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  • 2014/2015

    Escola de Direito Universidade do Minho

    COMPILAO DE LEGISLAO DE

    DIREITO DE AUTOR Compilao efectuada pelo Doutor Pedro Dias Venncio para fins pedaggicos no mbito da unidade curricular de "Proteco Jurdica do Software, dos Produtos multimdia e das Bases de Dados", do curso de Mestrado em Direito da Informtica, da Escola de Direito, da Universidade do Minho. No dispensa a consulta dos diplomas originais publicados em Dirio da Repblica.

  • Compilao para fins pedaggicos. No dispensa a consulta dos diplomas originais publicados em Dirio da Repblica. 2014/2015

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    Contedo

    Cdigo do Direito de Autor e dos Direitos Conexos [CDADC] ........................................................................ 2 Regime Jurdico dos Programas de Computador [RJPC] ............................................................................. 48 Regime Jurdico das Bases de Dados [RJBD] ............................................................................................. 51

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    Cdigo do Direito de Autor e dos Direitos Conexos [CDADC] Aprovado pelo DL n. 63/85, 14/03, e alterado pelas Lei n. 45/85, de 17/09, Lei n. 114/91, de 03/09, DL n. 332/97 e 334/97, ambos de 27/11, Lei n. 50/04, de 24/08, Lei 24/06, de 30/06, e republicado em verso actualizada pela Lei n. 16/2008, de 1 de Abril, e alterado pela Lei n. 65/2012, de 20/12.

    TTULO I -Da obra protegida e do direito de autor

    CAPTULO I - Da obra protegida

    Artigo 1. Definio

    1 Consideram-se obras as criaes intelectuais do domnio literrio, cientfico e artstico, por qualquer modo exteriorizadas, que, como tais, so protegidas nos termos deste Cdigo, incluindo-se nessa proteco os direitos dos respectivos autores. 2 As ideias, os processos, os sistemas, os mtodos operacionais, os conceitos, os princpios ou as descobertas no so, por si s e enquanto tais, protegidos nos termos deste Cdigo. 3 Para os efeitos do disposto neste Cdigo, a obra independente da sua divulgao, publicao, utilizao ou explorao.

    Artigo 2. Obras originais

    1 As criaes intelectuais do domnio literrio, cientfico e artstico, quaisquer que sejam o gnero, a forma de expresso, o mrito, o modo de comunicao e o objectivo, compreendem nomeadamente: a) Livros, folhetos, revistas, jornais e outros escritos; b) Conferncias, lies, alocues e sermes; c) Obras dramticas e dramtico-musicais e a sua encenao; d) Obras coreogrficas e pantomimas, cuja expresso se fixa por escrito ou por qualquer outra forma; e) Composies musicais, com ou sem palavras; f) Obras cinematogrficas, televisivas, fonogrficas, videogrficas e radiofnicas; g) Obras de desenho, tapearia, pintura, escultura, cermica, azulejo, gravura, litografia e arquitectura; h) Obras fotogrficas ou produzidas por quaisquer processos anlogos aos da fotografia; i) Obras de artes aplicadas, desenhos ou modelos industriais e obras de design que constituam criao artstica, independentemente da proteco relativa propriedade industrial; j) Ilustraes e cartas geogrficas; l) Projectos, esboos e obras plsticas respeitantes arquitectura, ao urbanismo, geografia ou s outras cincias; m) Lemas ou divisas, ainda que de carcter publicitrio, se se revestirem de originalidade; n) Pardias e outras composies literrias ou musicais, ainda que inspiradas num tema ou motivo de outra obra. 2 As sucessivas edies de uma obra, ainda que corrigidas, aumentadas, refundidas ou com mudana de ttulo ou de formato, no so obras distintas da obra original, nem o so as reprodues de obra de arte, embora com diversas dimenses.

    Artigo 3. Obras equiparadas a originais

    1 So obras equiparadas a originais: a) As tradues, arranjos, instrumentaes, dramatizaes, cinematizaes e outras transformaes de qualquer obra, ainda que esta no seja objecto de proteco; b) Os sumrios e as compilaes de obras protegidas ou no, tais como selectas, enciclopdias e antologias que, pela escolha ou disposio das matrias, constituam criaes intelectuais; c) As compilaes sistemticas ou anotadas de textos de convenes, de leis, de regulamentos e de relatrios ou de decises administrativas, judiciais ou de quaisquer rgos ou autoridades do Estado ou da Administrao. 2 A proteco conferida a estas obras no prejudica os direitos reconhecidos aos autores da correspondente obra original.

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    Artigo 4.

    Ttulo da obra 1 A proteco da obra extensvel ao ttulo, independentemente de registo, desde que seja original e no possa confundir -se com o ttulo de qualquer outra obra do mesmo gnero de outro autor anteriormente divulgada ou publicada. 2 Considera -se que no satisfazem estes requisitos: a) Os ttulos consistentes em designao genrica, necessria ou usual do tema ou objecto de obras de certo gnero; b) Os ttulos exclusivamente constitudos por nomes de personagens histricas, histrico-dramticas ou literrias e mitolgicas ou por nomes de personalidades vivas. 3 O ttulo de obra no divulgada ou no publicada protegido se, satisfazendo os requisitos deste artigo, tiver sido registado juntamente com a obra.

    Artigo 5. Ttulo de jornal ou de qualquer outra publicao peridica

    1 O ttulo de jornal ou de qualquer outra publicao peridica protegido, enquanto a respectiva publicao se efectuar com regularidade, desde que devidamente inscrito na competente repartio de registo do departamento governamental com tutela sobre a comunicao social. 2 A utilizao do referido ttulo por publicao congnere s ser possvel um ano aps a extino do direito publicao, anunciado por qualquer modo, ou decorridos trs anos sobre a interrupo da publicao.

    Artigo 6. Obra publicada e obra divulgada

    1 A obra publicada a obra reproduzida com o consentimento do seu autor, qualquer que seja o modo de fabrico dos respectivos exemplares, desde que efectivamente postos disposio do pblico em termos que satisfaam razoavelmente as necessidades deste, tendo em considerao a natureza da obra. 2 No constitui publicao a utilizao ou divulgao de uma obra que no importe a sua reproduo nos termos do nmero anterior. 3 Obra divulgada a que foi licitamente trazida ao conhecimento do pblico por quaisquer meios, como sejam a representao de obra dramtica ou dramtico-musical, a exibio cinematogrfica, a execuo de obra musical, a recitao de obra literria, a transmisso ou a radiodifuso, a construo de obra de arquitectura ou de obra plstica nela incorporada e a exposio de qualquer obra artstica.

    Artigo 7. Excluso de proteco

    1 No constituem objecto de proteco: a) As notcias do dia e os relatos de acontecimentos diversos com carcter de simples informaes de qualquer modo divulgados; b) Os requerimentos, alegaes, queixas e outros textos apresentados por escrito ou oralmente perante autoridades ou servios pblicos; c) Os textos propostos e os discursos proferidos perante assembleias ou outros rgos colegiais, polticos e administrativos, de mbito nacional, regional ou local, ou em debates pblicos sobre assuntos de interesse comum; d) Os discursos polticos. 2 A reproduo integral, em separata, em colectnea ou noutra utilizao conjunta, de discursos, peas oratrias e demais textos referidos nas alneas c) e d) do n. 1 s pode ser feita pelo autor ou com o seu consentimento. 3 A utilizao por terceiro de obra referida no n. 1, quando livre, deve limitar-se ao exigido pelo fim a atingir com a sua divulgao. 4 No permitida a comunicao dos textos a que se refere a alnea b) do n. 1 quando esses textos forem por natureza confidenciais ou dela possa resultar prejuzo para a honra ou reputao do autor ou de qualquer outra pessoa, salvo deciso judicial em contrrio proferida em face de prova da existncia de interesse legtimo superior ao subjacente proibio.

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    Artigo 8. Compilaes e anotaes de textos oficiais

    1 Os textos compilados ou anotados a que se refere a alnea c) do n. 1 do artigo 3., bem como as suas tradues oficiais, no beneficiam de proteco. 2 Se os textos referidos no nmero anterior incorporarem obras protegidas, estas podero ser introduzidas sem o consentimento do autor e sem que tal lhe confira qualquer direito no mbito da actividade do servio pblico de que se trate.

    CAPTULO II - Do direito de autor

    SECO I - Do contedo do direito de autor

    Artigo 9. Contedo do direito de autor

    1 O direito de autor abrange direitos de carcter patrimonial e direitos de natureza pessoal, denominados direitos morais. 2 No exerccio dos direitos de carcter patrimonial o autor tem o direito exclusivo de dispor da sua obra e de fru-la e utiliz-la, ou autorizar a sua fruio ou utilizao por terceiro, total ou parcialmente. 3 Independentemente dos direitos patrimoniais, e mesmo depois da transmisso ou extino destes, o autor goza de direitos morais sobre a sua obra, designadamente o direito de reivindicar a respectiva paternidade e assegurar a sua genuinidade e integridade.

    Artigo 10. Suportes da obra

    1 O direito de autor sobre a obra como coisa incorprea independente do direito de propriedade sobre as coisas materiais que sirvam de suporte sua fixao ou comunicao. 2 O fabricante e o adquirente dos suportes referidos no nmero anterior no gozam de quaisquer poderes compreendidos no direito de autor.

    SECO II - Da atribuio do direito de autor

    Artigo 11. Titularidade

    O direito de autor pertence ao criador intelectual da obra, salvo disposio expressa em contrrio.

    Artigo 12. Reconhecimento do direito de autor

    O direito de autor reconhecido independentemente de registo, depsito ou qualquer outra formalidade.

    Artigo 13. Obra subsidiada

    Aquele que subsidie ou financie por qualquer forma, total ou parcialmente, a preparao, concluso, divulgao ou publicao de uma obra no adquire por esse facto sobre esta, salvo conveno escrita em contrrio, qualquer dos poderes includos no direito de autor.

    Artigo 14. Determinao da titularidade em casos excepcionais

    1 Sem prejuzo do disposto no artigo 174., a titularidade do direito de autor relativo a obra feita por encomenda ou por conta de outrem, quer em cumprimento de dever funcional quer de contrato de trabalho, determina-se de harmonia com o que tiver sido convencionado. 2 Na falta de conveno, presume -se que a titularidade do direito de autor relativo a obra feita por conta de outrem pertence ao seu criador intelectual.

