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  • UNIVERSIDADE DE TRS-OS-MONTES E ALTO DOURO

    Escola de Cincias Humanas e Sociais

    Departamento de Educao e Psicologia

    Mestrado em Ensino Educao Pr-Escolar

    COMO APRENDEM AS CRIANAS EM IDADE PR-ESCOLAR

    SANDRA GABRIELA DE JESUS CARDOSO

    Sob a orientao da:

    Professora Doutora gata Cristina Marques Aranha

    Vila Real, 2012

  • IDissertao apresentada UTAD, no DEP ECHS,

    como requisito para a obteno do grau de Mestre em

    Educao Pr-Escolar, cumprindo o estipulado na alnea

    b) do artigo 6 do regulamento dos Cursos de 2s Ciclos

    de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientao da

    Professora gata Cristina Marques Aranha.

  • II

    Agradecimentos

    Professora Doutora gata Aranha pelo encorajamento, motivao e

    conhecimentos que transmitiu principalmente nos momentos mais difceis. Sem o seu

    apoio seria muito difcil ultrapassar esta etapa.

    Professora Doutora Maria Gabriel, pela amabilidade com que me acolheu.

    Ao grupo de crianas e pais/encarregados de educao com quem trabalhei, pela

    alegria, amizade e curiosidade com que me receberam.

    Ao meu filho, Vasco, pelo carinho e pacincia nas alturas em que estive ausente.

    minha famlia, que sempre acreditou em mim, especialmente minha cunhada

    Paula Liberal.

    A todos aqueles que, direta ou indiretamente, colaboraram na elaborao deste

    trabalho.

    A todos, muito obrigado.

  • III

    Resumo

    Apresentamos sob a forma de um relatrio o trabalho desenvolvido na nossa

    prtica pedaggica durante o ano 2010/2011, tendo como ponto de partida uma base

    terica/reflexiva onde tentamos explicitar de forma organizada com se dever

    implementar a prtica pedaggica numa sala do ensino pr-escolar.

    A equiparao da habilitao para a docncia ao grau de mestre um sinal

    evidente das exigncias da qualidade e profissionalismo, que se colocam nos dias de

    hoje, ao ensino tornando-se uma condio importante no desenvolvimento de um pas.

    Estamos cientes que este relatrio reflete todo o trabalho como educadora de

    infncia que realizmos durante o ano letivo 2010/2011 com um grupo de crianas

    pertencente ao Agrupamento de Escolas Monsenhor Jernimo do Amaral.

    Comeamos com uma descrio do contexto onde exercemos funes docentes,

    iniciando com uma referncia ao meio onde est inserido o Jardim-de-Infncia, a sua

    caracterizao/organizao, passando depois para a descrio de todos os espaos

    existentes tanto internos como externos. De seguida fazemos uma breve reflexo, com

    algum suporte terico, sobre as orientaes curriculares para a educao pr-escolar que

    constituem um conjunto de princpios para apoiar o educador nas decises sobre a sua

    prtica, ou seja, para conduzir o processo educativo a desenvolver com as crianas.

    Estas tambm se diferenciam de algumas concees de currculo por serem mais gerais

    e abrangentes, isto porque incluem a possibilidade de fundamentar diversas opes

    educativas e, portanto, vrios currculos. Abordamos alguns conceitos tais como

    planificao, avaliao e currculo. Expomos o modelo pedaggico utilizado por ns

    baseando-nos tambm em alguns autores que o defendem.

    Terminamos com a reflexo sobre os projetos em educao pr-escolar e a sua

    importncia no desenvolvimento das crianas.

    Palavras-chave: Educao Pr-escolar, Educador, Orientaes curriculares,

    Planificao, Avaliao, Modelo pedaggico, Projetos.

  • IV

    Abstract

    This report serves to present the work carried out during our pedagogical

    practice in 2010/2011. With a theoretical/reflective basis as a starting point, we tried to

    make it explicit in a clear and organized manner, the way we should implement the

    pedagogical practice in a pre-school classroom.

    The equivalence of teaching qualification to a masters degree is a clear demand

    for quality and professionalism in the teaching process, which becomes extremely

    important for the development of a country.

    We are aware this report reflects all the work as a kindergarten teacher in

    2010/2011 with the group of children of Escolas Monsenhor Jernimo do Amaral.

    We began with the description of the context, referring to the surroundings and

    environment of the kindergarten, its characteristics and organization, as well as its

    facilities. Afterwards, and with some theoretical support, we made a reflection on

    curricula orientations in pre-school teaching, which constitutes the necessary principles

    to back up the teachers decisions in their practice, that is, to carry through the whole

    learning/teaching process. Those are also different from some curriculum conceptions

    for being more general and far-reaching, as they include the possibility to base many

    teaching options, and therefore, many curricula. We approach some concepts such as

    planning, evaluation and curriculum. We set out the pedagogical model we used,

    supported in some authors.

    We end up with a reflection on pre-school teaching projects and their role on

    childrens development.

    Key-words: Pre-school Education, Teacher, Curricula orientations, Planning,

    Evaluation, Pedagogical model, Projects.

  • Vndice de quadros

    Quadro 1 - Horrio Escolar

    Quadro 2 - Horrio da Assistente Operacional

    Quadro 3 - Horrio de Atendimento aos Pais/Encarregados de Educao

    Quadro 4 - Horrio de Trabalho de Escola

    Quadro 5 - Caracterizao do Grupo

    Quadro 6 - Nvel Etrio das Crianas

    Quadro 7 - Nmero de Irmos

    Quadro 8 - Frequncia no Jardim-de-Infncia

    Quadro 9 - Transporte para a Escola

    Quadro 10 - Locais onde vivem as Crianas

    Quadro 11 - Planificao de outubro

    Quadro 12 - Planificao de novembro

    Quadro 13 - Planificao de dezembro

    Quadro 14 - Planificao de janeiro

  • VI

    ndice de grficos

    Grfico 1 - Caracterizao do Grupo

    Grfico 2 - Percentagem de Crianas segundo o Sexo

    Grfico 3 - Nvel Etrio das Crianas

    Grfico 4 - Frequncia no Jardim-de-Infncia

  • VII

    ndice de figuras

    Figura 1 Concelho de Vila Real

    Figura 2 Planta da Sala

    Figura 3 rea do Computador

    Figura 4 rea da Loja

    Figura 5 rea dos Jogos

    Figura 6 Dirio de Grupo

    Figura 7 Mapas

    Figura 8 Acolhimento/Reunio

    Figura 9 rea da Pintura

    Figura 10 Espao Exterior

    Figura 11 Espao Exterior

    Figura 12 Apresentao/Projeto

    Figura 13 Trabalho de Projeto

  • VIII

    Siglas e abreviaturas

    Projeto Educativo .. PE

    Projeto Curricular de Agrupamento .. PCA

    Plano Anual de Atividades .. PAA

    Projeto Curricular de Grupo/Sala .. PCG

    Movimento das Escola Moderna .. MEM

    Orientaes Curriculares Educao Pr-escolar ... OCEPE

  • IX

    NDICE GERAL

    1. INTRODUO .................................................................. 2

    2. REVISO DA LITERATURA .. 5

    2.1. CARATERIZAO DO CONTEXTO .. 5

    MEIO ENVOLVENTE 5

    2.2. INSTITUIO 9

    GESTO/DIREO .. 9

    HORRIOS PRATICADOS . 10

    CORPO DOCENTE/PESSOAL AUXILIAR 12

    LOTAO E ORGANIZAO DAS CRIANAS .. 12

    DOCUMENTOS ORIENTADORES .. 12

    2.3. CARATERIZAO GLOBAL DOS ESPAOS 16

    ESPAO INTERIOR .. 16

    SALA DE ATIVIDADES/HALL ... 16

    REA DO COMPUTADOR . 19

    REA DA BIBLIOTECA/ESCRITA . 20

    REA DA COZINHA . 20

    REA DA LOJA 20

    REA DO QUARTO .. 21

    REA DOS JOGOS DE CONSTRUO ... 21

    REA DOS JOGOS DE MESA/MATEMTICA . 21

    REA POLIVALENTE ... 22

    REA DA PINTURA/MODELAGEM ... 23

    ESPAO EXTERIOR .. 23

    REFLEXO .. 24

  • XCARATERIZAO DO GRUPO DE CRIANAS ... 29

    REA DE FORMAO PESSOAL E SOCIAL .. 29

    REA DE EXPRESSO E COMUNICAO 30

    DOMNIO DA EXPRESSO MOTORA 31

    DOMNIO DA EXPRESSO PLSTICA .. 31

    DOMNIO DA EXPRESSO MUSICAL ... 31

    DOMNIO DA EXPRESSO DRAMTICA .. 32

    DOMNIO DA LINGUAGEM ORAL ABORDAGEM ESCRITA 32

    DOMNIO DA MATEMTICA 33

    REA DO CONHECIMENTO DO MUNDO .. 34

    3. A ATIVIDADE EDUCATIVA EM JARDIM-DE-INFNCIA . 36

    ORIENTAES CURRICULARES .. 36

    PLANIFICAO ... 39

    AVALIAO 40

    CURRCULO . 41

    4. MODELO PEDAGGICO ADOTADO 44

    5. MODOS E INSTRUMENTOS DE AVALIAO . 47

    6. PERFIL DO DESEMPENHO DO EDUCADOR DE INFNCIA .. 49

    7. PROJETO CURRICULAR DE GRUPO . 52

    IDENTIFICAO DAS NECESSIDADES E INTERESSES .. 53

    METAS E OBJETIVOS ... 55

    METODOLOGIA ................................................ 58

    ORGANIZAO DO GRUPO . 59

    ATIVIDADES ORIENTADAS . 59

    ATIVIDADES LIVRES ... 59

    ATIVIDADES DE ROTINA . 60

  • XI

    ATIVIDADES DE PROJETO ... 60

    8. UNIDADES DE TEMPO ... 63

    9. PLANIFICAES REALIZADAS ...................... 68

    10. AVALIAES DAS PLANIFICAES 79

    11. CONCLUSO ............................... 85

    12. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .. 89

    ANEXOS .. 91

  • 1. Introduo

  • Introduo

    2

    1. INTRODUO

    A Educao Pr-escolar a primeira etapa da educao bsica no processo de

    educao ao longo da vida, sendo complementar da ao educativa da famlia, com a

    qual deve estabelecer estreita relao, favorecendo a formao e o desenvolvimento

    equilibrado da criana, tendo em vista a sua plena insero na sociedade como ser

    autnomo, livre e solidrio.

