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A474 Alves, Silvio Dutra Como obter sabedoria divina./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 46p.; 14,8x21cm 1. Dom celestial. 2. Vida Cristã. I. Título. CDD 207

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3

Sumário

Conhecimento e Sabedoria

4

O Modo de se Obter a Verdadeira Sabedoria

9

Quem São os Sábios?

20

A Verdadeira Fonte da Sabedoria

22

Sabedoria Celestial

27

Sabedoria Eterna

43

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4

Conhecimento e Sabedoria 1 - Conhecimento

Há um conhecimento natural que todos os

homens podem alcançar, dentro de certos

limites, e um conhecimento espiritual que somente aqueles que são nascidos do Espírito

Santo podem obter.

Tanto num caso como noutro (natural e espiritual) pode existir progresso no aumento

do conhecimento, sendo que no que tange ao espiritual, isto será possível não apenas

mediante o nosso esforço em diligência para

adquirir o citado conhecimento, como também

somos dependentes da iluminação e revelação do Espírito Santo, e daí a necessidade da oração

e da prática da Palavra de Deus.

Um bom caráter, será o fator principal gerador de uma boa consciência, em uma maior

aplicação para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de nossa inteligência

intelectual e emocional, notadamente no que se

refere ao campo espiritual, e muito contribuirá

para uma maior aquisição de conhecimento das coisas espirituais, celestiais e divinas, porque,

apesar de Deus trabalhar com a nova natureza

que recebemos pela fé em Cristo, tudo reflete

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no homem total que somos, a saber, corpo, alma

e espírito.

O conhecimento espiritual no qual o cristão deve se empenhar para o seu crescimento é o

relativo à graça de Jesus, ou seja, em tudo o que é chamado a receber e a viver segundo lhe está

disponibilizado em Cristo, pela sua graça, 2 Pe

3.18.

2 – Sabedoria

Sabedoria, biblicamente falando, abrange muito mais do que a definição clássica de se fazer o uso adequado dos conhecimentos

adquiridos.

Este é um assunto por demais extenso, e por isso gostaríamos de resumi-lo ao enfoque da

sabedoria e sensatez que é segundo Deus, e o da sabedoria e sensatez que é segundo o mundo.

O próprio texto grego do original do Novo Testamento nos ajuda muito no

estabelecimento de tal distinção porque possui

palavras específicas para indicar um uso mais

preciso das referidas palavras.

Por exemplo: a palavra sábio no grego, quando indica o tipo de conhecimento, habilidades e

mentalidade adquiridos, é geralmente

fronimos.

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E quando indica o conjunto de conhecimentos e o modo da sua aplicação, a palavra geralmente usada é sofós.

Agora, tanto num caso, como no outro, é possível ser sábio e sensato segundo Deus, nas

coisas espirituais, celestiais e divinas; ou então

ser sábio segundo o mundo e a carne apenas nas coisas terrenas e naturais, ou então nas do reino

espiritual da maldade.

Toda pessoa chega a este mundo naturalmente desprovida do conhecimento de Deus, e

portanto não pode possuir a sensatez, a sabedoria, a prudência e inteligência divinas,

traduzidas no modo de discernir todas as

pessoas e coisas, segundo o modo de Deus

discerni-las.

Tal sabedoria, somente pode ser adquirida, e crescer em graus, mediante a conversão e

consagração a Cristo.

Nós lemos em I Cor 1.26,27 o seguinte:

“Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios

segundo a carne, nem muitos poderosos, nem

muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para

envergonhar os sábios e escolheu as coisas

fracas do mundo para envergonhar as fortes;”

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A expressão “as coisas loucas” foi traduzida da palavra grega, morós, usada por Paulo no

original grego, no gênero neutro, a qual

significa néscio, insensato, tolo ou estulto. Significado este, que encontramos nos demais

textos do Novo Testamento que utilizam a

referida palavra.

Como a referência “as coisas loucas” está em contraposição à citação “os sábios”, então

teríamos uma melhor tradução com “Deus escolheu os insensatos, ou tolos, do mundo,

para envergonhar os sábios”.

Mas Deus pode escolher e amar pessoas insensatas?

Sim. Deus pode amar o insensato e não a sua insensatez.

Os crentes estão também sujeitos a serem insensatos, ou seja, a não terem discernimento,

não como um atributo permanente, mas por

lapsos avulsos de bom senso.

Todavia, em Ef 5.17 os crentes são convocados a não serem insensatos, mas procurar saber a

vontade de Deus.

Mesmo crentes estão sujeitos a serem sábios segundo o mundo em muitos sentidos, mas eles

têm o que o mundo não tem, que é a fonte da

verdadeira sabedoria habitando neles, a qual é

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Cristo, e que pode levá-los a terem cada vez mais a sabedoria que é segundo Deus.

Pela rápida exploração destes conceitos relativos à sabedoria, podemos entender que

não é à toa que Deus nos ordena a não nos

gloriarmos na nossa sabedoria, Jer 9.23, porque

ela está sujeita a diversas limitações em si mesma, e não responde por si só, a tudo o que

compõe a nossa personalidade.

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O Modo de se Obter a Verdadeira

Sabedoria

“Se, porém, algum de vós necessita de

sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á

concedida. Peça-a, porém, com fé, em nada

duvidando; pois o que duvida é semelhante à

onda do mar, impelida e agitada pelo vento.” (Tg 1.5,6)

A sabedoria é necessária para o devido

desempenho de cada atividade da vida, mas é

mais particularmente necessária para um cristão, em razão das muitas dificuldades às

quais ele está sujeito por motivo de sua profissão

cristã. Porque nada lhe faz se afastar mais cedo

do serviço do seu Deus, do que seus amigos e familiares que o incentivam a voltar ao mundo.