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    3 A circunstncia de o nome do criador da obra no vir mencionado nesta ou no figurar no local destinado para o efeito segundo o uso universal constitui presuno de que o direito de autor fica a pertencer entidade por conta de quem a obra feita. 4 Ainda quando a titularidade do contedo patrimonial do direito de autor pertena quele para quem a obra realizada, o seu criador intelectual pode exigir, para alm da remunerao ajustada e independentemente do prprio facto da divulgao ou publicao, uma remunerao especial: a) Quando a criao intelectual exceda claramente o desempenho, ainda que zeloso, da funo ou tarefa que lhe estava confiada; b) Quando da obra vierem a fazer -se utilizaes ou a retirar -se vantagens no includas nem previstas na fixao da remunerao ajustada.

    Artigo 15. Limites utilizao

    1 Nos casos dos artigos 13. e 14., quando o direito de autor pertena ao criador intelectual, a obra apenas pode ser utilizada para os fins previstos na respectiva conveno. 2 A faculdade de introduzir modificaes na obra depende do acordo expresso do seu criador e s pode exercer -se nos termos convencionados. 3 O criador intelectual no pode fazer utilizao da obra que prejudique a obteno dos fins para que foi produzida.

    Artigo 16. Noo de obra feita em colaborao e de obra colectiva

    1 A obra que for criao de uma pluralidade de pessoas denomina -se: a) Obra feita em colaborao, quando divulgada ou publicada em nome dos colaboradores ou de algum deles, quer possam discriminar -se quer no os contributos individuais; b) Obra colectiva, quando organizada por iniciativa de entidade singular ou colectiva e divulgada ou publicada em seu nome.2 A obra de arte aleatria em que a contribuio criativa do ou dos intrpretes se ache originariamente prevista considera-se obra feita em colaborao.

    Artigo 17. Obra feita em colaborao

    1 O direito de autor de obra feita em colaborao, na sua unidade, pertence a todos os que nela tiverem colaborado, aplicando -se ao exerccio comum desse direito as regras de compropriedade. 2 Salvo estipulao em contrrio, que deve ser sempre reduzida a escrito, consideram -se de valor igual s partes indivisas dos autores na obra feita em colaborao. 3 Se a obra feita em colaborao for divulgada ou publicada apenas em nome de algum ou alguns dos colaboradores, presume -se, na falta de designao explcita dos demais em qualquer parte da obra, que os no designados cederam os seus direitos quele ou queles em nome de quem a divulgao ou publicao feita. 4 No se consideram colaboradores e no participam, portanto, dos direitos de autor sobre a obra aqueles que tiverem simplesmente auxiliado o autor na produo e divulgao ou publicao desta, seja qual for o modo por que o tiverem feito.

    Artigo 18.

    Direitos individuais dos autores de obra feita em colaborao 1 Qualquer dos autores pode solicitar a divulgao, a publicao, a explorao ou a modificao de obra feita em colaborao, sendo, em caso de divergncia, a questo resolvida segundo as regras da boa f. 2 Qualquer dos autores pode, sem prejuzo da explorao em comum de obra feita em colaborao, exercer individualmente os direitos relativos sua contribuio pessoal, quando esta possa discriminar -se.

    Artigo 19. Obra colectiva

    1 O direito de autor sobre obra colectiva atribudo entidade singular ou colectiva que tiver organizado e dirigido a sua criao e em nome de quem tiver sido divulgada ou publicada.

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    2 Se, porm, no conjunto da obra colectiva for possvel discriminar a produo pessoal de algum ou alguns colaboradores, aplicar-se -, relativamente aos direitos sobre essa produo pessoal, o preceituado quanto obra feita em colaborao. 3 Os jornais e outras publicaes peridicas presumem -se obras colectivas, pertencendo s respectivas empresas o direito de autor sobre as mesmas.

    Artigo 20. Obra compsita

    1 Considera -se obra compsita aquela em que se incorpora, no todo ou em parte, uma obra preexistente, com autorizao, mas sem a colaborao do autor desta. 2 Ao autor de obra compsita pertencem exclusivamente os direitos relativos mesma, sem prejuzo dos direitos do autor da obra preexistente.

    Artigo 21. Obra radiodifundida

    1 Entende -se por obra radiodifundida a que foi criada segundo as condies especiais da utilizao pela radiodifuso sonora ou visual e, bem assim, as adaptaes a esses meios de comunicao de obras originariamente criadas para outra forma de utilizao. 2 Consideram -se co-autores da obra radiodifundida, como obra feita em colaborao, os autores do texto, da msica e da respectiva realizao, bem como da adaptao se no se tratar de obra inicialmente produzida para a comunicao audiovisual. 3 Aplica -se autoria da obra radiodifundida, com as necessrias adaptaes, o disposto nos artigos seguintes quanto obra cinematogrfica.

    Artigo 22. Obra cinematogrfica

    1 Consideram -se co-autores da obra cinematogrfica: a) O realizador; b) O autor do argumento, dos dilogos, se for pessoa diferente, e o da banda musical. 2 Quando se trate de adaptao de obra no composta expressamente para o cinema, consideram -se tambm co-autores os autores da adaptao e dos dilogos.

    Artigo 23. Utilizao de outras obras na obra cinematogrfica

    Aos direitos dos criadores que no sejam considerados co-autores, nos termos do artigo 22., aplicvel o disposto no artigo 20.

    Artigo 24. Obra fonogrfica ou videogrfica

    Consideram-se autores da obra fonogrfica ou videogrfica os autores do texto ou da msica fixada e ainda, no segundo caso, o realizador.

    Artigo 25. Obra de arquitectura, urbanismo e design

    Autor de obra de arquitectura, de urbanismo ou de design o criador da sua concepo global e respectivo projecto.

    Artigo 26. Colaboradores tcnicos

    Sem prejuzo dos direitos conexos de que possam ser titulares, as pessoas singulares ou colectivas intervenientes a ttulo de colaboradores, agentes tcnicos, desenhadores, construtores ou outro semelhante na produo e divulgao das obras a que se referem os artigos 21. e seguintes no podem invocar relativamente a estas quaisquer poderes includos no direito de autor.

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    CAPTULO III - Do autor e do nome literrio ou artstico

    Artigo 27. Paternidade da obra

    1 Salvo disposio em contrrio, autor o criador intelectual da obra. 2 Presume -se autor aquele cujo nome tiver sido indicado como tal na obra, conforme o uso consagrado, ou anunciado em qualquer forma de utilizao ou comunicao ao pblico. 3 Salvo disposio em contrrio, a referncia ao autor abrange o sucessor e o transmissrio dos respectivos direitos.

    Artigo 28. Identificao do autor

    O autor pode identificar -se pelo nome prprio, completo ou abreviado, as iniciais deste, um pseudnimo ou qualquer sinal convencional.

    Artigo 29. Proteco do nome

    1 No permitida a utilizao de nome literrio, artstico ou cientfico susceptvel de ser confundido com outro anteriormente usado em obra divulgada ou publicada, ainda que de gnero diverso, nem com nome de personagem clebre da histria das letras, das artes ou das cincias. 2 Se o autor for parente ou afim de outro anteriormente conhecido por nome idntico, pode a distino fazer -se juntando ao nome civil aditamento indicativo do parentesco ou afinidade. 3 Ningum pode usar em obra sua o nome de outro autor, ainda que com autorizao deste. 4 O lesado pelo uso de nome em contraveno do disposto nos nmeros anteriores pode requerer as providncias judiciais adequadas a evitar a confuso do pblico sobre o verdadeiro autor, incluindo a cessao de tal uso.

    Artigo 30. Obra de autor annimo

    1 Aquele que divulgar ou publicar uma obra com o consentimento do autor, sob nome que no revele a identidade deste ou anonimamente, considera -se representante do autor, incumbindo-lhe o dever de defender perante terceiros os respectivos direitos, salvo manifestao de vontade em contrrio por parte do autor. 2 O autor pode a todo o tempo revelar a sua identidade e a autoria da obra, cessando a partir desse momento os poderes de representao referidos no nmero precedente.

    CAPTULO IV - Da durao

    Artigo 31. Regra geral

    O direito de autor caduca, na falta de disposio especial, 70 anos aps a morte do criador intelectual, mesmo que a obra s tenha sido publicada ou divulgada postumamente.

    Artigo 32. Obra de colaborao e obra colectiva

    1 O direito de autor sobre obra feita em colaborao, como tal, caduca 70 anos aps a morte do colaborador que falecer em ltimo lugar. 2 O direito de autor sobre obra colectiva ou originariamente atribuda a pessoa colectiva caduca 70 anos aps a primeira publicao ou divulgao lcitas, salvo se as pessoas fsicas que a criaram foram identificadas nas verses da obra tornadas acessveis ao pblico. 3 A durao do direito de autor atribudo individualmente aos colaboradores de obra colectiva, em relao s respectivas contribuies que possam discriminar-se, a que se estabelece no artigo 31.

    Artigo 33. Obra annima e equiparada

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    1 A durao da proteco de obra annima ou licitamente publicada ou divulgada sem identificao do autor de 70 anos aps a publicao ou divulgao. 2 Se a utilizao de nome, que no o prprio, no deixar dvidas quanto identidade do autor ou se este a revelar dentro do prazo referido no nmero anterior, a durao da proteco ser a dispensada obra publicada ou divulgada sob nome prprio.

    Artigo 34. Obra cinematogrfica ou audiovisual

    O direito de autor sobre obra cinematogrfica ou qualquer outra obra audiovisual, caduca 70 anos aps a morte do ltimo sobrevivente de entre as pessoas seguintes: a) O realizador; b) O autor do argumento ou da adaptao; c) O autor dos dilogos; d) O autor das composies musicais especialmente criadas para a obra.

    Artigo 35. Obra publicada ou divulgada em partes

    1 Se as diferentes partes, volumes ou episdios de uma obra no forem publicados ou divulgados simultaneamente, os prazos de proteco legal contam -se separadamente para cada parte, volume ou episdio. 2 Aplica-se o mesmo princpio aos nmeros ou fascculos de obras colectivas de publicao peridica, tais como jornais ou publicaes similares.

    Artigo 36. Programa de computador

    1 O direito atribudo ao criador intelectual sobre a criao do programa extingue -se 70 anos aps a sua morte. 2 Se o direito for atribudo originariamente a pessoa diferente do criador intelectual, o direito extingue-se 70 anos aps a data em que o programa foi pela primeira vez licitamente publicado ou divulgado.

    Artigo 37. Obra estrangeira

    As obras que tiverem como pas de origem um pas estrangeiro no pertencente Unio Europeia e cujo autor no seja nacional de um pas da Unio gozam da durao de proteco prevista na lei do pas de origem, se no exceder a fixada nos artigos precedentes.

