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Câmara dos Deputados Comissão de Educação e Cultura Quarta-feira, 28 de março de 2012 Edição 03 Ministra Ana de Hollanda apresenta as metas do Minc para 2012 Ministra destaca prioridades para a Cultura neste ano A ministra da Cultura, Ana de Hollan- da, participou de audiência pública na CEC, no dia 21 de março, para detalhar as ações prioritárias para o setor neste ano. Segundo ela, o projeto Mais Cultura/Mais Educação (que prevê o financiamento de projetos que garantam o acesso dos alunos da educação básica ao teatro, ao cinema, a centros de leitura e a outras formas artísti- cas) deverá receber R$ 142 milhões. A me- dida vai beneficiar dois milhões de alunos em oito mil escolas. Já o chamado PAC das Cidades Históricas, com ações de preser- vação em 125 cidades, terá orçamento de R$ 100 milhões. A ministra também destacou outros pro- jetos prioritários para a área, entre eles a construção de praças esportivas e culturais (R$ 345 milhões) e a promoção dos espa- ços Mais Cultura, de bibliotecas, das usinas de cultura e dos pontos de cultura (R$ 169 milhões). Cerca de R$ 133 milhões dos R$ 256 mi- hões do Fundo Nacional de Cultura (FNC) já serão aplicados até o próximo mês, se- gundo a ministra. Entre os programas beneficiados estão o Cultura Viva (R$ 46 milhões); o Economia Criativa (R$ 16 mi- lhões); os microprojetos culturais da Bacia do São Francisco (R$ 16,8 milhões); e a re- cuperação dos imóveis em risco no centro histórico de Salvador (R$ 16 milhões). Desafio do MinC O presidente da Comissão de Educação e Cultura, deputado Newton Lima (PT- SP), disse que todos que militam na causa da cultura estão felizes com os resultados que estão sendo alcançados. Newton Lima analisou, por outro lado, que o programa Mais Cultura/Mais Educação será o grande desafio do MinC. Esse desafio, explicou, se dá a partir do anúncio feito pela presi- denta Dilma e pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante da ampliação da edu- cação integral com a construção de 60 mil escolas públicas em todo o país. “Essa meta estabelecida pelo governo si- gnifica mais trabalho para o Ministério da Cultura porque uma das atividades funda- mentais do duplo período são as atividades culturais que atendam nossas crianças do ensino fundamental”, disse Lima. Debate Preços dos Livros Dando início aos debates, o deputado Artur Bruno (PT/CE) indagou sobre a questão dos altos preços dos livros no país. Segundo ele, mesmo com a anunciada redução dos impostos sobre esse produto pelo Governo Federal, os preços dos livros continuam proibitivos para a maioria da população. ECAD O deputado Jean Wyllys (PSOL/RJ), como membro da Frente Parlamentar da Cultura, trouxe à ministra da Cultura denúncias so- bre a dificuldade de diálogo entre a catego- ria dos músicos e dos agentes de cultura do MinC sobre direitos autorais. O deputado pediu maiores esclarecimentos sobre esse impasse. Em resposta à indagação do deputado, a ministra rechaçou suspeitas de que o governo federal estaria beneficiando o Escritório Central de Arrecadação e Dis- tribuição (Ecad), órgão privado que cuida do recolhimento e do repasse dos valores referentes aos direitos autorais de músicas no País. Segundo Ana de Hollanda, qual- quer suspeita nesse sentido é “leviana” e “resultado de má-fé”. As suspeitas recaem sobre o anteproje- to da lei de direitos autorais, que está em análise na Casa Civil antes de ser enviado ao Congresso. A proposta foi submetida a uma segunda fase de consulta pública após a posse da nova ministra, no ano passado, e sofreu algumas mudanças. Entre elas, está uma suposta redução da fiscalização de en- tidades arrecadadoras, como o Ecad. De acordo com a ministra, porém, a proposta não defende nenhum interesse privado. “Nós, inclusive, não estamos con- templando o Ecad no anteprojeto da forma como eles gostariam”, garantiu. Ainda não há data prevista para envio do projeto ao Congresso. Sistema Nacional de Cultura Já a coordenadora de Frente Parlamen- tar Mista em Defesa da Cultura, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), afirmou que o Ministério da Cultura não tem atuado no Congresso em favor das propostas do setor, como a que cria o Sistema Nacional de Cultura (PEC 416/05). Passivo do MinC O deputado Stepan Nercessian (PPS/RJ) fez duras críticas à falta de solução ao pas- sivo do MinC, antes da posse da atual min- istra Ana de Hollanda à frente da pasta. Esse passivo, esclareceu, é referente aos 12 mil projetos que precisam ser analisados pelo órgão. Stepan falou ainda sobre a falta de prepa- ro profissional e lisura dos pareceristas do MinC na análise de projetos culturais, para o qual clamou uma solução urgente. O parlamentar do PPS/RJ propôs, ainda, que o Ministério do Planejamento destine verbas para o Plano Brasil Criativo. Para Ana de Hollanda, entretanto, não há descompasso entre a atuação da pasta e a dos parlamentares ligados ao setor: “Es- tamos sempre presentes e atuantes. Claro que a demanda é muito maior que a nossa capacidade de atender não só no Congres- so, mas em todos os locais. Estamos, con- tudo, trabalhando muito”. l

