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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA
COMPARAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL ENTRE SUBGRUPOS DE
ESTIMULAÇÃO COGNITIVA PARA IDOSOS: estudo de coorte
THALITA BATISTA ROSA
Niterói-RJ
2016
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THALITA BATISTA ROSA
COMPARAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL ENTRE SUBGRUPOS DE
ESTIMULAÇÃO COGNITIVA PARA IDOSOS: estudo de coorte
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Coordenação do Curso de Graduação e
Licenciatura da Escola de Enfermagem Aurora
de Afonso Costa da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial para
obtenção do Título de Enfermeira e Licenciada
em Enfermagem.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª ROSIMERE FERREIRA SANTANA
Niterói- RJ
2016
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THALITA BATISTA ROSA
COMPARAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL ENTRE SUBGRUPOS DE
ESTIMULAÇÃO COGNITIVA PARA IDOSOS: estudo de coorte
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Coordenação do Curso de
Graduação e Licenciatura em
Enfermagem da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial para
obtenção do Título de Enfermeira e
Licenciada em Enfermagem.
Aprovado em ...../...../ 2016
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________________
Profª Drª. Rosimere Ferreira Santana – Orientadora
EEAAC/UFF
______________________________________________________________________
Drª Priscilla Alfradique de Souza 1ª Examinador
EEAAC/UFF
______________________________________________________________________
Ms George Luiz Alves Santos- 2º Examinador
EEAAC/UFF
______________________________________________________________________
Ms Tallita Mello Delphino – Suplente
EEAAC/UFF
Niterói - RJ
2016
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, meu protetor e força nessa longa caminhada e por nunca ter
desistido de mim.
Ao meu pai, Manoel, por me dar o maior exemplo de caráter, companheirismo e amor ao
próximo e por oferecer todo o suporte para que eu caminhasse até o fim dessa jornada.
À minha mãe, Teresinha, eu diria meu anjo, por ter me ensinado o que é amor me permitindo
cuidar dela até os dias de hoje, depois de anos e anos de um triste diagnóstico de demência.
Dia a dia ao lado dela aprendo o que é ter vontade de viver e o quanto devemos dar o valor a
essa vida, e que o que achamos ser um problema, em nada nos impede de seguir em frente.
Agradeço a Helena, por cuidar tão bem da minha mãe e me dar segurança ao sair de casa
todos os dias para estudar.
Ao meu irmão Leonam, agradeço por todas as caronas até a faculdade.
A todos os meus familiares por acreditarem em mim.
Agradeço a minha companheira, Amanda, por ter em tão pouco tempo transformado a minha
vida para melhor, por toda a ajuda, material ou emocional, sempre que precisei. Ela esteve ao
meu lado em cada segundo nos momentos mais importantes nessa caminhada, e, mesmo com
um oceano de distância, não desistiu de nós.
Agradeço a minha orientadora Rosi, por acolher minha sede por gerontologia, me mostrando
como deveria dar os primeiros passos para uma excelente caminhada; agradeço ainda por
todos os conselhos dados e pela parceria que sempre refletiu bons frutos.
Agradeço aos meus amigos, todos eles, sem citar nomes, por todas as mensagens de apoio, por
todos os gestos de carinho, por todas as provas de que vale a pena cultivar uma amizade.
Agradeço aos professores e funcionários da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa e
da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, por todos os ensinamentos e colaborações
para que esta etapa de minha vida se concluísse.
Agradeço ao esporte, por colaborar para que eu aprendesse a ter disciplina desde criança.
Agradeço as companheiras de projeto, por toda colaboração e parceria para que este trabalho
de conclusão de curso fosse possível.
Por fim e diria muito importante, agradeço aos meus professores de infância. Todos vocês
fazem parte desta vitória.
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“A maioria dos idosos não vive, existe, e,
existir sem ser visto é uma espécie de
morte”.
Josias Gyll
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RESUMO
A queixa subjetiva de memória em idosos pode ser decorrente do próprio
envelhecimento, bem como ao humor depressivo e baixa escolaridade ou proveniente de
transtornos cognitivos. O objetivo foi avaliar a capacidade funcional de idosos em
oficinas de estimulação cognitiva ao longo de um ano, divididos entre três grupos de
intervenção e um grupo controle. Estudo de abordagem quantitativa com avaliação
funcional antes e depois. A análise deu-se com cálculo de média e mediana. Para
comparar valores entre os grupos, foi utilizado teste de Kruskal-Wallis. Em casos de
hipótese nula rejeitada, utilizou-se o teste de Wilcoxon. No Mini-Exame do Estado
Mental (MEEM) houve diferença significativa entre os grupos saudáveis e baixa
escolaridade e controle (p < 0,001, 0,0204) e entre os grupos baixa escolaridade e
humor (0,0149). Já para a Escala de Depressão Geriátrica (EDG), os valores
significativos foram aqueles entre o grupo de humor (p < 0,001). No teste EVP
observou-se diferença entre os grupos saudáveis e baixa escolaridade (0,0012) e grupos
baixa escolaridade e humor (0,0229). Portanto, os idosos mantiveram a capacidade
funcional, demonstrando a efetividade da intervenção proposta. Recomenda-se que os
idosos sejam distinguidos em grupos que tracem características semelhantes nas
avaliações e, desta forma, proporcionar uma atenção diferenciada e específica a cada
demanda, com valorização da linguística no caso da baixa escolaridade e questões de
humor aos idosos com queixas emocionais.
Palavras chave: idoso, memória, enfermagem, enfermagem geriátrica, gerontologia.
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ABSTRACT
Subjective memory complaints in the elderly may be due to aging itself, as well as
depressed mood and low education or from cognitive disorders. The objective was to
evaluate the functional capacity of the elderly in cognitive stimulation workshops
during a year, divided into three intervention groups and a control group. Quantitative
approach study with functional evaluation before and after. The analysis was done with
the mean and median calculation. To compare values between the groups, was used
Kruskal-Wallis test. In cases of rejected null hypothesis, we used the Wilcoxon test.
There was significant difference in the Mini-Mental State Examination (MMSE)
between the groups healthy and low education and control (p
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RESUMEN
La queja subjetiva de memoria en los ancianos puede ser debido al envejecimiento en sí
mismo, así como el estado de ánimo deprimido y baja escolaridad o por los trastornos
cognitivos. El objetivo fue evaluar la capacidad funcional de las personas mayores en
los talleres de estimulación cognitiva durante un año, dividido en tres grupos de
intervención y un grupo control. Estudio enfoque cuantitativo con la evaluación
funcional antes y después. El análisis se realizó con el cálculo de la media y la mediana.
