como falar de deus hoje?

68
Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues

Upload: domeduardo

Post on 24-Jan-2017

163 views

Category:

Spiritual


0 download

TRANSCRIPT

Apresentao do PowerPoint

Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues

Como falar de HOJE

Anncio, presena e testemunho o anncio que d resposta ao anseio de infinito que existe em todo o corao humano (Papa Francisco, EG 165).

Mudanas Culturais

Enquanto, no passado, era possvel reconhecer um tecido cultural unitrio, amplamente compartilhado no seu apelo aos contedos da f e aos valores por ela inspirados, hoje parece que j no assim em grandes setores da sociedade devido a uma profunda crise de f que atingiu muitas pessoas(n. 2). A crise de f acontece em razo das mudanas culturais que geram modos de pensar e de se comportar diferentes e, at mesmo divergentes. (cf. DGAE: Marcas de Nosso Tempo)

Os filhos, mais numerosos que hoje, viviam a maior parte no tempo sob a influncia da famlia e todas as famlias eram mais ou menos iguais no que diz respeito religio e aos costumes.

Hoje os filhos passam a maior parte do tempo sob a influncia de outras instncias e tm contato permanente com formas de pensar e de viver diferentes daquelas de sua prpria famlia.

Tornou-se frequente que pais cristos se queixem de que seus filhos no os acompanham mais na prtica da prpria religio. H espaos sociais e culturais que esto absolutamente fora do controle familiar onde alternativas outras, muitas vezes opostas, de como viver exercem forte influncia nas novas geraes (cf. DGAE n. 39)

Acrescente-se a essa mudana o espao das redes sociais onde tudo se discute e onde se comunicam as mais variadas experincias e onde se contestam os valores tradicionais que teceram as relaes sociais no regime de cristandade.

A industrializao, com o acelerado e desordenado processo de urbanizao, quebrou a unidade cultural religiosa que caracterizava a sociedade de tipo rural.

A migrao para os centros urbanos trouxe insegurana para a populao acostumada ao ritmo lento da vida rural, gerando tambm os problemas de desemprego e os bolses de pobreza com consequente desestruturao da vida familiar, propiciando o desenvolvimento do comrcio das drogas, verdadeiro flagelo social.

Nesse contexto, a perda das razes crists-catlicas por parte de muitos e a necessidade de encontrar soluo para as angstias emergentes de um contexto de anomia sociocultural abriram espao para as mais variadas propostas religiosas vistas como resposta para as prprias aflies.

Multiplicaram-se os grupos religiosos onde de certa forma as pessoas, nessa situao, encontram abrigo, segurana e orientao para suas vidas.

Uma cultura global, gestada pelo sonho de uma felicidade fcil, a ser concretizada pelo acesso aos bens de consumo, e um conceito de liberdade como possibilidade de satisfazer a todos os desejos, substitui a noo de ideal que exija dedicao, esprito de sacrifcio e a procura de uma vida virtuosa bem como o empenho na construo de um mundo melhor para todos.

Nesse contexto se tornam difceis as opes definitivas de entrega da prpria vida a uma causa ou a um ideal onde o bem do outro ou o bem de todos seja a razo do prprio viver.

A felicidade no est em encontrar uma verdade que d sentido totalidade da existncia e, portanto, ao viver e ao morrer; a felicidade consiste em viver com intensidade prazerosa o momento. Dispensa-se a questo do sentido e fica abolido qualquer tipo de escatologia, individual ou coletiva.

Nesse contexto o Santo Padre, o Papa Bento XVI havia chamado a ateno para o fato de que muitos cristos se preocupam mais com as consequncias sociais, culturais e polticas da f do que com a prpria f, considerando esta como um pressuposto bvio da sua vida diria.

preciso observar que o Santo Padre no nega a importncia dessa preocupao que, alis, na Amrica Latina, ocupou amplo espao no pensamento teolgico e exerceu forte influncia em nossas prticas pastorais. Sua constatao que chegamos a um ponto em que o pressuposto a f viva que deve sustentar a prtica crist no mundo da cultura e da poltica vem se esvaziando progressivamente.

De fato, fazemos o discurso sobre a necessidade de uma cultura onde se valorize a dignidade da pessoa e de uma prtica poltica que valorize a vida e procure o bem comum e nos deparamos com uma prtica completamente alheia aos princpios do evangelho. No temos cristos suficientemente formados e comprometidos com o evangelho no mundo da profisso, das artes, das cincias e da poltica.