    O Jardim-de-Infncia deve ser um espao facilitador do desenvolvimento e da

    aprendizagem criando condies para o sucesso, a formao e o desenvolvimento

    equilibrado da criana. A ao e a investigao convergem para o mesmo fim, dar voz

    s crianas e iniciar um processo nas prticas do educador. Parece evidenciar-se que

    este processo, embora ainda numa fase inicial, favorece a participao mais ativa das

    crianas e sustenta a reconstruo da prtica pedaggica em direo a uma pedagogia de

    participao. Deixando-as participar, elas tornam-se mais criativas, cooperantes e

    crticas, sentindo-se mais valorizadas. Damos a conhecer o trabalho desenvolvido como

    forma de dar resposta questo que nos colocou face realidade em estudo e que ia no

    sentido de sabermos a importncia das prticas pedaggicas no desenvolvimento

    pessoal e social das crianas, no apenas porque a educao pr-escolar essencial para

    o desenvolvimento da criana, tendo o educador um papel fundamental nesse

    desenvolvimento, na medida em que ajuda as crianas a realizarem as suas

    aprendizagens e a satisfazerem as suas necessidades, de acordo com as caractersticas

    individuais de cada um, mas porque sentimos que as crianas com quem trabalhamos,

    precisavam de motivao para terem uma melhor comunicao e aprenderem a

    respeitar-se e ajudar-se mutuamente.

    O presente trabalho descreve a nossa prtica pedaggica em Educao Pr-

    escolar num Jardim-de-Infncia da rede pblica pertencente ao Agrupamento de Escolas

    Monsenhor Jernimo do Amaral, durante o ano letivo 2010/2011. Para desenvolvermos

    este Projeto elaboramos primeiro a caracterizao do contexto, seguindo-se a

    caraterizao da Instituio, organizao e documentos orientadores. Partimos depois

    para a caracterizao do grupo segundo as diferentes reas de contedo. rea um

    termo utilizado na Educao Pr-escolar para designar formas de pensar e organizar a

    interveno do educador e as experincias proporcionadas s crianas, encontramos as

  • Introduo

    3

    dificuldades e interesses das crianas e o que necessitamos desenvolver. Fazemos ainda

    uma descrio de todos os espaos interiores e exteriores que compem a estrutura do

    Jardim-de-Infncia de Constantim. Os espaos na Educao Pr-escolar podem ser

    diversos mas, o tipo de equipamento, os materiais existentes e a forma como esto

    dispostos, condicionam o que as crianas podem fazer e aprender.

    Abordamos a atividade educativa em Jardim-de-Infncia que pressupe o

    conhecimento dos objetivos pedaggicos expressos na Lei-Quadro que, por sua vez,

    englobam os fundamentos e a organizao das Orientaes Curriculares para a

    Educao Pr-escolar.

    Fazemos referncia Planificao, Avaliao e Currculo em Jardim-de-

    Infncia. Caracterizamos tambm a avaliao na Educao Pr-escolar e abordamos a

    importncia de um Currculo na Educao Pr-escolar. Fundamentamos o nosso modelo

    pedaggico de acordo com o Movimento da Escola Moderna (MEM), que um modelo

    pedaggico e assenta numa prtica democrtica da gesto das atividades, dos materiais,

    do tempo e do espao e pretende atravs da ao do educador proporcionar uma

    vivncia democrtica e um desenvolvimento pessoal e social da criana, garantindo a

    sua participao na gesto da vida da sala e escola. Esta gesto deve ser apoiada por

    instrumentos de pilotagem, registo e avaliao, tais como mapa de presenas, mapa de

    tarefas, atividades, plano semanal, lista de Projetos e dirio de parede, este que se torna

    instrumento mediador e operador da regulao social do grupo e interativa que uma

    educao cooperada ou democrtica pressupe. No dirio escrevem-se as ocorrncias

    negativas e positivas do grupo, o que gostamos, o que no gostamos, o que queremos

    fazer e o que fizemos. No final da semana lemos o dirio, conversamos e refletimos. No

    dia-a-dia da sala temos momentos de reunio em que planeamos o trabalho ser realizado

    partilhamos saberes, avaliamos trabalhos, tarefas e atitudes e comunicamos descobertas

    e aprendizagens.

    Seguidamente fazemos uma breve abordagem ao modo e instrumentos de

    avaliao utilizados em Jardim-de-Infncia. Abordamos o nosso Projeto Curricular de

    Grupo e a sua importncia, segundo alguns autores.

    Terminamos o nosso estudo com uma breve abordagem aos Projetos

    desenvolvidos e a importncia destes para todo o grupo.

  • 2. Reviso da Literatura

  • Reviso da Literatura

    5

    2. REVISO DA LITERATURA

    2.1. Caraterizao do Contexto

    Meio Envolvente

    O meio envolvente onde se insere o Jardim-de-Infncia, as caractersticas

    geogrficas e socioeconmicas da regio e da localidade, influenciam as aprendizagens

    transmitidas, na interao com as crianas, as famlias e as instituies. Tal como dito

    nas Orientaes Curriculares, segundo o Ministrio da Educao (1997), o meio social

    envolvente localidade ou localidades de onde provm as crianas que frequentam um

    determinado estabelecimento de Educao Pr-escolar, a prpria insero geogrfica

    deste estabelecimento tem tambm influncia, embora indireta, na educao das

    crianas. As caractersticas desta(s) localidade(s) tipo de populao, possibilidades de

    emprego, rede de transportes, servios e instituies existentes, meios de comunicao

    social, etc. No so tambm independentes de sistemas mais vastos e englobantes,

    sistemas polticos, jurdicos, educativos ainda mais alargados. Torna-se por isso

    fundamental que o educador faa um levantamento, do meio onde o Jardim-de-Infncia

    se insere, de onde provm as crianas que o frequentam, conhecendo a realidade de cada

    uma, possibilitando desta forma adequar o contexto educativo institucional s

    caractersticas e necessidades das crianas e adultos que fazem parte da instituio.

    Alm disso, o mesmo Ministrio refere ainda que compreender melhor cada criana, ao

    conhecer os sistemas em que esta cresce e se desenvolve, de forma a respeitar as suas

    caractersticas pessoais e saberes j adquiridos, apoiando a sua maneira de se relacionar

    com os outros e com o meio social.

    Refora-se assim a ideia de que o conhecimento, do meio natural em que o

    Jardim-de-Infncia se insere, das especificidades geogrficas e socioeconmicas, das

    suas potencialidades passveis de serem utilizadas no contexto educativo, da maior

    importncia na interveno pedaggica que o educador possa vir a desenvolver.

    A cidade de Vila Real est situada a cerca de 450 metros de altitude, sobre a

    margem direita do rio Corgo, um dos afluentes do Douro. Localiza-se num planalto

    rodeado de altas montanhas, em que avultam as serras do Maro e do Alvo. Dista

    aproximadamente 85 km, em linha reta, do oceano Atlntico, que lhe fica a oeste, 15 km

  • Reviso da Literatura

    6

    do rio Douro, que lhe corre a sul, e para norte, cerca de 65 km da fronteira com a

    Galiza, Espanha. Vila Real sede de concelho e capital de distrito.

    Do concelho de Vila Real, sem prejuzo da feio urbana da sua sede, mantm

    caractersticas rurais bem marcadas.

    Dois tipos de paisagem dominam: a

    zona mais montanhosa das serras do

    Maro e da serra do Alvo, separadas

    pela terra verdejante e frtil do Vale da

    Campe, e para sul, com a proximidade

    do Douro, os vinhedos em socalco. Por

    toda a parte existem linhas de gua que

    irrigam a rea do concelho, com

    destaque para o rio Corgo, que atravessa

    a cidade num pequeno mas profundo

    vale, originando um canho de invulgar

    beleza.

    O concelho constitudo por 28 freguesias: Abaas, Adoufe, Arroios, Borbela,

    Campe, Constantim, Ermida, Folhadela, Guies, Justes, Lamares, Lamas de Olo,

    Lordelo, Mateus, Mous, Nogueira, Nossa Senhora da Conceio (urbana), Parada de

    Cunhos, So Miguel da Pena, Quint, So Dinis (urbana), So Pedro (urbana), So

    Tom do Castelo, Torgueda, Vale de Nogueiras, Vila Cova, Vila Marim e Vilarinho da

    Samard. A populao do concelho de 46.520 habitantes, para uma rea de cerca de

    370 Km2, havendo assim 123,2 habitantes por Km2.

    Constantim uma localidade cuja fundao remonta aos primrdios da

    nacionalidade, tendo-lhe sido concedido um importante foral em 1096 pelo Conde

    Henrique. Atualmente uma sede de freguesia, composta por quatro localidades:

    cabana Constantim, Ranginha e Reta da Portela, possuindo mais de dez mil e trezentos

    habitantes. Fica situado cerca de seis quilmetros da cidade de Vila Real e nesta

    freguesia que esto implementados o Centro de Formao Profissional e a zona

    industrial de Vila Real.

    A populao de Constantim dedica-se a atividades ligadas ao sector primrio

    (vinicultura, horticultura e fruticultura), ao sector secundrio (operrios nas fabricas da

    Figura 1 Concelho de Vila Real

  • Reviso da Literatura

    7

    zona industrial e em pequenas oficinas locais e na construo civil) e ao sector tercirio

    (em servios pblicos na sede de Concelho e no comrcio local).

    Com a implementao da zona Industrial, do Centro de Formao e a construo

    da autoestrada, a pacatez da aldeia de outrora foi-se gradualmente alterando e os

    horizontes socioculturais da comunidade local alargando: aumentaram os postos de

    trabalho, surgiu a atividade mobiliria de aluguer/venda de habitaes, a poluio

    aumentou assim como os riscos em termos de segurana rodoviria e o nmero de

    pessoas que se dedicam a atividade domstica tem vindo a diminuir.

    A aldeia foi palco de uma emigrao intensa, sobretudo para a Frana,

    Alemanha e Sua, facto que se reflete na densidade populacional e mais concretamente

    no nmero de crianas que frequentam a escola. Este fenmeno ainda hoje ocorre em

    muitas famlias locais. Os acessos a esta localidade so de razovel qualidade e nela

    existe uma rede de transportes pblicos. Possui tambm gua canalizada ao domiclio,

    da rede pblica e um fontanrio, rede de distribuio eltrica, saneamento bsico e

    recolha de resduos slidos.

    No que se refere ao patrimnio cultural, Constantim possui uma escola onde

    funciona o 1 Ciclo e o Jardim-de-Infncia um Centro Social e Paroquial, uma sede de

    Junta de Freguesia, um Cruzeiro, o lugar da Mama, uma Igreja Matriz reconhecida

    com valor arquitetnico incluindo as capelas anexas e altar mor de talha dourada com

    sacrrio giratrio. Na capela guarda-se o crnio de So Frutuoso que a tradio manda

    beijar a 30 de Janeiro e no ltimo domingo de Junho. So Frutuoso o Padroeiro da

    Freguesia.

    Constantim tambm um importante Plo de desenvolvimento desportivo. A

    Associao Desportiva e Cultural foi fundada em 1976, possuindo um bom parque de

    jogos onde se desenvolvem ativamente o ciclismo, as escolinhas de futebol e o grupo de

    danas e cantares.

    Realizam-se na freguesia de Constantim duas festas/romarias anuais, no ltimo

    domingo de Julho por devoo a So Frutuoso, Santa Barbara e Santa Maria da Feira e a

    vinte de Janeiro em devoo a So Sebastio.

