como iniciar um incendio

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    Aviso aos ces:

    Esta uma publicao independente queorganiza textos pblicos livrementecompartilhados em outras publicaes ena internet com o simples propsito de

    debater e encorajar uma anlise crticade seu contedo! "enhuma de nsendossa ou estimula qualquer ato de

    vandalismo# viol$ncia contra agentes doEstado# propagao do p%nico# ouorganizaes clandestinas# rebeldes#sediciosas# subversivas# terroristas#criminosas# insurrecionrias ouqualquer outra ao pautada nailegalidade! "os enquadramos nessa

    sociedade# inegavelmente# como partede uma classe mdia que se bene&iciadas desigualdades e injustias do'apitalismo# logo# no temos motivospara incentivar o questionamento e ocon&lito com um sistema que nos garanteprivilgios to especiais! ( srio!

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    Vamos direto ao ponto:

    Nossa civilizao entrou em colapso.

    Esse colapso muito bem documentado) &ilsso&xs# cientistas# polticxs# militares#estrategistas# economistas e at mesmo a "*+* comearam a soar o alarme da catstro&eecolgica# da singularidade tecnolgica e o colapso geral da vida como conhecemos!

    *presentadorxs de telejornais parecem to assustadxs quanto seitas ambientalistas eantigas pro&ecias de &im do mundo) o ,rtico est derretendo# adolescentes no -aporecusam.se a &azer sexo# as ruas de inmeras cidades no mundo todo esto sendo

    inundadas por mani&estantes mascaradxs e talvez# a humanidade se extingua at o &imdo sculo!

    Em meio a tudo isso# no abismo da sanidade# existem aquelxs que esto seorganizando para salvar a humanidade ao dissolver completamente a vida cvica em umaguerra contnua! /rbanistas trabalham em parceria com militares para prever oucontrolar melhor qualquer sinal de distrbio! 0artidrixs do crescimento consciente ecapitalistas verdes esperam manter o nvel atual de explorao# mesmo semestacionamentos e combustveis &sseis! 'iberntixs j no podem conceber mais suas&antasias imperiais) 1imagine colocar a mente de umx criminosx em um computador

    pra simular um encarceramento eterno! Pense em todos os recursos queeconomizaramos!2! E segurando as pontas# esto os cidados que anseiam pelo sil$ncio#que de&endero essa civilizao e suas &alsas ideias# assim como camponeses lutaram por3uis 456# 7sar "icholas e milhes de outros regimes moribundos!

    E mesmo assim# uma luta global 8 uma tremenda luta global 8 emergiu desseprdio em desmoronamento! /ma onda insurrecional invadiu todos os continentespovoados! 7unsia# Egito# Espanha# 9rcia# 6tlia# E/*# 3bia# +ria# :rana# 'hile# -apo#'anad# ;rasil# 7urquia# ;snia# 7ai??@!

    *tualmente# cenas como essas so espantosamente comuns! "s achamos que essecenrio no vai acabar to cedo!

    Aesumindo) existe um lado organizado para preservar essa civilizao &rente atoda crise que exponha seu colapso iminenteB e existe um lado se organizando paraconstruir um &uturo muito di&erente daquele que nos &oi reservado! Esses dois lados#situados num polo ou outro de uma ordem em colapso# so as &oras que constituem

    uma guerra civil global! Este con&lito no pode ser reduzido ao debate sobre quem seapropriar do governo# nem sobre o tipo de governo que desejaramos ter! Este con&litotranscende desigualdades econCmicas e sociais! Este con&lito diz respeito ao &uturo da

    vida humana e no.humana# o que signi&ica sobreviver em tempos onde toda interao

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    social produz in&ormao computadorizada! "s entramos em uma nova era geolgica#cuja sua emerg$ncia marcada por uma gigantesca tragdia! "s devemos# assim# nosagarras Ds questes reais de nossa poca) O que significa ser humano no sculoXXI? Como ns iremos nos alimentar no deserto, num deserto nuclear, nascinzas de uma cidade? Como ns odemos aca!ar com a "etrole? Comons nos encontraremos com aquel#s res#s na armadilha ur!ano$rural?Como ns odemos seguir os nossos dese%os? Com quem ns odemos viver& e como? Como odemos amar a ns e aos outr#s? "s devemos estar dispostxsa ver a situao tal qual ela e prover respostas prticas para essas questes! mundotodo est em jogo!