Para comparar los valores entre los grupos, se utilizó la prueba de Kruskal-Wallis. En
los casos de hipótesis nula rechazada, se utilizó la prueba de Wilcoxon. Hubo diferencia
significativa en el Mini Examen del Estado Mental (MEEM) entre los grupos de
ancianos saludables y de baja escolaridad y el grupo control (p
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LISTA DE TABELAS, FIGURA E QUADROS
Pág
Tabela 1. Estado da arte.................................................................................... 17
Figura 1. Funcionamento do espaço de pesquisa............................................. 26
Tabela 2. Intervenção nas oficinas de estimulação cognitiva......................... 29
Tabela 3. Estatísticas descritivas para os testes................................................ 31
Figura 2. Comparação da variável MEEM entre os grupos de
intervenção......................................................................................................... 30
Figura 3. Comparação da variável EDG entre os grupos de intervenção....... 33
Figura 4. Comparação da variável LAWTON entre os grupos de intervenção 33
Figura 5. Comparação da variável EVP entre os grupos de intervenção......... 34
Figura 6.Comparação da variável RELÓGIO entre os grupos de intervenção 34
Tabela4. Valor-p para o teste exato de Wilcoxon.............................................. 35
Figura 7. Comparação de cada uma das variáveis entre os grupos de
intervenção......................................................................................................... 36
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SUMÁRIO
Pág
INTRODUÇÃO
Motivação para a Temática do estudo................................................................... 13
Problemática.......................................................................................................... 13
Hipótese................................................................................................................. 15
Objetivos............................................................................................................... 15
Justificativa........................................................................................................... 16
Relevância............................................................................................................. 18
REVISÃO DE LITERATURA
Processo de Envelhecimento e a Capacidade Funcional....................................... 20
Alterações na cognição do Idoso e memória......................................................... 22
Oficinas/treinos de memória................................................................................. 23
MÉTODO
Local de estudo..................................................................................................... 25
Participantes.......................................................................................................... 26
Coleta de dados..................................................................................................... 27
Intervenção............................................................................................................ 28
Organização e tratamento dos dados..................................................................... 29
Aspectos éticos...................................................................................................... 30
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RESULTADOS.................................................................................................... 31
DISCUSSÃO........................................................................................................ 37
CONCLUSÃO ................................................................................................ 41
REFERENCIAS
Obras citadas .................................................................................................... 42
Obras consultadas ............................................................................................. 47
ANEXOS
Parecer consubstanciado do CEP.......................................................................... 49
Termo de consentimento livre e esclarecido......................................................... 52
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1. INTRODUÇÃO
Motivação e temática do estudo
O interesse pelo tema deste estudo foi motivado por aspectos pessoais e acadêmicas
que vieram à tona durante a graduação em enfermagem. O pessoal, que contribui na
motivação deste estudo é o fato de ter um familiar com doença neurodegenerativa, que
estimula a buscar meios e respostas de intervenções de enfermagem na preservação cognitiva
e funcional.
Por isso, ao ser contemplada com a Bolsa de Desenvolvimento Acadêmico, da Pró-
Reitoria de Assuntos Estudantis (PROAES), da Universidade Federal Fluminense (UFF),
onde optei pela integração ao Projeto “Memória Cognitiva, adesão ao tratamento e Inovação
Tecnológica: ações para promoção da saúde na terceira idade”, em 2012, atuando
especificamente na realização de Oficinas de Memória Cognitiva para Idosos.
Os aspectos relacionados às mudanças decorrentes da idade, e como a qualidade de
vida pode ser melhorada, mantida, levando-se em consideração a atuação, intervenção da
enfermagem gerontológica, me levaram a temática do estudo: Oficinas para idosos com
queixas subjetivas de memória contribuem para promoção da saúde e preservação de sua
saúde mental.
Problemática
Juntamente com o processo de envelhecimento, há uma redução na velocidade de
processamento da informação, que afeta consideravelmente o desempenho cognitivo nas
tarefas que requerem memória e atenção (CARVALHO, 2010). Em idosos, essas são as duas
principais características de perda cognitiva considerada normal, esperada para a idade.
Portanto, idosos saudáveis podem experimentar a sensação de dificuldade na memória,
atrelada a diminuição da velocidade, isto pode ser denominado de queixa subjetiva de
memória, porém, é uma percepção (DOS SANTOS, 2012 ), ou seja, não há evidência seja por
diagnostico médico, de imagem ou de testes de rastreio como um Transtorno Cognitivo Leve
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ou Sugestivo de Demência, ou perdas severas na capacidade de realizar atividades antes
desempenhadas normalmente (BERTOLUCCI, 2001).
Em seu estudo, Talmelli et al. (2010, p.934), concluíram que a disfunção cognitiva
influencia negativamente nas Atividades de vida diária (AVDs). A interpretação dos
resultados obtidos por Lira e Santos (2012, p.41), mostrou que função cognitiva e capacidade
funcional podem estar correlacionadas. Assim, à medida que um indivíduo diminui a
capacidade cognitiva, é possível também diminuir sua capacidade funcional. Por isso, a
capacidade funcional é um parâmetro amplamente aceito para o seguimento de idosos com
queixa de memória.
O conceito de capacidade funcional está relacionado à independência: habilidade de
executar atividades que permitem cuidar de si próprio e viver de maneira independente; E a
autonomia: a capacidade de se autodeterminar e executar os próprios desígnios. Logo, a
capacidade funcional é considerada um elemento essencial à qualidade de vida e à realização
de atividades cotidianas em idosos, conforme afirma Minosso et al. (2010 p.13).
Yashuda e Paulo (2010) obtiveram em sua pesquisa que em alguns estudos as
queixas de memória podem indicar uma dificuldade cognitiva. Porém, outros estudiosos
sugerem que as queixas estão mais associadas a fatores psicológicos, como ansiedade,
depressão e alta exigência pessoal. E ainda, que as queixas subjetivas de memória entre idosos
sem demência, não são apenas secundárias à depressão, mas refletem o status da cognição e
expressam, em parte, uma detecção realística de déficit na mesma. Além disso, afirmam que
existem sugestões de que as queixas subjetivas de memória, principalmente em indivíduos
mais velhos e entre os que apresentam status cognitivo inicial mais baixo, também possam
expressar prejuízo importante. Daí a necessidade de seguimento e intervenção precoce em
indivíduos com queixa subjetiva de memória, pois podem evoluir para quadros demenciais ou
depressivos, com incapacidades e dependência, que devem ser acompanhados e
encaminhados devidamente.
Ávila e Bottino (2006, p.317) afirmam que o estado depressivo pode estar associado
a declínios cognitivos em idosos e é a causa mais frequente de sofrimento emocional e de
piora da qualidade de vida nos idosos.
Outros fatores que podem ser associados são as queixas cognitivas provenientes do
envelhecimento e a baixa escolaridade no idoso, o que torna possível obter um quadro de
declínio funcional comumente ocorrido com o aumento da idade, podendo causar até
dependência (JUNIOR LAMONATO e GOBBI, 2011, p.202).
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Segundo Pont e Carroggio (2013, p.09), promover a saúde do idoso e a preservação
de sua saúde mental é uma das principais intervenções realizadas no treino/oficinas de
memória. Estas tem por objetivo trabalhar a orientação, a percepção (visual, auditiva, tátil,
olfato e paladar), a memória, o raciocínio, as funções executivas (planejamento e
desenvolvimento da ação), a performance motora, a expressão não verbal e a criatividade.
Munari (1997, p.92), declara a importância dos grupos para a enfermagem,
consistindo em facilitar os bens terapêuticos, como na melhoria da capacidade funcional. A
escolha pelas oficinas de memória em grupo se dá pelo fato da possibilidade de um aumento
na interação social entre os integrantes e onde pode haver comunicação entre os idosos e os
preceptores das oficinas, a percepção de mudanças comportamentais e o suporte necessário.
Hipótese
H0: Há diferença entre o desempenho nos testes cognitivos entre os idosos
frequentadores das oficinas de memória cognitiva para queixa subjetiva de memória, humor e
baixa escolaridade.
H1: Não há diferença entre o desempenho nos testes cognitivos entre os idosos
frequentadores das oficinas de memória cognitiva para queixa subjetiva de memória, humor e
baixa escolaridade.
Objetivo geral
Analisar variáveis de interesse para cada grupo de intervenção em oficinas de memória
para idosos.
Objetivos específicos
Comparar se os valores de cada variável diferem entre os grupos de intervenção;
Identificar a capacidade funcional dos integrantes ao longo de um ano de oficinas;
Analisar os resultados obtidos através da avaliação da capacidade funcional de todos
os grupos juntos, bem como fazer a comparação entre cada um.
