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Como Montar um Home Studio Pela sua praticidade, facilidade e pouco valor de investimento na montagem, os Home Studios vem possibilitando a produção e gravação de trabalhos de altíssima qualidade a baixíssimos custos. EBOOKSNET BRASIL DELLNBX

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Como Montar um

Home Studio Pela sua praticidade, facilidade e pouco valor de investimento na montagem, os Home Studios vem possibilitando a produção e gravação de trabalhos de altíssima qualidade a baixíssimos custos.

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Como Montar um Home Studio

A Popularização dos Home Studios

Um velho sonho de todos os músicos já é rotina para uma boa parcela deles. Ter em casa um estúdio de gravação, onde se possam gravar os próprios trabalhos, seja como fonte de renda, ou pelo menos para registrar as idéias quando elas ainda estão frescas, recém saídas da inspiração. O antigo sonho de compositores, cantores e instrumentistas se converteu em um mercado que movimenta milhões de dólares por todos os continentes.

Muitos músicos, pelo mundo afora, têm seu próprio estúdio, geralmente instalado em um quarto ou sala, em casa. Alguns são bastante sofisticados, com gravação de áudio digital em 24 pistas ou mais, mesas de som automáticas e muito poderosas, vários samplers, sintetizadores, supercomputadores, tratamento acústico, enfim, recursos compatíveis com os estúdios comerciais de médio ou até grande porte. Outros (a maioria) são bem mais simples, sem tratamento acústico, com menos equipamentos, mas com alto poder de fogo.

O músico brasileiro se torna consumidor, com direito a garantia e assistência técnica para seus instrumentos de trabalho, em vez do antigo e triste papel de receptador de material contrabandeado. Por sua vez, a indústria nacional começa a despertar para as novas tecnologias e custos, frente à feroz concorrência dos produtos importados. A gigantesca multiplicação do número de estúdios caseiros decorreu de alguns inventos, que surgiram com a tecnologia digital, no início dos anos 80. Esses inventos evoluíram de modelos que vinham sendo desenvolvidos nas duas décadas anteriores. O mais conhecido é o protocolo MIDI, a interface que comunica sintetizadores a computadores. A MIDI (ou ‘o’ MIDI, como dizem) foi definida em 1983 pelos principais fabricantes de instrumentos musicais do mundo. Ela evoluiu de sistemas de triggers e outros sincronizadores, que cada fábrica desenvolvia para seus instrumentos e seqüenciadores analógicos, sem muita compatibilidade entre equipamentos de fábricas diferentes. Em 83, a indústria resolveu criar um protocolo unificado, e aberto a inovações futuras. Surgia a Musical Instrument Digital Interface, ou MIDI. Mais adiante, com o grande número de usuários e produtores de MIDI files os arquivos no padrão MIDI para computadores já não eram mais de interesse exclusivo dos músicos. Os jogos de computador, por exemplo, lançam mão desses recursos, e se dirigem a um público muito maior. Foi definido então o padrão General MIDI, um conjunto definido e limitado de timbres e outros recursos para compatibilizar diferentes equipamentos em aplicações voltadas para o mercado da informática. As placas de som e a multimídia tiveram aí um terreno fértil para se desenvolverem.

No Brasil dos últimos anos, com a liberalização alfandegária para a importação de equipamentos eletrônicos, o mercado cresceu rapidamente. As lojas de instrumentos se modernizaram e aumentaram em quantidade e qualidade. A figura do “muambeiro” de instrumentos musicais, outrora o braço direito de todo músico profissional, vem, passo a passo, dando lugar a uma estabilização do setor.

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Outro grande responsável pela explosão dos home studios foi o chamado porta-estúdio, o gravador cassete de quatro (ou mais) pistas, que foi aposentando os gravadores de rolo de quatro, oito ou 16 pistas. Hoje, o porta-estúdio está sendo aos poucos substituído pela gravação digital em hard disk. O custo relativamente baixo e a facilidade de manuseio desta tecnologia foram os responsáveis pelo súbito aumento do número de produtores independentes. De lá pra cá, máquinas, ferramentas e software para se gravar música em casa são lançados freneticamente em um mercado que não pára de se expandir. Nos anos 90, os seqüenciadores por computador e a gravação de áudio pelo processo digital em oito ou 16 pistas são as tecnologias que mais se popularizam. A Internet, a rede mundial de computadores, é uma grande parceira desses estúdios, na medida em que fornece programas, upgrades (atualizações), gravações de músicas, arquivos MIDI, partituras e informação musical de graça, sem que o músico precise sequer sair de casa. O outro lado da moeda é a expansão do próprio mercado de trabalho do músico. Por todo canto, florescem novas produtoras de multimídia, de vídeo e animação, agências de publicidade, rádios comunitárias e outras empresas que são clientes naturais das pequenas e médias produtoras de som, caso de muitos home studios com objetivos comerciais. Aqui, o estúdio caseiro fornece meio de trabalho para um ou mais músicos, cantores, compositores e arranjadores. Por seu baixo custo operacional, o home studio chega a competir com as grandes produtoras, oferecendo produtos de alta qualidade aos clientes mais exigentes. Mesmo as emissoras de TV têm preferido contratar produtores que disponham de estúdio próprio. Para se montar e operar um home studio são necessários alguns requisitos básicos. O primeiro que vem à mente, naturalmente, é o capital necessário; o segundo é o equipamento a comprar. No entanto, um requisito fundamental muitas vezes é esquecido nessa hora: planejamento. Sem ele, possivelmente o capital será mal empregado ou o projeto não sairá do mundo das idéias. Planejar os objetivos, o mercado potencial, as condições de trabalho, o equipamento e os recursos humanos, tudo de acordo com o capital disponível, deve vir antes da aquisição de qualquer máquina, para que o sonho não se torne um pesadelo. A consulta permanente ás fontes de informação (revistas, manuais, lojas, especialistas, amigos com experiência, sites na Internet) é outro requisito importante.

O Planejamento faz a diferença Para se montar um home studio é preciso equilibrar uma série de fatores. De acordo com os objetivos, capital, espaço, clientela ou necessidades pessoais, surgem inúmeras opções de equipamento e de projetos de tratamento acústico para quem vai “se equipar”. Nada é pior que constatar erros de planejamento depois de realizado o investimento, como uma obra de isolamento acústico que não isola, ou a compra de aparelhos desnecessários ou obsoletos. Antes de comprar, devem-se ponderar todas as necessidades e possibilidades, e aí fazer uma lista de todos os itens, com modelos e preços compatíveis. Primeiro vêm os objetivos do empreendimento. Um estúdio caseiro de gravação pode atender o mercado fonográfico, publicidade, TV, cinema, vídeo, ou produzir fitas demo de um compositor, cantor ou instrumentista. Também conta o perfil de quem vai operar o estúdio, se músico, engenheiro de som, produtor etc., e a sua experiência com o material. Cada combinação dessas