Todo tipo de tentação aparece em seu caminho, para que de alguma forma possam alcançar seu

propósito, e afastá-lo do caminho que ele tem

escolhido. Elas não falham em lhe apresentar, a injúria que se levantará contra a sua reputação e

interesses mundanos, e a dor que este seu novo

curso ocasiona àqueles cuja felicidade ele é

obrigado a compartilhar. Não raro também a autoridade dos familiares se interpõe para deter

o seu progresso, e impedir o uso dos meios, que

ele tem achado propícios para o seu bem-estar

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espiritual. Aqueles livros que melhor informam

a sua mente, a companhia que mais fortalece o

seu coração, e aquelas ordenanças que mais edificam a sua alma, são proibidos pelos pais, e

nenhuma alternativa lhe resta, senão

abandonar a sua busca das coisas celestiais, ou

incorrer no desprezo e ódio de seus amigos mais queridos. O que deve ser feito agora? Ele

deseja manter uma consciência sem ofensa,

mas como isto pode ser feito? Se ele é fiel a seu

Deus, ele ofende o homem, e, se ele agrada o homem, ele viola o seu dever para com Deus. O

princípio que ele deve adotar é em si mesmo

puro e simples; ou seja, ele deve obedecer a

Deus, e não ao homem. Mas aplicar este princípio é uma dificuldade que

frequentemente o envolve num maior

embaraço. Se ele não relaxar em nada, ele

parece absurdo ao extremo; se sua obediência a Deus for levada longe demais, ele põe em perigo

a sua paz de espírito e bem-estar de sua alma.

Também, na maneira de realizar o que a sua consciência dita, ele também está em perda. Ele

pode ser muito ousado, ou demasiado tímido; muito fiel, ou muito obsequioso. As diferentes

disposições de todos aqueles com quem ele tem

que tratar, devem ser consultadas, e a sua

conduta deve ser adaptada a eles em todas as situações diversificadas em que ele é chamado a

agir. Mas "quem é suficiente para estas coisas?"

Muitas vezes ele deseja um conselheiro

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experiente para orientá-lo, e quase se sente no

desespero de nunca alcançar tal medida de

sabedoria, conforme é necessária para ele.

É às pessoas em tais circunstâncias que o apóstolo Tiago dirige as instruções do nossos texto. Ele supõe que eles tenham "caído em

várias tentações", e que estão trabalhando para

"possuir suas almas com paciência", para que "a

paciência possa ter a sua obra perfeita, e que ele possa ser perfeito e completo, sem nada faltar."

Mas como é que tudo isso é efetuado? Qualquer

marinheiro pode dirigir um navio em um mar

calmo, mas como alguém tão inexperiente agirá numa tempestade, sem correr o risco de ser

desviado do seu curso? Para estas questões

ansiosas o apóstolo dá uma resposta; quando ele

nos ensina,

I. Como buscar a sabedoria

A verdadeira sabedoria é dom de Deus

Mesmo a sabedoria terrena deve, em realidade, ser atribuída a Deus como seu autor. As pessoas que construíram o tabernáculo e todos os seus

utensílios receberam toda a sua habilidade de

Deus (Êx 36.1,2), e mesmo aqueles que se movem

numa esfera que pode ser suposta que seja devida à sua própria capacidade, não podem ser

mais hábeis em seu trabalho, se não forem

instruídos pelo próprio Deus (Is 28.23,29).

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Mas a sabedoria espiritual está ainda mais longe do alcance da nossa mera razão, porque é

conhecimento sobre as coisas que, "nem olhos

viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais

penetrou em coração humano” (I Cor 2.9), e que somente podem ser reveladas pelo Espírito de

Deus (I Cor 2.12). É enfaticamente "a sabedoria

que vem do alto" (Tg 3.17), e que pode vir

somente do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação. O Espírito de

Deus, cujo ofício é o de comunicá-la aos

homens, é chamado de "o Espírito de sabedoria

e de entendimento, espírito de conselho e de poder, o Espírito de conhecimento e de temor

do Senhor” (Is 11.2), e a ele somos direcionados

"para abrir os olhos do nosso entendimento", e

"nos guiar em toda a verdade” (Jo 16.13), uma vez que é apenas pela unção derivada dele, que

podemos obter discernimento espiritual.

Devemos buscá-la em oração fervorosa,

Estudando, sem duvidar, o estudo das próprias Escrituras Sagradas, é necessário, porque é

somente pela palavra escrita que o nosso curso é regulado. Mas para estudar devemos

acrescentar humilde e fervorosa súplica; de

acordo com essa direção de Salomão, “Filho

meu, se aceitares as minhas palavras e esconderes contigo os meus mandamentos,

para fazeres atento à sabedoria o teu ouvido e

para inclinares o coração ao entendimento, e,

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se clamares por inteligência, e por

entendimento alçares a voz, se buscares a

sabedoria como a prata e como a tesouros

escondidos a procurares, então, entenderás o temor do SENHOR e acharás o conhecimento de

Deus. Porque o SENHOR dá a sabedoria, e da sua

boca vem a inteligência e o entendimento. Ele

reserva a verdadeira sabedoria para os retos; é escudo para os que caminham na sinceridade,

guarda as veredas do juízo e conserva o caminho

dos seus santos. Então, entenderás justiça, juízo

e eqüidade, todas as boas veredas. Porquanto a sabedoria entrará no teu coração, e o

conhecimento será agradável à tua alma.” (Prov

2.1-10)

Assim, encontramos o apóstolo Paulo clamando a Deus em nome da Igreja de Éfeso, “para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da

glória, vos conceda espírito de sabedoria e de

revelação no pleno conhecimento dele,” (Ef

1.17), e, para os Colossenses ele orou para que também eles, pelo mesmo Espírito

“transbordassem de pleno conhecimento da

sua vontade, em toda a sabedoria e

entendimento espiritual;” (Col 1.9).