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Justificativa
O envelhecimento populacional, considerado fruto de conquistas nos âmbitos
científico, tecnológico e social, tornou-se um grande desafio para as políticas públicas e os
setores sociais, proporcionando um grande impacto nos custos da área da saúde (ARAUJO et
al. 2011 p.80).
A Política Nacional de Promoção da Saúde, inscrita no Pacto pela Saúde, ratifica o
compromisso do Ministério da Saúde do Brasil com a ampliação e a qualificação das ações de
promoção da saúde nos serviços e na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o
Pacto pela Vida, que está contido no Pacto pela Saúde, um dos seus objetivos e metas
prioritárias é a atenção ao idoso (BRASIL, 2006).
A portaria 2.528, de 19 de outubro de 2006, que regulamenta a Política Nacional de
Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) que expõe que quando o processo de envelhecer é aceito
como um êxito, o aproveitamento da competência, da experiência e dos recursos humanos dos
grupos mais velhos é assumido com naturalidade (BRASIL, 2006). Uma vantagem para o
crescimento de sociedades humanas maduras e plenamente integradas.
Nessa perspectiva, o envelhecimento bem-sucedido pode ser entendido a partir de
três componentes: a) menor probabilidade de doença; b) alta capacidade funcional física e
mental; e c) engajamento social ativo junto à teia social. Desse modo, o alcance de fatores de
promoção do envelhecimento com qualidade de vida, enfatiza os aspectos preventivos e
assistenciais de maior relevância entre a população idosa (ARAUJO et al. 2011 p.80).
A proposta de oficinas de memória descrita nesse estudo é uma dessas estratégias de
promoção de saúde esperada nas politicas de saúde de idoso. Porém mesmo com os avanços
na esfera política, ainda observa-se uma morosidade na implementação efetiva de serviços
gerontológicos de promoção e prevenção de saúde, centrando em um atendimento
sintomático, desorganizado, e centrado no cenário hospitalar.
Esta predominância do modelo biomédico na prática de saúde do idoso reflete na
produção bibliográfica centrado na demência e em cuidados para dependentes. Aponta uma
lacuna sobre o tema de promoção manutenção da saúde mental de idosos dependentes, e tece
uma das justificativas do presente trabalho. A seguir, na Tabela 1, apresenta-se a busca
realizada no período de 2009 a 2014, nas seguintes bases de dados: Literatura Latino-
Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); Cumulative Index to Nursing and
Allied Health Literature (CINAHL) via portal CAPES; Medical Literature Analysis and
Retrieval System Online (Medline) via PUBMED; e Indice Bibliográfico Español de Ciencias
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de la Salud (IBECS). Estes demonstrados individualmente e, em cruzamentos com os
seguintes descritores: memória (memory), idoso (eldery) e enfermagem (nursing).
Tabela 1: Estado da Arte de 2009 a 2014 utilizando os descritores: memória, idoso e
enfermagem. Agosto de 2015.
Em um dos artigos selecionados, Kane et al (2010), declara que o fraco desempenho
cognitivo pode estar relacionado as alterações e declínio em todo o cérebro. O funcionamento
cognitivo também pode ser um forte preceptor, porque uma disfunção pode prejudicar a
capacidade de concluir AVDs, bem como a capacidade de participar em precauções de
segurança (por exemplo, evitar quedas). Assim, as alterações no funcionamento cognitivo
pode eventualmente comprometer ainda mais a segurança física.
Em outro artigo, Nascimento et al (2010) afirma que conhecer a capacidade
funcional dos idosos é fundamental, visto que a qualidade de vida desta população está
relacionada à autonomia e independência para realização das Atividades Instrumentais de
Vida Diária (AIVDs). Estas condutas permitem avaliar e acompanhar o idoso no seu
envelhecer, a fim de detectar precocemente as dificuldades/incapacidades que possam limitar
a vida do idoso, e, assim, acarretar prejuízos biológicos, fisiológicos, psicológicos e até
sociais.
As oficinas de memória estimulam a cognição, a socialização e a integração dos
idosos. Além disso, demonstram que esse tipo de intervenção contribui para a promoção da
saúde, autonomia, melhoria da qualidade de vida e das atividades de vida diária. As
intervenções de memória são importantes para a funcionalidade do idoso, como por exemplo
lembrar-se de tomar remédios, de pagar as contas, de preparar refeições balanceadas, e podem
contribuir para a independência do idoso e diminuir riscos de institucionalização (SANTOS et
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al, 2012, p.967). Porém afirma-se que estudos de treinos de memória com ênfase na memória
prospectiva (lembrar de lembrar), importantes para a funcionalidade do idoso, são raros na
literatura (CARVALHO; NERI; YASSUDA, 2010, p.317).
A memória é uma das mais importantes funções cognitivas do ser humano, envolve a
capacidade de armazenar informações e conhecimento, fundamentais para desenvolvimento
da linguagem, assim como o reconhecimento de pessoas e objetos (PAULA et al., 2006).
Portanto, a memória é essencial para a manutenção da capacidade funcional, ou seja
independência e autonomia do idoso (FERREIRA et al., 2012)
Considera-se grave as consequências da perda de memória durante o processo de
envelhecimento, os esforços clínicos e de pesquisa têm sido voltados para a compreensão e
reversão de situações patológicas (CHAVES et al, 2010, p. 02). Entretanto, os resultados do
estudo de Apostolo et al. (2014, p. 158) suportam a eficácia da estimulação cognitiva na
população idosa, mostrando que os idosos com déficit de cognição tiveram boa evolução no
quadro.
Para Chaves et al. (2010), o diagnóstico de memória prejudicada para a prática
clínica de enfermagem é importante bem como a necessidade de seu estudo mais
aprofundado. Souza e Santana (2011) afirmam que a identificação do diagnóstico de
enfermagem contribui na formação de conhecimentos e práticas que auxiliem os enfermeiros
a antecipar e a minimizar os riscos desencadeantes das internações na população idosa e,
sobretudo, os prejuízos de memória e manutenção das atividades diárias nos idosos em
processo agudo.
Teixeira (2012) reforça que estudos de treino cognitivo ainda são escassos no Brasil,
sem dados suficientes para confirmar se os achados em populações internacionais podem ser
generalizados para a nossa população, em virtude das características sociodemográficas
diferentes, principalmente educacionais.
Ao realizar a busca bibliográfica nota-se uma possível lacuna sobre estudos que
englobam as oficinas de memória e até mesmo, estudos sobre a atuação da enfermagem em
promoção da saúde cognitiva de idosos. Portanto, o estudo se justifica pela necessidade de
compreensão acerca das variáveis que envolvem as queixas de memória, por possuírem
importância clínica no contexto do envelhecimento.
Relevância
É válido ressaltar a importância social que as oficinas possuem ao atender
gratuitamente os idosos participantes, além de realizar um acompanhamento ambulatorial de
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enfermagem especializado na área gerontológica.
A discussão deste tema contribui para o fortalecimento da linha de pesquisa
“Cuidado ao idoso no contexto da saúde e enfermagem”, do Núcleo de Estudo e Pesquisa em
Enfermagem Gerontológica (NEPEG), ao trazer a possibilidade de consolidação de espaços
de atendimento/extensão atrelados a pesquisa e ensino, beneficiando a comunidade,
integrando-os a sociedade.
