como funciona um relógio mecânico

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COMO FUNCIONA UM RELÓGIO MECÂNICO ? © * Um dos grandes atrativos dos relógios mecânicos é ver o conteúdo de sua estrutura interna. Observar em detalhes todos esses pequenos componentes, entrelaçados perfeitamente para cumprir seu trabalho, nos enche de dúvidas sobre a forma de seu funcionamento. A fascinação pela mecânica em nós aficionados pelos relógios, nos leva, ao menos a querer entender esse processo mecânico, ajustado tão minuciosamente para obter aqueles resultados tão recorrentes e necessários em nossa vida diária: a leitura das horas e minutos. Nesse artigo se explicará, de maneira explicita o funcionamento básico de um relógio à corda, fazendo-se menção aos nomes mais comuns dos componentes, a distribuição destes dentro de um calibre, e a utilização simultânea de todos esses elementos, a fim de que se tenha uma melhor compreensão do trabalho realizado por esse tipo de movimento mecânico O movimento a detalhar, é um Duward de carga manual com 15 rubis, cujo “ebauche” foi fornecido por A Schild (AS), calibre 1130, com 29 mm de diâmetro e 3,9 mm de espessura, freqüência de 18.000 a/h, reserva de marcha de 38 horas, manufaturado no ano de 1965. A imagem do movimento em questão é mostrada abaixo:

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Como Funciona Um Relógio Mecânico

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Page 1: Como Funciona Um Relógio Mecânico

COMO FUNCIONA UM RELÓGIO MECÂNICO ? © *

Um dos grandes atrativos dos relógios mecânicos é ver o conteúdo de sua estrutura interna. Observar em detalhes todos esses pequenos componentes, entrelaçados perfeitamente para cumprir seu trabalho, nos enche de dúvidas sobre a forma de seu funcionamento.

A fascinação pela mecânica em nós aficionados pelos relógios, nos leva, ao menos a querer entender esse processo mecânico, ajustado tão minuciosamente para obter aqueles resultados tão recorrentes e necessários em nossa vida diária: a leitura das horas e minutos.

Nesse artigo se explicará, de maneira explicita o funcionamento básico de um relógio à corda, fazendo-se menção aos nomes mais comuns dos componentes, a distribuição destes dentro de um calibre, e a utilização simultânea de todos esses elementos, a fim de que se tenha uma melhor compreensão do trabalho realizado por esse tipo de movimento mecânico

O movimento a detalhar, é um Duward de carga manual com 15 rubis, cujo “ebauche” foi fornecido por A Schild (AS), calibre 1130, com 29 mm de diâmetro e 3,9 mm de espessura, freqüência de 18.000 a/h, reserva de marcha de 38 horas, manufaturado no ano de 1965. A imagem do movimento em questão é mostrada abaixo:

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Bem, suponhamos que o retiremos de nossa gaveta para levá-lo conosco durante um dia inteiro. Pois a primeira providência a se tomar será “dar-lhe corda” para que o relógio comece sua marcha.

Quando exercemos essa função que aparentemente é tão simples (à primeira vista) os resultados no interior do relógio são diversos, todos objetivando um princípio básico de se obter energia através da utilização correta de componentes metálicos, com certas características em sua composição, desenho e capacidade de armazenamento de energia. Esses componentes, que consubstanciam-se-de uma pequena espiral (mola real), eixo e caixa protetora conjuntamente chamados “tambor, guardam e provêem força a esse tipo de movimento. Adiante será detalhado em seus aspectos principais.

Então, quando damos corda no nosso relógios, é isso que ocorre dentro dele:

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Se gira a coroa (1), e essa através da tige (2) e do pinhão de transmissão que está abaixo da platina da corda(3) aciona a roda intermediária (4), a qual gira acionando o barrilhete, que esta debaixo da “rochet” ou roda de carga (5). Esse tem um freio na “cliquet”(6) para evitar a regressão da pressão da mola criada mediante a força exercida ao se dar corda.

Mas por que ao dar corda necessitamos da “cliquet’ para que freie o retrocesso do barrilhete.? O barrilhete ao girar acumula energia no centro de seu eixo, advinda da mola real, a essa altura contraída. Essa mola, que nada mais é senão uma espiral metálica, devido à sua flexibilidade cria uma força liberando energia que alimenta todo o sistema. O barrilhete que se encontra abaixo da “rochet” (vide imagem anterior). .contrai a mola real em direção das setas (veja-se abaixo).

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Pois bem, uma vez que se dê corda no relógio, essa “pressão” armazenada na mola espiralada se libera lentamente através do barrilhete, movendo os dentes de engrenagem da roda do tambor. A imagem seguinte nos mostra a continuação deste processo.

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A roda do tambor se encontra conectada com os “dentes” da roda central ou “primeira roda”(7). O tamanho minúsculo dos dentes dessa roda dentada e seu pinhão, exercem força sobre a segunda roda (8), a qual impulsionando a mesma força, porém com menor tamanho da engrenagem move o pinhão da terceira roda (9), e finalmente aciona a roda de escape (10). A foto abaixo mostra de maneira mais explícita este funcionamento do trem de rodagem.

