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Revista de Saúde Pública ISSN: 0034-8910 [email protected] Universidade de São Paulo Brasil Carvalho da Paz, Elaine; Coelho Ferreira, Andressa Maria; Trombetta Zannin, Paulo Henrique Estudo comparativo da percepção do ruído urbano Revista de Saúde Pública, vol. 39, núm. 3, junio, 2005, pp. 467-472 Universidade de São Paulo São Paulo, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=67240147019 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Revista de Saúde Pública

ISSN: 0034-8910

[email protected]

Universidade de São Paulo

Brasil

Carvalho da Paz, Elaine; Coelho Ferreira, Andressa Maria; Trombetta Zannin, Paulo

Henrique

Estudo comparativo da percepção do ruído urbano

Revista de Saúde Pública, vol. 39, núm. 3, junio, 2005, pp. 467-472

Universidade de São Paulo

São Paulo, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=67240147019

Como citar este artigo

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Sistema de Informação Científica

Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal

Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Correspondência para/ Correspondence to:Paulo Henrique Trombetta ZanninLAAICA/UFPR, s/n Bloco 4 sala PG-05Jardim das Américas81531-990 Curitiba, PR, BrasilE-mail: [email protected]

"���� �����Ruído. Efeitos do ruído. Medição deruído. Zonas urbanas. Poluição sonora.

�������Noise. Noise effects. Noisemeasurement. Urban areas. Noisepollution.

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ObjetivoAnalisar comparativamente a percepção ao ruído urbano no cotidiano dos habitantesde uma zona controlada acusticamente e outra não controlada.MétodosDuas zonas de uma cidade foram selecionadas por meio de avaliações objetivas dosníveis sonoros equivalente como zona controlada e zona não controlada acusticamente.Uma amostra aleatória de cada zona foi selecionada e submetida a questionário. Foramgerados indicadores estatísticos da percepção ao ruído urbano por meio da análisemultivariada fatorial.ResultadosO valor médio para o nível sonoro (L

eq) encontrado no centro (zona não controlada

acusticamente) foi de 72,9 dB(A), e na zona controlada acusticamente foi de 53,3dB(A). A análise multivariada fatorial gerou três indicadores estatísticos: percepçãotemporal, percepção de ruídos atípicos e fontes e distúrbios.ConclusõesA população da zona controlada indicou aumento no nível de ruído percebido. O nívelsonoro no centro da cidade tem se mantido praticamente constante e muito acima doespecificado pela Lei Municipal. Os indicadores gerados podem servir como parâmetrospara caracterizar a percepção à exposição contínua ao ruído pela população.

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ObjectiveTo comparatively analyze the perception of daily urban noise between residents of anacoustically and a non-acoustically controlled area.MethodsTwo urban areas were selected through objective assessments of equivalent soundlevels and defined as a non-acoustically and an acoustically controlled area. A randomsample of each area was selected and a questionnaire was applied to its residents.Statistical indicators of urban noise perception were generated through factorialmultivariate analysis.ResultsThe average sound level (L

eq) found in the downtown district (a non-acoustically

controlled area) was 72.9 dB(A) and in the acoustically controlled area was 53.3

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A comunidade científica confirmou em pesquisasrecentes uma significante associação entre ruído ur-bano e seus efeitos no organismo humano.4,6 O nívelequivalente de ruído (L

eq) de 65 dB(A) é considerado

o limiar de conforto acústico para a medicina preven-tiva. A exposição contínua à valores acima desse li-mite pode causar distúrbios psico-fisiológicos diver-sos,8 independente da idade, tais como distúrbios nosono, diminuição da performance laboral, hiperten-são, agravamento de doenças cardiovasculares.2,11

Os efeitos orgânicos podem ser observados quanti-tativamente por meio de exames laboratoriais, como aaudiometria. Por outro lado, observações qualitativaspodem ser realizadas quando amostra representativade uma população é submetida a uma pesquisa classi-ficada. Esse tipo de observação caracteriza a formasubjetiva de sensibilidade ao ruído, ou seja, a percep-ção.9 Em ambas as situações, podem ser identificadosdistúrbios físicos e psicológicos, ocasionados pelaexposição excessiva a níveis de ruído elevados, passí-veis de comprometimento à qualidade de vida.3

A World Health Organization (WHO, 2003)15 reco-menda que em áreas residenciais o nível de ruído nãoultrapasse o nível sonoro equivalente L

eq=55 dB(A).