    "s gostaramos que todo acontecimento insurrecionrio# testemunhado emescala global# tivesse a capacidade de tornar.se permanente! "s gostaramos de viverdentro desse &enCmeno# dentro dessas comunas que alimentam.se a si mesmas# vestem.se a si mesmas# que debatem# que danam juntxs# lutam juntxs# que so&rem e se&ortalecem juntxs e que se expandem! Fuitos obstculos vem em nossa direo 8 vriasrespostas prontas para questes que nunca deveriam ter sido &ormuladasB arames.

    &arpados nas bordas dos caminhos para nos impedir de vagar em outros lugares! Fas eagoraG "s queremos romper# logo de cara# acabar com tudo# realmente 8 mas no &im dodia# a &ora de nosso 1no2# depende do poder coletivo por trs dele! Esse poder deve serconstrudo!

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    Consigam um terreno, uma casa, uma rdio pirata.

    Construam um forno. Aprendam a cozinhar bem. Aprendam

    outros idiomas. Arranjem armas e aprendam a us-las.

    Vendam rango nas ruas e saibam fazer seu prprios negcios.

    Ocupem prdios. Abram Cafs, Restaurantes, Pizzarias,

    Livrarias. Desenvolvam permacultura. Aprendam primeiros

    socorros e medicina natural. Consigam muita maconha,

    faam um pomar. Cultivem amizades. Consigam equipamento

    de filmagem e faam documentrios. Conversem com

    camaradas mais experientes. Aprendam artes marciais.

    Leiam. Viajem. Aprendam uns com xs outrxs. Escrevam

    jornais. Pensem e ajam para alm dos tempos difceis.

    Saqueiem. Organizem encontros regionais. Construam

    revistas internas. Refinem a arte da sabotagem. Aprendam

    criptografia e novas formas de se comunicar. Distribuam

    contra-informao. Criem uma contra-imprensa. Distribuam

    Matria-prima e modos-de-produo; materiais de camping;

    kits de sobrevivncia e sementes orgnicas e crioulas.

    Compartilhem pensamentos, sentimentos e prticas.

    Aprendam e desenvolvam formas de solucionar conflitos.

    Estudem histria e aprendam com a histria. Construam

    mesas; Faam arte. Roubem dinheiro de quem tem muito ou

    produtos em grandes lojas. Aproximem-se uns dxs outrxs.

    Iniciem revoltas incontrolveis.

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    * seguir# apresentaremos nossa viso sobre um possvel &uturo prximo eo&ereceremos passos em direo a sua realizao! 0artindo de uma posio de &raqueza eisolamento at uma situao de escalada de &ora revolucionria! Essas vises soalgumas das que elaboramos em conjunto ao longo de muitos anos em conversastranquilas ou no# com compas de nossa cidade ou de outros lugares do mundo! *ssugestes prticas encontradas aqui devem ser entendidas como possibilidades reais#uma ligada D outra por uma coer$ncia estratgica! "s pedimos para que voc$ pensesobre sua prpria vida# suas amizades e suas prprias inclinaes! E consideretotalmente# para alm do que est exposto aqui# a possibilidade de uma ruptura

    permanente!

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    ma coisa precisa ser dita desde o incio) no h mnima chance de nenhumx de

    ns sobreviver sozinhx! ( necessrio algo que transcenda o 1eu2 como um atorindividual e todas as &ormas com que esse 1eu2 aprendeu a se relacionar com oseu mundo# suas amizades# consigo mesmx! 0or isso# o primeiro passo para as pessoasem uma guerra contra o status quo ser) encontrarem umas Ds outras!/