    Artigo 38. Domnio pblico

    1 A obra cai no domnio pblico quando tiverem decorrido os prazos de proteco estabelecidos neste diploma. 2 Cai igualmente no domnio pblico a obra que no for licitamente publicada ou divulgada no prazo de 70 anos a contar da sua criao, quando esse prazo no seja calculado a partir da morte do autor.

    Artigo 39. Obras no domnio pblico

    1 Quem fizer publicar ou divulgar licitamente, aps a caducidade do direito de autor, uma obra indita beneficia durante 25 anos a contar da publicao ou divulgao de proteco equivalente resultante dos direitos patrimoniais do autor. 2 As publicaes crticas e cientficas de obras cadas no domnio pblico beneficiam de proteco durante 25 anos a contar da primeira publicao lcita.

    CAPTULO V - Da transmisso e onerao do contedo patrimonial do direito de autor

    Artigo 40. Disponibilidade dos poderes patrimoniais

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    O titular originrio, bem como os seus sucessores ou transmissrios, podem: a) Autorizar a utilizao da obra por terceiro; b) Transmitir ou onerar, no todo ou em parte, o contedo patrimonial do direito de autor sobre essa obra.

    Artigo 41. Regime da autorizao

    1 A simples autorizao concedida a terceiros para divulgar, publicar, utilizar ou explorar a obra por qualquer processo no implica transmisso do direito de autor sobre ela. 2 A autorizao a que se refere o nmero anterior s pode ser concedida por escrito, presumindo -se a sua onerosidade e carcter no exclusivo. 3 Da autorizao escrita devem constar obrigatria e especificadamente a forma autorizada de divulgao, publicao e utilizao, bem como as respectivas condies de tempo, lugar e preo.

    Artigo 42. Limites da transmisso e da onerao

    No podem ser objecto de transmisso nem onerao, voluntrias ou foradas, os poderes concedidos para tutela dos direitos morais nem quaisquer outros excludos por lei.

    Artigo 43. Transmisso ou onerao parciais

    1 A transmisso ou onerao parciais tm por mero objecto os modos de utilizao designados no acto que as determina. 2 Os contractos que tenham por objecto a transmisso ou onerao parciais do direito de autor devem constar de documento escrito com reconhecimento notarial das assinaturas, sob pena de nulidade. 3 No ttulo devem determinar -se as faculdades que so objecto de disposio e as condies de exerccio, designadamente quanto ao tempo e quanto ao lugar e, se o negcio for oneroso, quanto ao preo. 4 Se a transmisso ou onerao forem transitrias e no se tiver estabelecido durao, presume -se que a vigncia mxima de 25 anos em geral e de 10 anos nos casos de obra fotogrfica ou de arte aplicada.5 O exclusivo outorgado caduca, porm, se, decorrido o prazo de sete anos, a obra no tiver sido utilizada.

    Artigo 44. Transmisso total

    A transmisso total e definitiva do contedo patrimonial do direito de autor s pode ser efectuada por escritura pblica, com identificao da obra e indicao do preo respectivo, sob pena de nulidade.

    Artigo 45. Usufruto

    1 O direito de autor pode ser objecto de usufruto, tanto legal como voluntrio. 2 Salvo declarao em contrrio, s com autorizao do titular do direito de autor pode o usufruturio utilizar a obra objecto do usufruto por qualquer forma que envolva transformao ou modificao desta.

    Artigo 46. Penhor

    1 O contedo patrimonial do direito de autor pode ser dado em penhor. 2 Em caso de execuo, recair especificamente sobre o direito ou direitos que o devedor tiver oferecido em garantia relativamente obra ou obras indicadas. 3 O credor pignoratcio no adquire quaisquer direitos quanto aos suportes materiais da obra.

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    Artigo 47. Penhora e arresto

    1 - Os direitos patrimoniais do autor sobre todas ou algumas das suas obras podem ser objecto de penhora ou arresto, observando -se relativamente arrematao em execuo o disposto no artigo 46.quanto venda do penhor. 2 Em caso de penhora do direito patrimonial do criador da obra, aplica-se o regime fixado no Cdigo de Processo Civil na parte relativa penhora de vencimentos, salrios ou prestaes de natureza semelhante.

    Artigo 48. Disposio antecipada do direito de autor

    1 A transmisso ou onerao do direito de autor sobre obra futura s pode abranger as que o autor vier a produzir no prazo mximo de 10 anos. 2 Se o contrato visar obras produzidas em prazo mais dilatado, considerar -se - reduzido aos limites do nmero anterior, diminuindo proporcionalmente a remunerao estipulada. 3 nulo o contrato de transmisso ou onerao de obras futuras sem prazo limitado.

    Artigo 49. Compensao suplementar

    1 Se o criador intelectual ou os seus sucessores, tendo transmitido ou onerado o seu direito de explorao a ttulo oneroso, sofrerem grave leso patrimonial por manifesta desproporo entre os seus proventos e os lucros auferidos pelo beneficirio daqueles actos, podem reclamar deste uma compensao suplementar, que incidir sobre os resultados da explorao. 2 Na falta de acordo, a compensao suplementar a que se refere o nmero anterior ser fixada tendo em conta os resultados normais da explorao do conjunto das obras congneres do autor. 3 Se o preo da transmisso ou onerao do direito de autor tiver sido fixado sob forma de participao nos proventos que da explorao retirar o beneficirio, o direito compensao suplementar s subsiste no caso de a percentagem estabelecida ser manifestamente inferior quelas que correntemente se praticam em transaces da mesma natureza. 4 O direito de compensao caduca se no for exercido no prazo de dois anos a contar do conhecimento da grave leso patrimonial sofrida.

    Artigo 50. Penhora e arresto de obra indita ou incompleta

    1 Quando incompletos, so isentos de penhora e arresto, salvo oferecimento ou consentimento do autor, manuscritos inditos esboos, desenhos, telas ou esculturas, tenham ou no assinatura. 2 Se, porm, o autor tiver revelado por actos inequvocos o seu propsito de divulgar ou publicar os trabalhos referidos, pode o credor obter penhora ou arresto sobre o correspondente direito de autor.

    Artigo 51. Direito de autor includo em herana vaga

    1 Se estiver includo direito de autor em herana que for declarada vaga para o Estado, tal direito ser excludo da liquidao, sendo -lhe no entanto aplicvel o regime estabelecido no n. 3 do artigo 1133. do Cdigo de Processo Civil. 2 Decorridos 10 anos sobre a data da vacatura da herana sem que o Estado tenha utilizado ou autorizado a utilizao da obra, cair esta no domnio pblico. 3 Se, por morte de algum dos autores de obra feita em colaborao, a sua herana dever ser devolvida ao Estado, o direito de autor sobre a obra na sua unidade ficar pertencendo apenas aos restantes.

    Artigo 52. Reedio de obra esgotada

    1 Se o titular de direito de reedio se recusar a exerc-lo ou a autorizar a reedio depois de esgotadas as edies feitas, poder qualquer interessado, incluindo o Estado, requerer autorizao judicial para proceder reedio da obra.

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    2 A autorizao judicial ser concedida se houver interesse pblico na reedio da obra e a recusa se no fundar em razo moral ou material atendvel, excludas as de ordem financeira. 3 O titular do direito de edio no ficar privado deste, podendo fazer ou autorizar futuras edies. 4 As disposies deste artigo so aplicveis, com as necessrias adaptaes, a todas as formas de reproduo se o transmissrio do direito sobre qualquer obra j divulgada ou publicada no assegurar a satisfao das necessidades razoveis do pblico.

    Artigo 53. Processo

    1 A autorizao judicial ser dada nos termos do processo de suprimento do consentimento e indicar o nmero de exemplares a editar. 2 Da deciso cabe recurso, com efeito suspensivo, para a Relao, que resolver em definitivo.

    Artigo 54. Direito de sequncia

    1 O autor de uma obra de arte original que no seja de arquitectura nem de arte aplicada tem direito a uma participao sobre o preo obtido, livre de impostos, pela venda dessa obra, realizada mediante a interveno de qualquer agente que actue profissional e estavelmente no mercado de arte, aps a sua alienao inicial por aquele. 2 Para o efeito do disposto no nmero anterior, entende -se por obra de arte original qualquer obra de arte grfica ou plstica, tal como quadros, colagens, pinturas, desenhos, serigrafias, gravuras, estampas, litografias, esculturas, tapearias, cermicas, vidros e fotografias, na medida em que seja executada pelo autor ou se trate de cpias consideradas como obras de arte originais, devendo estas ser numeradas, assinadas ou por qualquer modo por ele autorizadas. 3 O direito referido no n. 1 inalienvel e irrenuncivel. 4 A participao sobre o preo prevista no n. 1 fixada do seguinte modo: a) 4 % sobre o preo de venda cujo montante esteja compreendido entre 3000 e 50 000; b) 3 % sobre o preo de venda cujo montante esteja compreendido entre 50 000,01 e 200 000; c) 1 % sobre o preo de venda cujo montante esteja compreendido entre 200 000,01 e 350 000; d) 0,5 % sobre o preo de venda cujo montante esteja compreendido entre 350 000,01 e 500 000; e) 0,25 % sobre o preo de venda cujo montante seja superior a 500 000,01. 5 O montante total da participao em cada transaco no pode exceder 12 500. 6 Exceptua -se do disposto nos nmeros anteriores toda e qualquer transaco de obra de arte original que se destine a integrar o patrimnio de um museu sem fins lucrativos e aberto ao pblico. 7 O pagamento da participao devida ao autor da responsabilidade do vendedor da obra de arte original e, subsidiariamente, da entidade actuante no mercado de arte atravs da qual se operou a transaco. 8 O autor ou o seu mandatrio, em ordem a garantir o cumprimento do seu direito de participao, pode reclamar a qualquer interveniente na transaco da obra de arte original as informaes estritamente teis ao referido efeito, usando, se necessrio, os meios administrativos e judiciais adequados. 9 O direito a reclamar as informaes referidas no nmero anterior prescreve no prazo de trs anos a contar do conhecimento de cada transaco. 10 O direito referido no n. 1 pode ser exercido aps a morte do autor pelos herdeiros deste at caducidade do direito de autor. 11 A atribuio deste direito a nacionais de pases no comunitrios est sujeita ao princpio da reciprocidade.

    Artigo 55. Usucapio

    O direito de autor no pode adquirir -se por usucapio.

