como delinear uma pesquisa experimental
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Prof. Ms. André Elias Morelli Ribeiro
Etapas do Planejamento1- Formulação do problema2- Construção de hipóteses3- Operacionalização das variáveis4- Definição do plano experimental5- Determinação dos sujeitos6- Determinação do ambiente7- Coleta de dados8- Análise e interpretação dos dados9- Redação do relatório
Formulação do problemaUm problema de pesquisa precisa ser
elaborado de forma clara e precisa.Exemplos de erro: Vai chover hoje? Quem
comeu meu pedaço de bolo?Exemplos de acerto: Porque os jovens
bebem? Em que medida a escolaridade interfere na escolha do partido? O que leva os alunos a colarem?
Formulação do problemaO problema de pesquisa deve ser colocado
em forma de pergunta.Deve relacionar dois fatores ou indagar uma
lista de elementos sobre um fator (P.e.: Quais fatores propiciam a compreensão do ensino de matemática?)
Deve proporcionar uma possibilidade de resposta objetiva e concreta.
Construção das HipótesesNuma pesquisa experimental as hipóteses
privilegiam as relações causais.As hipóteses são as respostas possíveis ao
problema de pesquisa.A hipótese deve ser escrita em forma de
afirmação.O problema de pesquisa e a hipótese são
semelhantes, porém a primeira é uma pergunta, a segunda uma afirmação.
Construção das hipótesesRelação causal são frases do tipo “Se...
Então...”. Exemplo: Se aumentarmos a dose de radiação a possibilidade de câncer também aumenta.
Uma hipótese assim ficaria da seguinte forma: O aumento da radiação aumenta a possibilidade de câncer.
Exemplo 1Problema: O que leva os jovens à
criminalidade?Hipóteses:1- Ambiente de pobreza e exclusão;2- Ambiente familiar favorável ao crime;3- Sociabilidade permeada pela violência;4- Tendências agressivas naturais.
Exemplo 2Problema: Quais condições exercem mais
influência na decisão das mães em dar o filho para adoção?
Hipóteses:1- Rejeição do pai2- Pobreza3- Rejeição da família
Operacionalização das variáveisAs variáveis refletem os elementos que
aparecem nas hipóteses.São as variáveis que serão estudadas no
experimento, logo devem ser tiradas das hipóteses.
Lembre-se: a pesquisa deseja confirmar ou rejeitar a hipótese. Logo as variáveis testadas devem sair da hipótese.
Exemplo 1Problema: Os torcedores do Corinthians são
mais propensos ao crime?Hipótese: Os torcedores do Corinthians são
mais propensos ao crime.Variável: propensão ao crime.
Exemplo 2Problema: Como melhorar o desempenho em
matemáticas dos alunos de uma escola?Hipóteses: Os alunos melhorarão seu
desempenho se o professor cursar cursos de capacitação./ Os alunos melhorarão seu desempenho de o professor usar materiais didáticos eletrônicos.
Variáveis: Capacitação do professor/ uso de materiais didáticos eletrônicos.
VariávelA pesquisa só é viável quando
transformamos dados naturais, os elementos estudados em variáveis.
Uma variável é, simplesmente, algo que pode variar.
Mas deve variar e ter uma forma de medir essa variação (feito a partir do instrumento) e deve existir valores ou categorias que a quantifiquem.
O mais importante na variável, porém, é o interesse de saber os motivos da variação.
Exemplos de variávelVariável: altura (varia de pessoa para
pessoa e ao longo da vida da pessoa).Forma de medir: fita métrica.Valores de medida: metros ou centímetros.
Variável: pagantes de um show de techno-melody (varia de show para show)
Forma de medir: contagem de ingressos vendidos.
Valores de medida: quantidade de ingressos.
Tipos de variávelExistem três tipos de variável:Contínua: quando ela pode assumir qualquer
valor dentro de determinado intervalo. Exemplos: temperatura, velocidade, inteligência, quilometragem, peso, valor devido, etc.
Discreta: quando pode assumir apenas determinados valores dentro de determinado intervalo. Exemplos: número de sintomas, quantidade de gols em uma partida de futebol, quantidade de notas vermelhas no histórico.