Em adição, estipula que o nível sonoro de até Leq

=50dB(A) pode perturbar, mas o organismo se adapta fa-cilmente a ele. A partir de 55 dB(A) pode haver aocorrência de estresse leve, acompanhado de descon-forto. O nível de L

eq=70 dB(A) é tido como o nível de

desgaste do organismo, aumentando os risco de in-farto, derrame cerebral, infecções, hipertensão arteri-al e outras patologias. Ao nível sonoro equivalentede L

eq=80 dB(A) ocorre a liberação de endorfinas,

causando sensação de prazer momentâneo, e níveissonoros da ordem de L

eq=100 dB(A) podem levar a

danos e ou perda da acuidade auditiva (WHO).15

A análise comparativa de avaliações subjetivas dehabitantes de zonas de alta e baixa incidência de ru-ído pode fornecer subsídios que indiquem a existên-cia de potenciais efeitos negativos para a saúde doshabitantes expostos à poluição sonora.3 Trata-se de

dB(A). Three statistical indicators were generated through factorial multivariateanalysis: temporary perception, perception of atypical noises and sources anddisturbances.ConclusionsResidents of the acoustically controlled area reported increased noise level. The soundlevel in the downtown district has remained practically constant and much above thestandards established by local law. The generated indicators are useful parameters tocharacterize the perception to continuous noise exposure in the population.

uma estratégia de pesquisa que permite correlacionaros efeitos orgânicos sentidos e a percepção individu-al ao ruído no contexto das regiões urbanas. Alémdisso, pode ser corroborado pela avaliação objetivado nível de ruído ambiental existente por meio demedições físicas.

As perturbações e distúrbios, devidos ao ruído, es-tão associados com altas incidências de doenças is-quêmicas do coração. Chang et al,5 (2003) utilizandomodelo de regressão linear, indicaram que cada acrés-cimo de 1 dB(A) no nível de ruído, corresponde aoaumento de 1 mm/Hg da pressão sanguínea. Estudosepidemiológicos recentes sugerem que a exposição aoruído excessivo pode causar estresse crônico, fator derisco para ocorrência de disfunções cardiovasculares.2

Lusk et al7 (2002), por meio de análise bi-variada,também correlacionando a percepção ao ruído à pres-são sanguínea, indicaram que altos níveis de ruídotêm correspondência com o acréscimo das pressõessanguíneas sistólica e diastólica. A exposição con-tínua ao ruído ambiental na infância também podeser um fator de risco para o desenvolvimento do sis-tema auditivo.

Alguns estudos têm sido desenvolvidos no Brasil,onde resultados subjetivos e objetivos foram correla-cionados.12-14 Nesse sentido, a modelagem estatísticaapresenta-se como ferramenta científica importanteao estudo da percepção ao ruído.

O objetivo do presente trabalho foi analisar com-parativamente a percepção ao ruído urbano no coti-diano dos habitantes de duas zonas distintas de umacidade, com o intuito de caracterizá-las num perfilsubjetivo a partir de indicativos gerados de um mo-delo estatístico.

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Foram realizadas avaliações objetivas do ruído ur-bano (medições in situ), a fim de caracterizar fisica-mente os níveis sonoros de cada zona urbana, foco daavaliação subjetiva. Baseando-se em estudo realiza-do por Zannin et al,13 foram avaliados acusticamente

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25 pontos na zona de controle (bairro) e 97 pontos nazona não controlada (centro).

As avaliações in situ foram realizadas a partir demedições dos níveis sonoros equivalentes, no perío-do diurno (7:01 às 22:00 horas), nas vias principaisde cada zona, num total de 122 medições, ou seja,uma medição para cada ponto avaliado. Utilizou-separa as medições o analisador sonoro BK 2260. Foiutilizado o software Evaluator BK 7820 para obten-ção do valor médio para o nível sonoro equivalentede cada zona. Seguindo as recomendações da NormaBrasileira NBR-10.151/2000,1 as medições foram fei-tas com ausência de fontes sonoras atípicas, tais comochuva e vento forte, e de acordo com as seguintesetapas: 1) escolha, de acordo com análise de cadalocal, de diferentes pontos de medição; 2) limitaçãodo tempo de medição, em cada ponto, em três minu-tos; 3) modo de operação fast do aparelho.

