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1 Comissão de Licitação e Pregoeiro Por Jorge Ulisses Jacoby Fernandes Ainda que muito seja debatido sobre o órgão colegiado encarregado de julgar as licitações Comissão de Licitação sempre há oportunidade de renovar aspectos práticos da execução, como também atualizar a jurisprudência sobre o tema. O mesmo se pode afirmar acerca da função do pregoeiro. A Comissão de Licitação tem ainda o condão de apresentar-se de duas formas: ela pode ser permanente ou especial, quando instituída para ato específico. Com respeito às atribuições da Comissão de Licitação confidenciara um diretor administrativo de um banco estatal, certa vez, que obtivera uma das mais significativas mudanças de comportamento desenvolvendo a idéia simples de que a Comissão de Licitação era uma "empresa dentro da empresa, e, portanto, deveria buscar o lucro e a satisfação do usuário". Deveria ser essa a síntese de toda a filosofia de trabalho da Comissão Permanente de Licitação CPL. 1. Contabilizando os lucros Talvez ainda por desconhecimento do seu todo ou de detalhes o fato é que de forma precipitada continua sendo propalado que a Lei nº 8.666/ 93 tem custos operacionais superiores, em alguns casos, àqueles advindos do processo licitatório. Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que o principal objetivo da licitação é garantir a isonomia, e, atendido esse princípio, buscar a proposta mais vantajosa. 1 A bem da verdade é imperioso compreender que além dessa correção de entendimento é importante adotar providências a fim de impedir desavenças entre o órgão requisitante e a CPL, provocando a interação entre as unidades. Para que não reste dúvida, e buscando aprimorar os entendimentos posteriores é recomendável, nesse sentido, que os órgãos, e especialmente a CPL, procurem quantificar o seu trabalho em termos de custos. Para tanto sugere-se que cada CPL elabore um quadro com as seguintes características: Objeto Preço estimado pelo órgão requisitante ... ... Preço obtido pela CPL Satisfação do cliente Na coluna objeto do presente quadro caberá ao órgão requisitante descrever as características do objeto pretendido, detalhando-o de forma a garantir a qualidade do produto. 2 1 Art. 3º da Lei nº 8.666/93. 2 Ver artigo "Qualidade da lei de licitações", http:// www.jacoby.com.br/artigos, e o livro Contratação Direta sem Licitação, 5º ed., Brasília Jurídica.

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Comissão de Licitação e Pregoeiro

Por Jorge Ulisses Jacoby Fernandes

Ainda que muito seja debatido sobre o órgão colegiado encarregado de julgar as

licitações – Comissão de Licitação – sempre há oportunidade de renovar aspectos

práticos da execução, como também atualizar a jurisprudência sobre o tema. O

mesmo se pode afirmar acerca da função do pregoeiro.

A Comissão de Licitação tem ainda o condão de apresentar-se de duas formas: ela

pode ser permanente ou especial, quando instituída para ato específico.

Com respeito às atribuições da Comissão de Licitação confidenciara um diretor

administrativo de um banco estatal, certa vez, que obtivera uma das mais

significativas mudanças de comportamento desenvolvendo a idéia simples de que a

Comissão de Licitação era uma "empresa dentro da empresa, e, portanto, deveria

buscar o lucro e a satisfação do usuário". Deveria ser essa a síntese de toda a filosofia

de trabalho da Comissão Permanente de Licitação – CPL.

1. Contabilizando os lucros

Talvez ainda por desconhecimento do seu todo ou de detalhes o fato é que de forma

precipitada continua sendo propalado que a Lei nº 8.666/ 93 tem custos operacionais

superiores, em alguns casos, àqueles advindos do processo licitatório. Em primeiro

lugar, é preciso ressaltar que o principal objetivo da licitação é garantir a isonomia, e,

atendido esse princípio, buscar a proposta mais vantajosa.1

A bem da verdade é imperioso compreender que além dessa correção de

entendimento é importante adotar providências a fim de impedir desavenças entre o

órgão requisitante e a CPL, provocando a interação entre as unidades.

Para que não reste dúvida, e buscando aprimorar os entendimentos posteriores é

recomendável, nesse sentido, que os órgãos, e especialmente a CPL, procurem

quantificar o seu trabalho em termos de custos. Para tanto sugere-se que cada CPL

elabore um quadro com as seguintes características:

Objeto Preço

estimado

pelo órgão

requisitante

... ... Preço obtido

pela CPL

Satisfação

do cliente

Na coluna objeto do presente quadro caberá ao órgão requisitante descrever as

características do objeto pretendido, detalhando-o de forma a garantir a qualidade do

produto.2

1 Art. 3º da Lei nº 8.666/93. 2 Ver artigo "Qualidade da lei de licitações", http:// www.jacoby.com.br/artigos, e o livro Contratação Direta sem

Licitação, 5º ed., Brasília Jurídica.

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Feito isto e dando seqüência ao cumprimento dessas diretrizes, no campo "preço

estimado pelo órgão requisitante", caberá ao órgão indicar o preço que obteve em

pesquisa. Importante entender, no entanto, que não se quer enfatizar aqui o valor da

pesquisa realizada com caráter técnico e que servirá para balizar o projeto básico, mas

o preço que o próprio órgão obteve em consulta informal a algum fornecedor. Essa do

órgão requisitante tem dois objetivos: primeiro, sensibiliza as unidades para o custo

da produção administrativa, pois não é raro encontrar servidor sem a mínima noção

de custo de suas próprias atividades ou desarrazoadas exigências; segundo, inibirá

acusações de superfaturamento formuladas pelos próprios integrantes da

Administração Pública. Para evitar problemas em relação à regularidade fiscal do

futuro contratado, os órgãos deverão ser orientados no sentido de verificarem se o

fornecedor ou prestador de serviço trabalha com órgãos públicos; esse é o modo mais

fácil de "traduzir" para os órgãos requisitantes a necessidade de pesquisar preços no

"mercado legal". Durante todo o processo licitatório, a CPL terá em mira atingir esse

objetivo no processo licitatório: se encontrar preços superiores, verificará junto ao

órgão requisitante o nome do consultado e poderá, até, promover a sua contratação

direta,3 se encontrar preços inferiores, anotará no quadro o preço obtido. No final do

exercício registrará o lucro dado à organização, decorrente da diferença entre as

colunas "preço estimado pelo órgão requisitante" e "preço obtido pela CPL".

Quanto à certeza de atingir o item "satisfação do cliente" trata-se de um resultado a

que se poderá chegar através de prévia consulta, antes da adjudicação, ao órgão

requisitante, quando, então, se certificará da exata correlação entre o objeto pedido e

o licitado ou contratado. Mais tarde, promover-se-á a nova consulta, verificando,

então, se foi entregue o objeto requisitado.

Essa mentalidade gerencial reduz os conflitos e valoriza o trabalho da CPL dentro do

órgão.

Com o intuito de dirimir dúvidas e apontando procedimentos no sentido de contribuir

para a disseminação dessa filosofia, trazemos à balha algumas diretrizes

jurisprudenciais e doutrinárias que deverão nortear a instalação e condução dos

trabalhos da comissão no que diz respeito às prerrogativas, composição e

responsabilidade da CPL.

2. Das prerrogativas

- Nas modalidades convencionais é permitido à Comissão de Licitação corrigir de

ofício erro em edital em face do princípio da autotutela, havendo decisões judiciais

que valorizaram até sobremaneira o da autotutela administrativa. A Administração

tem o poder dever de revisar seus atos ilegais ou danosos ao interesse público, desde

que o faça mediante justificação. No caso, a anulação do ato administrativo ocorreu

tendo em vista irregularidades detectadas nos documentos utilizados para a

habilitação. (Fonte: Brasil, Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Agravo em

Mandado de Segurança nº 415.046, relatora Juíza Luíza Dias Cassales, publicado no

DJ de 23.9.94, p. 52780, e Revista L&C, ano II, n- 12, junho 1999, p. 43.)

- Ao rever o edital em face de recurso e ao retirar dele norma que entendeu ser

incompatível com o procedimento licitatório, o ato da Comissão de Licitação parece

enquadrar-se na possibilidade genérica de revisão dos atos administrativos pela

própria Administração, prerrogativa que encontra guarida tanto na doutrina quanto na

3 Art. 24, inc. Vll, da Lei nº 8.666/93.

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jurisprudência (cf. Súmulas n – 346 e 473 do STF). (Fonte: Mandado de Segurança

n-38.630/ 96, publicado no DJU de 22.8.96, p. 14218.)

Outra condição importante é que é facultado à CPL promover diligências para obter

esclarecimentos durante o julgamento, conforme autoriza o art. 43, § 3º, da Lei nº

8.666/93.

- É facultado aos servidores, no trabalho em comissão, ressalvar o seu entendimento

pessoal nas respectivas atas de registros, vez que não estão sujeitos à hierarquia no

campo técnico, devendo esta restringir-se ao campo administrativo de suas ações.

(Fonte: Brasil, Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, "Estabelece normas

de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras

providências", DOU de 5.5.00.)

