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COMITÊ ESTADUAL DA RESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA
Rio Grande do Sul
Rua Carlos Chagas, 55 / sala 708 – CEP: 90030-020 – Porto Alegre/RS – Fone/Fax: (51) 3288 - 9440
E-mail: [email protected] FEPAM - CURICACA - DEFAP - ANAMA - UNISINOS - IBAMA - CEPI - PUC/UFRGS - FZB - FETAG - EMATER
UFSM - MIRA SERRA - CABM - FAMURS - IPHAE - METROPLAN - FEDERAÇÃO dos PESCADORES do RS
Of. Nº CERBMA 007-2012 Porto Alegre, 21 de março de 2012.
Prezado Senhor:
O Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica do Rio
Grande do Sul – CERBMA/RS vem por meio deste se manifestar novamente
quanto à construção da Usina Hidrelétrica Pai Querê. Já em 2003, através do Of. Nº
CERBMA 040/03 e em 2004, através dos Of. Nº CERBMA ¾¾ e Of. Nº CERBMA
012/04 nos posicionamos contrários ao empreendimento devido ao impacto que este
causaria à Zona Núcleo da RBMA. O presente documento visa contestar a
construção da usina, partindo dos impactos de experiências anteriores no Rio
Grande do Sul e do processo de questionamentos tecnicamente embasados sobre a
construção da presente UHE. Neste sentido, são formuladas questões referentes às
perspectivas ambiental, econômica e social da efetivação do empreendimento. Tais
questões estão embasadas no conhecimento consolidado sobre a região e na
análise do EIA-RIMA por professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
- UFRGS, Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, Universidade do Vale dos
Sinos - UNISINOS, Universidade Católica de Pelotas - UCPel, Pontifícia
Universidade Católica do RS - PUC e pelas ONG’s MIRA-SERRA, Curicaca, Ação
Nascente Maquiné - ANAMA e Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais - InGá, além
de pesquisadores e técnicos integrantes do CERBMA/RS.
Ilmo. Sr. Sr. Curt Trennepohl M.D. Presidente do IBAMA SCEN Trecho 2. Ed. Sede do IBAMA 70818-900 Brasília - DF Tel: (61) 3316-1001/1002/1003 Fax: (61) 3316-1025 E-mail: [email protected]; [email protected]
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Primeiramente gostaríamos de ressaltar que a área em questão é Zona
Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica1 e, segundo publicação do
Ministério do Meio Ambiente (2007) 2, uma Área Prioritária para a Conservação da
Biodiversidade, considerada de Importância Extremamente Alta. Considerando a
construção da UHE Barra Grande sobre Zona Núcleo da RBMA, que apresentou
irregularidades e grande dano ambiental causa-nos estranheza que não se discuta,
nem no EIA da UHE Barra Grande, nem no EIA da UHE Pai Querê, a Conservação
da Zona Núcleo da RBMA.
Com a finalidade de não incorrer nos erros passados, faz-se importante
apontar a existência de inúmeras lacunas em relação ao estado de conservação das
espécies da flora e fauna remanescentes na bacia hidrográfica do Rio Pelotas, que
sofrem ameaça crescente devido aos impactos cumulativos dos demais
empreendimentos construídos a jusante de Pai Querê: UHE Barra Grande, UHE
Machadinho, UHE Itá, UHE Foz do Chapecó, além da UHE Campos Novos, UHE
Garibaldi e as demais PCHs em instalação.
Neste contexto, afirmamos que não é ambientalmente viável a construção
da UHE Pai Querê, uma vez concluída e respeitada a Avaliação Ambiental Integrada
da Bacia do Uruguai, o próprio diagnóstico biótico fornecido no EIA e tomando em
conta, ainda, a gravidade do impacto cumulativo da UHE Barra Grande,
recentemente construída em suas proximidades.
Questão ambiental
Cerca de 80% da área prevista para ser alagada (que totaliza 6.238,36
ha) pela UHE Pai Querê encontra-se coberta por vegetação natural, sendo 64%
(sessenta e quatro por cento) por florestas e 19% (dezenove por cento) por campos
1 Lei Federal nº 9.985/2000, Capítulo VI- Das Reservas da Biosfera, § 1º, I.
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naturais. Em torno de 81% (oitenta e um por cento) da área a ser alagada (5.061 ha)
encontra-se fora da calha do rio (Barros et al., 2006). Portanto, a extensão do
alagamento repercutirá, em grande parte, sobre a matriz de campos nativos e sobre
remanescentes de Floresta Ombrófila Mista. Salienta-se que, no contexto regional,
os remanescentes florestais em melhor estado de conservação estão localizados
justamente nas áreas de topografia acidentada nos vales do rio Pelotas e seus
tributários, que corresponde à Área Diretamente Afetada. O empreendimento de Pai
Querê afetará, portanto, a quase totalidade dos remanescentes florestais mais
significativos que restaram após a construção da AHE Barra Grande.