    "a verdade# insurgentes em potencial esto por toda parte! Enquanto osmovimentos de trabalhadores t$m as &bricas para se encontrar e as greves para mostrarquem so xs covardes# ns temos todo o espao da metrpole para nos conectar einumerveis mtodos de subverso para identi&icar quem quem) o con&ronto nas ruas#o roubo# o bloqueio nas estradas# a ocupao# as barricadas! 'a&s# re&eitrios# bares#universidades# jardins comunitrios# livrarias#

    grupos de estudo# galerias de arte# parques#con&er$ncias de hac=ers# &eiras de produtoresorg%nicos# &estas de rua) todos esses lugares socruzados por linhas antagCnicas# por ladosdi&erentes e as pessoas que os escolheram#con&litos e suas consequ$ncias que &icamencobertos pela super&icialidade do discurso civil!'om alguma ateno podemos nos tornar sensveisa esses antagonismos! 0ara ns# isso signi&ica quecamaradas em potencial espreitam por lugares em

    que normalmente no olhamos! 0ara compornovos ritmos de revolta# precisamos a&inar nossosouvidos para melodias de lutas e paixes queultrapassam as categorias sociais e polticas queaprendemos a reconhecer!

    que poltico em nossas amizades vem Dtona quando nos a&etamos por coisas ou eventossemelhantes# quando nossos conhecimentos enosso poder interagem e se intercruzam de &orma anos &azer mais &ortes! 7emos um lao com aspessoas que consideramos amigas devido a algumaexperi$ncia# escolha ou deciso que &az com que ocrescimento de suas &oras leve ao crescimento dasnossas! +imetricamente# temos um lao com quem compreendemos ser nossos inimigosde &orma que# para minha &ora aumentar# necessrio minar suas &oras! *lgunseventos &azem de ns algo maior do que j somos e nos tornam mais potentes# enquantooutros nos decompem e nos en&raquecem# nos &azendo menos vivxs! 0recisamos nostornar sensveis a essa realidade e nos mover em direo ao que nos &ortalece e escapardo que nos en&raquece!

    Ie incio# encontrar.se pode abrir caminho para intensidades tico.polticas# mass se quem se encontra j t$m esse objetivo! problema no que as pessoas no t$messe objetivo# mas sim que todas partem de um estado de isolamento e neutralidade! Emnossa sociedade# as pessoas esto unidas apenas por uma esttica dis&arada de

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    1comunidade2 e por identidades concedidas pelo mercado ou pelos discursos polticos!Ie um lado# essas &alsas unidades agrupam elementos ocultando suas di&erenasenquanto permitem a produo de &ormas homog$neas e abrangentes Korganizaes demassa# tribos urbanas# cenas polticasLB por outro lado# e ao mesmo tempo# provocam&alsas divises# impedindo o surgimento de laos de intensidade! Aelaes mant$m.semuitas vezes por interesses comuns 8 a economia interna dos clubes sociais# dos nichos#as 1comunidades2 do :aceboo= ou qualquer subcultura! Quando o que temos em comumentre ns se reduz a gostos e estticas similares nossas relaes so "acilmentecapturadas e assim "acilmente manipuladas para se tornarem identidades maisdigestveis seguras e control#veis!

    "s s vamos superar os limites dessas subjetividades super&iciais quandoelaborarmos 8 criarmos# di&undirmos# concretizarmos e de&endermos 8 uma disposiotica no mundo em que vivemos! $ma tica no uma moralidade) uma moralidadeconsiste em um milho de pequenas regras sobre como devemos viver nossas vidas emilhares de &ormas de justi&icar a origem dessas regras! Foralidade o que per&ormado em um tribunal# na sala de aula# na igreja e# sendo assim# no &ornece

    nenhum caminho para uma nova &orma de vida! /ma tica# no uma identidadeKtrabalhadorxs# estudantes# pobres# ricxs# negrxs# mulheresL) identidade sempre&ornecida por um conluio terrvel entre Iemocracia e :aceboo=! 0or sua vez# umaquesto tica a questo que diz como estou no mundo! "o existencialmente# mastaticamente! /ma elaborao de uma tica exatamente o que tem sido impossveldevido a uma variedade de mecanismos e dispositivos que constituem o ambiente hostilno qual vivemos) policiais e prises# claro# mas tambm o metrC e suas catracas# amercantilizao e privatizao do conhecimento tcnico# a gesto da revolta! +e umanica tica permitida nesse mundo# apenas a de nossa de&ici$ncia existencial doentia)a hegemonia de um modo de vida unidimensional que requer que toda ideia seja