- Requerer treinamento adequado possivelmente seja a mais importante prerrogativa

dos membros da CPL, já que a lei exige que pelo menos dois servidores da CPL

sejam qualificados para o relevante encargo, nos termos do art. 51 da Lei nº 8.666/93.

Marçal Justen Filho entende que "a nomeação de membros de comissão, técnica e

profissionalmente não habilitados para julgar o objeto da licitação, caracteriza abuso

de poder da autoridade competente". (Marçal Justen Filho, Comentários à Lei de

Licitações e Contratos Administrativos, São Paulo, Dialética, 7ª ed., p. 494.)

3. Da composição

- Salvo exceções, a Comissão de Licitação deve ser composta de, no mínimo, três

membros, conforme o art. 51, caput, e reiteradas recomendações do TCU. (Fonte:

Brasil, Tribunal de Contas da União, Processo nº 250.053/95-0, Decisão nº 559/ 95,

relator Ministro Fernando Gonçalves, publicado no DOU em 28.11.95, Seção 3, p.

19420.)

- Decidir sobre a escolha dos membros que irão integrar a Comissão de Licitação

constitui encargo afeto à autoridade administrativa competente para instituí-la.

(Fonte: Brasil, Tribunal de Contas da União, Processo nº TC-550.171/92-4, Decisão

nº 47/93, relator Ministro José Antônio Barreto de Macedo, publicado no DOU em

30.3.93, Seção 1, p. 3989.)

- O Tribunal de Contas do Distrito Federal decidiu recomendar que se evite nomear,

para compor a Comissão Permanente de Licitação, servidores responsáveis pela

execução de contratos ou aqueles que devido ao exercício da função tenham

relacionamento direto e freqüente com fornecedores de bens ou serviços, atendendo

dessa forma ao princípio da segregação de funções. (Fonte: Distrito Federal,

Tribunal de Contas do Distrito Federal, Processo TCDF nº 2.995/96, Decisão nº

10.368, de 21.11.96, Conselheiro-Relator José Milton Ferreira, disponível no site

www.tcdf.gov.br.)

“Temos sugerido a instituição da Comissão de Licitação como regra em caráter

permanente com servidores à disposição integral dessa atividade, como forma de

capacitá-los pela especialização. Também recomendamos que a comissão seja

integrada por três ou cinco servidores do órgão encarregado de promover as licitações

na modalidade de convite, e examinar as dispensas e inexigibilidades de licitação

sempre que for necessário realizar licitação em outra modalidade, e que sejam

agregados a esses servidores que compõem a comissão permanente dois elementos da

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área técnica, para que assumam juntos a responsabilidade pela parte técnica que se

fizer necessária. A experiência tem demonstrado que a estruturação orgânica da

unidade com gratificações aos seus membros e dedicação integral, é o meio mais

eficaz para evitar problemas maiores para os ordenadores de despesa e gestores de um

modo geral.” (Fonte: Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, Contratação Direta sem

Licitação, 7ª ed., Belo Horizonte, Fórum, 2007.)

- Acerca da interpretação do art. 51, § 4º, da Lei nº 8.666/93, a Secretaria do Tesouro

Nacional manifestou o seu entendimento concluindo pela possibilidade da

recondução parcial dos membros da Comissão de Licitação. (Fonte: Brasil,

Secretaria do Tesouro Nacional, Mensagem/ CONED nº 810.547, de 5.12.94.)

- Tomando por base a alteração de outros membros da CPL, o TCU entendeu

cumprida a norma quando o órgão reconduziu o presidente da CPL para a mesma

função. (Fonte: Brasil, Tribunal de Contas da União, Processo nº TC-700.048/98-7,

Decisão nº 245/00, relator Ministro Benjamin Zymler, publicada no DOU de 21.7.00,

Seção 1, p. 64.)

- O art. 51 exige para a habilitação preliminar, inscrição, alteração ou cancelamento

em registro cadastral e avaliação de propostas, o processamento e julgamento por

comissão permanente ou especial constituída por no mínimo três membros, sendo

dois deles servidores qualificados pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos

da Administração. Para convite porém, em caráter excepcional admite o § 1º deste

artigo que, nas pequenas unidades administrativas, e em face da exigüidade de

pessoal disponível, substitua-se a comissão por um só servidor. Há, portanto, dois

requisitos legais: que se trate de pequena unidade administrativa e que essa seja

carente de servidores disponíveis para esse mister.

- É considerada irregular a ausência da comissão no recebimento do objeto previsto

no art. 15, § 8º. (Fonte: Brasil, Tribunal de Contas da União, Processo nº TC-

625.068/95-5, Acórdão nº 395/95 – TCU – 2ª Câmara, jurisdicionado: Banco

Meridional do Brasil S.A., relator Ministro Iram Saraiva, Brasília, em 30.11.95,

disponível no site www.tcu.gov.br.)

- O Governador do Distrito Federal vetou projeto de lei que estabelecia critérios para

composição de Comissão de Licitação por entender inconstitucional à luz do art. 22,

inc. XXVII, da CF/88. (Fonte: Distrito Federal, Mensagem nº 29/97 – GAG, de

4.3.97, publicada no DCL de 7.3.97.)

- O TCDF entendeu regular contratar o Instituto dos Arquitetos do Brasil para julgar

o concurso. (Fonte: Distrito Federal, Tribunal de Contas do Distrito Federal,

Processo nº 4.499/93, Sessão de 8.4.99, relator Conselheiro José Eduardo Barbosa,

disponível no site www.tcdf.gov.br.)

- O TCU entende que deve ser evitada a participação em processos licitatórios

mediante assinatura em atas, de pessoas convidadas não integrantes da Comissão

Permanente de Licitação já constituída. (Fonte: Brasil, Tribunal de Contas da União,

Processo nº 475.228/95-2, Decisão nº 51/96, publicado no DOU de 3.4.96, Seção 1,

pp. 5559/5560.)

- O TCU e o TCDF recomendam que se faça constar do processo o ato de designação

da Comissão de Licitação, de acordo com o inc. Ill do art. 38 da Lei nº 8.666/93.

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(Fonte: Brasil, Tribunal de Contas da União, Acórdão nº 584/97, 1- Câmara,

publicado no DOU de 12.12.97, Seção 1, p. 29885, e Brasil, Tribunal de Contas da

União, Processo nº TC-700.449/95-7, Decisão nº 419/96, relator Ministro Humberto

Guimarães Souto, publicada no DOU de 6.8.96, Seção 1, pp. 14802/1 4804; Brasil,

Tribunal de Contas da União, Processo nº TC-013.844/97-0, Decisão nº 495/98,

0OUde 20.8.98, Seção 1, pp. 166/169, relator Ministro Humberto Guimarães Souto;

Brasil, Tribunal de Contas da União, Processo n- TC-825.056/97-7, Decisão nº

289/99, relator Ministro Benjamin Zymler, publicada no DOU de 14.6.99, Seção 1, p.

74; e Distrito Federal, Processo nº 2.100/96, Decisão n° 10.007, de 7.11.96, relator

José Roberto de Paiva.)

- Não é possível a criação de uma Comissão Central de Licitação para atender a

vários órgãos do governo, inclusive sociedades de economia mista, porque fere o art.

6º, XVI, da Lei n° 8.666/93. (Fonte: Distrito Federal, Procuradoria-Geral do

Distrito Federal, Parecer nº 92/95-GAB/ PRG, de 18.8.95, apreciando o Dec. nº

16.344/ 95, a pedido do BRB.)

Em sentido contrário: “Inexiste obstáculo legal para que uma Comissão de Licitação

seja responsável pelos procedimentos licitatórios de mais de uma unidade

orçamentária, sendo, inclusive, medida poupadora de recursos e racionalizadora dos

trabalhos relativos aos certames. A formalização desse expediente necessita de ato da

autoridade competente, outorgando à Comissão de Licitação a responsabilidade pela

execução dos certames nessas unidades. Considerando que os membros da Comissão

de Licitação exercem funções públicas, a participação de um mesmo servidor em

mais de uma comissão resulta em acumulação de função que é vedada pelo art. 37,

XVII, da Constituição Federal (TCPE, Decisão nº 1.106/95, Processo nº 9.505.822-9,

Sessão de 20 de setembro de 1995)”. (Fonte: Renato Geraldo Mendes, Lei de

Licitações e Contratos (Anotada), Curitiba, Zênite, p. 107.)

- Atenção para isto: o vínculo de parentesco entre o vencedor da licitação e o

presidente da Comissão de Licitação faz presumir a participação indireta daquele,

impondo-se a nulidade da concorrência. (Fonte: Revista Consulex, ano 1, Brasília,

9.9.97, p. 293.)

4. Da responsabilidade

- A responsabilidade dos atos nas decisões é atribuída praticamente a todos os

membros das Comissões de Licitação; pois todos responderão solidariamente pelos

atos praticados pela comissão, salvo se posição individual divergente estiver

devidamente fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em que tiver sido

tomada a decisão (Art. 51, § 3º, da Lei nº 8.666/93).