    CAPTULO VI - Dos direitos morais

    Artigo 56. Definio

    1 Independentemente dos direitos de carcter patrimonial e ainda que os tenha alienado ou onerado, o autor goza durante toda a vida do direito de reivindicar a paternidade da obra e de assegurar a genuinidade e integridade

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    desta, opondo-se sua destruio, a toda e qualquer mutilao, deformao ou outra modificao da mesma e, de um modo geral, a todo e qualquer acto que a desvirtue e possa afectar a honra e reputao do autor. 2 Este direito inalienvel, irrenuncivel e imprescritvel, perpetuando-se, aps a morte do autor, nos termos do artigo seguinte.

    Artigo 57. Exerccio

    1 Por morte do autor, enquanto a obra no cair no domnio pblico, o exerccio destes direitos compete aos seus sucessores. 2 A defesa da genuinidade e integridade das obras cadas no domnio pblico compete ao Estado e exercida atravs do Ministrio da Cultura. 3 Falecido o autor, pode o Ministrio da Cultura avocar a si, e assegur-la pelos meios adequados, a defesa das obras ainda no cadas no domnio pblico que se encontrem ameaadas na sua autenticidade ou dignidade cultural, quando os titulares do direito de autor, notificados para o exercer, se tiverem abstido sem motivo atendvel.

    Artigo 58. Reproduo da obra ne varietur

    Quando o autor tiver revisto toda a sua obra, ou parte dela, e efectuado ou autorizado a respectiva divulgao ou publicao ne varietur, no poder a mesma ser reproduzida pelos seus sucessores ou por terceiros em qualquer das verses anteriores.

    Artigo 59. Modificaes da obra

    1 No so admitidas modificaes da obra sem o consentimento do autor, mesmo naqueles casos em que, sem esse consentimento, a utilizao da obra seja lcita. 2 Tratando -se de colectneas destinadas ao ensino, so permitidas as modificaes que a finalidade reclama, sob condio de no se lhes opor o autor nos termos do nmero seguinte. 3 Solicitado por carta registada com aviso de recepo o consentimento do autor, dispe este, para manifestar a sua posio, do prazo de um ms a contar da data do registo.

    Artigo 60. Modificaes do projecto arquitectnico

    1 O autor de projecto de arquitectura ou de obra plstica executada por outrem e incorporada em obra de arquitectura tem o direito de fiscalizar a sua construo ou execuo em todas as fases e pormenores, de maneira a assegurar a exacta conformidade da obra com o projecto de que autor. 2 Quando edificada segundo projecto, no pode o dono da obra, durante a construo nem aps a concluso, introduzir nela alteraes sem consulta prvia ao autor do projecto, sob pena de indemnizao por perdas e danos. 3 No havendo acordo, pode o autor repudiar a paternidade da obra modificada, ficando vedado ao proprietrio invocar para o futuro, em proveito prprio, o nome do autor do projecto inicial.

    Artigo 61. Direitos morais no caso de penhora

    1 Se o arrematante do direito de autor sobre obra penhorada e publicada promover a publicao desta, o direito de reviso das provas e correco da obra e, em geral, os direitos morais no so afectados. 2 Se, na hiptese prevista no nmero anterior, o autor retiver as provas sem justificao por prazo superior a 60 dias, a impresso poder prosseguir sem a sua reviso.

    Artigo 62. Direito de retirada

    O autor de obra divulgada ou publicada poder retir-la a todo o tempo da circulao e fazer cessar a respectiva utilizao, sejam quais forem as modalidades desta, contanto que tenha razes morais atendveis, mas dever indemnizar os interessados pelos prejuzos que a retirada lhes causar.

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    CAPTULO VII - Do regime internacional

    Artigo 63. Competncia da ordem jurdica portuguesa

    A ordem jurdica portuguesa em exclusivo a competente para determinar a proteco a atribuir a uma obra, sem prejuzo das convenes internacionais ratificadas ou aprovadas.

    Artigo 64. Proteco de obras estrangeiras

    As obras de autores estrangeiros ou que tiverem como pas de origem um pas estrangeiro beneficiam de proteco conferida pela lei portuguesa, sob reserva de reciprocidade, salvo conveno internacional em contrrio a que o Estado Portugus esteja vinculado.

    Artigo 65. Pas de origem de obra publicada

    1 A obra publicada tem como pas de origem o pas da primeira publicao. 2 Se a obra tiver sido publicada simultaneamente em vrios pases que concedam durao diversa ao direito de autor, considera -se como pas de origem, na falta de tratado ou acordo internacional aplicvel, aquele que conceder menor durao de proteco.3 Considera -se publicada simultaneamente em vrios pases a obra publicada em dois ou mais pases dentro de 30 dias a contar da primeira publicao, incluindo esta.

    Artigo 66. Pas de origem de obra no publicada

    1 Relativamente s obras no publicadas, considera--se pas de origem aquele a que pertence o autor. 2 Todavia, quanto s obras de arquitectura e de artes grficas ou plsticas incorporadas num imvel, considera--se pas de origem aquele em que essas obras forem edificadas ou incorporadas numa construo.

    TTULO II -Da utilizao da obra

    CAPTULO I - Disposies gerais

    SECO I - Das modalidades de utilizao

    Artigo 67. Fruio e utilizao

    1 O autor tem o direito exclusivo de fruir e utilizar a obra, no todo ou em parte, no que se compreendem, nomeadamente, as faculdades de a divulgar, publicar e explorar economicamente por qualquer forma, directa ou indirectamente, nos limites da lei. 2 A garantia das vantagens patrimoniais resultantes dessa explorao constitui, do ponto de vista econmico, o objecto fundamental da proteco legal.

    Artigo 68. Formas de utilizao

    1 A explorao e, em geral, a utilizao da obra podem fazer -se, segundo a sua espcie e natureza, por qualquer dos modos actualmente conhecidos ou que de futuro o venham a ser. 2 Assiste ao autor, entre outros, o direito exclusivo de fazer ou autorizar, por si ou pelos seus representantes: a) A publicao pela imprensa ou por qualquer outro meio de reproduo grfica; b) A representao, recitao, execuo, exibio ou exposio em pblico; c) A reproduo, adaptao, representao, execuo, distribuio e exibio cinematogrficas; d) A fixao ou adaptao a qualquer aparelho destinado reproduo mecnica, elctrica, electrnica ou qumica e a execuo pblica, transmisso ou retransmisso por esses meios; e) A difuso pela fotografia, telefotografia, televiso, radiofonia ou por qualquer outro processo de reproduo de sinais, sons ou imagens e a comunicao pblica por altifalantes ou instrumentos anlogos, por fios ou sem fios,

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    nomeadamente por ondas hertzianas, fibras pticas, cabo ou satlite, quando essa comunicao for feita por outro organismo que no o de origem; f) Qualquer forma de distribuio do original ou de cpias da obra, tal como venda, aluguer ou comodato; g) A traduo, adaptao, arranjo, instrumentao ou qualquer outra transformao da obra; h) Qualquer utilizao em obra diferente; i) A reproduo directa ou indirecta, temporria ou permanente, por quaisquer meios e sob qualquer forma, no todo ou em parte; j) A colocao disposio do pblico, por fio ou sem fio, da obra por forma a torn-la acessvel a qualquer pessoa a partir do local e no momento por ela escolhido; l) A construo de obra de arquitectura segundo o projecto, quer haja ou no repeties. 3 Pertence em exclusivo ao titular do direito de autor a faculdade de escolher livremente os processos e as condies de utilizao e explorao da obra. 4 As diversas formas de utilizao da obra so independentes umas das outras e a adopo de qualquer delas pelo autor ou pessoa habilitada no prejudica a adopo das restantes pelo autor ou terceiros. 5 Os actos de disposio lcitos, mediante a primeira venda ou por outro meio de transferncia de propriedade, esgotam o direito de distribuio do original ou de cpias, enquanto exemplares tangveis, de uma obra na Unio Europeia.

    Artigo 69. Autor incapaz

    O criador intelectual incapaz pode exercer os direitos morais desde que tenha para tanto entendimento natural.

    Artigo 70. Obras pstumas

    1 Cabe aos sucessores do autor decidir sobre a utilizao das obras deste ainda no divulgadas nem publicadas. 2 Os sucessores que divulgarem ou publicarem uma obra pstuma tero em relao a ela os mesmos direitos que lhe caberiam se o autor a tivesse divulgado ou publicado em vida. 3 Se os sucessores no utilizarem a obra dentro de 25 anos a contar da morte do autor, salvo em caso de impossibilidade ou de demora na divulgao ou publicao por ponderosos motivos de ordem moral, que podero ser apreciados judicialmente, no podem aqueles opor-se divulgao ou publicao da obra, sem prejuzo dos direitos previstos no nmero anterior.

    Artigo 71. Faculdade legal de traduo

    A faculdade legal de utilizao de uma obra sem prvio consentimento do autor implica a faculdade de a traduzir ou transformar por qualquer modo, na medida necessria para essa utilizao.

    SECO II - Da gesto do direito de autor

    Artigo 72. Poderes de gesto

    Os poderes relativos gesto do direito de autor podem ser exercidos pelo seu titular ou por intermdio de representante deste devidamente habilitado.

    Artigo 73. Representantes do autor

    1 As associaes e organismos nacionais ou estrangeiros constitudos para gesto do direito de autor desempenham essa funo como representantes dos respectivos titulares, resultando a representao da simples qualidade de scio ou aderente ou da inscrio como beneficirio dos respectivos servios. 2 As associaes ou organismos referidos no n. 1 tm capacidade judiciria para intervir civil e criminalmente em defesa dos interesses e direitos legtimos dos seus representados em matria de direito de autor, sem prejuzo da interveno de mandatrio expressamente constitudo pelos interessados.

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    Artigo 74. Registo de representao

    1 O exerccio de representao a que se refere o artigo anterior, expressamente conferido ou resultante das qualidades nele mencionadas, depende de registo na Inspeco-Geral das Actividades Culturais. 2 A inscrio no registo faz -se mediante requerimento do representante, acompanhado de documento comprovativo da representao, podendo ser exigida traduo, se estiver redigido em lngua estrangeira. 3 As taxas devidas pelos registos a que este artigo se refere e respectivos certificados so as que constam da tabela anexa a este Cdigo e que dele faz parte integrante.

