes partes

� Estes componentes ou partes devem estar de algum modo interligados formando uma estrutura estável

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Complexidade 3

Escola Francesa de Complexidade que inclui, dentre outros:

� Pascal Roggero, Jeanne Mallet, Geneviève Mathis, Jacques Ardoino, Bernard Paillard, Alfredo Pena Vega, Gil Delannoi e Jean-Louis Le Moigne

� Jean-Louis Le Moigne, engenheiro, faz parte de uma geração formada nos moldes do Discurso do Método de Descartes em que se enfatizava que pensar bem era pensar claro, sem ambigüidades. Nas suas atividades como engenheiro, ele trabalhava com os problemas de lubrificação de motores e foi aí que começou a perceber uma complexidade importante na vida econômica e industrial que não éensinado

�Nos anos 70 lançou-se num grande trabalho sobre A Teoria do sistema geral, teoria da modelização. Enquanto revia as cópias de seu trabalho, chegou a sua mesa o primeiro volume de O Método

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Complexidade 4

� A dualidade básica entre partes que são ao mesmo tempo distintas e interconectadas. Um sistema complexo não pode então ser analisado ou separado em um conjunto de elementos independentes sem ser destruído. Em conseqüência não épossível empregar métodos reducionistas para a sua interpretação ou entendimento. Se um determinado domínio écomplexo ele será, por definição, resistente à análise

�Aspecto das entidades complexas: o fato de que elas são compostas de partes distintas, mesmo que essas partes se encontrem em estreito relacionamento

Palazzo, 2004

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Complexidade 5

“Um tecido de elementos heterogêneos inseparavelmente associados, que representam à relação paradoxal entre o uno e o múltiplo. São efetivamente acasos que constituem nosso mundo fenomênico. Apresenta-se assim, sob o aspecto perturbador da perplexidade, da desordem, da ambigüidade, da incerteza, ou seja, de tudo aquilo que se encontra do emaranhado, inextricável”

Morin, 2003

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Complexidade 6

�A emergência de complexidade, presente em todos os sistemas autônomos e interativos, consiste no surgimento de dinâmicas imprevisíveis e persistentes, como decorrência da atuação de regras simples sobre cada um dos elementos primitivos que formam este sistema

�Na era da internet a multiplicidade de informações on-line prosperam, gerando o risco, a incerteza e a mudança constante, denominado de “turbulência de informações”por Manuel Castell

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Complexidade 7

"Emergência é o que acontece quando várias entidades independentes de baixo nível conseguem criar uma organização de alto nível sem ter estratégia ou autoridadecentralizada. Você pode perceber esse comportamento em várias escalas: na forma como colônias de formigas lidam com o complexo gerenciamento de tarefas sem que haja uma única formiga no comando; na forma como bairros se formam sem um planejador urbano”

Steven Johson

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Complexidade 8

� Emergem propriedades que as partes isoladas não possuem. Por ex. consciência como comportamento emergente da dinâmica neuronal; os preços em um mercado livre

�Um sistema tem propriedades ou características que são ditas “emergentes”. Uma cadeira é uma propriedade emergente dos seus braços, assento, pernas, apoio, etc.

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Complexidade 9

�A complexidade como um tipo de pensamento que não separa, mas une e busca as relações necessárias e interdependentes de todos os aspectos da vida humana

�Trata-se de um pensamento que integra os diferentes modos de pensar, opondo-se aos mecanismos reducionistas, simplificadores e disjuntivos. Esse pensamento considera todas as influências recebidas, internas e externas, e ainda enfrenta a incerteza e a contradição, sem deixar de conviver com a solidariedade dos fenômenos existentes

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Complexidade 10

� Enfatiza o problema e não a questão que tem uma solução linear. Como o homem, um ser complexo, o pensamento também assim se apresenta, considerando a diversidade e a incompatibilidade de idéias, crenças e percepções, integrando-as à sua complementaridade

� Morin (2002) entende complementaridade como um imperativo da complexidade, nesse sentido, o uso estratégico, que o autor chama de “dialógica”

