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Comissão Mineira de Folclore 65 anos 1948 - 2013 19 fevereiro

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Page 1: Comissão Mineira de Folclore 65 anos · 2015. 10. 17. · Curso de Folclore. Rio de Janeiro: Livros do Brasil, 1951. O curso de Folclore resultou de aulas ministradas no ano de 1949

Comissão Mineirade Folclore

65 anos1948 - 201319 fevereiro

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Editorial

“... esse grupo de estudiosos da cultura popular tradicional bemmerece um ponto de encontro para a troca e difusão de ideias,em prêmio pela longa pertinácia.” Aires da Mata Machado Filho,1976

A Comissão Mineira de Folclore celebra neste dia, 19 de feverei-ro, 65 anos de existência. Bem houve nosso companheiro deDiretoria, Domingos Diniz, de festejar esta data com a aberturade uma exposição das principais obras dos membros pertencen-tes à CMFL.

No levantamento das obras, deparamos com inúmeras lacunasem nossa memória. Certamente, seria de esperar que cada umdos membros fosse capaz de narrar as peripécias de criação edesenvolvimento de nossa Comissão. Engano, muito da históriase perdeu nas brumas do passado e foram sepultadas juntamen-te com os despojos dos fundadores. Um acontecimento desses,exatamente com uma entidade dedicada à tradição oral, mere-ce estudo. O que os membros fundadores repassaram aos de-mais para consolidar uma tradição? Boa pergunta. O que se pas-sa com a tradição resulta de memória seletiva, do mesmo modoque se dá com os documentos? Outra boa pergunta. A qual tabe-la de temporalidade obedecem os registros da memória trans-mitida oralmente? Mais uma pergunta astuciosa.

Na oportunidade em que se festejou o cinquentenário, aindaseria possível recuperar parte significativa dessa história e TiãoRocha, na qualidade de presidente, iniciou esse percurso. Hoje,passados quinze anos, não mais. Faltaram perguntas cujas res-postas devem ser preenchidas com pesquisa documental e ima-ginação. Ora, recuperar história com base em registros e imagi-nação confere aos autores o poder de criar versões, às vezesbem construídas, mas calcadas em verossimilitudes.

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Há uma versão registrada de que a Comissão Mineira foi instala-da solenemente no dia 19 de fevereiro. Esta versão foi tambémmantida pela tradição. Dois dos principais fundadores – Aires daMata Machado Filho e Saul Alves Martins - mantiveram relatosorais e escritos garantidos no livro de atas da fundação.

Este livro é um mistério. Perdido nos arquivos sempre com guardaprovisória, possivelmente, uma cópia possa ser encontrada emarquivos da Comissão Nacional. Restam os nomes e endereçosdos fundadores na data de assinatura da ata. Sabe-se, por exem-plo, que Aires da Mata residia, então, na rua Siderose, e não narua professor Magalhães Drumond; que Fausto Teixeira, tinhadomicílio no Posto Agropecuário de Sete Lagoas, que o casalAntônio Joaquim de Almeida e Lúcia Machado de Almeida mo-ravam na casa da rua Tomé de Souza; que Saul Martins tinhadomicílio na rua Aníbal Benévolo, Bairro Santa Efigênia.

É muito pouco. Como essas pessoas foram convocadas, com quefacilidade foram contatadas, posto que a Comissão Nacional foiinstalada no dia 19 de novembro de 1947? A quem RenatoAlmeida se dirigiu para assegurar a criação do que se chamava,então, Subcomissão de Folclore? Como se deu este contato?Qual foi o critério de escolha de 27 pessoas que assinaram a ata?Quantas pessoas foram lembradas e descartadas, ou foram con-vidadas e não aderiram?

Para algumas dessas pergunta os registros existentes permitemuso da imaginação. Dezessete dos fundadores residiam em BeloHorizonte. Pelo menos dois residentes no interior do estadotinham relações próximas com Saul Martins, Manuel AmbrósioJúnior, de Januária e o Major Antônio Carlos. Outros dois deDiamantina, Maria Orminda e José Augusto Neves, responde-ram diretamente à quota afetiva de Aires da Mata Machado.Restam sete. Agora a imaginação tem que ser mais forte do queos registros. O grupo dos residentes em Belo Horizonte era com-posto por professores do curso de História – João Camilo de Oli-veira Torres e Tabajara Pedroso –; do Conservatório Mineiro deMúsica – Heli Menegalle, Flausino do Valle, Levindo Lambert -,

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da Academia Mineira de Letras ou do Instituto Histórico e Geo-gráfico ou de Museus Históricos– João Camillo, João Dornas Fi-lho, Antônio Joaquim de Almeida e Mário Lúcio Brandão. Poresse caminho foram contatados os membros de Cataguases,Ponte Nova, Ouro Fino, Abaeté, e Prata. Quem obteve a adesãode Fausto Teixeira, ganhou ao mesmo tempo a de Sílvio AmaralMoreira, ou esta adesão veio direto do Rio de Janeiro, pelo ca-minho de Cecília Meireles. Viva a imaginação!

Sabe-se ter sido Aires da Mata Machado o responsável pela cons-tituição do grupo. Cabe perguntar, por que pessoas, como Eduar-do Frieiro, não comparecem na lista dos convidados? Ou porque o nome de Waldemar de Almeida Barbosa não foi cogitadoem nenhum momento? Enigmas.

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CatálogoObras expostas

Sessão I - Fundadores

Aires da Mata Machado Filho. Curso de Folclore. Rio de Janeiro:Livros do Brasil, 1951.

O curso de Folclore resultou de aulas ministradas no ano de 1949no Corservatório Mineiro de Música e, em seguida, paraprofessoras rurais da Fazenda do Rosário – Ibirité - , a pedido daeducadora Helena Antipoff. Após publicada, essa obra serviu debase para dois novos cursos ministrados na Faculdade deFilosofia Ciências e Letras [atual FAFICH UFMG], promovidos peloDiretório Acadêmico.

Nota: A obra em destaque encontra-se na exposição. As demais são paraconhecimento do leitor.

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Outras obras de Aires da Mata Machado Filho.