Categórica: os valores assumidos substituem categorias não numéricas. Exemplos: gênero, ocupação, grau de instrução, etc.
Exercício: classificando variáveis quanto à escala de medidaCor favorita;Número de carros possuídos;Altitude de voo;Inteligência;Tempo de viagem;Número de filhos;Classe social;Salário.
Variáveis quanto à relaçãoQuando estudamos as variáveis no plano
amostral procuramos determinar de forma elas se relacionam, ou seja, como uma interfere na outra e como uma causa a outra.
Dessa forma as variáveis podem ser classificadas também quanto às relações que mantém entre si.
A Variável Independente é a variável que, na maioria dos casos, os pesquisadores controlam em suas pesquisas, e que causam os efeitos observados na Variável Dependente.
As variações na variável independente causa efeitos na variável dependente, ou variável de desfecho.
Variável Dependente e Variável Independente
Horas de esforço na academia Ganho de massa muscular
O aumento de horas de esforço na academia leva ao ganho de massa muscular
A água ferve devido ao aumento de sua temperatura interna
Aumento da temperatura interna da água Fervura
Um time tem bom desempenho por causa da quantidade de bons jogadores
Aumento na quantidade de bons jogadores Melhoria do desempenho
Correlações entre variáveisNas relações entre as variáveis podemos
esperar então que quando fazemos modificações na variável independente, consequentemente a variável também se modifica.
Quando afirmamos que modificações em uma variável implica em modificações em outra no mesmo sentido dizemos que se trata de uma correlação positiva.
Quando as modificações em um sentido de uma variável implica em modificações em outro sentido em outra variável dizemos que existe ali uma correlação negativa.
Exemplos de correlaçãoCorrelação positiva:Horas de estudo e notas da faculdade.Quantidade de álcool ingerido e quantidade de
besteiras ditas.Tamanho do patrimônio financeiro e beleza pessoal
percebida.Correlação negativa:Quantidade de escovações dos dentes e chance de
desenvolver cáries.Quantidade de álcool ingerido e coordenação motora.Quantidade de melanina na pele e chances de
ingressar no partido nazista.
Correlação + Correlação - Sem correlação
Classificação de PesquisasPode ser feita por:natureza dos dados (qualitativo ou
quantitativo);ambiente de coleta de dados (campo ou
laboratório);finalidade (pura, estratégica, etc); objetivos
(exploratória, descritiva ou explicativa);outras formas.
Pesquisa BibliográficaUtiliza como base o material já
publicado de diversas fontes (jornais, revistas, revistas científicas, dissertações, anais de congressos, etc.).
Objetiva o levantamento sobre todas as pesquisas realizadas em determinada área, mostrando o “estado da arte”, ou seja, o que já se sabe sobre certo assunto.
Pesquisa BibliográficaTodas as pesquisas científicas exigem
algum nível de pesquisa bibliográfica, para fornecer a fundamentação teórica e o nível de desenvolvimento das pesquisas na área.
Possibilita também saber quais caminhos ainda não foram “explorados”.
Exemplo: uma pesquisa que levanta todos os dados sobre diagnóstico por imagem de anomalias ósseas genéticas infantis.
Pesquisa ExperimentalConsiste em:determinar um objeto de estudo;selecionar as variáveis capazes de influenciar
esse objeto;definir as formas de controle e de observação
dos efeitos que as variáveis produzem no objeto;
Anotar os dados para interpretá-los.
Pesquisa Experimental
Uma pesquisa desse tipo precisa apresentar:
- manipulação (manipular algumas características dos fenômenos estudados);
- controle (ter controle sobre a situação experimental);
- distribuição aleatória (designação aleatória dos grupos experimental e de controle)
Objeto de estudo(Pedra)
Fenômeno “F”(Esquentar)
Fator A(Chuva)
Fator B(Vento)
Fator C(Sol)
Fator D(Poeira)
A+B+D= não produz F
A+C+D= não produz F
B+C+D= produz F
B+D= não produz F
C= produz F
Conclusão: o fator C (Sol) produz F (esquentar)
Pesquisa ExperimentalO importante na pesquisa experimental é:-estabelecer o objeto;-verificar as variáveis;-verificar as relações das variáveis;-isolar os fenômenos;-apontar a relação entre o fenômeno e as
variáveis.