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Variáveis implica num set-up diferente. Um estúdio voltado para produção de trilhas instrumentais com sintetizadores deverá ter bons teclados e módulos de som MIDI, além de um bom computador, enquanto outro estúdio, para gravação e mixagem de grupos vocais e/ou instrumentais, terá bons microfones, processadores e um sistema de gravação multipista. Nos dois casos, serão necessárias uma boa mesa de som e monitoração. Se pretende operar simultaneamente nas áreas de áudio e MIDI, busca-se o melhor dos dois mundos, com equilíbrio de investimentos entre eles. O segundo item é o capital disponível. Ele deve ser levado em conta para se definir o nível ou o padrão geral do estúdio, para que se determinem equipamentos e obras acústicas compatíveis entre si. Por exemplo, o uso de microfones caros e muito sensíveis num quarto de alvenaria sem qualquer tratamento acústico pode trazer resultados decepcionantes. Distinguem-se dois níveis típicos de home studios: Básico: Pode dispor de um porta-estúdio (gravador) cassete de quatro pistas, como os modelos da Fostex, Tascam ou Yamaha, uma mesa de som de oito ou mais canais (Mackie), um ou dois microfones Shure ou AKG, reverberador, deck cassete, amplificador e caixas acústicas (às vezes a solução inicial é o aparelho de som doméstico, se for de boa qualidade). O estúdio MIDI deste nível pode ter um sintetizador multitimbral da Roland ou da Korg com seqüenciador próprio (workstation) ou externo. Este pode ser um programa de computador, como o Cakewalk ou o Cubase, ou um hardware sequencer da Roland, Yamaha ou Brother. O sistema pode ser sincronizado ao gravador multipista para expansão de canais através de uma interface para computador (MQX 32-M) ou em hardware, da MidiMan ou da J. L. Cooper. O computador para gravar o áudio em substituição ao porta-estudio, através de programas como Cakewalk Pro-Audio ou Cubase Audio e placas de som Turtle Beach ou Roland, demanda uma configuração mais avançada que para aplicações MIDI (gravação de instrumentos eletrônicos). Tascam), microfones para vozes e instrumentos (AKG C-3000 e Shure SM-57), direct boxes (Furhman, Countryman) para conectar as fontes sonoras à mesa, reverberadores (Lexicon, Yamaha, Alesis), compressores (Dbx, Alesis), noise gate, equalizador, DAT ou Mini-Disk, amplificador e monitores de estúdio Yamaha, Alesis ou JBL. Um projeto de isolamento e tratamento acústico viabiliza a gravação e a mixagem. Estes recursos permitem boas gravações para CDs independentes ou publicidade e demos de boa qualidade. Avançado: Apto a oferecer qualquer serviço de gravação profissional, adiciona uma mesa de gravação (Mackie, Soundcraft, Tascam, Yamaha) com 32 ou mais canais de entrada/saída e oito subgrupos, automação e patch bay, um sistema de gravação digital (24 pistas) em fita de vídeo (ADAT, DA-88) ou computador (MacIntosh com Pro Tools), dois sistemas de monitoração com amplificadores e caixas profissionais para gravação e mixagem, processadores (equalizadores, compressores Dbx, reverberadores Lexicon e Yamaha, multi-efeitos, Vocalist, Aural Exciter etc.), distribuidores para uns 10 headphones, vários microfones (Neumann U87, AKG C-414, Shure SM-57, SM-94, Audio Technica 4049, Sennheiser MD 421U, Eletro Voice RE 20) e cabos de qualidade. O sistema MIDI se expande com uma interface de oito portas (8 Port, Studio 5 etc.) para PCs ou o Mac, teclado controlador Roland ou Kurzweil, sintetizadores Korg Trinity, Roland JV-1080, Ensoniq TS-12, samplers (Roland, Akai, Emulator). A bateria pode ser acústica (microfonada) e/ou trigada ao sampler. Na segunda variável, o espaço disponível, um planejamento de obras de tratamento acústico é vital para o seu perfeito desempenho. Quanto mais alto o nível, mais cuidado se deve ter com

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tratamento e isolamento. Um arquiteto com experiência em estúdios do porte do seu evita decepções com projetos improvisados que pioram a sonoridade de sua sala. Reserve um espaço para a técnica e outro para os músicos, perfeitamente isolados. Se for um estúdio pequeno ou médio, pode-se até gravar com headphones, num único cômodo da casa. O mais importante é se fazer um projeto com coerência, pesando as reais necessidades de acordo com suas condições e metas. Vale a pena começar com um estúdio mais simples, e depois ir evoluindo de acordo com a sua trajetória. Mesas de Som

num único sintetizador workstation, ou só num computador com placa de som, dependem do mixer virtual instalado neles. O porte da mesa é proporcional ao do estúdio e os fatores principais para se escolher um bom equipamento são a adequação às necessidades, qualidade do som, recursos auxiliares, facilidade de manuseio, versatilidade e custo. O mercado conta hoje com as mais conceituadas marcas mundiais, como Mackie, Yamaha, Soundcraft, Behringer, Soundtracs etc. Alguns gravadores multipista, cassete, Mini-Disk ou HD, vêm com um pequeno mixer acoplado, que em diversos casos é suficiente. Em um sistema de gravação com mais de uma fonte sonora (instrumento ou voz), todas as fontes devem ser transmitidas à mesa de som através de cabos. Os sinais sonoros entram na mesa através dos canais de entrada (inputs), são processados um a um e finalmente misturados e enviados, pelos canais de saída (outputs), a um gravador ou um amplificador. Canais. O número de inputs, oito, 12, 16, 24, 32 ou mais, depende do número de fontes sonoras (microfones, instrumentos elétricos e eletrônicos) a se gravar simultaneamente, e a se mixar (canais de gravação, instrumentos eletrônicos seqüenciados). Além desses, temos os inputs auxiliares, geralmente para entrada de efeitos externos, como o reverber, ou como canais extras para mixagem de teclados ou outros sinais ‘flat’ (não processados pela mesa). Os canais de saída são os masters estéreo (direito e esquerdo), em pares de outputs para monitoração e mixagem, mais as saídas individuais ou de subgrupos de canais para gravação, além das saídas auxiliares para processamento e efeitos. Conexões. Os conectores, na maioria das mesas, são do tipo “banana”; outras usam plugs RCA. Os conectores “banana” podem ser balanceados (com redução do ruído nas gravações) ou não balanceados. Prefira os plugs do formato XLR ou Canon, balanceados. As impedâncias dos sinais de entrada são geralmente equilibradas pelos controles de ganho (gain ou trim), ou com diferentes

Mesa, console ou mixer. O item central de qualquer estúdio costuma ser negligenciado por aqueles que estão iniciando no universo da gravação de áudio, visto como luxo por alguns que começam a adquirir seus equipamentos, ou como um verdadeiro bicho-de-sete-cabeças por outros. É impossível se operar um estúdio sem a mesa, e ela é que determina a qualidade do seu som. Mesmo os mini-estúdios baseados