Aires inaugura sua obra de escritor em 1931 com um trabalho de altarelevância: Educação dos Cegos no Brasil. É obra de interesse histórico.Ao longo de cinquenta anos, esse autor será um ouvinte atento. Suadeficiência visual profunda lhe dificultava o acesso à leitura, mas,jamais o impediu de elaborar produção literária de alto valor. A escutaatenta lhe permitia ver e mostrar o que ninguém veria. O senso deorientação espacial nesse autor era incrível como se pode constatarpela leitura de Dias e Noites em Diamantina publicada em 1972.

A atenção para o que é popular se inicia com O negro e o garimpo emMinas Gerais, 1943, publicado pela Livraria José Olímpio. A que sesegue Arraial do Tijuco, Cidade Diamantina de 1945 – publicação doServiços do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - e o Curso deFolclore em 1951.

João Dornas Filho.

João Dornas Filho é uma das chaves para a compreensão do gru-po fundador da Comissão Mineira de Folclore. Esse autor aderiufirmemente ao movimento modernista. Entre as três caracterís-ticas enumeradas por Fernando Correia Dias com identificadorasdo movimento, duas fazem parte do código genético da origemda Comissão Mineira de Folclore: “a busca infatigável pela ex-pressão eminentemente brasileira em suas manifestações; e oempenho em redescobrir a realidade brasileira”. O grupo do “Lei-te Criôlo” surgido em 1929 é fruto da união com o grupo Verde

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de Cataguases. A ênfase no nome dará o tom do que João Dornasmostrará em sua obra de interesse para o folclore a partir deuma compreensão de Minas Gerais de que é expressão maior Oouro das gerais e a civilização da capitania (1957). A preocupaçãocom nossa dívida para com o negro é uma constante em sua obra.Escravidão no Brasil é de 1939, a que se seguirá A influênciasocial do negro brasileiro 1943.

A participação de João Dornas Filho é uma das mais bem docu-mentadas e pode ser obtida pelo acesso a ao “Inventário doFundo João Dornas Filho” do Arquivo Público Mineiro.

Achegas de Etnografia e Folclore é obra póstuma, editada emBelo Horizonte no ano de 1972, com apresentação de Aires daMata Machado Filho. O apresentador, ao mesmo tempo em quese encontra “sem lugar para conter a emoção”, faz alguns repa-ros à pouca sistematização dada e especialmente à filiação acorrentes bastantes criticadas como o “determinismo do meioambiente”.

Capítulos da Sociologia Brasileira, publicado em 1955 pelaOrganização Simões do Rio de Janeiro, é obra típica de folclorista.Composta de quatro ensaios, mostra o interesse do autor peloaprofundamento de temas de nosso Folclore: “A medicinapopular brasileira”, “O parto, a parturiente e a crença”, “Seitas ecrendices populares” e “Episódios do regime patriarcal”compõem os ensaios dessa obra.

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João Camilo de Oliveira Torres

A editora Autêntica brindou-nos em 2011 com uma edição muitobem cuidada da obra que revela a ligação de João Camilo com aComissão Mineira de Folclore. Nessa edição há apresentaçãodos coordenadores – Francisco Eduardo de Andrade e de MarizaGuerra de Andrade - seguida de um ensaio primoroso doprofessor doutor João Antônio de Paula – autor de Prometeu nosertão: Economia e Sociedade na capitania das Minas dos MatosGerais, obra que merece também edição – e de um ensaio sobrea obra de João Camilo elaborado pela coordenadora MarizaGuerra de Andrade. Os editores preservaram o comentário-parecer de Aires da Mata Machado Filho que garantiu à obra oPrêmio Diogo de Vasconcelos e sua publicação no ano de 1944.Curioso é que a ensaísta estranhe o emprego daexpressão”folclórico” na interpretação do “materialcultural”como o “ciclo natalino”. Quase pede desculpas ao leitorpor ser uma “expressão corrente na época” p. 37.

Esta obra convoca o leitor para o estudo da formação das ciênciassociais em Minas Gerais pelo esforço interpretativo e pelo rigordo estudo monográfico. Além da originalidade reconhecida peloparecerista, ela oferece sendas para a crítica exigida a toda obraque busque rigor na comunicação.

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Henriqueta Lisboa

Literatura oral para a infância e a juventude: lendas, contos &fábulas populares no Brasil.São Paulo: Peirópolis, 2002.

Obra publicada em 1955. Pode-se dizer que, com a publicaçãodesta obra, a “pequena notável” Henriqueta presta suacontribuição à Comissão Mineira de Folclore. Logo na“Introdução” há esta declaração: “o folclore não deve serministrado à infância a feitio de estudo, mas, sim, proporcionadode modo recreativo, espontâneo, sem insistência. O que sedefine como popular, tradicional e anônimo não lograria viverem clima de imposição.” Este alerta mostra como o folclore bemcompreendido poderia ser o elemento libertador nas escolas.Enquanto se impõe o estudo das demais disciplinas, o folclorecomparece como recreação.

Existe algo que chama a atenção deste editor. Em nenhuma dasobras os apresentadores mencionam o nome da ComissãoMineira de Folclore. Note-se que todos apresentados até agoraforam fundadores desse sodalício.

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Manuel Ambrósio Júnior. No meu rio tem mãe d’água. Folcloredo vale sãofranscicano.Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1987.

Manuel Ambrósio Júnior faleceu um ano antes de ver esta suaobra editada. A apresentação é de Saul Martins. Na folha derosto consta no cabeçalho: “Manuel Ambrósio Júnior (1908-1986)Membro fundador da Comissão Mineira de Folclore, Membrofundador da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais.

Saul afirma: “O Autor mostra a grandeza folclórica no SãoFranscico, rio que ele amou, tanto quanto nós, tambémbarranqueiro, ainda amamos”.

Angélica de Resende Garcia. Cancioneiro Escolar. Belo Horizonte:Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais, sem data[195...]