Ensaio ClínicoÉ a aplicação de determinado tratamento
ou intervenção terapêutica e a correspondente observação do desfecho.
O objetivo é verificar a eficácia de terapêuticas ou intervenções.
É uma variação da Pesquisa Experimental, uma forma de controlar a variável independente e comparar seus prováveis efeitos com o grupo de controle.
Ensaio ClínicoOs sujeitos devem ser escolhidos conforme a
presença da doença ou outro que é objeto de pesquisa a ser analisado.
Os sujeitos serão divididos em dois grupos, um chamado “Grupo experimental” e o outro, chamado “Grupo de Controle”.
Terapêutica Decaimento da doença
Ensaio ClínicoO grupo experimental recebe a
terapêutica que está sendo testada. Neste grupo, menor que o outro grupo, os participantes e os pesquisadores sabem que estão tomando os remédios.
Já no grupo de controle alguns recebem o remédio, e outros recebem placebo (pílula de farinha). Nesse caso ninguém sabe, nem os pesquisadores nem os participantes, quem está tomando o que.
Doença: Depressão
Leve LModerada MProfunda PSuicídio SCura C
Início
ApósTratamento
L
M
P
M
L
P
P
L
L
L
L
L
L
L
M
M
M
M
M
P
P
P
P
P
C ML
C
C
P
S
L
S
Caso ControleSão estudos retrospectivos onde a análise do
passado dos sujeitos pesquisados não permite o controle da variável independente.
Caso ControleOs sujeitos de pesquisa são escolhidos
conforme a presença da variável dependente, ou seja, a doença.
Ou seja, dessa forma tenta-se promover uma simulação de controle da variável independente, ou variável de controle.
Ao fixar numa variável dependente, como a doença, procuramos as prováveis causas, que seriam a variável independente.
Caso ControleA pesquisa é feita com duas
amostras de sujeitos, uma amostra experimental, composta de sujeitos que tem a doença, e outra de controle, de sujeitos sem a doença.
Os sujeitos das duas amostras são semelhantes em inúmeras variáveis, porém só uma delas tem a doença, ou seja, a variável dependente que está sendo analisada.
FumaBebeCarneAtv. Fis.SonoSolVegetais
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
XXX
X
XXXX
X
X
XX
XX
X
X
XX
X
XX
XXX
X
XX
X
X
XX
X
X
XX
XX
XXX
XX
LevantamentoBaseia-se na interrogação direta das
pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.
São inúmeros os comportamentos que se deseja descrever: forma de criar os filhos, como trabalha, como recebe serviços, como procede diante de determinados problemas, na vida amorosa, na instituição de ensino, nas eleições, etc.
LevantamentoA pesquisa normalmente é feita a partir de
protocolos e questionários, que podem ser auto-aplicados, aplicados por um pesquisador, on-line, por correspondência. Tudo vai depender das variáveis que estão envolvidas na pesquisa.
No questionário deve conter todas as informações sobre o problema estudado e todas as variáveis que se acredita influenciarem no comportamento.
LevantamentoAs análises são feitas,
predominantemente, a partir do paradigma quantitativo, mediante técnicas estatísticas (Bioestatística).
Na maioria das vezes não é possível estudar todo o universo de sujeitos que são objeto, estuda-se uma amostra desse grupo, selecionado a partir de técnicas estatísticas.
LevantamentoComo não é possível estudar todos os sujeitos, só uma parte deles, as informações são generalizadas e validadas a partir de técnicas estatísticas.
Existem inúmeras formas de elaborar questionários, como múltiplas escolhas, escolha simples, escalas, entre outros.
Cada detalhe da pesquisa, como forma de questionários e quantidade de sujeitos, depende da pesquisa a ser realizada.
LevantamentoExemplo 1: deseja-se conhecer as crenças
que operadores de Raio-x têm sobre seus pacientes. A pesquisa é feita em todas as instituições que possuem tais profissionais a partir de um questionário aplicado pelos próprios pesquisadores.
Exemplo 2: deseja-se conhecer de que forma os acompanhantes de um hospital reagem em situações de luto de seus familiares. Eles então são entrevistados dentro de uma amostra que compreende 15% de todos os óbitos do hospital num mês.