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Complexidade 11

“A complexidade representa, portanto, uma crítica a um modelo reduzido de análise da realidade cuja intenção éimitá-la e simulá-la, além de recriar o mundo observável, transformando o cientista em um tipo de deus que recria o que já foi criado. Esse método de modelização, que se propõe ser bastante detalhado para pretender reproduzir o mundo, mas suficientemente simples para ser manipulado, promete descobrir, por trás da complexidade dos fenômenos, o princípio gerado — simples — capaz de reproduzi-los”

Dupuy, 1993

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Complexidade 12

Princípios básicos:

� o dialógico

� a interação e retroação

� a relação entre a parte e o todo

Morin, 2002

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Complexidade 12

�Edgar Morin é Diretor emérito do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) da França, fundador do Centro de Estudos Transdisciplinares, Sociologia, Antropologia e História (CETSAH) da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris

� Morin relata a influência de sua leitura da filosofia de Hegel, a dialética, complementada com a de Heráclito em sua aproximação com as idéias relativas à Complexidade

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Sistêmico 13

� Princípio sistêmico ou organizacional - liga o conhecimento das partes ao todo e vice-versa. Ao mesmo tempo em que o todo é maior do que a soma das partes, devido às “emergências”, ele é também menos do que a soma das partes, uma vez que algumas qualidades das partes podem ser inibidas pela organização do conjunto maior

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Teoria da Complexidade 14

� Descreve um conjunto de estudos interdisciplinares que compartilham a idéia que todas as coisas tendem a se auto-organizarem em sistemas

� Auto-organização é um princípio fundamental do universo do qual fazemos partes. Sistemas abertos auto-organizados usam energia, material e feedback (informação) do seus ambientes externos e internos para se organizarem

� Este processo não direcionado ou controlado por uma entidade consciente, mas emerge através da inter-relações das partes dos sistemas

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Teoria da Complexidade 15

�Estuda as propriedades fundamentais das redes de feedbacknão lineares

Stacey, 1996

� Determinísticas

� Adaptativas

� Em especial, ela está interessada nos sistemas adaptativos complexos, que são sistemas que têm um esquema, isto é, uma compreensão da informação com a qual se possa prever o ambiente

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Teoria da Complexidade 16

� A interação entre agentes e sistemas se dá de uma forma não-linear, na qual o feedback sobre as conseqüências do comportamento é usado para construir modelos de mundo, dos quais as regras de conduta ou esquemas são extraídos. Esses esquemas são transformados à luz de um comportamento adicional para produzir cada vez mais comportamento adaptativo

Stacey

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Teoria da Complexidade 17

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Organização 19

“Organizações são redes que consistem de um grande número de agentes – pessoas – que interagem uns com os outros de acordo com um conjunto de regras de conduta que nós chamamos de esquemas”

Stacey, 1996

�As organizações podem ser vistas como Sistemas Adaptativos Complexos capazes de auto-organização, adaptação e co-evolução. A auto-organização, a adaptação e a co-evolução são princípios fundamentais do universo no qual nós vivemos e trabalhamos

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Sistemas 20

�Um sistema é qualquer porção ou todo arbitrário de um processo escolhido para análise, ou um conjunto de dois ou mais elementos que estão inter-relacionados

Nóbrega, 1999

� Um sistema é uma totalidade que é criada pela integração de um conjunto estruturado de partes componentes, cujas inter-relações estruturais e funcionais criam um inteireza que não se encontra implicada por aquelas partes componentes quando desagregadas

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Sistemas 21

“Em sistemas bióticos, um elemento importante na lista de mecanismos e condições que caracterizam a auto-organização é a habilidade que os agentes apresentam de se adaptar ao meio em que se encontram. Isto significa que os agentes são capazes de alterar suas funções internas de processamento de informações”

Palazzo

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Sistemas Complexos 22

� Sistemas complexos são sistemas com múltiplos componentes em interação, cujo comportamento não pode ser inferido a partir do comportamento das partes, isto é, exibem propriedades que emergem da interação das suas partes

Características dos sistemas complexos:

� Envolvem muitos componentes, apresentam uma dinâmica de interação entre eles, dando origem a um número de níveis ou escalas que exibem comportamentos comuns, apresentando processos de emergência e auto-organização

