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LabGrid / CEPED UFSC
dezembro de 2014
COMPARAÇÃO DE PRODUTOS E
METODOLOGIAS PARA MAPEAMENTO DE
VULNERABILIDADE A DESASTRES
Universidade Federal de Santa Catarina
Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres
Laboratório de Gestão de Riscos de Desastre - LabGrid
COMPARAÇÃO DE PRODUTOS E METODOLOGIAS
PARA MAPEAMENTO DE VULNERABILIDADE A
DESASTRES
CEPED UFSC
Florianópolis, 2014
PRESIDENTE DA REPÚBLICA Dilma Vana Rousseff MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL Francisco José Coelho Teixeira SECRETÁRIO NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Adriano Pereira Júnior
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Reitora da Universidade Federal de Santa Catarina Professora Roselane Neckel, Drª. Diretor do Centro Tecnológico Professor Sebastião Roberto Soares, Dr. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES Diretor Geral Professor Antônio Edesio Jungles, Dr. Diretor Técnico e de Ensino Professor Marcos Baptista Lopez Dalmau, Dr. LABORATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRE Diretor Geral Professor Antônio Edesio Jungles, Dr. Coordenador Executivo Professor Rafael Higashi, Dr. FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA Superintendente Geral Professor Gilberto Vieira Ângelo, Esp.
Catalogação na publicação por Graziela Bonin – CRB14/1191.
Esta obra é distribuída por meio da Licença Creative Commons 3.0 Atribuição/Uso Não Comercial/Vedada a Criação de Obras Derivadas / 3.0 / Brasil.
Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Pesquisa e
Estudos sobre Desastres. Laboratório de Gestão de Riscos de Desastre -
LabGrid.
Comparação de produtos e metodologias para mapeamento de
vulnerabilidade a desastres. - Florianópolis: CEPED UFSC, 2014.
115 p.
1. Desastres - vulnerabilidade. 2. Mapeamento. 3. CEPED UFSC - metodologia. I. Universidade Federal de Santa Catarina. II. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. III. Laboratório de Gestão de Riscos e Desastres - LabGrid.
CDU 504.4
APRESENTAÇÃO
Em agosto de 2012 o Governo Federal lançou o Plano Nacional de Gestão de Riscos e
Resposta a Desastres Naturais, que de forma articulada entre diversos órgãos de governo
prevê a produção de mapas de vulnerabilidade e cartas geotécnicas; a execução de obras de
prevenção; a instalação de equipamentos de monitoramento e alerta a desastres; entre outras
ações. Destas iniciativas resultaram um conjunto produtos a serem entregues aos municípios
até o final de 2014, os quais deverão servir de subsídio para a gestão local de riscos.
Ao Ministério da Integração Nacional (MI), via Centro Nacional de Gerenciamento de
Riscos e Desastres (CENAD), coube a execução do projeto Mapeamento de Riscos de
Desastres, aplicado a 821 municípios brasileiros. Quatro empresas participaram dos primeiros
editais de contratação para o mapeamento e os produtos entregues pelas mesmas estão
relacionados à identificação das principais áreas de risco e suas vulnerabilidades dos
municípios a elas designados, além das indicações de intervenções estruturais e ações não
estruturais, com estimativas de custos, e avaliação da capacidade de proteção e resposta
municipal.
Em 2013, o CENAD, por meio de acordo de cooperação com a Universidade Federal de
Santa Catarina, criou em parceria com o CEPED UFSC, o Laboratório de Gestão de Riscos de
Desastres, com o intuito de desenvolver pesquisas relacionadas ao mapeamento de riscos.
Com o objetivo de auxiliar o CENAD na análise dos produtos recebidos das empresas, e por
solicitação do mesmo, o LabGrid realizou a etapa "Comparação de produtos e metodologias de
mapeamento de vulnerabilidade a desastres".
Objetivo
Comparar os produtos e metodologias apresentados pelas empresas que realizaram o
mapeamento de vulnerabilidade a desastres com a metodologia elaborada pelo CEPED
UFSC.
EXECUÇÃO DO PROJETO
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES
LABORATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRES Coordenação Geral
Professor Antonio Edésio Jungles, Dr.
Coordenação Executiva
Professor Rafael Augusto dos Reis Higashi
Corpo Técnico e Conteúdo
Cleyton Vilpert
Djennifer Zoboli de Almeida
Janaína Rocha Furtado
Rafael Augusto dos Reis Higashi
Elaboração de Mapas e Krigagem
Antônio Guarda
Cleyton Vilpert
Higor Hugo Batista
Colaboração
Michely Martins
Regiane Sbroglia
Rosana Mariah
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INTRODUÇÃO
Os impactos decorrentes dos desastres naturais e número de ocorrências têm
aumentado nos últimos anos, como consequência, entre outros aspectos, da combinação de
efeitos relacionados a fatores econômicos, sociais, demográficos, tecnológicos e ideológicos.
De acordo com Mendonça e Leitão (2008)1, os processos de produção que caracterizam a
Modernidade, principalmente a agropecuária e a indústria, associados aos processos de
urbanização e de metropolização cada vez mais intensos, têm potencializado os desastres, as
catástrofes, os riscos e as vulnerabilidades.
Além do aumento da frequência e da intensidade das ameaças, estes fatores estão
implicados no processo de vulnerabilização das populações e ambientes que estão expostos a
estas ameaças. De modo geral, vulnerabilidade expressa o grau das possíveis perdas ou os
possíveis danos a pessoas, bens, instalações e em meio ambiente que podem transcorrer da
ameaça de um determinado fenômeno. Em situação de desastres, implica também na
capacidade de proteger-se e de recuperar-se das suas consequências sem ajuda externa.
Relaciona-se a um conjunto de fatores, entre eles: sociais, econômicos, físicos e ambientais.
O estudo da vulnerabilidade aos desastres é um aspecto da avaliação do risco, pois o
risco é produto da suscetibilidade a um fenômeno perigoso (ameaça) específico atrelado à
vulnerabilidade local. Em se tratando de ambientes urbanos, ressalta-se que as
vulnerabilidades se encontram territorializadas, ou seja, cada local da cidade possui suas
próprias características, que vão determinar sua vulnerabilidade e guiar as respostas de
prevenção em face dos perigos (Mendonça e Leitão, 2008). Assim sendo, a avaliação deve ser
realizada in loco a partir da aplicação de instrumentos de pesquisa.
Com relação a uma perspectiva ampliada sobre a vulnerabilidade a desastre, tanto
Cardona2 (2008) como Lavell3 (2000) teceram o debate sobre a vulnerabilidade a desastre no
cerne da discussão sobre os modelos de desenvolvimento econômico e social. Muito
1 Mendonça, F.; Leitão, S. Riscos e vulnerabilidade socioambiental urbana: uma perspectiva a partir dos recursos hídricos. In: GeoTextos, vol. 4, n. 1 e 2, 2008, p. 145-163. 2 Cardona OD. The need for rethinking the concepts of vulnerability and risk from a holistic perspective: a necessary review and criticism for effective risk management. Mapping vulnerability: disaster, development & people. Bankof G, Frerks G, Hilhorst D (Eds). Nova York: Earthscan; 2008. 3 Lavell A. Desastres urbanos: una visión global. Panamá: Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales; 2000 [acessado em 2013 Nov 27]; 11 p. Disponível em: http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=REPIDISCA&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=25122&indexSearch=ID.
6
recentemente foi possível observar a mudança de paradigma, analisada por Cardona (2008):
de um enfoque, dado pelas ciências naturais, para a ameaça para um enfoque centrado na
vulnerabilidade.
Os estudos sobre vulnerabilidade a desastres têm sido desenvolvidos desde a década
de 80, mais amplamente adotados na década de 90, a partir da análise de desenvolvimento
dos países e da crítica à ênfase tecnocentrista que vigorava nos estudos sobre “hazards”.
Trazia-se para a reflexão, o entendimento dos diferentes fatores e aspectos sociais
relacionados à produção do risco de desastres e a necessidade de capacitar pessoas para fazer
o enfrentamento aos mesmos.
Percebia-se que buscar intervir sobre as ameaças se apresentava pouco eficaz,
mesmo com o avanço tecnológico disponível. As estratégias de redução de riscos de desastres
centraram seus esforços, então, na minimização das vulnerabilidades, estimulando projetos
com em ampliar as capacidades de enfrentamento dos grupos e comunidades. Como
apresentado acima, a vulnerabilidade é produzida a partir de condições insatisfatórias no que
concerne à relação entre aos aspectos físicos, ambientais, sociais, econômicos, políticos,
culturais, entre outros, e a ocorrência de determinado evento adverso.
No Brasil, o estudo da vulnerabilidade a desastres ainda é bastante incipiente. Uma
breve pesquisa nas bases de dados da Capes4, por exemplo, utilizando os descritores
vulnerabilidade e desastres, resulta em apenas 42 publicações, entre teses, dissertações e
artigos científicos. Destas publicações, nenhuma apresenta metodologias de avaliação de
vulnerabilidade a desastres. Em pesquisa na base de dados Scielo5, nenhuma publicação
aparece com os descritores desastres e vulnerabilidade.
Assim sendo, o desenvolvimento de metodologias na área, especificamente para
identificação e avaliação da vulnerabilidade a desastres, é uma iniciativa benéfica para a
comunidade científica e para os agentes de proteção e defesa ou outros técnicos que atuam
junto às comunidades expostas ao riscos de desastres. Todas as propostas neste relatório
contribuem, a sua maneira, no longo caminho para consolidar uma metodologia que abranja
os inúmeros aspectos e complexos processos envolvidos na vulnerabilidade aos riscos e
desastres.
4 Portal de periódicos da Capes, disponível em: http://www.periodicos.capes.gov.br 5 Portal da biblioteca eletrônica Scielo, disponível em: www.scielo.br
7
Por demanda da SEDEC, este relatório apresenta a análise comparativa das
metodologias para avaliação de vulnerabilidade, desenvolvidas pelas empresas, para atender
ao edital da SEDEC e pela UFSC, fruto do acordo de cooperação técnica entre as Instituições
Federais. Desde já, se considera que o principal objetivo deste estudo não é definir quais
metodologias são adequadas ou não, mas refletir sobre as propostas apresentadas e
resultados alcançados, de modo a contribuir as pesquisas na área.
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METODOLOGIA
A comparação das metodologias apresentadas neste relatório refere-se, estritamente,
à produção dos mapas de risco e/ou mapas de vulnerabilidade elaborados pelas empresas, a
partir do Termo de Referência publicado pela SEDEC (2012 a 2014). Não estava prevista a
avaliação metodológica dos demais produtos solicitados no Termo. No entanto, para facilitar a
comparação das metodologias utilizadas pelas empresas, foi necessário realizar uma breve
análise dos produtos entres pelas mesmas, apresentada no primeiro capítulo dos resultados.
Para executar a análise comparativa foram necessárias as seguintes etapas:
Etapa 1 - Seleção dos setores de risco investigados pelas empresas
Tendo em vista que as empresas foram contratadas para elaborar os mapas de risco e
de vulnerabilidade de todos os setores identificados pelo CPRM nos municípios especificados
em contrato, caracterizando uma demanda grande e variável, a análise das metodologias foi
realizada apenas em dois setores de um município trabalhado por cada empresa, sendo um
setor de deslizamento e outro de inundação. Os municípios foram selecionados pela SEDEC,
que encaminhou os produtos das empresas diretamente ao CEPED UFSC. O CEPED UFSC
selecionou dois setores de cada município, priorizando aqueles que tinham em torno de 50
edificações, tanto para as áreas suscetíveis a inundações como a deslizamentos.
As informações específicas dos setores selecionados para análise de compatibilidade
serão apresentadas ao longo do relatório, após a descrição do contexto de contratação das
empresas e dos produtos a serem entregues.
Etapa 2 - Adequação de informações dos setores
Em um segundo momento, as informações coletadas nos setores foram adequadas às
variáveis e pesos utilizadas pela metodologia do CEPED UFSC. Como a metodologia elaborada
pela Universidade utiliza variáveis indisponíveis na coleta de informações das empresas, um
conjunto de variáveis foi desconsiderado. Outro conjunto de variáveis foi adaptado conforme a
qualidade da informação coletada. Para tanto, todas as informações coletadas pelas empresas,
disponíveis nas planilhas vinculadas aos shapes file dos mapas de risco ou nos mapas de
10
vulnerabilidade, foram organizadas conjuntamente com as variáveis coletadas pela UFSC,
formando uma planilha única (anexo A) na qual pode-se observar as informações coletadas e
utilizadas em comum por todas as empresas e as informações divergentes. Posteriormente,
foram selecionadas as variáveis compatíveis com a metodologia da UFSC, descartando aquelas
que não eram adequadas.
Etapa 3 - Geração de mapas
Posteriormente, aplicou-se a fórmula de vulnerabilidade a desastres desenvolvida pela
UFSC e, utilizando o modelo de krigagem, produziu-se mapas de vulnerabilidade dos setores
trabalhados pelas empresas com a metodologia do CEPED UFSC, afim de verificar as
semelhanças e diferenças entre as subsetorizações de vulnerabilidade elaboradas pelas
empresas e as subsetorizações produzidas com a metodologia da Universidade.
Etapa 4 - Análise compatibilidade
Na análise de compatibilidade foram avaliados os seguintes aspectos:
Os subsetores de vulnerabilidade de acordo com o grau indicado, detalhando número
de setores compatíveis entre as metodologias;
Indicadores utilizados pelas empresas, detalhando número de indicadores compatíveis
entre as metodologias;
A comparação das metodologias de vulnerabilidade foi realizada a partir dos mapas
entregues pelas empresas. Desta forma, foi desenvolvida uma análise entre os produtos e de
sua compatibilidade, conforme indicado acima. Não foi possível analisar detalhadamente
especificidades das metodologias empregadas, tais como: pesos e indicadores, modelos de
espacialização ou métodos de interpolação, entre outros aspectos, pois nem todas as
empresas descreveram a metodologia utilizada para classificar a vulnerabilidade do setor de
risco, por meio da qual o setor foi subdividido em graus de vulnerabilidade (classes). Na
análise dos produtos entregues pelas empresas, no capítulo dos resultados deste relatório, é
possível observar as diferenças dos produtos entregues com relação às classes utilizadas,
mapas apresentados e formato de relatórios, shapes e planilhas, dificultando a análise das
metodologias de vulnerabilidade utilizadas e a consequente compatibilização entre estas.
11
Etapa 5 - Aplicação de metodologia amostral
O projeto piloto da metodologia do CEPED UFSC partiu de amostras coletadas nos
setores de risco para elaborar os mapas de vulnerabilidade. Sugeriu-se a aplicação de amostra
sobre os setores trabalhados pelas empresas com o objetivo de verificar a viabilidade dos
resultados, a partir da comparação dos mapas e subsetores decorrentes.
Foram selecionados dois setores para elaboração de mapas a partir de amostras,
sendo um setor suscetível a deslizamentos e outro a inundações, sendo eles:
Setor 09, de Cachoeiro de Itapemirim/CE - deslizamento, com 21 pontos mapeados
pela empresa Thalweg.
setor 46, de Gaspar/SC - inundação, com 139 pontos mapeados pela empresa Geonvi.
Para definição de amostras foi criado um reticulado de 10x10 metros sobre o setor de
risco selecionado, marcando quadros que possuíam edificações e quantas edificações
apresentavam (excluindo edículas ou complementos de edificações percebíveis). A este total
de edificações espacializadas, aplicou-se o método de amostra planejada a partir dos seguintes
critérios:
Até 15 quadriculas 100% de edificações selecionadas
De 16 a 50 quadriculas 50% de edificações selecionadas, sendo o máximo de 25
edificações
De 51 a 150 quadriculas 33% de edificações selecionadas, sendo o máximo de 50
edificações
De 151 a 500 quadriculas 20% de edificações selecionadas, sendo o máximo de 100
edificações
De 501 a 1500 quadriculas 10% de edificações selecionadas, sendo o máximo de 150
edificações
Mais de 1500 quadriculas 5% de edificações selecionadas.
Foi necessário contar o número de quadrículas que possuem edificações e aplicar o
seguinte critério: Iniciou-se a contagem para aplicação da amostra da primeira quadrícula
marcada a mais ao norte e oeste do grid. Na contagem do quadriculado total, elegeu-se o
primeiro decimal e contar esta como a primeira amostra, as subsequentes foram o percentual
aplicado. Com isso obteve-se as seguintes amostras:
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Quadro 01: Setores e número de pontos selecionados para amostra Setor Município/ Estado Empresa Número de pontos
mapeados Número de pontos
para amostra
Setor 09 Cachoeiro de Itapemirim/CE
Thalweg 21 pontos mapeados 11 pontos
Setor 46 Gaspar/ SC Geoenvi 139 pontos mapeados 46 pontos
Fonte: CEPED UFSC, 2014.
No caso do setor 46 de Gaspar, por exemplo, no qual foi aplicada a metodologia por
amostras, das 139 edificações identificadas, foram selecionadas para aplicação dos formulários
apenas 46 edificações do setor (em torno de 33%), distribuídas conforme ilustra a figura 01, a
seguir.
Figura 01: Imagem do setor 46 de Gaspar com a definição de amostra
Fonte: CEPED UFSC, 2014.
Já no setor 09 de Cachoeiro de Itapemirim, ao aplicar a metodologia de amostra, das
21 edificações existentes, foram selecionadas 11 edificações para a amostra (50%) das
edificações.
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Apresentação Do Objeto De Estudo - As Empresas, o Edital e os Municípios
Para a realização do Mapeamento de Áreas de Riscos a Desastres o governo federal
por meio do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD) elaborou o
Termo de Referência com as diretrizes a serem seguidas pelas empresas durante a execução
dos trabalhos. Nesse consta que as empresas deveriam realizar as seguintes de etapas:
ETAPA I – Mobilização e Relatório de Programação;
ETAPA II – Levantamento, mapeamento e espacialização de informações nos setores de risco
de interesse, através do preenchimento de formulários anexados ao Termo de Referencia; e
ETAPA III – Identificação das capacidades de proteção a desastres.
Segundo o Termo de Referência devem ser entregues os seguintes produtos:
Planilha de dados tabulados sobre elementos de interesse;
Mapas das áreas com a identificação geográfica dos elementos de interesse em escala
1: 2.000 e 1: 10.000;
Relatório de identificação de área mapeada;
Planilha de dados tabulados sobre fatores físicos e ambientais de vulnerabilidade a
inundações e movimentos de massa;
Mapa de classificação de vulnerabilidade à inundação e à movimento de massa, com
respectivos subsetores, em escala 1:2.000;
Mapa de risco de inundação e movimento de massa, por setor e subsetor de risco, em
escala 1: 2.000;
Relatório consolidado sobre fatores físicos e ambientais de vulnerabilidade a
inundações e movimentos de massa;
Planilha de dados tabulados sobre as ações estruturais e propostas de intervenções
para mitigação de riscos;
Mapa temático com a indicação da proposta de intervenção por setor de risco;
Relatório consolidado sobre as propostas de intervenção por município;
Planilha de dados tabulados sobre a capacidade de prevenção e resposta por
município; e
Relatório consolidado sobre a capacidade local de proteção a desastres por município.
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O Ministério da Integração Nacional (MI) por meio de licitações realizou a contratação
de empresas especializadas para o levantamento de dados e análise de vulnerabilidade a
desastres naturais para elaboração de mapas de risco e apresentação de propostas de
intervenção para a prevenção de desastres. Dessas licitações quatro empresas foram
contratadas, as quais são:
Acquatool Consultoria S/S LTDA;
Thalweg Consultoria e Projetos Geológicos;
Pangea Geologia e Estudos Ambientais; e
GeoEnvi Geologia e Meio Ambiente.
A Acquatool Consultoria S/S Ltda é uma empresa fundada em 1997,localizada em
Fortaleza – CE, atua na área de Engenharia em Recursos Hídricos e Meio Ambiente
principalmente na região nordeste do Brasil. Presta serviços de planejamento e gestão em
recursos hídricos, obras hidráulicas, hidrologia e hidráulica computacional, estudos ambientais
e cartografia, dentre muitos trabalhos realizados se destaca o da Transposição de Águas do Rio
São Francisco, sob responsabilidade do Ministério de Integração Nacional6.
A Pangea Geologia e Estudos Ambientais LTDA, localizada em São Paulo – SP, é uma
empresa de consultoria capacitada para atender projetos ambientais multidisciplinares, possui
mais de 10 anos no mercado e presta serviços nas áreas gerenciamento de áreas
contaminadas e investigação de passivos ambientais; soluções em geotecnologias; gestão de
recursos hídricos; soluções geotécnicas e apoio a obras civis; e planejamento e licenciamento
ambiental. Principais Clientes: Petrobras, Furnas, CPTM, Eletropaulo, ANA, Prefeitura
Municipal de São Paulo7.
A empresa GeoEnvi Geologia e Meio Ambiente, situada em Florianópolis – SC, foi
fundada em 2005, atende em todo território brasileiro e atua nas áreas de geologia e
geotecnia, geofísica, meio ambiente, hidrogeologia. Alguns de seus clientes são: Angeloni,
Busscar, Casan, Ministério da Integração Nacional, Prosul, Univalli, Hidropel, Engevix e
Boering8.
6 http://www.acquatool.com.br 7 http://www.regea.com.br 8 http://www.geoenvi.com.br
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A Thalweg Consultoria e Projetos Geológicos Ltda é uma empresa situada no
município de Niterói-RJ. Não foi encontrado site da empresa ou outras informações confiáveis
disponíveis na internet para descrever suas atividades e objetivos.
Para cada empresa foi selecionado um município para realizar a comparação e
selecionados dois setores para o estudo, conforme apresentado no quadro 02 a seguir:
Quadro 02: Descrição dos municípios, setores de risco e empresas contratadas Empresa Município Estado Número de
setores CPRM
Processos Perigosos
Setor selecionado
para o estudo
Setores Selecionados
para Metodologia
Amostral Acquatool
Consultoria S/S Ltda Mossoró Rio
Grande Norte
11 setores Inundação 09 Setor 09 de
Cachoeiro de Itapemirim -
(deslizamento)
Setor 46 de Gaspar -
(Inundação)
Thalweg Consultoria e Projetos
Geológicos Ltda
Cachoeiro de Itapemirim
Espírito Santo
20 setores Inundação e Deslizamento
09 e 11
Pangea Geologia e Estudos Ambientais
LTDA
Santa Cruz Cabrália
Bahia 07 setores Inundação e Deslizamento
05 e 06
GeoEnvi Geologia e Meio Ambiente
Gaspar Santa Catarina
58 setores Inundação e Deslizamento
40 e 46
Fonte: CEPED UFSC, 2014.
17
RESULTADOS
A apresentação e análise dos resultados compreende três momentos distintos, sendo,
primeiramente, fornecido a descrição dos produtos entregues pelas empresas e uma breve
análise do banco de dados fornecidos pelas mesmas e, também, dos produtos cartográficos
solicitados no TR da SEDEC. Em um segundo momento, apresenta-se os produtos gerados para
a compatibilização das empresas, a análise dos indicadores e dos mapas e a seleção de
amostras. Por fim, apresenta-se produtos derivados do mapeamento de vulnerabilidade,
elaborados pela UFSC para agregar os estudos realizados na área e prover mais informações
aos municípios de interesse.
Apresentação, Organização E Entrega Dos Produtos Pelas Empresas
Foi necessário realizar, inicialmente, um levantamento dos produtos entregues pelas
empresas e da forma de apresentação dos mesmos, uma vez que os relatórios e arquivos
disponibilizados não eram similares entre si. Segue uma breve análise dos produtos entregues
por empresa, a partir da descrição dos produtos do Termo de Referência (TR).
Acquatool Consultoria S/S Ltda
A Empresa Acquatool Consultoria S/S Ltda apresenta um relatório para cada etapa,
sendo esses: Etapa 1.1- Identificação da Área Mapeada; Etapa 1.2- Tomo I – Identificação dos
Fatores Físicos e Ambientais; Etapa 1.2- Tomo II - Identificação dos Fatores Físicos e
Ambientais; Etapa 1.4 – Propostas de Intervenções e Etapa 2 – Identificação capacidades de
prevenção e resposta.
Dentre os materiais entregues ao CEPED UFSC relativos à empresa Acquatool consta os
relatórios com os resultados de estudos e a metodologia utilizada para análise da inundação,
formulários e mapas em formato PDF, e, também, os formulários em formato SHP para leitura
em SIG. Esclarece-se, entretanto, que consta no banco de dados somente os dados em SHP. A
visualização dos mapas só é possível em PDF, pois os shapes não apresentam os dados
vetorizados da mesma forma. Não foram entregues as planilhas em Excel, apenas em formato
compatível ArcGis. De acordo com o TR, os mapas deveriam ser confeccionados utilizando o
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DATUM WGS84, no entanto, a Acquatool utilizou o SIRGAS 2000, o que não configura uma
discordância ao TR uma vez que os parâmetros são os mesmos e a legislação cartográfica,
desde 2014, indica a entrega dos mapas em SIRGAS 2000.
Os setores não foram subdivididos apesar do TR solicitar a subsetorização de acordo
com as características similares das edificações e seu entorno, não ultrapassando o número de
25 edificações. Os mapas com os elementos de interesse estão em escalas que variam em
1:2000, 1: 5000 e 1:10000, de acordo com o número de setores identificados em cada mapa.