    separada de suas consequ$ncias# que toda paixo termine 1onde outras comeam2! %per"eita unio entre o que acreditamos e aquilo que "azemos a base de qualquerlibertao verdadeira! Juando isso acontece em uma &esta# em um protesto# em uma&brica# em um supermercado ou qualquer outro lugar# a polcia sempre vaiaparecer!

    +eramos negligentes se dissssemos que todas as coisas que envolvem paixo soigualmente boas 8 esse o pluralismo liberal que veio para dominar os mercadosconsumidores e crculos acad$micos pelos ltimos M? anos! Enquanto o ambiente noqual vivemos organizado para prevenir que qualquer con&lito venha D tona# o&etichismo do con&lito por si s tambm no nos leva a lugar algum! 'omo vimos na

    /cr%nia# inimigos do Estado podem assumir qualquer &orma 8 e isso inclui o &ascismopor trs de barricadas! /ma disposio comunista 8 isto # a abolio de todapropriedade e &orma de estado 8 ser a continuidade que conecta todas as nossas aes)uma recusa anrquica do controle e da rei&icao sero as bases para a proli&erao depossibilidades insurrecionrias!

    * intensidade emocional e a&etiva de nossas relaes devem se mani&estar em umaconsist$ncia material! :alhar nesse ponto nos leva# inevitavelmente# a uma &ragmentaoe ao isolamento! 7oda escolha de vida 8 onde viver# com quem viver# onde conseguirnossa comida e como compartilhar# como conseguir dinheiro e o que &azer com ele 8 uma questo que pode ser respondida de uma &orma di&erente! que a princpio pareceuma questo ou responsabilidade individual pode ser compreendido como umaoportunidade de aumentar nossa &ora coletivamente!

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    princpio# o que compartilhamos pode ser pequeno e at moment%neo) um prato

    gourmet roubado de um mercado rico# pixadorxs juntando tinta para trabalhoscoletivos# compartilhar o roubo ou o saque de uma noite de protestos# aconspirao de baristas que roubam ca alimento ou dinheiro para compartilhar emcasa com amigxs! *o longo do tempo# podemos nos organizar para compartilhar aindamais! 5iver juntxs! 'ompartilhar re&eies e dinheiro! 'omear uma horta ou ocupar umterreno! 'ompartilhar tcnicas de roubo ou estratgias para se esconder# quandonecessrio! *prender a cozinhar pra duas# tr$s ou vinte pessoas! E ento para centenas!

    **umentar nossa &ora signi&ica que sempre buscamos um modo de aumentar nossopoder coletivamente e nos organizamos para tal! Nabilidades e conhecimentosespecializados devem ser apropriados dos crculos intelectuais aos quais esto presos!

    Aemdios herbais# construo# estratgias &inanceiras# permacultura# programao eempregos &ormais podem ser teis! * ddiva# isto # prtica de compartilhar sem umareciprocidade obrigatria# pode ser di&cil de entender no incio! "ormalmente essas&ormas de cuidado e apoio mtuo no conseguem se espalhar aps o surgimento de umcasal monog%mico ou de uma &amlia nuclear! Juando construmos nossa vida emcomum# a necessidade de dinheiro ou clculos entre nossas relaes se tornam menosprticas e necessrias ou cada vez mais absurdas! N tantas outras coisas que podemoscompartilhar alm de nossas senhas no "et&lix!

    0ara isso# precisamos de espaos! 3ugares onde podemos nos encontrar# cujo

    endereo pode ser publicado pois no est vinculado a nenhum nome! 3ugares quepodem abrigar dezenas de pessoas que no caberiam em uma casaB lugares que podemabrigar as milhares que no cabem do lado de dentro! 3ugares para sermos produtivxs#que tenha espao para estocarmos materiais e equipamentos! 0ara imprimirmos jornais#nos reunirmos# escrevermos! 3ugares para nos encontrar) um ca um restaurante# umadistribuidora de livros# um bar! Espaos que podemos alugar# ou melhor) comprar e ter amaldita propriedade coletiva! E assim# resistir ao aumento dos preos que nos &azemmudar de uma vizinhana devido D especulao imobiliria!