O nível sonoro utilizado para comparação com onível sonoro médio obtido para as 25 medições dazona controlada, foi o nível sonoro equivalente deL

eq=55 dB(A), o qual é fixado para as zonas residen-

ciais (bairro - zona controlada) pela Lei Municipal10.625.10 Para o centro da cidade (zona não controla-da) o nível de referência fixado pela Lei Municipalde emissões sonoras, é o nível sonoro equivalente deL

eq=65 dB(A). O outro parâmetro utilizado foi o ní-

vel sonoro equivalente de 55 dB(A), o qual é estabe-lecido pela WHO15 para áreas residenciais.

Para a avaliação subjetiva do ruído os indivíduosde cada zona foram submetidos a questionário elabo-rado pelos autores. Assim, foi possível identificar quaiseram as principais fontes de ruído urbano percebidaspela população, bem como suas reações.

Inicialmente foi selecionada uma área representativa(vias principais) de cada zona onde os questionáriosforam aplicados aleatoriamente somente aos ali resi-dentes, de ambos os sexos e faixa etária entre 17 e 69.

A amostra de moradores contou com 63% de ho-mens e 37% de mulheres, num total de 104 entrevis-tados na zona controlada. Na zona não controlada,

52% de homens e 48% de mulheres, totalizando 130entrevistados.

Os questionários foram preenchidos pelos própriosindivíduos na presença do pesquisador, no períododiurno entre 7:01 e 22:00h. Para a percepção quanti-tativa ao ruído foi utilizada a Escala de Likert, vari-ando de zero a seis com os seguintes critérios: (0)nada, (1) bem pouco, (2) pouco, (3) médio, (4) muito,(5) intenso e (6) extremo. Para a percepção qualitati-va foram utilizadas questões de múltipla escolha, taiscomo: esclarecimento da população quanto à ques-tão do ruído urbano, identificação de ocorrência dedistúrbios psico-fisiológicos e determinação de quaistipos de fonte causam maior incômodo. Informaçõesde identificação e registro dos indivíduos tambémforam contempladas pelo questionário.

Os dados da percepção ao ruído foram tratados es-tatisticamente, utilizando o software Statistica 5.0.No tratamento estatístico optou-se pela análise mul-tivariada fatorial dos dados em função da normalida-de das amostras das duas populações, testada ao ní-vel de significância de 5% (p≤0,05). O método deextração aplicado foi das componentes principais comutilização da rotação varimax normalizada, onde ocritério de seleção para a determinação do número defatores foi o “Critério de Kaiser”.

Procurou-se, em primeira análise, identificar o ní-vel de esclarecimento da população em relação aoproblema do ruído urbano e classificar o grau de in-cômodo do ruído, utilizando a técnica de análise es-tatística descritiva univariada. A etapa seguinte abran-geu a realização da análise multivariada fatorial dasobservações obtidas.

A avaliação subjetiva contava inicialmente comum total de 19 variáveis, para ambas populações, paracaracterização da percepção ao ruído. Com a aplica-ção da análise fatorial, as variáveis* foram agrupadasem fatores em função da relação de correlação linearentre as mesmas.

Foram identificados seis fatores principais para azona não controlada e para a zona controlada. Os

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fatores foram agrupados em três indicadores estatísti-cos principais, em função de suas variações explica-das. Esses indicadores foram denominados de: 1) Per-cepção temporal; 2) Percepção de ruídos atípicos e 3)Indicação de fontes e distúrbios (Tabela).

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As medições mostram que o nível sonoro médiopara a zona de controle foi de L

eq=53,3 dB(A) e para

a zona não controlada foi de Leq

=72,9 dB(A).

A análise dos questionários revelou que95,5% no centro e 98% no bairro, acreditamque o ruído pode lhe causar prejuízos em rela-ção à saúde.

Identificou-se que cerca de 50,5% da po-pulação do bairro e 94,0% da população docentro sentem-se incomodadas pelo ruído.As diferenças encontradas quanto ao grau depercepção do incômodo gerado pelo ruídonos indivíduos do centro e do bairro; consi-derando desde “ausência de incômodo”, con-centrando-se em maior grau no bairro até “in-cômodo extremo” percebido somente pelosmoradores do centro; podem ser visualizadasno gráfico da Figura 1.

A sensibilidade do grau de aumento donível de ruído é de 78,3% entre “aumentou”e “aumentou extremamente” no centro, e71,7% entre “aumentou bem pouco” e “au-mentou” no bairro.