Ao receber a população idosa, em grande parte desprovida da oportunidade de
frequentar uma universidade ao longo da vida. Esses indivíduos se sentem parte do ambiente
de ensino, eles fazem parte de uma rotina de discentes e docentes, e se inserem em um grupo
diversificado de pessoas. As oficinas são capazes de integrar, além do mais, a Universidade
Federal Fluminense, o Espaço Avançado – UFFESPA, local onde é realizado as atividades a
comunidade.
Quanto a formação do profissional, contribui em âmbito individual ao capacitar a
enfermagem em uma área com poucos especialistas. Ademais, contribui com um estudo
longitudinal de avaliacao das estratégias e os possíveis benefícios, apesar da limitação da
amostra. Observa-se um incentivo a pesquisas na área, já que a temática idoso e estimulação
cognitiva tem sido amplamente discutida cientificamente, como também um assunto
atualmente explorado pela mídia, dado o crescimento da população de idosos ativa e a
repercussão da perda de memória em sua qualidade de vida e, consequente custos diretos e
indiretos com a dependência.
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2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Processo de Envelhecimento e a Capacidade Funcional
Dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE, 2010), revelaram um aumento da população com 65 anos ou
mais, que era de 4,8% em 1991, passando a 5,9% em 2000 e chegando a 7,4% em 2010.
Ainda segundo a publicação do IBGE em 2010, o grupo etário de 60 anos ou mais, duplica
em termos absolutos, no período de 2000 a 2020, passará de 13,9 para 28,3 milhões,
elevando-se, em 2050, para 64 milhões.
Conceitua-se o envelhecimento como um processo fisiológico, juntamente com as
alterações do próprio organismo, ocorrido num espaço de tempo mais curto em países em
desenvolvimento em relação aos países desenvolvidos. Estudos da Organização Mundial de
Saúde no Brasil trazem a informação de que o idoso é a pessoa com 60 anos ou mais e em
países desenvolvidos são aqueles com 65 anos ou mais (OMS, 2008).
Souza e Santana (2011), afirmam que durante o processo de envelhecimento, podem
ocorrer perdas e mudanças importantes no organismo, em especial nos sistemas: nervoso
central, respiratório, de mobilidade e cardiovascular; mas podem ou não estar relacionadas
aos sinais e sintomas evidentes de quadros patológicos.
Para tanto o envelhecimento representa o conjunto de consequências ou os efeitos da
passagem do tempo. Pode ser multidimensional: biológico, como a involução morfofuncional
que afeta todos os sistemas fisiológicos (MORAES, 2012), psicológico, social, funcional e
cronológico.
Estudos trazem o relato de que juntamente com o envelhecimento, podem ocorrer
deteriorações em áreas da cognição decorrente de processos fisiológicos que se alteram com a
idade, proporcionando declínio cognitivo de início e progressão variáveis. Declínio este que
pode estar relacionado aos fatores educacionais, de saúde, bem como ao nível intelectual
global.
Existe a dificuldade em armazenar informações e resgatá-las: os indivíduos em
questão afirmam ainda, terem prejuízo ocupacional e social. Frente a essas mudanças
decorrentes da idade, principalmente entre idosos analfabetos ou de baixa escolaridade,
ocorrem autoabandono, perda da autoestima, isolamento da sociedade e até do ambiente
familiar (SOUZA; CHAVES, 2005; SANTOS et al, 2012).
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As queixas podem ou não evoluir para um comprometimento cognitivo e por este
motivo deve-se considerar a possibilidade de identificar os fatores relacionados à percepção
do mau funcionamento da memória nos idosos. Conforme afirma Santos et al (2012, p.25), a
queixa reflete um descontentamento em relação às suas habilidades e, portanto, pode
prejudicar o bem-estar e a qualidade de vida desses indivíduos.
Segundo a Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) bem-estar e
funcionalidade são equivalentes e representam autonomia (capacidade individual de decisão e
comando sobre as ações, estabelecendo e seguindo as próprias regras) e independência
(capacidade de realizar algo com os próprios meios), fazendo com que o indivíduo cuide de si
e de sua vida.
As modificações sociais podem ser aquelas que mais interferem na qualidade de
vida, são verificadas, segundo Santos (2010), quando as relações sociais tornam-se alteradas
em função da diminuição da produtividade e, principalmente, do poder físico e econômico. E
no decorrer da vida, almeja-se liberdade e independência em todos os aspectos, porém, as
modificações ocorridas no processo de envelhecimento tendem a afetar a independência e
autonomia do idoso.
Segundo Guimarães (2004, p. 09), autonomia e independência são conceitos que
devem ser bem definidos:
A autonomia pode ser definida como a liberdade para agir e tomar decisões no dia a
dia, relacionadas à própria vida e à independência. Pode também ser entendida como
a capacidade de realizar atividades sem a ajuda de outra pessoa, necessitando, para
tanto, de condições motoras e cognitivas suficientes para o desempenho dessas
tarefas. No entanto, autonomia e independência não são conceitos interdependentes,
haja vista que o individuo pode ser independente e não ser autônomo, como
acontece, por exemplo, nas demências. Ou então, ele pode ser autônomo e não ser
independente, como no caso de um indivíduo com graves sequelas de um acidente
vascular cerebral, mas sem alterações cognitivas: nessa situação, ele é autônomo
para assumir e tomar decisões sobre sua vida, mas é dependente fisicamente.
A capacidade funcional surge como um conceito de saúde do idoso pela
possibilidade deste cuidar de si mesmo, de determinar e executar as atividades de vida
cotidiana, mesmo com a presença de comorbidades (CARDOSO; COSTA, 2010, p.2877).
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A avaliação funcional é realizada para medir os níveis em que uma pessoa é capaz de
desempenhar determinadas atividades ou funções em diferentes áreas; tal avaliação é definida
como uma tentativa sistematizada, que faz uso de variadas habilidades para o desempenho das
tarefas de vida diárias (OLIVEIRA et al., 2012), conforme realizado nesse estudo.
2.2 Alterações na cognição do Idoso e memória
Segundo a OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde, cognição é definida como
a capacidade mental de compreender e resolver os problemas do cotidiano. Carvalho et al.
(2010), afirmam que uma das alterações cognitivas que mais recebe atenção dos idosos é a
memória e que com o envelhecimento, ocorre uma diminuição na velocidade de
processamento da informação que afeta o desempenho cognitivo, principalmente, em tarefas
de memória e atenção. Assim, alterações esperadas no envelhecimento incluem diminuição na
memória episódica e na memória operacional.
A redução gradual das funções cognitivas é observada no processo do
envelhecimento natural e apresentam as seguintes características: esquecimento dos fatos
recentes, dificuldades de calcular, mudanças no estado de atenção, diminuição da
concentração e do raciocínio, além de tornar mais lentas as atividades motoras grossas e
diminuir as habilidades motoras (FARIA et al, 2010).
A memória é definida como um processo de retenção de informações no qual as
experiências são arquivadas e recuperadas quando requisitadas, ou seja, processos de
informações em experiências vivenciadas (CARVALHO; PEIXOTO, 2012). A mesma
permite a autonomia e independência, e ajuda as pessoas a se sentirem vivas, a manter a
capacidade para se relacionar e comunicar com os outros (PONT; CARROGGIO, 2013).
Para Izquierdo (2011), a memória significa aquisição, formação, conservação e
evocação de informações; a aquisição, por exemplo é sinônimo de aprendizado. O autor
afirma ainda que a memória pode ser classificada de acordo com sua função, com o tempo de
duração e com o seu conteúdo.
O tempo de duração é dividido em memória de longa duração e curta duração, onde:
longas são aquelas que demoram a ser consolidadas, mas das quais se podem recordar dias,
meses ou anos depois de armazenadas. E curta duração são aquelas que duram poucos
minutos ou horas, serve para proporcionar a continuidade do sentido do presente.