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__ Nossos avós contavam e cantavam:ensaios folclóricos etradição brasileira.3.ed. Belo Horizonte: Ed. do Autor, 1968[Gráfica e editora Sion]

O maior acolhimento à Comissão Mineira de Folclore se deu noConservatório Mineiro de Música – atual Escola de Música daUFMG – número expressivo de fundadores pertencia à correntemusical. Angélica de Resende teve o mérito de divulgar por todoo estado contos e canções. A geração dos anos 40 e 50 cantoucom entusiasmo

Josezinho viu um ninho

E quedou-se a meditar.

Foi-se ao ninho, Jozezinho,

Tratou logo de o levar.

Mal pensaste

Mal cuidaste

Mal fizestes de o levar,

Jozezinho que este ninho

É um berço de embalar.

Jozezinho de caminho,

Meditando este falar,

Foi ao ninho no raminho

Comovido a pendurar.

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Saul Alves Martins. Folclore, teoria e método. Belo Horizonte:Imprensa Oficial, 1986

Esta obra de Saul Martins pode ser entendida como Curso deFolclore II.Com efeito, juntamente com Panorama folclórico.BeloHorizonte: SESC 2004. Ela registra o esforço de sistematização eorientação dos estudos folclóricos para Minas Gerais.

Saul foi companheiro e acompanhante fiel de Aires da MataMachado e pode-se dizer que, como herdeiro do mestre,dedicou-se plenamente ao estudo de folclore. Acrescente-seque toda a obra de Saul é voltada exclusivamente para essecampo de saber.

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Lúcia Machado de Almeida

Lúcia participou de todas as atividades da Comissão Mineira deFoclore, juntamente com seu marido, Antônio Joaquim deAlmeida, paulista e irmão do príncipe dos poeta brasileiros –Guilherme de Almeida. Natural do município de Santa Luzia,Lúcia nasceu no atual município de São Jose da Lapa, no ano de1910. Pertencia a uma família de intelectuais. Era irmã de AníbalMachado, Maria Clara Machado era sobrinha e Murilo Mendesseu primo O casal formou um dupla de apoio e divulgação dosestudos de folclore em Minas. Antônio Joaquim, na qualidadede diretor do Museu do Ouro em Sabará, criou naquele espaço asemente do que seria o Museu de Artes Populares. Lúcia,dedicada à literatura, apresentou aos leitores as cidades mineirasde Diamantina, Sabará e Ouro Preto.

Passeio a Diamantina.Rio de Janeiro: José Olímpio, 195...

Revela o gosto de Lúcia como contadora de histórias. Ela declarouter descoberto o gosto de contar histórias quando precisoucuidar melhor dos filhos, em 1942. Toda sua obra é aindaapreciadíssima nas escolas.

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Fritz Teixeira de Salles

Associações Religiosas no Ciclo do Ouro. Belo Horizonte: Centrode Estudos Mineiros-UFMG, 1963

O Centro de Estudos Mineiros já ensaiava sua constituição hásete anos quanto foi instituido pelo Reitor no ano de 1963. OsSeminários de Estudos Mineiros realizados no ano de 1956 forama semente. Em 1963, o CEM passou a editar sistematicamenteobras de estudiosos de Minas.

A escolha de Fritz Teixeira de Salles para abrir a coleção tem aver com a pessoa, a relevância do estudo e também a importânciada Comissão Mineira de Folclore. Note-se a constantepreocupação para se compreender as raizes da civilizaçãomineira.

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Sessão II – Boletins e Revistas

Tudo indica que o grande parceiro de Aires da Mata Machado Filho nosprimeiros anos de fundação da Comissão Mineira de Folclore foi JoãoDornas Filho. Saul Martins, nessa época, manifestava sua marcapredominante: a disposição de aprender sempre. Frequentou comatenção o curso do Mestre, visitava-o em casa, tornando-se leitorassíduo para favorecer a visão interna e aprendeu, aprendeu lendo eouvindo. Tornou-se companheiro.

João Dornas já tinha longo percurso e já chamara a atenção para umdos núcleos da formação de Minas, o saber dos bantos que ele aprendeuno colo da mãe preta.

A Comissão Mineira não se preocupou com divulgar suas atividadesatravés de algum veículo próprio como se deu com a de Santa Catarina.Em Florianópolis, já no ano de 1948, inicia-se a série de Boletins.

Aqui, os membros publicam isoladamente suas obras, ou se valem dasséries de Seminários de Estudos Mineiros promovidos e publicados pelaReitoria da Universidade de Minas Gerais. Isto acontece a partir de1956.

Ao primeiro seminário, realizado entre os dias 3 a 12 de abril,comparecem dois membros da Comissão Mineira de Folclore. Nenhumdeles é apresentado como tal. João Dornas o é como “membro daAcademia Brasileira de Letras” e João Camilo,”Membro da AcademiaMineira de Letras” entre outros feitos.

João Dornas Filho:”Tropas e tropeiros”; e João Camilo de Oliveira Torres:“Instituições políticas e administrativas da provincia”.

No Segundo Seminário acontecido nos dias 22 a 27 de outubro domesmo ano de seis conferências, três são de membros de Comissão deFolclore. O Seminário foi aberto com a palestra de Edson Carneiro, “ONegro em Minas Gerais”, contou com Washington Albino que discorreusobre as “Perspectivas Atuais da Economia Mineira” e, em seguida,com “O Folclore em Minas Gerais” a cargo de Aires da Mata MachadoFilho.

Houve um terceiro seminário cujas conferências se perderam, o quartoaconteceu após a formalização do Centro de Estudos Mineiros já noano de 1967, não tendo também sido publicado. Com a transferência

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do Centro de Estudos Mineiros da Reitoria da UFMG para a Faculdadede Filosofia – FAFICH -, os organizadores dos Seminários de EstudosMineiros não se preocupam mais em convidar folcloristas, mas

exclusivamente historiadores e cientistas políticos. O V Seminário

realizado entre os dias 22 e 24 de agosto foi publicado em 1982 e teve

como tema a República Velha em Minas Gerais e o VI tratou da

Revolução de 30 também no mês de agosto de 1980, tendo suas

palestras publicadas apenas em 1987

Boletins da Comissão Mineira de Folclore:

O que dá pra rir dá pra chorar/Questão só de peso e medida

A Comissão Mineira inicia a publicação da série de Boletins – raiz daRevista Comissão Mineira de Folclore – apenas no ano de 1976.