- O Tribunal de Contas da União tem conservado o entendimento de considerar

responsáveis os membros de Comissão de Licitação aplicando-lhes quando cabível

multas e outras penalidades. (Brasil. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº

228/97 – TCU – Plenário, Sessão de 29.9.97, Acórdão nº 90/95 – TCU – Plenário,

Sessão de 30.11.95, e Acórdão nº 109/98 – TCU – Plenário, publicado no DOU de

20.8.98, Seção 1, disponíveis no site www.tcu.gov.br.)

- Diante desse raciocínio também é a Comissão de Licitação legitimada passiva para

responder a mandado de segurança que ataque ato de indeferimento de pedido de

registro cadastral. Também será considerada legitimada passiva para responder a

mandado de segurança impetrado contra atas que desconhecem recursos

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administrativos por ilegitimidade ou intempestividade. (Fonte: ILC nº 47, janeiro

1998, p. 10.)

- A adjudicação é atribuição da comissão e a homologação do ordenador da despesa.

(Fonte: Brasil, Secretaria do Tesouro Nacional, Mensagem CONED/STN nº 696083,

de 21.9.94, assunto: Lei nº 8.666/93 – Adjudicação, interessado: CISET/MC.)

- Ao homologar o procedimento, a autoridade homologante passa a responder por

todos os atos nele praticados, objeto de sua expressa aprovação. Isso entretanto não

excluiu a responsabilidade dos demais servidores que atuaram no feito, os quais

continuam a responder plenamente por sua ações e omissões (art. 51, § 3º, da Lei nº

8.666/93). (Fonte: Brasil, Tribunal de Contas da União, processo publicado no DOU

de 18.12.96, Seção 1, pp. 27426/28.)

- Não pode ser imputada à CPL a responsabilidade por direcionar a descrição de

produtos. Isso porque a indicação de marcas ou características exclusivas é feita no

projeto básico (arts. 6º, inc. IX, c/c 7-, § 2º, I, da Lei nº 8.666/93), devendo essa peça

integrar o edital e ser com ele publicada (art. 40, § 2-, inc. I, da Lei nº 8.666/93).

Compete à CPL aplicar as regras do edital, não lhe devendo ser imputada a

responsabilidade por documentos produzidos e não impugnados no prazo pelos

licitantes (Art. 41 da Lei nº 8.666/93).

“O julgamento da licitação é privativo da comissão examinadora constituída para essa

finalidade vinculada à Administração, a qual poderá anular ou revogar a licitação ou a

decisão, nunca porém poderá rever a classificação.” (Fonte: Minas Gerais, Tribunal

de Justiça do Estado de Minas Gerais, Rescisória nº 543, publicada no DJE de

8.8.80. Na mesma linha: Brasil, Tribunal Federal de Recursos, Mandado de

Segurança nº 100.308, publicado no DJE de 23.5.85. Nota extraída do livro de

Carlos Pinto Coelho Motta, Eficácia nas Licitações e Contratos, Del Rey, 8ª ed., p.

266.)

5. Designação do pregoeiro e da equipe de apoio

Ainda na fase interna a autoridade competente deve designar dentre os servidores do órgão ou entidade promotora da licitação o pregoeiro e respectiva equipe de apoio.

5.1. o ato de designação

A designação do pregoeiro e também da equipe de apoio é feita pela mesma autoridade.

Essa diretriz se justifica na medida em que a denominada “autoridade competente”

integra o escalão superior da administração, atribuindo maior hierarquia à requisição dos

servidores que durante determinado período servirão de apoio ao servidor que for designado pregoeiro.

Cada organização formaliza o ato e regula o tema segundo as suas normas internas.

Juridicamente o instrumento mais adequado para esse mister é a portaria, a qual deve,

sempre que possível, nomear o pregoeiro e, no mesmo instrumento, os membros da

equipe de apoio, os poderes dos que desempenham essas funções, o período, termo ou

condição da investidura. Deve constar também da portaria a referência à indicação do substituto do pregoeiro, normalmente um dos membros da equipe de apoio.

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No caso no entanto de o órgão preferir utilizar outro instrumento deverá ter a cautela de

indicar os elementos recomendados para a portaria.

Como medida de segurança cópia do ato de designação deve ser inserido nos autos do

processo, embora a Lei do pregão não tenha feito essa exigência expressamente. Tal

recomendação se faz tendo em vista a aplicação subsidiária4 da Lei Geral de Licitações5

que obriga a juntada aos autos do documento de designação da comissão de licitação e,

também, porque pela inversão da presunção de legitimidade6 compete aos agentes

públicos demonstrarem a legalidade dos atos, no que se inclui a comprovação da competência do agente.

Interessante é observar que a lei do pregão não estabelece o perfil ou os requisitos do

agente a ser designado pregoeiro ou membro da equipe de apoio, satisfazendo-se em estabelecer que deve ser integrante do órgão.7

5.1.1 integrante do órgão - natureza do vínculo

Integram o órgão juridicamente os agentes que se vinculam numa relação jurídica

profissional com o órgão ou entidade. Nesses termos integram o órgão, os servidores

públicos ocupantes de cargo efetivo, os ocupantes de cargo comissionado, mesmo sem

vínculo efetivo,8 os requisitados de outros órgãos. Não integram o órgão os contratados

para serviços eventuais e os que prestam serviços terceirizados,9 mesmo que de natureza

não eventual.

5.1.2. qualificação e capacitação

As medidas provisórias que regularam o pregão antes da conversão em lei chegaram a

dispor que somente poderia ser designado pregoeiro servidor que tivesse recebido curso

de capacitação específica. Embora essa determinação não conste da Lei nº 10.520/2002,

4 BRASIL. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e

Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada

pregão para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. Diário Oficial [da] União, Brasília,

DF, 18 jul. 2002. Art. 9º. 5 JACOBY FERNANDES, Jorge Ulisses. Lei n° 8.666/93 - licitações e contratos - outras normas pertinentes:

organização dos textos e índices. 8ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2007. Art. 38 - O procedimento da licitação será

iniciado com a abertura de processo administrativo devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a

autorização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão

juntados oportunamente: [...] III - ato de designação da comissão de licitação, do leiloeiro administrativo ou

oficial, ou do responsável pelo convite. 6 Ibid., art. 113. 7 BRASIL. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e

Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada

pregão para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. Diário Oficial [da] União, Brasília,

DF, 18 jul. 2002. Art. 3º. [...] § 1º A equipe de apoio deverá ser integrada em sua maioria por servidores ocupantes

de cargo efetivo ou emprego da administração, preferencialmente pertencentes ao quadro permanente do órgão ou

entidade promotora do evento. § 2º No âmbito do Ministério da Defesa as funções de pregoeiro e de membro da

equipe de apoio poderão ser desempenhadas por militares. 8 O Decreto nº 3.555, de 8 de agosto de 2000 estabeleceu regra que pode ser tomada como complementar à regra

da Lei do pregão: Art. 10. A equipe de apoio deverá ser integrada em sua maioria por servidores ocupantes de

cargo efetivo ou emprego da Administração, preferencialmente pertencentes ao quadro permanente do órgão ou da

entidade promotora do pregão para prestar a necessária assistência ao pregoeiro. 9 Sobre terceirização de mão-de-obra no serviço público e seus efeitos na Lei de Responsabilidade Fiscal,

consultar o livro de nossa autoria intitulado Responsabilidade fiscal: na função de ordenador de despesas na

terceirização de mão-de-obra na função de controle - questões práticas. 2. ed. Brasília: Brasília Jurídica, 2002. 396

p.

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permanece como exigência expressa do regulamento do pregão presencial e

implicitamente exigível na forma eletrônica.

O agente a ser designado deve receber, mesmo independentemente de exigência legal,

qualificação adequada mediante a submissão a curso de treinamento que pode inclusive

ser desenvolvido pela própria unidade administrativa formando grupos de estudo, ou até mesmo com a compra de vaga em evento promovido por instituições privadas.

Para justificar juridicamente essa diretriz, cabe obtemperar:

a Lei nº 8.666/93 define regra que pode ser absorvida subsidiariamente10no

sistema de pregão determinando que pelo menos os membros da comissão

de licitação devem ser servidores qualificados;

incorre em culpa in eligendo, a autoridade que nomeia servidor sem a

necessária qualificação para o desempenho de função. Nesse sentido

verifica-se que a jurisprudência do Tribunal de Contas da União em alguns

casos de danos causados à Administração Pública vem entendendo que não

se deve isentar de responsabilidade o ordenador de despesas quando imputa

a causa da irregularidade a ato de subordinado. A culpa in eligendo é a

possibilidade jurídica de responsabilizar alguém pela má escolha do

preposto.11 É dever das autoridades públicas ao proceder às designações de

servidores para as funções fazê-lo de modo a assegurar o atendimento do

interesse público adequado. Se nomeia alguém sem competência está

frustrando a concretização do objetivo da norma e deve, portanto, assumir a

responsabilidade na medida em que é presumivelmente conivente com a

irregularidade.12

Não se pode abrir mão da qualificação da equipe de apoio porque seus membros

participam, ainda que com responsabilidade limitada, do processo decisório, e também porque um de seus membros pode atuar como substituto eventual do pregoeiro.