Thalweg Consultoria e Projetos Geológicos Ltda
A empresa Thalweg apresenta o produto organizado em módulos sendo um
introdutório, explicando todo trabalho realizado, e quatro módulos, um para cada etapa
conforme os formulários. Os produtos foram apresentados em formato editável e não
editável. Na pasta de anexos constam os formulários aplicados, mapas em PDF e planilhas com
dados tabulados. Também foi entregue uma pasta de Geoprocessamento contendo os shapes,
referentes aos arquivos utilizados em SIG.
A empresa entregou todos os produtos solicitados, porém os mapas das áreas com a
identificação geográfica dos elementos de interesse foram apresentados em escala 1:10000.
Além do solicitado pelo TR, foi entregue um mapa regional identificando todos os setores na
área estudada com escala 1:50000. Não constam, porém, os mapas com escala de 1:2000.
Importante enfatizar que não consta a entrega dos mapas de classificação de vulnerabilidade à
inundação e a movimento de massa, com respectivos subsetores, em escala 1:2000.
Pangea Geologia e Estudos Ambientais
A empresa Pangea Geologia e Estudos Ambientais entregou todos os produtos
solicitados, porém, a forma de apresentar esses produtos foi de maneira compilada.
Apresentaram um relatório geral, em formato PDF e Word, contendo todos os relatórios
solicitados, especificaram e descreveram toda a metodologia utilizada. Com anexos, em
formato PDF, apresentam todos os formulários aplicados, os mapas e um anexo com diretrizes
para estudos de inundação. Um arquivo com nome de “cadastro” em formato MDB e IDB
(banco de dados) com as informações levantadas e trabalhadas.
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GeoEnvi Geologia e Meio Ambiente
O mapeamento realizado pela empresa GeoEnvi Geologia e Meio Ambiente apresenta
o produto organizado em pastas, sendo: uma para formulários, onde constam os formulários
tabulados no Excel; uma com as imagens utilizadas para as cartas; uma pasta de relatórios
contendo os quatro relatórios referentes aos formulários; uma pasta com os shapefiles; e uma
pasta por setor, onde dentro de cada uma constam subpastas com: os formulários utilizados,
pontos de GPS, imagens utilizadas para realização das cartas, e mapas, uma em formato MXD
e outra em PDF. A Geoenvi também entregou o banco de dados em formato MDB. A empresa
realizou a entrega de todos os produtos, conforme solicitado no TR.
No quadro 3, a seguir, é possível visualizar a síntese do levantamento dos produtos
entregues pelas empresas e sua apresentação.
Quadro 03: Levantamentos dos Produtos Entregues pelas empresas Contratadas Município Gaspar - SC Cachoeiro de
Itapemirim - ES Santa Cruz Cabrália - BA
Mossoró - RN
Empresa Geo Envi Thalweg Pangea Acquatool Consultoria
Processos Investigados
Deslizamento e Inundação Deslizamento e Inundação
Deslizamento e Inundação
Inundação
Apresentação dos produtos
4 Relatórios solicitados no TR
em pdf e Word
Formulários: 4
formulários, com os
dados tabulados em
Excel;
Imagens: imagens
georreferenciadas
utilizadas na carta
imagem.
Shapefiles: todos os
overlays utilizados na
produção dos mapas
(espacialização de feições
(pontos, linhas, polígonos)
Cadastro (dados dos
formulários tabulados)
em mdf
Pasta para cada setor de risco,
sendo 58 setores, dentro
dessas constam as seguintes
subdivisões:
Formulário 1: croqui;
planilha em Excel; fotos;
formulários aplicados em
Modulo Introdutório - relatório explicando o trabalho geral, em pdf e Word.
Módulo I: Relatório –
Identificação da área mapeada.
Anexos: formulários pdf e mdb
Mapas pdf elementos de interesse
Planilhas excel
Módulo II:
Relatório - Fatores
Físicos e Ambientais
de Vulnerabilidade a
Inundações e
Deslizamentos
Anexos: formulários
pdf e mdb ;
Mapas pdf mapa de
risco
Planilhas excel
Módulo III:
Relatório Geral, em seu conteúdo constam compiladas as informações dos 4 relatórios solicitados no TR.
Anexos:
Mapas elementos
de interesse, em
pdf;
Mapas de
vulnerabilidade, em
pdf;
Mapas de risco, em
pdf;
Medidas para
mitigação
estruturais e não
estruturais com
mapas e tabelas de
custos, em pdf;
Diretrizes para
projetos de
inundação, em pdf;
Cadastro
4 Relatórios consolidados, dentro desses constam: Relatório,
formulários e mapas, em formato pdf.
4 formulários em formato dbf, prj, sbn, sbx, shp,shx.
20
Formulário 2:
formulários aplicados em
pdf ; formulário, dados
tabulados, em Excel
Formulário 3: formulários
aplicados em pdf;
formulário, dados
tabulados, em Excel
GPS: pontos coordenadas
coletadas
Imagens: imagens
georeferenciadas
utilizadas na carta imagem
escala 1:10000 e 1:2000
Mapas em mxd: mapas
com o projetos,
compilando todos os
shapes, pronto de cada
mapa
Mapas em pdf : 4 mapas
solicitados no TR. Exceto
vulnerabilidade, consta
um de suscetibilidade,
vulnerabilidade somente
das edificações.
Relatório – Propostas
de Intervenção
Anexos: formulários
pdf e mdb
Mapas pdf proposta
de intervenções
Módulo IV:
Relatório -
Capacidade Local de
Proteção a Desastres
Naturais
Anexos: formulários
pdf e mdb
Geoprocessamento
(shapes diversos
utilizados para gerar os
mapas):
Elementos de
interesse
Risco e intervenções
Setores de risco
Vias
(informações dos
formulários
tabuladas) em mbd;
Formulários
aplicados, em pdf;
Imagens - várias
fotografias tiradas
em campo;
Mapas Entregues
Mapa de Elementos de
Interesse
Mapa de Risco
Mapa de Suscetibilidade
Mapa de Propostas de
Intervenções Estruturais
Mapa de Propostas de
Intervenções Não
Estruturais
Mapa de Elementos
de Interesse
Mapa de Risco
Mapa de Propostas
de Intervenções
Mapa de Elementos
de Interesse
Mapa de Risco
Mapa de
Vulnerabilidade
Mapa de Propostas
de Intervenções
(apresentado
dentro do
formulário com
planilha de custos)
Mapa de Elementos
de Interesse
Mapa de Risco
Mapa de
Vulnerabilidade
Mapa de Propostas
de Intervenções
Fonte: CEPED UFSC, 2014.
Breve Análise Dos Shapes E Banco De Dados Apresentados Pelas Empresas
Antes de avaliar os mapas e as metodologias de vulnerabilidade elaborados pelas
empresas foi realizada uma breve análise dos shapes e planilhas apresentados pelas empresas
e que, provavelmente, foram encaminhados aos municípios. Entende-se que estas
considerações podem contribuir para uma padronização futura dos produtos deste TR pela
SEDEC ou mesmo na disponibilização destes produtos e informações à população. Importante
relatar que foram analisados os shapes de duas empresas: Geoenvi e Thalweg.
21
Não foi possível analisar os shapes entregues pela Acquatool e Pangea, pois, conforme
já colocado, não estão disponíveis as visualizações dos mapas elaborados pela Acquatool,
apenas dos pontos investigados. No caso da Pangea, encontrou-se os shapes com as tabelas,
mas sem os shapes com a classificação de vulnerabilidade e/ ou risco. De modo geral, não foi
possível reproduzir os mapas das empresas, somente visualizar os pontos (Acquatool) ou
polígonos com identificação inespecífica de tabelas. Provavelmente, faltam arquivos em shape
com os polígonos, espacialização das feições e demais imagens das áreas de risco.
Tendo em vista que o TR não indicou os critérios para que as planilhas, shapes e mapas
fossem entregues pelas empresas, verificou-se que os produtos elaborados pelas mesmas são
diferentes entre si e não padronizados. Desta forma, cada empresa organizou e disponibilizou
as informações a sua maneira, nem sempre de fácil acesso e entendimento pelo município.
Para facilitar a análise dos shapes e planilhas, partiu-se dos seguintes aspectos:
Apresentação das Planilhas (variáveis/ indicadores)
De modo geral, observou-se que as tabelas enviadas pelas empresas possuíam
caracteres especiais, assim como a data, dificultando o trabalho de compatibilização. Entende-
se que deve ser padronizado o idioma e conjunto de caracteres disponíveis na planilha, sendo
necessário constar assim padronizado no projeto digital dentro do software de SIG. O ideal
seria trabalhar com o database original enviado pela SEDEC. Se for convertido em shape deve
ser construído o arquivo projetos com todas as informações agregadas.
Em algumas planilhas analisadas falta o código identificador das edificações
investigadas, o que também dificultou a compatibilização das metodologias. Com relação às
variáveis verificou-se, que as tabelas das empresas têm variáveis que não condizem com as
variáveis da SEDEC, seja apresentando variáveis a mais (como a Pangea) ou não contemplando
todas as variáveis solicitadas na planilha da SEDEC (todas as empresas). Interessante notar que
a empresa Pangea apresentou os produtos por meio de tabelas, sendo tabelas dos setores
e tabelas dos subsetores.
Com relação ao recebimento destas planilhas pelo município, acredita-se que não é de
fácil compreensão pelos mesmos o tipo de informação que estão recebendo. Seria
interessante confeccionar um dicionário de variáveis, de modo que as planilhas apresentassem
as informações de acordo com o dicionário. Assim, o município ganha autonomia para
visualizar no SIG as edificações conforme seus próprios interesses, por exemplo, ver somente
22
as edificações que apresentam patologias estruturais ou cujos terrenos apresentam evidências
de movimentação, entre outros aspectos.
Vetorização de feições e Informações topográficas: curvas de nível, hidrografia,
arruamento e outros
Identificou-se que as empresas não entregaram os shapes com uma representação
padronizada ou mesmo completa das feições (pontos, linhas e polígonos). A empresa
Acquatool e Pangea, por exemplo, entregaram apenas tabelas ou os pontos equivalentes às
residências, sem arruamento, polígono do setor com a localização e as classificações de risco e
vulnerabilidade, hidrografia e demais vetorizações.
Um aspecto positivo nos shapes apresentados pela empresa Geoenvi, com relação
à topografia especificamente, foi a representação das curvas de nível de em 5 metros nos
setores identificados. As imagens foram vetorizadas a partir da imagem Bing9,
disponibilizando, assim, o nome dos arruamentos. A vetorização da hidrografia estava
incompleta, sem continuidade. A Thalweg também não apresentou drenagem ou topografia,
mas as vias possuem o nome do arruamento (logradouro).
O adequado seria que todas as empresas encaminhassem as informações e a
espacialização de todas as feições compiladas em um projeto, composto por um conjunto
de shapes específicos. Entende-se que os shapes básicos deveriam ser: arruamento;
hidrografia; vias; pontos das edificações; curva de nível; delimitação dos setores de risco
CPRM; polígono com a classificação de risco; polígono com a classificação de
vulnerabilidade; polígono com a classificação de suscetibilidade (no caso da Geonvi);
elementos de interesse; e sugestões estruturais. Além dos shapes, o projeto deve conter
os demais arquivos raster das imagens.
Shapes com a classificação do risco e/ou vulnerabilidade
Observou-se que nem todas as empresas apresentaram os shapes com a classificação
de risco e/ou vulnerabilidade das edificações de forma espacializada. A Acquatool, como
informado, não apresenta os shapes com a classificação de risco e a respectiva tabela de
9 O serviço Bing fornece imagens de aerolevantamento/satélite que podem ser vinculados aos softwares SIG.
23
atributos com a classificação das edificações. Já a Thalweg e a Pangea apresentam a
classificação das edificações na tabela de atributos, mas não as espacializam em shape
(somente o polígono) e, consequentemente, a classificação das edificações não é visualizada
nos produtos cartográficos (mapas de risco). Assim sendo, a única empresa que apresenta os
shapes com a espaciliazação da classificação de vulnerabilidade e/ou risco é a Geoenvi.
DATUM utilizado
Todas as empresas entregaram os arquivos com DATUM compatível ao requisitado no
TR.
Breve Análise dos Produtos Cartográfico Apresentados pelas Empresas
Da mesma forma que as empresas entregaram os bancos de dados sem um padrão
definido pela SEDEC, também ocorreu com os produtos cartográficos. Acredita-se que esta
padronização deveria estar solicitada no TR. Como os produtos possuem diferentes
formatações, realizou-se uma breve análise dos mesmos a partir das seguintes categorias:
Layout (Título, Legenda, Cores, Norte, Escalas, Grade de coordenadas)
Informações de risco, vulnerabilidade, edificação e setor
Escalas
Os modelos de mapas elaborados pelas empresas são apresentados após a análise.
Foram disponibilizadas, no próximo capítulo, orientações gerais para elaboração de produtos
cartográficos. É importante salientar que, com relação à produção de mapas temáticos, não há
critérios e normas específicas para a sua confecção (Nogueira, 2008)10. A análise e orientações
visam, portanto, aperfeiçoar a disseminação de informações de risco e vulnerabilidade a
desastres para os municípios, facilitando a visualização e compreensão das mesmas.
Layout (Título, Legenda, Cores, Orientação Geográfica, Escalas, Grade de coordenadas)
Com relação ao Layout dos mapas apresentados pelas empresas, observou-se certa
dificuldade para visualizar informações, especialmente títulos e orientação geográfica, sendo
predominante esta percepção nos mapas das empresas Acquatool e Pangea, que localizam os
10 NOGUEIRA, R. E. Cartografia: representação, comunicação e visualização de dados espaciais.
Florianópolis:Ed da UFSC, 2008. 314 p.
24
títulos na parte inferior do mapa, com letras pequenas. A Geonvi e a Thalweg localizam o
título na lateral esquerda do mapa, com melhor visualização, porém ainda sem possibilitar a
identificação imediata pelo leitor.
As legendas não estão padronizadas e, em alguns casos, não facilitam a compreensão
do leitor, principalmente se for uma pessoa leiga no assunto. A empresa Thalweg centraliza a
legenda na parte esquerda do mapa, porém a legenda tem melhor visualização que o título do
mesmo. A Pangea localiza as legendas na parte inferior do mapa e utiliza conjunto de cores
que, sobreposto às imagens, dificulta a visualização, o que pode confundir o leitor. Já a
Acquatool apresenta legendas situadas na parte inferior do mapa, porém muito confusas, pois
cita graus de risco na legenda sem identificá-los no mapa e na própria legenda. E nos mapas de
vulnerabilidade, as legendas apresentam graus referindo-se a risco e vulnerabilidade, sem
diferenciar um do outro.
Duas empresas (Pangea e Acquatool) não aplicaram os logotipos do Governo nos
mapas. A empresa Acquatool aplica o logotipo do Ministério da Integração Nacional sem o
logotipo do Governo. Como se trata de um produto do Governo Federal e da Secretaria
Nacional de Proteção e Defesa Civil, sendo de sua responsabilidade, o ideal é que os logotipos
estejam visíveis no mapa.
As escalas e grades de coordenadas estão bem apresentadas nos mapas. Pode-se
especificar apenas que a empresa Acquatool não utiliza a escala gráfica.
Com relação ao layout, notou-se, ainda, que a empresa Thalweg apresenta um quadro
nos mapas sem a identificação precisa da informação. Não foi possível compreender do que se
trata o quadro dentro do mapa.
Por fim, verificou-se que todas as empresas apresentaram as informações necessárias
referentes à confecção dos mapas, como DATUM, origem das imagens, elaboração técnica,
coordenadas, entre outros.
Informações de risco, vulnerabilidade, edificação e setor
É importante salientar que, apesar de o TR especificar os produtos oriundos do
contrato, as empresas elaboraram mapas distintos. Referindo-se apenas aos mapas de risco e
vulnerabilidade, excluindo a análise dos mapas de intervenções e mapa de elementos de
interesse, notou-se que a empresa Geonvi produziu mapas de risco e suscetibilidade,
identificando os graus de vulnerabilidade das edificações nos setores mapeados. Assim,
apresenta o polígono do risco e de suscetibilidade, com os pontos de vulnerabilidade das
edificações.
25
Já a empresa Thalweg apresenta apenas mapa de risco, sem identificar as edificações
ou o grau de vulnerabilidade das mesmas. Também não produziu o mapa de vulnerabilidade.
Assim, não trabalhou com pontos, somente com o polígono de risco do setor. A Pangea, por
sua vez, apresenta mapas de risco e mapas de vulnerabilidade, porém não identifica as
edificações. Interessante que a empresa subssetoriza a área mesmo quando não há diferença
de graus de vulnerabilidade ou risco, o que não seria necessário. Por fim, a empresa Acquatool
apresenta mapas de risco e de vulnerabilidade, vetorizando as edificações situados no setor,
com o seu respectivo grau de vulnerabilidade. Porém, a espacialização do risco não está muito
clara, uma vez que não apresenta o grau de risco e não classifica todo o setor, identificando
somente a faixa suscetível a alagamentos frequentes.
Outra característica relevante refere-se à distinção gráfica entre setores suscetíveis a
deslizamentos e inundações. A única empresa que distingui os setores com diferentes cores
para cada processo perigoso é a Pangea. As demais empresas utilizam o vermelho ou outra cor
para identificar o setor de risco, independentemente da suscetibilidade.
Escalas
Para os mapas de risco, vulnerabilidade e suscetibilidade, percebeu-se que todas as
empresas seguiram a solicitação do TR com relação à escala a ser utilizada, 1:2000.
Apresentam-se, a seguir, os mapas de risco, vulnerabilidade ou suscetibilidade (carta-
imagem) entregues pelas empresas.
Figura 02: Mapa de risco de inundação do setor 09 de Mossoró elaborado pela Empresa Acquatool
Fonte: Relatório de Identificação dos Fatores Físicos e Ambientais de Vulnerabilidade - Tomo 2 -
Mossoró – Rio Grande do Norte, Empresa Acquatool Consultoria, janeiro 2014.
26
Figura 03: Mapa de vulnerabilidade a inundação do setor 09 de Mossoró, elaborado pela Empresa Acquatool
Fonte: Relatório de Identificação dos Fatores Físicos e Ambientais de Vulnerabilidade - Tomo 2 -
Mossoró – Rio Grande do Norte, Empresa Acquatool Consultoria, janeiro 2014.
Figura 04: Mapa de risco a deslizamento do setor 09 de Cachoeiro de Itapemirim, elaborado pela Empresa Thalweg
Fonte: Relatório Fatores Físicos e Ambientais de Vulnerabilidade a Inundações e Deslizamentos do
Município de Cachoeiro de Itapemirim – ES, Anexos, Empresa Thalweg, 2014.
27
Figura 05: Mapa de risco a inundação do setor 11 de Cachoeiro de Itapemirim, elaborado pela Empresa Thalweg
Fonte: Relatório Fatores Físicos e Ambientais de Vulnerabilidade a Inundações e Deslizamentos do
Município de Cachoeiro de Itapemirim – ES, Anexos, Empresa Thalweg, 2014.
Figura 06: Mapa de risco a deslizamento do setor 5 de Santa Cruz de Cabrália, elaborado pela Empresa Pangea
Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, Anexo D, 2014.
28
Figura 07: Mapa de vulnerabilidade a inundação do setor 6 de Santa Cruz de Cabrália, elaborado pela Empresa Pangea
Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, Anexo C, 2014.
Figura 08: Mapa de suscetibilidade a deslizamento dos setores 39,40e 41 de Gaspar, elaborado pela Empresa Geoenvi
Fonte: Relatório consolidado sobre fatores físicos e ambientais de vulnerabilidade a inundações e
deslizamentos - Gaspar-sc, Empresa GeoEnvi, Anexo SR- 40, 2013.
29
Figura 09: Mapa de risco a inundação do setor 46 de Gaspar, elaborado pela Empresa Geoenvi
Fonte: Relatório consolidado sobre fatores físicos e ambientais de vulnerabilidade a inundações e
deslizamentos - Gaspar-sc, Empresa GeoEnvi, Anexo SR- 46, 2013.
Orientações para Elaboração dos Produtos Cartográficos - Mapas Temáticos
Um mapa é a representação da superfície da Terra e seus fenômenos em um plano, e
para isso é utilizado uma série de simbolismos. Segundo Nogueira (2008, p.27)11 “a função de
um mapa quando disponível ao público é a de comunicar o conhecimento de poucos para
muitos, por conseguinte, ele deve ser elaborado de forma a realmente comunicar”. Com isso,
na concepção de um mapa é necessário pensar no público alvo que irá utilizar esse produto, e
apresentá-lo de forma clara e objetiva para proporcionar ao usuário uma leitura, análise e
interpretação da informação que se deseja transmitir.
Para a cartografia de base existe uma serie de padronizações a serem seguidas,
inclusive quanto às semiologias utilizadas, o mesmo não acontece com a cartografia temática,
na qual a simbologia a ser utilizada fica a cargo da pessoa que confeccionar o mapa. Sendo
assim, apesar de algumas regras pré-estabelecidas da cartografia de base aplicadas na
temática, os mapas temáticos se diferenciam muito uns dos outros quanto os elementos e a
abordagem utilizada. A falta de padrão e, consequentemente, a diversificação na apresentação
11 NOGUEIRA, R. E. Cartografia: representação, comunicação e visualização de dados espaciais.
Florianópolis:Ed da UFSC, 2008. 314 p.
30
dos mapas gera uma dificuldade na análise dos mesmos. Segundo Silva “mapas temáticos que
não seguem padrões e normas dificultam a análise, já que o leitor precisa observar cada um
(mesmo que represente o mesmo tema) de forma diferenciada” (SILVA, 2014, pg. 20)12.
Observado uma série de questões nos mapas entregues pelas empresas, como a falta
de padronização de elementos diversos, entre esses: título, legenda, escala, indicação do
Norte, coordenadas, nomenclaturas, cores; recomenda-se uma padronização quanto à forma
de apresentar o mapa com o intuito de facilitar a análise dos mesmos. Dentro dos padrões
cartográficos navegáveis, pode-se admitir algumas normas que devem ser seguidas para o
melhor entendimento dos mapas, cartas e etc.
Raramente o simbolismo de um mapa pode permanecer sozinho e ser autoexplicativo.
Portanto, componentes como título, legenda, escala, indicador de direção e suplementos
fazem parte da composição de qualquer mapa e devem estar visíveis ou adequadamente
apresentados. Desta forma, seguem algumas sugestões:
Título: Geralmente é o que se utiliza para indicar o que, onde e quando. Na escolha do
título deve-se usar o bom senso para não estendê-lo mais que o necessário. Muitas vezes
a parte explicativa ficará na legenda. O título deve ser o primeiro elemento a ser
visualizado pelo leitor, o indicado é que ele esteja posicionado no alto da folha em cima
do mapa.
Legenda: A legenda é indispensável para a maior parte dos mapas. Ela contém a chave
que propiciará ao usuário do mapa decodificar os símbolos utilizados na representação
cartográfica. Os símbolos do mapa têm que aparecer iguais na legenda, com o mesmo
tamanho, forma ou cor. Indica-se que a legenda deve estar posiciona ao lado direito do
mapa.
Orientação Geográfica: A inserção da orientação geográfica varia de um mapa para
outro. A regra geral ou convencional é que um mapa deve ser desenhado de forma que a
indicação do Norte deve estar, de preferência, do meio para baixo da folha de papel ou
da tela de vídeo, com boa visualização.
12
Silva, Guilherme Cardoso. Proposta de padronização cartográfica para carta imagem emergencial de inundação. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Maria, 2014.
31
Escala: A escala é um fator importante não apenas para fazer o mapa, mas também para
o seu uso. Muitos mapas mostram feições ou relações entre fenômenos que envolvem
conceitos de distância. O tipo de escala a ser inserida varia muito conforme o tipo de
mapa. Algumas vezes uma escala numérica é suficiente, principalmente em mapas de
escala grande. Nos mapas de escala pequena, é mais comum usar escala gráfica que dá a
relação direta das medidas gráficas e reais. O indicado é que ela esteja posicionada na
parte inferior da folha e no lado direito.
Inserções: As inserções cartográficas são quadros pequenos contendo outros mapas ou
detalhes de uma área, adicionados ao mapa temático, para dar uma visão mais
abrangente ou detalhar uma área geográfica especifica. Este artifício cartográfico auxilia
no entendimento do usuário sobre a área geográfica mapeada ou, então, a observar
como se insere essa área numa determinada região geográfica. Algumas vezes essa
inserção pode conter algum gráfico ou tabela.
O mapa inserido deve ajudar e não confundir o usuário. Portanto, uma distinção gráfica é
necessária entre ele e o mapa temático principal. As inserções cartográficas podem
conter escala e orientações, ou não; isto vai depender dos objetivos a que se destinam.
Algumas vezes, as inserções são imagens aéreas ou terrestres, ou mesmo, orbitais. Nesse
caso, é preciso se estar atento para a resolução necessária e suficiente para a imagem ser
visualizada.