E procurando a sabedoria desta forma todos nós seremos encorajados, tanto para uma visão

geral da bondade de Deus, quanto para

uma compreensão de uma promessa particular.

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"Deus a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto", "ele abre a mão, e enche todas as coisas

que vivem com abundância", ele "dá tanto para os maus e para os bons, para os justos e para os

injustos." Se então ele dá tão abundantemente

àqueles que não o buscam, ele vai recusar o seu

Espírito Santo àqueles que lho pedem? É verdade que eles não são dignos de tão rica

bênção? e, assim como Jefté censurou aqueles

que solicitaram sua ajuda para lutar contra os

amonitas, dizendo-lhes: "Porventura, não me aborrecestes a mim e não me expulsastes da

casa de meu pai? Por que, pois, vindes a mim,

agora, quando estais em aperto?” (Jz 11.7); de

igual Deus poderia nos dizer: "Vós tendes resistido ao meu Espírito, e se rebelaram contra

a luz, vezes sem conta, e como podem esperar

que eu deveria lhes ajudar ainda?" Mas ele não

vai deixar de atender ao choro suplicante, mas certamente irá abençoar os seus desejos.

Isso ele nos assegura por uma promessa expressa: "peça-a a Deus, e isso lhe será dado"

(Tg 1.5,6). Esta promessa pode ser invocada,

conforme muitas outras que ele nos deu para o mesmo efeito, e na forma, e na medida em que

ela deve ser cumprida, deve ser deixada ao

cuidado de Deus, porque ele a concederá

plenamente a todos os que esperarem nele. Não que um homem será considerado infalível, ou

terá tal sabedoria transmitida a ele que o

impedirá de cometer erros em todos os graus; e

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assim tanto quanto suas necessidades o exijam, Deus certamente satisfará a todos os que o

buscarem com sinceridade e verdade.

Para que nenhum homem busque sabedoria em vão, Tiago acrescenta uma advertência, a partir

da qual podemos aprender,

II. Como garantir a realização da mesma

"Devemos pedir com fé, em nada duvidando". Aqui será bom que eu mostre,

1. O que é a fé que somos chamados a exercer,

Ela não diz respeito àquela coisa individual, que podemos estar procurando, porque

podemos possivelmente estar procurando por

algo que Deus vê que seria prejudicial para nós,

ou, se revelaria prejudicial, por ser incompatível com os fins que ele tem determinado

realizar. Quando nosso bendito Senhor orou

para a remoção do amargo cálice e Paulo para a

remoção do espinho na sua carne, nem uma nem outra oração foi atendida literalmente,

embora ambas tenham sido respondidas da

maneira mais satisfatória para os suplicantes, e

de modo mais propício para a honra de Deus.

Assim, a coisa específica que pedimos, poderá ser retida, mas nós devemos ter a certeza de

receber algo melhor em seu lugar, e é com essa

dimensão somente que a nossa fé deve ser

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exercida, exceto onde haja uma promessa

expressa para invocarmos, e, em seguida,

podemos seguramente esperar que o que pedimos será concedido para nós.

Devemos "pedir com fé, em nada duvidando", se nós duvidarmos no final, a nossa dúvida se

erguerá, a ponto de não sermos mais totalmente

convencidos do poder de Deus para nos ajudar, ou termos alguma suspeita relativa à sua

vontade. Mas, limitar o seu poder é pecaminoso

ao extremo, e duvidar de sua vontade é, como o

apóstolo João o expressa, "fazer de Deus um mentiroso", porque a promessa do texto é para

toda criatura debaixo do céu, que pede com fé.

Eu bem sei que as pessoas fingem justificar as

suas dúvidas na sua própria indignidade, mas isto é uma mera falácia, porque cada homem é

indigno, e, se indignidade fosse uma

desqualificação para privar o homem de todo o

direito de esperar a bênção em resposta a suas orações, então nenhum homem vivo tem o

direito de esperar pela bênção, e a promessa de

Deus é uma mera nulidade. Nossa necessidade

de sabedoria é pressuposta na própria petição que é oferecida a ele, e quanto mais

profundamente sentimos a nossa necessidade,

mais de boa vontade e mais amplamente a

vontade de Deus nos concederá a bênção. Oramos para ter sabedoria, embora estejamos

pedindo, não com base em qualquer

merecimento imaginário nosso, mas pelo

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simples fato de ter sido livremente prometido

por Deus para nós; e, nesse ponto de vista,

devemos levantar as nossas mãos, "sem ira, e também, sem dúvida".

2 . Isto certamente alcança o fim pretendido

Em algumas circunstâncias, o cumprimento da promessa parece exceder toda a esperança

razoável, senão os limites da possibilidade. Mas,

na proporção em que parece exceder a esperança, devemos "crer na esperança", assim

como fez Abraão, quando a promessa foi dada a

ele de ter uma posteridade tão numerosa como

as estrelas do céu. Nosso Senhor nos ensinou isso de uma forma muito marcante. Para seus

discípulos, que expressaram sua surpresa com a

figueira, que ele tinha amaldiçoado, e murchou

no mesma hora, ele disse: "Ao que Jesus lhes disse: Tende fé em Deus; porque em verdade vos

afirmo que, se alguém disser a este monte:

Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu

coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele. Por isso, vos digo que tudo quanto

em oração pedirdes, crede que recebestes, e

será assim convosco.” (Marcos 11.2-24).

A verdade é que Deus, se assim posso dizer, sente a sua própria honra implicada no cumprimento de sua palavra, e, portanto, não

por nossa causa, mas por causa do seu próprio

nome, ele vai cumprir a coisa que hoje tem saído

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de sua boca. No entanto, não somente para seu próprio bem ele fará isso, mas por nossa causa

também, pois, "os que o honram ele honrará".