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Sistemas Complexos 23

�Sistemas Adaptativos Complexos são sistemas compostos de um grande número de agentes que interagem uns com os outros para produzir uma estratégia de sobrevivência adaptada para eles mesmos e, portanto, para o sistema ou partes do sistema as quais eles pertencem

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Conhecimento 1

“O conhecimento é a navegação em um oceano de incertezas, entre arquipélagos de certezas”

Morin

Três princípios de incerteza no conhecimento:

�cerebral, o conhecimento nunca é reflexo do real mas sempre tradução e construção, comportando, assim, risco de erro

�incerteza no conhecimento é físico, o conhecimento é sempre tributário de interpretação. Ao interpretar utilizamos ao mesmo tempo a explicação e a compreensão. Explicar está associado àobjetividade enquanto a compreensão está relacionada ao subjetivo, ao intersubjetivo

�epistemológico decorrente da crise da certeza “conhecer e pensar não é chegar a uma verdade absolutamente certa, mas dialogar com a incerteza”

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Conhecimento 2

“O objetivo do conhecimento é abrir, e não fechar o diálogo com esse universo. O que quer dizer: não só arrancar dele o que pode ser determinado claramente, com precisão e exatidão, como as leis da natureza, mas, também, entrar no jogo do claro-escuro que é o da complexidade”

Morin, 1998

Morin está de acordo com Montaigne, que ao invés de buscarmos desenvolver cabeças “bem cheias”, devemos desenvolver “cabeças bem-feitas”, ou seja, cabeças capazes de ligar e organizar os conhecimentos e de utilizá-los de forma sábia

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Conhecimento 3

�Precisamos ir além de promover o desenvolvimento da dimensão cognitiva dos indivíduos, promovendo também o desenvolvimento de suas dimensões emocional, física, espiritual e social

�Há uma inadequação cada vez mais ampla, profunda e grave entre os saberes separados, fragmentados, compartimentados entre disciplinas e, por outro lado, realidades e problemascada vez mais polidisciplinares, transversais, multidimensionais, globais transnacionais, planetários

�A hiper-especialização impede de ver o global (que ela dilui). O retalhamento das disciplinas (no ensino) torna impossível apreender "o que é tecido junto", isto é, o complexo, segundo o sentido original do termo

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Conhecimento 4

Sete saberes:

�Cegueiras do Conhecimento

�Conhecimento Pertinente

�Ensino da Condição Humana

�Identidade Terrena

�Ensino das Incertezas

�Ensino da Compreensão Humana

�Ética do Gênero Humano

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Gestão Conhecimento 5

Estágios:

1. tecnologia da informação: domínio da Web, das melhores práticas, das lições aprendidas e, o mais importante, do compartilhamento do conhecimento

2. abordou o campo de estudo dos fatores humanos, vistos como sistemas de pensamento sistêmico e criação de conhecimento a partir da conversão do conhecimento tácito em conhecimento explícito

3. retoma a influência da tecnologia da informação, desta vez como ferramenta importante para a construção e uso de taxonomia

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Gestão Conhecimento 6

Estágio 1:

1. a palavra conhecimento não tinha importância no processo de gestão do conhecimento, pois o foco era a distribuição de informação aos tomadores de decisão para uso oportuno, com ênfase na tecnologia da informação

2. manteve a ênfase na tecnologia da informação, mas direcionou o foco para a conversão do conhecimento tácito em explícito, inspirado no modelo de conversão de Nonaka e Takeuchi (1997), que ficou conhecido como modelo SECI (Socialização, Externalização, Combinação e Internalização), muito difundido e acatado pelos pensadores e estudiosos da Gestão do Conhecimento

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Gestão Conhecimento 7

Estágio 2:

1. baseia-se na teoria de Snowden (2002) que, assim como a teoria de Nonaka (1997), trouxe para o campo da Gestão do Conhecimento uma rica discussão e aprofundamento de idéias e conceitos

2. Snowden, o conhecimento é visto paradoxalmentecomo coisa (gestão de conteúdo) e fluxo (gestão de contexto e narrativa)

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Teoria de Snowden estão fundamentadas em três heurísticas:

1. conhecimento somente pode ser voluntário, ele não pode ser recrutado, pelo simples fato de que nunca poderemos verdadeiramente saber se as pessoas estão usando o conhecimento delas em sua plenitude

2. nós sempre sabemos mais do que falamos e sempre falaremos mais do que escrevemos. A natureza do conhecimento é o que nós sabemos ou somos capazes de saber mais do que o tempo físico que dispomos para dizer ou a habilidade conceitual que temos para nos expressar

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3. nós somente sabemos que sabemos quando necessitamos saber. O conhecimento humano é profundamente contextual; ele é ativado pelas circunstâncias. Para entender o que as pessoas sabem, nós temos de recriar o contexto do conhecimento delas, ou seja, sermos capazes de fazer uma pergunta significativa ou de ativar o uso do conhecimento

As organizações estão no âmbito dos fenômenos dos Sistemas Adaptativos Complexos, cuja fundamentação está no cerne da Teoria da Complexidade. Na sua opinião, assim como na de muitos outros filósofos e cientistas, o paradoxo é compreendido como um meio de criação de conhecimento novo

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Gestão Conhecimento 10

Eixos principais:

1. o que se sabe (known) - o domínio do atual, onde relações de causa e efeito se repetem e são previsíveis;

2. o que se pode saber (knowable) - o domínio do provável, onde relações de causa e efeito se repetem mas são distantes no tempo e no espaço;

3. complexo (complex) - o domínio das muitas possibilidades, onde causa e efeito fazem sentido em retrospectiva e se repetem acidentalmente (há padrões que podem mudar); e,

4. caótico (chaos) - o domínio do inconcebível, onde não se conseguem perceber relações de causas e efeito (hápotencial para padrões).

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� Os quadrantes do que se sabe e do que se pode saber permitem conhecimento daquele que se ensina e aprende. Os quadrantes do complexo e do caótico requerem conhecimento experimental

� Os quatro quadrantes ilustram ambientes diferentes que requerem atitudes diferentes. Nenhuma atitude é errada por si só, mas pode ser errada para um determinado ambiente: depende das circunstâncias

� Os ambientes do knowable e do known são os preferidos pelas organizações. Por exemplo, quando duas organizações se juntam, a mais burocrática geralmente ganha já que a gestão procura impor alguns processos e alguma estrutura às regras e culturas das duas organizações

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� Snowden diz que não é possível gerir ambientes complexos: apenas é possível gerir a formação de padrões. Olhando para os quadrantes, e se estiver num ambiente caótico, pode criar "atratores" que o ajudem a mudar para um ambiente complexo. Uma vez num ambiente complexo, pode identificar padrões, estabilizar os desejados e interromper os que não se querem. (E se for suficientemente esperto, pode tentar intervir no ambiente para que os padrões desejados sejam mais prováveis.) Os padrões estabilizados podem permitir-lhe mudar para o quadrante do knowable

� O processo de categorização permite olhar o conhecimento mas inibe a criação de novo conhecimento. Sensemaking éótimo para explorar novo conhecimento, mas depois énecessário categorizá-lo. A conclusão é de que precisamos de ambos os dois processos: categorização e sensemaking

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Ferramentas:

1. Técnicas antropológicas para desvelar o conhecimento: Análise de Redes Sociais

2. Histórias como forma avançada de repositório de conhecimento

3. Modelo “just-in-time” de GC (Cynefin/IBM): gerencia tanto K quanto os canais por onde ele flui entre comunidades formais e informais

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Idéias Centrais:

� a análise de redes sociais é ótima para detectar o aparecimento de padrões

� em 99% dos casos, os humanos não tomam decisões racionais. Tentam um first fit com "coisas" (situações, objetos, comportamentos, etc.) que conhecem. Nem sequer é um "bestfit" mas um "first fit". Depois de tomar a decisão, tentam encontrar razões para a suportar e a fazer parecer racional

� nós não vemos coisas que não queremos ver;

� todos interpretamos situações de acordo com as nossas preferências pessoais de ação

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� as narrativas são ferramentas poderosas porque contornam alguns destes comportamentos humanos