Aires, pleno de alegria de garimpeiro, veja-se o Negro e o garimpo emMinas Gerais e Dias e Noites em Diamantina, apresenta com essaslavras o início de uma nova fase para a Comissão Mineira de Folclore:

Tudo no mundo tem sua hora. Esta revela o momento de aparecer apublicação oficial da Comissão Mineira de Folclore.

A reestruturação dá-lhe melhores condições de funcionamento. Ocrescente interesse pelo folclore, nas mais diversas áreas, amplia o

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público a que pode servir. Em sede própria, graças à colendaCongregação da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas daU.F.M.G. e aos seu Diretor José Ernesto Ballstaedt, esse grupo deestudiosos da cultura popular tradicional bem merece um pontode encontro para a troca e difusão de ideias, em prêmio pela longapertinácia.

Já não permanecerão atupetadas de trabalhos inéditos as gavetasdos mais laboriosos. O fato de ter onde publicar constituirá estímuloa novas pesquisas. Por esse caminho, o folclore em Minas Geraisdeixará de ser o grande desconhecido que se não conseguedivulgar.

Sonho? Desse fulgor do idealismo sempre viveram os folcloristasmineiros. Da mesma condição de sonhadores saberão tirar forçaspara infundir vida e duração a esta mentalidade auspiciosa – Boletimda Comissão Mineira de Folclore.

A Comissão dispõe de recursos financeiros para dois números,graças a uma verba de auxílio concedido pelo Conselho Estadualde Cultura, a qual permitiu também a aquisição de mobiliário paraa sede própria. A esse Colegiado devemos todos os melhoresagradecimentos.

(...)

A nossa esperança de prosseguir funda-se ainda nos rumos novosque a recente criação da Coordenadoria de Cultura imprimirá,certamente, aos assuntos como folclore e sua divulgação. Com esteespírito, dirigimosum apelo confiante ao Coordenador, Professor PauloCampos Guimarães,que saberá compreender o que representa paraMinas Gerais iniciativa como a nossa.

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O apelo de Aires mobilizou a diretoria. Os Boletins seguiram-se comajuda ora de uma instituição, ora de outra. A edição especial nº 3contou com o selo da Comissão Nacional – Funarte. Seguiram-se RuralMinas, Fundação Cultural de Belo Horizonte, atual UNIBH, PrefeiturasMunicipais, de Vespasiano e Presidente Olegário, Centro UniversitárioNewton Paiva, Gráfica e Editora Cultura, Promove, CPCD, SESC_MG eaté pessoas voluntárias.

A coordenadoria de Cultura também patrocinou publicações dosSimpósios de Comunicações sobre Pesquisas em Folclore coordenadospelo professor Romeu Sabará da Silva entre os anos de 1979 e 1981.

Do Boletim à Revista.

À medida em que o Boletim recebeu contribuições cada vez maisampliadas, surgiu, por iniciativa de Tião Rocha, o Informativo“Carranca”. Nesse momento, a Assembleia dos membros propôs que oBoletim passasse a chamar “Revista da Comissão Mineira de Folclore”permanecendo a numeração da série original.

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Seção III – Obras de membros efetivos ecolaboradores

Conforme previu o mestre Aires “Já não permanecerão atupetadas detrabalhos inéditos as gavetas dos mais laboriosos.”

Alguns membros publicaram anualmente até três títulos. Tem-se comoexemplo: Moacyr Costa Ferreira, de Guaxupé, que até 1999 já haviapublicado 27 livros de interesse para o folclore e ainda tinha nas gavetasmais vinte e um aguardando oportunidade. A quantidade de prêmiosem ambito nacional recebidos por este autor é incontável.

Antônio de Oliveira Mello, de Paracatu e Patos de Minas. Em edição deMinha terra, suas lendas e seu folclore, Oliveira Mello enumera 53 obraspublicadas e mais três aguardando momento oportuno.

Edimilson de Almeida Pereira, de Juiz de Fora, que iniciou com NúbbiaPereira de Magalhães Gomes a série Minas e os Mineiros e queprosseguiu o desenvolvimento de estudos que se multiplicarão àsdezenas, dos quais se sobressai Os tambores estão frios.

Antônio Henrique Weitzel, de Juiz de Fora, o maior pesquisador defolclore literário e linquístico, exibe uma boa estante.

Carlos Felipe de Mello Marques Horta, jornalista de primeira linha,cuja obra O grande livro de Foclore está presente hoje em todas asescolas do Brasil.

Antônio de Paiva Moura, cuja bibliografia também se conta às dezenas,com destaque para o Dicionário Bibliográfico de Minas Gerais.

Sebastião (Tião) Rocha que editou seguidas vezes o Folclore, roteiro depesquisa e cansado de distribuir gratuitamente esta obra, finalmentecolocou-a disponível na internet, multiplicando por mil as consultas.As obras desse autor, dificilmente identificam a autoria.

Seguindo a mesma trilha, temos Maria Agripina Neves – de Ouro Preto –cuja bibliografia já se aproxima de uma dezena.

Domingos Diniz, de Pirapora, que, também, poucas vezes, destaca seulugar na produção de obras relevantes.

Frei Francisco van der Poel, cujas obras registram dezenas de edições eautor da obra mais aguardada deste século Dicionário da ReligiosidadePopular com mais de 1.100 páginas e 8.500 verbetes.

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Téo Azevedo, moço de Alto Belo (Bocaiuva) autor de cordeis às dezenase de obras inestimáveis sobre música popular.

Dêniston Diamantino dedicado ao registro viso-audio dasmanifestações populares. É inestimável e inigualável a produçãodesse autor, tanto pela originalidade, quanto pela relevânciados temas documentados, pela forma de comunicação e pelaidenficação com as pessoas retratadas.

Doutrinas e Teorias

Os membros efetivos da Comissão têm elaboradas obrasdoutrinárias e normativas, atualizando o Curso de Folclore deAires da Mata Machado Filho e o Folclore Teoria e Método deSaul Martins.