    O estudo do meio envolvente de extrema importncia porque o educador deve

    ter em conta a realidade sociolgica em que a criana se encontra, favorecendo o

    sentimento de identidade cultural e de cidadania. O conhecimento do meio traduz-se

    num aproveitamento de recursos que este proporcionar, bem como no desenvolvimento

    da criana em si mesma com as restantes do Jardim-de-Infncia e com o educador,

  • Reviso da Literatura

    8

    vivenciando trocas de experincias entre a comunidade educativa. Este processo de

    socializao ajuda a criana a progredir enquanto cidado, contribuindo para a sua

    autonomia e sentido de integrao. A interao com o meio tambm poder

    proporcionar um maior auto e htero conhecimento entre as crianas e tambm com o

    educador.

    O Jardim-de-Infncia de Constantim caracteriza-se por se integrar num meio

    rural, onde as crianas tm uma estreita relao com o mundo natural e com os

    elementos que dele fazem parte. Poder-se- ento aproveitar a curiosidade inata que as

    crianas sentem pelos elementos da natureza, para que possam realizar o maior nmero

    de aprendizagens possvel. A aldeia de Constantim situa-se nas proximidades da cidade

    de Vila Real, o que facilita o conhecimento do meio urbano por parte dos habitantes

    mais jovens. De qualquer modo, o papel da escola passa por proporcionar s suas

    crianas o conhecimento de um meio diferente e afastado que lhes pode oferecer

    experincias novas e significativas. Isto porque ao conhecermos o meio em que nos

    encontramos, identificam-se todos os recursos existentes e inexistentes. Este

    conhecimento deve servir para desenvolver nas crianas determinadas competncias e

    habilidades, tais como identificar elementos estruturantes da paisagem, ser capaz de se

    orientar e deslocar com segurana no espao exterior escola (rural e urbano), conhecer

    algumas normas cvicas de comportamento e conhecer espaos de valor patrimonial. As

    competncias atrs referidas podero ser trabalhadas no espao envolvente da escola,

    assim como nas sadas ao exterior, nomeadamente a Vila Real. Na cidade podero

    conhecer melhor o ambiente urbano, visitar monumentos e outros espaos que no

    existem na aldeia. Da a importncia de valorizar e desenvolver vivncias e experincias

    em ambos os contextos, tanto os rurais como os urbanos, visto que os dois

    proporcionam aprendizagens diferentes, mas igualmente necessrios, para a construo

    da criana enquanto cidado ativo na sociedade.

    Ao nvel da participao da comunidade nas atividades realizadas pelo Jardim-

    de-Infncia, muito importante que se estabelea uma boa relao entre

    pais/encarregados de educao e educadora e que as crianas o sintam. importante que

    os pais/encarregados de educao se envolvam ativamente no dia-a-dia do Jardim-de-

    Infncia promovendo-se assim um bom ambiente educativo. Para Abreu, Sequeira e

    Escoval (1990) as crianas no devero estar sujeitas a grandes discrepncias entre os

    ambientes educativos (famlia, escola) pelo que os educadores e pais devero encetar

    esforos de aproximao quanto aos modelos e estratgias educativas. Para alm destes

  • Reviso da Literatura

    9

    autores tambm Silva (2003) refere que uma maior coresponsabilizao dos

    pais/encarregados de educao no processo educativo dos seus educandos, tem

    resultados positivos para estes, da advenientes, para alm de uma valorizao social das

    famlias, sobretudo as de meios populares, a partir da imagem que lhes devolvida pela

    instituio escolar.

    2.2. Instituio

    O Jardim-de-Infncia de Constantim pertence rede pblica e insere-se no

    Agrupamento Monsenhor Jernimo do Amaral. Tal como referido no primeiro ponto

    do artigo 6 do Regime de Autonomia, Administrao e Gesto dos Estabelecimentos

    Pblicos da Educao Pr-Escolar e dos Ensinos Bsico e Secundrio, aprovado pelo

    Decreto-Lei n 75/2008, de 22 de Abril, o Agrupamento de Escolas uma unidade

    organizacional, dotada de rgos prprios de administrao e gesto, constituda por

    estabelecimentos de Educao Pr-escolar e escolas de um ou mais nveis e Ciclos de

    ensino, a partir de um Projeto Pedaggico comum.

    Ao Agrupamento compete assegurar a estabilidade e eficincia da gesto

    escolar, adotar condies para o reforo da articulao entre ciclos de modo em que se

    aprofunde a sequencialidade curricular, promover o desenvolvimento integral dos

    alunos criando igualdade de oportunidades e organizar o Projeto Educativo traado para

    um horizonte de quatro anos. ainda responsvel pela gesto financeira do Jardim,

    atravs de verba atribuda pelo Ministrio da Educao. Guia-se por estruturas

    organizativas, isto , o Conselho Geral, o Diretor, o Subdiretor e Adjuntos, o Conselho

    Pedaggico, o Conselho Administrativo e os diferentes Conselhos de Docentes. Apesar

    de pertencer ao Agrupamento, o Jardim-de-Infncia de Constantim rege-se por

    documentos prprios, dos quais se destaca o Regulamento Interno. Este enquadrado

    pelo Decreto-Lei 115-A-98, que no seu artigo n3 refere que os Regulamentos Internos

    definem o regime de funcionamento da escola, bem como os direitos e deveres dos

    membros da comunidade escolar.

    Gesto/Direo

    Na Legislao para a Educao Pr-escolar, a Lei n 5/97, Lei-Quadro da

  • Reviso da Literatura

    10

    Educao Pr-Escolar, estabelece, no artigo 11 que cada estabelecimento de Educao

    Pr-escolar dispe, de entre outros rgos, de uma direo pedaggica assegurada por

    quem detenha as habilitaes legalmente exigveis para o efeito, a qual garante a

    execuo das linhas de orientao curricular e a coordenao da atividade educativa.

    Este artigo refere ainda que nos estabelecimentos de Educao Pr-escolar da rede

    pblica, a direo pedaggica ser eleita pelos educadores, sempre que o seu nmero o

    permita. O Estado o responsvel por definir as orientaes gerais, nomeadamente nos

    aspetos pedaggicos e tcnicos, competindo-lhe definir regras para o enquadramento da

    atividade dos estabelecimentos de Educao Pr-escolar; definir objetivos e linhas de

    orientao curricular.

    Horrios Praticados

    O Decreto-Lei n 147/97 de 11 de Junho estabelece, no n 1 do artigo 9, que os

    estabelecimentos de Educao Pr-escolar asseguram um horrio flexvel, segundo as

    necessidades da famlia. No n 2 do mesmo artigo determina que o horrio ser fixado

    antes do incio das atividades de cada ano sendo ouvidos, obrigatoriamente, para o

    efeito, os pais/encarregados de educao ou os seus representantes. A Lei-Quadro que

    atesta nitidamente a articulao do horrio do Jardim-de-Infncia com as necessidades

    das famlias, diz ainda que os pais/encarregados de educao devem ser consultados

    sobre esse horrio e a sua entrada em funcionamento sujeita homologao pela

    Direo Regional de Educao do Norte. Os horrios do Jardim-de-Infncia de

    Constantim foram homologados pelo Ministrio da Educao, sob proposta da direo

    pedaggica e ouvidos os pais/encarregados de educao. Cumprindo as normas, o

    horrio letivo foi o seguinte: das 09h00 s 12h00, com interrupo para o almoo das

    12h00 s 14h00, reabrindo novamente s 14h00 e encerrando s 16h00, cumprindo

    assim um total de 5 horas por dia, sendo 3 horas no perodo da manh e 2 no perodo da

    tarde. Neste Jardim-de-Infncia decorreram ainda as atividades de prolongamento que

    se realizam entre as 12h00 e as 14h00 (almoo) e entre as 16h00 e 18h00

    (prolongamento).

  • Reviso da Literatura

    11

    Quadro 1 Horrio Escolar

    Manh Tarde

    09h00 12h00 14h00 16h00

    Almoo Prolongamento

    12h00 14h00 16h00 18h00

    O horrio da assistente operacional diferente do horrio da educadora como se

    pode verificar no quadro a baixo representado.

    Quadro 2 Horrio da Assistente Operacional

    Manh Tarde

    08h45 12h15 14h00 17h30

    O horrio para atendimento aos pais/encarregados de educao est definido no

    Regulamento Interno, podendo ser alterado sempre que necessrio e realiza-se de 15 em

    15 dias, conforme o quadro abaixo mencionado.

    Quadro 3 Horrio de atendimento aos Pais/Encarregados de Educao

    5 Feira Das 16h00 17h00

    As reunies com os pais/encarregados de educao so realizadas

    trimestralmente, sempre que se justifiquem e fora do horrio letivo, sendo da

    responsabilidade da educadora a sua marcao e organizao. Eventualmente, surgem

    reunies extraordinrias dependendo do trabalho que est a ser elaborado pelo grupo de

    crianas.

    O Trabalho de Escola (TE) foi realizado todas as 2 feiras, tal como mostra o

    quadro seguinte.

    Quadro 4 Horrio de Trabalho de Escola (TE)

    2 Feira Das 16h00 17h00

  • Reviso da Literatura

    12

    Corpo Docente/Pessoal Auxiliar

    O funcionamento do Jardim-de-Infncia de Constantim foi assegurado por

    pessoal docente e no docente, distribudo por:

    - Pessoal docente: 1 educadora de Infncia;

    - Pessoal no docente: 1 assistente operacional.

    Lotao e Organizao das Crianas

    O grupo composto por 9 crianas, 2 do sexo feminino e 7 do sexo masculino

    no obedecendo, segundo a Legislao para a Educao Pr-Escolar, s determinaes

    do artigo 10 do Decreto-lei n 147/97 de 11 de Junho onde referido a frequncia

    mnima de 20 e mxima de 25 crianas por sala. Apenas em situaes devidamente

    fundamentadas, nomeadamente em zonas de baixa densidade demogrfica, poder ser

    autorizada, pelo Ministrio da Educao, uma frequncia inferior a 20 crianas por sala,

    ou ento adaptar outra modalidade alternativa, como a educao itinerante. um grupo

    que se salienta pela diferena relativamente ao sexo, idades e aprendizagens. O grupo

    heterogneo apresentando, contudo, necessidades e vivncias muito iguais.

