como montar uma pequena rede usando um roteador banda larga

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Como Montar uma Pequena Rede Usando um Roteador Banda Larga Introdução Você pode montar sua própria rede facilmente com a utilização de um pequeno roteador . Com esse dispositivo você pode automaticamente compartilhar sua conexão com a Internet entre todos os computadores da sua rede, bem como compartilhar arquivos e impressoras . Já que os roteadores também funcionam como um firewall baseado em hardware, ele é também a maneira mais segura de conectar sua rede à Internet . A instalação é realmente muito rápida e você pode literalmente montar sua própria rede em apenas alguns minutos. Neste tutorial mostraremos a você como montar sua própria rede usando um roteador. Figura 1: Um roteador de banda larga típico. O que é um roteador? Além do nome sugestivo, o roteador é um dispositivo que integra várias outras características: Roteador de banda larga: Compartilha automaticamente sua conexão com a Internet entre todos os computadores ligados a ele. Você também pode configurá-lo para limitar o acesso a Internet com base em vários critérios (por exemplo, hora do dia – você pode querer que seus funcionários acessem a Internet apenas durante o horário de almoço ou após o expediente, por

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Page 1: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

Como Montar uma Pequena Rede Usando um Roteador Banda Larga

Introdução

Você pode montar sua própria rede facilmente com a utilização de um pequeno roteador. Com esse dispositivo você pode automaticamente compartilhar sua conexão com a Internet entre todos os computadores da sua rede, bem como compartilhar arquivos e impressoras. Já que os roteadores também funcionam como um firewall baseado em hardware, ele é também a maneira mais segura de conectar sua rede à Internet. A instalação é realmente muito rápida e você pode literalmente montar sua própria rede em apenas alguns minutos. Neste tutorial mostraremos a você como montar sua própria rede usando um roteador.

Figura 1: Um roteador de banda larga típico.

O que é um roteador? Além do nome sugestivo, o roteador é um dispositivo que integra várias outras características:

Roteador de banda larga: Compartilha automaticamente sua conexão com a Internet entre todos os computadores ligados a ele. Você também pode configurá-lo para limitar o acesso a Internet com base em vários critérios (por exemplo, hora do dia – você pode querer que seus funcionários acessem a Internet apenas durante o horário de almoço ou após o expediente, por exemplo).

Firewall baseado em hardware: Evita vários tipos de ataques em seu computador e também evita que pastas e impressoras compartilhadas em sua rede sejam acessadas por outros computadores de fora da sua casa ou escritório.

Switch: Quase todos os roteadores também integram um

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switch (geralmente um switch de 4 portas), permitindo conectar os computadores da sua rede diretamente no roteador sem a necessidade de qualquer periférico extra. Você também pode expandir o número de portas instalando um switch externo ao roteador. Portanto, para uma rede pequena com até quatro computadores você não precisará de um hardware extra para montar sua rede.

Servidor DHCP: Este recurso centraliza todas as opções de configuração da rede no roteador e, portanto você não precisará efetuar nenhum tipo de configuração nos computadores da sua rede (você deve configurar as configurações de rede dos PCs da sua rede em “configuração automática”). Este recurso permite a você conectar qualquer computador no roteador para ter acesso imediato à Internet e aos recursos compartilhados, como pastas e impressoras localizadas em sua rede, sem a necessidade de nenhum tipo de configuração adicional. Apenas conecte e use!

Wireless: Os roteadores mais modernos possuem rede wireless como opcional, permitindo a você conectar computadores sem a utilização de cabos. No entanto, os computadores precisarão de placas de rede sem fio e a instalação desse tipo de placa em cada computador da sua rede pode sair caro. Mas esta é uma solução muito interessante para a sua casa ou pequeno escritório onde você tem um ou dois notebooks com placa de rede wireless: simplesmente ligue os computadores e você estará on-line. No entanto existem vários riscos de segurança e opções de configurações avançadas que devem ser feitas para usar o recurso de rede sem fio de forma segura. Leia nosso tutorial Habilitando Segurança em Redes Wireless para aprender mais sobre o assunto. Leia nosso tutorial Como Montar uma Rede Sem Fio Usando um Roteador de Banda Larga caso queira montar uma rede sem fio.

Servidor de Impressão: Alguns roteadores possuem uma porta paralela ou uma porta USB para você conectar sua impressora nele. Isto é realmente muito interessante, pois permite que qualquer computador da sua rede use a impressora sem qualquer configuração avançada. Se você precisa compartilha sua impressora entre todos os computadores e o seu roteador não possui esta opção, o computador onde sua impressora está instalada precisará estar ligado quando você quiser imprimir algo. Isto pode ser irritante, por exemplo, se a impressora estiver conectada a um computador de alguém que não

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está no escritório e que por sinal desligou o computador e colocou uma senha. Além disso, usar um roteador com opção de servidor de impressão pode economizar algum dinheiro em sua conta de luz, já que você não precisará de um outro computador ligado para usar a impressora. Se você escolher comprar um roteador com este recurso, você precisará comprar um como o mesmo tipo de conexão da sua impressora: paralela ou USB.

Figura 2: Porta paralela em um roteador com o recurso de servidor de impressão.

Instalação

Tudo o que você precisa para montar sua rede usando um roteador é o roteador, claro, que atualmente é realmente barato (eles custam algo entre R$ 120 e R$ 200 dependendo da marca e dos recursos extras), um cabo de rede pino-a-pino para cada computador que você deseja conectar na rede (este cabo pode ser comprado já pronto e é chamado UTP, Unshielded Twisted Pair, isto é, par trançado sem blindagem; você deve comprar um cabo Cat 5, que geralmente é azul ou cinza) e, é claro, uma conexão banda larga com a Internet (cabo ou ADSL).

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Figura 3: Cabo de rede típico.

Seu modem banda larga (cabo ou ADSL) será conectado na porta chamada “WAN” do roteador, enquanto todos os outros computadores serão conectados nas outras portas disponíveis no roteador, geralmente chamadas “LAN”. Se você precisar de mais portas, compre um switch externo e conecte-o a uma das portas LAN disponíveis no roteador. Você precisará conectar a outra ponta dos cabos nas placas de rede localizada nos computadores, é claro. Atualmente todos os computadores possuem uma porta de rede integrada à placa-mãe (“rede on-board”). Se você tem um computador antigo sem esta característica, precisará comprar e instalar uma placa de rede (também chamada placa de rede 10/100 ou placa de rede Ethernet).

Figura 4: Como conectar seu roteador banda larga.

O botão “uplink” precisa estar desabilitado. Este botão é usado quando você usa um tipo diferente de cabo, chamado cross-over, que não é o caso. O botão reset pode ser útil em algumas situações de reparo. Como você pode ver, você precisa conectar seu roteador à fonte de alimentação que vem com ele.

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Figura 5: Exemplo de uma porta de rede em um PC.

Figura 6: Exemplo de uma porta de rede em um notebook.

Você não precisa se preocupar em instalar o cabo de rede no conector errado: o plugue de rede (que é chamado RJ-45) só se encaixa na placa de rede.

Após conectar os cabos, ligue o seu modem banda larga, seu roteador e um dos computadores para acessar o painel de configuração do roteador. Você precisará fazer algumas configurações básicas – por exemplo, escolher o tipo de conexão que você tem, cabo ou ADSL.

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Configurando o Roteador – O Básico

A primeira coisa que você precisa saber é o endereço IP do seu roteador para ter acesso às suas opções de configuração. Esta informação está escrita em seu manual. Geralmente os endereços IP utilizado são 192.168.0.1, 192.168.1.1 ou 10.0.0.1. Carregue o seu navegador de Internet e abra http://[endereço IP aqui]. O endereço IP do roteador usado em nossos exemplo era 192.168.1.1, então tivemos que abrir http://192.168.1.1. Claro que você precisa alterar isto de acordo com o endereço IP usado pelo seu roteador.

Todas opções de configurações variam de acordo com o modelo do roteador. Por isso, talvez você não encontre opções que estão descritas aqui com o mesmo nome, mas elas existirão, já que estamos falando apenas das opções básicas.

Geralmente a primeira página de configuração pede para você escolher entre a instalação rápida e a instalação avançada. Apesar da instalação rápida ser a melhor maneira para configurar sua rede em menos de cinco minutos, a primeira configuração você deve fazer é dentro da instalação avançada: configurar uma senha para seu roteador.

Figura 11: Tela de configuração inicial do roteador.

Como você pode ver, a tela de configuração do seu roteador é acessada de qualquer computador na sua rede. Apesar disto não ser uma preocupação em redes pequenas, a tela de configuração do roteador pode ser acessada de qualquer computador localizado na Internet. Por exemplo, digamos que o seu endereço IP verdadeiro seja 69.69.69.69 (o endereço IP que seu provedor atribuiu para seu modem). Qualquer computador na Internet pode acessar as configurações do seu roteador simplesmente abrindo um navegador de Internet e digitando http://69.69.69.69. Este recurso pode ser

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desabilitado em alguns roteadores. No entanto, este é um recurso muito interessante, pois você pode reparar ou reconfigurar sua rede do escritório ou de casa de qualquer computador no mundo. Fica ao seu critério habilitar ou desabilitar este recurso, dependendo se você for usá-lo ou não.

clique para ampliarFigura 12: Configurando a senha do administrador.

Em nosso roteador esta configuração é feita em Advanced Setup, System, Admistrador Settings. Nesta tela você pode tanto configurar a senha do administrador quanto pode escolher se deseja habilitar o gerenciamento remoto. Em nosso roteador o gerenciamento remoto estava desativado. Poderíamos ter ativado e definido apenas um endereço IP (por exemplo, o endereço IP de nosso computador de casa) para ter acesso ao roteador, fazendo assim com que outros computadores não fossem capazes de acessar a tela de controle do roteador remotamente. Além disso, você pode especificar uma porta de acesso. Usando o roteador da Figura 12, não poderíamos acessá-lo usando http//69.69.69.69, precisaríamos abrir como http://69.69.69.69:8080. Esta é a maneira mais simples de evitar que aspirantes a hacker abram a tela de configuração de seu roteador a partir de seus computadores (hackers sérios sabem que a porta 8080 é geralmente usada e podem também usar um detector de portas para ver quais portas estão abertas no roteador).

Clique em Apply para que as alterações sejam efetivadas.

Após esta breve e importante explicação de segurança, vamos para as configurações básica do roteador.

Configuração Básica do Roteador

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Tudo o que você precisa fazer é escolher o tipo de conexão que você tem: cabo, ADSL com IP dinâmico (ou seja, o endereço IP dado pelo seu provedor muda toda vez que você se conecta a Internet – que é o tipo mais comum), ADSL com IP estático (ou seja, o endereço IP dado pelo seu provedor não muda, geralmente disponível apenas se você solicitar e normalmente mais caro) ou VPN (Virtual Private Network – geralmente usado em redes corporativas).

Volte para a configuração básica (basic setup) e navegue em suas telas. Em nosso roteador tivemos apenas que configurar o fuso horário na primeira tela, o tipo de modem na segunda tela e ficamos clicando em Next para aceitar todas as configurações padrão, se o seu modem for TV a cabo ou ADSL (se você usar uma conexão VPN você precisará entrar algumas informações). Chegamos no botão Finish na última tela e isso foi tudo o que tivemos que fazer para a nossa rede funcionar.

clique para ampliarFigura 13: Configuração básica, primeira tela (configuração

do fuso horário).

clique para ampliarFigura 14: Configuração básica, segunda tela (tipo de

conexão).

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clique para ampliarFigura 15: Configuração básica, terceira tela (configurações

de WAN, deixe os valores padrão).

clique para ampliarFigura 16: Configuração básica, quarta tela (configurações do

DNS, deixe os valores padrão); clique no botão Finish.

Após clicar no botão Finish, tente acessar a Internet a partir de seu computador e de todos os outros localizados em sua rede. Se não funcionar, refaça todos os passos de configuração novamente. Se mesmo assim não funcionar, você precisará chamar o suporte do seu provedor e explicar para eles que você instalou um roteador e precisa “liberar seu endereço IP”.