Regra geral, as obras doutrinárias são chamadas de “teóricas”, apreferência por “doutrinárias e normativas” se deve ao fato deque as assim chamadas ciências humanas se consolidam por meiode paradigmas ideológicos para os quais se deve prestar sempreatenção quando da elaboração de teorias. Teorias são sempresubalternas a grupos ideológicos.

Antônio Henrique Weitzel. Folclore Literário e Linguístico. Juiz deFora: o Autor, 1983

Weitzel é uma das maiores expressões na área de estudo dalinguagem popular em seus múltiplos aspectos. A esta obra,seguem-se inúmeras outras que desdobram as áreas temáticasda literatura oral, tais como Advinha o que é. Juiz de Fora: Editorada UFJF, 1996; Vozes do saber das gentes. Juiz de Fora: o Autor,2001; Folcterapias da fala. Juiz de Froa: Editora UFJF, 2002.

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Moacyr Costa Ferreira. Ergologia folclórica. 2 ed. SãoPaulo: Edicon, 1999Obra que mereceu o prêmio Clio da Academia Paulistana deHistória. Como já se comentou, é extensa a bilbiografia deMoacyr.

Tião Rocha. Folclore, roteiro de pesquisa. Belo Horizonte:CPCD, 1996.Como já se disse, esta obra é talvez de todas a mais lida em todoo Brasil.

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Carlos Felipe de Melo Marques Horta. O grande livro doFolclore. Belo Horizonte: Leitura, 2000A organização e texto dessa obra é de autoria de Carlos Felipe,juntamente com o Cd que o acompanha. Maurizio Manzo é res-ponsável pelas ilustrações e o projeto gráfico.Esta é uma obra muito divulgada em todo o Brasil.

Antônio de Paiva Moura. As Minas Gerais: Dicionário Biblio-gráfico. Belo Horizonte: Tratos Culturais; Cataguases: FranciscoInácio Peixoto, 2000.A obra de Antônio Moura é extensíssima. Aqui se destaca oDicionário por ser uma obra de consulta necessária para oestudo de Minas Gerais.

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Sebastião Geraldo Breguêz (org.). Folkcomunicação, resis-tência cultural na sociedade globalizada. São Paulo: Intercom,2004.Sebastião Breguêz é jornalista e, entre os membros da CMFL, é omaior adepto do grupo de Folkcomunicação, liderado por José Mar-ques Melo e por Roberto Benjamim. Este gruo privilegia um dosaspectos fundamentais dos estudos de Folclore, o processoscomunicacionais diante dos meios ditados pela indústria cultural.

Lázaro Francisco da Silva. Educação como esperança:fundamentos interdisciplinares da educação. Belo Horizonte:Fafi-BH, 1973.Lázaro que também presidiu a CMFL e partiu desta para outra semaviso prévio desenvolveu estudos relevantes na área de Folclore.Educação como esperança resulta de sua participação no grupode estudos interdisciplinares promovidos pela CMFL em parceriacom o Conselho de Extensão da UFMG dos quais se deu notícia noCongresso de Porto Alegre.

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José Moreira de Souza. A sombra do andarilho: o Folcloree suas charadas. Belo Horizonte: Comissão Mineira de Folclo-re, 2012Esta obra foi lançada no mês de agosto de 2012 com duas finalida-des: celebrar oitenta anos de Domingos Diniz e captar recursos paramanutenção da Comissão Mineira de Folclore. Desses dois objeti-vos, apenas o primeiro foi alcançado até o momento.

Obras TemáticasWashington Peluso Albino de Souza. Ensaios sobre o Ciclodo Ouro. Belo Horizonte: UFMG, 1978.Vale lembrar que esse autor dirigiu o Centro de Estudos Mineiros etambém a Faculdade de Direito da UFMG. Membro ativo, era umfuracão de ideias.

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Wilson de Lima Bastos. Folclore no setor religião em Juizde Fora. Juiz de Fora: Paraibuna, 1973.Juntamente com Antônio Henrique Weitze, Wilson é responsávelpelo brilho dos estudos de Folclore em Juiz de Fora.

Domingos Diniz. Rio de São Francisco, vapores evapozeiros. Pirapora: Os Autores, 2009. [em coautoria]

Domingos Diniz. Manifestações folclóricas no município deNova LIma. Nova Lima: Prefeitura Municipal, 2000.A principal marca de Domingos Diniz é a generosidade sem alarde.A Comissão Mineira de Folclore deve a ele grandes feitos. Capta-ção de recursos para publicações, cursos de extensão por todo ointerior e o patrocínio da Primeira Jornada Integrada de Folclorerealizada no município de Divinópolis.

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Antônio de Oliveira Mello.Minha terra: suas lendas e seufolclore. 3.ed. Paracatu: Câmara Municipal, 2008.A obra de Oliveira Melo é extensa e densa. São inúmeras asmonografias municipais, com destaque para Patos de Minas eParacatu. Entre tantas a leitura do: De volta ao sertão: AfonsoArinos e o regionalismo Brasileiro é das mais preciosas. Não comoescolher. A Igreja de Paracatu torna-se leitura necessária paraquem quiser entender o governo no Sertão das Minas entre Goiás eas Minas Gerais ou dos Gerais.

Hermes de Paula.Montes Claros: sua história, sua gente,seu folclore. 2. ed. Montes Claros: O autor, 1979. [3 vol]Esta obra do médico de Montes Claros mostra a amor à terra eo apreço ao saber popular.

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Maria do Carmo Tafuri Paniago. Viçosa - tradições efolclore. 2.ed. Viçosa: UFV, 1983.Esta obra de Maria do Carmo é também um modelo de pesqui-sa acadêmica.

Alice Inês de Oliveira e Silva Merheb.Sol e Chuva, casa-mento da viúva. Viçosa,

Everton de Paula. Cartilha Raizes Brasileiras. EditoraCandeia.

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Núbia Pereira Magalhães Gomes. Crendices e superstiçoesdo pescador mineiro. Juiz de Fora: Subcomissão Regional deFolclore de Juiz de Fora, 1984.A subcomissão regional de Folclore de Juiz de Fora deu ao movi-mento de Folclore de Minas Gerais contribuições substantivas deque é exemplo a obra de Núbia, a qual depois aliada a Edimilsoncontriuirá definitivamente para todo o Brasil com estudos de primei-ra linha com o projeto “Minas e os Mineiros.