Boa apresentação pessoal, liderança, capacidade de falar em público, dicção, segurança e

domínio do tema; na forma eletrônica domínio dos recursos de informática e conhecimento do sistema - são atributos que o progoeiro deve ter na forma presencial.

Para qualificação do pregoeiro, além de cursos de capacitação internos ou terceirizados,

recomenda-se:

na forma presencial, que o pregoeiro e a equipe de apoio assistam às sessões

e troquem idéias com outros pregoeiros;

10 Na forma preconizada pelo art. 9º da Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, que institui no âmbito da União,

Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de

licitação denominada pregão para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. Diário Oficial

[da] União, Brasília, DF, 18 jul. 2002. 11 Para maiores detalhes consultar o livro de nossa autoria intitulado Tomada de contas especial. 3. ed. Belo

Horizonte: Fórum, 2005, p. 99. Em sentido contrário, aceitando a inexperiência dos membros da CPL para isentar

a responsabilidade o TCU revelou falhas formais porque a CPL era inexperiente e não ficou caracterizado

prejuízo. Decisão nº 55/1998 - Plenário. Processo nº TC- 625.017/97-8. Relator: Ministro Bento José Bugarin.

Brasília, DF, 18 de fevereiro de 1998. Diário Oficial [da] União, Brasília, DF, 10 mar. 1998. Seção 1, p. 48. 12 BRASIL. Decreto-lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a organização da Administração Federal,

estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências. Diário Oficial [da] União, Brasília,

DF, 27 mar. 1967 (suplemento), retificado em 8 mar. 1967 e retificado em 30 mar. 1967. Art. 80. Os órgãos de

contabilidade inscreverão como responsável todo o ordenador da despesa, o qual só poderá ser exonerado de sua

responsabilidade após julgadas regulares suas contas pelo Tribunal de Contas. [...] § 2º. O ordenador de despesa,

salvo conivência, não é responsável por prejuízos causados à Fazenda Nacional decorrentes de atos praticados por

agente subordinado que exorbitar das ordens recebidas.

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na forma eletrônica na esfera federal, que o pregoeiro e a equipe de apoio

sirvam-se de sistemas instrucionais disponibilizados pela Secretaria de

Logística e Tecnologia de Informação - SLTI do Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão - MPOG, que indica passo a passo como

credenciar pregoeiro, licitante e pregão.

Muito embora a Lei específica do pregão não exija expressamente que o pregoeiro e

equipe de apoio sejam submetidos a curso de capacitação específica, como outrora, é

necessário que:

as funções de pregoeiro e de membros de equipe sejam desempenhadas por

servidores qualificados;

para estar qualificado os servidores devem receber treinamento de

capacitação específica, vez que a formação acadêmica ou técnica de ensino

regular não informa a matéria e nem forma profissionais em geral para essa

atividade;

em norma recepcionada pela Lei do pregão o regulamento do pregão

presencial estabelece que somente poderá atuar como pregoeiro o servidor

que tenha realizado capacitação específica para exercer essa atribuição;

o regulamento do pregão eletrônico estabelece que “somente poderá exercer

a função de pregoeiro o servidor ou o militar que resuma qualificação

profissional e perfil adequados, aferidos pela autoridade competente”.13

em qualquer hipótese de erro grave decorrente de ausência de qualificação

adequada a autoridade designante deverá ser responsabilizada por culpa in

eligendo;

o servidor que requer treinamento para capacitação específica e não tem o

pleito atendido, ou é indeferido, possui a seu favor uma atenuante de

responsabilidade e pode inclusive argüir em sua defesa, além da co-

responsabilidade do designante, a falha estrutural da instituição.14

Destacam-se, apenas para ilustrar, alguns procedimentos de pregoeiro considerados

irregulares:

BDI

Deixar de examinar a composição do BDI dos serviços quando da apresentação da

segunda planilha de preços com valor global reduzido.

Fonte: TCU. Processo nº 010.433/2001-5. Acórdão nº 64/2004 - 2ª Câmara.

Consórcio - inabilitação de um dos participantes - saneamento

Prevendo o edital que a inabilitação de empresa participante de consórcio não prejudica a

habilitação deste, remanesce o contrato já assinado, excluída qualquer participação da

empresa inabilitada na execução do objeto da licitação, desde que essa exclusão não

13 BRASIL. Decreto nº 5.450, de 31 de maio de 2005. Regulamenta o pregão, na forma eletrônica, para aquisição

de bens e serviços comuns, e dá outras providências. Diário Oficial [da] União, Brasília, DF, 1º jun. 2005. Art.

10, § 4º. 14 Sobre o assunto consulte o livro de nossa autoria intitulado Tribunais de Contas do Brasil - jurisdição e

competência. 2ª ed. Belo Horizonte: Fórum - 2005, capítulo III, subtítulo 2.1.25.4.2.1 - atenuante da

responsabilidade.

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comprometa a satisfação dos requisitos mínimos de qualificação técnica e econômico-

financeira (Lei nº 8.666/93, art. 33, III)...”

Fonte: Direito Público. v. 21.Fonte: TRF/1ªRegião. 5ª Turma. AG nº 01000264798/DF.

Processo nº 2002.01.00.026479-8. DJU 14 out 2002, p. 455. Revista Fórum

Administrativo -

Desclassificação da proposta - motivação

Afim de diminuir o número de propostas desclassificadas por falta de atenção a

determinadas regras, o TCU decidiu orientar o pregoeiro “para examinar acuradamente

no momento da sessão da abertura do pregão a compatibilidade do bem cotado pelos

licitantes quanto às especificações técnicas estipuladas no edital, fazendo constar

detalhadamente em ata os motivos da desclassificação, se for o caso, em observância ao

art. 4º, XI, da Lei nº 10.520/2002 c/c o art. 11, XII, do Decreto nº 3.555/00.”

Fonte: TCU. Processo nº TC-013.661/2003-0. Acórdão nº 740/2004 - Plenário.

Estimativa de preços

A efetivação da regularidade do certame necessita de que a Administração elabore uma

estimativa de preços que reflitam os efetivamente praticados no mercado.

Nesse sentido: TCU. Processo TC nº 008.551/2003 - 8. Acórdão nº 1.656/2003 -

Plenário.

Habilitação - situação de regularidade fiscal - impossibilidade de saneamento

posterior

TRF/1ª R. decidiu: “... Não se tem por habilitada para participar de licitação pública sob a

forma de pregão, empresa que na data prevista para sua realização figurava no “SICAF”

com situação irregular perante o INSS e o FGTS, ainda que tenha apresentado ao

pregoeiro algumas guias de recolhimento das contribuições arrecadadas por aquelas entidades.

2. Quando uma empresa participa de licitação pública, inclusive sob a forma de pregão, o

próprio ato em si da participação já pressupõe nos termos do art. 29, III e IV, da Lei nº

8.666/93 prova de regularidade de situação junto às entidades arrecadadoras de tributos federais, o que não se confunde com mera prova da quitação de tais exações.

3. A regularização posterior da situação da empresa perante os órgãos arrecadadores e

fiscalizadores não retroage para validar habilitação indevidamente declarada.

Fonte: TRF/1ªRegião. 5ª Turma. AG nº 01000264798/DF. Processo nº

2002.01.00.026479-8. DJU 14 out 2002, p. 455. Revista Fórum Administrativo - Direito

Público. v. 21.

Habilitação - momento da comprovação

A apresentação de documento comprovando a regularidade fiscal após a fase da

habilitação feita por empresa participante de consórcio, inclusive após a

adjudicação/homologação e assinatura do respectivo contrato, foi uma das imposrtantes

decisões do TCU, haja visto que durante a habilitação certificou-se que a mesma estava

em dia com suas obrigações fiscais, remanescendo apenas a entrega de guia declaratória que considerou formalidade acessória de natureza não pecuinária.

Determinou ainda o TCU que nas próximas licitações, após a fase de habilitação deve

abster-se de aceitar documentos concernentes a esta etapa do certame, restringindo-se,

portanto, a analisar e esclarecer dúvidas acerca da documentação originalmente apresentada (Lei nº 8.666/93, art. 33, inciso III e Decreto nº 3.555/00, art. 17, inciso I).

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Fonte: TCU. Processo nº TC-009.971/2002-9. Acórdão nº 718/2004 - Plenário.

Impugnação - autoridade competente

O Decreto n° 3.555/2000 estabelece no art.12 a competência do pregoeiro para decidir

sobre impugnação no prazo de vinte e quatro horas.

O TCU entendeu irregular com base nesse entendimento a substituição da decisão do

pregoeiro estabelecida no normativo legal pela manifestação de qualquer outro agente público.

Considerou no entanto válida a convalidação do ato maculado por vício de forma pela

autoridade competente.

Fonte: TCU. Processo nº TC-005.371/2002-8. Acórdão nº 993/2004 - 2ª Câmara.