    0ara ser mais explcito# no propomos a simples posse de um imvel ou objetospara nos isolarmos ou nos abrigarmos em torno! Jueremos construir uma luta# um

    levante# que ocorra no nvel da vida cotidiana e no como se tirssemos &rias dessa vida!/ma revolta que pode ser um ritmo pulsante de pequenos eventos de constantesubverso! /ma casa comunitria no meio de uma cidade pode se tornar a porta parauma outra realidade ou um peso para todas as pessoas envolvidas! "o basta apenas terum lugar# uma casa ou uma terra! 0recisamos nos tornar um territrio expandindo otr&ego de relaes paralelas em um espao e entre todos os outros! "o &az sentido nosapegarmos a uma moral ou 1din%micas internas2 empreitadas! 5amos apenas evitar aexplorao mtua e juntar o que essa sociedade insiste em separar) prtica sempensamento# ao sem contemplao# pensamento sem sentimentos! que se torna um&ardo pode ser abandonado! Jueremos ter mais &ora e energia com o tempo# e no

    menos! 0ortanto# &aa o que te coloca em movimento!-untxs# devemos aprender como &uncionam os mecanismos que nos controlam e saberquais so suas vulnerabilidades! Ievemos compartilhar &erramentas para o raciocniottico# uma viso estratgica e para conexes poticas! 0recisamos entender como o que

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    nos rodeia nos restringe e nos divide! 'omo as ideologias nos mantm dceis por meiode aes concretas! Fas devemos tambm aprender e compartilhar modos de captarrecursos# &raudar# roubar e conspirar! Juando o emprego de oportunidades estratgicassurgem# elas devem ser apropriadas em o mais rpido possvel! /m caminho tombadoou uma loja saqueada durante um protesto nos permitem ter e compartilhar bensnecessrios ou teis# que de outra &orma no teramos acesso! Juando um distrbiosurge na cidade# devemos saber como &az$.lo se espalhar e como sabotar a comunicaoe a logstica do Estado! Juando policiais ou outros agentes esto buscando algum emnossa vizinhana# devemos saber como alertar as pessoas e ajud.las a escapar! Juandocompas esto sendo tragadas pela depresso# no podemos deixar de demonstrar queso importantes e queridas! Ievemos considerar a origem comum de todos essesproblemas e suas sadas!

    0ouco mais de um sculo atrs# a *mrica escravista era entrecortada por umarede de conspirao! /ma consist$ncia estratgica conectava campos# lavouras# matas#comrcios# albergues# quilombos# igrejas# &azendas e escravxs por# literalmente# milharesde quilCmetros! 0articipantes dessa conspirao so&reram perseguies# vigil%ncia e

    represso! +uas habilidades em trans&ormar suas vidas em uma prtica coletiva &izeramcom que se tornasses resistentes a essas operaes! 0or muito tempo ajudaram na &uga ena clandestinidade de centenas de milhares de pessoas escravizadas! +e o que &aziam eraum ataque direto ou no Ds instituies comerciais de sua poca ou a mera construo dealternativas# isso no nos importa e talvez no importasse para essas pessoas tambm!

    *creditamos que o cenrio atual pode tirar proveito desse legado como um pontohistrico til a ser contextualizado e aper&eioado!

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    s seremos con&rontadxs por todos os lados por aqueles que desejam minarnossa luta# insistindo em dizer que buscamos apenas construir uma novasociedade dentro da atual# ou de que somos extremistas preocupadxs apenas

    com a destruio! "o podemos &azer nada seno dar de ombros para idiotas que noschamam niilistas num dia e de seguidorxs de estilo de vida no prximo! Aeconhecemosessas divises como um binCmio &undamental na lgica imperial) normal e anormal#cidado e criminoso# legtimo e ilegtimo!