Caso você queira saber o que isto significa: quando você usa um serviço de banda larga, geralmente um endereço IP púbico (ex: 69.69.69.69) é atribuído para o computador conectado ao modem de banda larga. Então o provedor trava o endereço IP público ao endereço MAC conectado ao modem. O endereço MAC é um número de série gravado na placa de rede. Quando você desconecta o modem do seu computador e o conecta em seu roteador a conexão pode ser bloqueada, já que a rede do provedor está esperando o endereço MAC do seu micro, não o endereço MAC do seu roteador. “Liberar o IP” significa que o provedor procurará pelo o novo endereço MAC conectado ao modem.

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Um visão geral do protocolo TCP/IP

Para que os computadores de uma rede possam trocar informações entre si é necessário que todos os computadores adotem as mesmas regras para o envio e o recebimento de informações. Este conjunto de regras é conhecido como Protocolo de comunicação. Falando de outra maneira podemos afirmar: “Para que os computadores de uma rede possam trocar informações entre si é necessário que todos estejam utilizando o mesmo protocolo de comunicação”. No protocolo de comunicação estão definidas todas as regras necessárias para que o computador de destino, “entenda” as informações no formato que foram enviadas pelo computador de origem. Dois computadores com diferentes protocolos instalados, não serão capazes de estabelecer uma comunicação e nem serão capazes de trocar informações.

Antes da popularização da Internet existiam diferentes protocolos sendo utilizados nas redes das empresas. Os mais utilizados eram os seguintes: 

TCP/IP NETBEUI

IPX/SPX

Apple Talk

Se colocarmos dois computadores ligados em rede, um com um protocolo, por exemplo o TCP/IP e o outro com um protocolo diferente, por exemplo NETBEUI, estes dois computadores não serão capazes de estabelecer comunicação e trocar informações entre si. Por exemplo, o computador com o protocolo NETBEUI instalado, não será capaz de acessar uma pasta ou uma Impressora compartilhada no computador com o protocolo TCP/IP instalado.

À medida que a Internet começou, a cada dia, tornar-se mais popular, com o aumento exponencial do número de usuários, o protocolo TCP/IP passou a tornar-se um padrão de fato, utilizando não só na Internet, como também nas redes internas das empresas, redes estas que começavam a ser conectadas à Internet. Como as redes internas precisavam conectar-se à Internet, tinham que usar o mesmo protocolo da Internet, ou seja: TCP/IP.

Dos principais Sistemas Operacionais do mercado, o UNIX sempre utilizou o protocolo TCP/IP como padrão. O Windows dá suporte ao protocolo TCP/IP desde as primeiras versões, porém, para o Windows, o TCP/IP somente tornou-se o protocolo padrão a partir do Windows 2000. Ser o protocolo padrão significa que o TCP/IP será instalado, automaticamente, durante a instalação do Sistema Operacional, se for detectada a presença de uma placa de rede. Até mesmo o

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Sistema Operacional Novell, que sempre foi baseado no protocolo IPX/SPX como protocolo padrão, passou a adotar o TCP/IP como padrão a partir da versão 5.0.

O que temos hoje, na prática, é a utilização do protocolo TCP/IP na esmagadora maioria das redes. Sendo a sua adoção cada vez maior. Como não poderia deixar de ser, o TCP/IP é o protocolo padrão do Windows 2000, Windows Server 2003, Windows XP e também do Windows Vista (a ser lançado em Fevereiro de 2007) e do Windows Longhorn Server (com lançamento previsto para o final de 2007). Se durante a instalação, o Windows detectar a presença de uma placa de rede, automaticamente será sugerida a instalação do protocolo TCP/IP.

Nota: Para pequenas redes, não conectadas à Internet, é recomendada a adoção do protocolo NETBEUI, devido a sua simplicidade de configuração. Porém esta é uma situação muito rara, pois dificilmente teremos uma rede isolada, sem conexão com a Internet ou com parceiros de negócios, como clientes e fornecedores.

Agora passaremos a estudar algumas características do protocolo TCP/IP. Veremos que cada equipamento que faz parte de uma rede baseada no TCP/IP tem alguns parâmetros de configuração que devem ser definidos, para que o equipamento possa comunicar-se com sucesso na rede e trocar informações com os demais equipamentos da rede.

Configurações do protocolo TCP/IP para um computador em rede

Quando utilizamos o protocolo TCP/IP como protocolo de comunicação em uma rede de computadores, temos alguns parâmetros que devem ser configurados em todos os equipamentos que fazem parte da rede (computadores, servidores, hubs, switchs, impressoras de rede, etc). Na Figura a seguir temos uma visão geral de uma pequena rede baseada no protocolo TCP/IP:

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Figura - Uma rede baseada no protocolo TCP/IP.

No exemplo da Figura 1 temos uma rede local para uma pequena empresa. Esta rede local não está conectada a outras redes ou à Internet. Neste caso cada computador da rede precisa de, pelo menos, dois parâmetros configurados:

Número IP Máscara de sub-rede

O Número IP é um número no seguinte formato:

x.y.z.w

ou seja, são quatro números separados por ponto. Não podem existir duas máquinas, com o mesmo número IP, dentro da mesma rede. Caso eu configure um novo equipamento com o mesmo número IP de uma máquina já existente, será gerado um conflito de Número IP e um dos equipamentos, muito provavelmente o novo equipamento que está sendo configurado, não conseguirá se comunicar com a rede. O valor máximo para cada um dos números (x, y, z ou w) é 255.

Uma parte do Número IP (1, 2 ou 3 dos 4 números) é a identificação da rede, a outra parte é a identificação da máquina dentro da rede. O que define quantos dos quatro números fazem parte da identificação da rede e quantos fazem parte da identificação da máquina é a máscara de sub-rede (subnet mask). Vamos considerar o exemplo de um dos computadores da rede da Figura 1:

Número IP:                            10.200.150.1 Máscara de Sub-rede:           255.255.255.0

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As três primeiras partes da máscara de sub-rede (subnet) iguais a 255 indicam que os três primeiros números representam a identificação da rede e o último número é a identificação do equipamento dentro da rede. Para o nosso exemplo teríamos a rede: 10.200.150, ou seja, todos os equipamentos do nosso exemplo fazem parte da rede 10.200.150 ou, em outras palavras, o número IP de todos os equipamentos da rede começam com 10.200.150.

Neste exemplo, onde estamos utilizando os três primeiros números para identificar a rede e somente o quarto número para identificar o equipamento, temos um limite de 254 equipamentos que podem ser ligados neste rede. Observe que são 254 e não 256, pois o primeiro número – 10.200.150.0 e o último número – 10.200.250.255 não podem ser utilizados como números IP de equipamentos de rede. O primeiro é o próprio número da rede: 10.200.150.0 e o último é o endereço de Broadcast: 10.200.150.255. Ao enviar uma mensagem para o endereço de Broadcast, todas as máquinas da rede receberão a mensagem. Nas próximas partes deste tutorial, falaremos um pouco mais sobre Broadcast.  

Com base no exposto podemos apresentar a seguinte definição:

“Para se comunicar em uma rede baseada no protocolo TCP/IP, todo equipamento deve ter, pelo menos, um número IP e uma máscara de sub-rede, sendo que todos os equipamentos da rede devem ter a mesma máscara de sub-rede”.

Nota: Existem configurações mais avançadas onde podemos subdividir uma rede TCP/IP em sub-redes menores. O conceito de sub-redes será tratado, em detalhes, na Parte 7 deste tutorial. 

No exemplo da figura anterior observe que o computador com o IP 10.200.150.7 está com uma máscara de sub-rede diferente da máscara de sub-rede dos demais computadores da rede. Este computador está com a máscara: 255.255.0.0 e os demais computadores da rede estão com a máscara de sub-rede 255.255.255.0. Neste caso é como se o computador com o IP 10.200.150.7 pertencesse a outra rede. Na prática o que irá acontecer é que este computador não conseguirá se comunicar com os demais computadores da rede, por ter uma máscara de sub-rede diferente dos demais. Este é um dos erros de configuração mais comuns. Se a máscara de sub-rede estiver incorreta, ou seja, diferente da máscara dos demais computadores da rede, o computador com a máscara de sub-rede incorreta não conseguirá comunicar-se na rede.

Na Tabela a seguir temos alguns exemplos de máscaras de sub-rede e do número máximo de equipamentos em cada uma das respectivas redes.

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Tabela: Exemplos de máscara de sub-rede.

Máscara Número de equipamentos na rede

255.255.255.0 254

255.255.0.0 65.534

255.0.0.0 16.777.214

Quando a rede está isolada, ou seja, não está conectada à Internet ou a outras redes externas, através de links de comunicação de dados, apenas o número IP e a máscara de sub-rede são suficientes para que os computadores possam se comunicar e trocar informações.

A conexão da rede local com outras redes é feita através de links de comunicação de dados. Para que essa comunicação seja possível é necessário um equipamento capaz de enviar informações para outras redes e receber informações destas redes. O equipamento utilizado para este fim é o Roteador. Todo pacote de informações que deve ser enviado para outras redes deve, obrigatoriamente, passar pelo Roteador. Todo pacote de informação que vem de outras redes também deve, obrigatoriamente, passar pelo Roteador. Como o Roteador é um equipamento de rede, este também terá um número IP. O número IP do roteador deve ser informado em todos os demais equipamentos que fazem parte da rede, para que estes equipamentos possam se comunicar com os redes externas. O número IP do Roteador é informado no parâmetro conhecido como Default Gateway. Na prática quando configuramos o parâmetro Default Gateway, estamos informando o número IP do Roteador.

Quando um computador da rede tenta se comunicar com outros computadores/servidores, o protocolo TCP/IP faz alguns cálculos utilizando o número IP do computador de origem, a máscara de sub-rede e o número IP do computador de destino (veremos estes cálculos em detalhes nas próximas lições deste curso). Se, após feitas as contas, for concluído que os dois computadores fazem parte da mesma rede, os pacotes de informação são enviados para o barramento da rede local e o computador de destino captura e processa as informações que lhe foram enviadas. Se, após feitas as contas, for concluído que o computador de origem e o computador de destino, fazem parte de redes diferentes, os pacotes de informação são enviados para o Roteador (número IP configurado como Default Gateway) e o Roteador é o responsável por achar o caminho (a rota) para a rede de destino.

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Com isso, para equipamentos que fazem parte de uma rede, baseada no protocolo TCP/IP e conectada a outras redes ou a Internet, devemos configurar, no mínimo, os seguintes parâmetros:

Número IP Máscara de sub-rede

Default Gateway

Em redes empresarias existem outros parâmetros que precisam ser configurados. Um dos parâmetros que deve ser informado é o número IP de um ou mais servidores DNS – Domain Name System. O DNS é o serviço responsável pela resolução de nomes. Toda a comunicação, em redes baseadas no protocolo TCP/IP é feita através do número IP. Por exemplo, quando vamos acessar o meu site: http://www.juliobattisti.com.br/, tem que haver uma maneira de encontrar o número IP do servidor onde fica hospedado o site. O serviço que localiza o número IP associado a um nome é conhecido como Servidor DNS. Por isso a necessidade de informarmos o número IP de pelo menos um servidor DNS, pois sem este serviço de resolução de nomes, muitos recursos da rede estarão indisponíveis, inclusive o acesso à Internet.  

Existem aplicativos antigos que são baseados em um outro serviço de resolução de nomes conhecido como WINS – Windows Internet Name System. O Windows NT Server 4.0 utilizava intensamente o serviço WINS para a resolução de nomes. Com o Windows 2000 o serviço utilizado é o DNS, porém podem existir aplicações que ainda dependam do WINS. Nestes casos você terá que instalar e configurar um servidor WINS na sua rede e configurar o IP deste servidor em todos os equipamentos da rede.  

As configurações do protocolo TCP/IP podem ser definidas manualmente, isto é, configurando cada um dos equipamentos necessários com as informações do protocolo, como por exemplo o Número IP, Máscara de sub-rede, número IP do Default Gateway, número IP de um ou mais servidores DNS e assim por diante. Esta é uma solução razoável para pequenas redes, porém pode ser um problema para redes maiores, com um grande número de equipamentos conectados. Para redes maiores é recomendado o uso do serviço DHCP – Dynamic Host Configuration Protocol. Uma vez disponível e configurado, o serviço DHCP fornece, automaticamente, todos os parâmetros de configuração do protocolo TCP/IP para os equipamentos conectados à rede. Os parâmetros são fornecidos quando o equipamento é inicializado e podem ser renovados em períodos definidos pelo Administrador. Com o uso do DHCP uma série de procedimentos de configuração podem ser automatizados, o que facilita a vida do Administrador e elimina uma série de erros.  