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A roda de escape é o último componente do.trem de rodagem. Essa exerce fricção e força controlada com a âncora (11). Para cada impulso, há uma entrada de pressão no “lábio” do rubi posicionado do lado direito da paleta (12) e uma saída ou escape no “lábio do rubi” posicionado no lado esquerdo da âncora (13). A constante fricção da roda de escape e a âncora proporciona o típico “tic-tac” de todos os relógios de corda mecânica.

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Este processo se entende melhor na imagem seguinte, editada com base um desenho publicado na revista Europastar:

Este movimento em conjunto e coordenado com a pressão proveniente do trem de rodagem movem o conjunto volante-espiral mediante o choque constante da âncora com o “Platoux”(17). A imagem anterior mostra esse momento. Ao girar de forma bi-direcional (veja próxima foto) choca-se com a âncora, e a inércia daí advinda move o já mencionado conjunto volante-espiral. Esse conjunto é composto pela “volante” (14), espiral (15) eixo do volante (16) e o mancal do “balancim”.

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Ainda relativamente à imagem acima, está assinalado o componente a qual tem que ser ajustado para que finalmente o calibre marque a hora e minutos corretos sem adiantar ou atrasar sua marcha. Me refiro ao registro do regulador (18). Esse movimento contínuo entre a roda de escape, a âncora e o conjunto de volante-espiral regula a marcha do tempo. Sua latência pode ser de 18.000 alternancias por hora (h/a), referência ao número de semi-oscilações dadas pelo volante a cada 60 minutos, 21,600 a/h, 28,800 a/h ou até 36,000 a/h ou mais.

Para maiores informações sobre o aspecto das alternâncias, consulte-se o artigo escrito por “Evalls (sic) chamado “Alternancias",no endereço “http://inforeloj.com/spa/iten/alternancias.html “.

Este é o processo mecânico do nosso relógio comum. Para tal, entretanto nos cabe recordar que para a indústria relojoeira chegar a esse nível de desenho e funcionamento mecânico tiveram que passar séculos desde as primeiras interpretações do tempo e dos ciclos naturais da civilização humana.

Mas nem tudo está explicado: quando pegamos nosso relógio e lhe damos corda, esse começa sua marcha. O que necessitamos mais ? Ajustar a hora e minutos corretos, não ? Então se fazem necessárias mais algumas explicações sobre outra parte do calibre mecânico: o sistema de ajuste das horas. As imagens seguintes mostram em minúncias esse sistema de ajuste das horas e minutos, com a coroa na posição normal e na de ajuste do relógio (puxada).

Na imagem abaixo, mostra-se o movimento com a corôa na posição normal ou em repouso:

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Na foto seguinte, é muito importante que se note as diferenças quando puxamos a coroa, vejam:

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Esse sistema não é tão complicado. Primeiro exerço pressão na coroa, puxando-a (1). Esta move a transmissão ou tige (2), e imediatamente aciona o tirete (3). Esse libera e pressiona a placa flexível da tirete (4) , a qual recorre com a dita força ao pinhão deslizante (5) por meio da báscula (6) e encaixe com a roda de transmissão (7).

Ao dar a volta com a corôa esta gira em ambas as direções, movendo a roda de horas (8) e esta a dos minutos (9), que por sua vez estão “ligadas” aos ponteiros.

Desta forma, ajustadas as horas e os minutos, é deixar que o calibre faça seu trabalho. O resto dos componentes tem seus nomes específicos:

1. Pontes. 2. Parafusos vários. 3. Pivotes de rubís, para evitar o atrito do constante movimento dos eixos das engrenagens e o conjunto volante-espiral) 4. Platina. (mais uma imagem para uma visão mais detalhada dessa peça, vide abaixo).

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Por outro lado, cabe só relembrar que para alguns relojoeiros, o “trem de rodagem” tem várias denominações, já que a nomenclatura varia entre relojoeiros, cidades e países devido ‘a asuência de uma normatização a esse respeito. Por exemplo: 1- Barrilhete ou eixo do tambor. 2- Roda central ou primeira roda. 3- Roda de escape ou quinta roda, etc.

Como conclusão, o sistema mecânico de um relógio é complicado e interessante. Anos de investigação e desenvolvimento tiveram que passar para que se pudessem obter esses parâmetros de precisão e tamanhos tão reduzidos.

Esses aspectos de precisão emanam em dois pontos: a precisão do processo de desenhar componentes minúsculos cujo funcionamentos estejam perfeitamente calibrados entre si, e a precisão de seu adequado funcionamento e ajuste para que em conjunto realizem seu trabalho que não é de todo simples, marcar as horas e os minutos.

Uma vez conhecido este sistema, sabemos que no momento de levantar o pulso para realizar uma leitura de horas e minutos, há todo um processo mecânico perfeitamente coordenado no interior destas pequenas maravilhas mecânicas.