    CAPTULO II - Da utilizao livre

    Artigo 75. mbito

    1 So excludos do direito de reproduo os actos de reproduo temporria que sejam transitrios, episdicos ou acessrios, que constituam parte integrante e essencial de um processo tecnolgico e cujo nico objectivo seja permitir uma transmisso numa rede entre terceiros por parte de um intermedirio, ou uma utilizao legtima de uma obra protegida e que no tenham, em si, significado econmico, incluindo, na medida em que cumpram as condies expostas, os actos que possibilitam a navegao em redes e a armazenagem temporria, bem como os que permitem o funcionamento eficaz dos sistemas de transmisso, desde que o intermedirio no altere o contedo da transmisso e no interfira com a legtima utilizao da tecnologia conforme os bons usos reconhecidos pelo mercado, para obter dados sobre a utilizao da informao, e em geral os processos meramente tecnolgicos de transmisso. 2 So lcitas, sem o consentimento do autor, as seguintes utilizaes da obra: a) A reproduo de obra, para fins exclusivamente privados, em papel ou suporte similar, realizada atravs de qualquer tipo de tcnica fotogrfica ou processo com resultados semelhantes, com excepo das partituras, bem como a reproduo em qualquer meio realizada por pessoa singular para uso privado e sem fins comerciais directos ou indirectos; b) A reproduo e a colocao disposio do pblico, pelos meios de comunicao social, para fins de informao, de discursos, alocues e conferncias pronunciadas em pblico que no entrem nas categorias previstas no artigo 7., por extracto ou em forma de resumo; c) A seleco regular de artigos de imprensa peridica, sob forma de revista de imprensa; d) A fixao, reproduo e comunicao pblica, por quaisquer meios, de fragmentos de obras literrias ou artsticas, quando a sua incluso em relatos de acontecimentos de actualidade for justificada pelo fim de informao prosseguido; e) A reproduo, no todo ou em parte, de uma obra que tenha sido previamente tornada acessvel ao pblico, desde que tal reproduo seja realizada por uma biblioteca pblica, um arquivo pblico, um museu pblico, um centro de documentao no comercial ou uma instituio cientfica ou de ensino, e que essa reproduo e o respectivo nmero de exemplares se no destinem ao pblico, se limitem s necessidades das actividades prprias dessas instituies e no tenham por objectivo a obteno de uma vantagem econmica ou comercial, directa ou indirecta, incluindo os actos de reproduo necessrios preservao e arquivo de quaisquer obras; f) A reproduo, distribuio e disponibilizao pblica para fins de ensino e educao, de partes de uma obra publicada, contando que se destinem exclusivamente aos objectivos do ensino nesses estabelecimentos e no tenham por objectivo a obteno de uma vantagem econmica ou comercial, directa ou indirecta; g) A insero de citaes ou resumos de obras alheias, quaisquer que sejam o seu gnero e natureza, em apoio das prprias doutrinas ou com fins de crtica, discusso ou ensino, e na medida justificada pelo objectivo a atingir; h) A incluso de peas curtas ou fragmentos de obras alheias em obras prprias destinadas ao ensino; i) A reproduo, a comunicao pblica e a colocao disposio do pblico a favor de pessoas com deficincia de obra que esteja directamente relacionada e na medida estritamente exigida por essas especficas deficincias e desde que no tenham, directa ou indirectamente, fins lucrativos; j) A execuo e comunicao pblicas de hinos ou de cantos patriticos oficialmente adoptados e de obras de carcter exclusivamente religioso durante os actos de culto ou as prticas religiosas; l) A utilizao de obra para efeitos de publicidade relacionada com a exibio pblica ou venda de obras artsticas, na medida em que tal seja necessrio para promover o acontecimento, com excluso de qualquer outra utilizao comercial;

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    m) A reproduo, comunicao ao pblico ou colocao disposio do pblico, de artigos de actualidade, de discusso econmica, poltica ou religiosa, de obras radiodifundidas ou de outros materiais da mesma natureza, se no tiver sido expressamente reservada; n) A utilizao de obra para efeitos de segurana pblica ou para assegurar o bom desenrolar ou o relato de processos administrativos, parlamentares ou judiciais; o) A comunicao ou colocao disposio de pblico, para efeitos de investigao ou estudos pessoais, a membros individuais do pblico por terminais destinados para o efeito nas instalaes de bibliotecas, museus, arquivos pblicos e escolas, de obras protegidas no sujeitas a condies de compra ou licenciamento, e que integrem as suas coleces ou acervos de bens; p) A reproduo de obra, efectuada por instituies sociais sem fins lucrativos, tais como hospitais e prises, quando a mesma seja transmitida por radiodifuso; q) A utilizao de obras, como, por exemplo, obras de arquitectura ou escultura, feitas para serem mantidas permanentemente em locais pblicos; r) A incluso episdica de uma obra ou outro material protegido noutro material; s) A utilizao de obra relacionada com a demonstrao ou reparao de equipamentos; t) A utilizao de uma obra artstica sob a forma de um edifcio, de um desenho ou planta de um edifcio para efeitos da sua reconstruo ou reparao. 3 tambm lcita a distribuio dos exemplares licitamente reproduzidos, na medida justificada pelo objectivo do acto de reproduo. 4 Os modos de exerccio das utilizaes previstas nos nmeros anteriores no devem atingir a explorao normal da obra, nem causar prejuzo injustificado dos interesses legtimos do autor. 5 nula toda e qualquer clusula contratual que vise eliminar ou impedir o exerccio normal pelos beneficirios das utilizaes enunciadas nos n.os 1, 2 e 3 deste artigo, sem prejuzo da possibilidade de as partes acordarem livremente nas respectivas formas de exerccio, designadamente no respeitante aos montantes das remuneraes equitativas.

    Artigo 76. Requisitos

    1 A utilizao livre a que se refere o artigo anterior deve ser acompanhada: a) Da indicao, sempre que possvel, do nome do autor e do editor, do ttulo da obra e demais circunstncias que os identifiquem; b) Nos casos das alneas a) e e) do n. 2 do artigo anterior, de uma remunerao equitativa a atribuir ao autor e, no mbito analgico, ao editor pela entidade que tiver procedido reproduo; c) No caso da alnea h) do n. 2 do artigo anterior, de uma remunerao equitativa a atribuir ao autor e ao editor; d) No caso da alnea p) do n. 2 do artigo anterior, de uma remunerao equitativa a atribuir aos titulares de direitos. 2 As obras reproduzidas ou citadas, nos casos das alneas b), d), e), f), g) e h) do n. 2 do artigo anterior, no se devem confundir com a obra de quem as utilize, nem a reproduo ou citao podem ser to extensas que prejudiquem o interesse por aquelas obras. 3 S o autor tem o direito de reunir em volume as obras a que se refere a alnea b) do n. 2 do artigo anterior.

    Artigo 77. Comentrios, anotaes e polmicas

    1 No permitida a reproduo de obra alheia sem autorizao do autor sob pretexto de a comentar ou anotar, sendo, porm lcito publicar em separata comentrios ou anotaes prprias com simples referncias a captulos, pargrafos ou pginas de obra alheia. 2 O autor que reproduzir em livro ou opsculo os seus artigos, cartas ou outros textos de polmica publicados em jornais ou revistas poder reproduzir tambm os textos adversos, assistindo ao adversrio ou adversrios igual direito, mesmo aps a publicao feita por aquele.

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    Artigo 78. Publicao de obra no protegida

    1 Aqueles que publicarem manuscritos existentes em bibliotecas ou arquivos, pblicos ou particulares, no podem opor -se a que os mesmos sejam novamente publicados por outrem, salvo se essa publicao for reproduo de lio anterior. 2 Podem igualmente opor -se a que seja reproduzida a sua lio divulgada de obra no protegida aqueles que tiverem procedido a uma fixao ou a um estabelecimento ou restabelecimento do texto susceptveis de alterar substancialmente a respectiva tradio corrente.

    Artigo 79. Preleces

    1 As preleces dos professores s podem ser publicadas por terceiros com autorizao dos autores, mesmo que se apresentem como relato da responsabilidade pessoal de quem as publica. 2 No havendo especificao, considera -se que a publicao s se pode destinar ao uso dos alunos.

    Artigo 80. Processo Braille

    Ser sempre permitida a reproduo ou qualquer espcie de utilizao, pelo processo Braille ou outro destinado a invisuais, de obras licitamente publicadas, contanto que essa reproduo ou utilizao no obedea a intuito lucrativo.

    Artigo 81. Outras utilizaes

    consentida a reproduo: a) Em exemplar nico, para fins de interesse exclusivamente cientfico ou humanitrio, de obras ainda no disponveis no comrcio ou de obteno impossvel, pelo tempo necessrio sua utilizao; b) Para uso exclusivamente privado, desde que no atinja a explorao normal da obra e no cause prejuzo injustificado dos interesses legtimos do autor, no podendo ser utilizada para quaisquer fins de comunicao pblica ou comercializao.

    Artigo 82.

    Compensao devida pela reproduo ou gravao de obras 1 No preo de venda ao pblico de todos e quaisquer aparelhos mecnicos, qumicos, elctricos, electrnicos ou outros que permitam a fixao e reproduo de obras e, bem assim, de todos e quaisquer suportes materiais das fixaes e reprodues que por qualquer desses meios possam obter -se, incluir-se- uma quantia destinada a beneficiar os autores, os artistas, intrpretes ou executantes, os editores e os produtores fonogrficos e videogrficos. 2 A fixao do regime de cobrana e afectao do montante da quantia referida no nmero anterior definida por decreto-lei. 3 O disposto no n. 1 deste artigo no se aplica quando os aparelhos e suportes ali mencionados sejam adquiridos por organismos de comunicao audiovisual ou produtores de fonogramas e videogramas exclusivamente para as suas prprias produes ou por organismos que os utilizem para fins exclusivos de auxlio a diminudos fsicos visuais ou auditivos.

    CAPTULO III - Das utilizaes em especial

    SECO I - Da edio

    Artigo 83. Contrato de edio

    Considera -se de edio o contrato pelo qual o autor concede a outrem, nas condies nele estipuladas ou previstas na lei, autorizao para produzir por conta prpria um nmero determinado de exemplares de uma obra ou conjunto de obras, assumindo a outra parte a obrigao de os distribuir e vender.

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    Artigo 84. Outros contratos

    1 No se considera contrato de edio o acordo pelo qual o autor encarrega outrem de: a) Produzir por conta prpria um determinado nmero de exemplares de uma obra e assegurar o seu depsito, distribuio e venda, convencionando as partes dividir entre si os lucros ou os prejuzos da respectiva explorao; b) Produzir um determinado nmero de exemplares da obra e assegurar o seu depsito, distribuio e venda por conta e risco do titular do direito, contra o pagamento de certa quantia fixa ou proporcional; c) Assegurar o depsito, distribuio e venda de exemplares da obra por ele mesmo produzidos, mediante pagamento de comisso ou qualquer outra forma de retribuio. 2 O contrato correspondente s situaes caracterizadas no nmero anterior rege -se pelo que estipula o seu teor, subsidiariamente pelas disposies legais relativas associao em participao, no caso da alnea a), e ao contrato de prestao de servios nos casos das alneas b) e c), e supletivamente pelos usos correntes.