Impugnação tempestiva - exame obrigatório

Por determinação do TCU procede-se à observância do prazo estipulado no art. 12 do

Decreto nº 3.555/2000, “de forma a não deixar de examinar impugnações efetuadas tempestivamente...”

Fonte: TCU. Processo nº 011.994/2002-0. Decisão nº 1.667/2002 - Plenário.

Isonomia

Foi considerado irregular o fato de o edital de pregão estimar o quantitativo de

empregados em 110 e ter o julgamento tratado privilegiadamente a empresa que já

prestava os serviços, uma vez que essa apresentou proposta contemplando o uso de 85 empregados e todas as outras basearam-se na estimativa editalícia - 110 empregados.

Fonte: TCU. Processo nº TC-019.585/2003-4. Acórdão nº 430/2004 - Plenário.

Juízo de retratação - anulação da fase de lances

“O Poder Público, diante de eventuais ilegalidades constatadas no ato administrativo,

detém o poder-dever de anulá-lo; no entanto dada a natureza do vício e as circunstâncias

peculiares ao caso, recai à Administração Pública a possibilidade de não o anular, ou de

fazê-lo mas da maneira que entenda menos gravosa, levando em conta o interesse público a fim de que o desfazimento do ato não cause mais prejuízo do que a sua subsistência.

Fonte: TJRGS. 2ª Câmara Cível. Agravo de Instrumento nº 70008255648. Revista

Fórum de Contratação e Gestão Pública. nº 30. ano 3. jun. 2004. p. 3983.

Lances - limitação do número

Se o pregoeiro limita a quantidade de lances verbais é claro que restringe o caráter

competitivo da licitação e ofende aos princípios da isonomia entre os licitantes e da

escolha da proposta mais vantajosa para a Administração. Diante de fato semelhante o

TCU aplicou multa ao pregoeiro de R$ 5.000,00 (Acórdão nº 399/2003 - Plenário), e

determinou a anulação do pregão e demais atos decorrentes. Em recurso o TCU manteve seu entendimento.

Fonte: TCU. Processo nº 005.854/2002-4. Acórdão nº 57/2004 - Plenário.

Lances - participação irregular - anulação

Não se vislumbra em juízo de cognição sumária conduta contrária a direito da

Municipalidade que anulou o procedimento licitatório a partir do pregão convocando os

licitantes habilitados e classificados ausente a verossimilhança de suas alegações, se

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constatado o equívoco da participação da agravante nos lances do pregão eletrônico,

rerstando inclusive vencida, até porque, para a concessão da tutela pretendida neste feito

recursal não há o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, posto que a

toda evidência, diante da natureza da demanda anulatória (desconstitutiva) a invalidade pretendida implicará o retorno à situação anterior. Agravo desprovido.

Fonte: TJRGS. 2ª Câmara Cível. Agravo de Instrumento nº 70008255648. Revista

Fórum de Contratação e Gestão Pública. nº 30. ano 3. jun. 2004. p. 3983.

Lances - quantidade

O TCU entendeu que implica em restrição ao caráter competitivo do certame a limitação

das ofertas de preços dos licitantes a, no máximo, dois lances verbais. Grave infração à

norma legal cometida pelo pregoeiro. Multa.

Fonte: TCU. Processo nº 005.854/2002-4. Acórdão nº 399/2003 -Plenário. Revista

Fórum de Contratação e Gestão Pública. v. 23. ano 2. nov. 2003. p. 2960.

Mandado de segurança - após encerramento da sessão do pregão

TRF/1ªR. decidiu: “Encerrados os trabalhos do Pregão não tem o Pregoeiro legitimidade

para figurar no pólo passivo da relação processual do Mandado de Segurança, pormenor

que impede o cumprimento da ordem liminar que lhe é endereçada para obstar adjudicação do objeto licitado ao vencedor.

O deferimento de liminar para suspender licitação após a publicação oficial da

adjudicação do objeto licitado em face de evidente perda de objeto, atenta contra a ordem jurídica compreendida na ordem pública..

A liminar impugnada ao impor à Requerente agência reguladora recentemente criada,

ônus na realização de atividades fim e meio, poderá implicar contratação de outra

empresa mediante dispensa de licitação com ônus adicionais e desnecessários para os

cofres públicos em face da situação emergencial criada.”

Fonte: TRF/1ªRegião. Corte Especial. AGSS nº 01000451042/DF. Processo nº

200201000451042. DJU 18 jun 2003. Revista Fórum de Contratação e Gestão Pública. v. 19. ano 2. jul. 2003. p. 2374.

Mandado de segurança - limites do exame judicial

Cabe ao Judiciário apenas perquirir da legalidade e constitucionalidade dos atos

praticados pela Administração, deixando ao seu inteiro alvitre pronunciar-se sobre a

eficiência ou justiça do ato administrativo, porque se assim não agisse estaria a emitir

pronunciamento de administração e não jurisdicional.

Fonte: TRF 2ª Região. 4ª Turma. Apelação em Mandado de Segurança nº

2001.51.01.008186-2, Rel. Des. Federal Fernando Marques, DJU, 06 jan. 2005. Revista

Fórum Administrativo, Belo Horizonte, ano 5, n. 48, p. 5169, fev. 2005.

Mandado de segurança - periculum in mora inverso

A paralisação do procedimento licitatório requerida pelo licitante na fase em que se

encontra o certame, causa à Administração o pergio da demora inverso, porque a

atividade pretendida - transporte - restaria prejudicada.

O Tribunal Regional Federal da 2ª Região negou pedido de liminar ao impetrante com

fundamento nesse entendimento e no fato de que as regras de habilitação admitem certa

discricionariedade.

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Fonte: TRF 2ª Região. 4ª Turma. Agravo nº 2003.02.01.015425. Rel. Des. Federal

Benedito Gonçalves, DJU, 10 jan. 2005. Revista Fórum Administrativo, Belo Horizonte, ano 5, n. 48, p. 5169, fev. 2005.

Motivação - preço

“...eventual revogação de processo licitatório apenas pode ser realizada por razões de

interesse público e de forma motivada. Uma vez que a licitação atingiu sua finalidade

adjudicando o serviço licitado à empresa agravante, não é razoável a declaração de

fracasso do pregão sob o argumento de que os preços oferecidos não alcançaram o limite aceitável, inclusive por não haver menção sobre qual seria tal limite.”

Fonte: TJDF. 3ª T. Cível. AI nº 20020020074169AGI DF. Reg. do Acórdão nº 180734.

DJU, 05 nov. 2003. p. 40.

Negociação - apenas com vencedor

A negociação de preços deve ser feita pelo pregoeiro apenas com o vencedor do certame.

Fonte: TCU. Processo TC nº 012.045/2003-0. Acórdão nº 222/2004 - 1ª Câmara.

Preços superiores ao orçado - sem justificativa ou comprovação, é falta grave e pode

ensejar multa

No caso concreto, o TCU verificou: “...orçamento estimativo dos serviços elaborado pela

própria Infraero totalizava o valor de R$ 828.360,00 (fls. 23/26, v.p). A contratação foi

feita por R$ 1.320.000,00 (59% a mais), sem que houvesse qualquer questionamento por

parte da Pregoeira ou da administração da Infraero quanto a esse valor.

Nota: Entre outros fatores aplicou multa de R$ 5.000,00, à pregoeira fev/2004.

Fonte: TCU. Processo TC nº 010.433/2001-5. Acórdão nº 64/2004 - 2ª Câmara.

Pregoeiro - autoridade coatora - após encerramento da sessão

TRF/1ªR. decidiu: “Encerrados os trabalhos do Pregão não tem o Pregoeiro legitimidade

para figurar no pólo passivo da relação processual do Mandado de Segurança, pormenor

que impede o cumprimento da ordem liminar que lhe é endereçada para obstar adjudicação do objeto licitado ao vencedor.

Atenta contra a ordem jurídica compreendida na ordem pública, o deferimento de liminar

para suspender licitação após a publicação oficial da adjudicação do objeto licitado em face de evidente perda de objeto.

A liminar impugnada ao impor à Requerente, agência reguladora recentemente criada,

ônus na realização de atividades fim e meio, poderá implicar contratação de outra

empresa mediante dispensa de licitação com ônus adicionais e desnecessários para os cofres públicos em face da situação emergencial criada.”

Fonte: TRF/1ªRegião. Corte Especial. AGSS nº 01000451042/DF. Processo nº

200201000451042. DJU, 18 jun 2003. Revista Fórum de Contratação e Gestão Pública. v. 19. ano 2. jul. 2003. p. 2374.

Revogação - por falta de crédito orçamentário

O ingresso de recurso ensejou a perda da dotação orçamentária numa licitação realizada

em dezembro desde que o TCU entendeu que o fato é motivo suficiente para a revogação

do certame. Determinou: “...na ocorrência de motivo superveniente que impeça a

contratação, proceda à revogação ou anulação do pregão conforme for o caso, em

cumprimento ao disposto pelo art. 18 do Regulamento aprovado pelo Decreto n°

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3.555/2000;”

Fonte: TCU. Processo TC nº 017.979/2002-1. Acórdão nº 1.443/2004 - Plenário.