Edimilson de Almeida Pereira. Os tambores estão frios. BeloHorizonte: Mazza, 2005.As obras de Edimilson já ultrapassaram a casa de uma dezena.

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Frei Francisco van der Poel. O Rosário dos Homens Pretos.Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais,1981.Frei Chico, como é conhecido, tem uma obra admirável, tanto emlivros publicados cujas edições de multiplicam, quando em registrosde atividades artísticas. Com seu olhar penetrante, descobriu a artedo Jequitinhonha e dos afetados pela anseníase. Por onde passouviu a criatividades dos “homens simples”.A sua obra mais aguardada é o Dicionário da Religiosidade Po-pular, já anunciada. Neste ano veremos ainda nova edição de ComDeus me deito, com Deus me levanto.

Gustavo Cortes.Dança, Brasil: Festas e danças populares.Belo Horizonte: Leitura, 2000.

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Zanoni Eustáquio Roque Neves. Navegantes daIntegração: remeiros do Rio São Francisco. Belo Horizonte:UFMG: 1998A partir de Navegantes da Integração, Zanoni multiplicou sua obra,tornando-a acessível aos diferentes leitores, com atenção paraPirapora e todos os riberinhos do São Francisco em prosa e emverso.

Deolinda Alice dos Santos. Festejos tradicionais mineiros:registros da fé e do folclore. Nova Lima, Empres das Artes,2011.Nesta obra, Deolinda exibe toda habilidade em acompanhar as fes-tas em Minas e registrá-las com análises acessíveis a um públicoamplo, com convém aos estudos do foclore. Esta é uma habilidadeadquirida como professora dos cursos de Turismo de Minas Gerais.

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Ivany Chagas Coutinho. Anjos de Maio: coroações deNossa Senhora. Belo Horizonte: Mazza.Ivany que é também poetisa, mostra nesta obra os encantos dadevoção popular que resiste em Minas

Téo Azevedo. A folia de reis do Norte de Minas e doJequitinhonha. São Paulo: O Autor.Téo é uma pessoa admirável em todos os sentidos, como músico,promotor social e cultural, identificado profundamente com tudo queé popular, sem distanciamento. Compositor, cantor, divulgador daviola e da rebeca, criador de cordéis valiosos, repentista. A festa dereis promovida por ele em Alto Belo é emblemática.

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Tânya Pitanguy de Paula. Abrindo os baús. Tradições e valo-res das Minas e das Gerais. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

A grande safra: Especialização em Folclore eCultura Popular

Kátia Cupertino. Nas entrelinhas da expressão: a dança fol-clórica lundu. Belo Horizonte: Cuatiara; Comissão Mineira deFolclore, 2006A publicação desta e das obras seguintes é fruto do trabalho deKátia Cupertino como presidenta da Comissão Mineira de Foclore,no período 2004 a 2007.

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Maria Agripina Neves. Segredos e mistérios da arte departejar: um estudo do trabalho das parteiras em OuroPreto (1935-1990. Belo Horizonte: Cuatiara; Comissão Mineirade Folclore, 2006.Esta obra de Maria Agripina dá início ao seu percurso de pesqui-sadora atenta. A partir dela, os estudos se multiplicaram.

Danielle Gomes de Freitas. Boi da manta:Ele não sabe queseu dia é hoje. Belo Horizonte: Cuatiara; Comissão Mineira deFolclore, 2006.Estudo importante que valoriza a cidade de Vespasiano e sua histó-ria. É também uma retribuição da Comissão Mineira de Folclore àacolhida de nosso acervo.

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Águeda Moraes de Carvalhaes e Kallás. ExpressividadeMineira na dança Foclórica. Belo Horizonte: Cuatiara; Comis-são Mineira de Folclore, 2006.Esta obra da Águeda passa em revista todas as disciplinas ministra-das no curso de pós-graduação em Folclore a também acrescentaum anexo importante de registros de danças populares em MinasGerais.

Dêniston Diamantino: o homem dos vídeos

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Música vem do berçoRubinho do Vale, Frei Chico, Carlos Farias e Luiz Trópia são par-ceiros constantes, sem esquecer Tião Rocha, Titane, e CarlosFelipe.

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Passeando com Lúcia Machado de Almeida

Antonio de Paiva Moura

Foi em 1960 que Lúcia Machado de Almeida, sobrinha do grande contis-ta Aníbal Machado deu a luz a “Passeio a Diamantina”. A bela obra nãofoi concebida somente por ela. Contou com a indispensável participa-ção de Guignard, com sua escrita pictográfica. São, portanto, dois cria-dores de uma obra de rara erudição. Fora da parceira em “Passeio aDiamantina”, Lucia tinha um relacionamento muito estreito com Guignardque o amparou com um amável mecenato. Antes da morte de Guignard,em 1962, Lúcia havia criado uma fundação de amparo ao artista.

Dois artistas modernos – um desenhista e umaescritora – reuniram-se em uma viagem aDiamantina para contar sua história épica, masde tão bem feita, tornou-se hoje objeto da histó-ria. Na verdade, muitos livros de história, comoa “Ilíada” e a “Odisséia”, de Homero tornaram-setão históricos quanto a própria história que con-taram. O que há de novidade no livro de Lúcia eGuignard é a narração histórico-literária, na

qual recorre a documentos inéditos para narrar os fatos, mas oentrecorta com flasbacks explicativos, cheios de curiosidades. É comose fosse uma mulher de idade contando fatos ocorridos no arraial doTijuco e na cidade de Diamantina. Em um pequeno texto narra como opovoamento de Diamantina começou com a exploração de ouro. Ocórrego Piruruca já estava sendo explorado quando descobriram ouroem outro curso d’água maior que passou a ser chamado de Rio Grande.Portanto, a origem do nome do córrego Rio Grande. Guignard atentodesenha um homem branco de bigodes, com amplo chapéu, fardãomilitar e espada na cinta, em atitude de guarda, inspecionando amineração de ouro.