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O uso do DHCP também é muito vantajoso quando são necessárias alterações no número IP dos servidores DNS ou WINS. Vamos imaginar uma rede com 1000 computadores e que não utiliza o DHCP, ou seja, os diversos parâmetros do protocolo TCP/IP são configurados manualmente em cada computador. Agora vamos imaginar que o número IP do servidor DNS foi alterado. Neste caso o Administrador e a sua equipe técnica terão que fazer a alteração do número IP do servidor DNS em todas as estações de trabalho da rede. Um serviço e tanto. Se esta mesma rede estiver utilizando o serviço DHCP, bastará alterar o número do servidor DNS, nas configurações do servidor DHCP. O novo número será fornecido para todas as estações da rede, automaticamente, na próxima vez que a estação for reinicializada. Muito mais simples e prático e, principalmente, com menor probabilidade de erros.

Você pode verificar, facilmente, as configurações do protocolo TCP/IP que estão definidas para o seu computador. Para isso siga os seguintes passos:

1.       Faça o logon com uma conta com permissão de Administrador.

2.       Abra o Prompt de comando: Iniciar -> Programas -> Acessórios -> Prompt de comando.

3.       Na janela do Prompt de comando digite o seguinte comando:

ipconfig/all

e pressione Enter.

4.       Serão exibidas as diversas configurações do protocolo TCP/IP, conforme indicado a seguir, no exemplo obtido a partir de um dos meus computadores que eu uso na rede da minha casa:  

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O comando ipconfig exibe informações para as diversas interfaces de rede instaladas – placa de rede, modem, etc. No exemplo anterior temos uma única interface de rede instalada, a qual é relacionada com uma placa de rede Realtek RTL8139 Family PCI Fast Ethernet NIC. Observe que temos o número IP para dois servidores DNS e para um servidor WINS. Outra informação importante é o Endereço físico, mais conhecido como MAC-Address ou endereço da placa. O MAC-Address é um número que identifica a placa de rede. Os seis primeiros números/letras são uma identificação do fabricante da placa e os seis últimos uma identificação da placa. Não existem duas placas com o mesmo MAC-Address, ou seja, este endereço é único para cada placa de rede.  

No exemplo da listagem a seguir, temos um computador com duas interfaces de rede. Uma das interfaces é ligada a placa de rede (Realtek RTL8029(AS) PCI Ethernet Adapter), a qual conecta o computador a rede local. A outra interface é ligada ao fax-modem (WAN (PPP/SLIP) Interface), o qual conecta o computador à Internet. Para o protocolo TCP/IP a conexão via Fax modem aparece como se fosse mais uma interface de rede, conforme pode ser conferido na listagem a seguir:

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Bem, estes são os aspectos básicos do protocolo TCP/IP. Nos endereços a seguir, você encontra tutoriais, em português, onde você poderá aprofundar os seus estudos sobre o protocolo TCP/IP:

Questão de exemplo para os exames de Certificação

A seguir coloco um exemplo de questão, relacionada ao TCP/IP, que pode aparecer nos exames de Certificação da Microsoft, onde são cobrados conhecimentos básicos do protocolo TCP/IP. Esta questão faz parte dos simulados gratuitos, disponíveis aqui no site.

A seguir estão as configurações básicos do TCP/IP de

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Questão 01 três estações de trabalho: micro01, micro02 e micro03. 

Configurações do micro01:

Número IP: 100.100.100.3Máscara de sub-rede: 255.255.255.0Gateway: 100.100.100.1

Configurações do micro02:

Número IP: 100.100.100.4Máscara de sub-rede: 255.255.240.0Gateway: 100.100.100.1

Configurações do micro03:

Número IP: 100.100.100.5Máscara de sub-rede: 255.255.255.0Gateway: 100.100.100.2

O micro 02 não está conseguindo comunicar com os demais computadores da rede. Já o micro03 consegue comunicar-se na rede local, porém não consegue se comunicar com nenhum recurso de outras redes, como por exemplo a Internet. Quais alterações você deve fazer para que todos os computadores possam se comunicar normalmente, tanto na rede local quanto com as redes externas?

a) Altere a máscara de sub-rede do micro02 para 255.255.255.0 Altere o Gateway do micro03 para 100.100.100.1

b)

Altere a máscara de sub-rede do micro01 para 255.255.240.0 Altere a máscara de sub-rede do micro03 para 255.255.240.0

c) Altere o Gateway do micro01 para 100.100.100.2 Altere o Gateway do micro02 para 100.100.100.2

d) Altere o Gateway do micro03 para 100.100.100.1

e) Altere a máscara de sub-rede do micro02 para 255.255.255.0

 

 

Resposta certa:   a

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Comentários: Pelo enunciado o computador micro02 não consegue comunicar com nenhum outro computador da rede. Este é um sintoma típico de problema na máscara de sub-rede. É exatamente o caso, o micro02 está com uma máscara de sub-rede 255.255.240.0, diferente da máscara dos demais computadores. Por isso ele está isolado e não consegue se comunicar com os demais computadores da rede. Já o micro03 não consegue comunicar-se com outras redes, mas consegue comunicar-se na rede local. Este é um sintoma de que a configuração do Gateway está incorreta. Por isso a necessidade de alterar a configuração do Gateway do micro03, para que este utilize a mesma configuração dos demais computadores da rede. Observe como esta questão testa apenas conhecimentos básicos do TCP/IP, tais como Máscara de sub-rede e Default Gateway.

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Introdução

Na Primeira Parte deste curso eu apresentei o protocolo TCP/IP e qual o seu papel em uma rede de computadores. Nesta segunda parte apresentarei os princípios básicos do sistema de numeração binário. Também mostrarei como realizar cálculos simples e conversões de Binário para Decimal e vice-versa. Feita a apresentação das operações básicas com números binários, veremos como o TCP/IP através de cálculos binários e, com base na máscara de sub-rede (subnet mask), determina se dois computadores estão na mesma rede ou fazem parte de redes diferentes.

Sistema de Numeração Binário

Vou iniciar falando do sistema de numeração decimal, para depois fazer uma analogia ao apresentar o sistema de numeração binário.Todos nos conhecemos o sistema de numeração decimal, no qual são baseados os números que usamos no nosso dia-a-dia, como por exemplo: 100, 259, 1450 e assim por diante. Você já parou para pensar porque este sistema de numeração é chamado de sistema de numeração decimal? Não? Bem, a resposta é bastante simples: este sistema é baseado em dez dígitos diferentes, por isso é chamado de sistema de numeração decimal. Todos os números do sistema de numeração decimal são escritos usando-se uma combinação dos seguintes dez dígitos:

0    1    2    3    4    5    6    7    8    9

Dez dígitos -> Sistema de numeração decimal.

Vamos analisar como é determinado o valor de um número do sistema de numeração decimal. Por exemplo, considere o seguinte número:

4538

 O valor deste número é formado, multiplicando-se os dígitos do número, de trás para frente, por potências de 10, começando com 10º. O último dígito (bem à direita) é multiplicado por 10º, o penúltimo por 101, o próximo por 102 e assim por diante. O valor real do número é a soma dos resultados destas multiplicações. Observe o esquema a seguir que será bem mais fácil de entender:

  4 5 3 8

Multiplica por:  103 102 101 10º

Page 22: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

ou seja: 1000 100 10 1

Resultado: 4x1000 5x100 3x10 8x1

Igual a: 4000 500 30 8

Somando tudo:4000+500+30+8

É igual a: 4538

Observe que 4538 significa exatamente:

   4 milhares  (103)+ 5 centenas (102) + 3 dezenas  (101)+ 8 unidades (100)

E assim para números maiores, com mais dígitos, teríamos potências de  104, 105 e assim por diante. Observe que multiplicando cada dígito por potências de 10, obtemos o número original. Este princípio aplicado ao sistema de numeração decimal é válido para qualquer sistema de numeração. Se for o sistema de numeração Octal (baseado em 8 dígitos), multiplica-se por potências de 8: 8º, 81, 82 e assim por diante. Se for o sistema Hexadecimal (baseado em 10 dígitos e 6 letras) multiplica-se por potências de 16, só que a letra A equivale a 10, já que não tem sentido multiplicar por uma letra, a letra B equivale a 11 e assim por diante.

Bem, por analogia, se o sistema decimal é baseado em dez dígitos, então o sistema binário deve ser baseado em dois dígitos? Exatamente. Os números no sistema binários são escritos usando-se apenas os dois seguintes dígitos:

0        1    

Isso mesmo, números no sistema binário são escritos usando-se apenas zeros e uns, como nos exemplos a seguir:

010111001101111000011111

Também por analogia, se, no sistema decimal,  para obter o valor do número, multiplicamos os seus dígitos, de trás para frente, por potências de 10, no sistema binário fizemos esta mesma operação, só que baseada em potências de 2, ou seja: 20,  21,  22,  23,  24 e assim por diante.

Page 23: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

Vamos considerar alguns exemplos práticos. Como faço para saber o valor decimal do seguinte número binário: 11001110

Vamos utilizar a tabelinha a seguir para facilitar os nossos cálculos:

  1 1 0 0 1 1 1 0

Multiplica por: 27 26 25 24 23 22 21 20

equivale a: 128 64 32 16 8 4 2 1

Multiplicação: 1x128 1x64 0x32 0x16 1x8 1x4 1x2 0x1

Resulta em: 128 64 0 0 8 4 2 0

Somando tudo: 128+64+0+0+8+4+2+0

Resulta em: 206

Ou seja, o número binário 11001110 equivale ao decimal 206. Observe que onde temos um a respectiva potência de 2 é somada e onde temos o zero a respectiva potência de 2 é anulada por ser multiplicada por zero. Apenas para fixar um pouco mais este conceito, vamos fazer mais um exemplo de conversão de binário para decimal. Converter o número 11100010 para decimal:

1 1 1 0 0 0 1 0

Multiplica por: 27 26 25 24 23 22 21 20

equivale a: 128 64 32 16 8 4 2 1

Multiplicação: 1x128 1x64 1x32 0x16 0x8 0x4 1x2 0x1

Resulta em: 128 64 32 0 0 0 2 0

Somando tudo: 128+64+32+0+0+0+2+0

Resulta em: 226

Como Converter de Decimal para Binário

Bem, e se tivéssemos que fazer o contrário, converter o número 234 de decimal para binário, qual seria o binário equivalente??

Page 24: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

Nota: Nos exemplos deste tutorial vou trabalhar com valores decimais de, no máximo, 255, que são valores que podem ser representados por 8 dígitos binários, ou na linguagem do computador 8 bits, o que equivale exatamente a um byte. Por isso que cada um dos quatro números que fazem parte do número IP, somente podem ter um valor máximo de 255, que é um valor que cabe em um byte, ou seja, 8 bits.

Existem muitas regras para fazer esta conversão, eu prefiro utilizar uma bem simples, que descreverei a seguir e que serve perfeitamente para o propósito deste tutorial.

Vamos voltar ao nosso exemplo, como converter 234 para um binário de 8 dígitos?

Eu começo o raciocínio assim. Primeiro vamos lembrar o valor decimal correspondente a cada um dos oito dígitos binários:

128   64     32     16     8       4       2       1

Lembrando que estes números representam potências de 2, começando, de trás para frente, com 20, 21, 22 e assim por diante, conforme indicado logo a seguir:

128   64     32     16     8       4       2       127      26      25      24      23      22      21      20

Pergunto: 128 cabe em 234? Sim, então o primeiro dígito é 1. Somando 64 a 128 passa de 234? Não, dá 192, então o segundo dígito também é 1. Somando 32 a 192 passa de 234? Não, dá 224, então o terceiro dígito também é 1. Somando 16 a 224 passa de 234? Passa, então o quarto dígito é zero. Somando 8 a 224 passa de 234? Não, da 232, então o quinto dígito é 1. Somando 4 a 232 passa de 234? Passa, então o sexto dígito é zero. Somando 2 a 232 passa de 234? Não, dá exatamente 234, então o sétimo dígito é 1. Já cheguei ao valor desejado, então todos os demais dígitos são zero. Com isso, o valor 234 em binário é igual a:

11101010

Para exercitar vamos converter mais um número de decimal para binário. Vamos converter o número 144 para binário.