    Documentos Orientadores

    Para Abreu, Sequeira e Escoval (1990) em torno da escola, ou mesmo dentro

    dela, existem por vezes diferentes servios tendo objetivos especficos e devem ter um

    objetivo comum a construo de um ambiente educativo de qualidade, onde as

    aprendizagens sejam mais viveis e integradas. Segundo Bassedas, Huguet e Sol

    (1990) quando se trabalha em instituies educativas indispensvel realizar um

    trabalho em equipa com todos os profissionais responsveis pela tarefa educativa. Cada

    instituio deve ter documentos orientadores pelos quais todos os intervenientes e

    responsveis pelo processo educativo se devem reger e orientar. No Jardim-de-Infncia

    de Constantim, o Regulamento Interno, o Projeto Educativo (PE), o Projeto Curricular

    de Agrupamento (PCA), o Plano Anual de Atividades (PAA) e o Projeto Curricular de

    Grupo/Sala (PCG) formam o conjunto de instrumentos de apoio gesto escolar. O PE,

    como vem referenciado no artigo 3 do Regime de Autonomia aprovado pelo Decreto-

  • Reviso da Literatura

    13

    Lei n 115-A/98, um documento que consagra a orientao educativa da escola no

    qual se explicitam os princpios, os valores, as metas e as estratgias segundo as quais a

    escola se prope cumprir a sua funo educativa. Para Barroso (1998), o Projeto

    Educativo corresponde a um conjunto de princpios, valores e polticas capazes de

    mobilizarem a ao da escola e a tomada de decises. No nosso entender, Costa (1996)

    define o Projeto Educativo de forma ainda mais abrangente dizendo que um

    documento de carcter pedaggico que, elaborado com a participao da comunidade

    educativa, estabelece a identidade prpria de cada escola atravs da adequao do

    quadro legal em vigor sua situao concreta, apresenta a misso da escola, o modelo

    geral de organizao e os objetivos pretendidos pela instituio e, enquanto instrumento

    de gesto, ponto de referncia orientador na coerncia e unidade da ao educativa.

    Pretendemos, com a elaborao do PE, a promoo do sucesso educativo, a

    formao integral do aluno, a igualdade de oportunidades, criar condies para uma

    prtica de pedagogias ativas, desenvolver aes que envolvam a participao dos

    pais/encarregados de educao, incentivar atitudes e valores, fazer a articulao

    interdisciplinar, valorizar a ao educativa na sala de aula, estabelecer parcerias com

    entidades locais, publicas ou privadas, para desta forma rentabilizar os recursos e

    esforos que promovam a eficcia do servio educativo para benefcio mtuo.

    Depois de definidas as linhas orientadoras no PE, elaboramos o PCG. A sua

    operacionalidade implica um ajuste entre as exigncias do PE, do PCA e o contexto

    socioeconmico, cultural, escolar e psicolgico do ato educativo de uma forma

    especfica. A elaborao da responsabilidade do educador titular, e deve ser fruto das

    preocupaes deste e do diagnstico efetuado atravs da observao feita s crianas, do

    contexto familiar, do meio que as rodeia e do conhecimento que tem da comunidade

    educativa. Pretendemos com este Projeto definir as estratgias de realizao e de

    desenvolvimento das orientaes curriculares para a Educao Pr-Escolar a partir das

    caractersticas do grupo e sempre das necessidades do mesmo. No que se refere ao PCA,

    podemos concluir que o instrumento indispensvel de gesto do Currculo,

    estabelecendo a ligao entre o Currculo Nacional e as opes do PE, no contexto da

    legislao existente, da autonomia da escola e da sua realidade especfica. O conceito de

    "Currculo" assim desenvolvido surge das interaes estabelecidas entre estes fatores, e

    assume-se como um Currculo Individualizado, especfico da realidade escolar que o

    elaborou, mas no entanto delimitado pelo Currculo Nacional que lhe d origem. Os

  • Reviso da Literatura

    14

    Decretos-Lei ns. 6/2001, de 18 de Janeiro e 74/2004, de 26 de Maro, estabelecem os

    princpios orientadores da organizao e da gesto do Currculo, bem como da avaliao

    das aprendizagens referentes aos Ensinos Bsico e Secundrio, respetivamente, e

    determinam que as estratgias de desenvolvimento do Currculo Nacional sejam objeto

    do PCA integrado no PE. Por esta razo e em conformidade, este um documento onde

    se descreve a poltica educativa para a escola num perodo de 4 anos, que constitui um

    suporte coerente daquela formao integrada, refletindo j a identidade e a autonomia

    prprias de cada estabelecimento de ensino. Por sua vez, o PCA concretiza e desenvolve

    aqueles princpios gerais anualmente. O PCA pode definir-se atendendo ao nvel de

    prioridades estabelecidas para o Agrupamento/Escola e s competncias essenciais e

    transversais em torno das quais se organizar o Projeto e os contedos que sero

    trabalhados em cada rea curricular.

    Assim o desenvolvimento do PCA, alm de atender aos princpios gerais do PE,

    como acima descrevemos, tem como padro referencial o Currculo Nacional, adequado

    s opes de cada escola, devendo por isso:

    - Responder aos problemas reais e principais da escola, integrando e

    generalizando a ao dos diversos intervenientes;

    - Desenvolver uma ao pedaggica mais informada e esclarecida;

    - Promover o desenvolvimento de competncias.

    O PCA do Agrupamento de Escolas Monsenhor Jernimo do Amaral, do qual o

    Jardim-de-Infncia de Constantim faz parte, pretende ser um conjunto de

    processos/aes de construo coletiva que concretizam as orientaes curriculares de

    mbito nacional em propostas globais de interveno pedaggico/didticas, adequando-

    as ao contexto deste Agrupamento. Este processo de construo e de adequao do

    currculo ao contexto especfico da Escola/Agrupamento, tendo em conta as

    necessidades dos alunos, realiza-se no seio dos conselhos de docentes e

    departamentos/grupos disciplinares pela articulao e sequencialidade dos contedos,

    dando origem a aprendizagens significativas, numa perspetiva integrada e

    interdisciplinar de saberes, para que esta forma de desenvolvimento seja realmente

    concretizada, importa garantir alguns aspetos fundamentais para a construo de

    situaes significativas, e que devem nortear a ao do professor. Neste contexto, o

    PCA encontra-se diretamente relacionado com o PE e apoia-se nele para dar sentido e

    voz a uma formao integral da criana/aluno, tendo por base os valores de cidadania

  • Reviso da Literatura

    15

    que a se espelham. Assim sendo, o Agrupamento decidiu, para um perodo de quatro

    anos, que o tema central do PE seria Aprender em Comunidade.

    Os objetivos gerais consagram melhorar a qualidade do sucesso escolar; implicar

    e comprometer os alunos nas tomadas de deciso; operacionalizar a articulao a

    sequencialidade entre os nveis de ensino; detetar precocidades/dificuldades;

    desenvolver as interaes entre a escola e a comunidade educativa; melhorar o

    desempenho profissional do pessoal docente e no docente; melhorar as instalaes e

    equipamentos das escolas do Agrupamento e promover uma autoavaliao reflexiva e

    partilhada. O PE apresenta a orientao educativa do Agrupamento para um perodo de

    quatro anos, o PAA concretiza os objetivos e as metas do PE para cada ano letivo,

    definindo objetivos, condies e meios. Pretendemos que o PAA seja um

    documento/instrumento simples, prtico e flexvel para planificao das atividades a

    desenvolver ao longo do ano letivo e dever ter em conta os objetivos do Sistema

    Educativo, a promoo das aprendizagens dos alunos e ateno com a sua formao e

    desenvolvimento pessoal e social. Elaborado pela direo do Agrupamento, com base

    nas propostas de cada departamento e cada estabelecimento de educao e ensino do

    Pr-Escolar e 1 Ciclo, tem por objetivo fundamental facultar comunidade educativa

    um resumo de todas as atividades a realizar no presente ano letivo. O PAA enquanto

    documento dinmico, mobilizador e aglutinador, ser avaliado e, sempre que necessrio,

    passvel de reformulao, podendo sofrer alteraes e/ou melhorias ao longo do ano

    letivo (todas as atividades que surjam e que sejam consideradas pertinentes sero

    devidamente planificadas pelos seus proponentes e apresentadas em Conselho

    Pedaggico). A avaliao dever ser feita no final de cada atividade, o que permite

    conhecer o grau de consecuo dos objetivos. No Jardim-de-Infncia onde exercemos

    funes, o PCG tenta, o mais possvel, ir de encontro ao PE Aprender em

    Comunidade, respeitando sempre o PAA. Partindo do conhecimento que temos do

    grupo de crianas, do PE e baseando a nossa atividade nos pressupostos previstos nas

    Orientaes Curriculares, definimos o PCG. Os temas propostos no PE so abordados

    com o grupo de uma forma sistemtica articulando esta opo com a necessidade de

    desenvolver valores, trabalhando-se a rea da formao pessoal e social e a rea do

    conhecimento do mundo, onde as questes ambientais e os projetos emergentes esto

    includos. No havendo nenhum tema central, damos prioridade s questes que as

    crianas vo levantando, surgindo dessa forma muitos projetos, uns de maior e outros de

    menor dimenso, mas todos importantes.

  • Reviso da Literatura

    16

    2.3. Caraterizao Global dos Espaos

    Segundo Hohmann et al (1995), as crianas precisam de espao em que

    aprendam com as suas prprias aes, espao em que se possam movimentar, em que

    possam construir, escolher, criar, espalhar, edificar, experimentar, fingir, trabalhar com

    os amigos, trabalhar sozinhas em pequenos e grandes grupos. muito importante

    fazermos o estudo de todos os espaos que as crianas possam utilizar para

    conhecermos e direcionarmos a nossas intenes educativas.

    Para Zabalza (1998) o termo espao refere-se ao espao fsico, ou seja, aos

    locais para a atividade, caracterizados pelos objetos, pelos materiais didticos, pelo

    mobilirio e pela decorao. O espao indispensvel para as aprendizagens da criana.

    O educador dever proporcionar ao grupo espaos estimulantes, atrativos e variados.

    Este espao tambm dever ter em conta os valores e objetivos pedaggicos do

    educador.

    Segundo as Orientaes Curriculares (1997), os espaos podem ser variados,

    mas o tipo de equipamento, os materiais existentes e a forma como esto dispostos, vo

    condicionar, em grande parte, o que as crianas podem fazer e aprender. Assim, o

    educador deve interrogar-se sobre a funo e finalidade educativa do espao, material

    de modo a planear e justificar as razes dessa organizao.

    A organizao do espao dever refletir as intenes educativas, promover as

    aprendizagens significativas, o entusiasmo de estar na escola e que, desta forma,

    potencie o desenvolvimento do grupo de crianas que passam a a maior parte do seu

    dia.

    Espao Interior

    Sala de Atividades/Hall

    Para Hohmann et al (1995), uma sala de atividades de orientao cognitivista

    precisa de espao, espao para atividade das crianas e espao para grande diversidade

    de materiais e apetrechamento. A sala precisa de espao de arrumao visvel e

  • Reviso da Literatura

    17

    acessvel s crianas.

    O espao do Jardim-de-Infncia de Constantim era constitudo por uma sala de

    atividades, duas casas de banho (adultos e crianas) e um hall de entrada que tinha

    tambm como funes:

    Afixar trabalhos das crianas de modo a que os pais/encarregados de educao os pudessem observar;

    Afixar avisos para os encarregados de educao, assim como a lista das crianas que frequentavam, calendrio escolar, normas e horrio de funcionamento do

    Jardim-de-Infncia, horrios da assistente operacional e da educadora;

    Receber os pais/encarregados de educao nas horas das entradas e sadas das crianas;

    Local onde se situavam os cabides para colocao de casacos e mochilas; Placard onde eram afixados os trabalhos realizados no Projeto Leitura em

    Contexto Familiar;

    Painel das estaes do ano; Arca para arrumao dos brinquedos do exterior; Espelho que ajudava as crianas na hora de apertar e desapertar botes, vestir e

    despir casacos (por esta razo organizamos este espao com materiais que no

    estavam a ser utilizados antes);

    Armrio onde se arrumavam livros e jogos que se trocavam consoante a necessidade do grupo;

    Mesa redonda para auxiliar em diversas tarefas como, por exemplo, assinar algo por parte dos pais/encarregados de educao sem ter que interromper atividades,

    para Projetos com o 1 Ciclo como, por exemplo, a Semana da Cincia, Semana

    da Leitura, Dia do Agrupamento, entre outros;

    Extintor na parede lateral junto a porta de acesso ao exterior; Uma pequena despensa para guardar vrios tipos de material e, inclusive, o leite

    escolar.