    "3utas e antagonismos so normalizados quando eles so &orados a se articular

    como uma negociao com o Estado# empresas ou outras instituies! Esta a alada dos

    movimentos de ativismo e de justia social! * tentao de ser sugado para organizaescomunitrias# de esquerda ou de direita# persistente e compreensvel! que essesgrupos . igrejas# organizaes sem &ins lucrativos# sindicatos# partidos polticos .o&erecem Ds pessoas continuidade# estabilidade# Ds vezes dinheiro# e sempre os &alsospretextos de pragmatismo! Fas a abordagem ativista sempre espelhou as estruturas queela supostamente desa&ia# respondendo Ds &oras que dividem nossas vidas em es&erasseparadas de trabalho# raa# assist$ncia mdica# direito ao casamento# e assim pordiante# com demandas &ragmentadas! 'on&ormando.se com discursos governantes#ativistas sempre perderam o que est realmente em jogo# con&undindo a vida com umacoleo de questes distintas!

    0or outro lado# e muitas vezes em reao Ds &oras de recuperao# outras seretiram para a categoria OanormalO# permitindo.se tornarem.se isoladas da sociedade# deseus slogans patticos# de seus terrveis mtodos de paci&icao! Elas se permitemtornarem.se militantes! Fas# assim como o tr&ego para o trabalho uma consideraoprimria no planejamento de rodovias interestaduais . engarra&amentos so evitadospela adio de novas pistas# limites de velocidade regulados com cuidado# sadas e pontestaticamente colocadas . dissidentes polticos so contabilizados! governo precisa deum sujeito militante! "enhuma operao policial est completa at que uma clula deorganizao# uma gangue# uma m&ia# um terrorista# ou alguma outra subjetividadecriminosa seja identi&icada e eliminada! *o adotar uma posio dentro dos debates do

    governo# como a anttese de sua tese# a viol$ncia D sua no.viol$ncia# os militantes estocondenados antes de comearem! seu destino j est determinado) isolamento emorte! *inda assim# a ameaa mais urgente que o militante representa para umainsurreio a especializao de revolta) que milhes de pessoas se tornaro seguras desua posio como espectadoras nos con&litos privados entre a polcia e as O&orasrebeldesO!

    normal e o anormal# o cidado e o criminoso# e cada variao destasdicotomias# consubstanciam um ao outro# o que quer dizer que nenhuma dessas posiesnos o&erece uma sada! "ossa &ora reside em nossa capacidade de no a&irmar nenhum#e ocupar ambas! 7emos de aprender a ser visveis para o movimento e invisveis para oEstado! 6sto o que toda boca de &umo &az# o que todo e.mail criptogra&ado &az e o quedevemos sempre reaprender a &azer! /ma massa de jovens dispostas a se revoltar nosigni&ica nada se elxs no so inteligentes o su&iciente e rpidxs o su&iciente para noserem pegxs# ou se no h dinheiro para socorrer as amigas depois! Ia mesma &orma#

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    uma rede de cooperativa de jardinagem poderia muito bem ser o indicador esttico deque os a classe mdia ambientalista abriu mais um negcio se no nos lembrarmos deque tipo de luta a verdadeira autonomia implica! que importa no uma aoparticular Kmedicina# trabalho intelectual# cozinharL ou um objeto espec&icoKimpressoras# tinta spraP# jarros de vidro# metalL# mas como ele est conectado a todos osoutros objetos# cada outra prtica . e como ns circulamos entre eles! 7udo o que&azemos e tudo que tocamos pode assumir um novo carter quando ligado a outrasprticas# espaos e camaradas! "o se permita ser enganado por detratores) assim comohabilidades e artesanatos podem servir como distraes# muitos se perderam em ciclosalienados de vandalismo bobo e ativismo militante! ponto chegar a um caminhocomum com outras e usar quaisquer meios que devem ser usados a &im de superar osobstculos . que esto em todos os lugares!