Pergunto: 128 cabe em 144? Sim, então o primeiro dígito é 1. Somando 64 a 128 passa de 144? Sim, dá 192, então o segundo dígito é 0. Somando 32 a 128 passa de 144? Sim, dá 160, então o terceiro dígito também é 0. Somando 16 a 128 passa de 144? Não, dá exatamente 144, então o quarto dígito é 1. Já cheguei ao valor desejado, então todos os demais dígitos são zero. Com isso, o valor 144 em binário é igual a:

Page 25: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

10010000

Bem, agora que você já sabe como converter de decimal para binário, está em condições de aprender sobre o operador “E” e como o TCP/IP usa a máscara de sub-rede (subnet mask) e uma operação “E”, para verificar se duas máquinas estão na mesma rede ou em redes diferentes.

O Operador E

Existem diversas operações lógicas que podem ser feitas entre dois dígitos binários, sendo as mais conhecidas as seguintes: “E”, “OU”, “XOR” e “NOT”.

Para o nosso estudo interessa o operador E. Quando realizamos um “E” entre dois bits, o resultado somente será 1, se os dois bits forem iguais a 1. Se pelo menos um dos bits for igual a zero, o resultado será zero. Na tabela a seguir temos todos os valores possíveis da operação E entre dois bits:

bit-1 bit-2 (bit-1) E (bit-2)

1 1 1

1 0 0

0 1 0

0 0 0

Como o TCP/IP usa a máscara de sub-rede:

Considere a figura a seguir, onde temos a representação de uma rede local, ligada a outras redes da empresa, através de um roteador.

Page 26: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

Temos uma rede que usa como máscara de sub-rede 255.255.255.0 (uma rede classe C, mas ainda não abordamos as classes de redes, o que será feito na Parte 3 deste curso). A rede é a 10.200.150.0, ou seja, todos os equipamentos da rede tem os três primeiras partes do número IP como sendo: 10.200.150. Veja que existe uma relação direta entre a máscara de sub-rede a quantas das partes do número IP são fixas, ou seja, que definem a rede, conforme foi descrito na Parte 1 deste curso.

A rede da figura anterior é uma rede das mais comumente encontradas hoje em dia, onde existe um roteador ligado à rede e o roteador está conectado a um Modem, através do qual é feita a conexão da rede local com a rede WAN da empresa, através de uma linha de dados (também conhecido como link de comunicação). Nas próximas partes lições vou detalhar a função do roteador e mostrarei como funciona o roteamento entre redes.

Como o TCP/IP usa a máscara de sub-rede e o roteador

Page 27: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

Quando dois computadores tentam trocar informações em uma rede, o TCP/IP precisa, primeiro, determinar se os dois computadores pertencem a mesma rede ou a redes diferentes. Neste caso podemos ter duas situações distintas:

Situação 1: Os dois computadores pertencem a mesma rede: Neste caso o TCP/IP envia o pacote para o barramento local da rede. Todos os computadores recebem o pacote, mas somente o computador que é o destinatário do pacote é que o captura e passa para processamento pelo Windows e pelo programa de destino. Como é que o computador sabe se ele é ou não o destinatário do pacote? Muito simples, no pacote de informações está contido o endereço IP do computador destinatário. Em cada computador, o TCP/IP compara o IP de destinatário do pacote com o IP do computador, para saber se o pacote é ou não para o respectivo computador.

Situação 2: Os dois computadores não pertencem a mesma rede: Neste caso o TCP/IP envia o pacote para o Roteador (endereço do Default Gateway configurado nas propriedades do TCP/IP) e o Roteador se encarrega de fazer o pacote chegar ao seu destino. Em uma das partes deste tutorial veremos detalhes sobre como o Roteador é capaz de rotear pacotes de informações até redes distantes.

Agora a pergunta que tem a ver com este tópico:

“Como é que o TCP/IP faz para saber se o computador de origem e o computador de destino pertencem a mesma rede?”

Vamos usar alguns exemplos práticos para explicar como o TCP/IP faz isso:

Exemplo 1: Com base na figura anterior, suponha que o computador cujo IP é 10.200.150.5 (origem) queira enviar um pacote de informações para o computador cujo IP é 10.200.150.8 (destino), ambos com máscara de sub-rede igual a 255.255.255.0.

O primeiro passo é converter o número IP das duas máquinas e da máscara de sub-rede para binário. Com base nas regras que vimos anteriormente, teríamos a seguinte conversão:

Computador de origem:

10 200 150 5

00001010 11001000 10010110 00000101

Page 28: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

Computador de destino:

10 200 150 8

00001010 11001000 10010110 00001000

Máscara de sub-rede:

255 255 255 0

11111111 11111111 11111111 00000000

Feitas as conversões para binário, vamos ver que tipo de cálculos o TCP/IP faz, para determinar se o computador de origem e o computador de destino estão na mesma rede.Em primeiro lugar é feita uma operação “E”, bit a bit, entre o Número IP e a máscara de Sub-rede do computador de origem, conforme indicado na tabela a seguir:

10.200.150.5 00001010110010001001011000000101E

255.255.255.0 11111111111111111111111100000000

10.200.150.0 00001010110010001001011000000000Resultado

Agora é feita uma operação “E”, bit a bit, entre o Número IP e a máscara de sub-rede do computador de destino, conforme indicado na tabela a seguir:

10.200.150.8 00001010110010001001011000001000E

255.255.255.0 11111111111111111111111100000000

10.200.150.0 00001010110010001001011000000000Resultado

Agora o TCP/IP compara os resultados das duas operações. Se os dois resultados forem iguais, aos dois computadores, origem e destino, pertencem a mesma rede local. Neste caso o TCP/IP envia o pacote para o barramento da rede local. Todos os computadores recebem o pacote, mas somente o destinatário do pacote é que o captura e passa para processamento pelo Windows e pelo programa de destino. Como é que o computador sabe se ele é ou não o destinatário do pacote? Muito simples, no pacote de informações está contido o endereço IP do destinatário. Em cada computador, o TCP/IP compara o IP de destinatário do pacote com o IP do computador, para saber se o pacote é ou não para o respectivo computador.

Page 29: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

É o que acontece neste exemplo, pois o resultado das duas operações “E” é igual: 10.200.150.0, ou seja, os dois computadores pertencem a rede: 10.200.150.0

Como você já deve ter adivinhado, agora vamos a um exemplo, onde os dois computadores não pertencem a mesma rede, pelo menos devido às configurações do TCP/IP.

Exemplo 2: Suponha que o computador cujo IP é 10.200.150.5 (origem) queira enviar um pacote de informações para o computador cujo IP é 10.204.150.8 (destino), ambos com máscara de sub-rede igual a 255.255.255.0.

O primeiro passo é converter o número IP das duas máquinas e da máscara de sub-rede para binário. Com base nas regras que vimos anteriormente, teríamos a seguinte conversão:

Computador de origem:

10 200 150 5

00001010 11001000 10010110 00000101

Computador de destino:

10 204 150 8

00001010 11001100 10010110 00001000

Máscara de sub-rede:

255 255 255 0

11111111 11111111 11111111 00000000

Feitas as conversões para binário, vamos ver que tipo de cálculos o TCP/IP faz, para determinar se o computador de origem e o computador de destino estão na mesma rede. Em primeiro lugar é feita uma operação “E”, bit a bit, entre o Número IP e a máscara de Sub-rede do computador de origem, conforme indicado na tabela a seguir:

10.200.150.5 00001010110010001001011000000101E

255.255.255.0 11111111111111111111111100000000

Page 30: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

10.200.150.0 00001010110010001001011000000000Resultado

Agora é feita uma operação “E”, bit a bit, entre o Número IP e a máscara de sub-rede do computador de destino, conforme indicado na tabela a seguir:

10.204.150.8 00001010110011001001011000001000E

255.255.255.0 11111111111111111111111100000000

10.204.150.0 00001010110011001001011000000000Resultado

Agora o TCP/IP compara os resultados das duas operações. Neste exemplo, os dois resultados são diferentes: 10.200.150.0 e 10.204.150.0. Nesta situação o TCP/IP envia o pacote para o Roteador (endereço do Default Gateway configurado nas propriedades do TCP/IP) e o Roteador se encarrega de fazer o pacote chegar a rede do computador de destino. Em outras palavras o Roteador sabe entregar o pacote para a rede 10.204.150.0 ou sabe para quem enviar (um outro roteador), para que este próximo roteador possa encaminhar o pacote. Este processo continua até que o pacote seja entregue na rede de destino ou seja descartado, por não ter sido encontrada uma rota para a rede de destino.

Observe que, na figura anterior, temos dois computadores que, apesar de estarem fisicamente na mesma rede, não conseguirão se comunicar devido a um erro de configuração na máscara de sub-rede de um dos computadores. É o caso do computador 10.200.150.4 (com máscara de sub-rede 255.255.250.0). Como este computador está com uma máscara de sub-rede diferente dos demais computadores da rede (255.255.255.0), ao fazer os cálculos, o TCP/IP chega a conclusão que este computador pertence a uma rede diferente, o que faz com que ele não consiga se comunicar com os demais computadores da rede local.

Conclusão

Neste segunda lição do curso, apresentei aspectos relacionados com números binários e aritmética binária básica. Também mostrei como o protocolo TCP/IP usa os correspondentes binários do Número IP e da máscara de sub-rede, juntamente com uma operação “E”, para determinar se dois computadores estão na mesma rede ou não. Com base nestes cálculos, o TCP/IP encaminha os pacotes de informação de maneiras diferentes.

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Introdução

Na Parte 1 deste curso apresentei o protocolo TCP/IP e qual o seu papel em uma rede de computadores. Na Parte 2 apresentei os princípios básicos do sistema de numeração binário. Também mostrei como realizar cálculos simples e conversões de Binário para Decimal e vice-versa. Feita a apresentação das operações básicas com números binários, mostrei como o TCP/IP, através de cálculos binários e, com base na máscara de sub-rede (subnet mask), determina se dois computadores estão na mesma rede ou fazem parte de redes diferentes. Nesta Parte vou falar sobre o endereçamento IP. Mostrarei que, inicialmente, foram definidas classes de endereços IP. Porém, devido a uma possível falta de endereços, por causa do grande crescimento da Internet, novas alternativas tiveram que ser buscadas.

Endereçamento IP – Classes de Endereços

Nos vimos, na Parte 2, que a máscara de sub-rede é utilizada para determinar qual “parte” do endereço IP representa o número da Rede e qual parte representa o número da máquina dentro da rede. A máscara de sub-rede também foi utilizada na definição original das classes de endereço IP. Em cada classe existe um determinado número de redes possíveis e, em cada rede, um número máximo de máquinas.

Inicialmente foram definidas cinco classes de endereços, identificadas pelas letras: A, B, C, D e E. Vou iniciar com uma descrição detalhada de cada Classe de Endereços e, em seguida apresento um quadro resumo.

Redes Classe A

Esta classe foi definida com tendo o primeiro bit do número IP como sendo igual a zero. Com isso o primeiro número IP somente poderá variar de 1 até 126 (na prática até 127, mas o número 127 é um número reservado, conforme detalharei mais adiante). Observe, no esquema a seguir, explicado na Parte 2, que o primeiro bit sendo 0, o valor máximo (quando todos os demais bits são iguais a 1) a que se chega é de 127:

  0 1 1 1 1 1 1 1

Multiplica por: 27 26 25 24 23 22 21 20

equivale a: 128 64 32 16 8 4 2 1

Multiplicação: 0x128 1x64 1x32 1x16 1x8 1x4 1x2 1x1

Page 32: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

Resulta em: 0 64 32 16 8 4 2 1

Somando tudo: 0+64+32+16+8+4+2+1

Resulta em: 127

O número 127 não é utilizado como rede Classe A, pois é um número especial, reservado para fazer referência ao próprio computador. O número 127.0.0.1 é um número especial, conhecido como localhost. Ou seja, sempre que um programa fizer referência a localhost ou ao número 127.0.0.1, estará fazendo referência ao computador onde o programa está sendo executado.