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inputs para diferentes impedâncias (microfone/linha, mic/line, por exemplo). Nunca use duas entradas de um mesmo canal. Controles. Cada canal de entrada possui controles de nível (volume), timbre (equalização), posição estereofônica (pan), e efeitos ou auxiliares. O endereçamento para subgrupos de canais (bus ou submasters), controles solo e mute são exclusivos de mesas de médio e grande porte. O processamento do sinal sonoro se dá através do fader, equalizador, pan e efeitos (ou auxiliar). O fader, um potenciômetro linear, controla o nível de entrada (volume) da fonte sonora ligada àquele canal. É útil nivelarem-se os canais pelos controles de ganho, deixando inicialmente os faders em 50%, para otimizar os recursos de gravação e mixagem. O equalizador (EQ), que define o timbre de cada canal, pode ser desde um simples par de controles de tonalidade (grave, low, e agudo, high) até um equalizador paramétrico de várias faixas de freqüência. Mais comumente, as mesas apresentam controles de freqüências baixas (Low: 80 ou 100 Hz), médias (Mid: 1 ou 2,5 KHz) e altas (High: 10 ou 12 KHz). As maiores têm uma ou duas faixas de paramétricos nos médios, mais agudo e grave. O pan pot, controle do panorama estéreo, posiciona o sinal de um canal de entrada nos canais stereo de saída, mais á esquerda ou á direita. Instrumentos estéreo, como teclados, que utilizem dois canais da mesa, devem ter os pan ajustados, um todo para a esquerda e o outro todo para a direita. O controle da estereofonia, neste caso, é feito com os faders, aumentando-se ou abaixando-se cada um para modificar a posição ‘espacial’. Algumas mesas dispõem de canais estéreo, que endereçam os dois sinais para esquerda e direita. Neste caso, usa-se normalmente o pan, e os outros controles afetam igualmente os dois lados. Controles auxiliares ou de efeitos determinam quanto sinal de um canal será enviado até um processador de som, tal como um reverberador ou delay (eco), pelas saídas auxiliares da mesa, de forma que um mesmo processador possa ser usado por vários canais em intensidades diferentes. Os sinais de diversos canais, devidamente misturados, são enviados por um output auxiliar (mono ou stereo) até o processador, retornando á mesa por um input auxiliar (mono ou stereo) e misturados aos sons originais (‘secos’). Masters, ou mestres, são um ou dois faders que controlam o nível geral dos canais masters de saída, e os controles de retorno dos auxiliares. Os subgrupos ou submasters, encontrados nas mesas de médio e grande porte, tipo 8 bus, funcionam como canais coletivos que gerenciam outros canais. Por exemplo, se as peças de uma bateria ou de uma seção de instrumentos estão entrando por vários canais, pode-se equalizá-los em separado e depois endereçá-los para um mesmo submaster, o que permite o uso de um único fader ou um par estéreo para toda a seção ou a bateria, e gravar tudo em uma ou duas pistas, pelas saídas dos submasters. Automação. As mesas com automação, em geral via MIDI, podem ser controladas por um computador. Diversos procedimentos de mixagem, difíceis de se realizarem simultaneamente, podem ser preparados no computador e repetidos infinitas vezes durante o processo. Vários controles da mesa são automatizados, como os faders, pan e outros. O recurso chamado “recall” permite recuperar as posições dos controles de uma mixagem feita antes. Algumas mesas vêm com automação interna, independente do computador, e todo o processamento on board, isto é, com multiprocessadores de efeitos internos. Mesas digitais transmitem e recebem o sinal dos gravadores por fibra ótica, mantendo o som definitivamente no campo digital.

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Escolha a mesa de seu estúdio de acordo com as necessidades e características do mesmo. Observe os equalizadores, a quantidade de “mandadas” e retornos auxiliares, o número de canais, mas principalmente a qualidade do som. Este será o seu som. A Captação do Som Se o seu home studio opera somente via MIDI, isto é, se teclados e baterias eletrônicas são suas únicas fontes sonoras, não há muito com que se preocupar, pois os instrumentos eletrônicos são conectados diretamente à mesa de som pelos cabos de áudio. Porém, se o estúdio dispõe de um gravador multipista (em fita, HD ou MD) e tem o objetivo de gravar vozes e instrumentos, é necessário conhecer alguns recursos técnicos. Se o seu home studio é básico, com um porta-estúdio cassete de 4 pistas e sem tratamento acústico, ainda não é o momento apropriado para se fazer uma coleção de microfones para todas as finalidades. Neste caso, o uso de microfones dinâmicos, desses que se usam nos palcos, como os Shure SM57 e SM58 (ou Beta 57, 58) pode ser uma boa solução. Dinâmicos e unidirecionais (cardióides), esses modelos compensam a falta de tratamento acústico do pequeno estúdio. Outra boa solução para o pequeno estúdio com isolamento acústico é o modelo AKG C3000, a condensador.

Os hiper-cardióides têm essa área de captação ainda mais estreita. Há ainda os omni-direcionais ou multi-direcionais. A mesa deve ter inputs do formato XLR ou Canon para uma melhor qualidade do som. Se ela só possui entradas com plugs do tipo “banana”, verifique no manual se essas entradas são balanceadas. Neste caso, podem-se usar plugs banana estéreo (com 3 vias) para fazer a conexão. Note que esses plugs estéreo serão usados como “mono” (a terceira via é usada como terra). Para gravar instrumentos em linha numa mesa com entradas Canon, é ideal o uso de Direct Boxes, casadores de impedância que mandam o sinal para a mesa por cabos Canon. Já os microfones são plugados diretamente à mesa.

Há vários tipos de microfones, para diversas finalidades. Os microfones para gravação se dividem em dinâmicos, que são mais resistentes a ruídos de manuseio e têm uma resposta mais dura, e os microfones a condensador, bem mais sensíveis. Estes precisam ser alimentados por corrente elétrica. Geralmente, a mesa de som tem uma chave de “phantom power”, que os alimenta com uma corrente de 48 V através do próprio cabo de áudio. Quanto à área de atuação, os cardióides captam melhor o som numa área em forma de coração, diante da cápsula e a moderada distância, sendo chamados de unidirecionais.

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Vejamos aqui algumas técnicas e os microfones mais usados para a captação de vozes e dos instrumentos mais comuns: Voz. Os microfones a condensador são os mais apropriados. Os mais usados são o Neumann U87 e AKG C-414. O AKG C3000, de menor custo, é uma boa solução para o home studio. O microfone deve ficar sempre no pedestal, com suspensão própria e uma tela para filtrar o som da voz e barrar a emissão mais forte do ar, que causa o indesejável “puf” na gravação. A distância varia de acordo com a potência vocal do cantor, geralmente entre 20 e 70 cm, mais ou menos na altura dos olhos. Usando-se um microfone dinâmico (no pequeno estúdio), deve-se posicioná-lo a 45 graus da boca do cantor, a uns 5, 10 cm. Violão. Temos aqui várias opções de captação. O violão com cordas de nylon será captado por um microfone a condensador, como os citados para voz, a uns 20 ou 30 cm da boca do instrumento. Usa-se ainda, nos violões eletrificados, combinar o som do microfone com o som direto, plugando-se o violão em um segundo canal da mesa. O ideal é se gravar em várias pistas para então dosar o nível dos sons. O violão com cordas de aço, atuando em conjunto com outros instrumentos de harmonia, pode ser captado por um microfone que realce as altas freqüências (agudos), como o AKG C-391 ou o Shure SM-81. Guitarra. Apesar da polêmica entre som direto e microfonado, é majoritária a gravação da guitarra através de microfones dinâmicos, como o Shure SM-57, captando o alto-falante do amplificador a uns 20 cm. O amplificador deve estar em outra sala, isolado da técnica. Após se definir o timbre no amplificador da guitarra, busca-se reproduzi-lo nos monitores do estúdio através dos equalizadores da mesa. Usa-se também a gravação em linha através de um pré amplificador. Baixo elétrico. Pode ser gravado diretamente na mesa, microfonado, via amplificador, ou de várias formas combinadas. Microfonado, segue os padrões da guitarra, usando Shure SM 57, AKG D112, Eletro-Voice RE 20 ou Sennheiser 421. Em linha, com direct box, o som é mais nítido. As cordas têm que estar novas, o instrumento regulado e, se usar captação ativa, bateria nova. O ideal é experimentar até se alcançar a sonoridade desejada. O custo/hora do home studio costuma ser bem menor que nos estúdios de maior porte, o que permite uma experimentação maior. Bateria. Usam-se vários microfones diferentes, em geral dinâmicos para as peles e condenser para os pratos. Para a caixa, o mais comum é o Shure SM57, voltado para a pele superior, a uns 10 cm. Para o bumbo, AKG D112 ou Eletro Voice RE 20, dentro do bumbo. Tom tons e surdo, Sennheiser MD 421, como na caixa. Contratempo, Shure SM 94. Os pratos podem ser captados por dois microfones overall do tipo lapiseira, como o Shure SM 81. Nunca é demais experimentar opções de captação, já que o que realmente importa é o resultado. A boa execução vocal ou instrumental é o fator mais importante para uma gravação de qualidade. Não deixe para recuperar a qualidade na mixagem. As melhores soluções são encontradas na hora de gravar.