“Salvar o certame”

TCU entendeu: “...A pregoeira afirma em suas razões de justificativa que “a tentativa

deve ser sempre de salvar o certame preservando os interesses da administração”. Nem

sempre ‘salvar o certame’ implica em proteger os interesses da administração.

Certamente, é interesse da administração ter o serviço contratado, mas com a observância

da legalidade, impessoalidade, economicidade. Havia muitos elementos indicando que a

contratação não deveria ter sido realizada nos moldes em que foi feita: erros grosseiros

nas propostas, falta de competitividade e valor apresentado muito acima do que foi orçado...”

Este, entre outros fatos, ensejou multa de R$ 5.000,00, fev/2004.

Fonte: TCU. Processo nº 010.433/2001-5. Acórdão nº 64/2004 - 2ª Câmara.

SICAF - consulta

Uma prática do TCU tem orientado os órgãos federais a efetuarem consulta ao Sistema

de Cadastramento Unificado de Fornecedores (SICAF) sobre o licitante com menor

proposta de preço nos pregões realizados pelo órgão, como preconiza o art. 11, inciso XIII, do Decreto nº 3.555/2000.

Fonte: TCU. Processo TC nº 012.045/2003-0. Acórdão nº 222/2004 - 1ª Câmara.

SICAF - momento da verificação da regularidade

Com base no fato de haver verificado assinatura de contrato com licitante inscrito no

SICAF com certidões com validade vencida inobservando o art. 11, inc. XXI e XXII, do

Decreto nº 3.555/00 o TCU, decidiu determinar a verificação da regularidade do licitante

vencedor no ato da assinatura do contrato, convocando-se a licitante seguinte, e assim

sucessivamente, observada a ordem de classificação caso o licitante vencedor não esteja

em situação regular, sem prejuízo da aplicação das sanções cabíveis nos termos do art.

11, XXI e XXII, do Decreto nº 3.555/00...”

Fonte: TCU. Processo nº TC-013.661/2003-0. Acórdão nº 740/2004 - Plenário.

SICAF - saneamento posterior - impossibilidade

TRF/1ªR. decidiu: “... Não se tem por habilitada para participar de licitação pública sob a

forma de pregã, empresa que na data prevista para sua realização figurava no “SICAF”

com situação irregular perante o INSS e o FGTS, ainda que tenha apresentado ao

pregoeiro algumas guias de recolhimento das contribuições arrecadadas por aquelas

entidades.

2. Pressupõe, a participação de empresa em licitação pública, inclusive sob a forma de

pregão, nos termos do art. 29, III e IV, da Lei nº 8.666/93, prova de regularidade de

situação junto às entidades arrecadadoras de tributos federais, o que não se confunde com

mera prova da quitação de tais exações.

3. A regularização posterior da situação da empresa perante os órgãos arrecadadores e

fiscalizadores não retroage para validar habilitação indevidamente declarada”.

Fonte: TRF/1ªRegião. 5ª Turma. AG nº 01000264798/DF. Processo nº

2002.01.00.026479-8. DJU, 14 out 2002, p. 455. Revista Fórum Administrativo - Direito Público. v. 21.

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Sistema - queda constante

Queda constante no sistema fez com que o Tribunal de Justiça do DF anulasse pregão

eletrônico: a conexão da internet do coordenador caiu 21 vezes durante 26 minutos.

Fonte: TJDF. 2ª T. Civil. Proc. nº 2003.00. 2. 009133-5. Acórdão nº 190895. DJU, 19

maio 2004. Seção 03. p. 18.

Taxa de depreciação

Deixar de examinar na proposta a taxa de depreciação de bens.

Fonte: TCU. Processo nº 010.433/2001-5. Acórdão nº 64/2004 - 2ª Câmara.

Telefonia - adjudicação a duas empresas:

Com base na Portaria nº 01/2002, da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação

- SLTI, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, foi realizado pregão

prevendo a adjudicação do objeto licitado a duas empresas, a primeira e a segunda colocadas por meio da subdivisão de troncos.

TRF/1ªR. entendeu: “...a Lei nº 8.666/93 e a Lei nº 10.520/2002 não prevêem a

adjudicação de um só objeto para mais de uma empresa. Embora possível o

fracionamento do objeto da licitação quando é viável e conveniente a divisão, diversa é a

situação em exame em que está prevista no edital a contratação concomitante da 1ª e da

2a colocadas, ficando entregues à 1ª colocada todos os troncos de entrada. Quanto aos

troncos de saída divididos em rota prioritária e rota de transbordo, assegura-se “no

mínimo 70% do volume das ligações para a primeira classificada, ficando as demais para

a segunda, desde que aceite prestar o serviço pelo valor oferecido pela vencedora.”

Entendeu ainda que “...o edital não especifica claramente o percentual das ligações que

serão atribuídas nos troncos de saída para cada uma delas.”

Fonte: TRF/1ªR. 6ª T. AG nº 01000008524/DF. Processo nº 2003.01.00.000852-4. DJU,

09 dez. 2003. p. 56.

Terceirização de mão-de-obra - participação de cooperativas

O TCU entendeu haver “...Vedação à participação de cooperativas decorrente de Termo

de Conduta firmado com o Ministério Público do Trabalho, homologado perante a Justiça

do Trabalho, mediante o qual a União se comprometeu a não contratar cooperativas de

mão-de-obra para a execução de atividades que demandem a prestação de trabalho subordinado...”.

Com base nesse entendimento decidiu: “...9.2. determinar à administração do Ministério

de Relações Exteriores que promova adequação do edital do Pregão nº 29/02, tendo em

vista que as atividades a serem exercidas pelos prestadores de serviços contratados nas

categorias de secretária, digitador, auxiliar arquivista e auxiliar administrativo

identificam-se com as atividades inerentes a servidores investidos na carreira de oficial e

assistente de chancelaria, contrariando o previsto no art. 37, inciso II, da Constituição Federal;...”

Fonte: TCU. Processo TC nº 018.977/2002-0. Acórdão nº 1.008/2003 - 2ª Câmara.

Vinculação ao edital

Mesmo tendo encontrado várias irregularidades na licitação - possível sobrepreço,

restrição à isonomia e à competitividade – o TCU deixou de responsabilizar o pregoeiro sob o argumento de que agiu em estrita conformidade com o edital,

No presente caso ssim se expressou o Relator: “...Deixo de acolher entretanto nesta etapa

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processual a proposta de aplicação de multa ao pregoeiro, considerando que os

procedimentos por ele adotados ao conduzir o pregão estão em conformidade com os

termos do edital seja no caso da desclassificação da empresa que cotou preços para um único produto, seja na análise dos preços da licitante que logrou vencer a licitação.”

Fonte: TCU. Processo TC nº 016.215/2003-0. Acórdão nº 1.445/2004 - Plenário.

Vinculação ao edital - minuta do contrato

O TCU determinou: " ... observe o princípio da vinculação ao instrumento convocatório

previsto nos artigos 3º e 54, § 1ª da Lei 8.666/93, abstendo-se de prever nas minutas de

contratos regras distintas das fixadas no edital."

Fonte: TCU. Processo TC nº 004.709/2005-3. Acórdão 668/2005 - Plenário.

Os gestores públicos costumam alegar não possuírem recursos para capacitação. Esse é o

tipo de argumento que não resiste ao mínimo exame: é que qualquer pregão bem

conduzido dá lucro facilmente quantificável à organização15 e que é diretriz

constitucional que a economia obtida em redução de despesa de custeio deve reverter em

qualificação.16 Embora essa diretriz dependa de lei para a sua generalização certamente justifica o remanejamento de dotações na forma da Lei de Diretrizes Orçamentárias.

5.1.3. Compatibilidade e desvio de função

Qual cargo ou emprego é compatível com a função de pregoeiro e de membro da equipe

de apoio?