    Artigo 85. Objecto

    O contrato de edio pode ter por objecto uma ou mais obras, existentes ou futuras, inditas ou publicadas.

    Artigo 86. Contedo

    1 O contrato de edio deve mencionar o nmero de edies que abrange, o nmero de exemplares que cada edio compreende e o preo de venda ao pblico de cada exemplar. 2 Se o nmero de edies no tiver sido contratualmente fixado, o editor s est autorizado a fazer uma. 3 Se o contrato de edio for omisso quanto ao nmero de exemplares a tirar, o editor fica obrigado a produzir, pelo menos, 2.000 exemplares da obra. 4 O editor que produzir exemplares em nmero inferior ao convencionado pode ser coagido a completar a edio e, se no o fizer, poder o titular do direito de autor contratar com outrem, a expensas do editor, a produo do nmero de exemplares em falta, sem prejuzo do direito a exigir deste indemnizao por perdas e danos. 5 Se o editor produzir exemplares em nmero superior ao convencionado, poder o titular do direito de autor requerer a apreenso judicial dos exemplares a mais e apropriar -se deles, perdendo o editor o custo desses exemplares. 6 Nos casos de o editor j ter vendido, total ou parcialmente, os exemplares a mais ou de o titular do direito de autor no ter requerido a apreenso, o editor indemnizar este ltimo por perdas e danos. 7 O autor tem o direito de fiscalizar, por si ou seu representante, o nmero de exemplares da edio, podendo, para esse efeito e nos termos da lei, exigir exame escriturao comercial do editor ou da empresa que produziu os exemplares, se esta no pertencer ao editor, ou recorrer a outro meio que no interfira com o fabrico da obra, como seja a aplicao da sua assinatura ou chancela em cada exemplar.

    Artigo 87. Forma

    1 O contrato de edio s tem validade quando celebrado por escrito. 2 A nulidade resultante da falta de reduo do contrato a escrito presume -se imputvel ao editor e s pode ser invocada pelo autor.

    Artigo 88. Efeitos

    1 O contrato de edio no implica a transmisso, permanente ou temporria, para o editor do direito de publicar a obra, mas apenas a concesso de autorizao para reproduzir e comercializar nos precisos termos do contrato. 2 A autorizao para a edio no confere ao editor o direito de traduzir a obra, de a transformar ou adaptar a outros gneros ou formas de utilizao, direito esse que fica sempre reservado ao autor. 3 O contrato de edio, salvo o disposto no n. 1 do artigo 103. ou estipulao em contrrio, inibe o autor de fazer ou autorizar nova edio da mesma obra na mesma lngua, no Pas ou no estrangeiro, enquanto no estiver

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    esgotada a edio anterior ou no tiver decorrido o prazo estipulado, excepto se sobrevierem circunstncias tais que prejudiquem o interesse da edio e tornem necessria a remodelao ou actualizao da obra.

    Artigo 89. Obrigaes do autor

    1 O autor obriga -se a proporcionar ao editor os meios necessrios para cumprimento do contrato, devendo, nomeadamente, entregar, nos prazos convencionados, o original da obra objecto da edio em condies de poder fazer -se a reproduo. 2 O original referido no nmero anterior pertence ao autor, que tem o direito de exigir a sua restituio logo que esteja concluda a edio. 3 Se o autor demorar injustificadamente a entrega do original, de modo a comprometer a expectativa do editor, pode este resolver o contrato, sem embargo do pedido de indemnizao por perdas e danos. 4 O autor obrigado a assegurar ao editor o exerccio dos direitos emergentes do contrato de edio contra os embargos e turbaes provenientes de direitos de terceiros em relao obra a que respeita o contrato, mas no contra embaraos e turbaes provocados por mero facto de terceiros.

    Artigo 90. Obrigaes do editor

    1 O editor obrigado a consagrar execuo da edio os cuidados necessrios reproduo da obra nas condies convencionadas e a fomentar, com zelo e diligncia, a sua promoo e a colocao no mercado dos exemplares produzidos, devendo, em caso de incumprimento, indemnizao ao autor por perdas e danos. 2 No havendo conveno em contrrio, o editor deve iniciar a reproduo da obra no prazo de seis meses a contar da entrega do original e conclui-la no prazo de 12 meses a contar da mesma data, salvo caso de fora maior devidamente comprovado, em que o editor deve concluir a reproduo no semestre seguinte expirao deste ltimo prazo. 3 No se consideram casos de fora maior a falta de meios financeiros para custear a edio nem o agravamento dos respectivos custos. 4 Se a obra versar assunto de grande actualidade ou de natureza tal que perca o interesse ou a oportunidade em caso de demora na publicao, o editor ser obrigado a dar incio imediato reproduo e a t-la concluda em prazo susceptvel de evitar os prejuzos da perda referida.

    Artigo 91. Retribuio

    1 O contrato de edio presume -se oneroso. 2 A retribuio do autor a estipulada no contrato de edio e pode consistir numa quantia fixa, a pagar pela totalidade da edio, numa percentagem sobre o preo de capa de cada exemplar, na atribuio de certo nmero de exemplares, ou em prestao estabelecida em qualquer outra base, segundo a natureza da obra, podendo sempre recorrer -se combinao das modalidades. 3 Na falta de estipulao quanto retribuio do autor, tem este direito a 25 % sobre o preo de capa de cada exemplar vendido. 4 Se a retribuio consistir numa percentagem sobre o preo de capa, incidiro no seu clculo os aumentos ou redues do respectivo preo. 5 Exceptuando o caso do artigo 99., o editor s pode determinar redues do preo com o acordo do autor, a menos que lhe pague a retribuio correspondente ao preo anterior.

    Artigo 92. Exigibilidade do pagamento

    O preo da edio considera -se exigvel logo aps a concluso da edio, nos prazos e condies que define o artigo 90., salvo se a forma de retribuio adoptada fizer depender o pagamento de circunstncias ulteriores, nomeadamente da colocao total ou parcial dos exemplares produzidos.

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    Artigo 93. Actualizao ortogrfica

    Salvo por opo ortogrfica de carcter esttico do autor, no se considera modificao a actualizao ortogrfica do texto em harmonia com as regras oficiais vigentes.

    Artigo 94. Provas

    1 O editor obrigado a facultar ao autor um jogo de provas de granel, um jogo de provas de pgina e o projecto grfico da capa, devendo o autor corrigir a composio daquelas pginas e ser ouvido quanto a este projecto e obrigando -se, em condies normais, a restituir as provas no prazo de 20 dias e o projecto de capa no prazo de cinco dias. 2 Se o editor ou o autor demorarem a remessa das provas ou a sua restituio, poder qualquer deles notificar o outro, por carta registada com aviso de recepo, para que o editor fornea ou o autor restitua as provas dentro de novo e improrrogvel prazo. 3 A notificao referida no nmero anterior condio do pedido de indemnizao de perdas e danos por demora na publicao. 4 O autor tem o direito de introduzir correces de tipografia, cujos custos sero suportados pelo editor, tanto nos granis, como nas provas de pgina. 5 Quanto a correces, modificaes ou aditamentos de texto que no se justifiquem por circunstncias novas, o seu custo suportado, salvo conveno em contrrio, inteiramente pelo editor, se no exceder 5 % do preo da composio, e, acima desta percentagem, pelo autor.

    Artigo 95. Modificaes

    1 Sem embargo do estabelecido nas disposies anteriores, o editor de dicionrios, enciclopdias ou obras didcticas, depois da morte do autor, pode actualiz-las ou complet-las mediante notas, adendas, notas de p de pgina ou pequenas alteraes de texto. 2 As actualizaes e alteraes previstas no nmero anterior devem ser devidamente assinaladas sempre que os textos respectivos sejam assinados ou contenham matria doutrinal.

    Artigo 96. Prestao de contas

    1 Se a retribuio devida ao autor depender dos resultados da venda ou se o seu pagamento for subordinado evoluo desta, o editor obrigado a apresentar contas ao autor no prazo convencionado ou, na falta deste, semestralmente, com referncia a 30 de Junho e 31 de Dezembro de cada ano. 2 Para o efeito do disposto no nmero anterior, o editor remeter ao autor, por carta registada, nos 30 dias imediatos ao termo do prazo, o mapa da situao das vendas e devolues ocorridas nesse perodo, acompanhado do pagamento do respectivo saldo. 3 O editor facultar sempre ao autor ou ao representante deste os elementos da sua escrita, indispensveis boa verificao das contas, a que se refere o nmero anterior.

    Artigo 97. Identificao do autor

    O editor deve mencionar em cada exemplar o nome ou pseudnimo do autor ou qualquer outra designao que o identifique.

    Artigo 98. Impresso

    1 A impresso no pode ser feita sem que o autor a autorize. 2 A restituio das provas de pgina e do projecto grfico da capa, quando no acompanhada de declarao em contrrio, significa autorizao para impresso.

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    Artigo 99. Venda de exemplares em saldo ou a peso

    1 Se a edio da obra se no mostrar esgotada dentro do prazo convencionado ou, na falta de conveno, em cinco anos a contar da data da sua publicao, o editor tem a faculdade de vender em saldo ou a peso os exemplares existentes ou de os destruir. 2 O editor deve prevenir o autor para este exercer o direito de preferncia na aquisio do remanescente da edio por preo fixado na base do que produziria a venda em saldo ou a peso.

    Artigo 100. Transmisso dos direitos do editor

    1 O editor no pode, sem consentimento do autor, transferir para terceiros, a ttulo gratuito ou oneroso, direitos seus emergentes do contrato de edio, salvo se a transferncia resultar de trespasse do seu estabelecimento. 2 No caso de o trespasse causar ou vir a causar prejuzos morais ao outro contratante, este tem direito de resolver o contrato no prazo de seis meses a contar do conhecimento do mesmo trespasse, assistindo ao editor direito indemnizao por perdas e danos. 3 Considera -se transmisso dos direitos emergentes de contrato de edio, nos termos deste artigo, ficando, portanto, dependente do consentimento do autor, a incluso desses direitos da participao do editor no capital de qualquer sociedade comercial.4 No se considera como transmisso dos direitos emergentes do contrato de edio a adjudicao destes a algum dos scios da sociedade editora por efeito de liquidao judicial ou extrajudicial desta.