    No que se refere a sala de atividades, o pavimento era em madeira corrida. Era

    resistente lavagem e de fcil manuteno. As paredes e tetos apresentavam-se pintados

    com tinta de gua, a iluminao era natural fazendo-se a partir de trs janelas com

    estores de palha. A sala de atividades estava dividida em vrias reas: rea polivalente,

    rea da pintura/modelagem, rea da cozinha, rea do quarto, rea da loja, rea da

  • Reviso da Literatura

    18

    biblioteca que funcionava como rea da escrita, a rea dos jogos de mesa e matemtica,

    rea do computador e ainda a rea dos jogos de construes.

    Relativamente aos placards, estes existem em todas as paredes da sala e at o

    quadro de lousa utilizado para expor trabalhos. A sala estava devidamente equipada

    com todos os requisitos de primeiros socorros, caixa que se encontra dentro da sala

    colocada numa parede onde s os adultos tinham acesso. Apesar desta organizao, as

    reas sofreram alteraes e nunca poderiam ser fixas. Tudo dependeria do grupo e seus

    interesses e necessidades. Lobo (1988) diz que nem o nmero de reas, nem o seu

    arranjo devero ser fixos, devem oferecer diversas possibilidades de organizao. No

    desejvel que os espaos permaneam estticos ao longo do ano. As modificaes

    devero acompanhar a evoluo e os interesses do prprio grupo. O espao sala foi

    reorganizado com o grupo de crianas, vrias vezes ao longo do ano, e era embelezado

    diariamente com as suas produes que nos demonstravam as aprendizagens do grupo

    podendo ainda originar novos projetos. Assim criamos um espao acolhedor e agradvel

    com o qual tanto a educadora como as crianas e pais/encarregados de educao se

    identificavam. A seguir apresentamos a planta da sala.

    Figura 2 - Planta da Sala

  • Reviso da Literatura

    19

    O espao fsico da sala, como se verifica na planta, estava organizado por reas,

    onde o mobilirio se apresentava altura das crianas para permitir facilmente acesso

    aos materiais e tambm ao desenvolvimento autnomo e livre das atividades por parte

    do grupo. Hohman et al (1995) referem que um espao funciona melhor com crianas

    que fazem as suas prprias opes. Estas reas de trabalho ajudam as crianas a ver

    quais as opes possveis, pois cada rea apresenta um nico conjunto de materiais e de

    oportunidades de trabalho.

    Desta forma consideramos que quando a criana opta por uma rea, sabe que

    materiais tm sua disposio e o que poder fazer com eles. Hohman et al (1995)

    adiantam ainda que, por isso, os seus Projetos podem ser apresentados, podem ser

    decises intencionais, em vez de acessos fortuitos de energia.

    Assim podemos afirmar que a organizao do espao torna-se importantssima

    para promoo da autonomia, interao entre o grupo e o desenvolvimento das crianas.

    As reas desta sala estavam delimitadas no espao e bem definidas pelo

    mobilirio e materiais que as compunham. Os materiais permitiam que o grupo

    percebesse o seu modo de utilizao tornando-o cada vez mais autnomo leva-os a

    tomar decises pois olham e optam pelo que desejam fazer. Sobre isto Lobo (1988) diz-

    nos que nem o nmero de reas, nem o seu arranjo devero ser fixos, devem oferecer

    diversas possibilidades de organizao No desejvel que os espaos permaneam

    estticos ao longo do ano. As modificaes devero acompanhar a evoluo e os

    interesses do prprio grupo. As reas no permaneceram fixas e ao longo do ano, foram

    alteradas umas e acrescentadas outras conforme o trabalho era desenvolvido, tendo

    sempre em linha de conta o desenvolvimento e o bom funcionamento do grupo.

    rea do Computador

    O grupo neste espao tinha acesso a jogos didticos e tambm a possibilidade de

    pesquisarem com recurso internet. Nestas idades, a utilizao

    de meios informticos promovem as capacidades de expresso

    plstica e musical, estimulando a linguagem oral e a abordagem

    escrita assim como matemtica. desenvolvido tambm a

    coordenao visual-motora. Neste espao existiam vrios

    jogos, CDS interativos e um computador que incentivava e

    Figura 3 rea do Computador

  • Reviso da Literatura

    20

    facilitava as aprendizagens das crianas de forma divertida.

    rea da Biblioteca/Escrita

    Neste espao o grupo tinha ao seu alcance uma estante com livros

    constantemente mudados conforme as opes do grupo. As crianas tiveram assim

    acesso a vrios livros com temticas diversificadas. As crianas aprenderam a folhear

    livros, a trat-los e a conserv-los e assim foram criando e desenvolvendo o gosto pela

    leitura e escrita, tornando-se mais sociveis. Com a audio e a visualizao das

    histrias, as crianas enriqueceram o vocabulrio, exercitaram a memria, a imaginao

    promovendo, deste modo, o desenvolvimento da lngua materna. As histrias

    originaram nas crianas emoes e agradveis recordaes e sensaes. Bettelheim

    (1985) diz-nos que, ler, contar e ouvir histrias com personagens ou outros seres da

    natureza, so excelente meio para estimular a imaginao da criana, promover

    projees do inconsciente, clarificar valores e atitudes que podem, posteriormente, ser

    transferidas para a vida real.

    rea da Cozinha

    Esta rea foi uma das mais escolhidas por quase todos os elementos do grupo.

    Era onde vivenciavam o faz de conta, onde recriavam experincias da vida quotidiana

    e imitaes constantes da vida familiar.

    rea da Loja

    Esta rea surgiu do interesse que as crianas manifestaram em comprar e vender

    produtos alimentares para poderem utilizar na casinha. E como tnhamos arrumado, de

    anos anteriores, o mobilirio da loja resolvemos coloc-lo na sala. A par disto surgiu a

    reciclagem dos materiais que as mes em casa colocavam no

    lixo tais como embalagens de carto e de plstico que

    comearam a trazer para pormos venda na loja em dilogo

    tambm com o grupo. Foi utilizado um jogo com euros de

    brincar para colocarem na caixa registadora e trocarem por

    aquilo que queriam comprar. Com a introduo desta rea as

    crianas vivenciaram momentos de faz de conta e

    Figura 4 rea da Loja

  • Reviso da Literatura

    21

    desenvolveram, alm da linguagem e socializao, vrias noes de matemtica.

    rea do Quarto

    O quarto tambm uma rea que permite a interatividade entre as crianas

    atravs de jogos e brincadeiras faz de conta. Nesta rea existia um guarda-vestidos

    com vrias roupas, calado e acessrios que as crianas podiam utilizar para mais uma

    vez brincarem ao faz de conta. Era constitudo por uma cama, sofs e espelho.

    rea dos Jogos de Construo

    Na nossa opinio este um espao que permite o desenvolvimento intelectual e

    motor das crianas porque, alm de brincarem e jogarem, desenvolvem a imaginao, a

    criatividade e a capacidade intelectual. Apresenta ainda a

    possibilidade das crianas brincarem em grupo e partilharem

    materiais, promovendo-se a partilha e a cooperao entre elas.

    Neste espao existiam legos grandes de encaixe, puzzles de

    borracha, jogos com peas de madeira sendo que todos

    permitiam o desenvolvimento de capacidades e vrias noes.

    Esta rea foi tambm utilizada como pista de automveis pois

    tinha tambm diversos carrinhos de diferentes tamanhos.

    rea dos Jogos de mesa e da Matemtica

    Esta rea era composta por jogos mas de dimenses mais pequenas, da a razo

    de existir uma mesa com cadeiras e uma estante com variadssimos jogos adaptados s

    crianas e ao seu alcance. de salientar que, como se verifica tambm na rea da

    biblioteca, os jogos iam sendo trocados semanal ou quinzenalmente, conforme

    necessidades do grupo. Existiam vrios puzzles em madeira, domins, enfiamentos,

    blocos lgicos e jogos de seriao, ordenao e sequncias.

    Figura 5 rea dos Jogos

  • Reviso da Literatura

    22

    rea Polivalente

    Designamos esta rea de polivalente por

    englobar outras. Era aqui que fazamos diariamente o

    acolhimento, reunia o grupo para darmos incio ao dia e

    a todas as atividades. Comevamos por contar as

    novidades, todas as crianas e adultos contam as suas e

    no final cada criana fazia o registo grfico. Seguia-se a

    cano dos bons dias em que todos nos saudvamos e

    desejvamos bom dia. De seguida planificvamos o dia

    numa folha A3 (Anexo 1) onde a educadora registava

    todas as atividades que iam ser realizadas tanto da parte

    da manh como de tarde, enquanto ouvia e se discutiam

    as propostas do grupo. Era eleito o chefe do grupo

    para esse dia, que teria vrias responsabilidades e

    funes em que uma delas seria a de, no final do dia,

    ouvir os seus colegas e registar no mapa dos

    comportamentos (Anexo 2) a respetiva bola verde,

    amarela ou vermelha conforme o comportamento que tivessem durante o dia.

    Registavam-se o estado do tempo (Anexo 3) num mapa prprio onde as crianas

    procuravam um carto com a imagem correspondente ao estado do tempo (tarefa

    atribuda no incio da semana a um membro do grupo). A seguir marcvamos as

    presenas (Anexo 4) de todas as crianas, com uma

    cruz no respetivo quadrado referente ao seu nome. No

    final do dia, o chefe de grupo marcava as faltas.