De acordo com o conteúdo, se subdivide como declarativa ou explícita e procedurais
ou de procedimento.
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23
As procedurais ou de procedimentos referem-se às capacidades ou habilidades
motoras e sensoriais, comumente chamada de habito, como por exemplo conhecer os
movimentos necessários para dar um nó em uma gravata, nadar ou dirigir um carro, sem que
seja preciso descrevê-lo verbalmente.
Já a declarativa é um tipo de memória verbal, que pode ser verbalizada ou declarada
(lembrança de datas e números de telefones). Segundo Izquierdo (2011), são subdivididas em
episódicas ou autobiográficas, quando relacionada a eventos assistidos ou dos quais o
individuo participou e semânticas, quando ligadas ao conhecimento da língua portuguesa,
psicológica ou fonoaudiologia. Além destas, existe a memória de trabalho, que armazena e
retém temporariamente a informação enquanto uma determinada tarefa está sendo realizada,
assim, esta memória dá suporte às atividades cognitivas como, por exemplo, a leitura.
Portanto ao reconhecer todos os tipos de memória, o ideal é que se avalie quanto a
alterações e intervir. Essas intervenções podem ser através de atividades como oficinas ou
treinos de memória, tema abordado a seguir.
2.3 Oficinas/treinos de memória
Para que a memória seja conservada, deve ser exercitada. (DIAS; MORENO, 2012;
YASHUDA et al, 2011). E, segundo Guerreiro e Caldas (2001) a realização de treinos ou
oficinas de memória tem como foco o incentivo a prática de exercícios que estimulem a
memória, promoção e prevenção da saúde, socialização e interação, promovendo assim, uma
melhora no autocuidado, nas relações interpessoais e na autoestima.
Conforme a Política Nacional de Promoção da Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) criada
pelo Ministério da Saúde em 2006, tem o intuito de garantir atenção adequada e digna para a
população idosa brasileira. As ações são voltadas para o enfrentamento dos desafios de
produção da saúde num cenário sócio-histórico cada vez mais complexo e que exige a
reflexão e a qualificação contínua das práticas sanitárias e do sistema de saúde.
Estudos trazem a informação de que a terapia de estimulação cognitiva está
associada a uma redução do risco de comprometimento cognitivoe que deve começar o mais
cedo possível (MADEIRAS, et al., 2012). Além disso, segundo Apóstolo (2014, p. 158), o
treino cognitivo aumenta a reserva cognitiva, diminuindo o risco de demência.
Com a prática da promoção da saúde do idoso, facilita-se a compreensão dos
determinantes dos problemas de saúde e a orientação das soluções que respondam às
necessidades e interesses das pessoas idosas; além de contribuir para a promoção de
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24
conhecimento, reflexão e decisão nos atos de cuidar e agir e, principalmente, garantir o
envelhecimento com qualidade de vida.
Nas oficinas os idosos podem não só ouvir, mas também se comunicar, falar e
expressar o que sentem e se mostrar à vontade dentro do grupo e no convívio social (DIAS;
MORENO, 2012; YASHUDA et al, 2011).
Dados do IBGE (2010) mostram que entre os idosos brasileiros encontra-se alto
índice de analfabetismo, atingindo 5,1 milhões de habitantes, acrescidos dos analfabetos
funcionais que são aqueles com menos de quatro anos de estudo.
É possível que a escolaridade dos participantes influencie o valor clínico das queixas
cognitivas. Estudos de Vitiello el al (2007) mostraram que em pessoas com maior nível
educacional, tais queixas podem ser um importante sinal da iminência de demência.
Estudos com amostras clínicas também destacaram a possibilidade das queixas terem
maior valor preditivo para a demência em indivíduos com alta escolaridade, mesmo quando
não são identificados prejuízos cognitivos em avaliações (WALDORFF et al 2012).
Foi documentado também que pacientes diagnosticados com depressão maior podem
apresentar comprometimento em várias habilidades cognitivas (ÁVILA, BOTTINO 2006);
entre elas a psicomotricidade, a memória, a compreensão da leitura, a fluência verbal e as
funções executivas.
É possível que sintomas depressivos estejam associados a pior desempenho cognitivo
e que o desempenho alterado esteja acompanhado de queixas cognitivas. É plausível ainda
que tais sintomas se associem a uma percepção exacerbada dos prejuízos cognitivos.
Dado estas peculiaridades, é importante a divisão em grupos como proposta na
estruturação das oficinas desse estudo, visto que cada grupo reúne características especificas
para formas diferentes de intervenção.
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3. MÉTODO
Trata-se de um estudo com abordagem quantitativa, do tipo longitudinal, antes e
depois da intervenção, na modalidade de oficinas, ou seja, pré e pós teste da avaliação
funcional.
O estudo quantitativo utiliza-se de instrumentos fechados que permitam a
quantificação do objeto de estudo. As informações são colhidas por meio de um questionário
estruturado ou entrevista fechada com perguntas claras e objetivas; utiliza-se de uma amostra
que seja representativa; exige um número maior de entrevistados para garantir maior precisão
nos resultados, quando comparada a pesquisa qualitativa.
Local de Estudo
O cenário de estudo foi o Espaço Avançado – UFFESPA, da Universidade Federal
Fluminense se situa no campus do Gragoatá - UFF, em Niterói, RJ. O UFFESPA atende aos
idosos da região sul Fluminense.
As oficinas são realizadas no cenário de pesquisa a 3 anos e concomitantemente, as
avaliações e dinâmicas de execução. Portanto, os idosos encontram-se, em sua maioria,
familiarizados com o ambiente. A equipe do cenário de pesquisa é composta por enfermeiros,
estudantes de enfermagem, assistente social, estudantes de serviço social, fonoaudióloga,
psicóloga, fisioterapeuta e educadores físicos.
As oficinas de memória funcionam semestralmente, em dias e horários agendados,
após períodos estipulados para inscrição e realização de testes com os idosos. Cada oficina é
guiada por um ou dois integrantes da equipe.
Além de 3 oficinas de estimulação cognitiva, no espaço compartilhados pelos idosos,
existe outros projetos como prevenção de quedas e arte terapia. A figura abaixo expressa o
funcionamento do espaço da pesquisa.
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Figura 1. Funcionamento do espaço de pesquisa. Niterói, 2016.
Participantes
Os participantes da pesquisa foram idosos frequentadores das oficinas de memória
cognitiva que buscam espontaneamente pelo serviço. Os sujeitos da pesquisa foram 67 idosos
de ambos os sexos, com idade entre 60 e 88 anos, cadastrados no projeto social para idosos do
Espaço Avançado e participantes das oficinas de estimulação cognitiva que buscaram
espontaneamente pelo serviço.
Em relação a escolaridade dos participantes, 5 eram analfabetos, 8 possuíam o ensino
fundamental incompleto, 18 concluíram o ensino fundamental, 4 possuíam nível médio
incompleto e 18 idosos completaram o nível médio. Alguns idosos chegaram ao ensino
superior, mas 11 concluíram e 3 não concluíram.
Do total de idosos, 20 que apresentavam queixa subjetiva de memória e MEEM
superior ou igual a 26 pontos, foram encaminhados ao grupo1, denominado saudáveis. Outros
11 idosos com queixa subjetiva de memória e baixa escolaridade (com até 5 anos de
escolaridade), foram encaminhados para o grupo 2. Já os idosos com queixa de humor,
pontuação na Escala de Depressão Geriátrica (EDG) até 4 pontos ou mais, foram
encaminhados ao grupo 3, composto por 25 idosos. O grupo controle é o de número 4, com 11
idosos.