� eficiência significa optimização, enquanto eficácia equivale a permitir alguma sub-optimização de forma a obter melhor resultados

� há algumas tentativas de usar o Balance Scorecard (BSC) para medir programas de GC. Contudo, o BSC é demasiado reducionista e não acomoda a complexidade organizacional. Além disso, só o facto de se medir um sistema altera-o. Isto pode sugerir que não se deve fazer avaliação. Snowden não pensa assim. Ele considera que a medição é necessária mas necessita de ser adequada ao que se está a medir

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Estágio 3:

1.focou apenas um dos lados da Gestão do Conhecimento, o lado do compartilhamento de conhecimento, ou seja, o lado da oferta de conhecimento. O desafio da Gestão do Conhecimento neste estágio foi a reunião deliberada da grande massa de conhecimento tradicionalmente constante nas cabeças, habilidades manuais e destreza dos trabalhadores, adquirida ao longo dos anos de experiência, e, depois, registrá-la e tabulá-la para, finalmente, reduzi-la aleis, regras, fórmulas etc., de modo a ser aplicada no dia-a-dia do trabalho, mediante cooperação mútua dos trabalhadores

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Gestão do Conhecimento" ou "Nova Gestão do Conhecimento“McElroy (2003)

2. a idéia de que Gestão do Conhecimento é como uma moeda, possui dois lados: o do compartilhamento de conhecimento (lado da oferta de conhecimento), trabalhado no primeiro estágio, e o da produção de conhecimento, ou lado da demanda de conhecimento, objeto de estudo deste estágio

3. focar somente na oferta de conhecimento valioso existente, busca aumentar a capacidade da organização de satisfazer sua demanda de conhecimento novo, ou seja, focar também na demanda de conhecimento. Em outras palavras, significa dizer que não apenas compartilhar conhecimento ou produzir conhecimento importa, ambos importam

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Conceitos- chaves:

1. o ciclo de vida do conhecimento

2. gestão de conhecimento versus processamento de conhecimento

3. oferta versus demanda do conhecimento

4. conhecimento organizacional

5. recipientes de conhecimento

6. aprendizagem organizacional

7. empresa aberta

8. capital social de inovação

9. auto-organização e teoria da complexidade

10. inovação sustentável

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Eixos principais:

�GC social de procura (demand-side social KM)

�GC técnica de procura (demand-side technical KM)

�GC social de oferta (supply-side social KM)

�GC técnica de oferta (supply-side technical KM)

"O que torna a nova GC tão diferente da velha GC não éapenas o ênfase na criação e partilha de conhecimento, mas o fato de reconhecer a presença de sistemas de aprendizagem em organizações humanas"

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É um processo de grupo que combina o domínio de conhecimento humano (tácito e explicito) e os objetos de domínio da informação e dos dados com objetivos de criar valor (mercado e cultura)

“É uma disciplina de gestão que procura ter impacto no processamento de conhecimento. O processamento de conhecimento, por sua vez, é um processo socialresponsável pela produção e integração de conhecimento para, e no, processo de negócio. O processamento de conhecimento é ilustrado no ciclo de vida do conhecimento, que pode ser experimentado por indivíduos, grupos e organizações. Este ciclo, que inclui vários processos para produção e integração de conhecimento”

McElroy

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�Assumir que as pessoas nas organizações se auto-organizam em torno da produção e integração de conhecimento partilhado

�Defender que abraçar políticas desenhadas para fortalecer e encorajar comportamentos endêmicos é a melhor forma de melhorar a aprendizagem e a inovação organizacionais

� Nova gestão do conhecimento:

complexidade, aprendizagem, e inovação sustentável

McElroy, 2003

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�Foco no Conhecimento Pessoal

�Desenvolvimento de Redes sociais

�Estamos em que Era Informação ou do Conhecimento?

�Quais dos mecanismos e ferramentas estão sendo usados?

�Como os especialistas compartilham o conhecimento ?

�Quais os mecanismos de reconhecimento e incentivo que estão sendo usados ?

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�O conhecimento é criado pela análise da informação

�Como estamos organizando e gerenciando a informação?

� Recuperamos a informação bem e a tempo?