Guardadas as devidas proporções de cada objeto do pregão, a função de pregoeiro

corresponde a uma função gerencial: gerencia um procedimento fortemente regulado em

lei; decide conflito de interesse; analisa a compatibilidade das regras do edital com a lei

quando responde a impugnações; é responsável por manifestar a vontade da

Administração Pública quando informa aos licitantes sobre dúvidas, obscuridades,

omissões; será considerado autoridade coatora para fins de mandado de segurança

devendo elaborar informações; enfim consituiu uma atividade que somente é compatível

com ocupante de cargo de nível superior dada a complexidade das tarefas. Na ausência de

ocupante de cargo desse nível a designação pode ensejar desvio de função com os

consectários legais.17

15 Veja adiante o subtítulo 8.4. que trata da remuneração do pregoeiro. 16 Q. cfr. art. 39, § 7º, da Constituição Federal/1988. 17 Até o advento da Constituição Federal de 1988 não eram raros que os reconhecimentos de desvio de função

implicassem no Poder Judiciário na ordem de enquadramento no cargo compatível com as atribuições

efetivamente exercidas. Porém, como a Constituição passou a obrigar o atendimento da regra do concurso público

para o preenchimento dos cargos e empregos, a jurisprudência atual se firmou no sentido de, ao verificar o desvio

de função, determinar o retorno do servidor ao cargo ou emprego no qual foi legalmente titularizado e o

pagamento da diferença salarial entre esse e o cargo ou emprego em que se encontrava desviado, durante o

período em que tal ocorreu. Nesse sentido: Quando o trabalhador executa função diversa daquela para a qual foi

contratado tem direito a receber um acréscimo (plus) salarial.(...) “A onerosidade surge da equivalência das

prestações dos contratantes. Qualquer alteração na qualidade ou na quantidade do trabalho exigido desnatura

aquela equivalência ínsita à natureza comutativa e onerosa do vínculo de emprego e exige um reequilíbrio que, no

caso do acúmulo de funções, será o pagamento de um plus salarial”, julgou: TST. Processo nº E-RR-

403535/1997.5. Relator: Ministro João Batista Brito Pereira. Brasília, 25 de setembro de 2002. Diário [da]

Justiça, Brasília, DF, 11 out. 2002. Em sentido contrário, negando inclusive o direito a perceber a remuneração

referente ao tempo em que ocorreu o desvio de função: Não se defere a servidor, desviado da função, a

remuneração do cargo que passou a exercer de fato. O direito do servidor se limita aos vencimentos do cargo que

detém legitimamente. Relatora: Ana Maria Duarte Amarante. Diário [da] Justiça, Brasília, DF, 29 abr. 1998.

Seção 3, p. 49.

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17

Em relação aos membros da equipe de apoio é praticamente impossível definir a priori

qual o nível das atribuições, pois isso depende de exame caso a caso para distinguir a complexidade de cada tarefa, o nível de desconcentração da atividade de cada pregão.

Uma regra geral da ciência da Administração pertinente a cargos e salários pode servir de

orientação: as tarefas a serem cometidas a um servidor devem sempre guardar

equivalência com o nível de complexidade das demais tarefas do cargo ou emprego e

terem os mesmos requisitos de escolaridade. Assim, está desviado de função um

empregado ocupante do cargo de Advogado que é designado para varrer o chão, quanto o

servente que é designado para elaborar petição jurídica, porque diferentes os níveis de complexidade e escolaridade.

5.1.4. atividade com dedicação exclusiva ou parcial

As comissões de licitação e agora a equipe de apoio, são integradas, nos órgãos que ainda

não estruturaram adequadamente os seus serviços de licitação e contratação, por

servidores lotados em unidades distintas, dificultando não só a reunião dos mesmos,

como impondo-lhes ônus acessório ao desempenho das tarefas habituais. É comum e nem

por isso menos irregular mesmo que esses servidores recebam a tarefa de licitar como a ser desempenhada sem prejuízo das funções normais.

Somente o desconhecimento da complexidade do tema é que justifica tal comportamento

por parte de autoridades da Administração Pública. Além da dedicação necessária

durante o tempo da sessão do pregão, é indispensável que se considere o tempo de

preparação da sessão, o estudo da doutrina, do edital, da minuta do contrato, a preparação

de listagens, de mapas de propostas, a definição de papéis dos membros da equipe de apoio.

No ato de designação o mais recomendável é que faça constar que a definição do horário

de trabalho do pregoeiro e da equipe de apoio será definida pelo primeiro e informada

com antecedência aos chefes dos respectivos membros da equipe de apoio. Essa

orientação guarda conformidade com a vetusta regra da descentralização.18

5.2. pregoeiro permanente ou por mandato

Na fase interna, por definição da Lei do pregão, deve ser designado o pregoeiro e a

respectiva equipe de apoio, ficando porém sem resposta se é possível ou não nomear o

mesmo agente para vários pregões, se está ou não vinculado a mandato com prazo

previamente definido ou não para o desempenho da função.

Aplicando-se subsidiariamente a Lei de Licitações,19 o pregoeiro e a equipe de apoio

18 BRASIL. Decreto-lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a organização da Administração Federal,

estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências. Diário Oficial [da] União, Brasília,

DF, 27 mar. 1967 (suplemento), retificado em 8 mar. 1967 e retificado em 30 mar. 1967. Art. 10. A execução das

atividades da Administração Federal deverá ser amplamente descentralizada. [...] § 2° Em cada órgão da

Administração Federal, os serviços que compõem a estrutura central de direção devem permanecer liberados das

rotinas de execução e das tarefas de mera formalização de atos administrativos, para que possam concentrar-se nas

atividades de planejamento, supervisão, coordenação e controle. § 3º À Administração casuística, assim entendida

a decisão de casos individuais, compete, em princípio, ao nível de execução, especialmente aos serviços de

natureza local, que estão em contato com os fatos e com o público. 19 BRASIL. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e

Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada

pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. Diário Oficial [da] União, Brasília,

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podem ser investidos por mandato não excedente a um ano.20

Sobre a CPL,21 o Tribunal de Contas da União já decidiu que:

é possível a recondução de todos os membros, mas um não poderá ser

reconduzido, para satisfazer o § 4º do art. 51 da Lei nº 8.666/93 na parte em

que estabelece: vedada a recondução da totalidade de seus membros;

também já decidiu que o presidente da CPL pode ser reconduzido.22

Desse modo, entendendo admissível a analogia é correto designar o pregoeiro e a equipe

de apoio:

para cada processo de licitação por meio de pregão;

em caráter permanente, inclusive com a recondução do próprio pregoeiro

para vários mandatos.

Em perfeita consonância com o exposto no parágrafo anterior o regulamento do pregão

eletrônico estabeleceu que a “designação do pregoeiro, a critério da autoridade

competente, poderá ocorrer para período de um ano, admitindo-se reconduções ou para licitação específica”.23

Pela natureza dessa norma e pela lacuna da lei é evidente que a mesma pode e deve ser

aplicada ao pregão presencial.

5.3. Remuneração

É preciso discorrer sobre relevante aspecto da função de pregoeiro e da equipe de apoio

no que se refere à remuneração.

O nível de complexidade das funções exige por uma questão de justiça que a tarefa de

conduzir um pregão seja remunerada.

Após longa reflexão sobre o tema remuneração dos responsáveis por licitação, cabe registrar o seguinte:

os responsáveis por um procedimento licitatório devem ser remunerados: é

tarefa complexa que expõe o servidor e seu patrimônio pessoal, além da

imagem da instituição;

DF, 18 jul. 2002. Art. 9º. 20 JACOBY FERNANDES, Jorge Ulisses. Lei n° 8.666/93 - licitações e contratos - outras normas pertinentes:

organização dos textos e índices. 8ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2007. Art. 51, § 4º 21 Comissão Permanente de Licitação. 22 Nesse sentido: o órgão reconduziu o Presidente da CPL para a mesma função no período subseqüente. O TCU

entendeu cumprida a norma porque houve alteração de outros membros da CPL. Processo nº TC-700.048/98-7.

Decisão nº 245/2000 - Segunda Câmara. Relator: Ministro Benjamin Zymler. Brasília, DF, 13 de julho de 2000.

Diário Oficial [da] União, Brasília, DF, 21 jul. 2000. Seção 1, p. 64. 23 BRASIL. Decreto nº 5.450, de 31 de maio de 2005. Regulamenta o pregão na forma eletrônic, para aquisição de

bens e serviços comuns, e dá outras providências. Diário Oficial [da] União, Brasília, DF, 1º jun. 2005. Art. 10, §

3º.

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não deve ser condicionada a remuneração a decurso de prazo como valor

mensal. Esse modelo dificulta a mudança de servidores e gera acomodação

ou sujeição pelo servidor, muitas vezes movido pela necessidade de manter

a estabilidade financeira. O melhor sistema é a remuneração por sessão,

jeton de presence, até o máximo de três por processo, que pode ser

escalonado em níveis segundo o volume de recursos envolvidos.

No atual sistema de direito positivo regente da Administração Pública é

forçoso reconhecer que a implementação dessas medidas deve considerar:

a definição de espécies remuneratórias deve provir de lei;24

nos órgãos do Poder Legislativo, Poder Judiciário, Tribunal de Contas e

Ministério Público, a Constituição Federal autoriza a definição de regras

próprias, porém foi definido que a remuneração de funções deve ser

previamente definida em lei;

as empresas estatais podem servir-se de norma própria, observando-se o

disposto no art. 173, § 1º, da Constituição Federal;

os órgãos devem envidar esforços no sentido de regulamentar no âmbito de

cada esfera de governo o disposto no art. 39, § 7º, da Constituição Federal

que tem íntima conexão com o tema;25

é indispensável a observância do que dispõe o art. 169 da Constituição

Federal, mas não há obrigatoriedade de atender o que dispõe o art. 17 da Lei

de Responsabilidade Fiscal, vez que não se trata de despesa de caráter

continuado incorporável à remuneração.26

Alguns órgãos e entidades já implementaram sistemas remuneratórios fazendo justiça

dessa forma a seus pregoeiros:

a) ECT. Relatório/DIREC-008/2002. REDIR-009/2002, 26 de fevereiro de

2002. Definição de critérios e pré-requisitos de funções da Área

Administração;

b) Distrito Federal. Decreto nº 23.753, de 30 de abril de 2003. Dispõe sobre a

criação de cargos comissionados na estrutura da subsecretaria de compras e

24 JACOBY FERNANDES, Jorge Ulisses. Constituição da República Federativa do Brasil - organização dos

textos e índice. Belo Horizonte: Fórum, 2007. Art. 37, inc. X. 25 Ibid. Art. 39. [...] § 7º - Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará a aplicação

de recursos orçamentários provenientes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia e fundação,

para aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento,

modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público inclusive sob a forma de adicional ou prêmio

de produtividade. 26 JACOBY FERNANDES, Jorge Ulisses. Constituição da República Federativa do Brasil - organização dos

textos e índice. Belo Horizonte: Fórum, 2007. Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. §

1º - A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou

alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal a qualquer título pelos órgãos

e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só

poderão ser feitas: I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de

pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias

ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista.