    Artigo 101. Morte ou incapacidade do autor

    1 Se o autor morrer ou ficar impossibilitado de terminar a obra depois de entregar parte aprecivel desta, os sucessores do autor podero resolver o contrato, indemnizando o editor por perdas e danos, mas, se o no fizerem no prazo de trs meses, poder o editor resolver o contrato ou d-lo por cumprido quanto parte entregue, contanto que pague ao sucessor ou representante a retribuio correspondente. 2 Se o autor tiver manifestado vontade de que a obra no seja publicada se no completa, o contrato ser resolvido e no poder a obra incompleta ser editada em caso algum, mas dever o editor ser reembolsado dos pagamentos que tiver eventualmente efectuado a ttulo de direito de autor. 3 Uma obra incompleta s pode ser completada por outrem que no o autor com o consentimento escrito deste. 4 Sem embargo do consentimento previsto no nmero anterior, a publicao da obra completada s pode fazer -se com clara identificao da parte primitiva e do acrescento e indicao da autoria deste.

    Artigo 102. Falncia do editor

    1 Se para a realizao do activo no processo de falncia do editor, houver que proceder venda por baixo preo, na totalidade ou por grandes lotes, dos exemplares da obra editada existentes nos depsitos do editor, dever o administrador da massa falida prevenir o autor, com a antecipao de 20 dias, pelo menos, a fim de o habilitar a tomar as providncias que julgue convenientes para a defesa dos seus interesses materiais e morais. 2 Ao autor ainda reconhecido o direito de preferncia para a aquisio pelo maior preo alcanado dos exemplares postos em arrematao.

    Artigo 103. Obras completas

    1 O autor que contratou com um ou mais editores a edio separada de cada uma das suas obras mantm a faculdade de contratar a edio completa ou conjunta das mesmas. 2 O contrato para a edio completa no autoriza o editor a editar em separado qualquer das obras compreendidas nessa edio nem prejudica o direito de autor a contratar a edio em separado de qualquer destas, salvo conveno em contrrio. 3 O autor que exercer qualquer dos direitos referidos nos nmeros anteriores deve faz-lo sem afectar com o novo contrato as vantagens asseguradas ao editor em contrato anterior.

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    Artigo 104.

    Obras futuras 1 Ao contrato de edio que tenha em vista obras futuras aplica -se o disposto no artigo 48. 2 Se a edio de obra futura tiver sido convencionada sem que no contrato se haja fixado prazo para a sua entrega ao editor, ter este o direito de requerer a fixao judicial de prazo para essa entrega. 3 O prazo fixado em contrato pode ser judicialmente prorrogado, com motivos suficientes, a requerimento do autor. 4 Se a obra objecto do contrato dever ser escrita medida que for sendo publicada, em volumes ou fascculos, devero fixar -se no contrato o nmero e a extenso, ao menos aproximados, dos volumes ou fascculos, adoptando -se, quanto extenso, uma tolerncia de 10 %, salvo conveno que disponha diversamente. 5 Se o autor exceder, sem prvio acordo do editor, as referidas propores, no ter direito a qualquer remunerao suplementar e o editor poder recusar -se a publicar os volumes, fascculos ou pginas em excesso, assistindo todavia ao autor o direito de resolver o contrato, indemnizando o editor das despesas feitas e dos lucros esperados da edio, atendendo -se aos resultados j obtidos para o clculo da indemnizao se tiver comeado a venda de parte da obra.

    Artigo 105. Reedies e edies sucessivas

    1 Se o editor tiver sido autorizado a fazer vrias edies, as condies estipuladas para a edio originria devero, em caso de dvida, aplicar -se s edies subsequentes. 2 Antes de empreender nova edio, o editor deve facultar ao autor a possibilidade de intervir no texto, para pequenas correces ou apuramentos que no impliquem modificao substancial da obra. 3 Mesmo que o preo tenha sido globalmente fixado, o autor tem ainda direito a remunerao suplementar se acordar com o editor modificao substancial da obra, tal como refundio ou ampliao. 4 O editor que se tiver obrigado a efectuar edies sucessivas de certa obra deve, sob pena de responder por perdas e danos, execut-las sem interrupo, de forma que nunca venham a faltar exemplares no mercado. 5 Exceptua -se, em relao ao princpio estabelecido no nmero anterior, o caso de fora maior, no se considerando, porm, como tal a falta de meios financeiros para custear a nova edio nem o agravamento dos respectivos custos.

    Artigo 106. Resoluo do contrato

    1 O contrato de edio pode ser resolvido: a) Se for declarada a interdio do editor; b) Por morte do editor em nome individual, se o seu estabelecimento no continuar com algum ou alguns dos seus sucessores; c) Se o autor no entregar o original dentro do prazo convencionado ou se o editor no concluir a edio no prazo estabelecido no n. 2 do artigo 90., salvo caso de fora maior devidamente comprovado; d) Em todos os demais casos especialmente previstos e, de um modo geral, sempre que se verificar o incumprimento de qualquer das clusulas ou das disposies legais directa ou supletivamente aplicveis. 2 A resoluo do contrato entende -se sempre sem prejuzo da responsabilidade por perdas e danos da parte a quem for imputvel.

    SECO II - Da representao cnica

    Artigo 107. Noo

    Representao a exibio perante espectadores de uma obra dramtica, dramtico -musical, coreogrfica, pantommica ou outra de natureza anloga, por meio de fico dramtica, canto, dana, msica ou outros processos adequados, separadamente ou combinados entre si.

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    Artigo 108. Autorizao

    1 A utilizao da obra por representao depende de autorizao do autor, quer a representao se realize em lugar pblico, quer em lugar privado, com ou sem entradas pagas, com ou sem fim lucrativo. 2 Se a obra tiver sido divulgada por qualquer forma, e desde que se realize sem fim lucrativo e em privado, num meio familiar, a representao poder fazer -se independentemente de autorizao do autor, princpio que se aplica, alis, a toda a comunicao. 3 A concesso do direito de representar presume -se onerosa, excepto quando feita a favor de amadores.

    Artigo 109.

    Forma, contedo e efeitos 1 Pelo contrato de representao o autor autoriza um empresrio a promover a representao da obra, obrigando--se este a faz-la representar nas condies acordadas. 2 O contrato de representao deve ser celebrado por escrito e, salvo conveno em contrrio, no atribui ao empresrio o exclusivo da comunicao directa da obra por esse meio. 3 O contrato deve definir com preciso as condies e os limites em que a representao da obra autorizada, designadamente quanto ao prazo, ao lugar, retribuio do autor e s modalidades do respectivo pagamento.

    Artigo 110. Retribuio

    1 A retribuio do autor pela outorga do direito de representar poder consistir numa quantia global fixa, numa percentagem sobre as receitas dos espectculos, em certa quantia por cada espectculo ou ser determinada por qualquer outra forma estabelecida no contrato. 2 Se a retribuio for determinada em funo da receita do espectculo, deve ser paga no dia seguinte ao do espectculo respectivo, salvo se de outro modo tiver sido convencionado. 3 Sendo a retribuio determinada em funo da receita de cada espectculo, assiste ao autor o direito de fiscalizar por si ou por seu representante as receitas respectivas. 4 Se o empresrio viciar as notas de receita ou fizer uso de quaisquer outros meios fraudulentos para ocultar os resultados exactos da sua explorao incorrer nas penas aplicveis aos correspondentes crimes e o autor ter o direito a resolver o contrato.

    Artigo 111. Prova de autorizao do autor

    Sempre que uma representao de obra no cada no domnio pblico dependa de licena ou autorizao administrativa, ser necessrio, para a obter, a exibio perante autoridade competente de documento comprovativo de que o autor consentiu na representao.

    Artigo 112. Representao no autorizada

    A representao sem autorizao ou que no se conforme com o seu contedo confere ao autor o direito de a fazer cessar imediatamente, sem prejuzo de responsabilidade civil ou criminal do empresrio ou promotor do espectculo.

    Artigo 113. Direitos do autor

    1 Do contrato de representao derivam para o autor, salvo estipulao em contrrio, os seguintes direitos: a) De introduzir na obra, independentemente do consentimento da outra parte, as alteraes que julgar necessrias, contanto que no prejudiquem a sua estrutura geral, no diminuam o seu interesse dramtico ou espectacular nem prejudiquem a programao dos ensaios e da representao; b) De ser ouvido sobre a distribuio dos papis; c) De assistir aos ensaios e fazer as necessrias indicaes quanto interpretao e encenao; d) De ser ouvido sobre a escolha dos colaboradores da realizao artstica da obra; e) De se opor exibio enquanto no considerar suficientemente ensaiado o espectculo, no podendo, porm, abusar desta faculdade e protelar injustificadamente a exibio, caso em que responde por perdas e danos;

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    f) De fiscalizar o espectculo, por si ou por representante, para o que tanto um como o outro tm livre acesso ao local durante a representao. 2 Se tiver sido convencionado no contracto que a representao da obra seja confiada a determinados actores ou executantes, a substituio destes s poder fazer -se por acordo dos outorgantes.

    Artigo 114. Supresso de passos da obra

    Se, por deciso judicial, for imposta a supresso de algum passo da obra que comprometa ou desvirtue o sentido da mesma, poder o autor retir-la e resolver o contrato, sem por esse facto incorrer em qualquer responsabilidade.

    Artigo 115. Obrigaes do empresrio

    1 O empresrio assume pelo contrato a obrigao de fazer representar a obra em espectculo pblico dentro do prazo convencionado e, na falta de conveno, dentro do prazo de um ano a contar da celebrao do contrato, salvo tratando -se de obra dramtico -musical, caso em que o prazo se eleva a dois anos. 2 O empresrio obrigado a realizar os ensaios indispensveis para assegurar a representao nas condies tcnicas adequadas e, de um modo geral, a empregar todos os esforos usuais em tais circunstncias para o bom xito da representao. 3 O empresrio obrigado a fazer representar o texto que lhe tiver sido fornecido, no podendo fazer nele quaisquer modificaes, como sejam eliminaes, substituies ou aditamentos, sem o consentimento do autor. 4 O empresrio obrigado a mencionar, por forma bem visvel, nos programas, cartazes e quaisquer outros meios de publicidade o nome, pseudnimo ou qualquer outro sinal de identificao adoptado pelo autor.

    Artigo 116. Sigilo de obra indita

    Tratando -se de obra que ainda no tenha sido representada nem reproduzida, o empresrio no pode d-la a conhecer antes da primeira representao, salvo para efeitos publicitrios, segundo os usos correntes.

    Artigo 117. Transmisso, reproduo e filmagem da representao

    Para que a representao da obra, no todo ou em parte, possa ser transmitida pela radiodifuso sonora ou visual, reproduzida em fonograma ou videograma, filmada ou exibida, necessrio, para alm das autorizaes do empresrio do espectculo e dos artistas, o consentimento escrito do autor.