ENDEREÇO

1. Àqueles que são inconscientes de sua necessidade de sabedoria

Embora os homens sejam sensíveis o suficiente de sua ignorância em relação às ciências humanas, eles quase universalmente julgam-se

competentes para decidir todas as coisas

relacionadas com a sua fé ou prática. Mas muito

apropriada é a declaração de Salomão: “O que confia no seu próprio coração é um tolo." (Prov

28.26).

Com respeito às coisas espirituais, somos todos por natureza cegos, e precisamos aprendê-las,

pois as ignoramos, para que tenhamos nosso entendimento aberto para compreendê-las. Em

todos nós falta sabedoria excessivamente e a

todos nós se aplicam igualmente estas palavras

de Salomão, "Confia no Senhor de todo o teu coração e não se apoie na tua própria

compreensão, em todos os teus caminhos

reconhece-o, e ele endireitará as tuas veredas.”

2 . Aqueles que estão desanimados por sua falta de sabedoria

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Se você olhar para a grandeza de suas dificuldades, ou de sua insuficiência para

enfrentá-las, você pode muito bem enfraquecer

e falhar, mas se você olhar para Deus, não há motivo para ficar desencorajado. Pois, ele não

pode "colocar força na boca de pequeninos e

crianças de peito?" E "ele não colocou o seu

tesouro em vasos de barro de propósito para que a excelência do poder seja vista como dele? (2

Cor 4.7). Veja como ele reprovou Jeremias por

seus pensamentos desanimados, e que ficasse

contente por ser "fraco, para que sua força pudesse ser aperfeiçoada em sua fraqueza". Veja

como ele repreendeu Pedro também por ter

duvidado, e assim tome cuidado para você não

duvidar.

Se você está duvidando, ele o repreende claramente, que "você não deve esperar receber

qualquer coisa do Senhor" (Tg 1.7), mas, se você

crer, de acordo com a sua fé isso lhe será

concedido (Mat 9.29).

Tradução e adaptação do Pr Silvio Dutra, de um

texto em domínio público, de Charles Simeon.

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Quem São os Sábios?

Quem é o homem insensato? É um homem que

ouve os ditos de Jesus e não os pratica. Ele é comparado a um homem que era tolo o

suficiente para construir a sua casa sobre a

areia. Seria melhor que este homem nada

construísse, porque o custo do edifício foi perdido. Ele poderia ter tido o dinheiro para seu

uso e alegria, se não o tivesse desperdiçado

construindo uma casa sobre a areia. Um homem

insensato, de fato!

Quem é o sábio? É o homem que ouve as palavras de Jesus e as pratica. Ele é comparado a

um homem que edificou a sua casa sobre a

rocha. De um ponto de vista temporal, nada é

mais propício para a felicidade do homem do que um bom lar. Não há melhor uso que possa

ser feito com dinheiro do que gastá-lo na

construção de uma casa, desde que a casa seja

construída sobre um alicerce seguro. Um homem que ouve a Palavra de Deus e faz isso é

comparado a tal homem. Porque construir um

caráter cristão em obediência à Bíblia é a maior

sabedoria. Porque está construindo uma mansão no céu. A verdadeira experiência cristã

real e vida custam algo, mas eles pagam, porque

ficarão de pé.

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A mera profissão de cristianismo pode custar algo também, mas isto não é pago, uma vez que

não vão ficar de pé. Um homem que constrói sua

casa sobre a areia pode construir com um custo

menor do que o daquele que cava fundo e coloca o seu fundamento sobre a rocha, mas no

momento em que o primeiro homem mais

precisa de sua casa, quando o vento sopra e a

chuva cai torrencialmente – ela é destruída. Por outro lado, o homem que constrói sobre a rocha

tem uma casa para abrigá-lo das tempestades.

Da mesma forma, aquele que constrói uma

experiência cristã em obediência à Palavra de Deus terá algo para lhe servir num momento de

necessidade.

Assim, aprendemos a partir da parábola do sábio e do tolo construtores que obedecer a Bíblia é o

verdadeiro caminho da vida de Jesus.

Extraído do livro como viver uma vida santa, de James Orr – traduzido pelo Pr Silvio Dutra

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A Verdadeira Fonte da Sabedoria

O apóstolo Tiago sabia como a natureza terrena

aprecia se gabar de grandes feitos, como ama

desenvolver teorias com o fim de se mostrar esclarecida e sábia.

Então, ele coloca no 3º capítulo de sua epístola um antídoto contra este mal e uma séria

advertência quanto ao perigo que há em

especular com a verdade revelada por Deus, para se obter a reputação de mestre.

Ele diz que Deus julgará com maior rigor aqueles que se entregarem a especular sobre a

verdade e que no final nada alcançaram em

termos de uma vida piedosa, senão uma língua eloquente e falta de verdadeiro entendimento

espiritual e verdadeira santificação.

Afinal, a verdade não foi dada para ser especulada, mas para ser obedecida e vivida.

Coisas espirituais se discernem espiritualmente, e com a mente de Cristo; e não

propriamente com nossa mente natural, corrompida pelo pecado.

A assertiva de Tiago que o simples conhecimento intelectual das coisas de Deus

sem um viver piedoso e dirigido pelo Espírito,

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está exposto a muitos juízos; se comprova em

que não há nenhum valor em falar da verdadeira

doutrina, de se bendizer a Deus, de orar a Ele, e

ao mesmo tempo amaldiçoarmos os homens criados à Sua semelhança.

Uma obra misturada com bênção e maldição; com acertos e com erros, não pode contar com a

aprovação do Senhor.

Tal vida não pode ser útil ao Seu serviço e não dará um bom testemunho da nossa condição de sermos filhos de Deus.

A nossa fonte deve jorrar permanente e somente águas vivas através de nós.

Esta água é cristalina, limpa, doce, potável, apropriada para gerar e manter a vida eterna.

Logo, o que deve fluir de nós são águas limpas e somente águas limpas, que procedem do trono

de Deus.