Estudo de CasoÉ um estudo aprofundado e exaustivo
de poucos ou um objeto para um conhecimento amplo e detalhado.
Devido à pequena amostra esse tipo de pesquisa só é indicada em casos onde outras metodologias não são possíveis.
Por exemplo, a Síndrome do X Frágil, cuja ocorrência é menor que 1 a cada 200.000 pessoas. Em Macapá teríamos de 2 a 3 casos, o que inviabiliza outros métodos.
Estudo de CasoOs resultados são apresentados
apenas como hipóteses, ou seja, nunca são conclusivos.
Por não ter procedimentos rigorosos prévios e se valer de poucos casos, é muito fácil generalizar as particularidades daquelas poucos casos estudados. Por isso essa modalidade metodológica tem pouco prestígio na comunidade científica. É tida como um mal necessário.
Estudo de CasoExemplo 1: No hospital de Macapá estão
registrados 3 casos de bebês hidrocefálicos. Um pesquisador deseja determinar padrões ósseos nos bebês, e tira diversos raios-x e outros procedimentos nas crianças para análise.
Exemplo 2: os médicos em Macapá não sabem como proceder com um bebê que nasceu com a rara Síndrome de Edwards, estão fazendo inúmeros exames para compreender a doença e como fazer.
Criança com Trissomia do Cromossomo 13 ou Síndrome de Edwards
Pesquisa FenomenológicaUtiliza-se da descrição da experiência de algo
vivido pela consciência, mediante expurgo de suas características empíricas e sua consideração no plano da realidade essencial.
Ou seja, descreve e interpreta fenômenos que se apresentam à percepção, objeto fundamental na pesquisa fenomenológica.
Pesquisa FenomenológicaO objetivo dessa modalidade é a
contemplação das essências, isto é, ao conteúdo inteligível e ideal dos fenômenos de forma imediata.
Sua base é o fenômeno que se apresenta à consciência, pois parte do princípio que a realidade existe apenas na consciência das pessoas, que a constrói a partir da percepção e elaboração dos fenômenos
Pesquisa Fenomenológica“Na pesquisa fenomenológica, a atenção do
pesquisador volta-se, portanto, para a relação sujeito-objeto, o que implica da separação entre sujeito e objeto” (GIL, 2010).
Tudo deve ser estudado tal como é para o sujeito, sem qualquer interferência de protocolos prévios.
Pesquisa EtnográficaTem origem na Antropologia e é
usada na descrição de elementos (normas, costumes, valores, etc.) de culturas ou grupos sociais mediante trabalho de campo.
“A pesquisa etnográfica tem como propósito o estudo das pessoas em seu próprio ambiente mediante a utilização de procedimentos como entrevistas em profundidade e observação participante” (GIL, 2010).
Pesquisa EtnográficaÉ uma modalidade profundamente descritiva,
se vale de qualquer elemento produzido pela cultura ou grupo-alvo (produção artística, cultural, filmes, fotografias, etc.). O custo de uma pesquisa deste tipo refere-se normalmente à remuneração do pesquisador e os custos de viagem. Por outro lado exige-se grande dedicação e longo período de campo.
Pesquisa-AçãoUma metodologia que rompe
radicalmente com os métodos tradicionais que exige do pesquisador uma atitude intervencionista. Ou seja, este deve participar dos problemas do coletivo que está estudando.
Dessa forma esta pesquisa não apenas produz dados e conclusões, mas também conduz a uma ação social.
Pesquisa-AçãoNão pretende, a princípio, produzir dados
generalizáveis mas sim utilizar os conhecimentos e a ação do pesquisador para a obtenção de algum resultado prático.
O registro diário de campo é uma ferramenta obrigatória e todos os detalhes observados e vivenciados no campo devem ser minuciosamente descritos.
Pesquisa ParticipanteTem como propósito “auxiliar a população
envolvida a identificar por si mesma os seus problemas, a realizar a análise crítica destes e a buscar soluções adequadas” (GIL, 2010).
Nesta modalidade a população envolvida não está passiva, ela escolhe os temas a serem tratados e participa ativamente dos aspectos metodológicos da pesquisa. Essa modalidade tem como um dos objetivos a emancipação de comunidades.