Donde a pergunta: Como falar de Deus hoje?Onde e como, os leigos devem anunciar, se fazerem presentes e testemunhar?

A misso especfica do fiel leigo: sua ndole secular (Vat II, Bento XVI e Papa Francisco)

Ensina-nos o Conclio Vat. II: prpria e peculiar dos leigos a ndole secular. Com efeito, os membros da sagrada Ordem, ainda que algumas vezes possam tratar de assuntos seculares, exercendo mesmo uma profisso profana, contudo, em razo da sua vocao especfica, destinam-se, sobretudo e expressamente ao sagrado ministrio; enquanto que os religiosos, no seu estado, do magnfico e privilegiado testemunho de que se no pode transfigurar o mundo e oferec-lo a Deus sem o esprito das bem-aventuranas. Por vocao prpria, compete aos leigos procurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus.

Vivem no mundo, isto , em toda e qualquer ocupao e atividade terrena, e nas condies ordinrias da vida familiar e social, com as quais como que tecida a sua existncia. So chamados por Deus para que, a, exercendo o seu prprio ofcio, guiados pelo esprito evanglico, concorram para a santificao do mundo a partir de dentro, como o fermento, e deste modo manifestem Cristo aos outros, antes de mais pelo testemunho da prpria vida, pela irradiao da sua f, esperana e caridade.

Portanto, a eles compete especialmente, iluminar e ordenar de tal modo as realidades temporais, a que esto estreitamente ligados, que elas sejam sempre feitas segundo Cristo e progridam e glorifiquem o Criador e Redentor (LG 31)

Cristo Nosso Senhor, Pontfice escolhido de entre os homens (cfr. Hebr. 5, 1-5), fez do novo povo um reino sacerdotal para seu Deus e Pai (Apor. 1,6; cfr. 5, 9-10). Na verdade, os batizados, pela regenerao e pela uno do Esprito Santo, so consagrados para ser casa espiritual, sacerdcio santo, para que, por meio de todas as obras prprias do cristo, ofeream oblaes espirituais e anunciem os louvores daquele que das trevas os chamou sua admirvel luz (cfr. 1 Ped. 2, 4-10).

Por isso, todos os discpulos de Cristo, perseverando na orao e louvando a Deus (cfr. At., 2, 42-47), ofeream-se a si mesmos como hstias vivas, santas, agradveis a Deus (cfr. Roma 12,1), deem testemunho de Cristo em toda a parte e queles que lhes pedirem deem razo da esperana da vida eterna que neles habita (cfr. 1 Ped. 3,15)(LG 10).

Cristo, o grande profeta, que pelo testemunho da vida e a fora da palavra proclamou o reino do Pai, realiza a sua misso proftica, at a total revelao da glria, no s por meio da Hierarquia, que em Seu nome e com a Sua autoridade ensina, mas tambm por meio dos leigos; para isso os constituiu testemunhas, e lhes concedeu o sentido da f e o dom da palavra (Cr. At. 2, 17-18; Apoc. 19,10) a fim de que a fora do Evangelho resplandea na vida quotidiana, familiar e social(AA 35).

O apostolado no meio social, isto , o empenho em informar de esprito cristo a mentalidade e os costumes, as leis e estruturas da comunidade em que se vive, so incumbncia e encargo de tal modo prprios dos leigos que nunca podero ser plenamente desempenhados por outros. Neste campo, podem os leigos exercer um apostolado de semelhante para com semelhante. A completam o testemunho da vida pelo testemunho da palavra . Nesse campo do trabalho, da profisso, do estudo, da residncia, do tempo livre ou da associao, so eles os mais aptos para ajudar os seus irmos.

Os leigos realizam esta misso da Igreja no mundo, antes de tudo, por aquela coerncia da vida com a f, pela qual se tornam luz do mundo; pela honestidade nos negcios, com a qual a todos atraem ao amor da verdade e do bem e, finalmente, para Cristo e para a Igreja; pela caridade fraterna que, fazendo-os participar das condies de vida, dos trabalhos, dos sofrimentos e aspiraes de seus irmos, prepara insensivelmente todos os coraes para a ao da graa salutar; por aquela plena conscincia da participao que devem ter na construo da sociedade, a qual os leva a esforarem-se por desempenhar com magnanimidade crist a atividade domstica, social e profissional. Assim, o seu modo de agir penetra pouco a pouco no meio de vida e de trabalho. (AA 13)

Na abertura da V Conferncia dos Bispos da Amrica Latina e Caribe, em Aparecida (SP), em 2007, o Papa Bento XVI convocou os cristos leigos a assumirem a sua misso com audcia e entusiasmo.