A nossa árvore deve dar apenas bons frutos.

A verdadeira sabedoria e conhecimento da

vontade de Deus são demonstrados quando se vive em submissão (mansidão) à Sua vontade.

Sem consagração ao Senhor não pode haver um trabalho de disciplina do Espírito para a

crucificação das paixões e desejos da nossa

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carne, de maneira que as obras da carne sejam

destruídas, e o lugar delas seja ocupado pelo fruto correspondente do Espírito, como por

exemplo, o orgulho substituído pela humildade;

o rancor pelo amor; a falsidade pela verdade; a hipocrisia pela sinceridade; a falta de zelo pelo

fervor; a dissensão e a ira pela paz e tudo o mais

que importa que sejamos despojados do velho

homem, para sermos revestidos pelo que é da nova criatura em Cristo Jesus.

Cristãos não podem abrigar, nem se deixarem governar por sentimentos facciosos em seus

corações, especialmente contra a própria obra

do Senhor e daqueles que têm andado no

Espírito.

Não devem viver em inveja amarga por não estarem contentes com aquilo que são, nem

com as coisas que têm recebido do Senhor.

Tiago nos adverte em última instância, neste capítulo, que devemos estar muito vigilantes

quanto ao uso que fazemos da nossa língua, estando conscientes de que ela poderá ser usada

de modo muito contrário à vontade de Deus,

tanto por falta de sabedoria, quanto por um uso

impróprio pecaminoso, uma vez que temos uma natureza terrena que foi corrompida pelo

pecado e que deve ser crucificada e renovada

pelo Espírito.

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Ele não nos alerta para apenas sabermos que temos tal natureza, mas para nos lembrar do

dever que temos de fazer um uso santo e edificante em todo o nosso falar.

Se nossa conversação não é santa e edificante, a nossa religião é vã e temos nos enganado a nós

mesmos.

Porque aquele que estiver sendo de fato santificado pelo Espírito, e por estar

enriquecido com a Palavra de Cristo, haverá de demonstrar isto na sua maneira de conversar e

falar.

A língua deve ser uma boa serva do nosso espírito e não como um cavalo desgovernado.

O fogo, quando é servo é de grande utilidade, mas quando se torna senhor pode fazer uma grande devastação. Enquanto sob domínio será

útil, mas sem domínio é destruidor.

De igual maneira quando um cavalo é dócil, ele é muito útil, mas caso se desgoverne e entre em

disparada saindo de debaixo do controle

daquele que o dirigia, ele poderá produzir sérios danos e acidentes.

Assim, importa que o cristão traga sua língua debaixo do domínio do Espírito Santo, e que

exerça efetivamente um governo sobre ela, de

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26

maneira que profira palavras que sejam boas

somente para a edificação dos ouvintes.

Nenhum homem pode domesticar a língua sem a ajuda e graça sobrenatural do Espírito.

Não é uma coisa fácil conseguir tal governo sobre a língua, porque importa antes deixar que

Deus transforme nosso coração, de onde de fato procedem todos os males, inclusive o da

maledicência.

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Sabedoria Celestial

Havia em Davi mais sabedoria e santidade do

que em muitos cristãos de nossos dias, porque

ele se dispôs a viver inteiramente para o agrado

de Deus, buscando viver no caminho da Sua sabedoria e santidade, e Deus fez com que ele

encontrasse a ambos, e que os percorresse de

modo que se tornava cada vez mais sábio e mais

santo.

Veja com que discernimento ele sabia que o verdadeiro sucesso não consiste na realização

de nossos próprios projetos, e de se acumular

muitos bens, fama e poder neste mundo, caso se

tenha um coração ímpio, porque, por fim tudo isso terá sido perdido, e haverá um terrível juízo

aguardando por aqueles que fizeram de tais

coisas o deus deles, e que não colocaram por

conseguinte a sua confiança inteiramente no Senhor.

Veja que são as palavras de um rei que tinha força, fama, riquezas e poder, e no entanto, não

permitiu que seu coração e desígnios fossem

dirigidos pelo que possuía, ou mesmo pelo desejo que é muito comum de aumentá-los,

quando se anda segundo a carne e não segundo

o espírito.

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Davi diz aos homens que façam o bem, e que se alimentem da verdade, agradando-se do

Senhor, porque somente assim fazendo, o coração poderá achar a verdadeira satisfação

que procede de Deus, porque os desejos que

serão achados no coração serão somente os

desejos que são aprovados por Ele, e ali colocados por Ele próprio.

Deus tudo faz quando entregamos o nosso caminho a Ele e temos uma fé verdadeira que

conduzirá tudo a bom termo no que se refere à

nossa caminhada.

Estes que não vivem a invejar a prosperidade

dos ímpios, mas que fazem do próprio Senhor o grande objetivo de suas vidas, verão por fim que

é esta a condição necessária para que Ele faça

sobressair a nossa justiça como a luz, e o nosso direito como o sol do meio-dia.

Ou seja, Ele será o nosso advogado e juiz em todas as nossas causas, de modo que podemos

achar nEle descanso e paz para as nossas almas,

sem que tenhamos que nos irritar com aqueles

que prosperam em seus caminhos à custa de levarem a cabo os seus maus intentos.

O cristão não deve aceitar a provocação que lhe seja feita pelo diabo, quer diretamente, quer

indiretamente por meio dos seus instrumentos,

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e deve manter a paz de mente e de espírito em toda e qualquer circunstância.

Por isso deve deixar a ira e abandonar o furor e não viver impacientemente por coisa alguma,

porque no fim o resultado nunca será bom.

O cristão deve ter o temor do Senhor permanentemente, e não imitar as obras das trevas, porque Ele tem um juízo determinado

contra todos os que praticam o mal, mas os que

esperam no Senhor herdarão a terra, conforme

a Sua promessa.

Não é afinal isto que Jesus promete no Sermão do Monte aos mansos?