Na região em pauta, estudos têm destacado a presença de uma fauna e
flora ricas em endemismos, principalmente de peixes (Bond-Buckup et al. 2006;
Malabarba et al. 2006) e de plantas vasculares campestres (Boldrini et al. 2010). O
EIA-RIMA apresentado mostra-se deficiente no levantamento de espécies vegetais,
sobretudo daquelas de hábito epifítico, mais acentuadamente relacionadas às
famílias Orchidaceae, Bromeliaceae e Cactaceae. Essas três famílias englobam
mais de um terço das espécies ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul e,
certamente exibem na área uma riqueza bem maior que aquela apresentada no EIA.
Ou seja, a lista de espécies ameaçadas de extinção presentes na área seria ainda
maior caso houvesse um melhor esforço de coletas dos grupos supramencionados.
A Dra. Carla Suertegaray Fontana, pesquisadora que vem trabalhando
com a conservação da biodiversidade nos Campos de Cima da Serra (RS/SC) há
muitos anos, nas áreas de influência indireta e direta da UHE Pai Querê, formalizou
ao CERBMA/RS sua posição contrária ao licenciamento deste empreendimento.
Com base em seus estudos com aves e experiência na área chegou à conclusão de
que esse empreendimento é inviável nessa área, especialmente quando analisado
em conjunto com outros empreendimentos similares realizados e previstos para o
Rio Pelotas. As áreas de influência direta e indireta da barragem abrigam cerca de
40% (quarenta por cento) da avifauna do RS e SC. Além da perda de
2 Portaria MMA n. 09, de 23 de Janeiro de 2007: “Reconhece como áreas prioritárias para conservação,
utilização sustentável, e repartição de benefícios da biodiversidade brasileira as áreas que menciona”.
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biodiversidade, populações inteiras de aves serão suprimidas em decorrência da
eliminação de seus habitats (ver parecer anexo a este ofício).
Além disso, na área de influência direta de Pai Querê tem sido constatada
a ocorrência de espécies de mamíferos de grande porte em situação crítica no Rio
Grande do Sul (Fontana et al. 2003), como o queixada (Tayassu pecari), o veado-
campeiro (Ozotoceros bezoarticus) e o puma ou leão-baio (Puma concolor). No caso
do queixada, conforme o próprio EIA–RIMA do empreendimento, Pai Querê pode
constituir hoje o último reduto dessa espécie no Rio Grande do Sul, dada a ausência
de registros recentes no Parque Estadual do Turvo e a supressão de hábitats na
área atingida pela AHE Barra Grande, onde a situação do queixada é incerta.
É importante salientar que o impacto da UHE Pai Querê não deve ser
visto isoladamente, uma vez que há duas usinas em operação (UHE Machadinho e
UHE Barra Grande) e outra em fase de inventário (UHE Passo da Cadeia), todas
elas próximas entre si, numa extensão aproximada de 350 quilômetros ao longo da
calha do Rio Pelotas. Caso sejam concretizadas todas as obras previstas, nos
próximos anos haverá quatro grandes empreendimentos concentrados ao longo
deste trecho da bacia do rio Uruguai. Mesmo partindo-se de um cenário otimista, é
impossível negar ou não considerar, a possibilidade de uma considerável
fragmentação da paisagem regional mediada principalmente pela perda de
conectividade tanto de ambientes terrestres como de aquáticos. Entre os principais
fatores do processo de perda de conectividade, neste caso, têm-se a supressão da
cobertura vegetal e o enchimento do reservatório. Entre outras conseqüências da
fragmentação, cabe destacar a perda de funções ecossistêmicas e de interações
entre a biota local, que por sua vez, raramente são avaliados em estudos de impacto
ambiental (Bond-Buckup, 2008). Outro fato a ser levado em conta, levantado pela
equipe do EIA/RIMA, consiste na alteração dos ambientes fluviais, os quais
passarão de uma condição lótica para uma condição lêntica, enquanto que os
ribeirinhos serão perdidos completamente.
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A legislação recomenda que os empreendedores devam buscar
alternativas menos danosas e realizar obras prioritariamente sobre espaços já
degradados.