Coordenadas: As coordenadas são fundamentais para identificar a localização precisa da
área de estudo. Portanto, todos os mapas devem conter uma grade de coordenadas,
geralmente, situada nas bordas da imagem. Importante que esta grade tenha um
intervalo adequado entre as representações numéricas de modo a facilitar a visualização.
Semiologia: Quanto às semiologias (variáveis visuais) utilizadas é necessário usar o bom
senso, criando um conjunto harmonioso entre as cores e os símbolos, e aplicá-las de
forma com que atendam os objetivos de comunicação ou a fazer mapas capazes de
transmitir a sensação condizente com as características dos dados (NOGUEIRA, 2008, pg.
128).
Para fazer a representação do risco, indica-se a utilização das cores semafóricas, pois
estas remetem ao leitor a percepção do risco pela analogia do semáforo. Para a
representação da vulnerabilidade, indica-se a utilização de croma, em cor magenta, indo
32
do claro ao escuro conforme as classes utilizadas. Para a vulnerabilidade das edificações,
indica-se que sejam representadas por pontos ou um símbolo, aplicando as cores
utilizadas na representação da vulnerabilidade espacial.
É interessante que os mapas de risco apresentem informações topográficas, tais como
arruamento, hidrografia e curvas de nível, desde que não sobrecarreguem visualmente a
imagem. Além disso, aperfeiçoa-se a utilização dos mapas de risco ou vulnerabilidade
quando estes apresentam imagens de fundo com boa resolução.
Metodologias de Vulnerabilidade utilizadas pelas Empresas
Neste capítulo apresentam-se as metodologias elaboradas pelas empresas, as quais
constam nos relatórios entregues a SEDEC e encaminhados para a UFSC. Informa-se que a
análise das metodologias foi realizada somente a partir dessa descrição apresentada pela
empresa e não de outros produtos ou relatórios fornecidos pelas mesmas.
Antes de apresentar as metodologias utilizadas pelas empresas é relevante apresentar
a orientações metodológicas previstas no Termo de Referência,a partir do qual as empresas
foram contratadas. O Termo de Referencia traz em seu conteúdo uma metodologia geral a ser
seguida para todas as etapas do trabalho a ser realizado pelas contratadas. Referente às
metodologias de mapeamento de vulnerabilidade a desastres, consta as seguintes diretrizes:
O levantamento, mapeamento e espacialização de informações serão por meio de
atividade de campo nos setores de interesse, via preenchimento de formulários. O
preenchimento dos formulários não exclui o estudo e/ou descrição de qualquer outro
fator importante ao desenvolvimento dos estudos.
Os setores identificados foram previamente analisados e classificados como de alta e
muito alta suscetibilidade a ocorrência de deslizamentos e/ou inundação, situadas nos
setores de risco (determinados pela CPRM) compreende as edificações e demais
elementos que seriam impactados quando da ocorrência de movimento de massa no
local e/ou inundação.
Deverá ser realizada análise das edificações situadas nos setores de risco de interesse,
por meio do preenchimento do Formulário 01 - Identificação dos Fatores Físicos e
Ambientais de Vulnerabilidade e do Formulário 02 – Relatório de Identificação de Área
Mapeada.
33
As informações constantes do Formulário 01 e do Formulário 2, servirão como
parâmetros para a definição da Vulnerabilidade de Ocupação de cada subsetor de
risco do setor de interesse.
Para os setores de inundação deve-se subsetorizar os setores com no máximo 25
edificações, quando a envoltória de edificações que formam uma área com
características similares quanto ao padrão construtivo. E para os setores com
movimentos de massa deve-se definir subsetores pela envoltória de edificações que
formam uma área com características similares quanto às condicionantes do terreno,
processos tipológicos associados e/ou grau de vulnerabilidade. A subsetorização deve
ser determinada pela CONTRATADA através de ferramentas de geoprocessamento e
convalidada por técnicos da Sedec.
A Vulnerabilidade da Ocupação, quanto aos processos de inundação, é determinada
analisando a vulnerabilidade de cada edificação, em função de suas características,
sendo esta definida segundo os seguintes parâmetros:
A. Alta Vulnerabilidade (IA): baixo padrão construtivo, predominantemente composto
por madeira e materiais de baixa capacidade de resistir ao impacto dos processos
hidrológicos, com acesso precário, caracterizado por servidão, escadaria, ladeira,
travessia, entre outros semelhantes;
B. Média Vulnerabilidade (IB): regular a bom padrão construtivo, predominantemente
composto por alvenaria e materiais com boa capacidade de resistir ao impacto dos
processos hidrológicos, com acesso precário, caracterizado por servidão, escadaria,
ladeira, travessia, entre outros semelhantes; e
C. Baixa Vulnerabilidade (IC): regular a bom padrão construtivo, predominantemente
composto por alvenaria e materiais com boa capacidade de resistir ao impacto dos
processos hidrológicos, com acesso adequado, caracterizado por vias de médio a bom
estado de conservação.
A Vulnerabilidade Ocupacional do subsetor de risco é determinada em função da
maior representatividade das classificações acima, seguindo a mesma descrição,
levando em consideração que a presença significativa de edificações identificadas
como de baixo padrão construtivo devem refletir uma classificação compatível com
Alta Vulnerabilidade. A classificação deve ser determinada pela CONTRATADA e
convalidada pela Sedec.
34
A Vulnerabilidade de Ocupação, quanto aos processos de movimentos de massa, é
determinada analisando a localização de cada edificação, em função das características
e condições do terreno, tipologia do processo e em consonância com as informações
contidas nos Formulários 1 e 2, sendo esta definida segundo os seguintes parâmetros:
A. Alta Vulnerabilidade (MA): Terrenos com alta declividade onde a edificação e o
entorno apresentam histórico de ocorrências frequentes e/ou sinais evidentes de
instabilidade, estão localizadas imediatamente próximas à distância provável de
alcance do processo (variável em função de sua tipologia) e onde mantidas as
condições existentes a possibilidade da edificação ser atingida por movimento de
massa é inequívoca;
B. Média Vulnerabilidade (MM): Terrenos com média ou alta declividade onde a
edificação e o entorno apresentam histórico pouco frequentes de ocorrências e/ou
poucos sinais evidentes de instabilidade, estão localizadas em área de alcance relativo
do processo (variável em função de sua tipologia) e onde mantidas as condições
existentes é provável que a edificação seja atingida por um movimento de massa; e
C. Baixa Vulnerabilidade (MB): Terrenos com baixa ou nenhuma declividade onde a
edificação e o entorno não apresentam histórico de ocorrência, não apresentam sinais
evidentes de instabilidade, estão localizadas em área de alcance restrito do processo
(variável em função de sua tipologia) e, onde mantidas as condições existentes a
possibilidade da edificação ser atingida por um movimento de massa é relativamente
baixa.
A associação das condições (evidências de instabilidade) que determinarão a
vulnerabilidade, por tipologia, será determinada pela Contratada, a partir dos
parâmetros acima apresentados e convalidada pela Sedec de acordo com o município
piloto.
A Vulnerabilidade de Ocupação do subsetor de risco é determinada em função da
maior representatividade das classificações acima, seguindo a mesma descrição,
levando em consideração que a presença significativa de edificações situadas em
terrenos onde se observem sinais evidentes de instabilidade devem refletir uma
classificação compatível com Alta Vulnerabilidade. A classificação deve ser
determinada pela CONTRATADA e convalidada pela Sedec.
O mapa de risco à inundação e/ou movimentos de massa compreende o cruzamento
das informações da setorização anexada e levantamento por meio dos formulários em
35
anexo e a classificação de vulnerabilidade encontrada. O grau de risco deverá ser
determinado pela CONTRATADA e convalidado pela Sedec.
Segue a apresentação das metodologias utilizadas pelas empresas:
Acquatool Consultoria S/S Ltda13
No município de Mossoró, atendido pela empresa Acquatool, foi identificado apenas o
processo de inundação, onde para gerar os mapas de risco a empresa realizou um estudo das
cheias na área. A empresa apresenta os formulários aplicados, porém não descreve a respeito
dos procedimentos utilizados para a realização dos mapas. Supõe-se que a empresa tenha
considerado apenas as orientações disponíveis no TR. Em seus relatórios a empresa apresenta
a metodologia referente ao estudo realizado para as inundações, e esses são descritos, em
tópicos, como se segue:
Os Dados Fluviométricos Rio Apodi/Mossoró, a partir de 3 postos existentes na região,
enviam os dados para a ANA, que disponibiliza para consulta em um banco de dados on-line,
através do HIDROWEB. O estudo foi baseado nas séries históricas, onde se determinam as
recorrências dos eventos. O processo é feito a partir de ajustes de distribuições teóricas de
probabilidades à série de máximos diários.
Foram testadas as principais distribuições recomendadas na literatura para o
tratamento de máximos de séries fluviométricas: Normal truncada, Lognormal 2P, Lognormal
3P, Extremo Tipo I, Pearson Tipo III e Log Pearson Tipo III, tendo-se utilizado para isso o teste
de aderência Chi-quadrado.
Realizou-se um levantamento topográfico de campo onde foram identificados junto à
comunidade local, os pontos atingidos pelas águas decorrentes destas cheias. O estudo
apresenta cotas topográficas para definição dos terrenos dentro dos setores de risco de
Mossoró para definição das faixas de áreas sujeitas ao alto grau de vulnerabilidade em resistir
ao impacto dos processos hidrológicos. A série pluviométrica utilizada neste estudo é
originária do posto existente na sede municipal de Mossoró.
13 Descrição Disponível no Relatório de identificação dos Fatores Físicos e Ambientais – Mossoró –Rio Grande do Norte- Tomo II, Acquatool Consultoria, 2014.
36
A determinação das chuvas intensas é feita partindo-se das séries de valores máximos
anuais, aos quais são ajustadas distribuições teóricas de probabilidades. Mesmos
procedimentos estatísticos, distribuição ajustada LOG PERSON TYPE III.
Para a desagregação das chuvas, utilizou-se a Metodologia de Taborga Torrico. Os
registros de postos pluviométricos apresentam valores de precipitações de duração diária,
utilizou-se o Método das Isozonas desenvolvido por Taborga Torrico (1974) para discretização
em intervalos de tempo menores que um dia. Esse método estabelece Isozonas no Brasil para
as quais são definidos coeficientes a serem aplicados para desagregação de chuva diária em
intervalos sub-diários.
Utilizando os coeficientes recomendados, e através de interpolação, foram obtidos os
valores de precipitação, para o posto pluviométrico estudado, para os intervalos de 5, 15, 30 e
45 minutos, 1, 2, 3, 6, 12 e 24 horas para os períodos de retorno considerados. Como o
método de Taborda Torrico (1974) obtém valores extremos, e devido à variabilidade espaço-
temporal das precipitações, visando considerar o efeito de atenuação da precipitação com o
aumento da área, utilizou-se o método proposto pelo National Weather Service, dos EUA
(1961), para a correção da precipitação associada a um posto pluviométrico, representativa de
uma área de até 25 km², para uma precipitação média sobre uma bacia hidrográfica extensa.
Para as bacias hidrográficas dos riachos do Junco (onde se encontra a área de risco 11),
dos Pintos (onde se encontra a área de risco 08) e do Bonsucesso (onde se encontra o açude
do Saco, cuja análise hidráulica da capacidade de vertimento é importante para a segurança
das áreas de risco de Mossoró), o estudo de cheias realizado constituiu-se na geração de
eventos extremos de vazão nesta bacia, adotando para tanto uma recorrência de 50 anos para
a estimativa destes eventos extremos, a partir da precipitação incidente na respectiva bacia de
contribuição.
Para as simulações do processo de transformação chuva-deflúvio, utilizou-se tanto a
metodologia conhecida como Método Racional, como o modelo hidrológico HEC-HMS –
Hydrologic Engineering Center / Hydrologic Modeling System, na versão 3.5. As bacias
hidrográficas dos riachos do Bonsucesso, do Junco e dos Pintos foram consideradas, cada uma,
como uma única unidade, delimitada a partir dos reservatórios presentes nestas áreas.
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Thalweg Consultoria e Projetos Geológicos Ltda14
No município de Cachoeiro de Itapemirim são identificados dois processos,
deslizamento e inundação, atuantes nos cenários de perigo. Para produzir os mapas de risco
foi necessário definir parâmetros para a classificação do Risco de Escorregamento e/ou
Inundação. A metodologia utilizada pela empresa é a especificada pelo TR, juntamente com a
do Ministério das Cidades: Instituto de Pesquisas Tecnológicas –IPT 2007. Apresenta os
indicadores, mas não estão evidentes os pesos utilizados para cada um no momento de
classificar o grau de risco. Na sequência, apresentamos o estudo e metodologia descritos pela
empresa Thalweg:
De acordo com o relato da empresa, realizou-se, inicialmente, um prévio planejamento
de coleta, organização, tratamento e preparação de materiais diversos, tais como fotos aéreas,
imagens de satélites, cartas geotécnicas e pesquisas, visando identificar tipologias de
movimentação de massa e inundações, sua frequência de ocorrência na área de estudo, bem
como o reconhecimento da magnitude de danos e consequências desses eventos. O acervo de
informações adquiridas nessa etapa foi associado aos arquivos disponibilizados pelo Ministério
da Integração Nacional. Tais arquivos correspondem aos setores classificados como de alta
suscetibilidade a ocorrência de deslizamentos e/ou inundação, onde cada edificação e
elemento que possa ser impactado por um desastre é analisado.
Para a determinação do grau de risco a desastres naturais dos setores indicados pelo
Ministério da Integração Nacional foi estabelecida a partir do seguinte postulado: Risco =
Perigo X Vulnerabilidade. A coleta das informações no campo proporciona a correlação das
características de um cenário com potencial de perigo, sendo composta por indícios de
instabilização do terreno, alteração da declividade natural da encosta, concentração da água
pluvial, presença de feições erosivas, fragmentos rochosos instáveis, saturação do terreno,
perfil de intemperismo do solo, litologia da encosta, com o grau de vulnerabilidade da área em
estudo.
Adicionalmente, foi determinada a vulnerabilidade da ocupação e do terreno. Tal
processo envolveu a distinção do padrão construtivo das edificações, analisando, em
conseguinte, a tipologia das moradias, qualidade do acesso, material utilizado na cobertura,
posição relativa das moradias e a respectiva distribuição.
14 Descrição disponível no Relatório Técnico, Nº RL-0496.01-006-MIN-LT06/CI-02 - Relatório Fatores Físicos e Ambientais de Vulnerabilidade a Inundações e Deslizamentos do Município de Cachoeiro de Itapemirim – ES, Empresa Thalweg, 2014.
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Os dados foram quantificados, de maneira a ratificar a classificação do grau de risco do
setor ou respectivos subsetores, de acordo com o processo atuante, inundação e/ou
deslizamento. A correlação dos dados do Formulário 01 (Identificação dos Fatores Físicos e
Ambientais de Vulnerabilidade) indica as características determinantes do Perigo e
Vulnerabilidade, elementos que compõem o postulado R=PxV, citado anteriormente.
Os aspectos geológico-geotécnicos que envolvem a declividade padrão do terreno, a
contribuição da água pluvial nos processos erosivos, o histórico de escorregamentos, a
porcentagem de área desmatada e depósitos detríticos antropogênicos, caracterizam, assim, o
fator Perigo.
As informações relativas à distribuição espacial das edificações, tais como o material
predominante das moradias; a distância em relação ao eixo do fluxo de água; a porcentagem
das residências posicionadas a uma distância inferior a 3 m do talude; a qualidade do acesso e
resistência a possíveis impactos, caracterizam o fator Vulnerabilidade.
Tais fatores analisados proporcionam a classificação do setor como “Risco Baixo”,
“Risco Médio”, “Risco Alto” e “Risco Muito Alto”. Cada classificação apresenta um padrão de
características e combinações de acordo com os parâmetros descritos anteriormente.
Para o processo de Deslizamento foram identificadas características similares quanto
ao terreno e suas evidências de movimentação. O conjunto desses padrões para cada região
determina a necessidade de dividir a área em subsetores. A classificação da vulnerabilidade do
terreno varia de Alta, Média e Baixa, sendo estas determinadas através da combinação da
declividade do talude, estabilidade da região e a probabilidade de ser impactada por um
deslizamento. O quadro a seguir apresenta a correlação dos critérios adotados e as respectivas
classificações:
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Quadro 04: Correlação de Critérios para a Classificações de Risco GRAU DE RISCO
DESCRIÇÃO DO CENÁRIO
R1 - Risco Baixo Terreno de baixa ou nula declividade, nula ou baixa relevância de indícios de
instabilização, distância talude-casa >3 m, baixa vulnerabilidade do terreno e
nula ou baixa probabilidade de deslizamento.
R2 - Risco Médio
Terreno de média declividade, média relevância de indícios de instabilização,
predominância de edificações situadas a 3 m ou mais do talude, média
vulnerabilidade do terreno e potencial em desenvolvimento a ocorrências de
escorregamentos.
R3 - Risco Alto
Terreno de alta declividade, alta relevância de indícios de instabilização,
predominância de edificações situadas em distância < 3 m, alta porcentagem de
edificações posicionadas em talude, média ou alta vulnerabilidade do terreno,
possível redução do avanço do processo de instabilização através de
intervenções estruturais e não estruturais.
R4 - Risco Muito Alto
Terreno de alta declividade, contribuição da água pluvial para ocorrência de
desastres, alta relevância de indícios de instabilização, alta relevância de
ocorrência de escorregamentos, alta porcentagem de desmatamento, sistema
de drenagem ineficiente, predominância de edificações situadas em distância <
3 m, alta porcentagem de edificações posicionadas em talude, alta
vulnerabilidade do terreno, alta porcentagem de edificações posicionadas em
talude. E impossível o monitoramento do avanço do processo.
Fonte: Thalweg, 2014. Folha 6/220
Para o processo de Inundação foram identificadas características similares quanto ao
padrão construtivo das edificações. O conjunto desses padrões para cada região determina a
necessidade de dividir a área em subsetores, atendendo sempre ao limite de 25 edificações
por domínio. A classificação da vulnerabilidade da ocupação varia de Alta, Média e Baixa,
sendo estas determinadas através da combinação do padrão construtivo, qualidade do acesso
e capacidade de resistir ao impacto oriundo de uma inundação.
No que se refere à determinação da tipologia do processo hidrológico atuante nas
regiões de alta suscetibilidade a risco a inundação e enxurradas, foram adotadas como
parâmetros definidores do risco as influências de fenômenos hidrológicos. O quadro a seguir
demonstra os conceitos para cada processo:
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Quadro 05: Conceitos dos processos perigosos
PROCESSO CONCEITO
Enchente Elevação temporária do nível de água em um canal de drenagem devido ao aumento da vazão ou descarga.
Inundação Processo de extravasamento das águas do canal de drenagem para as áreas marginais quando a enchente atinge cota acima do nível máximo da calha do rio.
Alagamento Acúmulo momentâneo de água em uma dada área decorrente de deficiência do sistema de drenagem.
Enxurrada Escoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte.
Erosão Marginal Remoção e transporte de solo dos taludes marginais dos rios, provocados pela ação erosiva das águas no canal de drenagem.
Solapamento Ruptura de taludes marginais do rio por erosão e ação instabilizadora das águas, durante ou logo após processos de enchentes e inundações.
Fonte: Thalweg, 2014. Folha 7/220
O estudo realizado pela empresa apresenta, ainda, as relações dos processos em
detrimento aos critérios utilizados durante a classificação do risco (processo hidrológico,
vulnerabilidade da ocupação e periculosidade):
Quadro 06: Relações dos processos hidrológicos para a classificação dos riscos
TIPO DE PROCESSO CARACTERIZAÇÃO
Processo Hidrológico 01 (Ph01) Enchente e inundação lenta de planícies fluviais.
Processo Hidrológico 02 (Ph02) Enchente e inundação com alta energia cinética.
Processo Hidrológico 03 (Ph03) Enchente e inundação com alta energia de escoamento e capacidade
de transporte de material sólido.
Fonte: Thalweg, 2014. Folha 8/220
A vulnerabilidade da ocupação, referente ao setor de risco, basicamente é
determinada em relação ao padrão construtivo das edificações, de acordo com duas tipologias
construtivas. O quadro a seguir descreve tais relações, adotada pelo estudo da empresa
Thalweg.
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Quadro 07: Caracterização da vulnerabilidade a desastres
VULNERABILIDADE CARACTERIZAÇÃO
Alta Vulnerabilidade de Acidentes (V01)
Baixo padrão construtivo, onde predominam moradias construídas
com madeira, madeirite e restos de material, com baixa capacidade
de resistir ao impacto de processos hidrológicos.
Baixa Vulnerabilidade de Acidentes (V02)
Médio a bom padrão construtivo, onde predominam moradias
construídas em alvenaria, com boa capacidade de resistir ao
impacto de processos hidrológicos.
Fonte: Thalweg, 2014. Folha 8/220
Associado aos critérios citados anteriormente, a avaliação do risco envolve a
identificação exata do processo, de maneira com que seja possível estabelecer o alcance
máximo do fenômeno hidrológico. Essa informação, obtida durante o preenchimento do
Formulário 01, juntamente com a distância das edificações em relação ao eixo da drenagem,
caracterizam o grau de periculosidade do setor. Nessa avaliação foi considerada a atuação do
agente deflagrador, como as chuvas.
Quadro 08: Caracterização da periculosidade
PERICULOSIDADE CARACTERIZAÇÃO
Alta Periculosidade (P01) Alta possibilidade de impacto direto, considerando o raio de alcance
do processo.
Baixa Periculosidade (P02) Baixa possibilidade de impacto direto, considerando o raio de alcance
do processo.
Fonte: Thalweg, 2014. Folha 9/220
A definição do risco é determinada a partir do arranjo estabelecido entre os critérios
adotados nesse projeto. No quadro a seguir, é possível identificar as correlações entre os
processos hidrológicos e vulnerabilidade da ocupação das áreas em risco.
Quadro 09: Correlações entre os processos hidrológicos e vulnerabilidade da ocupação das áreas em risco
PH01 PH02 PH03
VO1 R2 R3 R4
VO2 R1 R2 R3
Fonte: Thalweg, 2014. Folha 9/220
É a partir do arranjo estabelecido entre os critérios aqui adotados pelo projeto que se
mostra, em conseguinte, a definição do risco. Portanto, no quadro a seguir, é possível obter a
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identificação das correlações entre os processos hidrológicos, vulnerabilidade da ocupação e
periculosidade das áreas em risco.
Quadro 10: correlações entre os processos hidrológicos, vulnerabilidade da ocupação e periculosidade das áreas em risco
P01 P02
Ph01 x VO1 R2 R1
Ph01 x VO2 R1 R1
Ph02 x VO1 R3 R2
Ph02 x VO2 R2 R1
Ph03 x VO1 R4 R3
Ph03 x VO2 R3 R2
Fonte: Thalweg, 2014. Folha 10/220
Com a finalidade de estabelecer claramente os conceitos utilizados para a
determinação do grau de risco a processos hidrológicos, foi adotada a correlação dos arranjos
evidenciados nos quadros anteriores, conforme pode ser observado a seguir:
Quadro 11: Caracterização do grau de risco a inundação
GRAU DE RISCO CARACTERIZAÇÃO DO CENÁRIO
R1 - BAIXO
a) Enchentes e inundações com Baixa Energia Cinética e Baixo Poder Destrutivo (Ph01), atingindo Moradias de Alta Vulnerabilidade (VO1), situadas em área com Baixa Possibilidade de impacto direto do processo (P02).
b) Enchentes e inundações com Baixa Energia Cinética e Baixo Poder Destrutivo (Ph01), atingindo Moradias de Baixa Vulnerabilidade (VO2), situadas em área com Alta Possibilidade de impacto direto do processo (P01).
c) Enchentes e inundações com Baixa Energia Cinética e Baixo Poder Destrutivo (Ph01), atingindo Moradias de Baixa Vulnerabilidade (VO2), situadas em área com Baixa Possibilidade de impacto direto do processo (P02).
d) Enchentes e inundações com Alta Energia Cinética e Alto Poder Destrutivo (Ph02), atingindo Moradias de Baixa Vulnerabilidade (VO2), situadas em área com Baixa Possibilidade de impacto direto do processo (P02).
R2 - MÉDIO
a) Enchentes e inundações com Baixa Energia Cinética e Baixo Poder Destrutivo (Ph01), atingindo Moradias de Alta Vulnerabilidade (VO1), situadas em área com Alta Possibilidade de impacto direto do processo (P01).
b) Enchentes e inundações com Alta Energia Cinética e Alto Poder Destrutivo (Ph02), atingindo Moradias de Baixa Vulnerabilidade (VO2), situadas em área com Alta Possibilidade de impacto direto do processo (P01).
c) Enchentes e inundações com Alta Energia Cinética e Alto Poder Destrutivo (Ph02), atingindo Moradias de Alta Vulnerabilidade (VO1), situadas em área com Baixa Possibilidade de impacto direto do processo (P02).
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GRAU DE RISCO CARACTERIZAÇÃO DO CENÁRIO
d) Enchentes e inundações com Alta Energia Cinética e Alta Capacidade de Transporte de Material Sólido e Elevado Poder Destrutivo (Ph03), atingindo Moradias de Baixa Vulnerabilidade (VO2), situadas em área com Baixa Possibilidade de impacto direto do processo (P02).