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licitações da Secretaria de Estado da Fazenda e Planejamento do Distrito

Federal.

c) Rio de Janeiro. Decreto nº 31.863, de 16 de setembro de 2002. Regulamenta

a modalidade de licitação denominada pregão para aquisição de bens e

serviços comuns no âmbito do Estado do Rio de Janeiro.

O Estado do Rio de Janeiro implantou sistema remuneratório exatamente como é mais

recomendável: remuneração por sessão ou por pregão.

Como demonstrado no começo no subitem Contabilizando os Lucros, sob o aspecto da

economicidade na questão da remuneração sobejam motivos para justificar a sua implantação.

5.3.1. Equipe de apoio

É importante destacar ainda alguns pontos específicos sobre a equipe de apoio,

observando os aspectos pertinentes à designação, mandato e remuneração.

5.3.1.1. Número de membros

A norma do pregão não estabelece quantos membros deve ter a equipe de apoio, a

exemplo da mesma linha da Lei de Licitações, tendo-se definido a praxe de três, sempre que possível.

Também tem sido comum a criação de duas equipes de apoio, ou uma equipe de apoio e

uma comissão, uma com a finalidade de apoiar administrativamente o pregoeiro na

função do pregão e outra para auxiliar na definição técnica do objeto. Essa prática é

aplicada inclusive pelo próprio Tribunal de Contas da União quando realiza pregão com amostra, ou que se faz necessário melhor avaliar a descrição técnica de uma proposta.

Recomenda-se, porém, que não se institua equipe de apoio com membros do órgão

requisitante, pois podem ter interesses distintos do pregoeiro conduzindo seus esforços

para obtenção apenas do produto de melhor qualidade, por vezes violando o princípio da

vinculação ao instrumento convocatório.

Para evitar possíveis conflitos, quando o pregoeiro e a equipe de apoio não possuem

conhecimento técnico do objeto mas é necessário o exame da proposta ou da amostra,

pode a autoridade designante nomear duas equipes de apoio administrativo e equipe de

apoio técnico, devendo a segunda elaborar laudo técnico sobre a conformidade da proposta ou da amostra com o edital.

Em se tratando de pregão eletrônico a equipe de apoio assume menor relevância do que

na forma presencial, vez que várias de suas funções são desempenhadas pelo próprio sistema, eletrônica e automaticamente.

5.3.1.2. Responsabilidade dos membros da equipe de apoio

Em sentido contrário do que ocorre com a licitação convencional em que a

responsabilidade pelas decisões é dividida entre os membros da Comissão de Licitação,

no pregão adotou-se a figura de um só agente decidindo, sendo auxiliado na execução de

tarefas por uma equipe. O pregoeiro coordena os trabalhos da equipe de apoio, mas

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decide sozinho.

É bastante comum neste cenário surgir indagações sobre o nível de responsabilidade dos

membros da equipe de apoio, diante de irregularidades praticadas pelo pregoeiro. A

resposta está numa exata compreensão do equilíbrio que o Direito Administrativo

estabeleceu entre o princípio da hierarquia e o princípio da legalidade: os membros da

equipe de apoio só respondem diante de ato manifestamente ilegal praticado pelo

pregoeiro. É que em tais circunstâncias compete ao agente público que integre a equipe

de apoio, conhecendo da manifesta ilegalidade, recusar-se ao cumprimento da ordem e representar à autoridade superior.27

Assim, diante de simples dúvida na aplicação da norma os membros da equipe de apoio

devem informar ao pregoeiro e aguardar a sua deliberação. Somente se convencido da

ilegalidade do procedimento é que deve o membro resguardar sua responsabilidade

mediante representação à autoridade superior. Na forma da legislação em vigor, na esfera

federal essa representação deve ser dirigida à autoridade que designou o pregoeiro, mas

entregue a este mesmo. Esse procedimento se impõe para resguardar o princípio da hierarquia e permitir ao pregoeiro exercer o juízo de retratação.

5.4. Atribuições da equipe de apoio e do pregoeiro

Importante rememorar que a Lei do pregão não define as atribuições da equipe de apoio,

cabendo ao pregoeiro, conforme indica a própria nomenclatura, determinar as tarefas que

esse grupo deve desenvolver para apoiá-lo no desempenho de suas funções.

A título exemplificativo, é recomendável que o pregoeiro delegue as seguintes tarefas à equipe de apoio:

recebimento das impugnações ao edital, e das dúvidas do licitante;

exame das impugnações e dúvidas dos licitantes, encaminhando ao

pregoeiro para decisão;28

recepção dos licitantes, inclusive com a sinalização do local onde será

realizada a sessão, desde a portaria do edifício até a sala do pregão;

identificação dos representantes dos licitantes, distinguindo os que possuem

poderes para fazer lance e para recorrer, entregando crachás de

identificação;

credenciamento dos licitantes;

recebimento dos envelopes de proposta e habilitação;

recebimento das amostras, quando requeridas no edital;

abertura de envelopes;

análise da proposta quanto ao objeto e preço indicados - exame de

conformidade da proposta, encaminhando ao pregoeiro para decisão;

preenchimento dos mapas de preços e quadros de lances;

auxiliar na organização da fase de lances;

27 Na esfera federal esse dever está consubstanciado na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que dispõe sobre

o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais.

Diário Oficial [da] União, Brasília, DF, 12 dez. 1990, Republicado em 18 mar. 1998. Art. 116, incisos I, II, IV,

VI e XII, e respectivo parágrafo único. 28 O regulamento do pregão eletrônico expressou significativo avanço no art. 18, § 1º ao definir que “caberá ao

pregoeiro, auxiliado pelo setor responsável pela elaboração do edital, decidir sobre a impugnação no prazo de até

vinte e quatro horas.

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análise da habilitação, encaminhando ao pregoeiro para decisão;

elaboração da ata da sessão;

recebimento e exame dos recursos, encaminhando ao pregoeiro para

decisão;

disponibilização do processo e fornecimento de cópias;

remessa do processo;

juntada de documentos e prestação de informações, em geral, ressalvadas

aquelas de competência exclusiva do pregoeiro;

auxílio na elaboração das informações em mandado de segurança

impetrados contra ato do pregoeiro;

outras tarefas que forem determinadas pelo pregoeiro.

Ao pregoeiro, recomenda-se a realização das seguintes tarefas:

decisão, devidamente motivada, sobre a impugnação do edital;

prestação de informações e esclarecimento de dúvidas sobre o edital;

decisão motivada sobre a conformidade da proposta;

condução da fase de lances;

decisão, motivada, sobre a habilitação dos licitantes;

decisão motivada sobre a aceitabilidade da proposta;

negociação com o licitante que ofereceu o menor lance;

inquirição sobre a motivação do recurso durante a sessão;

decisão motivada sobre o recurso e, negando o provimento,

encaminhamento à autoridade superior, devidamente instruído;

decisão motivada sobre a aplicação da legislação e os casos omissos;

prestação de informações em mandado de segurança impetrado contra ato

do pregoeiro e aos órgãos de controle;

direção dos trabalhos da equipe de apoio.

Por aqui se observa, que a parte relativa à execução material deve ser realizada pela

equipe de apoio, liberando o pregoeiro para sua principal função que é coordenar os trabalhos da equipe de apoio e conduzir o processo decisório.

6. Conclusão

Revela-se como fator de aprimoramento da atividade licitatória o controle da CPL – um

órgão público prestador de serviços para outros órgãos públicos – ao avaliar

periodicamente a satisfação do cliente através da busca da proposta mais vantajosa, que

deve ser sempre considerada à luz dos preços praticados no âmbito da Administração

Pública (Lei nº 8.666/93, art. 15, V) a qualidade dos produtos e a fiscalização entre o que foi pedido, o que foi licitado e o que foi efetivamente entregue e pago.

Por viabilizar a avaliação técnico-conômica das vantagens de economia, esta opção legal

mostra-se vantajosa e possibilita a utilização do processos licitatório como instrumento

de implementação da economia local; otimiza a racionalização dos recursos; facilita a qualificação dos agentes encarregados da artividade e dá transparência aos processos.

Por esses motivos, como regra a CPL representa qualidade na gestão pública.