como lidar com crianças seletivas

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COMO LIDAR COM UM GUIA PARA PAIS E MÃES DE FILHOS SELETIVOS CRIANÇAS SELETIVAS? MARIA CRISTINA LOPES MAMAECUIDADORA.COM.BR

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C O M O L I D A R C O M

U M G U I A P A R A P A I S E M Ã E S D E F I L H O S S E L E T I V O S

CRIANÇAS SELETIVAS?

M A R I A C R I S T I N A L O P E S

M A M A E C U I D A D O R A . C O M . B R

Page 2: Como lidar com crianças seletivas

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U M G U I A P A R A P A I S E M Ã E S D E F I L H O S S E L E T I V O S

Um convite à saúde.

Olá! Meu nome é Maria Cristina Lopes. Sou psicóloga e trabalho

com o comportamento alimentar infantil. Hoje gostaria de te

fazer um convite à saúde e me acompanhar ao longo deste e-

book. O que eu quero é que seu filho possa comer normalmente

e que a sua família viva com menos estresse. Mas isso só é

possível com muita informação sobre o tema.

Aqui vou te falar sobre como surge a seletividade, tratamentos e

estratégias possíveis, com quais profissionais contar e o que

realmente vai fazer seu filho comer.

Vamos juntos?

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O que é a seletividade?

A seletividade é um transtornocaracterizado por rejeição adiversos alimentos afetandoestado nutricional,comportamental e asocialização.

Antes de diagnosticar aseletividade devemos investigarquaisquer fatores orgânicosatuais que possam interferir noapetite. Alguns destes fatorespodem ser: nascimento dosdentes, dor dentária crônica,condições respiratórias quecausem intenso desconforto,alergias e intolerânciasalimentares, refluxo, febre,estomatite, etc.

Geralmente a seletividade éocasionada por algum destesfatores orgânicos.

Mas como exatamente aseletividade se inicia?

Durante a refeição algumdesconforto orgânico seintensifica. Após este mesmoepisódio ocorrer diversas vezes,a associação entre o desconfortoe a alimentação se inicia. Aassociação pode ser mais forteou mais fraca de acordo com onível de desconforto percebidopela criança ou pelo tempo deduração do desconforto (dias,semanas, meses ou anos).

Além disso, casos de estresseinfantil também afetam aalimentação. Este estresse podenão ser facilmente detectado.Mas algumas situações de vidapodem nos dar sinais. Como:mudança de rotina, entrada nacreche, falecimento de alguémpróximo, mudança deresidência, entre outros.

Da mesma maneira existemcomorbidades associadas aseletividade. Isso significa dizerque alguns transtornos préviospodem favorecer o aparecimentoda seletividade.

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Os mais comuns são: transtornodo espectro autista, transtornoobssessivo compulsivo,transtorno de ansiedade etranstorno de atenção ehiperatividade. Nestes casos épreciso fazer um tratamentosassociados com outrosprofissionais.

Uma outra questão poucoabordada é a genética.Percebemos em estudos e naclínica que pais que jáapresentaram a seletividade temmais chances de ter filhosseletivos.

Quando se inicia a seletividade?

Em geral a seletividade se iniciaa partir de alguns meses de vidaaté os quatro anos. Isso nãosignifica dizer que após osquatro anos a criança não terámais seletividade. Significaapenas que a idade de iníciousual dos sintomas vai até osquatro anos. O transtorno podeperdurar por toda a vida.

Existe tratamento para aseletividade?

Existem diversas formas detratar a seletividade. Médicos,nutricionistas e psicólogospodem cuidar de criançasseletivas de diversas formas.

Médicos e nutricionistas irãocuidar da parte orgânica, secertificar que não existecondições médicas atuais (comorefluxo, alergias ou estomatite) emedicar para que não haja perdade nutrientes ou peso.

Já o psicólogo atuará nacaracterística principal dotranstorno: o comportamento derejeição alimentar.

É o psicólogo que vai conseguirorientar sobre formas deintrodução efetiva de alimentos.Com o objetivo final de que paise cuidadores consigam ampliar avariedade de alimentos nocardápio da criança.

Afinal, de nada adianta fornecerum cardápio e os pais nãoconseguirem fazer seu filhocomer os alimentos. O objetivofinal é que realmente a criançatenha uma vida normal e comanovos alimentos.

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Quais são os tipos de rejeiçãopossíveis para uma criançaseletiva?

Existem diversos tipos derejeição. Aqui vou te falar asquatro principais formas derejeição.

A rejeição pode ser visual – aansiedade e o comportamento derejeição aparecem quando acriança vê o alimento. Alimentoscom aspectos muito diferentescausam estresse.