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Os critérios de inclusão são: idosos capazes de locomover independentemente até o
Espaço, com queixa subjetiva de memória, de baixa escolaridade ou com queixa de humor;
que desejam participar das oficinas; que estejam cadastrados no projeto social para idosos do
Espaço Avançado.
Como critérios de exclusão: idosos com diagnóstico prévio de demência, os que ao
longo de sua participação tenham diagnostico de demência ou tenham apresentado piora
considerável com suspeita e encaminhamento ao profissional médico responsável; e falta
seguida em três oficinas sem justificativa.
Coleta de dados
As oficinas de estimulação cognitiva são planejadas previamente, mediante
características do grupo de idosos selecionados e são passíveis de mudanças ou acréscimos de
acordo com a demanda. O intuito de cada oficina é estimular determinadas áreas cognitivas,
de acordo com a necessidade em evidência na avaliação inicial.
Como instrumento de coleta de dados adotou-se testes amplamente utilizados em
gerontologia: Mini Exame do Estado Mental – MEEM, Escala de Atividade de Vida Diária –
Lawton, Escala de Depressão Geriátrica - EDG, Desenho do Relógio e Teste da Fluência
verbal. Somado a este, foi utilizado instrumento de avaliação das oficinas.
O MEEM é um teste neuropsicológico para avaliação da função cognitiva; Lawton
avalia o desempenho funcional da pessoa idosa em termos de atividades instrumentais que
possibilita que a mesma mantenha uma vida independente; EDG verifica a presença de quadro
depressivo; Desenho do Relógio é um teste válido e confiável para rastrear pessoas com
lesões cerebrais, verificando a habilidade visuoconstrutiva ou praxiaconstrucional, que é a
capacidade de desenhar ou construir a partir de um estímulo (no caso, um comando verbal);
Teste da Fluência Verbal, que verifica declínio cognitivo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).
O ponto de corte considerado para o MEEM foram os valores validados em estudos
brasileiros: abaixo de 13 para demência, igual ou superior a 13 para os analfabetos, igual ou
superior a 18 para os com cinco anos ou mais de escolaridade e 26 para pessoas com ensino
superior. Já no Teste do Relógio, consideramos uma pontuação que varia de quatro a zero,
sendo quatro a pontuação de melhor desempenho, ou seja, o indivíduo que consegue
representar o círculo, os números, a posição correta e a hora certa, com um ponto para cada
acerto (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).
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Ainda segundo o Ministério da saúde (2007), no teste de Evocação de Palavras espera-
se pontuação entre 13 a 18 animais em 1 minuto, desconsiderando repetições de animais da
mesma classe. O ponto de corte da EDG foi entre cinco e sete (investigar humor deprimido), e
acima de 7, depressão. Na escala de Lawton, tem-se pontuações de sete para dependente, 14
para semi-dependente e 21 para os independentes.
Após as intervenções (oficinas) foram realizadas as avaliações a fim de coletar dados
que evidenciem o status do quadro funcional. Logo, tais avaliações foram realizadas por
avaliadores externos daqueles que realizam as intervenções para evitar um possível viés.
Intervenção
Para uma intervenção eficaz, foi preciso observar o tipo de atividade a ser aplicada e
a característica dos participantes atendidos. As atividades devem ser condizentes com o perfil
dos seus participantes, ou seja, é importante que se conheça a historia de vida dos idosos antes
do planejamento do tipo de trabalho que será implementado.
Dessa forma deve-se ter meios de intervenções específicos para os diferentes grupos,
de forma a atender melhor cada necessidade de estimulação cognitiva. As áreas cognitivas
frequentemente treinadas foram a memória de curto prazo, a atenção e a linguagem, campos
estes com maiores queixas subjetivas entre os participantes, por isto o preparo especial de
associação destas com outras áreas também. Abaixo segue uma tabela com exemplo de
atividades executadas para os grupos:
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Tabela 2. Intervenção nas oficinas de estimulação cognitiva quanto à área cognitiva treinada
e tipo de atividade. Niterói, Rio de Janeiro
Organização e tratamento dos dados
Para organização e tratamento dos dados estes foram transpostos para um banco de
dados organizados no programa Excel for Windows, representados em forma descritiva por
tabelas. Através da estatística ocorreu análise descritiva das variáveis, que consiste no cálculo
da média, mediana, desvio-padrão, mínimo, máximo e amplitude.
Para comparar os valores entre os grupos de intervenção será utilizado o teste de
Kruskal-Wallis , um teste não-paramétrico bastante eficaz na comparação de n grupos não-
pareados, que busca saber se esses grupos tem a mesma média. Para os casos em que a
hipótese nula de Kruskal-Wallis for rejeitada, utilizou-se o teste exato de Wilcoxon, um teste
também não-paramétrico que compara dois grupos não-pareados.
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3.4 Aspectos éticos
O estudo não apresentou qualquer tipo de risco aos seus participantes e, como
possíveis benefícios, destaca-se a estimulação de memória, acompanhamento do desempenho
funcional e ainda, promoção da saúde mental. Os instrumentos de avaliação utilizados
integram critérios internacionais de avaliação e por este motivo foram oferecidos suporte e
apoio as dúvidas referentes aos resultados do teste.
A pesquisa segue o preconizado na resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde
com que discorre sobre o respeito pela dignidade humana e pela especial proteção devida aos
participantes das pesquisas científicas envolvendo seres humanos (BRASIL, 2012).
Cabe ressaltar que este projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa,
conforme a resolução 422/2012, com o número de aprovação 250.132, no dia 19/04/2013.
(ANEXO 1).
Esclareceu-se a não obrigatoriedade de participação, os objetivos do estudo, o sigilo de
nomes, bem como, a apresentação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO
2), no qual os participantes puderam optar ou não pela sua inclusão no estudo, estando cientes
de que a recusa não traria qualquer ônus a eles, nem a exclusão da oficina de memória.
Quanto à aplicação dos instrumentos, estes foram realizados de forma conveniente aos
sujeitos e respeitando seus limites.
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4. RESULTADOS
A Tabela 3 fornece as informações sobre a distribuição dos dados, como média,
mediana, desvio-padrão, mínimo, máximo e amplitude do intervalo em que os dados estão
distribuídos, para cada teste de avaliação. Na mesma tabela também é apresentado o valor-p
referente ao teste de hipótese de Kruskal-Wallis.
Tabela 3. Estatísticas descritivas para os testes. Niterói, Rio de Janeiro, 2016.
Para os testes estudados, a hipótese nula foi rejeitada (valor-p < 0,05) em três deles,
MEEM, EDG e EVP. Dessa forma, há evidências para dizer que existe diferença entre os
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grupos de intervenção, em um desses testes. Para os testes Lawton e Relógio não se rejeita a
hipótese nula (valor-p > 0,05) e, portanto, não há evidências para afirmar que os grupos de
intervenção são diferentes.
As Figuras de 2 a 6 apresentam o boxplot, com o valor-p de cada uma das variáveis no
teste de Kruskal-Wallis, comparando os diferentes grupos de intervenção (idosos saudáveis,
baixa escolaridade, depressão e controle).
Figura 2: Comparação da variável MEEM entre os grupos de intervenção.
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Figura 3: Comparação da variável EDG entre os grupos de intervenção.
Figura 4. Comparação da variável LAWTON entre os grupos de intervenção.
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Figura 5. Comparação da variável EVP entre os grupos de intervenção.
Figura 6: Comparação da variável RELÓGIO entre os grupos de intervenção.