    Depois registavam-se no dirio de grupo as notcias

    trazidas de casa ou surgidas na escola que as crianas

    escolhiam, as ideias eram transformadas em sugestes

    de trabalhos que, por sua vez, poderiam terminar em

    Projetos. O acho mal correspondia, normalmente, a

    situaes que tinham surgido com as quais o grupo no concordava, o acho bem

    situaes boas que as crianas queriam registar. Todas as opinies eram escritas pela

    educadora e posteriormente a criana fazia o registo grfico correspondente. Aqui foram

    tambm realizadas as reunies de avaliao. Nesta rea e como a mesa era extensa,

    Figura 6 Dirio de Grupo

    Figura 7 Mapas

    Figura 8 Acolhimento/Reunio

  • Reviso da Literatura

    23

    tambm se realizavam as atividades de grande grupo como ouvir histrias do Projeto

    Jernimo Saltarico, A Ler+, trabalhos realizados sobre o Projeto Era uma vez com a

    Matemtica, Projeto da Semana das Cincias e Semana da Leitura que envolveram o 1

    Ciclo do ensino bsico. Realizavam-se colagens, corte e recortes, desenhos e

    trabalhavam-se os Projetos emergentes. Esta rea era tambm onde as crianas

    lanchavam e onde se festejavam os aniversrios. Era tambm onde recebamos os

    pais/encarregados de educao que se envolveram, ao longo de todo o ano, em vrias

    atividades. Como verificmos, esta rea tinha vrias funes. de referir que nesta rea

    existia um armrio com todos os materiais necessrios e ao alcance de todas as crianas

    para realizao destas atividades. ainda importante referir que todos os mapas e

    quadros anteriormente referidos de organizao, daquele que dever ser o trabalho numa

    sala de Educao Pr-escolar, eram fixados nos placards tambm nesta rea.

    rea da Pintura/Modelagem

    Esta rea era composta por um cavalete onde

    podiam estar duas crianas em simultneo. Tinha um

    armrio de apoio onde estavam todos os utenslios para a

    pintura e uma mesa onde se encontravam os utenslios da

    modelagem. Tinha ainda um placard onde eram expostas

    as pinturas quando terminadas. uma rea que fomenta o

    desenvolvimento da coordenao visual e motora, do ritmo,

    da motricidade fina e contribui para o desenvolvimento da criatividade e imaginao.

    Espao Exterior

    Segundo o Ministrio da Educao (1997), o espao exterior um local que

    pode proporcionar momentos educativos intencionais,

    planeados pelo educador e pelas crianas. A este

    propsito, o espao exterior do nosso Jardim-de-Infncia

    era composto por um recreio comum ao 1 Ciclo do

    ensino bsico, bastante espaoso, sendo o solo de gravilha

    que, na nossa opinio, no o mais indicado para as

    crianas por serem pequenas e gostarem de brincar no

    cho. Existiam dois baloios grandes e um pequeno e um

    Figura 9 rea da Pintura/Modelagem

    Figura 10 Espao Exterior

  • Reviso da Literatura

    24

    escorrega pequeno. Todo o espao envolvente escola

    era delimitado por um muro de granito com rede no topo.

    Quanto localizao, o recreio estava bem situado, e

    tinha um acesso fcil sala de atividade e tinha o dobro

    da dimenso desta. Para alm das duas salas de aula,

    divididas em 1 Ciclo do ensino bsico e Jardim-de-

    Infncia, o edifcio era tambm constitudo por trs

    instalaes sanitrias uma para os professores e duas para as crianas das quais uma era

    para o 1 Ciclo e outra era para o Jardim-de-Infncia, dividida em duas partes e com

    uma sanita cada e dois lavatrios. Existia uma casa de arrumos comum escola e ao

    Jardim-de-Infncia para armazenar brinquedos e demais materiais. Na parte de trs da

    escola existia um coberto que dava acesso s instalaes sanitrias, mas que no inverno

    no podia ser utilizado pois, lateralmente, no estava tapado deixando entrar chuva e

    frio.

    Reflexo

    A organizao dos espaos assenta em alguns princpios do Movimento Escola

    Moderna (MEM). Este modelo pedaggico implica uma dinmica de organizao

    cooperada e onde cada criana participa ativamente com tempos, espaos e instrumentos

    prprios para que desta forma se organizem como grupo. No nosso entender o espao

    educativo estava bem organizado, por reas de trabalho, de modo a que as crianas

    pudessem realizar atividades escolhidas e por uma rea polivalente para trabalhos em

    grupo. A opo e realizao das atividades implicavam um compromisso e

    responsabilidade por parte de cada criana. Quanto aos materiais, estes estavam ao

    alcance e disposio das crianas para as tornar cada vez mais autnomas. Com esta

    organizao permitimos s crianas frequentarem sozinhas as reas de trabalho. A sala e

    hall eram assim diariamente embelezados e enriquecidos com as produes do grupo.

    Caracterizao do Grupo de Crianas

    O grupo de crianas que frequentava o Jardim-de-Infncia de Constantim era

    constitudo por 9 crianas. Era um grupo heterogneo, com idades compreendidas entre

    Figura 11 Espao Exterior

  • Reviso da Literatura

    25

    o 3 e os 5 anos de idade e constitudo por 2 crianas do sexo feminino e 7 do sexo

    masculino.

    Quadro 5 Caracterizao do Grupo

    Rapazes Raparigas Total

    7 2 9

    Grfico 1 Caracterizao do Grupo

    Da leitura do grfico acima mencionado, podemos constatar que o grupo foi

    constitudo maioritariamente por crianas do sexo masculino e apresentava uma

    frequncia menor do sexo feminino.

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    Rapazes Raparigas Total

    Crianas

  • Reviso da Literatura

    26

    Grfico 2 Percentagem de crianas segundo o sexo

    Pelo grfico acima referenciado, 77,7% do grupo de crianas do sexo masculino. Por sua vez, 22,2% so raparigas.

    Quadro 6 Nvel etrio das crianas

    Grfico 3 Nvel etrio das crianas

    Crianas Idades

    4 5

    3 3

    2 4

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    Crianas

    Idades

    77,7%

    22,2%RaparigasRapazes

  • Reviso da Literatura

    27

    Dos dados apresentados podemos agrupar as idades das crianas em trs nveis

    etrios, ou seja, temos 4 crianas com 5 anos de idade; 2 crianas de 4 anos de idade e

    por fim 3 crianas de 3 anos de idade.

    Quadro 7 Nmero de Irmos

    Nmero de irmos Nmero de crianas

    0 2

    1 6

    3 1

    Analisando o quadro 7 verifica-se que 2 crianas no tinham irmos, 6

    crianas tinham 1 irmo e 1 criana tinha 3 irmos.

    Quadro 8 Frequncia no Jardim-de-Infncia

    Frequncia no Jardim Nmero de crianas

    1 Vez 4

    2 Vez 2

    3 Vez 3

    Grfico 4 Frequncia no Jardim-de-Infncia

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    1 vez 2 vez 3 vez

    Crianas

  • Reviso da Literatura

    28

    Analisando o quadro 8 e o grfico 4 constatamos que 4 crianas frequentaram o

    Jardim-de-Infncia pela primeira vez, 2 crianas frequentaram-no pela segunda e 3

    crianas frequentaram-no pela terceira vez.

    Quadro 9 Transporte para a Escola

    Transportes para a escola Nmero de crianas

    A p 1

    Carro 8

    Atravs do quadro podemos verificar que 8 crianas vinham para o Jardim-de-

    Infncia de carro e 1criana vinha a p.

    Quadro 10 Local onde vivem as crianas

    Local Nmero de crianas

    Vale de Nogueiras 1

    Constantim 5

    So Pedro 1

    Palhe 1

    Fonteita 1

    Da anlise do quadro verificou-se que 5 crianas viviam em Constantim, sendo

    que as restantes distribuam-se pelas localidades de Vale de Nogueiras, So Pedro,

    Palhe e Fonteita.

  • Reviso da Literatura

    29

    Caraterizao do Grupo de Crianas

    (Segundo as reas de contedo das OCEPE)

    rea de Formao Pessoal e Social

    Apresenta um contedo transversal, presente em todas as outras reas, e uma

    rea integradora. Segundo o Ministrio da Educao (1997), tem a ver com a forma

    como a criana se relaciona consigo prpria, com os outros e com o mundo, num

    processo que implica o desenvolvimento de atitudes e valores. Esta rea dever auxiliar

    a promover nas crianas atitudes e valores que lhes permitam tornar-se adultos

    conscientes, solidrios e habilitando-os para a resoluo de problemas da vida.

    O Ministrio da Educao (1997) vai ainda mais longe referindo que a relao

    que o educador estabelece com cada criana, a forma como a valoriza e respeita,

    estimula e encoraja os seus progressos, contribuem para a autoestima da criana e

    constituem um exemplo para as relaes que as crianas estabelecero entre si.

    Em relao a esta rea importante referir que:

    - As crianas manifestavam impacincia ou prazer diante de determinadas

    situaes

    - Modificavam vrias vezes de postura corporal e realizavam movimentos faciais,

    demonstrando desagrado;

    - As crianas solicitavam os adultos para pequenos gestos como as idas casa de

    banho ou para limpar o nariz;

    -Todas as crianas iam casa de banho sozinhas mas algumas ainda no

    conseguiam desapertar os botes;

    - Todos conseguiam, com mais ou menos dificuldades, tirar o casaco, pendur-lo,

    assim como a mochila;

    - Quase todas as crianas conseguiam colocar a palhinha no leite;

    - Algumas crianas conseguiam calar-se sozinhas quando os sapatos tinham

    atacadores;

    - A maior parte das crianas comiam o lanche sem necessitar da ajuda do adulto;

    - Durante a realizao das atividades, nem todo o grupo era autnomo,

    necessitando com alguma frequncia do adulto ou mesmo dos colegas mais

    velhos;

  • Reviso da Literatura

    30

    - Quanto ao cuidado com os materiais da sala, as crianas mais velhas ajudavam

    sempre os mais novos nessas tarefas, principalmente na hora de arrumar;

    - As crianas chamavam ateno das outras quando alguma coisa se encontrava

    fora do lugar. Normalmente as crianas mais velhas ajudavam as crianas mais

    novas a arrumar as coisas no stio certo;

    - As crianas mais pequenas mostravam dificuldades em terminarem uma

    atividade quando esta era mais elaborada;

    - Ficavam impacientes quando esperavam por algo, ou na ajuda de uma atividade,

    ou na preparao de algum trabalho, chamando constantemente pelo educador;

    - A relao que o grupo estabeleceu com os adultos da sala era boa, apesar de

    existirem algumas crianas que eram mais dependentes deles. Normalmente

    aceitavam bem as propostas dos adultos;

    - Todas as crianas se relacionavam bem com os seus colegas. Era um grupo

    carinhoso, afetivo e todos amigos uns dos outros. Nota-se por parte das crianas

    mais velhas uma grande proteo e preocupao com as crianas mais novas;

    - Todas demonstravam gostar imenso de brincar/jogar no exterior.

    rea de Expresso/Comunicao

    Para o Ministrio da Educao (1997), esta rea engloba as aprendizagens

    relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e simblico que determinam a

    compreenso e o progressivo domnio de diferentes formas de linguagem. Apenas nesta

    rea podemos distinguir diversos domnios estreitamente ligados, todos relacionados

    com as aprendizagens dos cdigos essenciais comunicao com os outros. Isto :

    - Domnio das expresses: motora, dramtica, plstica e musical;

    - Domnio da linguagem oral e abordagem escrita;

    - Domnio da matemtica.

  • Reviso da Literatura

    31

    Domnio da Expresso Motora

    O grupo gostava muito de fazer jogos orientados, mas tambm gostava de

    brincar livremente. A nvel de postura corporal/equilbrio, a maior parte das crianas

    conseguiam deslocar-se com facilidade, corriam, saltavam a ps juntos e transpunham

    obstculos sem grandes problemas, exceto as mais pequenas que ainda tinham

    dificuldades. Gostavam de fazer exerccios de expresso corporal e de ritmo,

    reproduzindo gestos, imitando movimentos que envolviam todo corpo ou algumas

    partes. Esta era uma atividade que todos gostavam de fazer. Assim, s sextas-feiras e

    por opo do grupo realizvamos danas e jogos pr-desportivos.