Segundo o Papa, os leigos devem sentir-se corresponsveis na construo da sociedade segundo os critrios do Evangelho, em comunho com os seus pastores. Bento XVI deu ainda um recado para a Igreja: Promover um laicato amadurecido, responsvel com a misso de anunciar e fazer visvel o Reino do Senhor.

Papa Francisco, em 12/11/2015 12 de novembro, enviou uma mensagem aos participantes da jornada de estudo promovida pelo Conselho Pontifcio para os Leigos com a colaborao da Universidade Pontifcia da Santa Cruz, sobre o tema Vocao e misso dos leigos, na qual nos lembra: os leigos no so membros de segunda categoria e no esto a servio da hierarquia como simples executores de ordens provenientes do alto, mas como discpulos de Cristo que, atravs do Batismo e a sua insero no mundo, so chamados a animar todo o ambiente, atividade e relao humana segundo o esprito do Evangelho, levando a luz, a esperana e a caridade recebida de Cristo aos lugares que, caso contrrio, ficariam sem a ao de Deus e abandonados na misria da condio humana.

Ningum melhor que os leigos pode desempenhar a tarefa essencial de inscrever a lei divina na vida da cidade terrena.

A imensa maioria do povo de Deus constituda por leigos. Ao seu servio, est uma minoria: os ministros ordenados. Cresceu a conscincia da identidade e da misso dos leigos na Igreja. Embora no suficiente, pode-se contar com um numeroso laicato, dotado de um arraigado sentido de comunidade e uma grande fidelidade ao compromisso da caridade, da catequese, da celebrao da f. Mas, a tomada de conscincia desta responsabilidade laical que nasce do Baptismo e da Confirmao no se manifesta de igual modo em toda a parte; nalguns casos, porque no se formaram para assumir responsabilidades importantes, noutros por no encontrar espao nas suas Igrejas particulares para poderem exprimir-se e agir por causa dum excessivo clericalismo que os mantm margem das decises.

Apesar de se notar uma maior participao de muitos nos ministrios laicais, este compromisso no se reflete na penetrao dos valores cristos no mundo social, poltico e econmico; limita-se muitas vezes s tarefas no seio da Igreja, sem um empenhamento real pela aplicao do Evangelho na transformao da sociedade. A formao dos leigos e a evangelizao das categorias profissionais e intelectuais constituem um importante desafio pastoral. (EG 102)

Devemos implicar-nos na Poltica, porque a Poltica uma das formas mais elevadas da Caridade, visto que procura o bem comumOs leigos cristos devem trabalhar na Poltica. Dir-me-o: no fcil. Mas tambm no o tornar-se padre. A poltica demasiado suja, mas suja porque os cristos no se implicaram com o esprito evanglico. fcil atirar culpas...mas eu, que fao? Trabalhar para o bem comum dever do cristo. (entrevista)

Todo cristo chamado a ser um autntico sujeito eclesial (cf. DA, n. 497). O cristo sujeito na medida em que, consciente de sua condio, exerce com discernimento e autonomia sua misso na Igreja e no mundo. A ao no pode ter um significado meramente tcnico como algo que, mediante planos bem traados, visa a resultados, sobretudo resultados quantitativos e controlados. A ao transformadora do sujeito eclesial na Igreja e no mundo pode ter diferentes significados ou modos de realizao:

a) Primeiramente um significado testemunhal como presena que anuncia Jesus Cristo por meio das aes quotidianas de cada cristo ali onde se encontra, na sua condio de cidado comum. Essas aes podem no produzir resultados visveis, mas contribuem de modo silencioso com a semeadura do Reino no Estudo da CNBB 107 Resumo .7 mundo e na Igreja (cf. Mt 13,31-32) . Delas, todos os cristos devem participar como pessoas que se identificam com Jesus Cristo.

b) Outro modo de agir acentua o aspecto da tica e da competncia cidad, quando cada cristo vive sua f exercendo da melhor forma possvel sua prpria atividade profissional, contribuindo, assim, para a construo de um mundo justo e solidrio.

c) A ao do sujeito eclesial pode tambm ser uma ao reconhecida e organizada na forma de servios, pastorais, ministrios e outros grupos organizados pela prpria Igreja. Sua operatividade e visibilidade so notadas dentro e fora dela.

d) Outro modo a insero na vida social. Este exige discernimento das conjunturas, organizao grupal, planejamento e militncia. Nesse campo de ao, as chamadas pastorais sociais se dedicam s mais varias atividades visando no s a assistncia imediata, mas tambm a conscientizao, meios de organizao e atuao na vida poltica, em vista de contribuir para a transformao da sociedade.