Ninguém deve se precipitar num juízo incorreto, pensando que o ímpio há de

prevalecer, porque o Senhor é longânimo e

paciente, e tem determinado um dia em que julgará toda a carne.

Neste dia, o ímpio será desarraigado da terra, mas os justos a receberão por herança, e viverão

numa perfeita paz juntamente com o Senhor

e uns com os outros.

Por isso o cristão é chamado a orar pelo ímpio, por mais que este lhe persiga, porque este se encontra debaixo de uma terrível condenação

da qual poderá ser livrado somente caso se

converta ao Senhor.

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Assim, Davi afirma que mais vale o pouco do justo do que a abundância de muitos ímpios,

porque esta de nada lhes valerá no dia do Juízo.

Davi sabia que a justificação que é pela graça, mediante a fé, nos torna herdeiros de uma

herança eterna.

Deus havia feito promessas específicas em tal sentido para os fiéis da sua casa, de que usaria de

bondade eterna para com eles, conforme

podemos ver em outras passagens deste salmo,

em que ele afirma que aqueles a quem o Senhor abençoa possuirão a terra; e que o Senhor firma

os passos do homem bom de tal modo que se

cair não ficará prostrado, porque o segura pela

sua mão – isto fala da segurança eterna da salvação do justo.

Deus cuida de tal maneira do justo que ainda que venha a ter fome, não mendigará o pão

jamais, porque o Senhor o sustentará.

Davi diz destes que se apartam do mal e que fazem o bem, que a morada deles será perpétua,

isto é, eterna.

Isto porque o Senhor não desampara os seus santos, e os preservará para sempre, conforme

tem prometido de não lançar fora a nenhum que

venha a Ele.

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Davi diz que os justos não apenas herdarão a terra mas que habitarão nela para sempre;

porque o Senhor não os deixará nas mãos do

perverso, e nem os condenará no juízo.

Davi estava falando de coisas escatológicas pelo

Espírito, porque disse que o Senhor exaltaria o justo para possuir a terra, e que ele presenciaria

isto quando os ímpios fossem exterminados, e

que eles serão exterminados a um só tempo

juntamente com a descendência deles, ou seja, os que são tão ímpios quanto eles.

Vale a pena inserir no comentário deste salmo a promessa que Deus fez a Davi quanto à

segurança eterna da salvação, conforme

palavras de II Samuel 23.1-7:

“1 São estas as últimas palavras de Davi: Diz Davi, filho de Jessé, diz o homem que foi exaltado, o

ungido do Deus de Jacó, o suave salmista de

Israel.

2 O Espírito do Senhor fala por mim, e a sua palavra está na minha língua.

3 Falou o Deus de Israel, a Rocha de Israel me

disse: Quando um justo governa sobre os homens, quando governa no temor de Deus,

4 será como a luz da manhã ao sair do sol, da manhã sem nuvens, quando, depois da chuva,

pelo resplendor do sol, a erva brota da terra.

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5 Pois não é assim a minha casa para com Deus? Porque estabeleceu comigo um pacto eterno, em tudo bem ordenado e seguro; pois não fará

ele prosperar toda a minha salvação e todo o

meu desejo?

6 Porém os ímpios todos serão como os espinhos, que se lançam fora, porque não se pode tocar neles;

7 mas qualquer que os tocar se armará de ferro e da haste de uma lança; e a fogo serão

totalmente queimados no mesmo lugar.”

As últimas palavras proferidas por Davi são extraordinárias e comprovam que ele havia sido

realmente exaltado e ungido por Deus, e foi inspirado pelo Espírito Santo para ser o mavioso

salmista de Israel, sendo conhecido em todas as

partes do mundo em todos os séculos, pelos Salmos que escreveu debaixo desta inspiração

(v. 1).

Ele não tinha o Espírito de Deus apenas no seu coração, guardando comunhão com Ele, mas

permitiu que Ele usasse a sua língua, para

proferir a Sua Palavra através da Sua boca (v. 2).

Davi regeu a todos que foram colocados debaixo do seu governo pelo Senhor, com o temor de

Deus, porque o fizera com justiça (v. 3), tal como

faria Neemias, depois dele (Ne 5.15).

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Deus mesmo, a quem Davi chama de a Rocha de Israel (v. 3), havia lhe falado que aqueles que

governam deste modo, são como a luz da

manhã, quando sai o sol, como uma manhã sem nuvens, cujo esplendor, depois da chuva, faz

brotar da terra a erva (v. 4).

Assim, é descrito o caráter de todos os justos que reinarão juntamente com Cristo, porque,

falando ainda pelo Espírito, Davi aplica estas

palavras à sua casa, dizendo: “Pois não é assim a minha casa para com Deus? Porque estabeleceu

comigo um pacto eterno, em tudo bem

ordenado e seguro; pois não fará ele prosperar

toda a minha salvação e todo o meu desejo?”.

Esta certeza da salvação eterna, para todos os que estão na casa de Davi, por sua associação

com Cristo, que pertence a esta casa, e é Senhor

sobre ela, pois não foi estabelecida pelo homem,

mas pelo próprio Deus, é devido ao pacto, que nas palavras do Espírito, pela boca de Davi, é

“em tudo bem ordenado e seguro”.

Este é o caráter da aliança da graça, e é por ser uma aliança eterna que ela prosperará e jamais

frustrará o desejo de qualquer um que tiver colocado no Senhor a Sua confiança,

participando da aliança eterna, que foi

prometida a Davi.

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Na verdade, não há outra esperança de salvação senão por meio das condições da aliança

prometida a Davi.

Tanto que aqueles que permanecerem na condição de filhos de Belial, por não estarem

assim aliançados com Deus, serão lançados fora, sem uma só exceção, como espinhos,

porque não podem ser tocados com as mãos,

isto é, não se permitem serem transformados e

educados na justiça por Deus.