R3 - ALTO
a) Enchentes e inundações com Alta Energia Cinética e Alto Poder Destrutivo (Ph02), atingindo Moradias de Alta Vulnerabilidade (VO1), situadas em área com Alta Possibilidade de impacto direto do processo (P01).
b) Enchentes e inundações com Alta Energia Cinética e Alta Capacidade de Transporte de Material Sólido e Elevado Poder Destrutivo (Ph03), atingindo Moradias de Alta Vulnerabilidade (VO1), situadas em área com Baixa Possibilidade de impacto direto do processo (P02).
c) Enchentes e inundações com Alta Energia Cinética e Alta Capacidade de Transporte de Material Sólido e Elevado Poder Destrutivo (Ph03), atingindo Moradias de Baixa Vulnerabilidade (VO2), situadas em área com Alta Possibilidade de impacto direto do processo (P01).
R4 - MUITO ALTO
Enchentes e inundações com Alta Energia Cinética e Alta Capacidade de Transporte de Material Sólido e Elevado Poder Destrutivo (Ph03), Atingindo Moradias de Alta Vulnerabilidade (VO1), situadas em área com Alta Possibilidade de impacto direto do processo (P01).
Fonte: Thalweg, 2014. Folha 11/220
Pangea Geologia e Estudos Ambientais LTDA15
No município de Santa Cruz Cabrália foram identificados nos setores de risco dois
processos atuantes, deslizamento e inundação. Para produzir os mapas de risco e
vulnerabilidade foi necessário definir parâmetros para a classificação do Risco. A metodologia
utilizada pela empresa é a especificada pelo TR, juntamente com a do Ministério das Cidades:
Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT 2007, as quais nortearam os trabalhos realizados.
Dessa forma, os aspectos da condicionante da geometria e características geológico-
geotécnicas do terreno, foram associados ao processo ocorrido ou esperado, às evidencias de
que o processo esteja instalado, aos condicionantes antrópicos e por fim à vulnerabilidade das
construções.
A empresa Pangea Geologia e Estudos Ambientais apresenta todos os indicadores com
a definição dos intervalos utilizados para cada um no momento de classificar o grau de risco.
Na sequência, apresenta-se o estudo e metodologia descritos pela empresa.
15 Descrição disponível no Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, Pangea, 2014.
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Identificação dos Fatores Físicos e Ambientais de Vulnerabilidade em Setores
de Risco Existentes no Município
Essa identificação é realizada por meio da coleta de dados direcionada pelo Formulário
1, (Identificação dos fatores físicos e ambientais de vulnerabilidade), os quais foram coletados
por unidade habitacional. Esses dados caracterizam as edificações existentes no setor de risco;
o terreno no entorno imediato de cada edificação; e identifica as evidências de movimentação.
Os setores de risco foram, quando necessário, divididos em subsetores. O subsetor de risco foi
definido pela envoltória de edificações que formam uma área com características similares
quanto ao padrão construtivo, não envolvendo um número superior a 25.
Determinação do grau de risco
O risco pode ser expresso em uma equação onde o risco (R) é a Probabilidade (P) de
ocorrência de um acidente associado a um determinado perigo ou Ameaça (A) e que pode
resultar em Consequências (C) danosas às pessoas ou bens, em função da Vulnerabilidade (V)
do meio exposto ao perigo e que pode ter seus efeitos reduzidos pelo grau de Gerenciamento
(G) colocado em prática pelo poder público e/ou pela comunidade. Dessa forma o risco é
classificado como: R1 – Baixo; R2 – Médio; R3 – Alto; ou R4 – Muito Alto.
Determinação da vulnerabilidade da ocupação A vulnerabilidade da ocupação a desastres naturais depende do risco existente e da
capacidade de prevenção e resposta do Poder Público e da própria população. Assim, a
vulnerabilidade da ocupação à ocorrência de desastres naturais foi determinada, em cada
subsetor de risco, por meio da análise dos dados extraídos dos dados dos formulários 01, 02 e
04. Tais dados abrangem os seguintes aspectos:
- Fragilidade das edificações;
- Precariedade dos acessos;
- Edificações situadas em taludes com altura maior que 6 m;
- Edificações próximas da borda de taludes;
- Edificações em terrenos com declividade maior ou igual a 30°;
- Edificações próximas à margem de cursos d’água;
- Edificações com indícios de instabilização;
- Edificações situadas em terrenos com feições de instabilização;
- Presença de lixo e entulho engendrando situação de risco;
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- Presença de água e/ou esgoto engendrando situação de risco;
- Quantidade de edificações expostas a risco;
- Quantidade de pessoas expostas a risco;
- Capacidade de o Município identificar, analisar e monitorar riscos;
- Capacidade de o Município prevenir e mitigar desastres; e
- Capacidade de o Município planejar e se preparar para emergências.
A análise dos dados obtidos para classificação dos setores quanto à vulnerabilidade à
ocorrência de inundação e movimentos de massa foi realizada com base em indicadores.
O grau de vulnerabilidade foi definido conforme análise dos indicadores relativos aos fatores
de vulnerabilidade (quadro 12) associados aos indicadores referentes aos fatores de risco
(quadro 13). Nos quadros, apresentados na sequencia, constam as descrições do que foi
definido, conforme estudo realizado.
Quadro 12: Fatores de vulnerabilidade da ocupação, tipo de desastre e indicadores Fatores de
vulnerabilidade Desastre Indicadores vulnerabilidade (IV)
Características da
edificação
Deslizamento
Enxurrada/inundação
IV.1 – Quantidade de edificações não de alvenaria
IV.2 – Porcentagem de edificações com acesso precário
Capacidade de
prevenção e
resposta
Deslizamento
Enxurrada/inundação
IV.3 – Diversidade e importância das instituições existentes num raio de 3
km
IV.4 – Classificação da capacidade de identificação, análise e
monitoramento de riscos
IV.5 – Porcentagem de fatores de prevenção e mitigação de desastres
classificados como Insuficiência e/ou Insuficiência grave
IV.6 - Porcentagem de fatores de planejamento classificados como
Insuficiência
Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, P. 7, Pangea, 2014.
Quadro 13: Fatores de risco, tipo de desastre e indicadores Fator de risco Desastre Indicadores de risco (IR)
Exposição ao
perigo
Deslizamento
IR.1 – Porcentagem de edificações em taludes com altura superior a 6 m
IR.2 – Porcentagem de edificações em taludes ou próximas a taludes com
declividade igual ou maior que 30°
IR.3 – Distância média das edificações ao talude
Enxurrada/inundação IR.4 – Distância média das edificações à margem do curso d’água
Presença de
evidências
Deslizamento
Enxurrada/inundação
IR.5 – Porcentagem de edificações com indícios de instabilização situadas
em local com feições de instabilização
Presença de
agentes
indutores/
deflagradores
Deslizamento
Enxurrada/inundação
IR.6 – Possibilidade de lixo e/ou entulho contribuir coma ocorrência de
desastres
Deslizamento IR.7 – Possibilidade de água pluvial e/ou esgoto contribuir com a
ocorrência de desastres
Presença de
pessoas,
edificações e
outros bens
materiais
Deslizamento
Enxurrada/inundação
IR.8 – Quantidade de edificações
IR.9 – Quantidade de moradores
Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, P. 7, Pangea, 2014.
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Os critérios de análise dos indicadores de vulnerabilidade e de risco estão descritos no
quadro 14 e quadro 15, e os critérios de hierarquização da vulnerabilidade da ocupação
encontram-se no quadro 16.
Quadro 14: Critérios de análise dos indicadores de vulnerabilidade da ocupação Indicador Intervalos Significância Classe Justificativa
IV.01 - Quantidade de
edificações não de alvenaria
IV.01 ≤ 5 Pequena 1 Em caso de desastres, a existência de uma
quantidade grande de imóveis não de
alvenaria tende a aumentar a severidade
de suas consequências.
5 <IV.01 ≤ 10 Média 2
IV.01> 10 Grande 3
IV.02 - Porcentagem de
edificações com acesso
precário
IV.02 ≤ 10% Pequena 1 Em caso de alerta de desastres, acessos
precários dificultam a remoção das
pessoas e bens; e, em caso de desastres,
acessos precários prejudicam o resgate de
pessoas.
10% <IV.02 ≤ 25% Média 2
IV.02> 25% Grande 3
IV.03 - Diversidade e
importância das instituições
existentes num raio de 3 km
Total Pequena 1 Com toda a estrutura institucional
próxima (hospital, bombeiros, PM,
Nudecs, ginásios/abrigo, etc.) mais efetivo
o apoio em caso de desastres.
Parcial Média 2
Nula Grande 3
IV.04 – Classificação da
capacidade de identificação,
análise e monitoramento de
riscos
Suficiência Pequena 1 A carta geotécnica, o PMRR, o cadastro
dos moradores em área de risco e o plano
de monitoramento de áreas de risco
compõem a base da gestão de risco.
Suficiência parcial Média 2
Insuficiência Grande 3
IV.05 – Porcentagem de
fatores de prevenção e
mitigação de desastres
classificados como
Insuficiência
IV.05 ≤ 25% Pequena 1 As atividades de prevenção e mitigação
devem ter prioridade segundo o art. 4º, III
da Lei Federal nº 12.608/2012, que
estabelece a Política Nacional de Proteção
e Defesa Civil.
25% <IV.05 ≤ 50% Média 2
IV.05> 50% Grande 3
IV.06 - Porcentagem de
fatores de planejamento
classificados como
Insuficiência
IV.06 ≤ 25% Pequena 1 Para o enfrentamento de situações
potencialmente adversas, devem ser
planejadas antecipadamente as ações
logísticas para o atendimento a
emergências.
25% <IV.06 ≤ 50% Média 2
IV.6> 50% Grande 3
Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, P. 7 e 8, Pangea, 2014.
Quadro 15: Critérios de análise dos indicadores de risco
Indicador Intervalos Significância Classe Justificativa
IR.01 - Porcentagem de
edificações em talude com
altura maior que 6 m
IR.01 ≤ 10% Pequena 1 Em caso de desastres, taludes mais
altos tendem a causar danos mais
sérios.
10% <I.9≤ 25% Média 2
IR.02> 25% Grande 3
IR.02 - Porcentagem de
edificações em talude ou
próximos a taludes com
declividade maior ou igual
a 30o
IR.02 ≤ 10% Pequena 1
Quanto maior a área com declividade
igual ou superior a 30º, maior a área
sujeita a deslizamento.
10% <IR.02 ≤ 25% Média 2
IR.02> 25% Grande 3
IR.03 - Distância média das
edificações ao talude
IR.03 ≥ 10 m Pequena 1 Quanto mais próximas ao pé do talude,
maior a probabilidade de edificações
serem atingidas.
3 m ≤IR.03< 10 m Média 2
IR.03< 3 m Grande 3
IR.04 - Distância média das
edificações à margem do
curso d’água
IR.04> 30 m Pequena 1 Quanto mais próximas da margem de
cursos d’água, maior a probabilidade de
edificações serem atingidas.
10 m <IR.04 ≤ 30 m Média 2
IR.04 ≤ 10 m Grande 3
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Indicador Intervalos Significância Classe Justificativa
IR.05 - Porcentagem de
edificações com indícios
de instabilização situadas
em local com feições de
instabilização
IR.05< 10% Pequena 1 Quanto maior a quantidade de
edificações com indícios de
instabilização ou situadas em terreno
com feições de instabilização, maior a
possibilidade de ocorrer deslizamentos.
10% ≤ IR.05< 25% Média 2
IR.05 ≥ 25% Grande 3
IR.06 - Possibilidade de
lixo e/ou entulho
contribuir com a
ocorrência de desastres
Imperceptível Pequena 1 Quanto mais presente em taludes,
maior a possibilidade do lixo/entulho
contribuir com a ocorrência de
deslizamentos.
Pouco evidente Média 2
Evidente Grande 3
IR.07 - Possibilidade de
água pluvial e/ou esgoto
contribuir com a
ocorrência de desastres
Imperceptível Pequena 1 Quanto maior a presença de água
pluvial e esgoto escoando em superfície
por deficiência nos sistemas de
drenagem e coleta de esgoto, maior a
possibilidade de contribuírem com a
ocorrência de deslizamentos.
Pouco evidente Média 2
Evidente Grande 3
IR.08 - Quantidade de
edificações
IR.08 ≤ 5 Pequena 1 Em caso de desastres com danos a
edificação, quanto menor o número de
imóveis maior a facilidade para
realização de reparos ou construção de
novas edificações.
5 <IR.08 ≤ 10 Média 2
IR.08> 10 Grande 3
IR.09 - Quantidade de
moradores
IR.09 ≤ 25 Pequena 1 Em caso de alerta de desastres, quanto
menor o numero de pessoas maior a
facilidade para realizar a remoção e
fornecer abrigo, água e alimentação.
25 <IR.09 ≤ 50 Média 2
IR.09> 50 Grande 3
Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, P. 8 e 9, Pangea, 2014.
Quadro 16: Critérios de hierarquização da vulnerabilidade da ocupação a inundação e movimentos de massa
Porcentagem de indicadores de vulnerabilidade e risco enquadrados
na classe 3 – PIVR (%) Vulnerabilidade da ocupação
PIVR ≤ 25 Baixa
25 <PIVR< 50 Média
PIVR≥ 50 Alta
Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, P. 9, Pangea, 2014.
Após a definição da metodologia e levantamento de dados, foram processadas as
informações e gerados os mapas solicitados no TR.
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GeoEnvi Geologia e Meio Ambiente16
No município de Gaspar o mapeamento foi realizado pela empresa GeoEnvi Geologia e
Meio Ambiente, onde foram identificados dois processos atuantes, deslizamento e inundação.
A metodologia utilizada pela empresa é a especificada no TR. Na sequência, apresenta-se o
estudo e metodologia descritos pela empresa GeoEnvi:
A aquisição dados vieram da aplicação dos formulários 1, 2, 3 e 4, a baixo apresentamos ao
que se refere cada um:
O formulário 1 serviu de base para a determinação da vulnerabilidade das edificações
e avaliação de áreas com edificações em risco. Após a realização dos cadastros, os
dados constantes deste formulário serviram para elaboração de banco dados
georreferenciados que serviram de base para confecção dos mapas de vulnerabilidade,
suscetibilidade e risco.
No formulário 2 foram observados os aspectos naturais e antrópicos de cada um dos
setores. Para a identificação e localização de elementos de interesse foram feitas
pesquisas junto à Prefeitura Municipal, Defesa Civil e internet; pesquisa de imagens e
vistoria de campo. A determinação das porcentagens de vegetação existentes foi
baseada tanto nos dados de campo como no uso de imagens dos setores. A
determinação das porcentagens dos sistemas de esgoto existentes em cada setor foi
feita a partir dos dados do Formulário 1, o qual inclui os dados sobre esgotos de cada
edificação.
Após a realização do cadastramento e avaliação geológica-geotécnica de cada setor
foram elaborados os mapas de suscetibilidade e de risco. Com base nas informações
constantes do Banco de Dados, levantamentos de campo, levantamentos da CPRM e
mapas de suscetibilidade e de risco, a equipe de geologia retornou a campo para
definir as intervenções necessárias para cada setor. Nesta ida a campo, para definição
das intervenções, foram marcados nos mapas dos setores os locais e os tipos de
intervenção. Após esta determinação, elaborou-se o memorial quantitativo a partir do
uso de imagens com topografia do setor.
O formulário 4 foi respondido pelo Coordenador da Defesa Civil do Município de
Gaspar. Este formulário foi preenchido em entrevista específica, conduzida pela
geóloga Germaine Aline Bernhardt Fuchs. O preenchimento deste formulário
16 Descrição disponível em Relatório consolidado sobre fatores físicos e ambientais de vulnerabilidade a inundações e deslizamentos - Gaspar-sc, Empresa GeoEnvi, 2013.
49
associado ao conhecimento da realidade do município resultou na elaboração de um
panorama da capacidade de resposta do município.
Mapeamento de suscetibilidade dos setores a deslizamentos, enxurradas e inundações
Para o mapeamento das encostas e taludes em termos de risco de ocorrência de
desastres naturais, nos setores delimitados pelo CPRM, são utilizados três critérios,
combinados entre si:
I) Suscetibilidade a Movimentos de Massa e/ou processos hidrológicos;
II) Vulnerabilidade da edificação;
III) Distância da moradia do processo de movimento de massa.
Suscetibilidade a Movimentos de Massa e/ou Processos Hidrológicos
Entende-se como suscetibilidade como a probabilidade maior ou menor de ocorrência
de processo de movimento de massa (deslizamentos de encosta, queda de taludes, corrida de
lamas, etc.) ou de processo hidrológico (enxurrada, inundação ou alagamento) em uma
determinada área.
Para os movimentos de massa são considerados 4 graus de suscetibilidade: Baixa ou
Sem Suscetibilidade (S1); Média Suscetibilidade (S2); Alta Suscetibilidade (S3); Muito Alta
Suscetibilidade (S4).
Fatores determinantes dos Graus de Suscetibilidade a Ocorrência de Movimentos de Massa
A) Inclinação do terreno: maior que 45º; maior que 30º e menor que 45º; menor que 30º.
B) Presença de água: Sim; Não.
C) Indícios de movimentação de solo ou rocha: Sim; Não.
D) Presença de Vegetação: Sim; Não.
E) Grau de Intervenção Antrópica: Expressiva; Mediana; Pouco Expressiva.
F) Altura de encosta: Muito Alta, Média, Baixa.
Essa combinação dos fatores determina o Grau de Suscetibilidade a Movimentos de
Massa:
50
Baixa ou Sem Suscetibilidade (S1):
Inclinação do terreno <30º;
A presença ou não de água não interfere no processo;
Não há indícios de movimentação de massa anteriores;
Não há intervenção antrópica que leve a instabilização da área;
Média Suscetibilidade (S2):
Inclinação do terreno <30º ou entre 30º e 45º;
Não há presença de água;
Ocorrem poucos indícios de movimentação de massa anteriores;
Não há intervenção antrópica que pode levar a instabilização da área;
Alta Suscetibilidade (S3):
Inclinação do terreno entre 30º e 45º;
Pode ou não haver presença de água;
Ocorrem indícios de movimentação de massa anteriores;
Há intervenção antrópica que pode levar a instabilização da área;
Muito Alta Suscetibilidade (S3):
Alta inclinação do terreno > 45º;
Ocorre presença de água;
Ocorrem indícios de movimentação de massa anteriores;
Pode ou não haver intervenção antrópica que leve a instabilização da área;
Pode ou não haver vegetação.
Outros fatores, tais como espessura de solo, ações antrópicas, presença de blocos ou
matacões rolados devem fazer parte da análise e são verificados em campo.
Para o mapeamento das áreas de suscetibilidade a movimentos de massa,
primeiramente é avaliado o tipo de fenômeno ao qual o local (encosta ou talude) está
submetido. A partir daí são utilizados os critérios combinados entre si para classificação das
áreas como S1, S2, S3 e S4. O trabalho, também, é baseado nas descrições de campo coletadas
pelo geólogo. Para os processos hidrológicos é avaliado o tipo de processo ao qual o terreno
51
está sujeito, e para definição do tipo de processo hidrológico avaliam-se as características
geomorfológicas e hidrológicas, além da presença ou não de vegetação.
A vulnerabilidade da edificação é definida por checagem de campo, a caracterização
de cada foi realizada conforme TR.
Distância da moradia do processo de movimento de massa e/ou hidrológico
A distância da moradia é considerada de forma conjunta com o tipo de processo de
movimento de massa e/ou hidrológico e a localização deste. Em relação aos movimentos
hidrológicos é preciso considerar o tipo do processo e também as características
geomorfológicas, presença ou não de vegetação e as interferências antrópicas. Em relação aos
movimentos de massa são considerados dois tipos básicos para a delimitação da distância da
moradia:
Movimentos por solifluxão: Fluxos de lama e detritos (“debris flow”): Movimentos que
atingem grandes distâncias sob a forma de fluxo de material argiloso, viscoso
altamente saturado. É um fenômeno altamente destrutivo, abrangendo grandes
áreas.
Movimentos por Deslizamentos (rotacionais e translacionais) e quedas de blocos: São
movimentos localizados e repentinos, de grande poder destrutivo, abrangendo áreas
localizadas.
Em relação aos processos hidrológicos considera-se que processos do tipo enxurrada
são processos rápidos e altamente destrutivos, porém sua abrangência limita-se
principalmente às áreas próximas dos canais de drenagem. As inundações são processos mais
lentos, com menor poder destrutivos, porém sua abrangência é grande, podendo
comprometer toda a área da planície de inundação e de várzea e, áreas limítrofes à planície de
inundação. Os alagamentos costumam ser processos mais rápidos, porém menos destrutivos
que as enxurradas e com abrangência média à montante do ponto de estrangulamento da
drenagem. Desta forma, a distância a ser considerada como área de abrangência do processo
decorre da conjunção das variáveis que são analisadas para definir a suscetibilidade.
52
Definição de Área de Risco
A definição dos polígonos ou mapeamento das áreas de risco foram feitas a partir do
cruzamento dos polígonos com as áreas de suscetibilidade com as edificações
(vulnerabilidade). Segue o quadro com as combinações de suscetibilidade e vulnerabilidade
gerando o grau de risco.
Figura 09: Combinações de suscetibilidade e vulnerabilidade gerando o grau de risco
Fonte: Relatório consolidado sobre fatores físicos e ambientais de vulnerabilidade a inundações e
deslizamentos - Gaspar-sc, Empresa GeoEnvi, P. 15, 2013.
Os polígonos com as áreas de risco alta e/ou muito alta são definidos pelo cruzamento
das áreas S3 com as residências de alta vulnerabilidade (DA) e as áreas S4 com todas as
residências (DA, DB e DC). Após definição da metodologia e aquisição de dados foram
produzidos os mapas.
53
Metodologia de Vulnerabilidade do CEPED UFSC
A metodologia foi desenvolvida para avaliar e classificar a vulnerabilidade a desastres
em setores de risco previamente identificados. Sendo assim, foi aplicada nos setores de risco
indicadas pelo CPRM, cuja identificação e classificação de riscos seguiu os critérios e
metodologia definidas pela instituição.
Ameaça e vulnerabilidade são processos indissociáveis na configuração de risco a
desastres. Neste sentido, o projeto não se propôs realizar um mapeamento de risco dos
municípios. Centrou-se na identificação e análise de indicadores de vulnerabilidade em áreas
suscetíveis a inundações e deslizamentos, com o objetivo de caracterizar os setores:
população, infraestrutura e ocupação; de modo a ampliar os fatores de vulnerabilidade
empiricamente adotados pela setorização do CPRM.
Enquanto a setorização do CPRM possibilitou a localização dos riscos e uma descrição
geral das áreas e do tipo de evento a que está suscetível, o presente projeto visou ampliar a
caracterização destes setores com foco em 6 fatores principais: 1) fator socioeconômico; 2)
fator físico-ambiental; 3) fator saúde; 4) fator educação; 5) fator percepção de risco; 6) fator
infraestrutura e ocupação do solo.
Definição de fatores e variáveis de vulnerabilidade
De acordo com os objetivos e produtos esperados, a primeira etapa da elaboração da
metodologia se referiu à definição dos fatores e variáveis de vulnerabilidade. A partir do
estudo realizado por Dutra (2011)17 e demais metodologias existentes (CENAPRED18 e
Alemanha19), o projeto definiu os seguintes fatores de vulnerabilidade a desastres:
1) Fatores Socioeconômicos: indica características sociais, de gênero, idade, renda e
outras variáveis domiciliares da população que habita áreas suscetíveis a inundações e
deslizamentos.
17 Dutra, Rita de Cássia. Indicadores de vulnerabilidade no contexto da habitação Precária em área sujeita a deslizamento. Dissertação de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina – Brasil. 2011. 178pgs. 18 Guia Básica para la Elaboración de Atlas Estatales y Municipales de Peligros y Riesgos – Evaluación de la Vulnerabilidad Física y Social, noviembre de 2006. Centro Nacional de Prevención de Desastres. 19 El análises de riesgo – uma base para La gestion de riesgo de desastres naturales. Eschborn, junio de 2004. Deutsche Gesellschaft für Technische Zuzsammenarbe it (GTZ).
54
2) Fator Físico-ambiental: indica as características físicas das edificações, vegetação,
preservação ambiental, proximidade ao agente desencadeador do evento e outras
variáveis que evidenciam a vulnerabilidade a deslizamentos ou inundações sob o
ponto e vista da localização, qualidade e condições dos materiais das estruturas físicas.
3) Fator saúde: indica o acesso aos serviços de saúde, pessoas com doenças crônicas ou
deficiências, entre outros aspectos, nas áreas investigadas.
4) Fator Educação: indica o nível de formação e escolaridade das pessoas residentes nas
áreas investigadas.
5) Percepção de Risco: indica o conhecimento, a relação da população local com os
riscos de desastres a que estão sujeitas.
6) Infraestrutura Urbana e Ocupação do Solo: indica as condições de infraestrutura e
urbanização da área ocupada.
Sabe-se que a vulnerabilidade a desastres possui um caráter multifacetado, abarcando
diferentes dimensões, a partir das quais se podem identificar condições de vulnerabilidade dos
indivíduos, famílias ou comunidades. Estas condições estão ligadas tanto às características
próprias dos indivíduos ou grupos, como relativas ao meio social nas quais estão inseridos.