Por padrão, para a Classe A, foi definida a seguinte máscara de sub-rede:  255.0.0.0. Com esta máscara de sub-rede observe que temos 8 bits para o endereço da rede e 24 bits para o endereço da máquina dentro da rede. Com base no número de bits para a rede e para as máquinas, podemos determinar quantas redes Classe A podem existir e qual o número máximo de máquinas por rede. Para isso utilizamos a fórmula a seguir:

2n- 2

,onde “n” representa o número de bits utilizado para a rede ou para a identificação da máquina dentro da rede. Vamos aos cálculos:

Número de redes Classe A

Número de bits para a rede: 7. Como o primeiro bit sempre é zero, este não varia. Por isso sobram 7 bits (8-1) para formar diferentes redes:

27-2 ->  128-2 -> 126 redes Classe A

Número de máquinas (hosts) em uma rede Classe A

Número de bits para identificar a máquina: 24

224-2 ->  16777216 - 2 -> 16777214 máquinas em cada rede classe A.

Na Classe A temos apenas um pequeno número de redes disponíveis, porém um grande número de máquinas em cada rede.

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Já podemos concluir que este número de máquinas, na prática, jamais será instalado em uma única rede. Com isso observe que, com este esquema de endereçamento, teríamos poucas redes Classe A (apenas 126) e com um número muito grande de máquinas em cada rede. Isso causaria desperdício de endereços IP, pois se o endereço de uma rede Classe A fosse disponibilizado para um empresa, esta utilizaria apenas uma pequena parcela dos endereços disponíveis e todos os demais endereços ficariam sem uso. Para resolver esta questão é que passou-se a utilizar a divisão em sub-redes, assunto este que será visto na Parte 5 destes curso.

Redes Classe B

Esta classe foi definida com tendo os dois primeiros bits do número IP como sendo sempre iguais a 1 e 0. Com isso o primeiro número do endereço IP somente poderá variar de 128 até 191. Como o segundo bit é sempre 0, o valor do segundo bit que é 64 nunca é somado para o primeiro número IP, com isso o valor máximo fica em: 255-64, que é o 191. Observe, no esquema a seguir, explicado na Parte 2 deste curso, que o primeiro bit sendo 1 e o segundo sendo 0, o valor máximo (quando todos os demais bits são iguais a 1) a que se chega é de 191:

  1 0 1 1 1 1 1 1

Multiplica por: 27 26 25 24 23 22 21 20

equivale a: 128 64 32 16 8 4 2 1

Multiplicação: 1x128 0x64 1x32 1x16 1x8 1x4 1x2 1x1

Resulta em: 128 0 32 16 8 4 2 1

Somando tudo: 128+0+32+16+8+4+2+1

Resulta em: 191

Por padrão, para a Classe B, foi definida a seguinte máscara de sub-rede:  255.255.0.0. Com esta máscara de sub-rede observe que temos 16 bits para o endereço da rede e 16 bits para o endereço da máquina dentro da rede. Com base no número de bits para a rede e para as máquinas, podemos determinar quantas redes Classe B podem existir e qual o número máximo de máquinas por rede. Para isso utilizamos a fórmula a seguir:

Page 34: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

2n- 2

,onde “n” representa o número de bits utilizado para a rede ou para a identificação da máquina dentro da rede. Vamos aos cálculos:

Número de redes Classe B

Número de bits para a rede: 14. Como o primeiro e o segundo bit são sempre 10, fixos, não variam,  sobram 14 bits (16-2) para formar diferentes redes:

214-2 ->  16384-2 -> 16382 redes Classe B

Número de máquinas (hosts) em uma rede Classe B

Número de bits para identificar a máquina: 16

216-2 ->  65536-2 -> 65534 máquinas em cada rede classe B

Na Classe B temos um número razoável de redes Classe B, com um bom número de máquinas em cada rede.

O número máximo de máquinas, por rede Classe B já está mais próximo da realidade para as redes de algumas grandes empresas tais como Microsoft, IBM, HP, GM, etc. Mesmo assim, para muitas empresas menores, a utilização de um endereço Classe B, representa um grande desperdício de números IP. Conforme veremos na Parte 7 deste tutorial é possível usar um número diferentes de bits para a máscara de sub-rede, ao invés dos 16 bits definidos por padrão para a Classe B (o que também é possível com Classe A e Classe C). Com isso posso dividir uma rede classe B em várias sub-redes menores, com um número menor de máquinas em cada sub-rede. Mas isso é assunto para a Parte 7 deste tutorial.

Redes Classe C

Esta classe foi definida com tendo os três primeiros bits do número IP como sendo sempre iguais a 1, 1 e 0. Com isso o primeiro número do endereço IP somente poderá variar de 192 até 223. Como o terceiro bit é sempre 0, o valor do terceiro bit que é 32 nunca é somado para o primeiro número IP, com isso o valor máximo fica em: 255-32, que é 223. Observe, no esquema a seguir, explicado na Parte 2 deste tutorial, que o primeiro bit sendo 1, o segundo bit sendo 1 e o terceiro bit sendo 0, o valor máximo (quando todos os demais bits são iguais a 1) a que se chega é de 223:

  1 1 0 1 1 1 1 1

Multiplica por: 27 26 25 24 23 22 21 20

Page 35: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

equivale a: 128 64 32 16 8 4 2 1

Multiplicação: 1x128 1x64 0x32 1x16 1x8 1x4 1x2 1x1

Resulta em: 128 64 0 16 8 4 2 1

Somando tudo: 128+64+0+16+8+4+2+1

Resulta em: 223

Por padrão, para a Classe C, foi definida a seguinte máscara de sub-rede:  255.255.255.0. Com esta máscara de sub-rede observe que temos 24 bits para o endereço da rede e apenas 8 bits para o endereço da máquina dentro da rede. Com base no número de bits para a rede e para as máquinas, podemos determinar quantas redes Classe C podem existir e qual o número máximo de máquinas por rede. Para isso utilizamos a fórmula a seguir:

2n- 2

,onde “n” representa o número de bits utilizado para a rede ou para a identificação da máquina dentro da rede. Vamos aos cálculos:

Número de redes Classe C

Número de bits para a rede: 21. Como o primeiro, o segundo e o terceiro bit são sempre 110, ou seja:fixos, não variam,  sobram 21 bits (24-3) para formar diferentes redes:

221-2 ->  2.097.152-2 -> 2.097.150 redes Classe C

Número de máquinas (hosts) em uma rede Classe C:

Número de bits para identificar a máquina: 8 28-2 ->  256-2 -> 254 máquinas em cada rede classe C

Observe que na Classe C temos um grande número de redes disponíveis, com, no máximo, 254 máquinas em cada rede. É o ideal para empresas de pequeno porte. Mesmo com a Classe C, existe um grande desperdício de endereços. Imagine uma pequena empresa com apenas 20 máquinas em rede. Usando um endereço Classe C, estariam sendo desperdiçados 234 endereços. Conforme já descrito

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anteriormente, esta questão do desperdício de endereços IP pode ser resolvida através da utilização de sub-redes.

Redes Classe D

Esta classe foi definida com tendo os quatro primeiros bits do número IP como sendo sempre iguais a 1, 1, 1 e 0.  A classe D é uma classe especial, reservada para os chamados endereços de Multicast. Falaremos sobre Multicast, Unicast e Broadcast em uma das próximas partes deste tutorial.

Redes Classe E

Esta classe foi definida com tendo os quatro primeiros bits do número IP como sendo sempre iguais a 1, 1, 1 e 1.  A classe E é uma classe especial e está reservada para uso futuro.

Quadro resumo das Classes de Endereço IP

A seguir apresento uma tabela com as principais características de cada Classe de Endereços IP:

ClassePrimeiros bits

Núm. de redes

Número de hosts

Máscara padrão

A 0 126 16.777.214 255.0.0.0

B 10 16.382 65.534 255.255.0.0

C 110 2.097.150 254 255.255.255.0

D 1110 Utilizado para tráfego Multicast

E 1111 Reservado para uso futuro

Endereços Especiais

Existem alguns endereços IP especiais, reservados para funções específicas e que não podem ser utilizados como endereços de uma máquina da rede. A seguir descrevo estes endereços.

Endereços da rede 127.0.0.0: São utilizados como um aliás (apelido), para fazer referência a própria máquina. Normalmente é utilizado o endereço 127.0.0.1, o qual é associado ao nome localhost. Esta associação é feita através do

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arquivo hosts. No Windows 95/98/Me o arquivo hosts está na pasta onde o Windows foi instalado e no Windows 2000/XP/Vista/2003, o arquivo hosts está no seguinte caminho: system32/drivers/etc, sendo que este caminho fica dentro da pasta onde o Windows foi instalado.

Endereço com todos os bits destinados à identificação da máquina, iguais a 0: Um endereço com zeros em todos os bits de identificação da máquina, representa o endereço da rede. Por exemplo, vamos supor que você tenha uma rede Classe C. A máquina a seguir é uma máquina desta rede: 200.220.150.3. Neste caso o endereço da rede é: 200.220.150.0, ou seja, zero na parte destinada a identificação da máquina. Sendo uma rede classe C, a máscara de sub-rede é 255.255.255.0.

Endereço com todos os bits destinados à identificação da máquina, iguais a 1: Um endereço com valor 1 em todos os bits de identificação da máquina, representa o endereço de broadcast. Por exemplo, vamos supor que você tenha uma rede Classe C. A máquina a seguir é uma máquina desta rede: 200.220.150.3. Neste caso o endereço de broadcast desta rede é o seguinte: 200.220.150.255, ou seja, todos os bits da parte destinada à identificação da máquina, iguais a 1. Sendo uma rede classe C, a máscara de sub-rede é 255.255.255.0. Ao enviar uma mensagem para o endereço do broadcast, a mensagem é endereçada para todos as máquinas da rede.

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Introdução

Na Parte 1 apresentei o protocolo TCP/IP e qual o seu papel em uma rede de computadores. Na Parte 2 apresentei os princípios básicos do sistema de numeração binário. Também mostrei como realizar cálculos simples e conversões de Binário para Decimal e vice-versa. Feita a apresentação das operações básicas com números binários, vimos como o protocolo TCP/IP, através de cálculos binários e, com base na máscara de sub-rede (subnet mask), determina se dois computadores estão na mesma rede ou fazem parte de redes diferentes. Na Parte 3 falei sobre o endereçamento IP. Mostrei que, inicialmente, foram definidas classes de endereços IP. Porém, devido a uma possível falta de endereços, por causa do grande crescimento da Internet, novas alternativas tiveram que ser buscadas. Nesta parte vou iniciar a abordagem sobre Roteamento. Falarei sobre o papel dos roteadores na ligação entre redes locais (LANs) para formar uma WAN. Mostrarei alguns exemplos básicos de roteamento. Na Parte 5 vou aprofundar um pouco mais a discussão sobre Roteamento.

O papel do Roteador em uma rede de computadores

Nos vimos, na Parte 2, que a máscara de sub-rede é utilizada para determinar qual “parte” do endereço IP representa o número da Rede e qual parte representa o número da máquina dentro da rede. A máscara de sub-rede também foi utilizada na definição original das classes de endereço IP. Em cada classe existe um determinado número de redes possíveis e, em cada rede, um número máximo de máquinas (veja Parte 3). Com base na máscara de sub-rede o protocolo TCP/IP determina se o computador de origem e o de destino estão na mesma rede local. Com base em cálculos binários, o TCP/IP pode chegar a dois resultados distintos:

O computador de origem e o computador de destino estão na mesma rede local: Neste caso os dados são enviados para o barramento da rede local. Todos os computadores da rede recebem os dados. Ao receber os dados cada computador analisa o campo Número IP do destinatário. Se o IP do destinatário for igual ao IP do computador, os dados são capturados e processados pelo sistema, caso contrário são simplesmente descartados. Observe que com este procedimento, apenas o computador de destino é que efetivamente processa os dados para ele enviados, os demais computadores simplesmente descartam os dados.

