Competitividade, qualidade e produtividade científica

Jose Neuman Miranda Neiva

Universidade Federal do Tocantins

Antes de começar:

• As possíveis críticas ao exagero da métrica com avaliadora única da qualidade em ciência não quer dizer que compactuo com o parasitismo de alguns ambientes universitários que repugnam todo e qualquer processo de separação via meritocracia.....

INTRODUÇÃO

• Para onde caminha a ciência no Brasil guiada por:

– Competitividade

– Qualidade

– Produtividade

– E o restante do mundo é diferente do Brasil???

• Esses termos são complementares?

• Ou apresentam algum antagonismo?

• Qual a relação entre Qualidade e produtividade?

• E o que é ser competitivo?

Qualidade em ciência

• No mundo, atualmente, a qualidade da ciência é atrelada à qualidade do veículo de publicação.....

• E como é avaliada a qualidade da publicação?

Fator de Impacto

• Idealizado na década de 1960 por Garfield o mesmo idealizador do ISI;

• Disseminado a partir da década de 1990..

• Grosso modo: Mede a aceitação de um periódico pela comunidade científica;

Continuação

• Volpato (2008);

• Se uma revista publicou 200 artigos em 2006 e 2007 e teve 400 citações no ano seguinte (2008), seu fator de impacto é 2,0;

• Mas note que se publicou 10 artigos e teve 20 citações, o valor também é 2,0.

Como consequência..

• Os editores tendem a reduzir o número de artigos e arrocham os critérios de qualidade...

• Ou seja, serão publicados artigos com chance de serem citados....

• Publica-se muito artigo “da moda”...

Limitações do FI

• a) não indica o prestígio do artigo,

• b) não garante que o artigo seja mais ou menos citado,

• c) não indica o número de citações que a revista recebeu,

• d) não reflete a abrangência internacional do periódico,

• e) é limitado à área da revista.

Número de citações

• O somatório de publicações de um autor, ponderado adequadamente pelo número de artigos e/ou anos de publicação, indica parte do perfil de qualidade do cientista (Volpato, 2008).

Problemas...

• �Citações graciosas: “amigos” citam “amigos”;

• Inveja tupiniquim: “brasileiro” não cita “brasileiro” no exterior;

• Vaidade pessoal: “inimigos” não se citam etc.;

• Eu me amo: Auto-citação

Auto-citação

Índice H

• Para entendermos:

• o valor h indica que o autor tem h artigos com, no mínimo, h citações. Se ele tem h = 3, possui ao menos 3 artigos com 3 citações cada. Para subir esse índice para 4, deve conseguir 4 artigos com, no mínimo, 4 citações.

Críticas

• Não se altera ao longo do tempo a não ser no sentido de ser elevado....

• É contaminado pelas auto-citações;

• Não enaltece quem publica pouco e é muito citado;

• Pode enaltecer o pesquisador num ambiente restrito, sem levar em consideração a qualidade dos periódicos;

• INDICE H = PRÊMIO

• Não estimula produtividade ao longo dos anos.............

•PRODUTIVIDADE

Com o número de programas MS e DS há produção

• Foram defendidas anualmente 247 teses e 750 dissertações na área de Zootecnia e Recursos Pesqueiros (triênio 2007-2009), o que redunda em um total de 1244 equivalentes dissertação por ano.

Fazendo as contas....

• Assumindo que cada equivalente dissertação poderia originar 1,25 artigo em periódico B1 teríamos um total de 1555 artigos/ano na área de Zootecnia e Recursos Pesqueiros.

• De forma similar se cada dissertação gerar 0,7 artigo A1 teríamos em torno de 870,8 artigos A1.

Tabela 8: Relação de periódicos nacionais classificados como B1 de acordo com os critérios do Qualis 2008 e

artigos na área de Zootecnia

ANO 2010

PERIÓDICO Classificação Total Zootecnia %

Equivalente

A1

Arquivo Brasileiro de Medicina

Veterinária e Zootecnia B1 174 76 43,7 53,2

Revista Ciência Agronômica B1 85 5 5,9 3,5

Pesquisa Agropecuária Brasileira B1 184 21 11,4 14,7

Revista Brasileira de Zootecnia B1 360 360 100,0 252

Scientia agrícola B1 80 12 15,0 8,4

TOTAL 883 474 53,7 331,8 FONTE: SCIELO

• Geramos, potencialmente, anualmente 870,8 artigos A1 e só dispomos de espaço para 331,8 artigos A1 em periódicos brasileiros.

• A dúvida é o que fazer com os 539 artigos A1 que estão sem opção de publicação em periódicos B1?????

A RESPOSTA PADRÃO É:

• .... os pesquisadores devem passar a publicar em periódicos estrangeiros a exemplo do que já fazem pesquisadores de outras áreas.

Específicos da Zootecnia

• A1- Animal Genetics, International Dairy Journal, Journal of Dairy Science, Meat Science

• World Rabbit Science, World's Poultry Science Journal, Journal of Animal Science, Animal Feed Science and Technology, International Journal of Dairy Technology, Journal of Animal Breeding and Genetics, Journal of Dairy Research, Journal of Dairy Research, Poultry Science, Rangeland Ecology & Management,

O que acontece com nossa publicação no exterior???

• A seguir um exemplo de quem está publicando no exterior......

•E a produtividade como ferramenta de disputa

de espaço e financiamento???

Produtividade

Às custas de quem...

•COMPETITIVIDADE

• Competitividade tecnológica

ou

• Competitividade Acadêmica

• Dá para ter idéias inovadoras e ser competitivo na academia?

• Na academia competimos por ideias ou por recursos?

• As agências de fomento apoiam ideias “fora da caixinha”?

Na verdade....

• Ao conceber um projeto pensa-se:

• 1- É fácil vender esse projeto;

• 2- É fácil publicar os resultados desse projeto;

• 3- É possível executar esse projeto com alunos de mestrado e doutorado?

E por último......

• A quem interessa os resultados obtidos.....

• Qual a utilidade para a sociedade.....