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35
Pelas Figuras 2, 3 e 5 é possível observar que um dos grupos se comporta de maneira
distinta dos demais. É possível observar uma diferença maior em pelo menos um dos grupos.
Para os testes MEEM, EDG e EVP foi realizado o teste exato de Wilcoxon para duas amostras
não-pareadas, com a finalidade de saber qual dos grupos de intervenção se comportava de
forma diferente. Na Tabela 4 é possível observar o valor-p encontrado para cada dupla de
grupos testada.
Tabela 4: Valor-p para o teste exato de Wilcoxon. Niterói, RJ, 2016
MEEM
Grupos de
Intervenção
Idosos
Saudáveis
Baixa
Escolaridade Depressão Controle
Idosos Saudáveis - < 0,001* 0,1089 0,0204*
Baixa Escolaridade
- 0,0149* 0,1724
Depressão
- 0,4256
Controle
-
EDG
Idosos Saudáveis - 0,6401 < 0,001* 0,945
Baixa Escolaridade
- < 0,001* 0,7353
Depressão
- < 0,001*
Controle
-
EVP
Idosos Saudáveis - 0,0012* 0,6052 0,1071
Baixa Escolaridade
- 0,0229* 0,2611
Depressão
- 0,2564
Controle -
*valor-p significativo ao nível de 5%.
Para o MEEM observou-se um valor-p < 0,05 para os testes entre os grupos 1 e 2, os
grupos 1 e 4 e entre os grupos 2 e 3. Portanto há evidências para afirmar que o grupo de
idosos saudáveis apresenta mediana diferente dos grupos de baixa escolaridade e controle, e o
grupo de baixa escolaridade apresenta mediana diferente do grupo depressão.
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36
Já para o EDG os testes que apresentaram valor-p significativo, ou seja, valor-p <
0,05, foram aqueles entre o grupo 3 e os grupos 1, 2 e 4. Assim, é possível afirmar que o
grupo depressão é o único que apresenta mediana diferente dos demais.
No EVP observou-se um valor-p
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37
5. DISCUSSÃO
A limitação do estudo trata da não aleatoriedade da amostra e ou randomização, mas
estudos comparativos de intervenções que delineiam os grupos, certificam confiabilidade nos
dados apresentados, garantido melhor homogeneidade, e chances de detectar o poder da
intervenção diminuindo os vieses da alta variabilidade intra e inter grupos.
Os grupos de estimulação cognitiva tiveram como objetivo, a promoção do
desempenho cognitivo e criação de novas possibilidades de estarem, de se sentirem
pertencente ao mundo. Para garantir o bom funcionamento da memória, há alguns aspectos
interligados que devem ser considerados, tais como a consciência, atenção, motivação,
velocidade de processamento e percepção (MASUCHI et al, 2010). Além de atividades que
sejam atrativas aos interesses individuais e coletivos, colaborando para o fortalecimento da
interação grupo, do ato de pertencer ao grupo.
Outra possibilidade de sucesso nos resultados pode se centrar na especificidade da
intervenção para a necessidade daquele grupo. Grupos heterogêneos de idosos com queixa
subjetiva de memória, podem conter nesses três subgrupos combinados, que a princípio
podem parecer uma coisa só, todos se queixam absolutamente da memória, inclusive o grupo
com queixa de humor. Esses podem não relatar, ou expressar problemas subjetivos,
emocionais ao buscar as oficinas de estimulação cognitiva, somente será detectado em uma
entrevista pormenorizada, com realização individual dos testes e escala.
A utilização de testes e escalas de rastreio da capacidade funcional são fatores
essenciais para o rastreamento e validação de “suspeitas” clínicas, como no caso das
sintomatologias sugestivas de comprometimento cognitivo em idosos. Ao mesmo tempo, é
importante a uniformização de tais instrumentos, garantindo o uso adequado na avaliação,
possibilidade de comparações entre os estudos, e o registro dos perfis cognitivos,
comportamentais/psicológicos e de desempenho nas atividades de vida diária das pessoas
idosas (FERRÍN, GONZÁLEZ E MÍGUEZ, 2011).
Para o Mini Exame do Estado Mental (MEEM) observou-se que no grupo de idosos
saudáveis, a média do escore foi de 28,05; no grupo de depressão 26,52; no grupo controle
25,54; e no de baixa escolaridade 23,64. Esses dados levam a considerar que, a baixa
escolaridade é um fator de influência na resposta cognitiva da pessoa idosa, e que apesar de
não apresentarem triagem positiva para alterações cognitivas, este grupo é o mais susceptível.
Em um estudo feito em Belo Horizonte, em idosos residentes em uma ILPI, os autores
-
38
consideraram que o desempenho no MEEM foi baixo, uma vez que 93,3% apresentaram
valores abaixo da nota de corte para escolaridade (ALENCAR et al., 2012)
A Escala de Depressão Geriátrica (EDG) demostrou que o grupo de depressão possuía
a média mais elevada, de 4,36 quando comparados ao grupo de baixa escolaridade 1,91; ao de
controle 1,45 e ao de idosos saudáveis 1,25. Estatisticamente, foi significativa a
vulnerabilidade do grupo com queixas subjetiva de memória e humor para possível depressão,
o que reporta para a necessidade de monitorização rigorosa da sintomatologia depressiva, e
intervenções de enfermagem que visem contribuir para a promoção da saúde mental. Para tal
observação, defende-se a ideia do fortalecimento do trabalho em grupo, uma vez que estes
idosos precisam ter tratamento diferenciado, com atividades de resgate da autoestima,
expressividade, e história de vida; além das atividades que valorize a linguagem e memória.
Grupos que tracem a mesma característica, que tratem as questões de humor para além da
memória, já que eles tendem a somatizar muitas emoções.
Indivíduos com características de queixa de humor, em sua maioria, são pessoas que
residem sozinhos, com queixa de isolamento, ou enlutados recentemente. Por não
conseguirem expressar seus sentimentos, tendem a somatizar uma perda de memória mais
expressiva do que realmente seria. E, durante as atividades no grupo tendem a manipular a
fala, o grupo, numa atitude de chamar a atenção do grupo para sua dificuldade de memória. E,
esta pode ser uma das desvantagens da heterogeneidade nos grupos de memória.
As manifestações depressivas são muito frequentes nos idosos, expressando-se, na
maioria das vezes, através de autoverbalizações negativas a si mesmo, aos outros, ao mundo e
à velhice. Revelam uma percepção diminuída das suas capacidades, uma baixa autoestima e
adotam uma participação reduzida (SEQUEIRA, 2010).
Por outro lado, o grupo de baixa escolaridade também revelou ser um grupo
susceptível de sintomatologia depressiva. Segundo Fonseca, a avaliação da saúde mental
pressupõe, por si só, um conjunto de variáveis complexas que condicionam os resultados da
mesma, e que outros fatores como déficit sensorial e baixa escolaridade, podem interferir com
o processo de avaliação pessoal (FONSECA, 2014).
Porém, indivíduos com baixa escolaridade se presentes de modo heterogêneo com
outros indivíduos com queixa subjetiva de memória e que tenham grau de escolaridade
superior, pode inibir sua participação, comportando-se como desinteressados ou apáticos a
atividade, e por fim, podem ser confundidos com pessoas com baixa de humor. Por isso, a
importância da organização, estruturação das atividades das oficinas de memória, conforme a
avaliação funcional.
-
39
A respeito da Escala de Avaliação de Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD)
Lawton, as médias encontradas no estudo foram 20,44 para o grupo de depressão; 20,35 para
idosos saudáveis; 20,18 grupo controle e 19,73 para os de baixa escolaridade. Não se
evidenciou em qualquer grupo, comprometimento importante no desempenho das AIVD’s.