O computador de origem e de destino não estão na mesma rede local: Neste caso os dados são enviados o equipamento com o número IP configurado no parâmetro Default Gateway (Gateway Padrão). Ou seja, se após os cálculos baseados na máscara de sub-rede, o TCP/IP chegar a conclusão

Page 39: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

que o computador de destino e o computador de origem não fazem parte da mesma rede local, os dados são enviados para o Default Gateway, o qual será encarregado de encontrar um caminho para enviar os dados até o computador de destino. Esse “encontrar o caminho“ é tecnicamente conhecido como Rotear os dados até o destino (ou melhor, rotear os dados até a rede do computador de destino). O responsável por “Rotear” os dados é o equipamento que atua como Default Gateway o qual é conhecido como Roteador. Com isso fica fácil entender o papel do Roteador:

“O Roteador é o responsável por encontrar um caminho entre a rede onde está o computador que enviou os dados (computador de origem) e a rede onde está o computador que irá receber os dados (computador de destino).”

Quando ocorre um problema com o Roteador, tornando-o indisponível, você consegue se comunicar normalmente com os demais computadores da sua rede local, porém não conseguirá comunicação com outras redes de computadores, como por exemplo a Internet.

Como Verificar o Default Gateway no Windows 2000/Windos XP ou Windows Server 2003?

Você pode verificar as configurações do TCP/IP de um computador com o Windows 2000, Windows Server 2003 ou Windows XP de duas maneiras distintas: Acessando as propriedades da interface de rede ou com o comando ipconfig. A seguir descrevo estas duas maneiras:

Verificando as configurações do TCP/IP usando a interface gráfica:

1.       Clique com o botão direito do mouse no ícone Meus locais de rede, na Área de trabalho.

2.       No menu que é exibido clique na opção Propriedades.

3.       Será exibida a janela Conexões dial-up e de rede. Nessa janela é exibido um ícone para cada conexão disponível. Por exemplo, se o seu computador estiver conectado a uma rede local e também tiver uma conexão via Modem, será exibido um ícone para cada conexão. Nesta janela também está disponível o ícone “Fazer nova conexão”. Com esse ícone você pode criar novas conexões. Na figura a seguir temos um exemplo onde está disponível apenas uma conexão de rede local:

Page 40: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

4.       Clique com o botão direito do mouse no ícone “Conexão de rede local”. No menu de opções que é exibido clique em Propriedades.

5.       Será exibida a janela de Propriedades da conexão de rede local, conforme indicado na figura a seguir:

6.       Clique na opção Protocolo Internet (TCP/IP) e depois clique no botão Propriedades.

Page 41: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

7.       A janela de propriedades do TCP/IP será exibida, conforme indicado na próxima figura. Nesta janela são exibidas informações sobre o número IP do computador, a máscara de sub-rede, o Gateway padrão e o número IP dos servidores DNS primário e secundário. Se a opção obter um endereço IP automaticamente estiver marcada, o computador tentará obter todas estas configurações a partir de um servidor DHCP, durante a inicialização do Windows. Neste caso as informações sobre as configurações TCP/IP, inclusive o número IP  do Roteador (Gateway Padrão), somente poderão ser obtidas através do comando ipconfig, conforme descrevo logo a seguir.

8.       Clique em OK para fechar a janela de Propriedades do protocolo TCP/IP.

9.       Você estará de volta a janela de Propriedades da conexão de rede local. Clique em OK para fechá-la.

10.     Você estará de volta à janela Conexões dial-up e de rede. Feche-a.

Verificando as configurações do TCP/IP usando o comando ipconfig

Para verificar as configurações do TCP/IP, utilizando o comando ipconfig, siga os seguintes passos:

Page 42: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

1.       Abra o Prompt de comando: Iniciar -> Programas -> Acessórios -> Prompt de comando.

2.       Digite o comando ipconfig/all

3.       Serão listadas as configurações do TCP/IP, conforme exemplo da listagem a seguir, onde uma das informações exibidas é o número IP do Gateway Padrão (Default Gateway):

Configuração de IP do Windows 2000

        Nome do host . . . . . . . . . . . :                MICRO080        Sufixo DNS primário. . . . . . . . :               abc.com.br        Tipo de nó . . . . . . . . . . . . :                    Híbrida        Roteamento de IP ativado . . . . . :         Não        Proxy WINS ativado . . . . . . . . :             Não        Lista de pesquisa de sufixo DNS. . :       abc.com.br                                                                       vendas.abc.com.br                                                                       finan.abc.com.br

Ethernet adaptador Conexão de rede local:

        Sufixo DNS específico de conexão . :                  abc.com.br        Descrição. . . . . . . . . . . . . :                                3COM - AX 25        Endereço físico. . . . . . . . . . :                              04-02-B3-92-82-CA        DHCP ativado . . . . . . . . . . . :                             Sim        Configuração automática ativada. . :                 Sim        Endereço IP. . . . . . . . . . . . :                              10.10.10.222        Máscara de sub-rede. . . . . . . . :                        255.255.0.0        Gateway padrão . . . . . . . . . . :                          10.10.10.1        Servidor DHCP. . . . . . . . . . . :                            10.10.10.2        Servidores DNS . . . . . . . . . . :                            10.10.10.2        Servidor WINS primário . . . . . . :                        10.10.10.2

Explicando Roteamento – um exemplo prático

Vou iniciar a explicação sobre como o roteamento funciona, através da análise de um exemplos simples. Vamos imaginar a situação de uma empresa que tem a matriz em SP e uma filial no RJ. O objetivo é conectar a rede local da matriz em SP com a rede local da filial no RJ, para permitir a troca de mensagens e documentos entre os dois escritórios. Nesta situação o primeiro passo é contratar um link de comunicação entre os dois escritórios. Em cada escritório deve ser instalado um Roteador. E finalmente os roteadores devem ser configurados para que seja possível a troca de informações entre as duas redes. Na figura a seguir temos a ilustração desta pequena rede de longa distância (WAN). Em seguida vamos explicar como funciona o roteamento entre as duas redes:

Page 43: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

Nesta pequena rede temos um exemplo simples de roteamento, mas muito a explicar. Então vamos ao trabalho.

Como está configurado o endereçamento das redes locais e dos roteadores?

Rede de SP: Esta rede utiliza um esquema de endereçamento 10.10.10.0, com máscara de sub-rede 255.255.255.0. Observe que embora, teoricamente, seria uma rede Classe A, estamos utilizando uma máscara de sub-rede classe C. Na prática, é uma rede Classe C, pois, na prática, consideramos a Máscara de Sub-rede como critério para definir a classe de rede e não as faixas teóricas, apresentadas na Parte 3. Veja a parte 3 para detalhes sobre Classes de Endereços IP.

Rede de RJ: Esta rede utiliza um esquema de endereçamento 10.10.20.0, com máscara de sub-rede 255.255.255.0. Observe que embora, teoricamente, seria uma rede Classe A, estamos utilizando uma máscara de sub-rede classe C. Veja a Parte 3 para detalhes sobre Classes de Endereços IP.

Roteadores: Cada roteador possui duas interfaces. Uma é a chamada interface de LAN (rede local), a qual conecta o roteador com a rede local. A outra é a interface de WAN (rede de longa distância), a qual conecta o roteador com o link de dados. Na interface de rede local, o roteador deve ter um endereço IP da rede interna. No roteador de SP, o endereço é

Page 44: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

10.10.10.1. Não é obrigatório, mas é um padrão normalmente adotado, utilizar o primeiro endereço da rede para o Roteador. No roteador do RJ, o endereço é 10.10.20.1

Rede dos roteadores: Para que as interfaces externas dos roteadores possam se comunicar, eles devem fazer parte de uma mesma rede, isto é, devem compartilhar um esquema de endereçamento comum. As interfaces externas dos roteadores (interfaces WAN), fazem parte da rede 10.10.30.0, com máscara de sub-rede 255.255.255.0.

Na verdade - 3 redes: Com isso temos, na prática três redes, conforme resumido a seguir:

o SP: 10.10.10.0/255.255.255.0

o RJ: 10.10.20.0/255.255.255.0

o Interfaces WAN dos Roteadores: 10.10.30.0/255.255.255.0

Na prática é como se a rede 10.10.30.0 fosse uma “ponte” entre as duas outras redes.

Como é feita a interligação entre as duas redes?

Vou utilizar um exemplo prático, para mostrar como é feito o roteamento entre as duas redes.

Exemplo: Vamos analisar como é feito o roteamento, quando um computador da rede em SP, precisa acessar informações de um computador da rede no RJ. O computador SP-01 (10.10.10.5), precisa acessar um arquivo que está em uma pasta compartilhada do computador RJ-02 (10.10.20.12). Como é feito o roteamento, de tal maneira que estes dois computadores possam trocar informações? Acompanhe os passos descritos a seguir:

1.       O computador SP-01 é o computador de origem e o computador RJ-02 é o computador de destino. A primeira ação do TCP/IP é fazer os cálculos para verificar se os dois computadores estão na mesma rede (veja como são feitos estes cálculos na Parte 2). Os seguintes dados são utilizados para realização destes cálculos:

SP-01: 10.10.10.5/255.255.255.0 RJ-02: 10.10.20.12/255.255.255.0

2.       Feitos os cálculos, o TCP/IP chega a conclusão de que os dois computadores pertencem a redes diferentes: SP-01 pertence a rede 10.10.10.0 e RJ-02 pertence a rede 10.10.20.0.

Page 45: Como Montar Uma Pequena Rede Usando Um Roteador Banda Larga

3.       Como os computadores pertencem a redes diferentes, os dados devem ser enviados para o Roteador.

4.       No roteador de SP chega o pacote de informações com o IP de destino: 10.10.20.12. O roteador precisa consultar a sua tabela de roteamento (assunto da Parte 5) e verificar se ele conhece um caminho para a rede 10.10.20.0.

5.       O roteador de SP tem, em sua tabela de roteamento, a informação de que pacotes para a rede 10.10.20.0 devem ser encaminhados pela interface 10.10.30.1. É isso que ele faz, ou seja, encaminha os pacotes através da interface de WAN: 10.10.30.1.

6.       Os pacotes de dados chegam na interface 10.10.30.1 e são enviados, através do link de comunicação, para a interface 10.10.30.2, do roteador do RJ.

7.       No roteador do RJ chega o pacote de informações com o IP de destino: 10.10.20.12. O roteador precisa consultar a sua tabela de roteamento (assunto da Parte 5) e verificar se ele conhece um caminho para a rede 10.10.20.0.

8.       O roteador do RJ tem, em sua tabela de roteamento, a informação de que pacotes para a rede 10.10.20.0 devem ser encaminhados pela interface de LAN 10.10.20.1, que é a interface que conecta o roteador a rede local 10.10.20.1. O pacote é enviado, através da interface 10.10.20.1, para o barramento da rede local. Todos os computadores recebem os pacotes de dados e os descartam, com exceção do computador 10.10.20.12 que é o computador de destino.

9.       Para que a resposta possa ir do computador RJ-02 de volta para o computador SP-01, um caminho precisa ser encontrado, para que os pacotes de dados possam ser roteados do RJ para SP. Para tal todo o processo é executado novamente, até que a resposta chegue ao computador SP-01.

10.     A chave toda para o processo de roteamento é o software presente nos roteadores, o qual atua com base em tabelas de roteamento, as quais serão descritas na Parte 5.

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Introdução

Esta é a quinta parte do Tutorial de TCP/IP. Na Parte 1 tratei dos aspectos básicos do protocolo TCP/IP. Na Parte 2 falei sobre cálculos binários, um importante tópico para entender sobre redes, máscara de sub-rede e roteamento. Na Parte 3 falei sobre Classes de endereços e na Parte 4 fiz uma introdução ao roteamento. Agora falarei mais um pouco sobre roteamento.

Mais um exemplo de roteamento

Neste item vou analisar mais alguns exemplos de roteamento e falar sobre tabela de roteamento.