2- Como os leigos podem e devem realizar essa misso?

2.1 Presena e Testemunho

Que a PRESENA? Estar junto, em sintonia com a dor, a aspirao, a esperana do outro.

Que o TESTEMUNHO? Consequncia da Presena: atitude prtica de solidariedade na dinmica do Mistrio da Encarnao at morte.

Paulo VI na Evangelii Nuntiandi nos d uma bela indicao:

E esta Boa Nova h de ser proclamada, antes do mais, pelo testemunho. Suponhamos um cristo ou punhado de cristos que, no seio da comunidade humana em que vivem, manifestam a sua capacidade de compreenso e de acolhimento, a sua comunho de vida e de destino com os demais, a sua solidariedade nos esforos de todos para tudo aquilo que nobre e bom.

Assim, eles irradiam, de um modo absolutamente simples e espontneo, a sua f em valores que esto para alm dos valores correntes, e a sua esperana em qualquer coisa que se no v e que no se seria capaz sequer de imaginar.

Por fora deste testemunho sem palavras, estes cristos fazem aflorar no corao daqueles que os veem viver, perguntas indeclinveis: Por que que eles so assim? Por que que eles vivem daquela maneira? O que , ou quem , que os inspira? Por que que eles esto conosco?

Pois bem: um semelhante testemunho constitui j proclamao silenciosa, mas muito valiosa e eficaz da Boa Nova. Nisso h j um gesto inicial de evangelizao. Da as perguntas que talvez sejam as primeiras que se pem muitos no-cristos, quer se trate de pessoas s quais Cristo nunca tinha sido anunciado, ou de batizados no praticantes, ou de pessoas que vivem em cristandades mas segundo princpios que no so nada cristos.

Quer se trate, enfim, de pessoas em atitudes de procurar, no sem sofrimento, alguma coisa ou Algum que elas adivinham, sem conseguir dar-lhe o verdadeiro nome. E outras perguntas surgiro, depois, mais profundas e mais de molde a ditar um compromisso, provocadas pelo testemunho aludido, que comporta presena, participao e solidariedade e que um elemento essencial, geralmente o primeiro de todos, na evangelizao.

Todos os cristos so chamados a dar este testemunho e podem ser, sob este aspecto, verdadeiros evangelizadores (21). Logo adiante Paulo VI vai insistir que sem o anncio explcito o ato evangelizador fica incompleto, pois o anncio que convida converso, e conduz aos sacramentos e, insero na comunidade concreta.

2.2 Necessidade de constituir clulas de fieis para orar, refletir e encontrar formas de presena no mundo: uma cultura da Vida para uma sociedade justa e fraterna.

Nas circunstncias presentes, porm, absolutamente necessrio que se robustea a forma associada e organizada do apostolado no campo de atividade dos leigos. que s a estreita unio das foras capaz de conseguir plenamente os fins do apostolado de hoje e de defender com eficcia os seus bens (3). Neste ponto particularmente importante que o apostolado atinja tambm a mentalidade comum e as condies sociais daqueles a quem se dirige. Doutro modo, no podero, muitas vezes, resistir presso da opinio pblica ou das instituies (AA, 18).

3. Uma espiritualidade encarnada

Nosso Deus Presena:

Misericrdia: NaSagrada Escritura,como se v,a misericrdia a palavra-chave para indicar o agir de Deus para conosco. Ele no Se limita a afirmar o seu amor, mas torna-o visvel e palpvel. Alis, o amor nunca poderia ser uma palavra abstrata. Por sua prpria natureza, vida concreta: intenes, atitudes, comportamentos que se verificam na atividade de todos os dias. A misericrdia de Deus a sua responsabilidade por ns. Ele sente-Se responsvel, isto , deseja o nosso bem e quer ver-nos felizes, cheios de alegria e serenos. E, em sintonia com isto, se deve orientar o amor misericordioso dos cristos. Tal como ama o Pai, assim tambm amam os filhos. Tal como Ele misericordioso, assim somos chamados tambm ns a ser misericordiosos uns para com os outros.(MV).

Deus, que nos criou, acompanhou a nossa histria desde seus incios e, por fim, enviou seu Filho.