    * crise# o desastre# a situao deemerg$ncia tornaram.se um elemento&undamental do governo contempor%neo!( a crise como reorganizao do espao#

    da ateno# das pessoas! * crise comogoverno de emerg$ncia# como a prpria&ora da lei! 'omo muitos &oramobrigados a aprender# as crises so assimchamadas quando as coisas esto prestesa ser reestruturadas! estado deemerg$ncia . o estado de anarquiagovernamental . o nome dado Dpolarizao do mundo sob o atual arranjode &oras) o Estado contra a sociedade!

    7emos visto isso nos dias seguintes aobombardeio da ;oston Farathon#quando tanques rondaram as ruas deuma cidade americana em busca de umnico adolescente! Iesastres naturais#pandemias de gripe# secas# &alta deenergia# insurreio e invaso) para oregime governamental contempor%neo#todos esses eventos so simplesmentemomentos de desorganizao a serem

    capitalizados! +e isto oportuno paranossos inimigos# que buscam retornar esses distrbios temporrios para uma nova emais brutal# mais vazia normalidade# ento poderia ser duplamente oportuno paraaqueles de ns que esperam dissolver esta sociedade para sempre! Juando a crise vem Dsuper&cie# devemos empurr.la para as suas concluses absolutas) cada greve# umagreve geralB cada blecaute# uma onda de saquesB cada protesto# um tumultoB cadatumulto# uma insurreioB cada piquete# um bloqueio permanente! Ievemos &azertrincheiras de cada rachadura na sociedade!

    que comea em escala local deve ser pressionado atravs das &ronteiras dosbairros# vilas# cidades e estados! *brir linhas de comunicao! +eja inteligente) se

    camaradas em uma cidade a uma hora de dist%ncia tem uma prensa de impresso# pode&azer mais sentido comear uma &azenda de permacultura em sua cidade! Em vez deduplicar as coisas que um OnsO maior j pode &azer# crie redes de recursos atravs dasquais todas ns possamos circular!Em cada momento# o ambiente hostil em que vivemos

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    e os mecanismos que o constituem esto prontos para nos impedir de entrar em contatoe aumentar nosso prprio poder! processo contra.insurrecional ocorre tanto no nvelpro&undo# quase invisvel da produo do dia.a.dia# quanto no nvel altamente visvel dadominao total! rganize.se para superar cada um desses obstculos# um por um!

    "a tentativa de construir uma &ora revolucionria# ns &icamos chocadxs com aimpot$ncia da nossa prpria imaginao! *ps uma re&lexo# nossos desejos imediatos

    podem parecer to estranhos a ns quanto o ambiente que os produz! "s encontramosnossa prpria estagnao e nosso prprio &renesi# as duas respostas automticas para aincerteza! *lgumxs se retiram para a depresso ou a posio de espectadorx# esperandoque outrxs tomem a iniciativa! utrxs correm para &azer alguma coisa# qualquer coisa#para a&astar a ansiedade ou tdio! *o comear com um plano para assumir a tare&a deconstruir um maior acesso ao nosso potencial# os prximos passos devem tornar.se maisevidentes! Juando elxs no so to bvios# h a conversa! +e isso &alhar# h sempre aaposta!

    "a tentativa de construir uma vida em comum# somos con&rontadosimediatamente pelos limites impostos pela economia capitalista# dos postos de trabalho#

    aluguel e habitao des&avorvel! Jue camaradas e amigos sejam obrigados a trabalhar um sinal de &raqueza pro&unda! Este um problema coletivo que deve ser tratado comseriedade! trabalho deve ser prestado voluntariamente) uma considerao ttica ouestratgica# um prazer# no uma necessidade de sobreviv$ncia! 'laro que# o gasto maispremente quase sempre o aluguel! Ele nos mantm trabalhando e desnecessariamente

    vulnerveis aos caprichos de proprietrios# emerg$ncias e urbanistas! 'amaradasdeveriam se organizar para adquirir uma habitao o mais breve possvel! ( mais baratodo que alugar e pode nos &ornecer uma maior perman$ncia e# portanto# insightsestratgicos para os con&litos em torno de ns!