Ressalta-se, porém, que a média encontrada no grupo de baixa escolaridade pode estar
relacionada com a limitação de aprendizagem no manuseio e operacionalização instrumental
nas atividades que necessitam da leitura e escrita, que podem restringir sua independência na
sociedade. Como por exemplo, um dos quesitos mais presente neste grupo foi dificuldade em
administrar sua vida financeira.
O índice de Lawton, embora largamente utilizado em psicogeriatria, deve ser utilizado
com prudência em idosos do sexo masculino, principalmente em algumas atividades como
lavar a roupa, cozinhar e cuidar a casa, em que a incapacidade do idoso pode estar relacionada
com a inexistência de uma prática devido a fatores pessoais/culturais (SILVA e LOURENÇO,
2008), o que não ocorreu nesse estudo.
Relativamente ao Teste de Evocação de Palavras (EVP), a média encontrada foi de
17,85 para o grupo de idosos saudáveis; 17,36 no grupo de depressão; 14,64 grupo controle e
13,09 no de baixa escolaridade. O teste não evidenciou sinais clínicos do diagnóstico de
prejuízo cognitivo em qualquer dos grupos. Como este teste depende de um arcabouço
vocábulo era esperado o baixo desempenho do grupo com baixa escolaridade.
Por isso, a necessidade de se investir em atividades de estimulação cognitiva que não
dependam exclusivamente da leitura e linguística, mas que possam ser visuais e de atividades
cotidianas. Para incentivar a participação de um grupo idoso de maior significância
atualmente, que não teve a mesma oportunidade de estudos, e hoje, está apto a continuar a
aprender num ciclo de desenvolvimento humano normal.
O Teste do relógio (TR) é um instrumento de simples aplicação, não tem diversidade
semântica e não é uma escala com itens dissertativos. Isso porque ele é composto por
comandos objetivos para realização de tarefas, que não dependem da interpretação subjetiva
do avaliador ou do examinador (GUERREIRO, 2010). A média encontrada para este teste foi
de 3,04 para o grupo de depressão; 2,9 para idosos saudáveis; 2,64 para o grupo controle e
para o de baixa escolaridade 1,82.
O baixo valor médio encontrado para este último grupo pode estar relacionado com a
dificuldade construtiva e destreza da praxia fina executiva para a arquitetura do desenho,
porém não relacionado com o comprometimento cognitivo. Atividades voltadas para a
compreensão verbal do comando, planejamento, memória visual, habilidade viso-espacial,
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40
programação e execução motoras, conhecimento numérico e pensamento abstrato podem
ajudar na melhora do teste do relógio.
Com base nos dados, observa-se ainda que os idosos menos escolarizados
apresentaram maior declínio nos testes do Relógio, EVP, Lawton e MEEM. No caso do
Lawton, a justificativa para o pior desempenho desses idosos se dá pelo seu maior grau de
dependência encontrado dentre os outros grupos.
Apesar da evocação de palavras e o relógio serem capazes de identificar déficits de
cognição, defende-se que o MEEM seja o melhor instrumento avaliativo para este grupo.
Visto que esse teste é bastante minucioso e dá a possibilidade de resultados mais fidedignos
com o status cognitivo do idoso pouco escolarizado.
Portanto, enfatiza-se que o grupo de baixa escolaridade por ter menor reserva
cognitiva e maior risco para comprometimento cognitivo severo, deve ser distinto dos demais
para que possam obter melhor desempenho e seguimento.
O grupo de idosos saudáveis obteve melhor resultado em todos os testes. Este fato
juntamente com os demais apresentados, induz a corroboração da hipótese inicial do estudo
que há diferença entre o desempenho da capacidade funcional entre os idosos frequentadores
das oficinas de memória cognitiva para queixa subjetiva de memória, humor e baixa
escolaridade. E o quão importante é a distinção por grupos na operacionalização das
intervenções específicas a cada oficinas de estimulação cognitiva, que pode ser um modelo de
proposição recomendado para dar seguimento em projetos e práticas de enfermagem
gerontológica.
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41
6. CONCLUSÃO
As atividades de estimulação cognitiva foram eficazes na manutenção da capacidade
funcional dos participantes, mas, principalmente, configuraram como uma eficaz estratégia
para a socialização e promoção da saúde. A participação nas oficinas de estimulação cognitiva
permite o seguimento, acompanhamento do grupo, prevendo casos severos precocemente. E a
intervenção favorece a minimização do aparecimento de sintomas de perda de memória e
depressivos, frequentemente desencadeados pelo sentimento de solidão, pelo estímulo a
participação grupal, além de incitarem a manutenção da independência.
Destaca-se a relevância social do projeto de estimulação cognitiva, uma vez que ao
longo de um ano, atendeu gratuitamente aos indivíduos, oferecendo atendimento de
enfermagem especializado e avaliação multidimensional. Bem como, proporcionou exercício
da formação profissional em enfermagem gerontológica e gerontologia, em uma abordagem
multiprofissional, no contato com a equipe de profissionais, ressaltando à
multidimensionalidade do processo de envelhecimento humano.
-
42
7. REFERÊNCIAS
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ALENCAR, M.A.; BRUCK, N.N.S.; PEREIRA, B.C.; CÂMARA, T.M.M.; ALMEIDA,
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ANEXOS
Anexo1. Parecer consubstanciado do CEP
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Anexo2. Termo de consentimento livre e esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – para o paciente
Dados de identificação
Título do Projeto de Pesquisa: OFICINAS DE ESTIMULAÇAO COGNITIVA PARA IDOSOS
FREQUENTADORES DE UM GRUPO PARA TERCEIRA IDADE
Pesquisador Responsável: Profª Dra. Rosimere Ferreira Santana
Instituição em que trabalha o Pesquisador Responsável: Universidade Federal Fluminense
Telefones para contato: (21) 88241026 - (21) 32832218
Nome do voluntário:_____________________________________________________
Idade: _____________ anos R.G. _______________________________
O Sr. (a) está sendo convidado(a) a participar, como voluntário, do projeto de pesquisa
OFICINAS DE ESTIMULAÇAO COGNITIVA PARA IDOSOS FREQUENTADORES DE UM
GRUPO PARA TERCEIRA IDADE, de responsabilidade da pesquisadora Profª Dra. Rosimere
Ferreira Santana, da Universidade Federal Fluminense.
O objetivo desta pesquisa é acompanhar seu desempenho nas oficinas de memória, através
das avaliações da capacidade funcional (os testes) realizados semestralmente antes e no final
do cadastramento das oficinas.
Será mantido o sigilo de todas as informações relacionadas à sua privacidade. Os resultados
da pesquisa serão tornados públicos unicamente em trabalhos e/ ou revistas científicas e não
haverá identificação dos dados pessoais. A sua participação neste estudo não trará riscos e
nem gastos financeiros.
Caso necessite, poderão ser marcados encontros para respostas ou esclarecimentos de
qualquer dúvida acerca da pesquisa. A retirada do consentimento e atualizações sobre os
resultados parciais do estudo podem ser feitas a qualquer momento, sem que lhe isso traga
prejuízos.
Caso concorde em participar, é necessário assinar este documento, que contém duas vias,
sendo uma de propriedade do participante ou do representante legal do voluntário da pesquisa
(caso seja necessário) e a outra do pesquisador.
Desde já, agradecemos.
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53
Eu, __________________________________________, RG nº________________,
responsável legal por ___________________________________, RG nº
_____________________ declaro ter sido informado e concordo com a sua participação,
como voluntário, no projeto de pesquisa acima descrito.
Niterói, _____ de ____________ de _______