Mário Pedrosa (1986) trata a questão da apreciação da obra de artemoderna como um problema de sensibilidade. Tanto a fatura artísticaou o objeto arte, quanto a fruição e a contemplação, são colocados noângulo da sensibilidade cultivada ao longo dos períodos históricos.Melhor dizendo: cada época tem um modo de ver e sentir a obra de arte.

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Outrora as doçuras das cores atmosféricas, a harmonização dos tons,as meias-tintas, os degrades e a monocromia, eram os velhos meiosprediletos dos pintores para a expressão de belos e finos sentimentos.(p.21) Eram os valores estéticos do academicismo. Na modernidade ena vanguarda os padrões perceptivos do chamado fino gosto foramsubstituídos por outros modos de ver e sentir a obra de arte. Os artistase os apreciadores da arte passaram a distanciar-se dos registrosfotográficos e da perfeição formal que provocava e encantava o fruidorou apreciador. A criatividade e espontaneidade do artista é que sãobelas. Na ilustração de “Passeio a Diamantina” de Lúcia Machado deAlmeida, Guignard se comporta como o ouvinte da contadora de história.Dá para imaginar a narradora se colocando no lugar de uma senhorabem vivida, em uma sala de casarão colonial, sentada de frente para oartista com sua prancheta e lápis em punho. Tudo que a narradoraexpressa ele vai escrevendo figurativamente. Quando a narradora contao episódio da “Acaiaca”, com a matança de índios, Guignard desenhauma velha espingarda. Massacrados e rechaçados, os índios cedemlugar aos negros para o trabalho escravo nas minas de diamante. Osportugueses emitem ordens e leis para conter os negros e os brancos namineração fazendo valer uma força ditatorial sem igual no BrasilColônia. Um belo dia, pelas já numerosas ruas do Tijuco, ecoou um surdorufar de caixas. Sabendo o que isto significava, os moradores, inquietos,chegaram às janelas de suas casas. Então, o arauto do Rei foi lendo oúltimo bando do governador da Capitania, transmitindo ao povo do Tijucoo decreto da Sua Majestade. As lavras existentes deveriam serdesocupadas e divididas em lotes cedidos a quem melhor pagasse.Ficava proibida a mineração de ouro e a exploração de diamantespassava a ser controlada pelo governo. Houve revolta: fuga econtrabando por parte dos brancos; refúgio dos negros nos quilombos.Guignard, então, desenha uma espada, símbolo da nobreza e do poder.

Novos contratadores vieram, até que chegou a vez do sexto e últimodeles, o do célebre nababo João Fernandes de Oliveira, por artesdemoníacas, irremediavelmente preso a Francisca da Silva, a mulataque dominou o Tijuco daquela época. Dir-se-ia que uma fada tocara orio com sua varinha mágica, transformando em ouro e pedrarias o leitodo Jequitinhonha. João Fernandes, opulento como um príncipe do Oriente,começou a levar a mais faustosa vida que imaginar se possa. Abaixodesse texto Guignard coloca uma figura gorda de cabeleira loura postiça.A roupa luxuosa colada ao corpo indica luxo e riqueza. As descrições

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romanceadas de antes eram completamente diferentes da concepçãoplástica de Guignard. Até o olhar do gorducho sugere absolutismo. Odesenho expressionista de Guignard faz uma leitura do invisível paraos olhos: a personalidade severa de João Fernandes.

Em seguida Lúcia conta a história de Chica da Silvadizendo que ela não era demasiada bela, ao quecontam, mas terrivelmente mulher, com certeza. Deoutro modo, jamais teria empolgado o contratadorJoão Fernandes a ponto de fazê-lo encarnar nela todaa sedução do sexo feminino. O contratador de tal modolhe satisfazia os caprichos, que além de uma casa noTijuco, lhe deu um palácio num lugar chamado Palha.A versão em linguagem plástica de Guignard cobre a

cabeça, as orelhas e o pescoço da mulata de jóias fabricadas na Europa.Chica da Silva tem uma face de mulher branca e rica, bem maquiada emseus traços fisionômicos. As linhas suavizadas e bem contornadas deolhos, nariz e boca se harmonizam com a beleza das jóias. É isso o quemais fascina os homens ricos e poderosos. Por dentro e por fora dacabeça de Chica estava configurado o estigma da colonização, conformeanalisa Frantz Fanon dizendo que as pessoas de cor se libertavam dosenhor branco, mas tornavam-se escravas de si mesmas, isto é, o negrocondicionado pelo branco. O livro Pele negra, máscaras brancas, deFrantz Fanon (1952) vai fundo na questão da permanência do drama dopreconceito da mulher negra: Quando me amam, dizem que é apesar dacor de minha pele; quando me detestam, se justificam dizendo que nãoé pela cor da pele. Começa com o fato de que grande quantidade de

diamante chegava à Europa, causando até baixade preço. Judeus espertos adquiriam as pedras, le-vando-as a Goa e Bengala, de onde eram enviadaspara a Inglaterra como legítimos diamantes orien-tais. Esse fluxo de diamantes na Europa gerou me-dida de repressão na Capitania de Minas Gerais.Mandou reeditar uma ordem do Conde de Assumarde 27 de agosto de 1722, na qual proibia qualquernegro de usar armas de fogo, faca ou porretes. Onegro fugido era marcado com a letra “F”, ao sercapturado. Os reincidentes teriam uma orelhacordada. Para ilustrar essa situação, Guignard