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Os Gravadores Multipista Há poucas décadas, a gravação de um disco era feita diretamente para a fita master, gravando-se músicos e cantores todos ao mesmo tempo. Se houvesse um erro por parte de qualquer um deles, todo o trabalho era refeito. O lançamento dos gravadores multipista permitiu uma grande evolução nas técnicas de gravação. Os estúdios dispõem hoje de dois tipos de gravadores, multipista e estéreo, o primeiro para a gravação em si e o segundo para a mixagem. Cada tipo apresenta diversos formatos, para gravação analógica ou digital. Diferenças entre estéreo e multipista. O gravador multipista difere do estéreo nos modos de gravação e reprodução. Comparado a um cassete multipista, o deck cassete stereo tem quatro pistas de gravação, que correspondem aos canais esquerdo e direito de cada lado ("A" ou "B") dafita. O cabeçote atua sobre duas pistas, os dois canais stereo daquele lado. Virando-se a fita, gravam-se ou reproduzem-se as duas pistas do outro lado. O gravador multipista, por seu turno, utiliza todas as pistas de uma só vez. Não há lado "A" ou "B", mas um único lado com 4 ou 8 pistas, cada uma delas sendo gravada ou reproduzida independentemente. Cada pista tem seu sinal enviado a um diferente canal da mesa de som, onde só então o sinal é posicionado no campo auditivo stereo (direito/esquerdo) via controle de pan. Canais de entrada e de monitoração em uma gravação exigem atenção. Os gravadores de saída (outputs) para monitoração e mixagem. O input recebe o sinal, proveniente da fonte sonora através da mesa de som, e o envia para o cabeçote de gravação. O output envia o sinal, da cabeça reprodutora, de volta à mesa de som, para ser monitorado e processado num segundo canal. Para termos maior liberdade na mixagem, o procedimento usual é gravar o sinal seco, não tratado acusticamente nem equalizado (timbre "flat"), nivelando-se os canais de entrada da mesa e do gravador, de modo que os VUs ou os LEDs de ambos atinjam o pico entre zero e +3 dB (decibéis), para otimizar a relação sinal/ruído. Nos gravadores digitais, o nível de gravação não pode ultrapassar zero dB. Monitorando-se a "volta" (o canal da mesa onde se liga o output do gravador) com o processamento desejado na hora de gravar, esse processamento não interfere na gravação flat, devendo ser refeito na mixagem e sempre que se desejar. Há exceções, em que se opta por gravar o sinal já processado, principalmente da guitarra. Filtros. Nos gravadores analógicos, devemos usar sempre o filtro de ruídos, dbx ou Dolby, desnecessários nos modelos digitais. Os gravadores em HD e MD, com suas peculiaridades, serão matéria de um outro artigo. A escolha de um gravador multipista leva em conta a qualidade do som mais a vocação e o orçamento do estúdio. Multipista têm canais de entrada (inputs) correspondentes às pistas de gravação e canais. Gravação de Áudio no Computador Muito têm evoluído os sistemas de gravação de áudio. No princípio, gravava-se toda a orquestra ou banda reunida, monofonicamente (em um único canal). Ou seja, gravação e mixagem eram uma coisa só, ocorriam no mesmo momento. Havendo algum erro por parte de um dos músicos, tudo precisava ser regravado. Depois, veio a gravação estéreo, e daí em 4, 8, 16 e 24 pistas, nos gravadores analógicos de rolo. Surgiu aí a técnica do playback, a gravação em separado das partes de um arranjo. Mais recentemente, com o advento do áudio digital, entraram em cena os gravadores em fita de vídeo, com 8 pistas, como o ADAT, e gravadores digitais de rolo.

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A nova tendência é o áudio gravado diretamente para o disco rígido de um computador. Através de uma interface (placa) de som e um programa, o micro passa a ser o próprio estúdio de gravação.

Para isso, basta selecionar a fonte sonora (MIDI ou áudio) com o mouse, na coluna apropriada do programa. Os dois sistemas de gravação, de áudio e MIDI, trabalham sincronizados e unidos, como se fossem uma única tecnologia. No entanto, são dois sistemas independentes: um seqüencia (registra e ordena) informações sobre a performance do músico nos teclados e baterias eletrônicas, com baixo consumo de memória, e depende de hardware externo, como sintetizadores, samplers e bateria eletrônica; o outro é um gravador de som multipista que usa o HD como meio, ao invés de uma fita, convertendo os sinais de áudio em dados digitais, consumindo um grande espaço em disco. Para o home studio de nível básico, esta revolução significa que, dispondo-se de um PC com uma placa Soundblaster, geralmente usada para sonorizar jogos, basta instalar um programa como o Cakewalk Pro Audio para ter um porta-estúdio digital e um seqüenciador MIDI sem custos adicionais. O estúdio de nível intermediário pode usar uma placa de som Turtle Beach ou Roland, que aceitam maior número de pistas de áudio e conferem melhor qualidade sonora. O estúdio avançado usa a mesma versão do software, com uma placa Audiomedia III, da Digidesign, e um hard disk SCSI, mais rápido que o IDE. Conexões e recursos de edição de áudio. Para se gravar o áudio, usa-se a entrada Line In da placa de som. A fonte sonora é conectada à mesa de som, e endereçada até a placa, por um cabo de áudio. Na ausência da mesa, pode-se ligar um microfone na entrada Mic da placa de som. Através da placa e do programa, os sons são registrados no HD. Para se reproduzir o áudio, liga-se a saída Line Out da placa às entradas da mesa, ou se monitora diretamente nas caixas de som do kit multimídia, ligadas à saída Speaker. O número de canais e pistas de gravação, 2, 4, ou 8, é limitado apenas pela placa de som, não pelo programa. Cada pista de áudio possui várias ferramentas de edição, que vão desde o recurso de cortar, copiar e colar trechos gravados, até processadores e efeitos sonoros on board, como equalizadores e reverberadores, sejam recursos do programa ou da placa de som. Ë possível, por exemplo, copiar a voz do refrão de uma música e fazer repetir o trecho em outras partes dessa música. Recursos do seqüenciador MIDI. O seqüenciador é a função original desses programas. Embora contem hoje com recursos de gravação de áudio, edição de partituras etc., todos eram sequencers nas suas primeiras versões. Através das conexões MIDI, presentes nos instrumentos e na maioria das placas de som, controlam os sintetizadores, samplers, baterias eletrônicas, e até

Primeiro surgiram programas dedicados exclusivamente à gravação de áudio no hard disk, em como o Pro Tools, para o Mac, e o Session para Windows, ambos da Digidesign. Nos últimos anos, uma nova opção ganha cada vez mais força, principalmente nos home studios: os programas que conjugam gravadores de som e seqüenciadores MIDI, como o Digital Performer, o Studio Vision (Mac), o Cubase Audio, o Logic Audio, ambos para Mac e Windows. Com um programa como esses, em um PC multimídia, o usuário dispõe de um estúdio de gravação com muitos recursos de edição, junto a um poderoso seqüenciador de teclados MIDI.