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Câmara dos Deputados

Comissão de Educação e CulturaQuarta-feira, 28 de março de 2012Edição 03

Ministra Ana de Hollanda apresenta as metas do Minc para 2012

Ministra destaca prioridades para a Cultura neste ano

A ministra da Cultura, Ana de Hollan-da, participou de audiência pública na

CEC, no dia 21 de março, para detalhar as ações prioritárias para o setor neste ano. Segundo ela, o projeto Mais Cultura/Mais Educação (que prevê o financiamento de projetos que garantam o acesso dos alunos da educação básica ao teatro, ao cinema, a centros de leitura e a outras formas artísti-cas) deverá receber R$ 142 milhões. A me-dida vai beneficiar dois milhões de alunos em oito mil escolas. Já o chamado PAC das Cidades Históricas, com ações de preser-vação em 125 cidades, terá orçamento de R$ 100 milhões. A ministra também destacou outros pro-jetos prioritários para a área, entre eles a construção de praças esportivas e culturais (R$ 345 milhões) e a promoção dos espa-ços Mais Cultura, de bibliotecas, das usinas de cultura e dos pontos de cultura (R$ 169 milhões). Cerca de R$ 133 milhões dos R$ 256 mi-hões do Fundo Nacional de Cultura (FNC) já serão aplicados até o próximo mês, se-gundo a ministra. Entre os programas beneficiados estão o Cultura Viva (R$ 46 milhões); o Economia Criativa (R$ 16 mi-lhões); os microprojetos culturais da Bacia do São Francisco (R$ 16,8 milhões); e a re-cuperação dos imóveis em risco no centro histórico de Salvador (R$ 16 milhões). Desafio do MinC O presidente da Comissão de Educação e Cultura, deputado Newton Lima (PT-

SP), disse que todos que militam na causa da cultura estão felizes com os resultados que estão sendo alcançados. Newton Lima analisou, por outro lado, que o programa Mais Cultura/Mais Educação será o grande desafio do MinC. Esse desafio, explicou, se dá a partir do anúncio feito pela presi-denta Dilma e pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante da ampliação da edu-cação integral com a construção de 60 mil escolas públicas em todo o país. “Essa meta estabelecida pelo governo si-gnifica mais trabalho para o Ministério da Cultura porque uma das atividades funda-mentais do duplo período são as atividades culturais que atendam nossas crianças do ensino fundamental”, disse Lima. Debate Preços dos Livros Dando início aos debates, o deputado Artur Bruno (PT/CE) indagou sobre a questão dos altos preços dos livros no país. Segundo ele, mesmo com a anunciada redução dos impostos sobre esse produto pelo Governo Federal, os preços dos livros continuam proibitivos para a maioria da população. ECAD O deputado Jean Wyllys (PSOL/RJ), como membro da Frente Parlamentar da Cultura, trouxe à ministra da Cultura denúncias so-bre a dificuldade de diálogo entre a catego-ria dos músicos e dos agentes de cultura do MinC sobre direitos autorais. O deputado pediu maiores esclarecimentos sobre esse