Por isso, quem os tocar se armará de ferro e da haste de uma lança, e a fogo serão totalmente

queimados no seu lugar (v. 6,7).

As pessoas ímpias estão sujeitas não apenas ao braço da justiça dos magistrados terrenos, como

também serão sujeitados ao braço forte do juízo eterno do Senhor, que os queimará num fogo

eterno, que jamais se apagará.

Os filhos de pais piedosos nem sempre são tão santos e devotados quanto deveriam ser, tal

como se deu com o próprio Davi, que a par de

todo o seu amor e esforço para santificar os seus filhos, teve entre eles Amnom e Absalão, que

eram ímpios.

Isto nos revela que é a corrupção e não a graça, que corre no sangue.

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Por isso, a casa de Davi é típica da Igreja de Cristo, que é a casa dEle (Hb 3.3).

Cristo não é fiel a toda a sua casa, na condição de um servo, como fora Moisés em relação a Israel,

mas como Senhor e Rei, assim como o fora Davi

sobre a sua casa terrena.

O Senhor da casa espiritual de Davi é Cristo, e não o próprio Davi, porque este foi impedido de

continuar o seu reinado pela morte, e regia

apenas sobre Israel, mas Cristo, que vive e reina

para sempre, reina sobre toda a Sua casa, e sobre todos aqueles que lhes foram dados pelo Pai, em

todas as nações.

Deus fez uma aliança com a cabeça da Igreja, o Filho de Davi, de que preservará a Ele uma

semente sobre a qual as portas do inferno não prevalecerão, ou seja, nunca poderão

predominar sobre a Sua casa.

E esta segurança é garantida por Deus e realizada na Rocha segura que é Cristo, que é o

autor e consumador da nossa fé e salvação.

Desta forma, é nEle que se cumprem todas as

promessas da aliança da graça feita com Davi.

A aliança que Deus fez com um rei terreno apontava para a aliança que Ele fizera antes que

houvesse mundo, no céu, com Aquele que

reinará para sempre.

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Por isso as promessas da aliança eterna são chamadas de fiéis misericórdias prometidas a

Davi:

“Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei

uma aliança perpétua, dando-vos as fiéis misericórdias prometidas a Davi.” (Is 55.3).

É maravilhoso saber que as últimas palavras que Davi falou pelo Espírito, apontaram para esta

aliança segura e eterna.

Deus fez uma aliança conosco em Jesus Cristo, e nós aprendemos das Suas palavras pela boca de

Davi que é uma aliança perpétua.

Perpétua em si mesma e na forma do seu caráter, manutenção, continuação e

confirmação.

Deus diz também pela boca de Davi que é bem ordenada e segura (v. 5).

Esta aliança está bem ordenada por Deus em todas as coisas que dizem respeito a ela.

Esta ordenação perfeita trabalhará em meio às imperfeições dos cristãos e os aperfeiçoará progressivamente, para a glória de Deus, de

modo que se a obra não for completada na terra,

ela o será no céu.

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E para isso a aliança possui um Mediador e um Consolador para promover a santidade e o conforto dos cristãos. Está ordenado também

QUE TODA TRANSGRESSÃO NA ALIANÇA NÃO

LANÇARÁ FORA A QUALQUER DOS

ALIANÇADOS.

Por isso Jesus afirma que não lançará fora de

modo nenhum, a qualquer que vier a Ele.

Assim, a segurança da salvação não é colocada nas mãos dos cristãos, mas nas mãos do

Mediador.

E se diz que a aliança é segura, porque está assim bem ordenada por Deus.

Ela foi planejada de tal modo a poder conduzir pecadores ao céu.

Ela está tão bem estruturada, que qualquer um

deles pode ter a certeza de que estará sendo aperfeiçoado na terra e a conclusão desta obra

de aperfeiçoamento será concluída no céu.

Uma das razões para que o aperfeiçoamento não seja concluído na terra, é para que se saiba que a

aliança é de fato para pecadores, e não para quem se considera perfeitamente justo. Ainda

que todos os aliançados sejam chamados agora

a se empenharem na prática da justiça.

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As misericórdias prometidas aos aliançados são seguras, e operarão de acordo com as condições

estabelecidas em relação à necessidade de arrependimento e fé.

A aplicação particular destas misericórdias para santificar os cristãos é segura.

É segura porque e suficiente.

Nada mais do que isto nos salvará, porque a base da salvação repousa na fidelidade de Deus em

cumprir a promessa que Ele fez à casa de Davi, a

todo aquele que for encontrado nela, por causa da sua fé no descendente, no Filho de Davi que é

Cristo. É somente disto que a nossa salvação

depende.

“Não te indignes por causa dos malfeitores, nem

tenhas inveja dos que praticam a iniquidade.

Pois eles dentro em breve definharão como a relva e murcharão como a erva verde.

Confia no SENHOR e faze o bem; habita na terra e alimenta-te da verdade.

Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração.

Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará.

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Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia.

Descansa no SENHOR e espera nele, não te irrites por causa do homem que prospera em

seu caminho, por causa do que leva a cabo os

seus maus desígnios.

Deixa a ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal.

Porque os malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no SENHOR possuirão a terra.

Mais um pouco de tempo, e já não existirá o ímpio; procurarás o seu lugar e não o acharás.

Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz.

Trama o ímpio contra o justo e contra ele ringe os dentes.

Rir-se-á dele o Senhor, pois vê estar-se aproximando o seu dia.

Os ímpios arrancam da espada e distendem o arco para abater o pobre e necessitado, para

matar os que trilham o reto caminho.

A sua espada, porém, lhes traspassará o próprio coração, e os seus arcos serão espedaçados.

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Mais vale o pouco do justo que a abundância de muitos ímpios.

Pois os braços dos ímpios serão quebrados, mas os justos, o SENHOR os sustém.