Neste sentido, ressaltando-se que a Constituição Federal prevê em seu
art. 225, inciso VII “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais a crueldade” elencamos as seguintes questões:
1) Os técnicos que elaboraram os estudos (EIA/RIMA) a respeito do
empreendimento UHE Pai Querê identificam a ocorrência de mais de trinta espécies
ameaçadas de extinção no local do empreendimento e também afirmam que os
impactos de sua construção não implicam em riscos de extinção para tais espécies.
Questionamos o embasamento desta afirmação, pois não são apresentados estudos
de demografia de cada uma dessas espécies na bacia do Rio Pelotas, nem
mapeamento dos respectivos habitats e nem os sítios dessa bacia hidrográfica onde
ocorra a localização de contingentes suficientes dessas populações em unidades de
conservação de proteção integral regularizadas, para que os técnicos possam
assegurar a não extinção.
2) No caso do argumento de que o empreendimento representa apenas uma
fração da bacia, há a necessidade de explicar por que os habitats prioritários de
cada uma das espécies ameaçadas, na bacia do rio Pelotas, não são apresentados
nos estudos. Estes deveriam estar acompanhados da delimitação de áreas com
extensão e qualidade ecológica adequadas à perpetuação de cada uma das
espécies ameaçadas. Estas áreas deveriam ser adquiridas em compensação à
instalação do empreendimento, visando minimizar os riscos de extinção sobre
qualquer dessas espécies resultante da perda de habitat pela obra em si e do risco
de perda de habitat pela mudança no modelo econômico gerada pela disponibilidade
de energia (indústria e urbanização).
3) A construção da UHE Pai Querê implicará na perda de funções
ecossistêmicas importantes. Dentre elas, merece especial atenção a perda de
hábitats terrestres e aquáticos em uma Zona Núcleo da Reserva da Biosfera da
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Mata Atlântica e a perda de conectividade tanto dos hábitats terrestres quanto dos
aquáticos. A conectividade é fundamental para evitar a fragmentação da Zona
Núcleo da Reserva da Biosfera e todas as consequências deste fator, principal
responsável, em escala global, pela perda da biodiversidade.
4) Avaliações da Comissão Mundial de Barragens sobre os resultados
verificados em estudos relacionados aos impactos de grandes barragens no mundo,
sugerem que: “das represas estudadas por cientistas até o momento, todas emitem
gases que contribuem para o efeito estufa, (...) devido à decomposição de
vegetação e ao influxo de carbono na captação”; “no saldo final, os impactos sobre
os ecossistemas são mais negativos do que positivos e, em muitos casos,
provocaram danos significativos e irreversíveis a espécies e ecossistemas” e que
“até o momento, os esforços para amenizar os impactos das grandes barragens
sobre ecossistemas tiveram sucesso limitado devido ao descaso em se prever e
evitar tais impactos, à má qualidade e pouca confiabilidade dos prognósticos, à
dificuldade de enfrentar todos os impactos e à implementação e sucesso apenas
parciais das medidas de mitigação ambiental” 3.
Questão econômica
Consideramos que, do ponto de vista da geração de energia e, dado o
impacto irreversível de uma hidrelétrica sobre a biodiversidade devemos levar em
conta na avaliação deste caso em particular que:
1) não foram consideradas como alternativas tecnológicas a instalação de
parques eólicos na região ou a alternativa de repotencialização e redução de perdas
em mais de 30% no Brasil (segundo o prof. Célio Bermann da USP);
2) a produção de 292 MW por Pai Querê (que é equivalente ao Parque Eólico de
Osório) somaria apenas 6% (seis por cento) do total representado pelas outras
grandes hidrelétricas já construídas na bacia (Barra Grande, Machadinho, Itá, Foz do
Chapecó, Campos Novos) e afetaria mais de 90 km do Rio Pelotas, com a
supressão de 4 mil hectares de florestas;
3 Informações disponíveis em http://www.dams.org/report/wcd_sumario.htm.
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3) segundo pareceres da Comissão Mundial de Barragens até hoje não se
conseguiu contornar e compensar os danos de grandes empreendimentos
hidrelétricos no mundo, de maneira efetiva na prática;
4) a energia que seria gerada não compensa de forma consistente a perda de
biodiversidade local;
5) a “eficiência relativa” e o sucesso de programas socioambientais comumente
propostos à mitigação e à compensação de impactos de hidrelétricas no Brasil, via
de regra, configura-se em mais custos e menos benefícios. Ainda não conseguimos
superar o grave problema de repartição dos benefícios sociais que comumente tem
ocorrido nestes casos, uma vez que apenas uma minoria tem acessado de forma
contínua aos vetores socioeconômicos previstos, como compensação financeira e
outros.