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processadores de efeitos, mesas e gravadores automáticos. Os teclados, por exemplo, são literalmente tocados por ele, que “aprende a música” quando o instrumentista a executa ou a escreve com o mouse. O programa permite que se editem todas as partes da música com enorme liberdade, como repetir trechos, mudar timbres, andamentos, tons, acrescentar ou retirar notas etc. A quantização corrige automaticamente imprecisões no ritmo tocado pelo músico. O seqüenciador executa ‘ao vivo’ os instrumentos eletrônicos, tornando desnecessário o registro de seu áudio em um gravador multipista, porque os dois sistemas, seqüenciador e gravador, trabalham sincronizados. Assim, os teclados se reúnem ao áudio gravado (voz, instrumentos acústicos e elétricos) na mesa de som, sendo gravados, ainda em 1a geração, somente na mixagem. O uso do seqüenciador sincronizado ao gravador multipista expande em muito os recursos e os canais do estúdio, seja este pequeno ou grande. Vantagens do seqüenciador com áudio incorporado. Essas novas versões dos programas, como o Cakewalk Pro Audio, dispensam o gravador multipista externo. Toda a gravação e o seqüenciamento são feitos no computador. Além disso, a gravação de áudio conta com os recursos de edição já citados, inexistentes nos gravadores de fita, como o ADAT. Sistemas de Gravação de Áudio em HD; Placas Multimídia Home studios existem em diferentes níveis, do mais básico ao mais sofisticado, e o mercado oferece interfaces de áudio para todos os gostos (e gastos). Os estúdios entry level podem praticar até mesmo com as baratíssimas e versáteis placas para multimídia. No terreno do áudio digital, o estado-da-arte são os sistemas integrados para gravação em hard disk, compostos de placas, interfaces externas com conectores, conversores etc. e o software que gerencia a gravação. As placas de som, para estúdios de nível intermediário, foram objeto de nossa última edição.

Às vezes, uma consulta a um profissional mais experiente evita despesas inúteis com recursos que não serão usados e otimiza as escolhas. Os Processadores de Efeitos O famoso som de estúdio. Afinal, o que faz com que aquela voz pequenina soe tão exuberante na gravação? Usam-se nos estúdios muitos tipos de processadores. Há processadores de efeitos, que abordaremos aqui, e processadores de sinal, de que falaremos na próxima edição. São vários apar elhos que modificam os sons originais dos instrumentos, dando-lhes novo colorido, ambientando-o ou adaptando o som para ser gravado em um determinado meio. Os mais usados em home studios são o reverberador ou reverber, o delay, o compressor, filtros de ruído, o "chorus", o "flanger" e outros mais específicos, como os distorcedores.

Essa grande variedade de modelos de interfaces de áudio traz uma enorme gama de opções: conectores analógicos e digitais de diversos formatos, várias taxas de amostragem (sampling rates), tipos de sync time code, número de pistas de gravação, recursos de edição e processamento etc.

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Os processadores podem se apresentar em forma de "rack", dedicados (um só tipo de efeito) ou multi-efeitos Os multiprocessadores vêm com vários recursos diferentes, como se fosse uma pedaleira de guitarra, com os efeitos em série e controles de todos eles. Alguns têm o processamento totalmente independente à esquerda e à direita (em paralelo), se conectados pelas mandadas estéreo de efeitos da mesa. Podem vir como recursos próprios de mesas de som e de certos teclados, as "workstations". Ou, ainda, podem aparecer como recursos adicionais, os “plug ins”, para programas de gravação em HD. Todos os formatos são úteis e podem soar muito bem, se bem escolhidos e dosados. Enquanto os plug ins são um novo front na revolução do áudio gravado, pela imensa versatilidade, os efeitos em rack dão mais estabilidade e, em geral, agilidade ao trabalho de processamento de sinais e efeitos. Os processadores com MIDI podem ter seus controles modificados em temo real na mixagem, pelo mesmo seqüenciador onde se ‘gravam’ os sintetizadores. Escolhe-se um canal MIDI só para ele e opera-se pelas funções “control change” e “patch change”. Os Processadores de Sinal Um processador de sinal afeta por completo o som de um canal. Assim, só faz sentido conectá-lo à mesa de modo que o sinal do canal passe inteiramente através do processador. O controle é todo feito no processador, não na mesa. Além disso, ele é feito para ser usado por um único canal. Pelas diferenças com os processadores de efeitos, que acrescentam efeitos aos sons em variáveis proporções e que podem ser usados por vários canais, os processadores de sinal são conectados à mesa através dos inserts, e não dos canais auxiliares. O compressor atenua a curva dinâmica, reduzindo a distância entre picos e vales. Ao diminuir o volume dos picos da gravação, ele permite que se aumente o volume do canal, dando a sensação de se aumentar o volume dos vales e diminuir o dos picos, equilibrando a dinâmica. O excesso, por outro lado, torna o sinal muito “achatado” e artificial. Os principais parâmetros são threshold, ratio, attack, release e output gain. Os dois primeiros ajustam o nível dos picos e a taxa de compressão. O threshold determina um volume de som (em dB) a partir do qual o compressor atua. Abaixo deste nível, o som sai como entra. Acima da fronteira do threshold, o som sofre uma atenuação, de acordo com uma certa taxa de compressão (ratio). A compressão só atua no trecho do volume que se situa entre a linha do threshold e o volume real do pico. Se a taxa de compressão for de 2:1 (dois pra um), a diferença entre o threshold e o volume do pico será reduzida à metade. Se a ratio for de 4:1 o pico será atenuado para a quarta parte do volume que excede a linha de threshold. Isto significa que há volumes superiores à linha do threshold, há uma dinâmica, só que atenuada por uma taxa de compressão. Só não haverá picos de volume acima do threshold se a ratio for de infinito pra um. Assim, não há dinâmica, e este efeito é conhecido como limiter. Os controles de attack e release permitem que o compressor atue de forma mais rápida ou lenta, tanto na entrada do efeito quanto na saída, realçando mais ou menos os sons. O output gain, ganho de saída, serve para compensar o volume de saída que tenha sido alterado pela compressão.

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Noise gate O noise gate tem um threshold que funciona ao contrário do threshold do compressor: a atuação é sobre os sons com volumes abaixo da linha de threshold, que são totalmente cortados. Se gravamos um bumbo e uma caixa em duas pistas, com dois microfones, o som da caixa vazará para o canal do bumbo, e o som do bumbo também vazará para o canal da caixa. Mas o bumbo e a caixa, em geral, se alternam, quase nunca tocam ao mesmo tempo. Com dois compressores, um em cada canal, e seus thresholds ajustados para um nível abaixo do sinal “real” e acima do sinal “vazado”, os dois canais soam limpos de vazamentos. Quanto o som “vazado” toca abaixo do volume do threshold do noise gate, ele é simplesmente cortado.