A rejeição também pode sereferir ao cheiro. Ou seja, arejeição é suscitada pelo aromado alimento.

Agora falaremos dos dois tiposde rejeição mais fortes ecomuns. O primeiro é ao sabor.Ou seja, sabores diferentescausam repulsa. Portanto, paraeste tipo de rejeição o alimentojá deve estar na boca.

O segundo tipo mais comum derejeição é à textura. Neste caso oalimento também deve serlevado à boca para ocorrer arejeição.

Outro tipo de rejeição é peloambiente. Portanto, emdeterminados ambientes acriança aceita alguns alimentos eem outros não. em geral issoocorre pois a criança não sesente segura. Por exemplo: já foiforçada a comer naquele local.

Uma das maiores dificuldadesdos pais é identificar o tipo derejeição da criança. Otratamento sempre devecomeçar pela identificação darejeição.

Em alguns casos as criançaspossuem apenas um dos tipos derejeição citadas acima como aque causa maior ansiedade.Porém é bem possível que elatenha todos os tipos de rejeição.

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Quais são as maneiras mais

comuns de lidar com a

seletividade?

Existem muitas maneiras de

lidar com a seletividade das

crianças. Porém, as mais comuns

não são ideais. Inclusive, podem

piorar a seletividade.

Uma das maneiras mais comuns

de lidar com a seletividade é

com a técnica da distração. Ou

seja, durante a refeição o

cuidador distrai a criança com

televisão, tablet, celular ou

brinquedos, enquanto coloca o

alimento na sua boca.

Apesar de funcionar com

algumas crianças esta técnica

não modifica a alimentação da

criança. Justamente, por que,

distraída, não registra novas

texturas, sabores, visual e

cheiros.

Outra maneira comum de lidar

com a seletividade é forçar a

criança a comer segurando sua

boca, gritando, castigando, etc.

Essa é uma estratégia que

funciona momentaneamente.

Pois a criança irá, naturalmente,

associar este novo estresse ao

alimento novo.

A última estratégia comum é

deixar a criança com fome. Ou

seja, só irá comer se for o

alimento novo. Se não quiser

comer este alimento novo não

irá comer nada.

Esta é uma estratégia que não

funciona em nenhuma ocasião.

Já tive mães de pacientes que

deixaram seus filhso sem comer

por mais de 16 horas.

Se os pais e cuidadores tinham

alguma dúvida sobre a

veracidade do transtorno e

estresse ocasionado não resta

nenhuma. A criança preferirá

passar fome ao invés de comer o

alimento diferente.

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A seletividade é "frescura"?

Não! Como acabamos de ver o

estresse ocasionado pela rejeição

é tão grande que a criança

prefere passar fome a comer.

O estresse ocasionado pela

seletividade é o mesmo que uma

pessoa que tem medo de avião

sentiria ao pegar um vôo de doze

horas para Paris sem

medicamentos. A seletividade é

real!

Então qual é a melhor maneira

de lidar com a seletividade?

Se perceber todas as estratégias

que citei até aqui foram

"inundações". Ou seja,

"inundamos" a criança com

estímulo extremamente

estressor - a comida.

Vários estudos demonstram que

a inundação não é uma técnica

que realmente funciona.

Inclusive, como já foi dito, pode

piorar a ansiedade e estresse.

O que tem mostrado bons

resultados uma técnica contrária

à "inundação". Esta técnica se

chama "exposição graduada".

A estratégia de exposição

graduada é a estratégia que

utilizamos e a mais

cientificamente eficaz para o

tratamento da seletividade. Ela

se baseia em graduar em várias

etapas de exposição ao alimento

até chegarmos ao objetivo final.

Por exemplo: se a criança

consome apenas sopa de cenoura

não posso de uma hora para a

outro oferecer sopa de couve.

Devo escolher um alimento que

se assemelhe visualmente à

cenoura - como a abóbora. E

introduzir o sabor da abóbora

colocando uma porcentagem da

sopa de abóbora junto à sopa de

cenoura. Gradativamente

aumento esta proporção até

chegar ao 100%.

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Bem como se quiser colocar atextura da abóbora apenascozida. Não devo oferecer àcriança seletiva esta textura "derepente". Devo graduar emvárias etapas de exposição detextura.

Assim, se a sopa é peneiradacomeço a colocar metadepeneirada e metade nãopeneirada. Devo aumentar estaproporção gardativamente atétoda a sopa não ser peneirada.

A partir de então posso começara colocar pedaços pequenos eaumentar esta quantidade atéatingir meu objetivo final. Aexposição graduada pode serfeita com qualquer alimento.Lembre-se: quando uma etapade exposição não dá certo é sinalque precisamos graduar mais.