O projeto não teve a pretensão de compreender todas as dimensões e aspectos
citados pelos autores reconhecidos na área. A seleção dos fatores e variáveis decorreu dos
dados disponíveis em bases de dados do IBGE e de algumas informações possíveis de serem
coletadas em campo. As tabelas a seguir apresentam as variáveis selecionadas, onde se pode
obervar que foi dada ênfase as variáveis que expressam maior vulnerabilidade (alta e muito
alta).
Os pesos foram dados de acordo com a relevância da variável e sua expressão no
conjunto de variáveis, em relação ao fator de vulnerabilidade a que corresponde. Os pesos
foram atribuídos considerando, também, as ameaças específicas determinadas pelo CPRM
para as áreas estudadas. Além disso, foram dados pesos aos fatores para elaboração dos
mapas finais, considerando a relevância do fator e a condição do conjunto de variáveis de
expressar e diferenciar as edificações investigadas. Para determinação dos valores dos pesos
utilizou-se a lógica de Fibonacci20, onde o número inicial é 0,123581321 e os subsequentes
20 A lógica ou sequência de Fibonacci é uma sequência de números inteiros, começando normalmente por 0 e
1, na qual cada termo subsequente corresponde a soma dos dois anteriores. Na matemática, a sequência é
definida pela fórmula abaixo, sendo o primeiro termo F1= 1: F_n = F_{n-1} + F_{n-2}. Ao transformar esses
números em quadrados e dispô-los de maneira geométrica é possível traçar uma espiral perfeita. Atualmente,
55
0,247162643; 0,370743964; 0,617906607; 0,988650571. Para obter a classificação, em uma
escala de 0 a 1, foi utilizado o numero inicial da sequência de Fibonacci de 0,123581321, e
assim sucessivamente até obter cinco classes distintas.
Esclarece-se que a atribuição dos pesos às variáveis está em processo de
aperfeiçoamento. Há pouca disponibilidade de informação na literatura sobre indicadores de
vulnerabilidade a desastres. Assim sendo, a equipe pretende detalhar o conceito e as
qualidades de cada variável ao longo de outros projetos.
A classificação de vulnerabilidade dos mapas foi realizada em 5 níveis, de acordo com a
tabela a seguir:
Tabela 01: Pesos e graus de vulnerabilidade determinados
Grau de Vulnerabilidade da Variável Peso
Muito Alta Vulnerabilidade 0,988650571
Alta Vulnerabilidade 0,617906607
Moderada Vulnerabilidade 0,370743964
Baixa Vulnerabilidade 0,247162643
Muito Baixa Vulnerabilidade 0,123581321
Fonte: CEPED UFSC, 2014.
Pesos dados aos fatores de vulnerabilidade
Apresenta-se a seguir os pesos determinados aos fatores de vulnerabilidade elegidos.
Tabela 02: Pesos dos fatores de vulnerabilidade selecionados
Fatores de Vulnerabilidade Pesos
Fator Socioeconômico 0,247162643
Fator Saúde 0.370743964
Fator Educação 0,123581321
Fator Físico ambiental 0.988650571
Fator Infraestrutura urbana e ocupação 0,617906607
Fator Percepção de Risco 0.370743964
Fonte: CEPED UFSC, 2014.
esta sequencia é utilizada em estudos de algoritmos para aplicações na análise de mercados financeiros, na
ciência da computação e na teoria dos jogos. Também aparece em configurações biológicas, como, por exemplo,
na disposição dos galhos das árvores ou das folhas em uma haste no arranjo do cone da alcachofra, do abacaxi,
no desenrolar da samambaia.
56
Peso das Variáveis de Cada Fator de Vulnerabilidade
Apresenta-se a seguir as tabelas das variáveis e graus de vulnerabilidade respectivos, de cada
fator de vulnerabilidade selecionados, de acordo com os pesos identificados acima.
1) Fator Socioeconômico
Pode-se observar que este fator corresponde ao gênero, idade e renda das pessoas residentes
das áreas de risco investigadas. Os dados destas variáveis foram coletados em campo para os
mapas confeccionados por setor de risco. As informações sobre as mesmas variáveis foram
retiradas do Censo IBGE 2010 para a elaboração dos mapas de âmbito municipal, por setor
censitário.
Quadro 17: Variáveis e graus de vulnerabilidade do fator socioeconômico
Variável Fator Socioeconômico Grau de Vulnerabilidade Suscetibilidade
Quantidade de Homens residentes em domicílios particulares permanentes
Baixa Vulnerabilidade Inundações e Deslizamentos
Mulheres em domicílios particulares permanentes
Moderada Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Quantidade de Pessoas com menos de 1 a 6 anos de idade
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Pessoas com 7 a 12 anos de idade
Moderada Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Pessoas com 13 a 18 anos de idade
Baixa Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Pessoas com 19 a 64 anos de idade
Muito Baixa Vulnerabilidade
Inundações e
Deslizamentos
Pessoas com 65 anos ou mais de idade
Alta Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Quantidade de pessoas desempregadas:
Pessoa sem trabalho ou desempregado
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
A Renda domiciliar (soma da renda de todos os moradores) é
Domicílios particulares com rendimento nominal mensal domiciliar per capita de até 1 salário mínimo
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
A Renda domiciliar (soma da renda de todos os moradores) é
Domicílios particulares com rendimento nominal mensal domiciliar per capita de mais de 1 a 2 salários mínimos
Alta Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
A Renda domiciliar (soma da renda de todos os moradores) é
Domicílios particulares com rendimento nominal mensal domiciliar per capita de mais de 2 a 3 salários mínimos
Moderada Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
A Renda domiciliar (soma da renda de todos os moradores) é
Domicílios particulares sem rendimento nominal mensal domiciliar per capita
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Fonte: CEPED UFSC, 2014.
57
2) Fator Físico-ambiental
As variáveis referentes ao fator físico ambiental abrangem aspectos relativos ao
padrão construtivo da casa, presença de materiais no solo, evidências de movimentação e
outras patologias estruturais. Apesar de algumas variáveis correspondem às condições de
suscetibilidade do terreno, elas foram consideradas neste fator uma vez que havia o
entendimento de que a coleta do dado edificação por edificação permitiria evidenciar aquelas
que já apresentavam impacto da ameaça. Foram selecionadas variáveis específicas para a
suscetibilidade a deslizamentos e para a suscetibilidade a inundações, apresentadas cada qual
nas tabelas a seguir.
O fator físico ambiental foi utilizado somente para a confecção dos mapas por setor,
pois não havia estas informações disponíveis no Censo IBGE para a elaboração dos mapas de
âmbito municipal.
Quadro 18: Variáveis e graus do fator físico ambiental para suscetibilidade a deslizamentos
Variável Fator Físico-ambiental
Grau de Vulnerabilidade
Suscetibilidade
No logradouro; quadra face ou face confrontante do imóvel:
Existe lixo acumulado nos logradouros
Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Existe esgoto a céu aberto Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Não Existe bueiro/boca-de-lobo
Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Tipo do Solo do imóvel Terreno sob aterro sanitário
Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Presença de material no solo Presença materiais no solo - Bananeira
Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Presença materiais no solo – Entulho
Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Presença materiais no solo - Matacões
Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Presença materiais no solo - Bloco de rocha
Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Presença materiais no solo - Paredão de rocha
Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Tempo em que o solo leva para secar Concentração da água de chuva em superfície
Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
A edificação Área plana Moderada Vulnerabilidade Deslizamentos
Talude Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Topo de morro Moderada Vulnerabilidade Deslizamentos
Qual a inclinação do solo em que se encontra a edificação e/ou corte do talude
Declividade - Mais de 45 graus
Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Declividade - De 22,5 graus a 45 graus
Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Existe próximo a edificação ou na edificação (considere ate 100m de distancia)
Inclinação muros Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Inclinação de árvores Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Inclinação de postes Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Embarrigamento de Muros de contenção
Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Embarrigamento de Muros de edifzicação
Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Trincas na moradia Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Cicatrizes de escorregamento
Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Degraus de abatimento Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Feições erosivas - Linear Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Feições erosivas - Ravina Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Feições erosivas - Sulco Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Feições erosivas - Voçoroca
Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
58
Minas d’água no talude ou aterro - No meio
Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Minas d’água no talude ou aterro - No sopé
Moderada Vulnerabilidade Deslizamentos
Minas d’água no talude ou aterro - No topo
Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Tipo de Talude - Corte
Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Tipo de Talude - Extração mineral
Moderada Vulnerabilidade Deslizamentos
Material da cobertura do solo ao redor da edificação (considere ate 10m de distancia)
Drenagem superficial - Precário
Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Drenagem superficial – Inexistente
Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
A edificação possui calha, dutos e caixa
pluvial (águas da chuva)
Lançamento de água da chuva em superfície - A céu aberto
Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Distância da edificação, em metros, ao agente desencadeador de possível evento
2 a 5 m; 5 a 10m; 10 a 25m; 25 a 50m; 50 a 100m. mais de 100m.
Muito Alta Vulnerabilidade
(o inverso da distância X
peso)
Deslizamentos
A moradia foi afetada por deslizamentos
Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos
Fonte: CEPED UFSC, 2014.
Quadro 19: Variáveis e graus do fator físico ambiental para suscetibilidade a inundações
Variável Fator Socioeconômico
Grau de Vulnerabilidade Suscetibilidade
No logradouro; quadra face ou face confrontante do imóvel:
Existe lixo acumulado nos logradouros
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações
Existe esgoto a céu aberto Alta Vulnerabilidade Inundações
Não Existe bueiro/boca-de-lobo
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações
Tipo do Solo do imóvel Terreno sob aterro sanitário
Moderada Vulnerabilidade Inundações
Presença de material no solo Presença materiais no solo - Entulho
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações
Tempo em que o solo leva para secar Concentração da água de chuva em superfície
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações
A edificação Terreno - Área plana Alta Vulnerabilidade Inundações
Qual a inclinação do solo em que se encontra a edificação e/ou corte do talude
Declividade - Menos de 22,5 graus
Alta Vulnerabilidade Inundações
Existe próximo a edificação ou na edificação
(considere ate 100m de distancia) Trincas na moradia
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações
Minas d’água no talude ou aterro - No meio
Alta Vulnerabilidade Inundações
Material da cobertura do solo ao redor da edificação (considere ate 10m de distancia)
Drenagem superficial - Precário
Alta Vulnerabilidade Inundações
Drenagem superficial – Inexistente
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações
A edificação possui calha, dutos e caixa pluvial (águas da chuva)
Lançamento de água da chuva em superfície - A céu aberto
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações
Distância da edificação, em metros, ao agente desencadeador de possível evento
2 a 5 m; 5 a 10m; 10 a 25m; 25 a 50m; 50 a 100m. mais de 100m.
Muito Alta Vulnerabilidade (o
inverso da distância x o peso)
Inundações
A moradia foi afetada por inundação sim
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações
Altura da inundação
Muito Alta Vulnerabilidade (distância x peso)
Inundações
Fonte: CEPED UFSC, 2014.
59
3) Fator Saúde
O fator saúde corresponde à existência de pessoas com doenças crônicas e pessoas
com deficiência nas áreas de risco. Variáveis relativas ao acesso aos serviços de saúde foram
inicialmente selecionadas, mas não agregadas neste momento porque a setorização feita pelo
CPRM restringiu-se às áreas urbanizadas conforme acordado com o Ministério da Integração
Nacional, as quais são cobertas pelas unidades de saúde da família. Assim sendo, quando
aplicávamos esta pergunta no questionário, as respostas eram todas sim.
As variáveis do fator saúde foram utilizadas para a elaboração dos mapas por setor e
de âmbito municipal.
Quadro 20: Variáveis e graus do Fator Saúde
Variável Fator Saúde
Grau de Vulnerabilidade Suscetibilidade
Pessoa com doença ou agravo de saúde na moradia
Doentes crônicos Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Pessoa com deficiência visual na moradia
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Pessoa com deficiência auditiva na moradia
Dificuldade Permanente De Ouvir
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Pessoa com deficiência física na moradia Dificuldade Permanente De Caminhar ou Subir Degraus
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Pessoa com deficiência mental na moradia Deficiência Mental/Intelectual Permanente
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Fonte: CEPED UFSC, 2014.
4) Fator Educação
O fator educação se refere à alfabetização e nível de escolarização das pessoas
residentes nas áreas de risco investigadas. As mesmas variáveis foram utilizadas para a
elaboração dos mapas de âmbito municipal e mapas por setor de risco.
Quadro 21: Variáveis e graus do fator educação
Variável Fator Educação
Grau de Vulnerabilidade Suscetibilidade
Quantidade de pessoas (alfabetização) Não alfabetizadas (não sabe escrever um bilhete ou assinar o nome)
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Quantidade de pessoas com escolaridade:
NÍVEL DE INSTRUÇÃO: Sem instrução e fundamental incompleto
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Quantidade de pessoas com escolaridade:
NÍVEL DE INSTRUÇÃO: Sem instrução e fundamental incompleto
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Quantidade de pessoas com escolaridade:
NÍVEL DE INSTRUÇÃO: Fundamental completo e médio incompleto
Alta Vulnerabilidade
Inundações e
Deslizamentos
Fonte: CEPED UFSC, 2014.
60
5) Fator Percepção de Risco
As variáveis do fator percepção de risco objetivam identificar se os moradores
conhecem os riscos a que estão expostos, se acreditam que estão preparados para enfrentá-
los, se conhecem a defesa civil e se já vivenciaram situações de emergência e seus impactos.
Estas variáveis foram utilizadas somente para a elaboração dos mapas por setor de risco.
Quadro 22: Variáveis e graus do fator percepção de risco
Variável Fator Percepção de Risco
Grau de Vulnerabilidade Suscetibilidade
A comunidade já foi afetado por alguma emergência ou desastres (alagamento, deslizamento, ou outro risco)?
Sim Baixa Vulnerabilidade
Inundações e Deslizamentos
Considera que sua casa está localizada em uma área suscetível a ameaças?
Não e Não sei Alta Vulnerabilidade
Inundações e
Deslizamentos
Você ou algum morador já enfrentou situações de emergência ou desastre?
Não Muito Alta Vulnerabilidade
Inundações e
Deslizamentos
Você ou algum morador já foi removido de casa (deste domicilio ou de outro)?
Sim Baixa Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Você ou algum morador participa de organizações locais?
Não Muito Alta Vulnerabilidade
Inundações e
Deslizamentos
Você ou algum morador já sofreu perdas ou bens por causa de um desastre?
Sim Baixa Vulnerabilidade
Inundações e
Deslizamentos
Você ou algum morador se considera preparado para enfrentar situações de
emergência ou desastre?
Não ou Não sei Alta Vulnerabilidade
Inundações e
Deslizamentos
Você conhece a Defesa Civil? Não ou Não sei Alta Vulnerabilidade
Inundações e
Deslizamentos
Fonte: CEPED UFSC, 2014.
6) Fator Infraestrutura urbana e ocupação do solo
O fator infraestrutura urbana e ocupação do solo se refere às condições de
urbanização do setor de risco, próximo (no logradouro) às moradias investigadas. As variáveis
foram utilizadas para a elaboração dos mapas de âmbito municipal e por setor de risco.
61
Quadro 23: Variáveis e graus do fator Infraestrutura urbana e ocupação do solo
Variável Fator Infraestrutura urbana e ocupação do solo
Grau de Vulnerabilidade Suscetibilidade
No logradouro, quadra face ou face confrontante do imóvel:
Não Existe bueiro/boca-de-lobo
Muito Alta Vulnerabilidade
Inundações e
Deslizamentos
Não Existe pavimentação Alta Vulnerabilidade
Inundações e
Deslizamentos
Não Existe calçada Moderada Vulnerabilidade
Inundações e
Deslizamentos
Não Existe meio-fio/guia Alta Vulnerabilidade
Inundações e Deslizamentos
Acesso a moradia: Caminho Moderada Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Escadaria Alta Vulnerabilidade
Inundações e
Deslizamentos
Ponte Muito Alta Vulnerabilidade
Inundações e
Deslizamentos
Tipo de esgotamento sanitário Sem esgotamento sanitário via rede geral de esgoto ou pluvial
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Tipos Abastecimento de água Sem abastecimento de água da rede geral
Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Destinos do Lixo Sem lixo coletado Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Existência de energia elétrica Sem energia elétrica Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e
Deslizamentos
Fonte: CEPED UFSC, 2014.
As variáveis retiradas da base de dados do IBGE e as variáveis coletadas em campo
foram utilizadas para produzir mapas de âmbitos diferentes. É importante enfatizar que os
dados retirados do IBGE são relativos aos setores censitários, os quais não correspondem
estreitamente aos setores de risco do CPRM. Foram utilizados os dados referentes ao ano de
2010, sendo este o mais recente até o momento (IBGE, 2010)21, relativas aos fatores:
socioeconômico, saúde, educação, e infraestrutura urbana e ocupação do solo.
Com relação a estes fatores e variáveis, foram produzidos mapas de abrangência
municipal para análise destes aspectos. Os mapas indicam as diferenças socioeconômicas e de
infraestrutura urbana entre os diferentes setores censitários de Alfredo Wagner. Salienta-se
que algumas informações disponíveis na base de dados do IBGE são apenas nas áreas
urbanizadas do município.
Sendo assim, foi elaborado um mapa temático de vulnerabilidade a desastres, de
âmbito municipal, agregando todas as variáveis dos diferentes fatores de vulnerabilidade
citados. Este mapa indica quais os setores censitários mais vulneráveis, tendo em vista as
21 IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico: resultados preliminares - São Paulo. Rio de Janeiro; 2010 (Recenseamento Geral do Brasil).
62
variáveis selecionadas. Todos os aspectos analisados em cada fator de vulnerabilidade estão
apresentados na tabela de variáveis apresentadas acima. Com relação à infraestrutura urbana
e ocupação foram levantados os setores censitários que apresentam calçada, pavimentação,
energia elétrica, rede de abastecimento de água, entre outros aspectos.
Sabe-se que os aspectos relativos à infraestrutura urbana e ocupação são
fundamentais para caracterizar a vulnerabilidade dos setores suscetíveis a desastres, tanto do
ponto de vista social como físico ambiental. Optou-se por organizar as variáveis neste fator
para melhor direcionar investimento público local nas áreas mais precárias. Ainda de âmbito
municipal, produziu-se um mapa sobrepondo os setores de risco levantados pelo CPRM ao
mapa de densidade demográfica do município. A densidade demográfica foi estabelecida por
setor censitário também, permitindo que o gestor de defesa civil verifique quais os setores de
risco estão localizadas em áreas mais densas ou menos densas.
Outros mapas foram produzidos para os fatores e variáveis que correspondem
estreitamente aos setores de risco indicados pelo CPRM. Nestes mapas a análise é pontual,
referente a cada setor específico, não possibilitando comparação destes aspectos nas
diferentes regiões do município sem a devida coleta das informações nestes locais. Para estes
mapas foram analisados os fatores: físico-ambiental, socioeconômico, percepção de risco,
saúde, educação e infraestrutura urbana e ocupação. Pode-se observar que diferente dos
mapas de âmbito municipal, agregou-se os fatores físico ambiental e percepção de risco, cujas
variáveis só poderiam ser coletadas mediante atividade de campo.
Variáveis utilizadas a partir da base de dados do IBGE para produção de mapas de abrangência
municipal
A análise decorrente das variáveis referentes aos fatores socioeconômico, saúde,
educação e infraestrutura urbana e ocupação possibilitou a produção de mapas de
abrangência municipal, com predominâncias nas áreas urbanizadas em função dos dados
disponíveis. Estes resultados indicam os setores censitários mais vulneráveis relativos aos
aspectos apresentados na tabela, ou seja, as variáveis de cada fator. Assim, foram produzidos
os seguintes mapas de abrangência municipal, com base nas informações disponíveis pelo
Censo IBGE 2010, por setor censitário:
Mapa Temático de Vulnerabilidade Socioeconômica e de infraestrutura urbana e
ocupação;
63
Mapa Temático de Densidade Populacional por Setor Censitário;
Variáveis utilizadas a partir da coleta de campo para produção de mapas pontuais de
vulnerabilidade, por setor de risco do CPRM
A análise decorrente dos fatores de vulnerabilidade possibilitou a produção de mapas
pontuais dos setores de risco de indicados pelo CPRM, indicando quais as áreas do setor são
mais vulneráveis relativas aos aspectos apresentados na tabela. Sendo assim, foram
produzidos a partir da confluência de todos os fatores utilizados:
Mapas finais de vulnerabilidade a desastre, por setor de risco;
Mapas de vulnerabilidade de infraestrutura urbana e ocupação, por setor de risco de
desastre.
Todos os mapas de vulnerabilidade foram elaborados por meio de análises geoestatísticas,
pelo modelo computacional de Krikagem. A seguir, ainda nos resultados deste relatório,
apresentam-se os diferentes métodos de interpolação para elaboração de mapas e as razões
pelas quais a UFSC optou por utilizar a Krigagem.
Instrumento de Coleta de Dados
Como dito anteriormente, as variáveis e fatores receberam pesos e foram utilizadas na
confecção dos mapas de vulnerabilidade dos setores de risco e do município de forma mais
ampla. A partir destas variáveis, foi elaborado um instrumento de coleta de dados, por meio
de formulário aplicado pelas equipes em campo. Segue:
Formulário A: Identificação dos Fatores de Vulnerabilidade, aplicado por
edificação (anexo B).
Os formulários abordam grande número de informações as quais não foram utilizadas
integralmente na metodologia aqui apresentada. Tais informações foram levantadas para
estudos posteriores, evitando os custos de saídas de campo e deslocamentos aos municípios
pesquisados.
64
Modelos de Mapas de Vulnerabilidade Elaborados pelo CEPED UFSC
Apresenta-se, a seguir, modelos de mapas elaborados pela UFSC para o mapeamento
de vulnerabilidade a desastres.
Figura 10: Mapa de vulnerabilidade a desastres do município de Itajaí, elaborado pela UFSC.
Fonte: CEPED UFSC, 2014.
Figura 11: Mapa de vulnerabilidade a desastres do setor 03 de Itajaí, elaborado pela UFSC
Fonte: CEPED UFSC, 2014.
65
Figura 12: Mapa de intervenções estruturais do setor 03 de Itajaí, elaborado pela UFSC
Fonte: CEPED UFSC, 2014.
66
COMPATIBILIZAÇÃO DE METODOLOGIAS Etapa 1- Setores Selecionados
Como foi descrito na metodologia do estudo, foram selecionados dois setores de risco
trabalhados por cada empresa, sendo um setor com suscetibilidade a inundação e outro com
suscetibilidade a deslizamento, exceto a empresa Acquatool Consultoria S/S Ltda que mapeou
apenas setores suscetíveis à inundação.
No quadro a seguir, apresentam-se os setores selecionados e a qual município e
empresa eles pertencem. Reafirma-se que para as empresas que não elaboraram mapas de
vulnerabilidade, analisaram-se os mapas de risco.
Quadro 24: Resumo dos setores selecionados para compatibilização
Empresa Município Setores selecionados
Mapa analisado na Compatibilidade
Acquatool Consultoria S/S Ltda
Mossoró 09 Mapa de Vulnerabilidade
Thalweg Consultoria e Projetos Geológicos Ltda
Cachoeiro de Itapemirim
09 e 11 Mapa de Risco
Pangea Geologia e Estudos Ambientais LTDA
Santa Cruz Cabrália 05 e 06 Mapa de Vulnerabilidade
GeoEnvi Geologia e Meio Ambiente
Gaspar 40 e 46 Mapa de Risco
Fonte: Organizadores deste material, 2014.
Etapa 2 - Adequação de indicadores
Conforme apresentado na metodologia deste estudo, as informações coletadas nos
setores foram adequadas às variáveis e pesos utilizadas pela metodologia do CEPED UFSC.
Todas as informações coletadas pelas empresas, disponíveis nas planilhas vinculadas aos
shapes file dos mapas de risco ou nos mapas de vulnerabilidade, foram organizadas
conjuntamente com as variáveis coletadas pela UFSC, formando uma planilha única (anexo A)
na qual é possível observar as informações coletadas e utilizadas em comum por todas as
empresas e as informações divergentes. Posteriormente, foram selecionadas as variáveis
compatíveis com a metodologia da UFSC, descartando aquelas que não eram adequadas
(Anexo C).
67
Apresenta-se, a seguir, a tabela com as variáveis utilizadas pelas empresas, encontradas
nos shapes e /ou tabelas nos produtos dos municípios, encaminhados pela SEDEC ao CEPED
UFSC. Nesta tabela, é possível verificar o número de variáveis utilizadas por cada empresa,
sendo que a Pangea se sobressai com a identificação de 115 variáveis. É importante esclarecer
que existe a possibilidade de as outras empresas utilizarem, ainda, outras variáveis as quais
não foram identificadas nos shapes ou planilhas encaminhados.
Nesta tabela, é possível observar, também, as variáveis que são compatíveis entre as
empresas investigadas, sendo, aproximadamente, de 35 a 40 variáveis compatíveis. Os nomes
das variáveis foram mantidos conforme apresentados nas tabelas. Por não serem
autoexplicativos, sugeriu-se neste relatório que fosse entregue aos municípios um dicionário
de variáveis para análise das informações.
