competência tributária e tributos

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Sistema Constitucional Tributário: Competência Tributária e Tributos. Sabe-se que a Constituição Federal não cria tributos, mas apenas distribui competência para que os entes políticos os criem por meio de leis próprias. Cada ente político deveria decidir por meio de critérios de oportunidade e conveniência sobre o efetivo exercício da competência tributária, mas nem sempre é assim.

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UNIVERVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP

REDE DE ENSINO LUIZ FLVIO GOMES

PS-GRADUAO DIREITO TRIBUTRIO / TURMA 24

SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTRIO: COMPETNCIA TRIBUTRIA E TRIBUTOS

EMMANUEL ALVES DA COSTA JUNIOR

JUIZ DE FORA / MG2015

1. INTRODUO

Sabe-se que a Constituio Federal no cria tributos, mas apenas distribui competncia para que os entes polticos os criem por meio de leis prprias. Por este motivo, Ricardo Alexandre define a competncia tributria como o poder constitucionalmente atribudo de editar leis que instituam tributos (ALEXANDRE, 2015, p. 198). Tal poder geralmente caracterizado pela doutrina atravs de seis atributos, quais sejam: privatividade (art. 8, CTN), indelegabilidade, no caducabilidade, inalterabilidade, irrenunciabilidade e facultatividade do exerccio. Isso porque, considerar a possibilidade de delegao de competncia para a instituio de tributo seria admitir que a Constituio fosse alterada por norma infraconstitucional. Alm disso, cada ente poltico deveria decidir por meio de critrios de oportunidade e convenincia sobre o efetivo exerccio da competncia tributria, mas nem sempre assim.

2. A COMPETNCIA TRIBUTRIA DE FATO FACULTATIVA?

Primeiramente, deve-se salientar que a competncia a aptido de que so dotadas as pessoas polticas para produzir regras jurdicas de forma a inovar o ordenamento jurdico. Conforme destaca Paulo de Barros Carvalho, no plexo das faculdades legislativas que o constituinte estabeleceu, figura a de editar normas que disciplinem a matria tributria (CARVALHO, 2012, p. 148). Portanto, se um determinado ente tributante no quiser instituir um determinado tributo de sua alada, no ser obrigado, a exemplo do Imposto sobre Grande Fortunas, de competncia da Unio, nos termos do art. 153, VII, da CF, que at hoje no foi criado.

No entanto, h de se destacar a previso aparentemente contrria trazida pela Lei Complementar 101/1999, a conhecida Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que afirma serem requisitos essenciais da responsabilidade na gesto fiscal a instituio, previso e efetiva arrecadao de todos os tributos da competncia do ente. Outrossim, o pargrafo nico do artigo 11 da LRF, proibiu a realizao de transferncias voluntrias para os entes federados que deixem de instituir impostos de sua competncia. Com tais disposies, a Lei tratou, nos dizeres de Ricardo Alexandre, de uma verdadeira sano institucional, que parece vir de encontro noo de facultatividade do exerccio da competncia tributria (ALEXANDRE, 2015, p. 198).

Ora, deve-se atentar para o fato de que tal previso de obrigatoriedade tem carter principiolgico, no alterando a natureza da competncia tributria, uma vez que est encerrada no contexto do equilbrio das contas pblicas. Nas palavras de Eduardo Sabbag, o legislador quis estimular a instituio do tributo economicamente vivel, cuja competncia estaria inadequadamente estanque (SABBAG, 2015, p. 415). At porque, se um ente poltico detm competncia para a criao de determinado imposto e no o faz, pode-se dizer que exista a presuno de que no necessita da respectiva receita, sendo razovel a negativa para o repasse de recursos (ALEXANDRE, 2015, p. 199).

No se pode olvidar mencionar que, segundo o entendimento consignado pelo Supremo Tribunal Federal, a restrio imposta pelo pargrafo nico do artigo 11 da Lei Complementar 101/1999 constitucional, uma vez que s seria vlida para os repasses considerados voluntrios. A contrario sensu, tem-se que os repasses obrigatrios devem ser efetuados independentemente da instituio de todos os impostos de competncia do ente poltico. Tais repasses s no ocorrero caso o ente no esteja fazendo a aplicao adequada na sade ou possuir dvida com o ente ou autarquia que deve efetuar o repasse (art. 160, CF). Ademais, tal diploma est consubstanciado nos princpios da Moralidade Administrativa e da Eficincia, impostos Administrao Pblica e extensivos a toda a atividade estatal, nos termos do art. 37, da CF, no havendo que se falar em ofensa ao Princpio Federativo (MACHADO, 2008).

importante frisar que a inteno da LRF no a de exigir a criao do tributo pelo ente federativo a qualquer custo, mas to somente a de faz-lo agir com responsabilidade, estimulando a criao de todos os tributos economicamente viveis. Se no for vivel a respectiva instituio e arrecadao, por bvio o tributo no dever ser exigido. o que acontece em grande parte dos municpios brasileiros quanto ao Imposto Sobre Servios. Ora, admitindo-se a inexistncia de empresas prestadoras de servios, torna-se ineficiente a criao desta espcie tributria, pois o custo decorrente de sua administrao seria maior que o de sua arrecadao (ALEXANDRE, 2015, p. 199).

Da mesma forma, registre-se por fim que, conforme discursa brilhantemente Paulo de Barros Carvalho, pela ndole eminentemente nacional do Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios (ICMS), no dado a qualquer Estado-Membro ou ao Distrito Federal operar por omisso, deixando de legislar sobre esse gravame. evidente que se uma nica unidade da federao resolvesse pela no instituio do tributo, todo o sistema do ICMS perderia consistncia, levando ao caos da conhecida guerra fiscal. Sua prpria regra-matriz restaria desestruturada no fosse mantida a uniformizao do contedo semntico entre as legislaes estaduais. Ao determinar tal carter nacional, os mandamentos constitucionais impe a estrita observncia da instituio desta espcie tributria pelos entes polticos detentores de tal competncia, que devem seguir os estritos termos das leis complementares e das resolues do Senado Federal (CARVALHO, 2012).

3. CONCLUSO

Com base nessas premissas, percebe-se que a Lei de Responsabilidade Fiscal no tem fora de alterar a caracterstica da facultatividade de exerccio, pois no se traduz em mecanismo efetivo de obrigatoriedade (SABBAG, 2015, pg. 415). Sendo assim, a natureza da competncia tributria, por mandamento constitucional e determinao legislativa especfica, continuar a ter sempre essncia facultativa. Trata-se portanto, a meu ver, de regra constitucional, que como toda regra, comporta excees, seguido o entendimento de Eduardo Sabbag. Por outro lado, Paulo de Barros Carvalho entende que por se tratar de algo que no est presente em todos os casos, no poderia a facultatividade consubstanciar o carter necessrio que acompanha a identificao dos tributos, seguindo o entendimento de Roque Antnio Carrazza (CARVALHO, 2012, pg. 154).

4. BIBLIOGRAFIA

CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributrio. 24. ed. So Paulo: Saraiva, 2012.

SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributrio. 7. ed. So Paulo: Saraiva, 2015.

CARRAZZA, Roque Antnio. Curso de direito constitucional tributrio. 24. ed. So Paulo: Malheiros, 2008.

ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributrio esquematizado. 9. ed. So Paulo: Mtodo, 2015.

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributrio. 29. ed. So Paulo: Malheiros, 2008.