Para o bairro, os indicadores formuladosexplicam cerca de 98% do fenômeno, já parao centro os indicadores explicam cerca de81% do fenômeno, o que mostra que o mo-delo criado se aproxima do real.

A análise do indicativo estatístico de Per-

cepção Temporal revelou que 61,5% dosmoradores do centro e 57,2% dos moradoresdo bairro perceberam aumento no nível deruído, principalmente durante a semana nosperíodos manhã e tarde, e nos finais de se-mana durante a noite (Figuras 2).

Já na análise do indicativo estatístico dePercepção de Ruídos Atípicos, verificou-seque 70% da população do centro e 30% dapopulação do bairro, sente-se incomodadacom ruídos advindos de fontes atípicas.

O indicativo de Fontes e Distúrbios englo-bou o maior número de variáveis correlacionáveis doestudo. Essas variáveis são relativas às informaçõesacerca dos tipos de fontes existentes e/ou percebidasno ambiente urbano, e à ocorrência dos principais dis-túrbios psico-fisiológicos relatados pelos indivíduos.Verificou-se que para ambas as regiões estudadas airritabilidade e a baixa concentração são os efeitos or-gânicos de maior ocorrência (Figura 3). Em adição, oruído oriundo do tráfego de veículos foi indicado comoo tipo de ruído que causa maior incômodo (Figura 4),seguido do ruído proveniente da região, tais como:alarmes, atividades de construção civil, e outros.

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0% 10% 20% 30% 40%

Não há Incômodo

Pouco Incômodo

Muito Incômodo

Extremamente Incômodo

% de Indivíduos

Centro

Bairro

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Percepção Temporal (Bairro)

0% 10% 20% 30% 40%

Nada

Bem pouco

Pouco

Médio

Muito

Intenso

Extremo NoiteTardeManhã

Percepção Temporal (Centro)

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Nada

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Muito

Intenso

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Ressalta-se que para o bairro, o segundotipo de ruído identificado como causador demaior incômodo foi o proveniente de aviões.Isso se deve ao fato da existência de um eixode chegada nas proximidades do bairro.

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O esclarecimento acerca da poluição so-nora é o precursor da adoção de medidas decontrole, segundo Stansfeld & Matheson11

(2003). A avaliação subjetiva mostrou quea maioria da população estudada está cien-te dos prejuízos advindos da exposição ao ruídourbano, esclarecimento considerado alto para am-bas as zonas.

Ficou evidenciado, pela avaliação subjetiva, que apopulação da zona de controle indica aumento nonível de ruído percebido.

Esse aumento no nível das emissões sonoras perce-bidas subjetivamente pela população é corroboradopelos resultados obtidos para a análise ambiental doruído em Zannin et al12 (2001). Nesse trabalho, em 26pontos medidos no bairro, o nível sonoro médio ob-tido foi de 50 dB(A). Tem-se portanto um aumento de50 dB(A) para 53,3 dB(A). Deve-se ressaltar que ospontos onde foram realizadas as medições, tanto emZannin et al12 (2001), como no presente trabalho, sãoos mesmos. Uma explicação possível para o aumentonos níveis sonoros na área de controle, é o fato de quea mesma é uma zona residencial de urbanização re-cente e intensa, pois a mesma dispõem de muitas á-reas verdes. Nela não é permitida a construção deprédios, e a existência de comércio só é permitida naavenida central do bairro. Outro fato que colaborapara o aumento no nível de ruído, é que o bairro ana-lisado está nas proximidades de um corredor aéreo deCuritiba, e o fluxo aeroviário aumentou na cidade emface do crescente desenvolvimento industrial. Em-bora houve um aumento no nível sonoro médio da

área de controle, percebido também pela análise dareação da população, o nível atual de emissão sonoraL

eq=53,3 dB(A), satisfaz plenamente tanto a legisla-

ção municipal Lei 10.625 como o parâmetro parazonas residenciais da WHO, que é de L

eq=55 dB(A). O

importante na zona de controle não é o aumento donível sonoro verificado, mas sim a consciência danecessidade da preservação dos níveis atuais.