Filtros Existe uma variedade de filtros no mercado, que cortam freqüências específicas, como os filtros passa-alta (high-pass filter, ou HPF), passa-baixa (low-pass filter, ou LPF), passa-banda, corta-banda. Cada um tem controles de cutoff, ponto de corte, determinando as freqüências a partir das quais os sons serão cortados. Os filtros de ruído mais conhecidos para gravadores analógicos são os Dolby e Dbx. Cortam ruídos das fitas analógicas, gravando bem mais alto as freqüências das mesmas faixa do ruído de fundo, e depois reproduzindo essas freqüências proporcionalmente mais baixo. Os sons são novamente nivelados, mas os ruídos são reproduzidos muito abaixo do resto. Sempre que você gravar uma fita com um desses filtros, obrigatoriamente reproduza-a também com o filtro. Os Equalizadores Para obtermos resultados satisfatórios numa gravação ou mixagem, é preciso que o timbre das fontes sonoras seja muito bem ajustado. O instrumento deve soar como soa ao vivo, em seus melhores momentos. Ou ainda, soar conforme o desejo dos artistas e produtores, mesmo que isso implique num som artificial. Tudo depende do estilo e da linguagem musical. Ajustam-se os timbres com o equalizador (EQ), que pode ser gráfico, paramétrico, semi-paramétrico, ou simples controles de tonalidades graves e agudas. Ondas sonoras, freqüências e timbre. O ouvido humano interpreta como som as vibrações do ar emitidas entre as freqüências de 16 ciclos por segundo (16 Hertz ou 16 Hz) até cerca de 20 mil ciclos (20 KHz, ou 20 K). Cada instrumento ou voz musical tem seu próprio espectro de freqüências, a faixa de freqüências onde o instrumento atua. A faixa de freqüências varia de acordo com a extensão ou a escala do instrumento e a riqueza do seu timbre.

Os noise gates podem ter outros controles, como da velocidade de atuação, para não cortar o som fora de hora. Usados em canais com vozes e instrumentos gravados com ruídos de fundo, comuns nos pequenos estúdios, cortam os ruídos durante os momentos de silêncio, mas não durante os trechos tocados ou cantados. Nestes trechos, o som estará acima do nível de threshold, e nada será cortado pelo gate, nem o ruído.

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Controles de tonalidade Os controles de graves (Low), médios (Medium) e agudos (High), presentes nos amplificadores e mesas simples, atuam sobre faixas ou bandas de freqüências pré-determinadas, aumentando ou atenuando as intensidades dessas faixas. Os mais antigos têm as freqüências centrais pré-ajustadas em 100 Hz, 1 KHz e 10 KHz. As mesas mais novas vêm com freqüências centrais em 80 Hz, 2,5 KHz e 12 KHz. Assim como as freqüências centrais de cada banda, as larguras de banda, ou as freqüências vizinhas, também são determinadas pelo fabricante. Temos, então, 2 ou 3 faixas de freqüências com freqüência central e largura de banda pré-ajustadas. Em cada faixa, só há controle de intensidade. No centro, o som passa como entrou. Pode-se aumentar ou abaixar a intensidade de cada faixa, graves, médios e agudos. Equalizador gráfico Funciona do mesmo modo que os controles de tonalidade, mas tem maior número de faixas de freqüências. Seu nome vem de seu aspecto, com vários sliders (potenciômetros lineares) lado a lado, formando uma curva.

O equalizador gráfico tem uma quantidade variável de faixas (bandas) de freqüências, de 4 até 20, cada uma reforçada ou atenuada por um controle de nível. O usuário tem à disposição aquele leque de freqüências, para manipular uma a uma. Útil quando várias freqüências precisam ser manipuladas ao mesmo tempo. Equalizador paramétrico e semi-paramétrico Os equalizadores paramétricos apresentam menores quantidades de faixas (em geral de uma a quatro bandas), mas são os que têm mais controles. O usuário escolhe exatamente a freqüência central que deseja manipular em cada banda, a largura da banda, ou quantas freqüências vizinhas, e a amplitude dessa banda. Um botão determina a freqüência central, outro controla a largura da banda e um terceiro reforça ou atenua o nível dessa faixa de freqüências. É útil quando se quer mexer em algumas bandas, mas com precisão, para só afetar as freqüências que realmente precisam de equalização. Plug-ins de áudio Direct-X Cada vez mais componentes do estúdio se mudam para dentro do computador. Agora é a vez dos processadores de áudio. Efeitos, compressores, equalizadores, filtros e redutores de ruídos dos

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mais variados estilos e para as mais diversas aplicações estão ao alcance de um clique do mouse. São os plug-ins, os programas acessórios que, uma vez instalados na máquina, surgem como novos recursos nos menus de todos os programas de áudio. Gravando no computador, usamos programas que permitem a edição desses efeitos, ou mesmo o processamento em tempo real, exatamente como no estúdio “físico”, rodando os botões e tudo o mais. A diferença é que podemos usar cada tipo de processador para diversas pistas gravadas, em regulagens variadas, ao mesmo tempo. Por exemplo, usar uma sala grande para a voz, um gate reverber para a caixa e uma sala menor para o violão com o mesmo reverberador. Quanto mais avançado o computador, maior a quantidade de efeitos simultâneos. Mas este milagre da multiplicação dos processadores é só o começo desta nova revolução. Que tal instalar um programa que contenha um rack de efeitos completo, para usar em qualquer programa de gravação ou de edição? Você abre o Cakewalk, o Cubase, o Logic, o Sound Forge, o Vegas, o Cool Edit ou o Samplitude e todos aqueles fantásticos processadores estão disponíveis em todos eles! São os plug-ins Direct-X, compatíveis com todos esse programas e com vários outros. Redução de Ruídos A transição da gravação em fita para o computador trouxe muitas mudanças. Uma das mais importantes foi o advento da edição não-linear, que permite, entre outras novidades, reduzir drasticamente os ruídos de fundo sem quase alterar o material gravado. O Noise Reduction, plug-in da Sonic Foundry, consegue fazer sumir um ruído contínuo de uma gravação, como um chiado de uma fita cassete ou o barulho de um ar condicionado esquecido ligado, praticamente sem mexer na música ou na locução. E ainda traz consigo um removedor de cliques e um restaurador de discos de vinil.

Na gravação em fita, todo o processamento (efeitos, compressão, filtros) é feito em tempo real. A música vai tocando e o processador vai trabalhando ao mesmo tempo, acrescentando efeitos ou mudando um timbre. No computador, também podemos processar o som em tempo real, quando o micro assume os papéis simultâneos de gravador e processador, ou então usamos a edição não-linear. Em vez de processar o som enquanto ele toca, a edição não-linear atua no arquivo

Na gravação em fita, todo o processamento (efeitos, compressão, filtros) é feito em tempo real. A música vai tocando e o processador vai trabalhando ao mesmo tempo, acrescentando efeitos ou mudando um timbre. No computador, também podemos processar o som em tempo real, quando o micro assume os papéis simultâneos de gravador e processador, ou então usamos a edição não-linear. Em vez de processar o som enquanto ele toca, a edição não-linear atua no arquivo desse som, “redesenhando” a onda sonora digital, para acrescentar o efeito desejado.