Tabela 03: Variáveis utilizadas pelas empresas para o mapeamento de risco e/ou vulnerabilidade dos
municípios citados, conforme produtos encaminhados pela SEDEC.
Thalweg Consultoria e Projetos Geológicos Ltda
GeoEnvi Geologia e Meio Ambiente
Pangea Geologia e Estudos Ambientais
LTDA
Acquatool
Consultoria S/S Ltda
Pontos_Cachoeiro_Itapemirim Pontos_Gaspar Pontos_Sta_Cruz_Cabralia Pontos_Mossoro
V001 - CD_SETOR V001 - OBJECTID V001 - OBJECTID V001 - Profission
V002 - CD_SUBSETO V002 - PROFISSION V002 - PROFISSION V002 - Data
V003 - PROFISSION V003 - DATA V003 - DATA V003 - UF
V004 - DATA V004 - UF V004 - ESTADO V004 - MunicÃpio
V005 - CD_UND_HAB V005 - MUNICÍPIO V005 - MUNICIPIO V005 - COD_IBGE
V006 - ENDERECO V006 - COD_IBGE V006 - COD_SETOR V006 - COD_SETOR
V007 - NUMERO__HA V007 - COD_SETOR V007 - COD_SUBSET V007 - COD_SUBSET
V008 - BAIRRO V008 - COD_SUBSET V008 - COD_UNI_HA V008 - COD_UN_HAB
V009 - COMPLEMENT V009 - COD_UN_HAB V009 - ENDERECO V009 - ENDEREÃ!O
V010 - MUNICIPIO V010 - ENDERECO V010 - NUMERO V010 - NUMERO
V011 - ESTADO V011 - NUMERO V011 - COMPLE V011 - BAIRRO
V012 - LAT V012 - BAIRRO V012 - BAIRRO V012 - COMPLEMENT
V013 - LONG V013 - COMPLEMENT V013 - TIPO_USO V013 - TIPO_MORAD
V014 - TP_MORADIA V014 - TIPO_MORAD V014 - OUTRO_USO V014 - TIPO_MOR_1
V015 - QTD_MORADO V015 - TIPO_MOR_1 V015 - NUM_PAV V015 - QUANT_MORA
V016 - MATERIAL V016 - PAVIMENTOS V016 - PAV_M2 V016 - MATERIAL
V017 - COBERTURA V017 - AREA_CONST V017 - MORADOR_QT V017 - MATERIAL_O
V018 - ACESSO_MOR V018 - QUANT_MORA V018 - TIPO_MATER V018 - COBERTURA
V019 - QLD_ACESSO V019 - MATERIAL V019 - OUTRO_MATE V019 - COBERTURA_
V020 - MRG_CORREG V020 - MATERIAL_O V020 - TIPO_COBER V020 - ACESSO_MOR
V021 - DIST_MARG_ V021 - COBERTURA V021 - OUTRO_COBE V021 - QUALIDADE_
V022 - H_CHEIA V022 - COBERTURA_ V022 - TIPO_ACESS V022 - MARGENS_CO
V023 - TERRENO V023 - ACESSO_MOR V023 - SITUACAO_A V023 - DIST_MARGE
V024 - TP_TALUDE V024 - QUALIDADE_ V024 - CONDICAO_A V024 - ALTURA__CH
V025 - H_TALUDE V025 - MARGENS_CO V025 - COORD_LAT V025 - CARACT_TER
V026 - DECLIVE V026 - DIST_MARGE V026 - COORD_LONG V026 - TIPO_TALUD
68
V027 - TRINCA_MOR V027 - ALTURA_CHE V027 - CARAC_EDIF V027 - ALT_TALUDE
V028 - TRINCA_ATE V028 - CARACT_TER V028 - CROQUI V028 - DECL_APROX
V029 - INCLINACAO V029 - TIPO_TALUD V029 - PERFIL V029 - TRINCAS_MO
V030 - DEGRAUS_AB V030 - ALT_TALUDE V030 - RISCO V030 - TRINCAS_AT
V031 - CICATRIZ_E V031 - DECL_APROX V031 - PROCESSO V031 - INCLIN_ARV
V032 - FEICOES_ER V032 - TRINCAS_MO V032 - CORREG_NAT V032 - DEGRAUS_AB
V033 - EMBARRIG_M V033 - TRINCAS_AT V033 - CORREG_SIN V033 - CICATRIZ_E
V034 - COLT_LIXO V034 - INCLIN_ARV V034 - CORREG_RET V034 - FEICOES_ER
V035 - F_COLT_LIX V035 - DEGRAUS_AB V035 - DIST_MARGE V035 - EMBARRIGAM
V036 - LOCAL_DESC V036 - CICATRIZ_E V036 - H_CHEIAS V036 - COORD_LAT
V037 - DREN_URB V037 - FEICOES_ER V037 - H_TAL_MARG V037 - COORD_LONG
V038 - F_LIMPEZA V038 - EMBARRIGAM V038 - FONTE V038 - X
V039 - REDE_TRAT_ V039 - OBSERVAÃ V039 - MARG_N_APL V039 - Y
V040 - FOSSA V040 - COORD_LAT V040 - TERREN_PLA V040 - Long
V041 - SUMIDOURO V041 - COORD_LONG V041 - TERREN_MOR V041 - Lat
V042 - CANALIZADO V042 - VULNERABIL V042 - TERREN_TAL
V043 - TIPO_VEG
V043 - TERREN_MIS
V044 - PORC_DESMA
V044 - TALUD_NAT
V045 - VULNERABIL
V045 - TALUD_CORT
V046 - TALUD_ATER
V047 - TALUD_EXT_
V048 - H_TALUDE
V049 - DECLIV_APR
V050 - DISTANCIA_
V051 - DISTANCIA1
V052 - TALUD_N_AP
V053 - TIPO_MAT_S
V054 - TIPO_MAT_1
V055 - TIPO_MAT_2
V056 - TIPO_ROCHA
V057 - TIPO_OUTRO
V058 - MAT_BLOCO_
V059 - MAT_MATACA
V060 - MAT_PARED_
V061 - MAT_OUTROS
V062 - TRINCAS_TE
V063 - TRINCAS_ED
V064 - TRINCAS_NA
V065 - INCLINACAO
V066 - INCLINAC_1
V067 - INCLINAC_2
V068 - INCLINAC_3
V069 - EMBAR_MURO
V070 - EMBAR_MU_1
V071 - EMBAR_NAO
V072 - DEGRAU_SIM
V073 - DEGRAU_NAO
69
V074 - CICAT_MOV_
V075 - CICAT_MOV1
V076 - CICAT_MO_1
V077 - DEPOSITOS_
V078 - DEPOSITOS1
V079 - FEIC_EROSI
V080 - FEIC_ERO_1
V081 - FEIC_ERO_2
V082 - FEIC_ERO_3
V083 - FEIC_ERO_4
V084 - FEIC_ERO_5
V085 - FEIC_ERO_6
V086 - CONCENTR_A
V087 - CONCENTR_1
V088 - LANC_AGUA_
V089 - LANC_AGUA1
V090 - LANC_AGU_1
V091 - SIST_DRENA
V092 - SIST_DRE_1
V093 - SIST_DRE_2
V094 - ESGOTO_RED
V095 - ESGOTO_FOS
V096 - ESGOTO_CAN
V097 - ESGOTO_C_1
V098 - ESGOTO_LAN
V099 - ESGOTO_SUM
V100 - ESGOTO_NAO
V101 - VAZAM_TUB_
V102 - VAZAM_TUB1
V103 - VAZAM_TU_1
V104 - MINAS_DAGU
V105 - MINAS_DA_1
V106 - MINAS_DA_2
V107 - MINAS_DA_3
V108 - LIXO_EVIDE
V109 - LIXO_POUCO
V110 - LIXO_IMPER
V111 - OBS_1
V112 - CONTROLE
V113 - SHAPE_Leng
V114 - SHAPE_Area
V115 - ORIG_FID
Fonte: Organizadores deste material, 2014.
70
Como a SEDEC havia encaminhado uma planilha para preenchimento das informações
de campo da empresas, a ser implementada via database, o estudo fez uma comparação entre
as variáveis das empresas e as variáveis da SEDEC. Esta comparação está disponível em excel,
no anexo A. No anexo também está disponível as variáveis utilizadas para realizar a
compatibilização das metodologias, considerando as variáveis utilizadas pela UFSC conforme
apresentado em capítulo anterior.
Etapa 3 - Geração de Mapas dos Setores Selecionados com a Metodologia da UFSC
Apresenta-se, a seguir, os mapas de vulnerabilidade gerados pela metodologia da UFSC
no setores de risco trabalhados pelas empresas e com as informações coletadas por elas. Para
facilitar a visualização entre os produtos, serão apresentado conjuntamente os dois mapas: da
empresa e da UFSC para o mesmo setor e, ao final, as porcentagens das áreas de acordo com o
grau de risco ou grau de vulnerabilidade.
ACQUATOOL LTDA
Figura 13: Mapa A de vulnerabilidade a inundação do setor 09 de Mossoró, elaborado pela Empresa Acquatool
Fonte:Relatório de identificação dos Fatores Físicos e Ambientais – Mossoró –Rio Grande do Norte-
Tomo II, Acquatool Consultoria, 2014.
71
Figura 14: Mapa B de vulnerabilidade a inundação do setor 09 de Mossoró, elaborado pela Empresa Acquatool
Fonte: Relatório de identificação dos Fatores Físicos e Ambientais – Mossoró –Rio Grande do Norte-
Tomo II, Acquatool Consultoria, 2014.
Figura 15: Mapa de vulnerabilidade a inundação do setor 09 de Mossoró, elaborado pela UFSC
Fonte: Organizadores deste material, 2014.
72
THALWEG LTDA
Figura 16: Mapa de risco a deslizamento do setor 09 de Cachoeiro de Itapemirim, elaborado pela Empresa Thalweg
Fonte: Relatório Fatores Físicos e Ambientais de Vulnerabilidade a Inundações e Deslizamentos do
Município de Cachoeiro de Itapemirim – ES, Anexos, Empresa Thalweg, 2014.
Figura 17: Mapa de vulnerabilidade a deslizamento do setor 09 de Cachoeiro de Itapemirim, elaborado pela UFSC
Fonte: Organizadores deste material, 2014.
73
Figura 18: Mapa de risco a inundação do setor 11 de Cachoeiro de Itapemirim, elaborado pela Empresa Thalweg
Fonte: Relatório Fatores Físicos e Ambientais de Vulnerabilidade a Inundações e Deslizamentos do
Município de Cachoeiro de Itapemirim – ES, Anexos, Empresa Thalweg, 2014.
Figura 19: Mapa de vulnerabilidade a inundação do setor 11 de Cachoeiro de Itapemirim, elaborado pela UFSC
Fonte: Organizadores deste material, 2014.
74
PANGEA LTDA Figura 20: Mapa de vulnerabilidade a deslizamento do setor 5 de Santa Cruz de Cabrália, elaborado pela
Empresa Pangea
Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, Anexo C, 2014.
Figura 21: Mapa de vulnerabilidade a deslizamento do setor 5 de Santa Cruz de Cabrália, elaborado pela
Empresa Pangea
Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, Anexo C, 2014.
75
Figura 22: Mapa de vulnerabilidade a deslizamento do setor 5 de Santa Cruz de Cabrália, elaborado pela UFSC
Fonte: Organizadores deste material, 2014.
Figura 23: Mapa de vulnerabilidade a inundação do setor 6 de Santa Cruz de Cabrália, elaborado pela Empresa Pangea
Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, Anexo C, 2014.
76
Figura 24: Mapa de vulnerabilidade a inundação do setor 6 de Santa Cruz de Cabrália, elaborado pela UFSC
Fonte: Organizadores deste material, 2014.
GEOENVI LTDA
Figura 25: Mapa de risco a deslizamento do setor 40 de Gaspar, elaborado pela empresa Geonvi
Fonte:Relatório consolidado sobre fatores físicos e ambientais de vulnerabilidade a inundações e
deslizamentos - Gaspar-sc, Anexo SR 40 – Mapas PDF, Empresa GeoEnvi, 2013.
77
Figura 26: Mapa de vulnerabilidade a deslizamento do setor 40 de Gaspar, elaborado pela UFSC
Fonte: Organizadores deste material, 2014.
Figura 27: Mapa de risco a inundação do setor 46 de Gaspar, elaborado pela empresa Geonvi
Fonte: Relatório consolidado sobre fatores físicos e ambientais de vulnerabilidade a inundações e
deslizamentos - Gaspar-sc, Anexo SR 46 – Mapas PDF, Empresa GeoEnvi, 2013.
78
Figura 28: Mapa de vulnerabilidade a inundação do setor 46 de Gaspar, elaborado pela UFSC
Fonte: Organizadores deste material, 2014.
No quadro a seguir, pode-se visualizar a percentagem de compatibilidade entre a
metodologia da empresa e a da UFSC para cada classe utilizada. É necessário esclarecer dois
aspectos principais: 1) para as empresas que não apresentaram mapas de vulnerabilidade, a
comparação foi realizada a partir dos mapas de risco, o que pode suscitar um conjunto de
debates específicos dentro área de mapeamento de risco, posto que o resultado pode ser
bastante distinto a depender da metodologia adotados por cada instituição; 2) A metodologia
da UFSC adota 5 classes de vulnerabilidade, o que distingue das empresas, que utilizem 3
classes conforme o TR. Assim sendo, para poder realizar a compatibilização entre as áreas
conforme os graus de vulnerabilidade, considerou-se muito baixa e baixa vulnerabilidade
como baixa e muito alta e alta vulnerabilidade como alta.
79
Quadro 25: Comparação entre as áreas de vulnerabilidade apresentadas pelas empresas e pela UFSC, em percentual.
Empresa/Município
Setor de risco/suscetibi
lidade
Quantidade, em percentual, de áreas para cada classe definidas pela empresa
CEPED UFSC
Acquatool/ Mossoró
Setor 09/ Inundação
64,80 % Alta vulnerabilidade 35,20%Média Vulnerabilidade
100% Alta vulnerabilidade
Thalweg/ Cachoeiro
de Itapemirim
Setor 09/ Deslizamento
100% Alto Risco 27,09% Alta vulnerabilidade 59,65% Média vulnerabilidade 13,06 % Baixa vulnerabilidade
Setor 11/ Inundação
16,6 % Alto Risco 83,04% sem classificação
5,92 % Alta vulnerabilidade 20,39% Média vulnerabilidade 73,69% Baixa vulnerabilidade
Pangea/Santa Cruz cabrália
Setor 05/ Deslizamento
100% Alta vulnerabilidade 24,35% Alta vulnerabilidade
19,31% Média vulnerabilidade 56,34% Baixa vulnerabilidade
Setor 06/ Inundação
87,5 % Alta vulnerabilidade 12,5% Média Vulnerabilidade
51,16% Alta vulnerabilidade 26,67% Média vulnerabilidade 22,18% Baixa vulnerabilidade
GeoEnvi/ Gaspar
Setor 40/ Deslizamento
37,8 % Alto e Muito Alto 3,14% Médio Risco 3,42% Baixo Risco 55,58% Área não Classificada
10,19% Alta vulnerabilidade 74,61% Média vulnerabilidade 15,20% Baixa vulnerabilidade
Setor 46/ Inundação
9,17% Alto Risco 8,13 % Médio Risco 28,6 % Baixo Risco 54,1% Área não Classificada
55,61% Alta vulnerabilidade 32,74% Média vulnerabilidade 11,66% Baixa vulnerabilidade
Fonte: organizadores deste material, 2014.
80
Etapa 4 - Análise dos Mapas e Metodologias
Qualquer análise que se empenhe em apresentar neste momento deve ser
considerada com intuito de viabilizar a reflexão sobre este processo de construção de
metodologia para análise da vulnerabilidade a desastres, especificamente em áreas suscetíveis
a inundações e a deslizamentos. Como apontado anteriormente, não existe extensa
bibliografia na área no Brasil, apenas alguns estudos específicos. As instituições que elaboram
mapeamentos de área de risco e abordam o eixo da vulnerabilidade restringem as suas
análises a descrições amplas dos setores de risco, com ênfase aos padrões construtivos e
demais informações físicas do setor de risco.
O objetivo de avançar no desenvolvimento de metodologias de vulnerabilidade, com a
aplicação de fórmulas, pesos e indicadores é poder estabelecer parâmetros para avaliação e
acompanhamento destas áreas, bem como sobrepor as condições de suscetibilidade a demais
aspectos sociais, econômicos, institucionais e fiscos das áreas, de modo a prevenir a ocorrência
de eventos adversos e/ou minimizar significativamente os seus danos à população.
Um desafio posto nesta compatibilidade se refere à, obviamente, diferença de
metodologias e, portanto, diferenças com relação às informações coletadas em campo. A
metodologia da UFSC utiliza fatores socioeconômicos, saúde, educação e de percepção de
risco, além dos fatores físicos e de infraestrutura urbana, cujas informações não estavam
disponíveis e não foram utilizadas neste processo de adequação uma vez que não cabiam às
atribuições das empresas. Ganharam maior peso as variáveis físicas e de entorno, o que
influenciará, inevitavelmente, nos resultados obtidos.
Ao considerar estas dificuldades na compatibilização das metodologias, especialmente
com relação à deficiência de informações para que a metodologia da UFSC fosse aplicada
integralmente, apresenta-se em capítulo posterior dos resultados, uma breve análise do uso
de interpoladores para elaboração dos mapas, especialmente krigagem utilizada pela
metodologia da UFSC.
Acquatool Ltda
Os produtos da empresa entregues pela SEDEC abordam somente suscetibilidade à
inundação. Neste sentido, a ênfase dada pela metodologia elaborada pela empresa é bastante
técnica, priorizando as características da ameaça a inundação, sem abranger aspectos
específicos relacionados à vulnerabilidade a desastres, conforme aponta a escassa bibliografia
81
na área. Como não apresenta indicadores e descrições sobre a caracterização do local, supôs-
se que a empresa elaborou os mapas a partir orientações apresentadas no TR.
No mapa de espacialização da vulnerabilidade da empresa, apresentado na etapa
anterior, pode-se observar a subsetorização da área em alta e média vulnerabilidade. Esta
divisão é bastante coerente com a distância das edificações ao agente "detonador" do
desastre, no caso, o eixo de drenagem. Não é possível afirmar que esta tenha sido a principal
variável na divisão das duas classes apresentadas no mapa. Na vetorização das edificações não
é possível observar diferenças do grau de vulnerabilidade das mesmas.
Com relação à compatibilidade entre as metodologias, verifica-se que a metodologia
da UFSC se apresenta mais conservadora, definindo toda a área do setor (100%) como alta
vulnerabilidade, considerando aspectos relacionados ao padrão construtivo das casas,
infraestrutura urbana e ocupação e aspectos físicos, enquanto a empresa definiu 64,80 % Alta
vulnerabilidade e 35,20% Média Vulnerabilidade. Pela metodologia da UFSC todas as
edificações seriam classificadas como alta vulnerabilidade ou muito alta vulnerabilidade, sendo
a compatibilidade de área de 64,80%.
A empresa utiliza variáveis bem específicas e técnicas para avaliação da ameaça à
inundação, uma vez que analisam a precipitação, tempo de retorno, áreas atingidas, entre
outros aspectos. Esta competência pode contribuir para análises mais específicas do processo
perigoso e sua suscetibilidade, mas não apresentam contribuições no que se refere à
caracterização das populações que ocupam estas áreas e sua condição de enfrentar os eventos
adversos.
Thalweg Ltda
A metodologia apresentada pela empresa Talweg é bastante semelhante à
metodologia para mapeamento de risco utilizado pelo IPT e Ministérios das Cidades, conforme
citado pelo relatório da empresa. Sendo assim, não apresentam na análise da vulnerabilidade
especificamente os pesos dados às variáveis coletadas em campo. Desta forma, não há como
identificar quais as variáveis são mais relevantes ou de que forma foram tratadas para que as
áreas fossem divididas em subsetores e classificadas.
Como a empresa também não apresenta mapas de vulnerabilidade ou a classificação
das edificações dentro do setor de risco, somente mapas de risco, não há subsídios suficientes
para compreender os critérios ou de que maneira a empresa classifica o setor. No quadro de
vulnerabilidade apresentado pela empresa, a vulnerabilidade é classificada a partir de um
critério: padrão construtivo avaliado a partir do material das paredes da edificação, sendo
82
madeira para baixa capacidade de resistência e alvenaria para alta capacidade de resistência.
A princípio, pela descrição apresentada, não utilizou outras variáveis para a classificação de
vulnerabilidade.
O mapa de risco, por sua vez, foi elaborado a partir da fórmula: processos hidrológicos
X vulnerabilidade da ocupação X periculosidade. Não há informações disponíveis de como a
fórmula foi utilizada para espacializar a classificação de risco.
Uma vez esclarecendo a dificuldade em comparar metodologias e, ainda mais,
comparar produtos diferentes: mapas de risco elaborado pela empresa e os mapas de
vulnerabilidade elaborados com a metodologia da UFSC, na compatibilidade entre os produtos
verifica-se diferenças significativas no modo como os dois setores selecionados foram
classificados e subsetorizados entre as instituições.
No mapa de risco a deslizamento fornecido pela empresa (figura 16), todo polígono
setorizado pelo CPRM como Alto Risco foi novamente classificado pela empresa como Alto
risco (100%). Sendo assim, o mapa apresentado pela empresa não contribui com outras
informações sobre o setor, provavelmente coletadas em campo e utilizadas pela empresa em
seus relatórios conforme solicitado pelo TR. Seria mais interessante se apresentasse o grau de
vulnerabilidade das edificações, tornando o mapa mais funcional para os municípios. Com a
compatibilidade, a partir da metodologia da UFSC, obteve-se 27,09% Alta vulnerabilidade,
59,65% Média vulnerabilidade e 13,06 % Baixa vulnerabilidade, sendo a compatibilidade de
área de 27,09%.
No mapa de risco à inundação (figura 17), observa-se que a empresa classificou com
alto risco uma parte do setor (16,6 %) e não classificou o restante (83,4%), sendo que deste
último não se encontrou, inclusive, os dados coletados daquelas edificações. Sendo assim, a
aplicação da metodologia da UFSC expressa mais fidedignamente as classificações aonde há
disponibilidade de dados. Nesta classificação, o setor foi subsetorizado em todas as classes,
sendo 5,92 % Alta vulnerabilidade, 20,39% Média vulnerabilidade e 73,69% Baixa
vulnerabilidade. Não se observou muita similaridade entre as áreas mais vulneráveis
identificadas pela UFSC com as áreas de mais alto risco apresentado pela empresa. A
compatibilidade entre as áreas é de apenas 16,6 %.
Entende-se que a descrição dos processos, e a relação dos mesmos com a
vulnerabilidade e a periculosidade podem contribuir com uma análise mais aprofundada dos
setores de risco. Provavelmente, na análise da periculosidade a empresa utilizou indicadores
semelhantes aos indicadores de vulnerabilidade apresentados pela UFSC. Com relação
83
especificamente à inundação, à área definida pela empresa como de alto risco deve estar
associada à curva do rio e à distância das edificações ao eixo de drenagem.
Pangea Ltda
A empresa Pangea apresenta uma metodologia de mapeamento de risco baseada no
IPT e Ministério das Cidades (2007). No entanto, especifica e delineia os critérios de avaliação
e classificação da vulnerabilidade a desastres de forma mais consistente na fórmula de
composição do risco. De modo geral, suas contribuições estão relacionadas à definição de
indicadores específicos de vulnerabilidade, de forma mais abrangente, o que não foi possível
observar nas metodologias das demais empresas. Além disso, a cada indicador é vinculado um
intervalo e uma justificativa para atribuição da classe, o que é bastante inovador em virtude da
escassa literatura científica na área. Assim sendo, as justificativas e atribuição de valor derivam
muito mais da experiência dos profissionais envolvidos na elaboração da metodologia.
Outro aspecto interessante é que a metodologia agrega informações dos diferentes
formulários aplicados em campo, de modo a associar informações relacionadas aos fatores
físicos das edificações com a capacidade de prevenção e proteção do município. Desta forma,
propõe a combinação de variáveis de âmbito local, setorial, com variáveis de âmbito
municipal, como infraestrutura dos municípios e elementos de interesse. Trata-se de uma
proposta realmente bem diversa em relação aos poucos estudos existentes na área.
Particularmente, o modo como classificam a capacidade do município em graus de suficiência
e insuficiência pode contribuir para uma avaliação em âmbito nacional da capacidade de
proteção e resposta dos municípios e uma possível hierarquização entre eles, com foco nas
ações de gestão do Governo Federal e Estadual.
A empresa optou por uma metodologia que avalia e classifica setores de risco e não
edificações em risco, isso quer dizer, que ela trabalha com concentração de características,
porcentagens de edificações com tais e tais condições. Por isso, não apresenta mapas com a
classificação das edificações e sim com a classificação dos subsetores.