    Domnio da Expresso Plstica

    Gostavam de realizar atividades plsticas, explorando materiais e gostavam de

    materiais novos, saber como funcionavam, para que serviam. Dependendo da atividade

    plstica que era realizada, o grupo necessitava de mais ou menos ajuda na realizao do

    trabalho e na utilizao dos materiais. Adoravam pintura e colagens e os mais pequenos

    ainda no conseguiam manipular muito bem o pincel, nem dosear a cola e tintas mas

    tentavam e foram melhorando at ultrapassar esse obstculo. Todas as crianas

    identificavam as cores sem dificuldade, exceto as mais pequenas. Algumas crianas j

    pintavam sem sair dos contornos. Algumas crianas tinham dificuldade em recortar, em

    segurar corretamente na tesoura. Havia crianas que nem sempre mostravam confiana

    nas suas potencialidades, e o no consigo vencia a tentativa de concretizarem as

    atividades. Porm, quando realizavam algum trabalho que consideravam que estava

    bonito ou bem feito, demonstram uma enorme satisfao, querendo mostr-lo a todo o

    grupo.

    Domnio da Expresso Musical

    Todas as crianas demonstraram gostar de cantar e aprender msicas novas. As

    crianas conseguiam memorizar as msicas, umas com mais facilidade do que outras.

    As crianas demonstravam gostar de cantar com o acompanhamento de gestos.

  • Reviso da Literatura

    32

    Conseguiam reproduzir os gestos, umas com mais facilidade do que outras. As crianas

    mais velhas, j conseguiam cantar e bater palmas seguindo o ritmo da cano,

    identificando e reproduzindo sons.

    Domnio da Expresso Dramtica

    Referindo o Ministrio da Educao (1997), um meio de descoberta de si e do

    outro, de afirmao, de relao com os outros que corresponde a uma forma de se

    apropriar de situaes sociais.

    As crianas gostavam de brincar na casinha, desenvolvendo o jogo simblico,

    onde criaram situaes do quotidiano de uma famlia, retratando as suas vivncias.

    Gostavam de inventar e recriar histrias. Eram capazes de imitar animais utilizando voz

    e movimento. As crianas criavam livremente brincadeiras e jogos.

    Domnio da Linguagem Oral e Abordagem Escrita

    O grupo demonstrou muitas dificuldades em comunicar e expressar-se

    corretamente, isto em relao s crianas mais novas, e a algumas das mais velhas que

    foram at encaminhadas para a terapia de fala. Na hora das novidades, as crianas

    gostavam de contar tudo aquilo que fizeram, mas as mais pequenas ainda estavam a

    comear a dialogar em grande grupo. Houve uma criana de cinco anos na sala que teve

    a ser acompanhada na terapia este ano e tambm em Pedopsiquiatria, pois tinha

    diagnstico comprovado de hiperatividade com dfice de ateno. Existiam ainda outras

    crianas neste grupo que apenas falavam quando eram solicitadas, limitando-se a

    responder s questes colocadas. Quanto ao interesse em ouvir explicaes dos adultos,

    o grupo dividia-se: algumas crianas interessavam-se por ouvir o que era dito, mas

    depois quando estavam muito tempo concentrados, comeavam a distrair-se. Outras

    crianas demonstravam algumas dificuldades em estar concentradas e ouvir uma

    explicao at ao fim. O grupo no demonstrava dificuldades em compreender o que se

    dizia dentro da sala a nvel de explicaes, tarefas e ordens. Todas as crianas mais

    velhas conseguiam escrever o seu nome. As mais novas faziam tentativas de copiar.

  • Reviso da Literatura

    33

    Todas as crianas gostavam de ouvir histrias, assim como observar as imagens, tanto

    nos livros como no computador era como se fosse um mundo mgico.

    Domnio da Matemtica

    Na Matemtica, as crianas espontaneamente desenvolvem noes matemticas

    a partir das vivncias do dia-a-dia. As estruturaes destas noes fundamentam-se na

    vivncia do espao e do tempo, partindo de atividades espontneas e ldicas das

    crianas. Por essa razo tivemos na sala, puzzles, domins, blocos lgicos, o tangram

    e outros jogos de classificao, para formarem conjuntos, seriarem, ordenarem e

    formarem diversos padres, em conjunto com a explorao das situaes dos seus

    quotidianos, foram teis para que as crianas desenvolvessem noes matemticas.

    Estes jogos tornam-se recursos indispensveis para fundamentar aprendizagens

    matemticas. O educador tambm dever estar atento e provocar. Segundo o Ministrio

    da Educao (1997), as situaes problemticas que permitam que as crianas

    encontrem as suas prprias solues, que as debatam com outra criana, num pequeno

    grupo, apoiando a explicitao do porqu da resposta e que todas as crianas tenham

    oportunidade de participar no processo de reflexo.

    O educador deve estimular o desenvolvimento do raciocnio e do esprito crtico.

    Quanto orientao no tempo, algumas crianas tinham dificuldades no que diz respeito

    a antes/depois, ontem/amanh. Algumas das crianas ainda no identificavam as quatro

    formas geomtricas mais elementares (quadrado, tringulo, retngulo e crculo), da que

    tivssemos esse facto em ateno e trabalhssemos as formas em vrias atividades.

    Todas as crianas gostavam de jogar, manipular objetos, concentrando-se sozinhas ou a

    pares, a realizarem puzzles e construes. Todo o grupo conseguia contar at 10, mas 4

    crianas que j contavam at 20. Gostavam de realizar pequenos jogos com os materiais

    existentes na sala. Utilizavam o corpo como meio de aprendizagem (contar os dedos,

    contar os olhos, etc.).

  • Reviso da Literatura

    34

    rea de Conhecimento do Mundo

    Referindo o Ministrio da Educao (1997), esta rea enraza-se na curiosidade

    natural da criana e no seu desejo de saber e compreender o porqu. A rea do

    conhecimento do mundo dever ser uma sensibilizao s cincias, que poder estar

    mais ou menos relacionada com o meio prximo, mas que aponta para a introduo a

    aspetos relativos a diferentes domnios do conhecimento humano: a histria, a

    sociologia, a geografia, a fsica, a qumica e a biologia.

    As crianas gostavam muito de aprender, descobrir coisas e situaes novas.

    Quando aprendiam alguma coisa de novo mostravam-se interessadas, entusiasmadas e

    participativas. No meio envolvente, as crianas identificavam algumas infraestruturas

    existentes. As crianas identificavam a sua casa, onde moravam e com quem moravam.

    As crianas mais velhas enumeravam o agregado familiar. Gostavam de trabalhar com

    as novas tecnologias e solicitavam-nas.

  • 3. A Atividade Educativa

    em Jardim-de-Infncia

  • A Atividade Educativa em Jardim-de-Infncia

    36

    3. A Atividade Educativa em Jardim-de-Infncia

    S se pode falar em atividade educativa no Jardim-de-Infncia se tivermos

    conhecimento da Lei-Quadro da Educao Pr-Escolar principalmente do Princpio

    Geral e dos Objetivos da Educao Pr-escolar referidos no artigo 10, que nos

    reporta para o documento Orientaes Curriculares para a Educao Pr-escolar que

    explicita, pormenorizadamente, aquele princpio e os objetivos que dele advm. Assim a

    atividade educativa parte do reconhecimento da criana como sendo o sujeito do

    processo educativo, valorizando os seus saberes e neles fundamentando as novas

    aprendizagens. Privilegia-se, deste modo, a cooperao no grupo, promove-se o

    crescimento pessoal e social da criana e favorece-se a aquisio gradual da sua

    conscincia como cidado. Neste perspetiva, fundamental que a aprendizagem se

    inicie a partir dos saberes de cada criana para promoo de novas aprendizagens e

    atravs de experincias diferenciadas interligando com pares e adultos. Assim

    formamos adultos responsveis e respeitadores das diferenas dos outros.

    Orientaes Curriculares

    As Orientaes Curriculares dividem-se em duas partes. A primeira, trata

    Princpios Gerais e Objetivos Pedaggicos enunciados na Lei-Quadro, fazendo

    referncia ao princpio geral j referido, que define a Educao Pr-Escolar como a

    primeira etapa da educao bsica, complementar da ao educativa da famlia, enuncia

    os objetivos pedaggicos decorrentes daquele princpio geral. Referem ainda os

    fundamentos e organizao das Orientaes Curriculares e apresentam as orientaes

    globais para o educador. A segunda parte denomina-se Interveno Educativa, aborda

    os temas Organizao do ambiente educativo, reas de contedo, Continuidade

    educativa e Intencionalidade educativa. Assim, como j verificmos, do Princpio

    Geral estabelecido pela Lei-Quadro da Educao Pr-Escolar que advm todos os

    objetivos gerais pedaggicos definidos para a Educao Pr-Escolar. Torna-se, ento

    para ns, fundamental analisar esses objetivos e o modo como eles se traduzem nas

    Orientaes Curriculares:

  • A Atividade Educativa em Jardim-de-Infncia

    37

    1) Promover o desenvolvimento pessoal e social da criana com base em

    experincias de vida democrtica numa perspetiva da educao para a cidadania. Este

    primeiro objetivo informa o educador do quanto importante que a aprendizagem parta

    dos saberes de cada criana. Estimulando a interao com o grupo, ensinando o respeito

    por si mesmo e pelos outros, promove-se assim uma educao para a vida em

    sociedade;

    2) Fomentar a insero da criana em grupos sociais diversos, no respeito pela

    pluralidade das culturas, favorecendo uma progressiva conscincia como membro da

    sociedade. Este objetivo completa o primeiro, uma vez que a interao com os outros (o

    grupo), com as suas diferenas culturais e sociais, contribui para formar o indivduo

    como cidado, capaz de participar ativamente na sociedade;

    3) Contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso escola e para o

    sucesso da aprendizagem. Este objetivo aponta para um processo pedaggico tendo em

    conta o grupo na sua diversidade, com vista ao desenvolvimento da autoestima e da

    autoconfiana de todas as crianas, transmitindo as condies necessrias para abordar

    com sucesso a etapa seguinte;

    4) Estimular o desenvolvimento global da criana no respeito pelas suas

    caractersticas individuais, incutindo comportamentos que favorecem aprendizagens

    significativas e diferenciadas. Este objetivo aponta para respeitar e valorizar as

    caractersticas individuais de cada criana, com a sua cultura e os seus saberes prprios,

    como sujeito do processo educativo. A possibilidade de usufruir de experincias

    diversificadas, num contexto com outras crianas e adultos, permite que cada criana v

    aprendendo e v contribuindo para o desenvolvimento e aprendizagens dos outros;

    5) Desenvolver a expresso e a comunicao atravs de linguagens mltiplas

    como meios de relao, de informao, de sensibilizao esttica e de compreenso do

    mundo. O enunciado deste objetivo encaminha para o contedo das reas de Expresso

    e Comunicao e Conhecimento do Mundo. Deste modo a primeira constitui uma rea

    bsica que contribui simultaneamente para a Formao Pessoal e Social e para o

    Conhecimento do Mundo;