Em 1992, somente 0,6% de um total de 25 pontosavaliados encontravam-se na faixa de emissões so-noras de Trata-se do aumento no número de pontosmedidos dentro da faixa de ruído de 50<L

eq≤55 dB(A),

sendo que no ano de 2000 o número de pontos medi-dos nesta faixa passou para 26, ou 7,4% do total de350 pontos medidos. nessa faixa de ruído, aumenta-do para 7,4% em 2000. No trabalho aqui apresenta-do, o nível sonoro médio foi de L

eq=53,5 dB(A). O

número de pontos avaliados foi tanto em 1992 comoem 2000, de 350 pontos. Os pontos avaliados em2000, são os mesmos avaliados em 1992.

Para a zona não controlada (centro da cidade), medi-ções realizadas em 2002 por Zannin et al13 (2002) em97 pontos, mostraram para o nível sonoro o valor mé-dio de L

eq=73,4 dB(A). No trabalho aqui apresentado

o valor médio (97 pontos de medição) obtido foi deL

eq=72,9 dB(A). Há portanto, situação de risco perma-

nente à saúde da população residente e a populaçãoque ali trabalha. O nível de L

eq=70 dB(A) é

tido, pela WHO15 (2003) como o nível de des-gaste do organismo, o qual aumenta os riscosde infarto, derrame cerebral, infecções, hiper-tensão arterial e outras patologias. Além dis-so, o limite estabelecido para a região central,pela Lei Municipal 10.625/200210 de emis-sões sonoras do município de Curitiba é de65 dB(A) no período diurno (7-22h). Percebe-se então, que o nível sonoro no centro da ci-dade tem se mantido praticamente constantee muito acima do especificado pela Lei Mu-nicipal, apresentando portanto um grave pro-blema de poluição sonora.

� -����0� -'���������� ����������� �����������������������)Fator Fontes e Distúrbios: Principais Distúrbios Indicados pelos Indivíduos

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Insônia

Baixa Concentração

Irritabilidade

Zumbidos

Dor de Cabeça

NadaBairro

Centro

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Fator Fonte e Distúrbio: Percepção do Ruído que causa mais incômodo

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Tráfego

Trens

Aviões

Região

Vizinhos

De sua moradia

Bairro

Centro

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Embora o nível sonoro no centro da cidade tenhamantido-se praticamente constante, no período de2001 (Zannin et al12) até 2004 (período das mediçõesconstantes do presente trabalho), a avaliação subjeti-va mostrou que os moradores indicaram aumento nonível sonoro. Isso pode ser explicado pelo fato docentro de Curitiba ser hoje um dos locais mais procu-rados para locações residenciais devido ao menorvalor dos aluguéis. No entanto, quando o moradorcompara o local onde morava com o centro da cida-de, percebe instantaneamente um nível sonoro muitomais elevado no centro. Isso pode ser constatado pe-los resultados obtidos L

eq=72,9 dB(A) no centro da

cidade contra Leq

=53,3 dB(A) no bairro residencial.

Segundo Berglund et al,4 a irritabilidade, usualmen-te, tem efeito contínuo no organismo, uma vez quesua ação ainda é percebida após a paralisação ou ate-nuação do ruído. Isso é característico da exposição aruídos de alta freqüência e é um parâmetro precursorpara a perda auditiva a sons nessa freqüência. A baixaconcentração e a irritabilidade estão no grupo de efei-tos orgânicos de segunda categoria (fisiológicos de

atenção). Verificou-se que para ambas as zonas estu-dadas a irritabilidade e a baixa concentração são osefeitos orgânicos de maior ocorrência, tal como foiverificado no estudo de Belojevic et al3 (1997) para aexposição ao ruído de tráfego. Logo, segundo a clas-sificação de Muzet9 (2002) essa população se encon-tra em situação de atenção.

Em adição, o ruído oriundo do tráfego de veículosfoi indicado como o tipo de ruído que causa maiorincômodo, o que corrobora o resultado dos principaisefeitos orgânicos indicados pela população. Esses efei-tos são característicos de exposição contínuo a essetipo de ruído, de acordo com Belojevic et al3 (1997). Oruído de tráfego então pode ser caracterizado comofator de estresse psicossocial, seguindo a classificaçãode Berglund et al3 (1990) e Muzet9 (2002).

Pode-se concluir que os indicadores gerados: 1)percepção temporal, 2) percepção de ruídos atípicose 3) fontes e distúrbios, podem servir de parâmetrospara caracterizar a percepção à exposição contínuaao ruído pela população.

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