Os mapas apresentados pela empresa mostram que ela opta por manter a
subsetorização mesmo quando não há divisão classes de vulnerabilidade, provavelmente para
manter a solicitação do edital. Observa-se nos mapas de vulnerabilidade apresentados pela
empresa que sua metodologia, comparada a da UFSC, é mais conservadora, pois classifica com
alta vulnerabilidade áreas que, pela metodologia da UFSC, em função das características das
edificações e do entorno, seriam de média e baixa vulnerabilidade. No mapa de
vulnerabilidade a deslizamento da Pangea (figura 20 e 21) toda a área (100%) é classificada
84
como alta vulnerabilidade, já para a UFSC (figura 22), seria 24,35% Alta vulnerabilidade,
19,31% Média vulnerabilidade, e 56,34% Baixa vulnerabilidade, sendo a compatibilidade de
áreas de 24,35%. Já no mapa de vulnerabilidade à inundação da Pangea (figura 23) 87,5 % Alta
vulnerabilidade e 12,5% Média Vulnerabilidade, e para UFSC as áreas seriam classificadas
51,16% Alta vulnerabilidade, 26,67% Média vulnerabilidade e 22,18% Baixa vulnerabilidade,
sendo a compatibilidade de áreas de 63,66%.
Geonvi
A empresa Geonvi não elabora mapas de vulnerabilidade, mas mapas de
suscetibilidade e mapas de risco. No entanto, os mapas apresentam a classificação de
vulnerabilidade das edificações, por meia da qual foi realizada a compatibilidade entre as
metodologias. A empresa define os aspectos relacionados à suscetibilidade e a
composição dos mapas de risco a partir da convergência ou sobreposição entre os mapas
de suscetibilidade e a vulnerabilidade das edificações. Não foi possível compreender como
a empresa espacializa a vulnerabilidade ou a suscetibilidade, já que não apresentou
fórmula ou pesos aos fatores relatados. Para a classificação da vulnerabilidade, a empresa
diz seguir as orientações do TR. Não foi possível identificar de que maneira a empresa
classificou, então, as edificações em graus de risco, uma vez que o TR não apresenta estas
especificações.
Também não foi possível identificar de que maneira a empresa classifica as
diferenças distâncias entre as edificações e aos agentes “detonadores” do processo
perigoso para compor os mapas de risco. No que se refere especificamente à
suscetibilidade, a empresa utiliza variáveis, mesmo sem atribuir-lhes pesos ou intervalos,
compatíveis a variáveis que na metodologia da UFSC compuseram a fórmula de
vulnerabilidade, em fatores físicos. Acredita-se que é necessário aprofundar o debate
sobre os critérios de suscetibilidade e vulnerabilidade, quando se trata de áreas já
ocupadas, posto que é bastante difícil definir parâmetros precisos entre o que é ação
antrópica e o que é natural do terreno.
Outra questão que se coloca se refere ao fato de o CPRM já ter feito a análise de
suscetibilidade destas áreas, classificando-as de alto ou muito alto risco; como apresentar
novos mapas que subsetorizam uma área de alto ou muito alto risco em suscetibilidade
baixa, média e alta. Desta forma, os mapas apresentam polígonos de risco, manchas de
85
sucestibilidade e pontos de vulnerabilidade, podendo dificultar a análise por pare dos
municípios. Por outra via, entende-se que pode ser uma boa contribuição estabelecer
critérios precisos para elaboração de mapas de suscetibilidade em áreas ocupadas,
diferenciando as variáveis de suscetibilidade e de vulnerabilidade, possibilitando análises
diferenciadas dos processos de risco. O ideal é que os municípios sejam capacitados para
realizar suas próprias análises, separando em diferentes camadas de visualização as
informações coletadas em campo.
Os mapas foram bem elaborados pela empresa, disponibilizando um conjunto de
informações, de fácil percepção, sobre os setores de risco. Nos mapas analisados,
verificou-se que a empresa subsetorizou os setores utilizando as três classes de
vulnerabilidade, identificando, inclusive, as moradias demolidas, o que não foi observado
em outras metodologias e que pode servir para a análise local pelo município.
Com relação à compatibilidade entre as metodologias, realizada a partir da classificação
das edificações, observou-se que no mapa de vulnerabilidade a deslizamento da Geonvi
(figura 25) em 37,8 % Alto e Muito Alto, 3,14% Médio Risco e 3,42% Baixo Risco. Nota-se que
55,58% da área não é classificada por não haver habitações. Para a mesma área, pela
metodologia da UFSC (figura 26), em 10,19% Alta vulnerabilidade, 74,61% Média
vulnerabilidade e 15,20% Baixa vulnerabilidade, sendo a compatibilidade 37,70% para a
mesma área, desconsiderando a área não classificada. Já para os mapas de vulnerabilidade à
inundação, no produto da Geonvi (figura 27) em 9,17% Alto Risco, 8,13 % Médio Risco e 28,6 %
Baixo Risco. Nota-se que 54,1% da área não é classificada por não haver moradias. Para a
mesma área, pela metodologia da UFSC (figura 28), em 55,61% Alta vulnerabilidade, 32,74%
Média vulnerabilidade e 11,66% Baixa vulnerabilidade, sendo a compatibilidade 62,96% para a
mesma área, desconsiderando a área não classificada.
Concluindo o capítulo...
De modo geral, verificou-se que a compatibilidade entre as metodologias foi
expressivamente maior para as áreas suscetíveis à inundação, com média de 60% de
compatibilidade entre a metodologia da UFSC e das empresas Acquatool, Pangea e Geoenvi.
Em relação à empresa Thalweg a compatibilidade foi de apenas 16,6% para área de inundação.
Acredita-se que esse resultado é consequência das características do processo perigoso
86
inundação e sua relação com as informações levantadas em campo, tratadas por meio da
krigagem no caso da metodologia da UFSC.
Tendo em vista que nos setores de inundação, localizados em áreas planas, a coleta de
informações das edificações e de infraestrutura urbana, especialmente com relação à distância
ao agente "detonador" do evento, eixo de drenagem, e altura das cheias nas edificações
afetadas são bastante significativas para verificar as edificações mais vulneráveis do ponto de
vista físico. Além disso, os padrões de áreas suscetíveis a inundações são mais regulares que
nas áreas suscetíveis a deslizamento cujos processos se diversificam ponto a ponto, em função
das características das edificações, do entorno, da localização da edificação em relação ao
talude, entre outras variáveis dominantes.
Já no que se refere à compatibilidade das áreas suscetíveis a deslizamento, verificou-se
que a maior compatibilidade foi 37,70% da área entre a metodologia da Geonvi e da UFSC. Em
relação a Pangea e Thalweg a compatibilidade foi de 24,35% e 27,09% respectivamente.
87
Etapa 5 - Aplicação de Metodologia Amostral
Neste último capítulo da análise dos resultados, objetivou-se analisar comparar os
resultados da metodologia elaborada pela UFSC a partir da seleção de amostras. A proposta é
refletir sobre a viabilidade de realizar o mapeamento de vulnerabilidade de setores de risco
sem, necessariamente, coletar dados de todas as edificações disponíveis no local, o que
poderia otimizar o processo de mapeamento e reduzir, consideravelmente, custos, caso seja
uma opção válida.
Como relatado anteriormente, foram selecionados dois setores para elaboração de
mapas a partir de amostras, sendo um setor suscetível a deslizamentos e outro a inundações,
sendo eles:
Setor 09, de Cachoeiro de Itapemirim/CE - deslizamento, com 21 pontos
mapeados pela empresa Thalweg.
setor 46, de Gaspar/SC - inundação, com 139 pontos mapeados pela empresa
Geonvi.
Optou-se por dois setores cujas informações foram coletadas por empresas diferentes,
mas sem a preocupação de comparar a metodologia por amostra com a metodologia da
empresa . A finalidade está em comparar dois mapas em que foi aplicada a metodologia da
UFSC.
Para definição de amostras criou-se um reticulado de 10x10 metros sobe o setor de
risco selecionado, marcando quadros possuíam edificações e quantas edificações
apresentavam (excluindo edículas ou complementos de edificações percebíveis). A este total
de edificações espacializadas, aplicou-se o método de amostra planejada.
No caso do setor 46 de Gaspar, por exemplo, no qual aplicou-se a metodologia por
amostras, das 139 edificações identificadas deveriam ser selecionadas para aplicação dos
formulários apenas 46 edificações do setor (em torno de 33%), distribuídas conforme ilustra a
figura 01 deste relatório. Já no setor 09 de Cachoeiro de Itapemirim, ao aplicar a metodologia
de amostra, das 21 edificações existentes, deveriam ser selecionadas 11 edificações para a
amostra (50%) das edificações, distribuídas conforme a ilustra a figura 02 deste relatório.
Na figura 29, a seguir, observa-se a classificação de vulnerabilidade a deslizamento do
setor 09 de Cachoeiro de Itapemirim a partir de dados de todos os 21 pontos existentes no
setor.
88
Figura 29: Classificação de vulnerabilidade a deslizamento do setor 09 de Cachoeiro de Itapemirim, a partir de dados de todos os 21 pontos existentes no setor, utilizando-se a metodologia da UFSC
Fonte: Organizadores deste material, 2014.
Na figura 30, a seguir, observa-se a classificação de vulnerabilidade a deslizamento do
setor 09 de Cachoeiro de Itapemirim, a partir de 11 pontos selecionados para compor a
amostra do setor, utilizando-se a metodologia da UFSC.
Figura 30: Classificação de vulnerabilidade a deslizamento do setor 09 de Cachoeiro de Itapemirim, a partir de 11 pontos selecionados para a compor a amostra do setor, utilizando-se a metodologia da
UFSC
Fonte: Organizadores deste material, 2014.
89
Na figura 31, a seguir, observa-se a classificação de vulnerabilidade à inundação do
setor 46 de Gaspar a partir de dados de todos os 139 pontos existentes no setor, utilizando-se
a metodologia da UFSC.
Figura 31: Classificação de vulnerabilidade à inundação do setor 46 de Gaspar, a partir de dados de todos os 136 pontos existentes no setor, utilizando-se a metodologia da UFSC
Fonte: Organizadores deste material, 2014.
Na figura 32, a seguir, observa-se a classificação de vulnerabilidade à inundação do
setor 46 de Gaspar, a partir de 46 pontos selecionados para compor a amostra do setor,
utilizando-se a metodologia da UFSC.
90
Figura 32: Classificação de vulnerabilidade à inundação do setor 46 de Gaspar, a partir de46 pontos selecionados para a compor a amostra do setor, utilizando-se a metodologia da UFSC
Fonte: Organizadores deste material, 2014.
No quadro a seguir é possível verificar as porcentagens de área definida para cada
classificação de vulnerabilidade dos setores selecionados para aplicação da metodologia por
amostras.
Quadro 26: Comparação entre as áreas de vulnerabilidade apresentadas aplicando-se a metodologia da UFSC por amostra, em percentual.
Setor de risco/suscetibilida
de
Classificação de Vulnerabilidade com todos os
pontos
Classificação de Vulnerabilidade com pontos da amostra
Setor 09/ Deslizamento
27,09 % Alta vulnerabilidade 59,65 % Média vulnerabilidade 13,06 % Baixa vulnerabilidade
34,43% Alta vulnerabilidade 46,69% Média vulnerabilidade 18,89% Baixa vulnerabilidade
Setor 46/ Inundação
55,61 % Alta vulnerabilidade 32,74 % Média vulnerabilidade 11,66 % Baixa vulnerabilidade
40,78% Alta vulnerabilidade 16,89% Média vulnerabilidade 42,34% Baixa vulnerabilidade
Fonte: organizadores deste material, 2014.
A krigagem, como método interpolador utilizado para gerar e espacializar a
classificação de vulnerabilidade, apresenta-se bastante confiável, como pode ser verificado no
capítulo posterior deste relatório. No entanto, é sempre preciso considerar que o produto é
mais fidedigno à realidade quanto mais informações são disponibilizadas para confeccionar a
91
classificação, posto que os dados de cada edificação influenciam diretamente na expressão da
determinada classe a que ele está compatível.
A partir do resultados gerados, acredita-se que a utilização de amostras para classificar
a vulnerabilidade a cenários de riscos diversos pode contribuir com o processo de gestão local
e mapeamento de riscos, a depender dos níveis de decisão que se queira adotar a partir do
produto. A amostra, pode indicar áreas onde determinada condição se expressa com maior
significância, pode, assim, orientar por onde deve-se iniciar trabalhos de campo mais
aprofundados; aonde dentro do setor de risco se concentra evidências de precária
infraestrutura urbana ou mesmo evidências de movimentação do terrenos. Ou seja, a amostra
favorece um refinamento da percepção de vulnerabilidade dentro do setor, mas não se
acredita que há condições de, a partir dela, classificar precisamente a condição de
vulnerabilidade de cada moradia localizada em setor de risco. Especialmente quando se refere
à suscetibilidade a deslizamentos, em áreas densificadas, cujos processos perigosos se
configuram por influência de um conjunto complexo de fatores naturais e antrópicos, de uma
edificação em relação à outra, e se diversificam significativamente dentro de um mesmo setor.
A compatibilidade entre os mapas sem aplicação de amostra e com aplicação de
amostra pode-se observar, entretanto, maior compatibilidade na área suscetível a
deslizamento (86,84%)que à inundação (69,33%). É preciso esclarecer que não foi realizada
uma compatibilidade focada na área, mas nos dados gerais da amostra. Entende-se, mesmo
assim, que a diferença de valores não seria tão significativa. A expressão de maior
compatibilidade na área suscetível a deslizamento se deve, justamente, pelo fato da amostra
ter incidindo sobre as edificações de alto risco, as quais estabelecem zonas de influência
significas na espacialização da vulnerabilidade, por meio da Krigagem.
Sendo assim, verificou-se que, no mapa com aplicação de amostra do setor 09,
suscetível a deslizamentos (figura 30), por exemplo, casualmente, as únicas três edificações de
alto risco do setor foram selecionadas para compor a amostra. Caso elas não tivesse sido
selecionadas o mapa expressaria maior digressão ainda com relação às classificações de mais
alta vulnerabilidade, obviamente. Percebeu-se esta tendência entre os mapas com amostra e
sem amostra, uma vez que no mapa sem amostra as porcentagens foram de 27,09 % Alto
Risco, 59,65 % Médio Risco, e 13,06 % Baixo Risco; enquanto no mapa com amostra foram de
34,43% Alta vulnerabilidade, 46,69% Média vulnerabilidade e 18,89% Baixa vulnerabilidade. A
compatibilidade total das classes foi expressa com 86,84%. Não foi possível verificar a
porcentagem de compatibilidade para a mesma área, mas acredita-se que não seja muito
diferente.
92
Com relação ao setor suscetível à inundação,o setor 46 de Gaspar, as porcentagens
foram de 55,61 % Alta vulnerabilidade, 32,74 % Média vulnerabilidade e 11,66 % Baixa
vulnerabilidade para o setor sem amostra. Para o setor com amostra os valores foram de
40,78% Alta vulnerabilidade, 16,89% Média vulnerabilidade, 42,34% Baixa vulnerabilidade. A
compatibilidade entre os mapas foi de 69,33%
Neste sentido, conclui-se que a aplicação da amostra planejada pode sim expressar
com fidedignidade de, aproximadamente, 60% uma classificação de vulnerabilidade
compatível à classificação de vulnerabilidade do mesmo setor ou área sem a aplicação da
amostra, com a coleta de todos os pontos. Reitera-se, contudo, que este procedimento pode
ser melhor para determinadas decisões, planejamento de ações, e orientações de estudos
aprofundados. Ao entender que o estudo da vulnerabilidade deve considerar os processos e
características locais da população com relação a fatores físicos, sociais, econômicos, de saúde,
de educação, entre outros; e que o levantamento destas informações inloco podem ser
utilizadas diretamente para a preparação para a resposta e para ação pontual casa a casa,
família a família; a identificação das características de vulnerabilidade pontualmente pode ser
muito mais interessante para um trabalho efetivo de proteção e de defesa civil.
93
Métodos de Interpolação – Por que utilizar a Krigagem? Matematicamente e estatisticamente a interpolação é um método que permite
construir um novo conjunto de dados a partir de um conjunto de dados pontuais previamente
conhecidos. A interpolação espacial, assim, diz respeito a um conjunto de técnicas que visam à
criação de superfícies continuas a partir de amostras pontuais. “A interpolação é a arte de ler
entre os valores de uma tabela” (Sadosky, 1980). A principal utilidade da interpolação é apoiar
processos de decisão espacial.
Os Interpoladores são classificados de três maneiras:
Locais/Globais: Interpoladores locais levam em consideração uma zona
próxima aos pontos que estão sendo interpolados (aplicam algoritmos
repetidamente a subconjuntos dos pontos de amostragem). Os Interpoladores
globais levam em consideração toda a população de pontos que estão sendo
interpolados (usam uma única função para toda a área de estudo).
Determinísticos/Estocásticos: Interpoladores Determinísticos não permitem a
avaliação de erros associados aos valores previstos. Os Interpoladores
Estocásticos permitem a avaliação de erros de previsão com base na
estimativa das variâncias (incorporam conceitos de aleatoriedade).
Exatos/Inexatos: Interpoladores exatos respeitam os dados existem (prevê
valores idênticos aos medidos), os Interpoladores inexatos assumem
incertezas (erros) nos dados existentes (predizem um valor diferente do
medido).
Tipos:
Vizinho mais próximo: Neste Método o valor estimado será o mesmo do ponto
amostrado mais próximo, atribui assim o valor do ponto mais próximo para cada nó.
Mostra-se útil para o preenchimento de lacunas de dados, sendo o mais simples
interpolador.
Inverso ponderado da distância (IDW): Neste Método a influência de cada ponto é
inversamente proporcional a distancia do nó da malha, este modelo baseia-se na
dependência espacial, ou seja, quanto mais próximo um ponto está do outro mais seus
valores se aproximam (maior será sua correlação espacial). Dessa forma se atribui
pesos maiores para pontos (observações) mais próximos do que para pontos mais
distantes.
94
Krigagem: É um método geoestatístico que leva em consideração as características
espaciais de autocorrelação (o quanto uma variável aleatória pode influenciar seus
vizinhos) de variáveis regionalizadas. Trata-se de um processo de estimativa por
médias móveis, de valores de variáveis distribuídas no espaço a partir de valores
adjacentes, enquanto considerados como interdependentes por uma função
denominada variograma. Como no cálculo dessa função a somatória de diferenças ao
quadrado é dividida por número de pares de valores o termo correto seria semi-
variograma, porém é usual o emprego do termo variograma, mais sintético.
Nas variáveis regionalizadas deve existir uma continuidade espacial.
Permite a determinação das melhores estimativas sem tendenciosidade.
Deve se atribuir pesos para as amostras (Pesos entre 0.0 e 1.0), quanto mais
perto um dado estiver de um nó (ponto) do grid, maior será seu peso.
Curvatura Mínima ou Spline: O método Spline não utiliza apenas um polinômio
de grande ordem para interpolação de todo o conjunto de dados, mas sim divide a
série de dados em subconjuntos e utiliza polinômios de pequenas ordens para cada
subconjunto. A soma ou junção deles é que forma a interpolação sobre todo o
domínio. Muito utilizado em geociências, este método gera curvas mais suaves ao
mesmo tempo tentando honrar ao máximo os dados, entretanto não é um
interpolador exato. Outras vantagens do Spline são a boa convergência, aproximações
precisas das derivações, e boa estabilidade na presença de erros de aproximação.
Vizinho Natural: Técnica que utiliza polígonos Thiessen, considerando que em um
plano, existem pontos que estão mais próximos de uma fonte geradora do que de
outra fonte, o resultado é um polígono de cujas distâncias entre a fonte e ponto são as
menores possíveis. Desse modo é possível responder com precisão variadas questões
que dizem respeito à proximidade, como por exemplo, qual é a maior região
desocupada; qual é o local mais próximo de um dado ponto; qual é o vizinho mais
próximo de um local, entre outros. Este método faz a interpolação através da média
ponderada dos pontos vizinhos, onde os pesos são proporcionais às áreas
proporcionais.
Médias Móveis: Este método atribui valores aos pontos desconhecidos através das
médias dos dados que estão no domínio da elipse de busca do nó. A elipse (situa-se no
95
centro do nó) e o numero mínimo de pontos utilizados pelos usuários são
determinados pelo usuário no software.
Médias Locais: Estima os valores dos pontos apenas calculando a média de pontos
selecionados ao redor de cada nó. Os pontos são selecionados pelo usuário em função
do numero de vizinhos ou raio da busca.
Polinômio Global: A interpolação polinomial global ajusta uma superfície suavizada
definida por uma função matemática (polinomial) aos pontos observados. O método
Polinomial Global é um interpolador determinístico rápido que não é exato (não
apresenta certo grau de exatidão). Pouquíssimas decisões são tomadas acerca dos
parâmetros do modelo. É mais adequado para superfícies que apresentem mudanças
graduais, ou seja, transformações gradativas.
Polinômio local: O Polinomial Local é um método de interpolação determinístico
moderadamente rápido que não apresenta exatidão, pois suaviza os dados de maneira
geral. Este método atribui valores aos nós da malha utilizando o método dos mínimos
quadrados a partir dos dados de dentro da elipse de busca do nó, sendo que os dados
observados mais próximos do nó obtêm maior peso nos cálculos, e os mais distantes,
menores pesos.
Kernel com Barreiras: Um kernel estimator é um estimador cujos parâmetros básicos
são: (a) um raio de influência que define a vizinhança do ponto a ser interpolado; (b)
uma função de estimação com propriedades “convenientes” de suavização do
fenômeno. Para toda posição zi cujo valor queremos estimar, o estimador de
intensidade será computado a partir dos valores das amostras {z1,...zn} contidos num
raio de tamanho τ, e da distância euclidiana. As desvantagens destes estimadores são
a forte dependência no raio de busca e a excessiva suavização da superfície, que pode
em alguns casos esconder variações locais importantes.
Em diversos estudos, sobre os melhores métodos de interpolação, tem-se observado
que, para cada região, um determinado método torna-se o mais apropriado, principalmente,
pela variabilidade espacial. A figura a seguir mostra uma comparação entre alguns algoritmos
utilizados em determinados métodos, classificando de 1 (melhor) a 5 (pior), quanto a algumas
características.
96
Figura 33: Comparação entre Algoritmos
Fonte: Krajewski e Gibbs, 1996. Citado por: LANDIM, Paulo; STURARO, José.
Para demonstrar a viabilidade de utilizar a krigagem para gerar os mapas de risco e de
vulnerabilidade, realizou-se uma comparação entre diferentes interpoladores. Para tanto,
selecionou-se um setor de risco definido pelo CPRM, Setor 10 do município de Anitápolis,
mapeado pelo CEPED UFSC, onde foram testados vários tipos de interpoladores para o
respectivo setor, utilizando a Plataforma ArcGis 10.2.2. Segue o quadro demonstrando a
espacialização das classes, juntamente com o quantitativo das áreas geradas para cada uma, a
partir de cada método aplicado.
Quadro 27: Espacialização das classes de vulnerabilidade com diferentes métodos de interpolação
Inverso Ponderado da Distância (IDW): Área por Classe: Muito Baixo – 42.115,71 m² Baixo – 111.281,81 m² Moderado – 154.603,59 m² Alto – 27.225,65 m² Muito Alto – 3.980,91 m²
Krigagem: Área por Classe: Muito Baixo – 6.380,91 m² Baixo – 138.012, 98 m² Moderado – 171.555, 85 m² Alto – 20.735,78 m² Muito Alto – 2.150,08 m²
97
Vizinho Natural:
Área por Classe: Muito Baixo – 50.148,82 m² Baixo – 48.740,31 m² Moderado – 59.387,13 m² Alto – 24.660,65 m² Muito Alto – 3480,14 m²
Spline:
Área por Classe: Muito Baixo – 5.247,59 m² Baixo – 12.319,45 m² Moderado – 43.419,52 m² Alto – 134.128,54 m² Muito Alto – 144.416,22 m²
Polinômio Global:
Área por Classe: Muito Baixo – 59.581,60 m² Baixo – 83.333,47 m² Moderado – 52.284,66 m² Alto – 83.811,35 m² Muito Alto – 60.087,64 m²
Polinômio Local:
Área por Classe: Muito Baixo – 76.149,93 m² Baixo – 82.424,037 m² Moderado – 11.481,47 m² Alto – 97.035,48 m² Muito Alto – 72.245,73 m²
98
Fonte: Organizadores este material, 2014.
O quadro a seguir mostra um comparativo em porcentagem (%) de cada método de
interpolação e as diferenças geradas nas áreas das classes de cada um dos métodos.
Quadro 28: Comparativo em porcentagem (%) de cada método de interpolação e as diferenças geradas nas áreas das classes
Fonte: organizadores deste material, 2014.
Os resultados demonstram que para uma melhor reprodução do fenômeno espacial
baseado em pontos amostrais deve haver uma coerência com os pesos amostrais de cada
residência e o resultado espacial gerado através da interpolação. Assim, observou-se que os
melhores métodos utilizados para classificar o risco do setor 10 foram os métodos: IDW e
Krigagem. Porém, a interpolação utilizando IDW para o setor 10 não demonstrou bom
resultado, o que justifica o uso do método da Krigagem em todos os setores, pelo fato de que
melhor se adéqua a todos os setores interpolados. Os demais métodos não obtiveram sucesso
para classificar a vulnerabilidade do setor, pois alguns destes métodos realizaram uma
,000%
10,000%
20,000%
30,000%
40,000%
50,000%
60,000%
Spline Polinômio Global
IDW Vizinho Natural
Krigagem Polinômio Local
Kernel
Muito Baixo Baixo
Moderado Alto
Comparativo de Interpoladores
Kernel com Barreiras:
Área por Classe: Muito Baixo – 53.917,96 m² Baixo – 90.571,59m² Moderado – 69.400,72 m² Alto – 45771,58 m² Muito Alto – 79.802,06 m²
99
interpolação por meio de algoritmos globais o que resultou em uma quebra abrupta entre uma
classe e outra, ou a classe gerada através do interpolador não se adéqua ao peso da amostra.