Exemplo 01: Considere a rede indicada no diagrama da Figura a seguir:

Primeiro alguns comentários sobre a WAN apresentada na Figura:

1. A WAN é formada pela conexão de quatro redes locais, com as seguintes características:

RedeNúmero da rede

Máscara de sub-rede

01 10.10.10.0 255.255.255.0

02 10.10.20.0 255.255.255.0

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03 10.10.30.0 255.255.255.0

04 10.10.40.0 255.255.255.0

2. Existe uma quinta rede que é a rede formada pelas interfaces de WAN dos roteadores. Este rede apresenta as seguintes características:

Rede Número da rede Máscara de sub-rede

Roteadores 10.10.5.0 255.255.255.0

3. Existem três roteadores fazendo a conexão das quatro redes existentes. Com as configurações apresentadas, qualquer rede é capaz de se comunicar com qualquer outra rede da WAN.

4. Existem pontos únicos de falha. Por exemplo, se o Roteador 03 apresentar problemas, a Rede 03 ficará completamente isolada das demais redes. Se o Roteador 02 apresentar problemas, as Redes 02 e 04 ficarão isoladas das demais redes e também isoladas entre si.

5. As redes 02 e 04 estão diretamente conectadas ao Roteador 02. Cada rede em uma interface do roteador. Este pode ser um exemplo de um prédio com duas redes locais, as quais são conectadas através do roteador. Neste caso, o papel do Roteador 02 é conectar as redes 02 e 04 entre si e estas redes com o restante da WAN.

6. A interface de conexão do roteador com a rede local utiliza sempre o primeiro número IP da faixa disponível (10.10.10.1, 10.10.20.1 e assim por diante). Não é obrigatório reservar o primeiro IP para a interface de LAN do roteador (número este que será configurado como Default Gateway nas estações de trabalho da respectiva rede, conforme descrito anteriormente). Embora não seja obrigatório é uma convenção comumente utilizada.

Agora que apresentei alguns comentários sobre a rede da figura anterior, vamos analisar como será feito o roteamento entre as diferentes redes.

Primeira análise: Analisar como é feito o roteamento, quando um computador da Rede 01, precisa acessar informações de um computador da Rede 03. Por exemplo, o computador 10.10.10.25 da Rede 01, precisa acessar um arquivo que está em uma pasta compartilhada do computador 10.10.30.144 da Rede 03. Neste caso a rede de origem é a rede 10.10.10.0 e a rede de destino é 10.10.30.0.

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Como é feito o roteamento, de tal maneira que estes dois computadores possam trocar informações?

Acompanhe os passos descritos a seguir:

1. O computador 10.10.10.25 é o computador de origem e o computador 10.10.30.144 é o computador de destino. A primeira ação do TCP/IP é fazer os cálculos para verificar se os dois computadores estão na mesma rede, conforme explicado no Capítulo 2. Os seguintes dados são utilizados para realização destes cálculos:

Computador na Rede 01: 10.10.10.25/255.255.255.0 Computador na Rede 03: 10.10.30.144/255.255.255.0

2. Feitos os cálculos, o protocolo TCP/IP "chega a conclusão" de que os dois computadores pertencem a redes diferentes: O computador 10.10.10.25 pertence a rede 10.10.10.0 e o computador 10.10.30.144 pertence a rede 10.10.30.0.

Nota: Para detalhes sobre estes cálculos consulte a Parte 2 deste tutorial.

3. Como os computadores pertencem a redes diferentes, os dados devem ser enviados para o Roteador da rede 10.10.10.0, que é a rede do computador de origem.

4. O pacote é enviado para o roteador da rede 10.10.10.0, que está conectado através da interface 10.10.10.1. Neste roteador, pela interface 10.10.10.1, chega o pacote de informações com o IP de destino: 10.10.30.144. O roteador precisa consultar a sua tabela de roteamento e verificar se ele conhece um caminho para a rede 10.10.30.0, ou seja, se ele sabe para quem enviar um pacote de informações, destinado a rede 10.10.30.0.

5. O Roteador 01 tem, em sua tabela de roteamento, a informação de que pacotes para a rede 10.10.30.0 devem ser encaminhados pela interface de WAN 10.10.5.1. É isso que ele faz, ou seja, encaminha os pacotes através da interface de WAN: 10.10.5.1.

6. Os pacotes de dados chegam na interface de WAN 10.10.5.1 e são enviados, através do link de comunicação, para a interface de WAN 10.10.5.2, do roteador da Rede 03.

7. No Roteador 03 chega o pacote de informações com o IP de destino: 10.10.30.144. O roteador precisa consultar a sua tabela de roteamento e verificar se ele conhece um caminho para a rede 10.10.30.0.

8. O Roteador 03 tem, em sua tabela de roteamento, a informação de que pacotes para a rede 10.10.30.0 devem ser encaminhados pela

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interface de LAN 10.10.30.1, que é a interface que conecta o Roteador 03 à rede local 10.10.30.0. O pacote é enviado, através da interface 10.10.30.1, para o barramento da rede local. Todos os computadores recebem os pacotes de dados e os descartam, com exceção do computador 10.10.30.144 que é o computador de destino.

9. Para que a resposta possa retornar do computador 10.10.30.144 para o computador 10.10.10.25, um caminho precisa ser encontrado, para que os pacotes de dados possam ser roteados da Rede 03 para a Rede 01 (o caminho de volta no nosso exemplo). Para tal todo o processo é executado novamente, até que a resposta chegue ao computador 10.10.10.25.

10. A chave toda para o processo de roteamento é o software presente nos roteadores, o qual atua com base em tabelas de roteamento.

Segunda análise: Analisar como é feito o roteamento, quando um computador da Rede 03, precisa acessar informações de um computador da Rede 02. Por exemplo, o computador 10.10.30.25 da Rede 03, precisa acessar uma impressora que está compartilhada do computador 10.10.20.144 da Rede 02. Neste caso a rede de origem é a rede 10.10.30.0 e a rede de destino é 10.10.20.0. Como é feito o roteamento, de tal maneira que estes dois computadores possam trocar informações?

Acompanhe os passos descritos a seguir:

1. O computador 10.10.30.25 é o computador de origem e o computador 10.10.20.144 é o computador de destino. A primeira ação do TCP/IP é fazer os cálculos para verificar se os dois computadores estão na mesma rede, conforme explicado no Capítulo 2. Os seguintes dados são utilizados para realização destes cálculos:

Computador na Rede 03: 10.10.30.25/255.255.255.0 Computador na Rede 02: 10.10.20.144/255.255.255.0

2. Feitos os cálculos, o protocolo TCP/IP "chega a conclusão" de que os dois computadores pertencem a redes diferentes: O computador 10.10.30.25 pertence a rede 10.10.30.0 e o computador 10.10.20.144 pertence a rede 10.10.20.0.

Nota: Para detalhes sobre estes cálculos consulte a Parte 2 deste tutorial.

3. Como os computadores pertencem a redes diferentes, os dados devem ser enviados para o Roteador da rede 10.10.30.0, que é a rede do computador de origem.

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4. O pacote é enviado para o roteador da rede 10.10.30.0, que está conectado através da interface de LAN 10.10.30.1. Neste roteador, pela interface 10.10.30.1, chega o pacote de informações com o IP de destino: 10.10.20.144. O roteador precisa consultar a sua tabela de roteamento e verificar se ele conhece um caminho direto para a rede 10.10.20.0, ou seja, se ele sabe para quem enviar um pacote de informações, destinado a rede 10.10.20.0.

5. Não existe um caminho direto para a rede 10.10.20.0. Tudo o que o roteador pode fazer é saber para quem enviar o pacote, quando o destino for a rede 10.10.20.0. Neste caso ele enviará o pacote para outro roteador e não diretamente para a rede 10.10.20.0. O Roteador 03 tem, em sua tabela de roteamento, a informação de que pacotes destinados à rede 10.10.20.0 devem ser encaminhados pela interface de WAN 10.10.5.2. É isso que ele faz, ou seja, encaminha os pacotes através da interface de WAN: 10.10.5.2.

6. Os pacotes de dados chegam na interface de WAN 10.10.5.2 e são enviados, através do link de comunicação, para a interface de WAN 10.10.5.1, do Roteador 01.

7. No Roteador 01 chega o pacote de informações com o IP de destino: 10.10.20.144. O roteador precisa consultar a sua tabela de roteamento e verificar se ele conhece um caminho para a rede 10.10.20.0.

8. Na tabela de roteamento do Roteador 01, consta a informação que pacotes para a rede 10.10.20.0, devem ser enviados para a interface de WAN 10.10.5.3, do Roteador 02. É isso que ele faz, ou seja, roteia (encaminha) o pacote para a interface de WAN 10.10.5.3.

9. O pacote chega à interface de WAN do Roteador 02. O Roteador 02 tem, em sua tabela de roteamento, a informação de que pacotes para a rede 10.10.20.0 devem ser encaminhados pela interface de LAN 10.10.20.1, que é a interface que conecta o Roteador 02 à rede local 10.10.20.0. O pacote é enviado, através da interface 10.10.20.1, para o barramento da rede local. Todos os computadores recebem os pacotes de dados e os descartam, com exceção do computador 10.10.20.144 que é o computador de destino.

10. Para que a resposta possa retornar do computador 10.10.20.144 para o computador 10.10.30.25, um caminho precisa ser encontrado, para que os pacotes de dados possam ser roteados da Rede 02 para a Rede 03 (o caminho de volta no nosso exemplo). Para tal todo o processo é executado novamente, até que a resposta chegue ao computador 10.10.30.25.

Algumas considerações sobre roteamento

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A chave toda para o processo de roteamento é o software presente nos roteadores, o qual atua com base em tabelas de roteamento (assunto da Parte 6). Ou o roteador sabe entregar o pacote diretamente para a rede de destino ou sabe para qual roteador enviar. Esse processo continua, até que seja possível alcançar a rede de destino. Claro que em redes mais complexas pode haver mais de um caminho entre origem e destino. Por exemplo, na Internet, pode haver dois ou mais caminhos possíveis entre o computador de origem e o computador de destino. Quando um arquivo é transmitido entre os computadores de origem e destino, pode acontecer de alguns pacotes de informação serem enviados por um caminho e outros pacotes por caminhos diferentes. Os pacotes podem, inclusive, chegar fora de ordem no destino. O protocolo TCP/IP é o responsável por identificar cada pacote e colocá-los na seqüência correta.

Existem também um número máximo de roteadores pelos quais um pacote pode passar, antes de ser descartado. Normalmente este número é de 16 roteadores. No exemplo da segunda análise, cada pacote passa por dois roteadores, até sair de um computador na Rede 03 e chegar ao computador de destino, na Rede 02. Este passar por dois roteadores é tecnicamente conhecido como "ter um caminho de 2 hopes". Um hope significa que passou por um roteador. Diz-se, com isso, que o caminho máximo de um pacote é de 16 hopes. Isso é feito para evitar que pacotes fiquem circulando indefinidamente na rede e congestionem os links de WAN, podendo até chegar a paralisar a rede.

Uma situação que poderia acontecer, por erro nas tabelas de roteamento, é um roteador x mandar um pacote para o y, o roteador y mandar de volta para o x, o roteador x de volta para y e assim indefinidamente. Esta situação ocorreria por erros nas tabelas de roteamento. Para evitar que estes pacotes ficassem circulando indefinidamente na rede, é que foi definido o limite de 16 hopes.

Outro conceito que pode ser encontrado, em relação a roteamento, é o de entrega direta ou entrega indireta. Vamos ainda utilizar o exemplo da rede da Figura 16.2. Quando dois computadores da mesma rede (por exemplo a rede 10.10.10.0) trocam informações entre si, as informações são enviadas para o barramento da rede local e o computador de destino captura e processa os dados. Dizemos que este é um caso de entrega direta. Quando computadores de redes diferentes tentam se comunicar (por exemplo, um computador da rede 10.10.10.0 e um da rede 10.10.20.0), os pacotes de informação são enviados através dos roteadores da rede, até chegar ao destino. Depois a resposta percorre o caminho inverso. Este processo é conhecido como entrega indireta.

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Introdução

Esta é a sexta parte do Tutorial de TCP/IP. Na Parte 1 tratei dos aspectos básicos do protocolo TCP/IP. Na Parte 2 falei sobre cálculos binários, um importante tópico para entender sobre redes, máscara de sub-rede e roteamento. Na Parte 3 falei sobre Classes de endereços IP, na Parte 4 fiz uma introdução ao roteamento e na Parte 5 apresentei mais alguns exemplos e análises de como funciona o roteamento. Agora falarei mais um pouco sobre roteamento.