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Uma vez salvo esse arquivo, o efeito processado é definitivo. Graças à edição não-linear, um pr ograma “tem tempo” suficiente para analisar um trecho do material gravado e definir os melhores ajustes para o processamento. Este é exatamente o caso do Noise Reduction. Ele primeiro analisa o timbre e a intensidade do ruído, ou seu espectro de freqüências. Em seguida, suprime essas intensidades dessas freqüências de todo o material gravado no arquivo ou de um trecho. Bem regulado, pode fazer sumir um ruído incômodo sem alterar o timbre da voz, de um instrumento (como o ruído de um amplificador de guitarra) ou da música mixada. E o faz em alguns segundos! Para ajudá-lo a restaurar discos antigos, o Noise Reduction vem acompanhado do Click Removal, que faz exatamente isto: remove os cliques, como os estalos do vinil. Este fica para um outro artigo. Como funciona o Noise Reduction? Ao gravarmos qualquer coisa, gravamos um pouco de silêncio (ou melhor, ruídos de fundo) no início e no final do material. Esses trechos de silêncio/ruído são a matéria prima com que o NR vai trabalhar. Marque o trecho inicial ou final de sua gravação, arrastando o mouse sobre ele no Sound Forge, por exemplo, ou outro programa de edição. Não deixe que o trecho marcado alcance o áudio, marcando só o comecinho ou o finalzinho (até 2 segundos). Acione o NR através do menu <Tools> do Sound Forge ou do menu <DirectX> deste ou de outros programas. A versão nativa é mais fácil de operar que a versão DirectX. Aberto o plug-in, clique no botão <Get> e observe o espectro de freqüências que se forma. Este é o seu ruído de fundo. Se quiser reduzir o nível desse ruído em todo o arquivo, habilite a função <Apply to all>. Senão, indique o início e o fim do trecho onde quer que o NR atue, clicando em <Selection>. A seguir, clique em <OK>, aguarde o fim do processamento e ouça. O nível do ruído cai consideravelmente, sem chegar a afetar a qualidade geral dos sons do arquivo. Entenda que não se trata de eliminar o ruído, mas de reduzi-lo. Como estamos tratando com timbres, quanto maior a redução, maior a deformação do som gravado. O NR abaixa os volumes de centenas de freqüências, em todo o arquivo. É assim que ele reduz o ruído. Se exagerarmos em sua utilização, ele vai roubar essas freqüências da gravação. A arte consiste em dosar quanto dá para abaixar o ruído em função de quanto dá para alterar a sonoridade do material gravado. Uma redução em torno de 10 dB costuma ser eficaz. Para ajustar o NR, use as setinhas verticais ao lado do botão <Get> para incrementar ou atenuar a redução. Digite a quantidade de freqüências medidas ao lado do botão <Fit>, clicando nele em seguida, para reduzir um número maior ou menor de freqüências. Exagerado, o Noise Reduction pode decepcionar, mas bem equilibrada, a redução opera verdadeiros milagres em nossas gravações e restaurações. Uma produção passo-a-passo Gravar um projeto no computador traz uma infinidade de vantagens em relação às velhas fitas, porém toda essa versatilidade nos impõe um novo planejamento da produção. Combinando pistas de áudio e MIDI podemos dispor de todos os instrumentos e vozes de que precisamos para nossas músicas, mas esta liberdade não pode se traduzir em mera improvisação. Vamos, então, definir os passos de nosso projeto para, nos próximos artigos, conhecer os detalhes de sua execução. Usemos como exemplo uma canção pop com voz, vocais de apoio, violão, guitarras, piano, baixo, bateria, percussão e uma orquestra de cordas ao fundo.

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No processo tradicional de gravação, isto seria uma produção de bom tamanho. Num estúdio de grande porte seriam acomodados os músicos da orquestra (20 a 30), os músicos da banda e os cantores. Junto a eles, o produtor, o arranjador, o operador e os assistentes. Seriam usadas algumas dúzias de microfones através de uma mesa de centenas de milhares de dólares e tudo seria armazenado em um ou dois gravadores de rolo de 24 pistas. Este material então seria mixado em estéreo e gravado num rolo de meia polegada. Mais tarde, esta fita seria copiada no processo industrial, para a prensagem dos discos numa fábrica. Hoje esta é apenas uma opção, indiscutivelmente mais sofisticada. Com um poder de fogo comparável, milhares de estúdios caseiros chegam a resultados competitivos. Combinando o seqüenciamento dos teclados MIDI soando como as cordas, piano, bateria e outros com a gravação do áudio das vozes, guitarras e percussão, o estúdio híbrido é usado pelos mais iniciantes e os mais profissionais. Seu custo pode chegar a menos de um por cento do investimento em um estúdio de áudio de grande porte. E como vamos realizar a façanha de produzir a tal canção do exemplo com um estúdio que mais parece um brinquedo? Com uma mesinha de boa marca (12 ou mais canais), um computador atual, uma placa de som para gravação de duas ou quatro entradas e oito saídas, uma placa MIDI, um bom sintetizador multitimbral e um ou dois microfones. Primeiro, vamos programar a bateria no seqüenciador do PC, usando os sons de bateria do sintetizador. Para isto, tocamos num teclado ou outro instrumento controlador MIDI. Podemos ainda “tocar” com o mouse na tela de edição piano-roll. Gravamos primeiro um esqueleto, quase uma caricatura da música, mas com a forma e o andamento definidos. Podemos também gravar o som de um violão-guia ou seqüenciar um piano-guia, para definir a harmonia, enquanto rodamos um loop (ou pattern), que é um compasso de bateria que fica se repetindo. Indispensável, também, é uma voz guia, que pode ser a sua, a minha ou de qualquer um que conheça bem a letra e a melodia da canção. A partir deste monstrengo é que vamos começar a registrar os instrumentos e vozes a sério. Já temos um roteiro sonoro completo. Agora, é só vestir a canção com os instrumentos e as vozes do arranjo. Vamos gravar o som das vozes, do violão e da guitarra, fáceis de captar e difíceis de seqüenciar. O baixo pode ser gravado ou seqüenciado. E vamos seqüenciar a bateria, o piano e a orquestra de cordas, que são instrumentos de captação complexa, cara e que, bem seqüenciados, podem soar muito bem em vários estilos musicais. Feito o planejamento e o esqueleto inicial, o ideal é começarmos programando a bateria. Assim, demarcamos as partes da música. Depois, acrescentamos os instrumentos de harmonia funcional, como piano, violão e guitarra. O baixo, neste caso, pode ser feito após a gravação de outro instrumento harmônico. Seqüenciar um baixo eletrônico ou gravar o áudio do baixo elétrico depende do estilo e da conveniência. Em seguida, gravamos a voz principal, os vocais de apoio e, por fim, os solos e efeitos de acabamento. É natural que, num ambiente com toda essa liberdade, o arranjador experimente à vontade novas idéias para o arranjo. Qualquer pista gravada que não agrade pode ser rapidamente apagada com a tecla delete. As pistas-guia gravadas preliminarmente com a harmonia e a voz vão sendo apagadas à medida que gravamos as versões definitivas desses instrumentos e vozes. A seguir, editamos todo esse material, tanto as pistas de áudio quanto aquelas com a programação