A análise espacial demonstrou que a Krigagem é o interpolador mais confiável para
classificar as áreas de risco, pois mantém uma maior fidelidade a realidade do setor.
100
Demais Produtos que Podem ser Elaborados a partir dos Dados Coletados com o Termo de
Referência
Apresenta-se, neste capítulo, algumas sugestões de produtos que podem ser
elaborados pela SEDEC para utilizar os dados do mapeamento, conforme o TR publicado.
COMPATIBILIZAR OS SETORES DE RISCO COM INFORMAÇÕES DE OUTROS BANCOS /
ELABORAÇÃO DE MAPAS DE ÂMBITO MUNICIPAL COM FOCO NA PREVENÇÃO DE
ÁREAS AINDA NÃO SETORIZADAS
No estudo de vulnerabilidade realizado pela UFSC, parcialmente apresentado neste
relatório e entregue para a SEDEC um piloto em dezembro de 2013 e todos os 5 municípios
investigados em setembro de 2014, foram apresentados mapas elaborados a partir de dados
do IBGE. Como se sabe, tais bancos de dados possibilitam estabelecer indicadores e variáveis
em âmbito municipal e, também, por setor censitário. Este último não é totalmente
compatível com os setores de risco, uma vez que há setores de risco que compreendem até
três setores censitários do IBGE. No entanto, a proposta é viabilizar e fomentar a análise de
vulnerabilidade socioambiental a riscos de desastres em diferentes escalas para uma gestão
integrada do município e, também, para uma gestão em âmbito estadual e federal. Ao
sobrepor os setores de riscos nos mapas de âmbito municipal elaborados pode-se verificar,
ainda, o conjunto de características e aspectos que se expressam no setor de risco e a sua
relação com os demais locais do município.
Além disso, estes bancos de dados possibilitam selecionar a característica e sobrepor
camadas conforme a necessidade de análise de uma determinada área. Neste sentido, podem
ser elaborados mapas de densidade populacional por setor censitário e sobrepor os setores de
risco, verificando quais setores estão em áreas mais populosas, o que pode ser um indicador
importante de priorização de áreas em situações de emergência. Pode-se, também, sobrepor
mapas com indicadores de infraestrutura urbana, dados domiciliares de saúde, educação,
socioeconômicos e, a partir de indicadores selecionados, elaborar mapas de vulnerabilidade
e/ou simplesmente sobrepor mapas em diferentes camadas e verificar aonde se concentram
áreas de maior precariedade.
Os dados do IBGE ainda permitem avançar em mapas sobrepondo setores de risco ou
mapas de suscetibilidade com mapas de expansão urbana. Enfim, há uma extensa gama de
possibilidades de cruzamentos dedados para desenvolver graus de análise do território, a
partir dos dados disponível neste banco e que devem ser considerados para e no processo de
101
gestão local de riscos. Recentemente, inclusive, neste ano de 2014, o IBGE lançou em sua
pesquisa MUNIC de âmbito municipal o resultado da coleta de dados relacionados a desastres,
no qual, pela primeira vez, foi perguntado ao município sobre ocorrências de desastres,
instrumentos e ferramentas para a gestão de riscos, como planos e programas, entre outras
informações.
Outras bases de dados, além do IBGE, podem ser utilizadas para elaborar mapas de
risco/ vulnerabilidade em diferentes escalas. Parte dessa integração de dados está em
processo de configuração no S2ID, onde convergem dados da ANA, do CPRM e outros. O ideal
seria que as informações, uma vez regionalizadas/territorializadas e organizadas em
plataformas específicas de acesso, pudessem servir ao município para auxiliá-lo no processo de
gestão de riscos.
Apresenta-se, a seguir, somente algumas variáveis (informações) que podem ser
utilizadas a partir do banco de dados do IBGE:
relativos ao entorno
relativos à saúde
103
relativos à renda
Com o objetivo de demonstrar alguns dos produtos feitos pelo CEPED UFSC, junto aos
seus Laboratórios: Laboratório de Tecnologias Sociais em Gestão de Riscos e Desastres -
LabTec e Laboratório de Gestão de Riscos de Desastres - LabGrid, apresenta-se alguns mapas
de âmbito municipal elaborados:
Mapa de Vulnerabilidade Socioeconômica e infraestrutura urbana: para confeccionar
este mapas foram dados pesos a variáveis socioeconômicas e de infraestrutura urbana
retirada do IBGE.
104
Mapa de Vulnerabilidade Socioeconômica e infraestrutura urbana (Itajaí): sem sobreposição de setores de risco
Mapa de Vulnerabilidade Socioeconômica e infraestrutura urbana (Itajaí): com sobreposição de setores de risco
105
Mapa de Densidade Populacional por Setor Censitário (Balneário Camboriú): sem sobreposição de setores de risco
Mapa de Densidade Populacional por Setor Censitário (Balneário Camboriú): com sobreposição de setores de risco
106
CLASSIFICAÇÃO DA CAPACIDADE DE PROTEÇÃO E RESPOSTA DOS MUNICÍPIOS COM
FOCO NO PLANEJAMENTO DE AÇÕES DO GOVERNO FEDERAL E ESTADUAL
A capacidade de proteção e resposta, em nível municipal, consiste em um dos fatores
considerados neste projeto para avaliação e classificação da vulnerabilidade a desastres em
áreas suscetíveis a inundações e deslizamentos. De acordo com a Estratégia Internacional para
Redução de Desastres (UNISDR, 2004), capacidade se refere à "combinação de todas as forças
e recursos disponíveis dentro de uma comunidade, sociedade ou organização que pode reduzir
o nível de risco ou os efeitos de um evento ou desastre. O conceito de capacidade pode incluir
meios físicos, institucionais, sociais ou coletivas tais como liderança e gestão".
A metodologia para avaliação da Capacidade de proteção e Resposta a Desastres
(CPRD) foi elaborada a partir da parceria entre o Laboratório de Gestão de Riscos de Desastre
LabGrid/ CEPED UFSC e o LabTeC/ CEPED UFSC. Estabeleceu-se um instrumento, questionário,
para levantar as informações relacionadas à disponibilidade de ferramentas para gestão local
dos riscos e para o gerenciamento de desastres, em âmbito municipal, a ser respondido pelo
órgão de proteção e defesa civil. As perguntas, semelhantes ao do formulário 4 do TR, foram
elaboradas a partir de uma metodologia existente no CENAPRED (Centro Nacional de
Prevenção a Desastres do México), como consta no termo de cooperação técnica realizado
coma UFSC.
A partir do questionário foram dados pesos às respostas, conforme o quadro a seguir
Variáveis e pesos para avaliação da capacidade de proteção e resposta a desastre no município
Variável Respostas e Pesos O município possui Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (COMPDEC)?
Sim – Peso 2 Não – Peso 1
O município possui Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil?
Sim – Peso 2 Não – Peso 1
O município possui Conselhos ou Cômites locais de Defesa Civil ou outra forma de organização local para a gestão de riscos?
Sim – Peso 2 Não – Peso 1
O município desenvolve ações de prevenção e mitigação de riscos de desastres? Frequência
Frequentemente – Peso 4 Eventualmente - Peso 3 Raramente - Peso 2 Não desenvolve - Peso1
Eventualmente
Raramente
Não desenvolve
O município possui PMRR (Plano Municipal de Redução de Riscos?)
Sim – Peso 2 Não – Peso 1
O município possui legislação específica de proteção civil? Sim – Peso 2 Não – Peso 1
O município conta com Plano de contingência de Proteção e Defesa Civil ou emergência para inundações e/ou deslizamentos?
Sim – Peso 2 Não – Peso 1
O município tem estabelecido abrigos para serem utilizados em situação de emergência?
Sim – Peso 2 Não – Peso 1
As autoridades do município participam das ações em situações de emergência? Com que frequência?
Frequentemente – Peso 4 Eventualmente – Peso 3
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Raramente – Peso 2 Não participa – Peso 1
Existem normativas em âmbito municipal que regulem as funções da COMPDEC?
Sim – Peso 2 Não – Peso 1
A COMPDEC possui recursos humanos e materiais adequados para sua atuação de prevenção e resposta a desastres?
Satisfatório – Peso 2 Insatisfatório – Peso 1
A COMPDEC está articulada a outras organizações locais para atuar em situação de emergência?
Sim – Peso 2 Não – Peso 1
Conhece os programas federais de apoio a prevenção, mitigação e resposta a desastres?
Sim – Peso 2 Não – Peso 1
O município possui fundos para utilizar em situações de emergência?
Sim – Peso 2 Não – Peso 1
O município possui sistema de monitoramento e alerta prévio a desastres?
Sim – Peso 2 Não – Peso 1
Realiza simulados de preparação para responder aos desastres junto às comunidades, escolas, e outras agências de proteção? Frequência?
Frequentemente – Peso 4 Eventualmente – Peso 3 Raramente – Peso 2 Não realiza – Peso 1
O município possui o cadastro das pessoas que estão em áreas de risco?
Sim – Peso 2 Não – Peso 1
O município possui canais de Comunicação com estas pessoas?
Sim – Peso 2 Não – Peso 1
As instituições de saúde municipal estão capacitadas para atender a população em situação de desastre?
Satisfatório – Peso 2 Insatisfatório – Peso 1
O município possui estoque de alimentos, cobertores, colchonetes para situações de emergência?
Satisfatório – Peso 2 Insatisfatório – Peso 1
Tem estabelecido vínculos com os centros de assistência social para a operacionalização dos abrigos, distribuição de recursos e atendimento a população?
Sim – Peso 2 Não – Peso 1
O município conta com acervos de informação e históricos de ocorrências de desastres anteriores e as ações adotadas?
Sim – Peso 2 Não – Peso 1
De que forma a população está informada sobre o que fazer em situação de emergência?
Satisfatório – Peso 2 Insatisfatório – Peso 1
O município conta com Sistema de informação Geográfica (SIG) para processar e analisar informações cartográficas para mapear os pontos críticos em sua localidade?
Sim – Peso 2 Não – Peso 1
O município possui Plano Diretor Municipal? Sim – Peso 2 Não – Peso 1
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No quadro a seguir apresenta-se as possibilidades de classificação do CPRD:
Categoria de Capacidade de
Proteção e Resposta a Desastres (CPRD)
Pesos Descrição
ALTA CPRD De 0,70 a 1 Municípios que atendem no mínimo 70% das ações relacionadas à: instrumentos, normas e planos para atuação para gestão de riscos e gerenciamento de desastres. Executam ações de prevenção, preparação e resposta. Destinam recursos para ações de prevenção. Desenvolvem ações articuladas entre diferentes setores. As comunidades estão informadas e preparadas para enfrentar os eventos adversos.
MODERADA CPRD De 0,40 a
0,70
Municípios que atendem no mínimo 50% das ações relacionadas à: instrumentos, normas e planos para atuação para gestão de riscos e gerenciamento de desastres. Executam ações de prevenção, preparação e resposta. Destinam recursos para ações de prevenção. Desenvolvem ações articuladas entre diferentes setores. As comunidades estão informadas e preparadas para enfrentar os eventos adversos.
BAIXA CPRD De 0 a 0, 40 Municípios que atendem no mínimo 40% das ações relacionadas à: instrumentos, normas e planos para atuação para gestão de riscos e gerenciamento de desastres. Executam ações de prevenção, preparação e resposta. Destinam recursos para ações de prevenção. Desenvolvem ações articuladas entre diferentes setores. As comunidades estão informadas e preparadas para enfrentar os eventos adversos.
Por fim, foi classificada a capacidade de Proteção e Resposta aos Desastres dos
Municípios (CPRD). Esta metodologia ou mesmo a apresentada pela Pangea pode ser aplicada
a todos os municípios mapeados, estabelecendo um ranking entre os que possuem mais
capacidade ou não, o que pode facilitar e orientar o planejamento de ações em diferentes
níveis de Governo. Outrossim, a possibilidade de visualizar de forma informatizada as
informações coletadas neste formulário, o que o IBGE procurou apresentar via relatório
MUNIC, pode ser bastante interessante aos pesquisadores e planejadores na área, por
exemplo, disponibilizar a informação de quantos por cento dos municípios investigados
possuem planos de contingência, PMRR, e outras informações coletadas. O relatório MUNIC
(IBGE) tentou justamente apresentar panorama , mas com muita dificuldade pois vários
municípios omitiram informações durante a coleta. Neste sentido, os dados coletados pelo
mapeamento são muito mais consistentes e válidos.
109
MAPAS DE SUSCETIBILIDADE E OUTRAS CAMADAS PELAS QUAIS O GESTOR DE
PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL PODE ANALISAR AS ÁREAS DE RISCO
Existe um conjunto de variáveis coletadas em campo pelo projeto mapeamento que,
se isoladas e espacializadas, podem prover ao município diferentes tipos de análises. O
formulário 1, por exemplo, levanta informações específicas sobre patologias estruturais das
edificações e evidências de movimentação que, a grosso modo, podem evidenciar graus de
suscetibilidade do local em áreas ocupadas. Sendo assim, é possível criar camadas de
visualização apenas com essas variáveis, por meio das quais pode-se verificar as edificações
que apresentam tais indícios.
Ainda no que se refere, particularmente, à suscetibilidade a deslizamentos, ou seja, à
predisposição da ocorrência do fenômeno em determinada área, o LabGrid desenvolveu
alguns modelos de mapas de suscetibilidade a deslizamento por meio do SHALSTAB, de âmbito
municipal. Apresenta-se, a seguir, alguns exemplos: 1) o mapa geotécnico elaborado para a
Bacia Hidrográfica Ribeirão Curral de Minas- Gaspar; 2) Mapa de estabilidade da Bacia
Hidrográfica Ribeirão Curral de Minas- Gaspar, Sc, com profundidade de 2m; 3) Mapa de
estabilidade do setor de risco 40 de Gaspar com profundidade de 2m; 4) Mapa de estabilidade
da Bacia Hidrográfica Ribeirão Curral de Minas- Gaspar/ SC, com profundidade de 9m; 5) Mapa
de estabilidade do setor de risco 40 de Gaspar/SC, com profundidade de 9m.
1) Mapa Geotécnico BH Ribeirão Curral de Minas, Gaspar, SC
110
2) Mapa de estabilidade da Bacia Hidrográfica Ribeirão Curral de Minas- Gaspar/ SC, com profundidade de 2m
3) Mapa de estabilidade do setor de risco 40 de Gaspar/SC, com profundidade de 2m
111
4) Mapa de estabilidade da Bacia Hidrográfica Ribeirão Curral de Minas- Gaspar/ SC, com profundidade de 9m
5) Mapa de estabilidade do setor de risco 40 de Gaspar/SC, com profundidade de 9m
O modelo de estabilidade SHALSTAB utilizado é um modelo matemático e
determinístico de previsão e simulação de áreas suscetíveis a escorregamentos translacionais e
sua maior aplicação se dá em áreas onde não ocorrem intervenções antrópicas. Os
deslizamentos translacionais apresentam um plano de ruptura planar bem definido e que o
112
mesmo ocorre de forma rápida geralmente em locais que apresentam a camada de solo de
pequena espessura em contato direto com o leito rochoso.
A fundamentação matemática deste modelo é composta por dois módulos: um
hidrológico e outro de estabilidade de encosta. O módulo hidrológico tem o objetivo de
identificar as zonas de saturação no relevo e o módulo de estabilidade de encostas procede da
teoria da estabilidade de taludes infinitos, considerando o critério de ruptura de Mohr-
Coulomb. Os dados de entrada para a modelagem incorporam parâmetros topográficos e
propriedades do solo. O SHALSTAB calcula o grau de suscetibilidade à movimentos de massa
de cada célula (pixel) dentro de uma malha (grid), obtida a partir de um Modelo digital de
elevação (MDE).
Higashi e Michel (2010) utilizaram este modelo no Estado de Santa Catarina, onde os
parâmetros do solo foram determinados por meio e ensaios de laboratório. Os resultados da
avaliação do relevo por este modelo são apresentados em forma de oito classes em que
variam de Incondicionalmente estável a Incondicionalmente instável.
Acredita-se que os mapas de suscetibilidade podem ser instrumentos relevantes aos
municípios, especialmente àqueles que não recebem cartas geotécnicas do Governo Federal.
Estudos podem ser aprofundados com a sobreposição dos setores mapeados pelo CPRM aos
mapas de suscetibilidade como apresentados no modelo.
PRIORIZAÇÃO DOS SETORES DE RISCO CPRM
O Laboratório não desenvolveu uma metodologia de priorização das áreas setorizadas
pelo CPRM para atuação do órgão municipal de proteção e defesa civil, mas acredita que seria
interessante a seleção de critérios para a priorização de intervenção nas áreas. Algumas
sugestões de critérios de priorização são:
• Grau de risco (cprm)
• Grau de vulnerabilidade
• Custo de obras
• Número de moradores
• Número de elementos de interesse em risco.
Pesos podem ser dados a essas variáveis, entre outras relevantes, para determinar por
onde o trabalho deve começar dentro do município.
113
CONCLUSÕES
O presente relatório teve o objetivo de analisar as metodologias de vulnerabilidade
e/ou risco elaboradas pelas empresas que participaram do TR lançado pela SEDEC em
2012/2014, e compatibilizar as metodologias com a metodologia elaborada pelo CEPED UFSC.
Para dar prosseguimento as análises estudos demandados foi realizada uma breve análise dos
shapes, planilhas e produtos cartográficos apresentados pelas empresas e que,
provavelmente, foram encaminhados aos municípios.
Observou-se que estes produtos não seguiam um padrão definido e que, em alguns
casos, o modo como eram apresentados poderia dificultar a análise dos produtos por parte
dos municípios. Elaborou-se, por conseguinte, a partir desta verificação, orientações com foco
em contribuir para uma padronização futura dos produtos deste TR pela SEDEC ou mesmo na
disponibilização destes produtos e informações à população. Uma vez que não há normas
específicas para a confecção de mapas temáticos, as orientações visaram, portanto, a
aperfeiçoar a disseminação de informações de risco e vulnerabilidade a desastres para os
municípios, facilitando a visualização e compreensão das mesmas.
Há de se levar em conta que os órgãos municipais de proteção e defesa civil no Brasil
não possuem profissionais capacitados e equipamentos adequados para a utilização plenas das
informações disponibilizadas pela SEDEC, o que torna fundamental duas perspectivas:
disponibilizar produtos claros e suficientemente objetivos com ênfase na demanda local; e a
necessidade de preparar os municípios, especialmente os órgãos de proteção e defesa civil,
para receber os materiais e saber utilizá-los.
Com relação à compatibilização das metodologias é importante enfatizar todas as
dificuldades encontradas em utilizar os produtos das empresas encaminhados pela SEDEC. O
CEPED UFSC não conseguiu abrir os shapes com os mapeamentos das empresas por falta de
arquivos nas pastas encaminhadas. Provavelmente, os municípios também não conseguirão
fazê-l o. Pergunta-se, portanto, como irão utilizar estas ferramentas e atualizá-las?
Além desta dificuldade imediata, outros desafios foram encontrados, como comparar
mapas de risco com mapas de vulnerabilidade ou comparar produtos elaborados a partir de
tão diferentes perspectivas. O maior desafio neste aspecto se refere à incompatibilidade entre
as variáveis utilizadas, pois as tabelas das empresas possuíam variáveis que não condiziam com
as variáveis do SEDEC e/ou com as variáveis utilizadas pela metodologia UFSC.
As variáveis, por sua vez, devem ser padronizadas ou idênticas para todas as empresas
possibilitando criar um indicador comum. Sugere-se a criação de um questionário eletrônico,
possibilitando a recolha das informações diretamente ao banco de dados. Assim como o
114
gerador de mapas deve ser automático. Desta forma, os municípios também poderiam
acrescentar novos setores de risco e gerar mapas de vulnerabilidade a desastres de forma
autônoma. Devem ser selecionadas variáveis que caracterizem a tipologia de risco ao desastre,
assim como foi feito para movimentos de massas (deslizamento) e inundações, possibilitando
indicadores melhores.
Acredita-se, também, que devem ser separadas as variáveis que caracterizam a
dimensão social, econômica, urbanística, educação, saúde, física e/ou ambiental, de modo que
o resultado, as informações e os mapas possam ser melhor aproveitados pelo gestor local, ou
seja, ele saiba onde há maior deficiência, onde se concentram os problemas e o que deve ser
feito para minimizar o processo de vulnerabilidade local. Para utilizar a metodologia da UFSC o
aconselhável é construir um buffer ao redor do setor com a devida coleta das unidades,
representando melhor as subáreas de risco.
De modo geral, verificou-se que a compatibilidade entre as metodologias foi
expressivamente maior para as áreas suscetíveis à inundação, com média de 60% de
compatibilidade entre a metodologia da UFSC e das empresas Acquatool, Pangea e Geoenvi.
Em relação à empresa Thalweg a compatibilidade foi de apenas 16,6% para área de inundação.
Acredita-se que esse resultado é consequência das características do processo perigoso
inundação e sua relação com as informações levantadas em campo, tratadas por meio da
krigagem no caso da metodologia da UFSC.
Tendo em vista que nos setores de inundação, localizados em áreas planas, a coleta de
informações das edificações e de infraestrutura urbana, especialmente com relação à distância
ao agente "detonador" do evento, eixo de drenagem, e altura das cheias nas edificações
afetadas são bastante significativas para verificar as edificações mais vulneráveis do ponto de
vista físico. Além disso, os padrões de áreas suscetíveis a inundações são mais regulares que
nas áreas suscetíveis a deslizamento cujos processos se diversificam ponto a ponto, em função
das características das edificações, do entorno, da localização da edificação em relação ao
talude, entre outras variáveis dominantes.
Já no que se refere à compatibilidade das áreas suscetíveis a deslizamento, verificou-se
que a maior compatibilidade foi 37,70% da área entre a metodologia da Geonvi e da UFSC. Em
relação a Pangea e Thalweg a compatibilidade foi de 24,35% e 27,09% respectivamente.
Com relação à aplicação da amostra, conclui-se que a aplicação da amostra planejada
pode sim expressar com fidedignidade de, aproximadamente, 60% uma classificação de
vulnerabilidade compatível à classificação de vulnerabilidade do mesmo setor ou área sem a
aplicação da amostra, coma coleta de todos os pontos. Reitera-se, contudo, que este
procedimento pode ser melhor para determinadas decisões, planejamento de ações, e
115
orientações de estudos aprofundados. Ao entender que o estudo da vulnerabilidade deve
considerar os processos e características locais da população com relação a fatores físicos,
sociais, econômicos, de saúde, de educação, entre outros; e que o levantamento destas
informações inloco podem ser utilizadas diretamente para a preparação para a resposta e para
ação pontual casa a casa, família a família; a identificação das características de
vulnerabilidade pontualmente pode ser muito mais interessante para um trabalho efetivo de
proteção e de defesa civil.
Considera-se que a análise da vulnerabilidade possibilita, particularmente,
compreender processos sociais, políticos, econômicos, entre outros, que tornam uma
determinada população com menos condições de enfrentar um desastre, além das
características físicas propriamente. A questão que se coloca é como ofertar este tipo de
informação, e, mais do que isso, como favorecer e estimular esse tipo de análise para os
municípios. A análise da vulnerabilidade vai além do mapa, que tem um foco mais focado na
tomada de decisão, para uma análise de dados e de processos, que deve ser continuada.
Sendo assim, o mapa de vulnerabilidade pode expressar apenas algumas características
coletadas dose setores de risco, mais dentro da perspectiva física e infraestrutural, sem
contudo, serem estes aspectos os únicos a serem considerados numa análise mais
aprofundada sobre a questão. O ideal é que os municípios sejam capacitados para realizar
suas próprias análises, separando em diferentes camadas de visualização as informações
coletadas em campo.
Um caminho a seguir é construir um mapa final elaborado por meio de
mapeamento por grade estatística (mapa parecido com o dasimétrico), gerado por mapas de
ocorrência pluviométrica, geopedológico, urbanístico e o mapa de subsetorização criado pelos
indicadores utilizados e integrando dados disponíveis em outras bases de dados disponíveis,
possibilitando a confecção de mapas em diferentes escalas de análise.
Por fim, apresentou-se algumas sugestões de estudos ou produtos que podem ser
disponibilizados e elaborados a partir do levantamento de informações coletadas via TR para o
mapeamento de vulnerabilidade. No decorrer das devolutivas realizadas aos municípios
mapeados pela UFSC, verificou-se que a grande maioria deles não está apta para desenvolver
ações, a partir dos produtos gerados pelo TR. O que torna importante considerar o fato de
que os municípios precisam ser melhor capacitados para poderem utilizar as informações,
ferramentas e mapas a eles disponibilizados.