O SENHOR conhece os dias dos íntegros; a herança deles permanecerá para sempre.

Não serão envergonhados nos dias do mal e nos dias da fome se fartarão.

Os ímpios, no entanto, perecerão, e os inimigos do SENHOR serão como o viço das pastagens;

serão aniquilados e se desfarão em fumaça.

O ímpio pede emprestado e não paga; o justo, porém, se compadece e dá.

Aqueles a quem o SENHOR abençoa possuirão a terra; e serão exterminados aqueles a quem

amaldiçoa.

O SENHOR firma os passos do homem bom e no seu caminho se compraz; se cair, não ficará prostrado, porque o SENHOR o segura pela mão.

Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a

mendigar o pão.

É sempre compassivo e empresta, e a sua descendência será uma bênção.

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Aparta-te do mal e faze o bem, e será perpétua a tua morada.

Pois o SENHOR ama a justiça e não desampara os seus santos; serão preservados para sempre,

mas a descendência dos ímpios será

exterminada.

Os justos herdarão a terra e nela habitarão para sempre.

A boca do justo profere a sabedoria, e a sua língua fala o que é justo.

No coração, tem ele a lei do seu Deus; os seus passos não vacilarão.

O perverso espreita ao justo e procura tirar-lhe a vida.

Mas o SENHOR não o deixará nas suas mãos, nem o condenará quando for julgado.

Espera no SENHOR, segue o seu caminho, e ele te exaltará para possuíres a terra; presenciarás

isso quando os ímpios forem exterminados.

Vi um ímpio prepotente a expandir-se qual cedro do Líbano.

Passei, e eis que desaparecera; procurei-o, e já não foi encontrado.

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Observa o homem íntegro e atenta no que é reto; porquanto o homem de paz terá posteridade.

Quanto aos transgressores, serão, à uma, destruídos; a descendência dos ímpios será exterminada.

Vem do SENHOR a salvação dos justos; ele é a sua fortaleza no dia da tribulação.

O SENHOR os ajuda e os livra; livra-os dos ímpios e os salva, porque nele buscam refúgio.”

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Sabedoria Eterna

Sábio é aquele que tem capacidade de adquirir

conhecimentos e aplicá-los de forma eficaz.

Não estaremos enfocando aquele tipo de sabedoria que é do mundo, cuja procedência não é celestial e espiritual, senão terrena,

diabólica e animal, conforme o dizer de Tiago, a

qual é eficaz para a prática do mal, e não do bem.

Antes de tudo, deve ser dito que o próprio Cristo é a sabedoria do crente (I Cor 1.30), uma vez que fora da comunhão com Ele e sem o

conhecimento que dEle procede, não pode

existir qualquer sabedoria que seja segundo a

vontade de Deus.

Tanto a sabedoria natural como a de Aoliabe, de Bezalel nos dias de Moisés, e do próprio rei

Salomão, assim como a sabedoria espiritual à

qual se refere o apóstolo Tiago, e que devemos

pedir a Deus - ambas são de procedência divina. A sabedoria para o bem é um dom de Deus.

Antes de sua queda, Satanás era dotado de sabedoria - de grande sabedoria - mas esta se

corrompeu totalmente com sua rebelião.

Todos os crentes são dotados em menor ou maior grau da sabedoria que procede do alto,

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para que possam conhecer os mistérios do reino

de Deus e discernirem todas as coisas relativas à comunhão com Cristo. Mas, há um dom

chamado palavra de sabedoria que é concedido

especialmente àqueles que ministram ao corpo de Cristo; como pastores, mestres, profetas,

evangelistas e nos demais ministérios e serviços

que são concedidos pelo Espírito Santo para um

fim proveitoso.

Pastores são dotados com o dom de governo,

mestres, com o de ensino, e assim cada um com a sua principal necessidade para o

cumprimento do ministério é capacitado por

Deus para o citado fim.

Assim a sabedoria tem a ver principalmente, com a capacitação recebida para discernir, decidir, aplicar, desenvolver, entender,

ministrar e tudo o mais que esteja relacionado

em conformidade com a vontade de Deus.

Precisamos, portanto de ter inteligência espiritual para não pedirmos a Deus sabedoria para algum ministério para o qual Ele não nos

tenha chamado, senão para o desempenho das

coisas que fomos chamados por Ele para

realizar. A sabedoria não é concedida segundo a nossa própria vontade, mas segundo a vontade

do Senhor, para o que Ele tiver designado para a

nossa vida.

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Muitos se sentem infelizes e frustrados pela falta deste conhecimento, e permanecem na

expectativa de algo que jamais receberão, quando importava orarem para conhecer qual

seja a vontade específica de Deus para eles.

Importa também sabermos que a sabedoria pode e deve aumentar em graus, conforme Deus

nos chame para desempenhar serviços maiores, que demandem uma maior capacidade de

discernimento e decisão nas questões que

fomos chamados a resolver ou realizar.

Em tudo, porém, importa que o poder e a glória sejam exclusivamente de Deus, e não propriamente nossos, e para tanto o Senhor

chama as coisas que não são e as que são

desprezíveis, como por exemplo, a nossa falta de

habilidade, força, sabedoria, conhecimento etc., para que ao nos suprir com os mesmos,

possamos permanecer humildes e tributar-Lhe

toda a honra, glória e louvor.

Embora saibamos que toda a sabedoria procede de Deus, contudo devemos buscá-la com todo o fervor, e nos sujeitarmos com temor ao Senhor

em todas as provações em que formos

chamados por Ele a experimentar, com a

finalidade principal de nos tornar humildes, pois Ele primeiro abate, para depois exaltar. É o

Seu método imutável, portanto devemos ser

pacientes debaixo de nossas aflições.

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Lembremos que está escrito que, ao que se humilha Deus concede mais graça, e esta graça

se traduz, sobretudo em recebermos mais

sabedoria em nosso viver cristão.