Na realidade, o mistrio do homem s no mistrio do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente. Ado, o primeiro homem, era efetivamente figura do futuro (20), isto , de Cristo Senhor. Cristo, novo Ado, na prpria revelao do mistrio do Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e lhe descobre a sua vocao sublime. No por isso de admirar que as verdades acima ditas tenham n'Ele a sua fonte e n'Ele atinjam a plenitude.

Imagem de Deus invisvel (Col. 1,15) (21), Ele o homem perfeito, que restitui aos filhos de Ado semelhana divina, deformada desde o primeiro pecado. J que, n'Ele, a natureza humana foi assumida, e no destruda por isso mesmo tambm em ns foi ela elevada a sublime dignidade. Porque, pela sua encarnao, Ele, o Filho de Deus, uniu-se de certo modo a cada homem. Trabalhou com mos humanas, pensou com uma inteligncia humana, agiu com uma vontade humana (23), amou com um corao humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-se verdadeiramente um de ns, semelhante a ns em tudo, exceto no pecado (GS 22).

Jesus, o filho feito homem, deu sua vida por ns e Ressuscitado se faz contemporneo de cada ser humano em cada etapa da histria, pelo dom do Esprito Santo. Uma presena intensa, permanente. Ele caminha conosco. preciso viver sempre de novo o encontro com Cristo e deixar que Ele, o Cristo, esteja sempre presente iluminando todas as aes e todas as dimenses de nossa vida.

Pe. Giussani, um homem de Deus de nosso tempo, observou para seus dirigidos: Existe como que um distanciamento de Cristo, exceto em determinados momentos. Quero dizer: existe um distanciamento de Cristo, exceto quando vocs de pem a rezar; existe um distanciamento de Cristo, exceto quando se pem, vamos supor, a cumprir algumas aes em seu nome, em nome da Igreja ou em nome do Movimento. como se Cristo estivesse distante do corao.

Com o velho poeta do Renascimento italiano se diria: Ocupado com tantos outros afazeres, o nosso corao est como que isolado, melhor, Cristo fica como que ausente do corao, exceto nos momentos de certas aes (um momento de orao, ou um momento de compromisso, quando acontece uma reunio geral, quando precisa conduzir uma Escola de Comunidade, etc.)

O que o Pe. Giussani quis dizer que ns no conseguimos desfrutar dessa presena em todos os momentos de nossa existncia. O mais grave que, por isso, frequentemente vivemos dimenses de nossa existncia sem que revelem sua presena. O SOL-Cristo no ilumina atravs de nossa vida.

Por isso o documento de Aparecida e, depois, o Papa Francisco, insistem na renovao sempre de novo do encontro com Ele e no retorno ao querigma: No se deve pensar que, na catequese, o querigma deixado de lado em favor duma formao supostamente mais slida. Nada h de mais slido, mais profundo, mais seguro, mais consistente e mais sbio que esse anncio. Toda a formao crist , primariamente, o aprofundamento do querigma que se vai, cada vez mais e melhor, fazendo carne, que nunca deixa de iluminar a tarefa catequtica, e permite compreender adequadamente o sentido de qualquer tema que se desenvolve na catequese.

o anncio que d resposta ao anseio de infinito que existe em todo o corao humano. A centralidade do querigma requer certas caractersticas do anncio que hoje so necessrias em toda a parte: que exprima o amor salvfico de Deus como prvio obrigao moral e religiosa, que no imponha a verdade mas faa apelo liberdade, que seja pautado pela alegria, o estmulo, a vitalidade e umaintegralidade harmoniosa que no reduza a pregao a poucas doutrinas, por vezes mais filosficas que evanglicas. Isto exige do evangelizador certas atitudes que ajudam a acolher melhor o anncio: proximidade, abertura ao dilogo, pacincia, acolhimento cordial que no condena.(EG 165).

Cristo est presente l onde vive cada ser humano. O testemunho do cristo ou de um pequeno grupo de cristos tal como o descreveu Paulo VI que vivem de Sua presena, faz o outro entrar em contato com algo de muito profundo em seu ser, que poder desabrochar plenamente, com a ajuda da palavra do homem ou da mulher de f o anncio no dilogo -, e, por fim, se revelar como o Cristo Senhor.

Cabe-nos agora refletir em grupos sobre como falar de Deus hoje?

Melhor ficaria a pergunta assim:

Como permitir que Deus fale atravs de ns aos homens e mulheres de nosso tempo?

Quais as condies pessoais e comunitrias para falar de Deus?