    6) Despertar a curiosidade e o pensamento crtico. um dos objetivos que pode

    ser concretizado nas diferentes reas de contedo que se articulam numa formao

    global. Devem-se proporcionar atividades e situaes que levem a criana explorao

    e descoberta, constituindo-se assim momentos privilegiados para despertar a

    curiosidade e o gosto por aprender;

  • A Atividade Educativa em Jardim-de-Infncia

    38

    7) Proporcionar criana ocasies de bem-estar e de segurana, nomeadamente

    no mbito da sade individual e coletiva. O bem-estar e segurana dependem em grande

    parte do ambiente educativo, em que a criana se sinta acolhida, escutada e valorizada,

    o que contribui para aumentar a sua autoestima e o seu bem-estar fsico e psicolgico;

    8) Proceder despistagem de inadaptaes, deficincias ou precocidades e

    promover a melhor orientao e encaminhamento da criana. A deteo prematura das

    deficincias ou precocidades, aliada a uma pedagogia diferenciada, promove a incluso

    de todas as crianas no grupo, promove a igualdade de oportunidades e a aceitao e o

    respeito pela diferena. A escola assume um papel de grande responsabilidade que

    poder ser determinante para o futuro de uma criana como cidado;

    9) Incentivar a participao das famlias no processo educativo e estabelecer

    relaes de efetiva colaborao com a comunidade. Partindo do conhecimento do meio

    familiar e da cultura de cada criana, a Educao Pr-Escolar pode tornar-se mediadora

    entre as culturas de origem das crianas e a cultura a que tero de se adaptar para terem

    uma aprendizagem com sucesso.

    O documento Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar foca

    outro importante tema, as Orientaes Globais para o educador, que orientam a

    interveno profissional do educador de infncia, que passa por diversas etapas

    interligadas que vo acontecendo e aprofundando, o que pressupe: observar cada

    criana e o grupo, planear todo o processo educativo em funo do que sabe sobre o

    grupo e de cada criana, agir ou concretizar na ao as suas intenes, avaliar todo o

    processo e os efeitos, comunicar todo o conhecimento que adquire da evoluo de cada

    criana, articular ou promover a continuidade educativa, constituindo todos estes

    instrumentos etapas interligadas e contnuas do processo educativo.

    Observar cada criana e o grupo Observar cada criana e o grupo para

    conhecer as suas capacidades, interesses e dificuldades, recolher as informaes sobre

    o contexto familiar e o meio em que as crianas vivem () o conhecimento da criana e

    da sua evoluo (Ministrio da Educao, 1997, p.25). Com esta observao o

    educador pode adaptar a sua atividade educativa ao grupo e a cada criana,

    compreender os seus interesses e dificuldades, e planear o desenvolvimento das suas

    potencialidades.

    Planear o processo educativo para concretizar na ao as intenes educativas

    Planear implica que o educador reflita sobre as suas intenes educativas (...)

    (Ministrio da Educao, 1997, p.25). O planeamento a partir do conhecimento da

  • A Atividade Educativa em Jardim-de-Infncia

    39

    criana e do grupo, bem como do contexto familiar e social, auferido pela observao

    atenta e continuada, permite criar um ambiente estimulante de desenvolvimento e

    promover aprendizagens significativas. Cabe, ao educador, planear situaes de

    aprendizagem desafiadoras, para captar e estimular cada criana, ou optar por fazer o

    planeamento com a participao das crianas. Este processo permite ao educador fazer a

    previso e a organizao de recursos bem como a articulao entre as diferentes reas

    de contedo.

    Agir Concretizar na ao as suas intenes educativas, adaptando-as s

    propostas das crianas e tirando partido das situaes e oportunidades imprevistas

    (Ministrio da Educao, 1997, p.26). Envolver quer o grupo quer a comunidade (pais,

    famlias, tcnicos auxiliares, outros docentes, etc.) uma forma de alargar as interaes

    das crianas e uma maneira de engrandecer o processo educativo.

    Avaliar o processo e os efeitos Implica tomar conscincia da ao para

    adequar o processo educativo s necessidades das crianas e do grupo e sua

    evoluo (Ministrio da Educao, 1997, p.26). A avaliao efetuada com o grupo de

    crianas uma atividade educativa, constituindo tambm uma base de avaliao para o

    educador.

    Comunicar O conhecimento que o educador adquire da criana e do modo

    como esta evolui enriquecido pela partilha com outros adultos () (Ministrio da

    Educao, 1997, p.26). A troca de opinies com os pais permite um melhor

    conhecimento da criana e de outros conceitos que influenciam a sua educao.

    Articular Cabe ao educador promover a continuidade educativa.em

    colaborao com os pais e em articulao com os colegas do 1 ciclo () (Ministrio

    da Educao, 1997, p.27). fundamental que o educador assegure e fomente a

    continuidade educativa e o percurso para a escolaridade obrigatria. tambm funo

    do educador proporcionar condies para aprendizagens com sucesso na etapa seguinte,

    nomeadamente atravs da colaborao com as famlias e com os docentes.

    Planificao

    Planificar significa para ns transformar uma ideia numa ao. Para Vasconcelos

    (1991), planear coordenar um conjunto de aes entre si, em ordem a obter um

    determinado resultado. Para alcanarmos as metas a que nos propomos, devemos

  • A Atividade Educativa em Jardim-de-Infncia

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    delinear e fazer uma previso da ao, isto , devemos projetar.

    Segundo Escudero, citado por Zabalza (1997), planificar prever possveis

    cursos de ao de um fenmeno e plasmar de algum modo as nossas previses, desejos,

    aspiraes e metas num Projeto que seja capaz de representar, dentro do possvel, as

    nossas ideias acerca das razes pelas quais desejaramos conseguir, e como poderamos

    levar a cabo, um plano para as concretizar.

    A partir do conhecimento do grupo, o educador parte para a planificao do

    processo educativo. Assim promover um ambiente estimulante de desenvolvimento

    que origine aprendizagens significativas e diversificadas.

    Planificar implica a reflexo sobre intenes educativas e as formas de as

    adequar ao nosso grupo; Facilita a previso e a organizao dos recursos; Possibilita a

    articulao entre todas as reas de contedo e; Promove a partilha e interao do grupo

    o que origina a aprendizagem e o desenvolvimento. Planificar torna-se uma

    necessidade, um apoio indispensvel para o educador desenvolver o seu trabalho

    auxiliando-o, levando-o a refletir e avaliar em tudo o que faz de forma a progredir ou

    reajustar o processo ou a sua prtica educativa. O educador deve encontrar o seu modelo

    de planificao, pois existem diferentes maneiras de planificar. Para Vasconcelos (1991)

    compete a cada educador encontrar o seu modelo, procurando tornar coerente o seu

    modo de pensar e de agir, os seus valores em articulao com aquilo que o

    conhecimento nos diz sobre as crianas.

    Avaliao

    A avaliao na Educao Pr-escolar tem o papel importante na verificao e

    eficcia da ao educativa, contribuindo para a sua inovao com o objetivo de

    aperfeioar, cada vez mais e melhor, os processos de desenvolvimento das crianas.

    Para Ferreira (2007) ter diferentes sentidos e ser aplicada em vrias situaes e

    contextos de vida quotidiana, tambm na educao pode ter finalidades e funes

    distintas que vo desde o currculo ao processo de ensino-aprendizagem, aos Projetos

    desenvolvidos na escola. Desta forma consideramos que a avaliao complexa, porque

    avaliar abarca diferentes domnios.

    Avaliar um mtodo que pressupe a capacidade de questionar o nosso modo de

    trabalhar e de agir, os nossos comportamentos e as nossas propostas. Ao avaliarmos no

  • A Atividade Educativa em Jardim-de-Infncia

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    o devemos fazer apenas em relao evoluo do grupo mas tambm ao programa,

    prtica pedaggica, ao Projeto e sua interveno educativa. Para Bassedas, Huguet e

    Sol (1999), a avaliao serve para valorizar o que acontece quando colocamos em

    prtica o programa que planejamos previamente e para verificar se preciso modificar

    ou no determinadas atuaes.

    Ao planearmos temos o propsito de alcanar objetivos. Depois so realizadas as

    atividades para as crianas atingirem os objetivos, quer gerais quer especficos. Por essa

    razo temos de observar se as crianas atingem ou no esses objetivos. Avaliar significa

    analisar se os objetivos foram alcanados pela criana e intervir para modificar e

    melhorar a prtica. Segundo Bassedas, Huguet e Sol (1999), a avaliao importante

    para valorizar quando se realiza uma ateno adequada diversidade das crianas que

    formam o grupo e se estamos a proporcionar experincias pertinentes que as ajudam a

    avanar e a desenvolver-se.

    Currculo

    Zabalza (1994) diz que o Currculo o conjunto dos pressupostos de partida, das

    metas que se deseja alcanar e dos passos que se do para as alcanar; o conjunto de

    conhecimentos, habilidades, atitudes que so consideradas importantes para serem

    trabalhados na escola, ano aps ano. Este autor refere ainda que o professor dever

    provar, em termos cientficos, as decises tomadas e deve conhecer os meios que o

    levam prtica para que se obtenha bons resultados de aprendizagens com o grupo de

    crianas e, eventualmente, proceder a alteraes, se necessrio. Contudo, para Spodek

    (1993) as experincias organizadas proporcionadas s crianas so feitas num

    enquadramento escolar. Para este autor so as prprias crianas que originam o

    Currculo. A circular do Ministrio da Educao sobre Gesto do Currculo na

    Educao Pr-escolar (Circular n17/DSDC/DEPEB/2007), diz-nos que o

    desenvolvimento curricular da responsabilidade do educador, que este deve prever e

    organizar o tempo estruturado e flexvel para que todos os momentos tenham sentido

    para o grupo de crianas, com o objetivo de promover processos de desenvolvimento e

    de aprendizagens pensadas e organizados com inteno pelo educador. Nesta circular,

    h dois documentos de apoio para organizao e gesto do currculo:

  • A Atividade Educativa em Jardim-de-Infncia

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    Projeto Curricular de Estabelecimento/Escola que define as estratgias de

    desenvolvimento do Currculo, visando adequ-lo ao contexto de cada

    estabelecimento/escola ou de Agrupamento e integrado no respetivo Projeto Educativo;

    Projeto Curricular de Grupo/Turma que define as estratgias de concretizao

    e de desenvolvimento das orientaes curriculares para a Educao Pr-Escolar e do

    Projeto Curricular de Estabelecimento/Escola, visando adequ-lo ao contexto de cada

    grupo/turma. A organizao do Currculo auxilia o educador a operacionalizar as

    orientaes curriculares contribuindo para alterar positivamente a perceo social da

    importncia do Ensino Pr-escolar.

    Zabalza (1994) diz que a existncia de Currculos que valorizem a Educao Pr-

    escolar e difundam esta perspetiva contribui para o reconhecimento, pela sociedade, do

    direito das crianas a uma educao de qualidade antes da sua entrada na escolaridade

    obri