    "a tentativa de apoiarmos uns aos outros# nos deparamos com nossa prpriaignor%ncia . nossa total inexperi$ncia em construir amizades e mant$.las# a nossacompleta con&uso quanto ao que signi&ica amar uns aos outros# nossa &raqueza absolutaquando se trata de apoiar um ao outro emocionalmente# espiritualmente# materialmente!"enhuma dessas condies deve nos paralisar# mas se ns permitirmos que elas de&inamquem somos ou o que estamos &azendo# eles podem muito bem nos paralisar! 'ada umdesses simplesmente um obstculo que# como todos os obstculos# existe para sersuperado!

    6nevitavelmente# em certos momentos# vamos experimentar a nossa prpria&raqueza! /m bairro demolido para um novo complexo de uso mistoB um ponto de

    encontro invadidoB um movimento morre! * depresso que vem com cada ciclo de lutaque se &echa s pode ser rebatida pela convico de que o prprio tempo est do nossolado! * urg$ncia imposta pelo iminente colapso da civilizao no nos d razo parapressa! * queda de Aoma levou sculos! 7emos de encontrar con&orto sabendo quepodemos ser parte de um movimento anti.imperial que atravessa geraes! * histriano a progresso linear que geralmente &eita para ser! 0ensamentos# ideias e aescirculam e reaparecem ao longo do tempo# e as coisas que voc$ pensou que iriam crescerin&initamente de repente caem &ora! 'omo um jardim que morre a cada inverno# osmovimentos e revoltas viro# nos &ornecero entusiasmo e energia# e em seguidadesaparecero! +e entendermos a ns mesmos como uma &ora que persiste atravs do

    tempo# vamos sobreviver D depresso de uma perda# no com exausto# mas com &ora!Ia prxima vez# vamos estar ainda mais preparadas!

    Ii&erentes grupos de pessoas circulam atravs das &azendas em bairros distantesdo centro# prontos para &ornecer alimentos para milhares de pessoas que ocupam

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    Qoodru&& 0ar=! /m depsito no lado oeste tem caminhes e equipes que vo at hotisabandonados e instalaes de resduos industriais# coletando 1matria.prima2 . metal#madeira# equipamento de cozinha . que pode ser usada para construir &ornos de tijolos econsertar o novo edi&cio! /m ca& partidrio do centro serve como ponto de entradapara os visitantes e os recm.chegados# assim como um ponto de entrada parainsurgentes do Estado todo# da regio# do pas# e at mesmo do mundo! clube de danapermite que as pessoas se misturem com a multido aps uma demonstrao turbulenta#dando.lhes uma maneira de liberar um pouco a tenso! 7ransmissores de rdio pirataemitem a partir de locais secretos &ora da cidade para espalhar a sedio e a heresia nocorao de uma grande metrpole! Fquinas copiadoras universitrias so hac=eadaspara impresses gratuitas da assembleia deste &im de semana . a loja de impresso jest &uncionando em tempo extra! /mx amigx sai da loja com uma mochila cheia deprodutos e d uma piscadela! Fdicxs e herbalistas esto prontos# equipadxs para lidarcom quaisquer leses que possam advir do tumulto de hoje D noite# bem treinados para otratamento de &erimentos e leses comuns! * casa do lago &amiliar reaproveitada paraacomodar cem pessoas para uma reunio de estratgia de vero! 3entamente# algo estcrescendo!

    no precisamos de palavras nem de promessas,mas sim do constante acmulo de pequenas realidades.

  • 7/26/2019 como iniciar um incendio

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    s entramos em uma nova era geolgica, cuja

    sua emergncia marcada por uma

    gigantesca tragdia. Ns devemos, assim, nos

    agarras s questes reais de nossa poca: ! que signi"ica ser

    #umano no sculo $$%& 'omo ns iremos nos alimentar no

    deserto, num deserto nuclear, nas cin(as de uma cidade&

    'omo ns podemos aca)ar com a *etrpole& 'omo ns nos

    encontraremos com aquel+s pres+s na armadil#a ur)ano

    rural& 'omo ns podemos seguir os nossos desejos& 'om

    quem ns podemos viver - e como& 'omo podemos amar ans e s outras pessoas&

    N

    "accao"icticia.no)logs.org

    "ac"icriseup.net