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MIDI. Assim, otimizamos as performances instrumentais e vocais, dando um grande realce às interpretações. Trabalhando geralmente num só programa, o produtor tem ali todos os recursos de gravação e processamento do áudio, bem como de seqüenciamento e edição dos eventos MIDI. A mixagem, em pleno ano dois mil, ainda é melhor realizada numa mesa externa ao computador do que dentro dele. Especialmente pelo fato de que não temos o áudio gravado dos teclados MIDI: eles tocam ao vivo junto com a gravação, sequüenciador e gravador perfeitamente sincronizados num único programa. Trazemos à mesa as saídas da placa de som e do sintetizador. Na mesa, fazemos a mixagem, que vai ser gravada em estéreo no próprio PC. Passamos à etapa de pré-masterização, com o acabamento final do material estéreo, e gravamos o(s) CD(s) no próprio computador. Com a Internet, podemos ainda divulgar e distribuir o disco. E tiramos quantas cópias quisermos: não dá para piratearmos nossa própria música. Preliminares de uma produção A mais bela das músicas precisa passar por um período em que mais parece um Frankenstein ou uma caricatura de si mesma. Como em toda arte, é preciso fazer um esboço do que pretendemos criar e registrar. No artigo anterior, vimos à necessidade de traçar um roteiro sonoro antes de começar a gravar as pistas de áudio e MIDI de nosso projeto. Vejamos aqui como gravar as pistas-guia, que servirão como referência rítmica, harmônica e melódica de toda a produção. No processo tradicional de gravação, ou gravaríamos de uma vez toda a base instrumental ou começaríamos pela “cozinha”, a gravação da bateria e do baixo. Acontece que gravar uma bateria acústica costuma sair mais caro que todo o resto do investimento num home studio. Mesmo com alto investimento em equipamentos, quem grava uma bateria com pouca experiência freqüentemente tem dificuldades na captação. Os problemas mais comuns são timbres pouco definidos e vazamentos de som, que tornam difícil a etapa da mixagem. Com exceção dos estúdios caseiros mais avançados e dos que pertencem a bateristas, a maioria usa sons eletrônicos seqüenciados (“bateria eletrônica”) em vez de gravar uma bateria acústica. Muitas vezes, eles obtêm excelentes resultados, desde que sejam usados bons timbres e a bateria seja programada com criatividade e conhecimento de causa. O uso de bateria programada permite gravarmos os demais sons na ordem mais conveniente. Não existindo necessidade de gravar baixo e harmonia junto com a bateria, podemos gravar as pistas na ordem que quisermos. Começamos, então, com um loop com a levada básica da música, suficiente para definirmos o ritmo, a harmonia e a forma da canção. Muitas vezes, basta seqüenciar um compasso com bumbo, caixa e contratempo (hi hat ou “chimbal”), que será repetido ao longo da música através de comandos tão simples como “copiar” e “colar”. Podemos usar os sons de um sampler, um sintetizador ou uma bateria eletrônica, tocando em qualquer tipo de controlador MIDI, como guitarra, sopro, teclado ou uma bateria trigada, com sensores e conversores. Em nosso exemplo, estamos usando um teclado sintetizador que contém sons de bateria. Ele é ligado à placa MIDI do computador por dois cabos MIDI. Ligue a saída (out) do teclado na entrada (in) da placa e a saída da placa na entrada do teclado. Trabalhe com o teclado ajustado em MIDI Local off. Usamos um programa que contém seqüenciador MIDI e gravador multipista de áudio. O Cakewalk é o exemplo mais comum.

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Primeiro, defina o andamento ou tempo da música. No Cakewalk, clique em <Insert Tempo> e digite um valor. Na janela <track> escolha um canal MIDI para a bateria, digitando o seu número (geralmente é usado o canal 10) na coluna <Chn> (Channel, canal) da pista ou track 1. Escolha o seu kit de timbres de bateria (seus tambores e pratos) na coluna <patch>. Em seguida, pratique o ritmo do bumbo e da caixa tocando no seu teclado. É comum o bumbo ser acionado pela tecla C1 (do 1) e a caixa pela D1 (ré 1) ou E1 (mi 1). O aro da caixa geralmente é posto no C#1. É no mínimo curioso, mas a Roland chama a nota do 1 de “C2” e o Cakewalk de “C3”! A primeira tecla de um teclado de cinco oitavas é o C1. C3 é o do central, que o Cakewalk chama de C5. Gravando a voz-guia Tudo o que seqüenciamos até agora servirá apenas como referência para começarmos a gravar o material que realmente será aproveitado no produto final. É um esqueleto, um monstrengo necessário para desenvolvermos nosso arranjo da melhor maneira possível. Para que os instrumentos sejam bem aplicados, precisamos agora de mais uma referência: a melodia. Ela pode ser tocada no teclado, mas fica ainda mais útil gravarmos uma voz-guia. Mixagem Após gravarmos todos os sons nas diversas pistas, temos que misturá-los numa gravação estéreo com a sonoridade definitiva. Usamos a mesa para mixar e processar os sons e enviá-los para o gravador estéreo. As saídas do gravador multipista ou placa de som são enviadas aos canais de entrada da mesa. As saídas estéreo da mesa são conectadas ao gravador estéreo.

Masterização Masterizar significa simplesmente armazenar o produto final (som estéreo) num determinado meio de gravação. Na pré-masterização cuidamos para que as várias músicas mixadas soem com unidade quando reunidas num disco, por exemplo. É preciso definir a ordem das músicas, o tempo entre elas, tirar ruídos, cortar seu início e final e, eventualmente, comprimi-las. Podemos usar os mesmos processadores adotados para a gravação, mas os programas de edição de áudio são imbatíveis nesta última etapa do trabalho, com seus inúmeros recursos de edição. Com um gravador de CDs, as músicas já ficam prontas dentro do computador para serem reunidas como produto final. Daí, é só mandar o CD para ser copiado numa fábrica.

Enquanto na gravação nos preocupamos com a qualidade da captação e do armazenamento, na mixagem nivelamos os instrumentos e vozes de acordo com o arranjo musical, posicionando-os no campo auditivo estéreo e realçando timbres e efeitos. Enquanto na gravação nos preocupamos com a qualidade da captação e do armazenamento, na mixagem nivelamos os instrumentos e vozes de acordo com o arranjo musical, posicionando-os no campo auditivo estéreo e realçando timbres e efeitos.

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Monitoração Durante todas as etapas, precisamos ouvir o que está sendo gravado. A saída master estéreo da mesa é conectada ao amplificador que alimenta os monitores. Muitos desprezam este item fundamental que orienta o produtor nas suas ações. Mal monitorada, uma boa gravação pode ser desperdiçada, soando irreconhecível em outros equipamentos. Procure usar amplificadores e monitores de referência, especiais para gravação e mixagem. Quando microfonados, cantores e instrumentistas se ouvem através de fones de ouvido, também ligados às saídas da mesa. Conclusões São muitas opções em cada item do estúdio, e todas são boas, dependendo só de suas necessidades e possibilidades. Os diversos itens devem ser compatíveis entre si. De nada adianta, por exemplo, investir num super computador e economizar escolhendo uma mesa de poucos recursos. Vale começar com um estúdio mais simples e depois ir evoluindo de acordo com a sua trajetória. O que importa é fazer um projeto coerente, analisando o que é preciso adquirir a partir de suas condições e objetivos.