� O que está sendo feito para garantir que a informação gerada hoje esteja disponível e recuperável daqui a 20 anos?

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Dave Snowden é Director do IBM's Cynefin Centre for OrganisationalComplexity que se dedica à aplicação da teoria da complexidade às organizações. Nascido no País de Gales, foi anteriormente um Directorno Institute for Knowledge Management onde liderou programas sobre complexidade e narrativas. Foi pioneiro no uso de narrativas como forma de revelar conhecimento e ajudar o entendimento de várias culturas. De seguida trabalhou na integração da aprendizagem e do conhecimento usando modelos derivados da ciência da complexidade. Isto resultou em técnicas pragmáticas de simulação de redes sociais, GC just-in-time, história oral como alternativa aos sistemas de gestão de capital intelectual e na integração da complexidade e das narrativas em ferramentas avançadas de apoio à tomada de decisão

Tem um MBA pela Middlesex University e um BA em Filosofia pela Lancaster University. É Professor adjunto de GC na University ofCanberra, e um honorary fellow em GC na University of Warwick e leciona no programa de MBA em Warwick, Sophia Antipolis e Piacenza

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Mark McElroy é um líder de pensamento e um consultor na área do capital intelectual, da gestão de conhecimento, da aprendizagem organizacional e da inovação. Trabalha há vinte e quatro anos em consultoria, incluindo o tempo que passou na Price Waterhouse e na KPMG Peat Marwick. Enquanto esteve na KPMG, desempenhou a função de U.S. National Partner-in-Charge da prática de Redes Empresariais. Mais recentemente, Mark McElroy desempenhou funções seniores no Consórcio Internacional de Gestão de Conhecimento (Knowledge Management Consortium International -KMCI) e na prática de gestão de conhecimento da IBM em Cambridge, MA, EUA

Tem o bacharelato de Filosofia da Universidade de Delaware desde 1978 e é membro consultor da Sociedade para a Aprendizagem Organizacional (Society for Organizational Learning - SoL).

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Sociedade em redes 1

“As redes se tornaram um dos principais fenômenos sociais da atualidade. A recente revolução da informática deu origem a uma nova economia, estruturada em torno de fluxos de informação, poder e riqueza nas redes financeiras internacionais. A organização em redes tem se configurado como uma nova forma de organização da atividade humana, designada de sociedade em rede, que analisa a nova estrutura social”

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Sociedade em redes 2

�As redes se tornaram um dos principais fenômenos sociais da atualidade. A recente revolução da informática deu origem a uma nova economia, estruturada em torno de fluxos de informação, poder e riqueza nas redes financeiras internacionais. A organização em redes tem se configurado como uma nova forma de organizaçãoda atividade humana, designada de sociedade em rede, que analisaa nova estrutura social

�Castells (1999) traz uma contribuição nos seus estudos na construção do conceito de rede aplicado às relações humanas e aos valores inseridos nas estruturas sociais - as novas tecnologias. As novas Tecnologias de Informação e Comunicação são caracterizadas por atributos como interatividade, mobilidade, convertibilidade, interconectividade, globalização e velocidade que se apresentam por meio de redes

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Sociedade em redes 3

De acordo com Castells (1999), as redes são necessariamente não-hierárquicas. Uma das características das redes são a horizontalidade e o trabalho colaborativo, que se mantém devido à vontade dos integrantes envolvidos. Não havendo concentração da informação e os indivíduos têm livre participação, desenvolvendo a co-responsabilidade, a construção coletiva e a cooperação. Havendo o respeito à diversidade e a superação das disputas pelo poder sendo esta a característica motivadora do modelo de pirâmide, o verticalismo

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Reflexão

“Pensamentos sem conteúdos são vazios, intuições sem conceitos são cegos. Tanto é necessário tornar os conceitos sensíveis ... como tornar as intuições compreensíveis”

Kant, 1974

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“O fanático é alguém que redobra os esforços quando já esqueceu seu objetivo”

George Santanyana

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“A vida e criatividade emergem, sendo construídas, não conforme um planejamento prévio, mas através de um processo de auto-organização espontânea que produz resultados emergentes”

Ralph Stacey