Existem várias formas deexposição. O essencial éconhecer o tipo de rejeiçãoprincipal do sue filho e começarsempre pequeno.

Não tenha medo de pedir ajuda.Quanto mais ficamos semtratamento mais a seletividadese sedimenta.

Quantas vezes devo oferecer oalimento em uma etapa deexposição?

A cada etapa de exposiçãodevemos oferecer no mínimocinco vezes. Mas isso pode seextender até vinte vezes. Ou seja,durante uma semana vocêoferecerá o prato com 50% desopa de cenoura e 50% de sopa deabóbora. Na semana seguinteposso oferecer a proporçãomaior de 80% de sopa de abóborae 20% de sopa de cenoura e assimpor diante.

Você não precisa oferecersomente esta refeição. Os pais ecuidadores podem variar. Masdeve ser oferecido com afrequência mínima de uma vez acada três dias. Afinal, énecessário sedimentar cada etapade exposição.

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Que outras estratégias posso

utilizar?

Bem, a exposição graduada será

a base e a fortaleza da mudança

da seletividade do seu filho.

Porém, outras estratégias podem

ser utilizadas para facilitar e

permitir que essa mudança

ocorra.

Levar as crianças para a

cozinha.

É interessante levar seu filho

para a cozinho e pedir sua ajuda.

Favorecer uma relação positiva

com os alimentos pode favorecer

o interesse.

Esse experimento também pode

servir como uma exposição

visual aos alimentos. Porém,

isso só deve ser utilizado em

casos de uma seletividade leve.

Afinal, crianças com uma

seletividade muito forte podem

achar este programa muito

estressor. Esteja atento ao perfil

do seu filho!

Comer à mesa.

Comer a mesa é umcomportamento básico quepermite a criação de hábitossaudáveis.

Dormir bem.

O sono é algo que interferemuito no apetite ecomportamento alimentar. Terum sono adequado é primordial

Levar brinquedos à mesa.

Levar brinquedos à mesatambém favorece a relaçãopositiva com o momento darefeição. Afinal, este é ummomento que geralmente érecheado de estresse para ospais, cuidadores e crianças.

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Conversar sobre coisas

positivas.

Permita conversas leves.

Conversas carregadas de

emoções negativas são

prejudiciais por que preenchem

aquele momento de

negatividade.

Mesmo que a conversa seja

entre os adultos da casa a

criança consegue perceber o

teor da conversa. Portanto à

mesa planejem passeios,

conversem sobre coisas boas e

alegres, brinquem e encham a

mesa de coisas positivas. Deixe

a bronca para outro momento.

Colocar pouca comida no prato.

Colocar muita comida no prato

pode causar estresse na criança

na criança seletiva. Colocamos

muita comida e muita

expectativa.

Assim frustramos a nós mesmos

e às crianças. O ideal é colocar

pouco, evitar frustrações

desnecessárias e colocar mais

comida caso a criança peça.

Elogie a cada pequena conquista.

Um dos erros mais comuns dospais é ter uma expectativa altademais e punir a criança empequenos avanços. Por exemplo:"ele mal colocou na boca","comeu algo novo mas nãoconta, comeu tão pouco", etc.Isso é o mesmo que dizer que oesforço da criança não serviu denada.

Cada pequeno avanço é umagrande conquista para umacriança seletiva. Vamoscompreendê-la, ir no tempo queé possível para ela e permitirque tenha a vida mais normalpossível no meio do caminho.Afinal, não é isso que os paistambém querem?

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Considerações finais

A seletividade é um transtorno

sério que precisa de atenção

clínica. Existem muitas fases da

seletividade. Há aqueles pouco

seletivos e aqueles hiper

seletivos.

Independente de qual seja o

caso do seu filho não fique sem

ajuda. Existe uma forma

científica e testada de tratar a

seletividade. Ou seja, tem

solução. O psicólogo é o

profissional ideal pois trata as

questões principais da

seletividade: a rejeição e o

comportamento.

É possível ter uma vida normal,

viajar, confraternizar e ter

refeições agradáveis

novamente. Não desista.

Quem sou eu?

Olá! Meu nome é MariaCristina Lopes, sou psicólogapela PUC-Rio e trabalho comcomportamento alimentardesde 2013. Já ajudei muitasfamílias melhorando ocomportamento alimentar dascrianças.

Como entrar em contatocomigo?

É só me enviar uma mensagemou mesmo me ligar. Vamosbater um papo. Tenho certezaque posso te ajudar.

Meu número: 21 99305 3432.Meu e-mail:[email protected] site:www.mamaecuidadora.com.br

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