Tabelas de roteamento

Falei na Parte 5 que toda a funcionalidade do Roteador é baseada em tabelas de roteamento. Quando um pacote chega em uma das interfaces do roteador, ele analisa a sua tabela de roteamento, para verificar se na tabela de roteamento, existe uma rota para a rede de destino. Pode ser uma rota direta ou então para qual roteador o pacote deve ser enviado. Este processo continua até que o pacote seja entregue na rede de destino, ou até que o limite de 16 hopes (para simplificar imagine um hope como sendo um roteador da rede) tenha sido atingido.

Na Figura a seguir apresento um exemplo de uma "mini-tabela" de roteamento:

Cada linha é uma entrada da tabela. Por exemplo, a linha a seguir é que define o Default Gateway da ser utilizado:

0.0.0.0     0.0.0.0     200.175.106.54     200.175.106.54     1

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Neste tópico você aprenderá sobre os campos que compõem uma entrada da tabela de roteamento e o significado de cada campo. Também aprenderá a interpretar a tabela de roteamento que existe em um computador com o Windows 2000, Windows XP ou Windows Server 2003.

Campos de uma tabela de roteamento

Uma entrada da tabela de roteamento possui os campos indicados no esquema a seguir e explicados logo em seguida:  

 

Network ID: Este é o endereço de destino. Pode ser o endereço de uma rede (por exemplo: 10.10.10.0), o endereço de um equipamento da rede, o endereço de uma sub-rede (veja detalhes sobre sub-redes na Parte 7) ou o endereço da rota padrão (0.0.0.0). A rota padrão significa: "a rota que será utilizada, caso não tenha sido encontrada uma rota específica para o destino". Por exemplo, se for definida que a rota padrão deve ser envida pela interface com IP 10.10.5.2 de um determinado roteador, sempre que chegar um pacote, para o qual não existe uma rota específica para o destino do pacote, este será enviado pela rota padrão, que no exemplo seria a interface 10.10.5.2. Falando de um jeito mais simples: Se não souber para onde mandar, manda para a rota padrão.

Network Mask: A máscara de sub-rede utilizada para a rede de destino.

Next Hop: Endereço IP da interface para a qual o pacote deve ser enviado. Considere o exemplo a seguir, como sendo uma entrada de um roteador, com uma interface de WAN configurada com o IP número 10.200.200.4:

Esta entrada indica que pacotes enviados para a rede definida pelos parâmetros 10.100.100.0/255.255.255.0, deve ser enviada para o gateway 10.200.200.1 e para chegar a este gateway, os pacotes de informação devem ser enviados pela interface 10.200.200.120. Neste exemplo, esta entrada está contida na tabela interna de roteamento de um computador com o Windows Server 2003, cujo número IP é 10.200.200.120 e o default gateway configurado é 10.200.200.1. Neste caso, quando este computador quiser se comunicar com um

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computador da rede 10.100.100.0, será usada a entrada de roteamento descrita neste item. Nesta entrada está especificado que pacotes para a rede 10.100.100.0, com máscara 255.255.255.0, devem ser enviados para o default gateway 10.200.200.1 e que este envio deve ser feito através da interface de rede 10.200.200.120, que no nosso exemplo é a placa de rede do computador. Uma vez que o pacote chegou no default gateway (na interface de LAN do roteador), o processo de roteamento, até a rede de destino (rede 10.100.100.0) é o processo descrito nas análises anteriores.

Interface: É a interface através da qual o pacote deve ser enviado. Por exemplo, se você estiver analisando a tabela de roteamento interna, de um computador com o Windows Server 2003, o número IP do campo interface, será sempre o número IP da placa de rede, a não ser que você tenha mais de uma placa de rede instalada.

Metric: A métrica é um indicativo da “distância” da rota, entre destino e origem, em termos de hopes. Conforme descrito anteriormente, pode haver mais de um roteador entre origem e destino. Também pode haver mais de um caminho entre origem e destino. Se for encontrada duas rotas para um mesmo destino, o roteamento será feito pela rota de menor valor no campo Metric. Um valor menor indica, normalmente, um número menor de hopes (roteadores) entre origem e destino.

Analise da tabela de Roteamento

Agora que você já conhece os conceitos de tabelas de roteamento e também conhece os campos que formam uma entrada em uma tabela de roteamento, é hora de analisar as entradas de uma tabela de roteamento em um computador com o Windows Server 2003 instalado. No Windows Server 2003, o protocolo TCP/IP é instalado automaticamente e não pode ser desinstalado (esta é uma das novidades do Windows Server 2003). Ao instalar e configurar o protocolo TCP/IP, o Windows Server 2003 cria, na memória do servidor, uma tabela de roteamento. Esta tabela é criada, dinamicamente, toda vez que o servidor é inicializado. Ao desligar o servidor o conteúdo desta tabela será descartado, para ser novamente recriado durante a próxima inicialização. A tabela de roteamento é criada com base nas configurações do protocolo TCP/IP. Existem também a possibilidade de adicionar entradas estáticas. Uma entrada estática fica gravada no HD do computador e será adicionada à tabela de roteamento durante a inicialização do sistema. Ou seja, além das entradas criadas automaticamente, com base nas configurações do TCP/IP, também podem ser acrescentadas rotas estáticas, criadas com o comando route, o qual descreverei mais adiante.

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Para exibir a tabela de roteamento de um computador com o Windows Server 2003 (ou com o Windows 2000, ou Windows XP), abra um Prompt de comando (Iniciar -> Programas -> Acessórios -> Prompt de comando), digite o comando indicado a seguir e pressione Enter:

route print

Será exibida uma tabela de roteamento, semelhante a indicada na Figura a seguir, onde é exibida a tabela de roteamento para um servidor com o número IP: 10.204.200.50:

Vamos analisar cada uma destas entradas e explicar a função de cada entrada, para que você possa entender melhor os conceitos de roteamento.

Rota padrão

Esta rota é indicada por uma identificação de rede 0.0.0.0 com uma máscara de sub-rede 0.0.0.0. Quando o TCP/IP tenta encontrar uma rota para um determinado destino, ele percorre todas as entradas da tabela de roteamento em busca de uma rota específica para a rede de destino. Caso não seja encontrada uma rota para a rede de destino, será utilizada a rota padrão. Em outras palavras, se não houver uma rota específica, mande através da rota padrão. Observe que a rota padrão é justamente o default gateway da rede

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(10.204.200.1), ou seja, a interface de LAN do roteador da rede. O parâmetro Interface (10.204.200.50) é o número IP da placa de rede do próprio servidor. Em outras palavras: Se não houver uma rota específica manda para a rota padrão, onde o próximo hope da rede é o 10.204.200.1 e o envio para este hope é feito através da interface 10.204.200.50 (ou seja, a próprio placa de rede do servidor).

Endereço da rede local

Esta rota é conhecida como Rota da Rede Local. Ele basicamente diz o seguinte: "Quando o endereço IP de destino for um endereço da minha rede local, envie as informações através da minha placa de rede (observe que tanto o parâmetro Gateway como o parâmetro Interface estão configurados com o número IP do próprio servidor). Ou seja, se for para uma das máquinas da minha rede local, manda através da placa de rede, não precisa enviar para o roteador.  

Local host (endereço local)

Este endereço faz referência ao próprio computador. Observe que 10.204.200.50 é o número IP do servidor que está sendo analisado (no qual executei o comando route print). Esta rota diz que os programas do próprio computador, que enviarem pacotes para o destino 10.204.200.50 (ou seja, enviarem pacotes para si mesmo, como no exemplo de dois serviços trocando informações entre si), devem usar como Gateway o endereço de loopback 127.0.0.1, através da interface de loopback 127.0.0.1. Esta rota é utilizada para agilizar as comunicações que ocorrem entre os componentes do próprio Windows Server 2003, dentro do mesmo servidor. Ao usar a interface de loopback, toda a comunicação ocorre a nível de software, ou seja, não é necessário enviar o pacote através das diversas camadas do protocolo TCP/IP, até que o pacote chegue na camada de enlace (ou seja, a placa de rede), para depois voltar. Ao invés disso é utilizada a interface de loopback para direcionar os pacotes corretamente. Observe que esta entrada tem como máscara de sub-rede o número 255.255.255.255. Esta máscara indica que a entrada é uma rota para um endereço IP específico (no caso o próprio IP do servidor) e não uma rota para um endereço de rede.

Network broadcast (Broadcast de rede)

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Esta rota define o endereço de broadcast da rede. Broadcast significa enviar para todos os computadores da rede. Quando é utilizado o endereço de broadcast, todos os computadores da rede recebem o pacote e processam o pacote. O broadcast é utilizado por uma série de serviços, como por exemplo o WINS, para fazer verificações periódicas de nomes, para enviar uma mensagem para todos os computadores da rede, para obter informações de todos os computadores e assim por diante. Observe que o gateway é o número IP da placa de rede do servidor e a Interface é este mesmo número, ou seja, para enviar um broadcast para a rede, envie através da placa de rede do servidor, não há necessidade de utilizar o roteador. Um detalhe interessante é que, por padrão, a maioria dos roteadores bloqueia o tráfego de broadcast, para evitar congestionamentos nos links de WAN.

Rede/endereço de loopback

Comentei anteriormente que os endereços da rede 127.0.0.0 são endereços especiais, reservados para fazer referência a si mesmo. Ou seja, quando faço uma referência a 127.0.0.1 estou me referindo ao servidor no qual estou trabalhando. Esta roda indica, em palavras simples, que para se comunicar com a rede de loopback (127.0.0.0/255.0.0.0), utilize "eu mesmo" (127.0.0.1).

Multicast address (endereço de Multicast):

O tráfego IP, de uma maneira simples, pode ser de três tipos: Unicast é o tráfego direcionado para um número IP definido, ou seja, para um destinatário, definido por um número IP. Broadcast é o tráfego dirigido para todos os computadores de uma ou mais redes. E tráfego Multicast é um tráfego direcionado para um grupo de computadores, os quais estão configurados e "inscritos" para receber o tráfego multicast. Um exemplo prático de utilização do multicast é para uma transmissão de vídeo através da rede. Vamos supor que de uma rede de 1000 computadores, apenas 30 devam receber um determinado arquivo de vídeo com um treinamento específico. Se for usado tráfego unicast, serão transmitidas 30 cópias do arquivo de vídeo (o qual já é um arquivo grande), uma cópia para cada destinatário. Com o uso do Multicast, uma única cópia é transmitida através do link de WAN e o tráfego multicast (com base no protocolo IGMP), entrega uma cópia do arquivo apenas para os 30 computadores devidamente configurados para receber o tráfego multicast. Esta rota define que o tráfego multicast deve ser enviado através da interface de rede, que é o número IP da placa de rede do servidor. Lembrando da Parte 3, quando falei sobre classes de endereços, a classe D é reservada para

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tráfego multicast, com IPs iniciando (o primeiro número) a partir de 224.  

Limited Broadcast (Broadcast Limitado)

Esta é a rota utilizada para o envio de broadcast limitado. O endereço de broadcast limitado é formato por todos os 32 bits do endereço IP sendo iguais a 1 (255.255.255.255). Este endereço é utilizado quando o computador tem que fazer o envio de um broadcast na rede local (envio do tipo um para todos na rede), porém o computador não conhece a número da rede local (network ID). Você pode perguntar: Mas em que situação o computador não conhecerá a identificação da rede local? Por exemplo, quando você inicializa um computador, configurado para obter as configurações do TCP/IP a partir de um servidor DHCP, a primeira coisa que este computador precisa fazer é localizar um servidor DHCP na rede e requisitar as configurações do TCP/IP. Ou seja, antes de receber as configurações do DHCP, o computador ainda não tem endereço IP e nem máscara de sub-rede, mas tem que se comunicar com um servidor DHCP. Esta comunicação é feita via broadcast limitado, onde o computador envia um pacote de formato específico (chamado de DHCP Discovery), para tentar descobrir um servidor DHCP na rede. Este pacote é enviado para todos os computadores. Aquele que for um servidor DHCP irá responder a requisição do cliente. Aí o processo de configuração do DHCP continua, até que o computador esteja com as configurações do TCP/IP definidas, configurações estas obtidas a partir do servidor DHCP.