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desenhou um ferro de marcar negros fugidos e uma galé para prender-lhes pelos pés.Foi nesse clima de terror que iniciou a vigência do terceiro contrato,arrematado por Felisberto Caldeira Brant e seus irmãos. Para dar umcaráter mais romanesco à história, Almeida (1960: 34) buscou explicitaras raízes genealógicas de Felisberto Caldeira. Era descendente de JoãoHavre Brant, nascido na Bélgica, filho natural do Duque de Brabante, coma Madmoiselle Huldemberg. João de Brant Filho foi mandado a Portugalcomo cônsul do Luxemburgo, em Lisboa. Em 1700, Ambrósio, filho deJoão de Brant foi enviado ao Brasil, como mestre de Campo. No começodo século XVIII, como poderoso senhor de escravos. Na chamada Guerrados Emboabas colocou-se contra os paulistas e a favor da oficialidadeportuguesa. Em 1714 foi eleito juiz municipal da Comarca do Rio dasMortes. (VASCONCELOS, 1974) Felisberto foi o primeiro filho de Ambrósioe de Branca, filha de Lourenço Castanho de Taques, o velho. (1) Diz alenda que Felisberto saiu de São João Del Rei em busca de um tesourodeixado em Goiás pelos jesuítas. Na condição de genro do sertanistaera detentor de informações importantes para chegar ao Rio Paracatu.(1) Lourenço Castanho de Taques foi um sertanista de São Paulo. Em1676 atacou e aniquilou os índios Cataguases, do Centro de Minas atéAraxá. Dai seguiu para o Rio Paracatu, onde passou dois anos. Eraexperiente na captura e escravização de índios. Nessa prática tornou-se muito rico. Ao destruir os Cataguases, Lourenço deixou o campodesimpedido para a bandeira de Fernão Dias chegar à região central deMinas Gerais.Em grande comitiva composta de escravos negros, indígenas, esposa eirmãos, Felisberto Caldeira chegou a Paracatu, onde encontrou jazidasde ouro com depósitos geologicamente recentes. A abundância de taisjazidas aumentou enormemente a fortuna do fidalgo. Ao arrematar oterceiro contrato Felisberto, que era descendente de famílias nobreseuropeias era requintado e tinha gosto pela aventura. Introduziu noTijuco o gosto pelo luxo. Guignard ilustrou essa narrativa de Almeidacom dois desenhos. O primeiro ícone é um homem de olhos claros,cabeleira postiça e bigodes bem feitos; chapéu de três bicos com umlaço de fita na aba esquerda. O segundo ícone é um leque ricamentebordado com ornatos abstratos e rendilha nas extremidades, como nosobjetos desse gênero, importados da China.Muito bonita a história de Quitéria, filha de Chica da Silva, contada porLúcia. Depois de ter vivido interna no convento de Macaúbas, Quitéria

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voltou a viver com a mãe na Chácara da Palha. Foi nesse tempo (1781)que nasceu sua filha Mariana Vicência, cujo pai era o inconfidentePadre José da Silva de Oliveira Rolim. Quando Mariana Vicência tinhacinco anos, Quitéria voltou ao convento de Macaúbas, mas teve muitadificuldade para ser aceita novamente. Com ajuda de seu irmão, SimãoPires Sardinha, que era influente no governo da capitania, Quitéria esua filha acabaram sendo aceitas. Guignard, então, desenhou umcoração cujos extremos interiores foram marcados por três bolinhas,dispostas em forma de um triângulo, simbolizando as três mulheres dahistória: Chica da Silva, Quitéria e Mariana Vicência. Na área dotriângulo colocou a abertura de uma fechadura antiga. O simbolismoda chave é ligado ao ato de abrir e acolher, podendo representar tambémo ato de fechar e de excluir. Tanto pode representar o acolhimentoclandestino e falso de Padre Rolim, como a dificuldade de seuacolhimento no convento de Macaúbas. O ícone criado por Guignardnos diz que além das páginas escritas por Lúcia, há muito que se lersobre os amores daquelas três gerações de mulheres mulatas quenasceram e viveram paradoxalmente entre o desejo e o despejo, sob osigno da discriminação racial.

Quanto a arquitetura e as artes plásticas, Lucia fazuma descrição e análise de profundidade salientandoas particularidades e as qualidades excepcionais dopatrimônio histórico de Diamantina. Salienta o fatode no aspecto externo da estar permanentementereformada, sem perder as características dasedificações coloniais. As igrejas passam porconstantes reformas, mas continuam utilizando a

madeira com aplicação de cores nos cunhais, vergas, ombreiras,cimalhas e beirais. Essa técnica contribui para que as igrejas deDiamantina se tornem mais vistosas e alegres que as do centro aurífero.Os painéis pictóricos, os retábulos e os relevos foram minuciosamenteestudados por Lúcia. Guignard acompanha a autora valorizando aspartes mais altas das igrejas e das casas: as torres as cimalhas e ostelhados, como na Igreja do Carmo, em que ele valorizou o pavimentosuperior com as janelas e sacadas com guarda-corpo de madeira,medalhão e óculo envidraçado. No desenho da capa da primeira edição,Guignard coloca Diamantina, graciosamente entre duas grandesmontanhas, estrelada com as torres de suas capelas e os telhados deseus casarões.

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Comparando a obra de Lúcia e Guignard com a de Paulo Krüger CorrêaMourão, intitulada “Guia do Turista em Diamantina”, editado em 1973,observa-se que esta é muito inferior à primeira, de vez que sua velhaforma de contar a história é rígida e sem graça. A ilustração com fotosdo próprio autor perdeu muito em qualidade gráfica e expressão visual.A obra de Lúcia e Guignard é rica em expressão tanto lingüística quantovisual, que certamente estimula e aguça o interesse do visitante a irfundo na formação cultural e histórica da cidade. Além disso, “Passeioa Diamantina” é documento que registra a presença do extraordinárioartista Guignard e da laureada escritora Lúcia Machado de Almeidaem Diamantina. Na verdade, foi este fato que mais motivou esta resenha.

Referências bibliográficas

ALMEIDA, Lúcia Machado de. Passeio a Diamantina. São Paulo: Martins,1960.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. [1952] Tradução de Renatoda Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008.

MOURÃO, Paulo Krüger Corrêa. Guia do Turista em Diamantina. BeloHorizonte: Autor, 1973.

PEDROSA, Mário. Mundo, homem, arte em crise. São Paulo: Perspectiva,1986.

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Catálogo Obras da Comissão Mineira de Folclore.Belo Horizonte: Comissão Mineira de Folclore, 2013Coordenação: Antônio de Paiva Moura e Domingos DinizTextos, fotos e diagramação: José Moreira de Souzaemail: [email protected]

Conheça mais: www.afagouveia.org.br/