    Artigo 118. Transmisso dos direitos do empresrio

    O empresrio no pode transmitir os direitos emergentes do contrato de representao sem o consentimento do autor.

    Artigo 119. Representao de obra no divulgada

    O autor que tiver contratado a representao de obra ainda no divulgada poder public-la, impressa ou reproduzida por qualquer outro processo, salvo se outra coisa tiver sido convencionada com o empresrio.

    Artigo 120. Resoluo do contrato

    1 O contrato de representao pode ser resolvido: a) Nos casos em que legal ou contratualmente for estabelecido; b) Nos casos correspondentes aos das alneas a) e d) do artigo 106.; c) No caso de evidente e continuada falta de assistncia do pblico. 2 A resoluo do contrato entende -se sempre sem prejuzo de responsabilidade por perdas e danos da parte a quem for imputvel.

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    SECO III - Da recitao e da execuo

    Artigo 121. Equiparao representao

    1 A recitao de uma obra literria e a execuo por instrumentos ou por instrumentos e cantores de obra musical ou literrio -musical so equiparadas representao definida no artigo 107.2 Ao contrato celebrado para a recitao ou para a execuo de tais obras aplica -se, no que no for especialmente regulado, o disposto na seco precedente, contanto que seja compatvel com a natureza da obra e da exibio.

    Artigo 122. Obrigaes do promotor

    1 A entidade que promover ou organizar a execuo ou a recitao de obra literria, musical ou literrio -musical em audio pblica deve afixar previamente no local o respectivo programa, do qual devem constar, na medida do possvel, a designao da obra e a identificao da autoria. 2 Uma cpia desse programa deve ser fornecida ao autor ou ao seu representante. 3 Na falta de afixao do programa ou da sua comunicao nos termos dos nmeros anteriores, compete entidade que promove ou organiza a execuo ou a recitao, quando demandada, fazer a prova de que obteve autorizao dos autores das obras executadas ou recitadas.

    Artigo 123. Fraude na organizao ou realizao do programa

    1 Se a entidade que promover a execuo ou a recitao organizar fraudulentamente o programa, designadamente incluindo nele obra que no se prope fazer executar ou recitar, e promovendo, em lugar desta, a execuo ou recitao de outra no anunciada, ou se, no decurso da audio, por motivo que no constitua caso fortuito ou de fora maior, deixar de ser executada ou recitada obra constante do programa, podero os autores prejudicados nos seus interesses morais ou materiais reclamar da referida entidade indemnizao por perdas e danos, independentemente da responsabilidade criminal que ao caso couber. 2 No implica responsabilidade ou nus para os organizadores da audio o facto de os artistas, por solicitao insistente do pblico, executarem ou recitarem quaisquer obras alm das constantes do programa.

    SECO IV - Das obras cinematogrficas

    Artigo 124. Produo de obra cinematogrfica

    A produo cinematogrfica depende da autorizao dos autores das obras preexistentes, ainda que estes no sejam considerados autores da obra cinematogrfica nos termos do artigo 22.

    Artigo 125. Autorizao dos autores da obra cinematogrfica

    1 Das autorizaes concedidas pelos autores das obras cinematogrficas nos termos do artigo 22. devem constar especificamente as condies da produo, distribuio e exibio da pelcula. 2 Se o autor tiver autorizado, expressa ou implicitamente, a exibio, o exerccio dos direitos de explorao econmica da obra cinematogrfica compete ao produtor.

    Artigo 126. Do produtor

    1 O produtor o empresrio do filme e como tal organiza a feitura da obra cinematogrfica, assegura os meios necessrios e assume as responsabilidades tcnicas e financeiras inerentes. 2 O produtor deve como tal ser identificado no filme.

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    3 Durante o perodo de explorao, o produtor, se o titular ou titulares do direito de autor no assegurarem de outro modo a defesa dos seus direitos sobre a obra cinematogrfica, considera -se como representante daqueles para esse efeito, devendo dar -lhes conta do modo como se desempenhou do mandato.

    Artigo 127. Efeitos da autorizao

    1 Da autorizao deriva para o produtor cinematogrfico o direito de produzir o negativo, os positivos, as cpias e os registos magnticos necessrios para a exibio da obra. 2 A autorizao para a produo cinematogrfica implica, salvo estipulao especial, autorizao para a distribuio e exibio do filme em salas pblicas de cinema, bem como para a sua explorao econmica por este meio, sem prejuzo do pagamento da remunerao estipulada. 3 Dependem de autorizao dos autores das obras cinematogrficas a radiodifuso sonora ou visual da pelcula, do filme -anncio e das bandas ou discos em que se reproduzam trechos da pelcula, a sua comunicao ao pblico, por fios ou sem fios, nomeadamente por ondas hertzianas, fibras pticas, cabo ou satlite, e a sua reproduo, explorao ou exibio sob a forma de videograma. 4 A autorizao a que se refere este artigo tambm no abrange a transmisso radiofnica da banda sonora ou de fonograma em que se reproduzam trechos de obra cinematogrfica. 5 No carece de autorizao do autor a difuso de obras produzidas por organismo de radiodifuso sonora ou audiovisual, ao qual assiste o direito de as transmitir e comunicar ao pblico, no todo ou em parte, atravs dos seus prprios canais transmissores.

    Artigo 128. Exclusivo

    1 A autorizao dada pelos autores para a produo cinematogrfica de uma obra, quer composta especialmente para esta forma de expresso quer adaptada, implica a concesso de exclusivo, salvo conveno em contrrio. 2 No silncio das partes, o exclusivo concedido para a produo cinematogrfica caduca decorridos 25 anos sobre a celebrao do contrato respectivo, sem prejuzo do direito daquele a quem tiver sido atribuda a explorao econmica do filme a continuar a project-lo, reproduzi-lo e distribu-lo.

    Artigo 129. Transformaes

    1 As tradues, dobragens ou quaisquer transformaes da obra cinematogrfica dependem de autorizao escrita dos autores. 2 A autorizao para a exibio ou distribuio de um filme estrangeiro em Portugal confere implicitamente autorizao para a traduo ou dobragem. 3 admissvel clusula em contrrio, salvo se a lei s permitir a exibio da obra traduzida ou dobrada.

    Artigo 130. Concluso da obra

    Considera -se pronta a obra cinematogrfica aps o realizador e o produtor estabelecerem, por acordo, a sua verso definitiva.

    Artigo 131. Retribuio

    A retribuio dos autores de obra cinematogrfica pode consistir em quantia global fixa, em percentagem sobre receitas provenientes da exibio e em quantia certa por cada exibio ou revestir outra forma acordada com o produtor.

    Artigo 132.

    Coproduo No havendo conveno em contrrio, lcito ao produtor que contratar com os autores associar-se com outro produtor para assegurar a realizao e explorao da obra cinematogrfica.

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    Artigo 133. Transmisso dos direitos do produtor

    igualmente permitido ao produtor transferir a todo o tempo para terceiros, no todo ou em parte, direitos emergentes do contrato, ficando, todavia, responsvel para com os autores pelo cumprimento pontual do mesmo.

    Artigo 134. Identificao da obra e do autor

    1 O autor ou co-autores de obra cinematogrfica tm o direito de exigir que os seus nomes sejam indicados na projeco do filme, mencionando -se igualmente a contribuio de cada um deles para a obra referida. 2 Se a obra cinematogrfica constituir adaptao de obra preexistente, dever mencionar-se o ttulo desta e o nome, pseudnimo ou qualquer outro sinal de identificao do autor.

    Artigo 135. Utilizao e reproduo separadas

    Os autores da parte literria e da parte musical da obra cinematogrfica podem reproduzi-las e utiliz-las separadamente por qualquer modo, contanto que no prejudiquem a explorao da obra no seu conjunto.

    Artigo 136. Prazo de cumprimento do contrato

    Se o produtor no concluir a produo da obra cinematogrfica no prazo de trs anos a contar da data da entrega da parte literria e da parte musical ou no fizer projectar a pelcula concluda no prazo de trs anos a contar da concluso, o autor ou co-autores tero o direito de resolver o contrato.

    Artigo 137. Provas, matrizes e cpias

    1 O produtor s obrigado a fazer cpias ou provas da obra cinematogrfica medida que estas lhe forem requisitadas e a conservar a respectiva matriz, que em nenhum caso poder destruir.2 No assiste ao produtor da obra cinematogrfica o direito de vender a preo de saldo as cpias que tiver produzido, ainda que alegando a falta de procura destas.

    Artigo 138. Falncia do produtor

    Em caso de falncia do produtor, se houver de proceder -se venda por baixo preo, na totalidade ou por lotes, de cpias da obra cinematogrfica, dever o administrador da massa falida prevenir do facto o autor ou co-autores desta com a antecedncia mnima de 20 dias, a fim de os habilitar a tomar as providncias que julgarem convenientes para a defesa dos seus interesses materiais e morais e, bem assim, para exercerem o direito de preferncia na aquisio das cpias em arrematao.

    Artigo 139. Regime aplicvel

    1 Ao contrato de produo cinematogrfica so aplicveis, com as necessrias adaptaes, as disposies relativas ao contrato de edio, representao e execuo. 2 Aplica -se exibio pblica da obra cinematogrfica, com as devidas adaptaes, o regime previsto nos artigos 122. e 123. para a recitao e a execuo.

    Artigo 140. Obras produzidas por processo anlogo cinematografia

    As disposies da presente seco so aplicveis s obras produzidas por qualquer processo anlogo cinematografia.

    SECO V - Da fixao fonogrfica e videogrfica

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    Artigo 141. Contrato de fixao fonogrfica e videogrfica

    1 Depende de autorizao do autor a fixao da obra, entendendo -se por fixao a incorporao de sons ou de imagens, separada ou cumulativamente, num suporte material suficientemente estvel e duradouro que permita a sua percepo, reproduo ou comunicao de qualquer modo, em perodo no efmero. 2 A autorizao deve ser dada por escrito e habilita a entidade que a detm a fixar a obra e a reproduzir e vender os exemplares produzidos. 3 A autorizao para executar em pblico, radiodifundir ou transmitir de qualquer modo a obra fixada deve igualmente ser dada por escrito e pode ser conferida a entidade diversa da que fez a fixao. 4 A compra de um fonograma ou videograma no atribui ao comprador o direito de os utilizar para quaisquer fins de execuo ou transmisso pblicas, reproduo, revenda ou aluguer com fins comerciais.

    Artigo 142. Identificao da obra e do autor

    Dos fonogramas e dos videogramas devem constar, impressos directamente ou apostos em etiquetas, sempre que a sua natureza o permita, o ttulo da o