Questão social
1) Os benefícios sociais apresentados como decorrentes de um
empreendimento como esse têm tido baixíssima abrangência no conjunto da
sociedade, oportunizando, na maior parte dos casos, acesso apenas a pessoas e
setores com maior poder político na comunidade. Sobre a aplicação dos royalties
repassados às prefeituras, por exemplo, há pouco ou nenhum controle da sociedade
e não resulta em melhorias sociais significativas, pois geralmente são usados para
melhorar salários de poucos. Após a fase de construção e, quando finalmente
instaladas, as hidrelétricas funcionam de forma bastante mecanizada e
automatizada, gerando empregos definitivos numa proporção muitas vezes menor
que a dos empregos temporários gerados na fase de construção. Os benefícios
sociais oriundos de vagas permanentes de empregos são, portanto, pouco
significantes.
2) Por outro lado, a transformação ambiental nos 6.238,36 ha do
empreendimento exclui a possibilidade de outras atividades econômicas que,
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comprovadamente, geram um maior número de empregos e ocupações
permanentes, como o turismo ecológico e o turismo de aventura.
3) O aumento do giro de capital mediado pelo incremento populacional por parte
dos funcionários da empresa construtora, nas cidades próximas, certamente não
compensará o gasto adicional das prefeituras em custear o acréscimo na produção
de lixo e esgoto sanitário, na utilização de estabelecimentos de ensino e saúde por
parte das famílias desses trabalhadores, na manutenção de estradas e de outras
infra-estruturas de combate ao crescimento da violência urbana e à prostituição.
4) Voltamos a alertar que é temerário avaliar o impacto e a viabilidade de novos
empreendimentos nesta bacia hidrográfica sem que se considere as conclusões da
Avaliação Ambiental Estratégica da Bacia do Rio Pelotas realizada pelas
Universidades Federal de Santa Maria – UFSM e UNIPAMPA a qual demonstra que
a área do Rio Pelotas prevista para Pai Querê apresenta extrema fragilidade em
relação à biodiversidade. O desrespeito para com este estudo, tão necessário,
soma-se ao fato de que até agora o Termo de Ajuste de Conduta da Hidrelétrica de
Barra Grande não foi completamente cumprido e o Refúgio da Vida Silvestre
proposto pelo Ministério do Meio Ambiente para a região em questão não foi criado.
O passivo ambiental da UHE Barra Grande (um dos maiores desastres ambientais
da história do RS) continua absolutamente pendente, pois grande parte das ações e
condicionantes determinadas no Termo de Ajustamento de Conduta firmado à época
para viabilizar a emissão de sua LO não foi adotada. Notadamente aquela que
estabelece a criação e implantação de uma UC de proteção integral em área com
características ambientais mais próximas àquela suprimida por Barra Grande. Área
esta que já foi identificada por diversos especialistas como sendo a Área de
Influência Direta de Pai Querê, a qual foi incluída pelos técnicos do MMA na
proposta de criação do Refúgio de Vida Silvestre do Rio Pelotas e que não foi levada
a cabo pelo governo federal.
Finalizando, ambas as situações (Barra Grande e Pai Querê)
demonstram-nos claramente uma intenção de licenciar a UHE Pai Querê
desconsiderando todas as ações pretéritas e atuais, inclusive as postas no EIA, que
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comprovam a insubstituibilidade da biodiversidade ali existente. Essa postura
consolida a inviabilidade desta obra, pois não há mais espaço para acumular
impactos ambientais e erros de análises ambientais e socioeconômicas na região do
Rio Pelotas. Dessa forma, frente às considerações até aqui apresentadas,
reafirmamos nossa posição contrária à construção da hidrelétrica de Pai Querê na
Zona Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica localizada no Rio Pelotas.
Maria Isabel Stumpf Chiappetti
Presidente do Comitê Estadual da Reserva da
Biosfera da Mata Atlântica do RS – CERBMA/RS
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Laboratório de Ornitologia, Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS, 2012.
MALABARBA, L.R.; FIALHO, C.B.; SANTOS, J.F. & MENDES, G.N. 2006. IV- Fauna
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população de cervo-do-pantanal Blastocerus dichotomus (Illiger, 1815)
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UFSM/UNIPAMPA. Projeto FRAG-RIO – Relatório da Etapa 1: Desenvolvimento
Metodológico e Tecnológico para Avaliação Ambiental Integrada Aplicada ao
Processo de Análise de Viabilidade de Hidrelétricas. 2009.
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ANEXO
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