impasse. Em resposta à indagação do deputado, a ministra rechaçou suspeitas de que o governo federal estaria beneficiando o Escritório Central de Arrecadação e Dis-tribuição (Ecad), órgão privado que cuida do recolhimento e do repasse dos valores referentes aos direitos autorais de músicas no País. Segundo Ana de Hollanda, qual-quer suspeita nesse sentido é “leviana” e “resultado de má-fé”. As suspeitas recaem sobre o anteproje-to da lei de direitos autorais, que está em análise na Casa Civil antes de ser enviado ao Congresso. A proposta foi submetida a uma segunda fase de consulta pública após a posse da nova ministra, no ano passado, e sofreu algumas mudanças. Entre elas, está uma suposta redução da fiscalização de en-tidades arrecadadoras, como o Ecad. De acordo com a ministra, porém, a proposta não defende nenhum interesse privado. “Nós, inclusive, não estamos con-templando o Ecad no anteprojeto da forma como eles gostariam”, garantiu. Ainda não há data prevista para envio do projeto ao Congresso. Sistema Nacional de Cultura Já a coordenadora de Frente Parlamen-tar Mista em Defesa da Cultura, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), afirmou que o Ministério da Cultura não tem atuado no Congresso em favor das propostas do setor, como a que cria o Sistema Nacional de Cultura (PEC 416/05). Passivo do MinC O deputado Stepan Nercessian (PPS/RJ) fez duras críticas à falta de solução ao pas-sivo do MinC, antes da posse da atual min-istra Ana de Hollanda à frente da pasta. Esse passivo, esclareceu, é referente aos 12 mil projetos que precisam ser analisados pelo órgão. Stepan falou ainda sobre a falta de prepa-ro profissional e lisura dos pareceristas do MinC na análise de projetos culturais, para o qual clamou uma solução urgente.O parlamentar do PPS/RJ propôs, ainda, que o Ministério do Planejamento destine verbas para o Plano Brasil Criativo. Para Ana de Hollanda, entretanto, não há descompasso entre a atuação da pasta e a dos parlamentares ligados ao setor: “Es-tamos sempre presentes e atuantes. Claro que a demanda é muito maior que a nossa capacidade de atender não só no Congres-so, mas em todos os locais. Estamos, con-tudo, trabalhando muito”.

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Jean Wyllys (Psol/RJ)

Comissão de Educação e Cultura

Presidente: Newton Lima (PT/SP).Equipe de Comunicação: Janete Lemos, Francy Borges, Julianna Caetano e Nauí Paiva.Equipe da Comissão de Educação e Cultura: André Luis Corrêa, Bruna Pereira, Hérica Souza, Jairo Brod, Jefferson Gino, Juliana Marcondes,

EXPEDIENTE

Câmara dos Deputados - 03Edição 03, 28 de março de 2011 Comissão de Educação e Cultura

PeRfil

Laurez Cerqueira, Marcia Abreu, Marivaldo Silva, Nathalia Soares, Nelma Souza, Oswaldo Sousa, Paula Starling e Severino da Silva. Edição: Janete Lemos e Francy BorgesContatos: (61) 3216.6622/6623Email: [email protected]âmara dos Deputados, Anexo II, Pav. Superior, Ala C, Sala 170 - Brasília, DF.

Percentual do PIB para a Educação monopoliza discussão na Comissão do PNE.

Jean Wyllys, em seu primeiro mandato como deputado federal (Psol-RJ), coordena a Frente Parlamentar Mista pela Cidada-nia LGBT e integra de forma destacada a Comissão de Direitos Humanos e Mino-rias; a Comissão de Educação e Cultura e a Frente Parlamentar pela Defesa da Cultura, da qual é coordenador no estado do Rio

Em defesa dos 10%, professores e coor-denadores de movimentos ligados à

educação afirmam que somente com esse percentual é que a educação no Brasil terá qualidade. A afirmação, segundo a maioria dos de-batedores, está contida no substitutivo do relator do PNE, que incorporou entre os indicadores para mensuração da qualidade do ensino o índice chamado Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi), segundo o qual o investimento do PIB deveria chegar a 10%. O CAQi foi elaborado com base em estu-dos da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e, de acordo com o seu coorde-nador, Daniel Cara, qualquer estudo sério conclui que é necessário investir pelo me-nos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para melhorar a qualidade do ensino no País. “Uma decisão diferente dessa é políti-ca, e isso deve ficar claro para a população”, declarou.

Segundo o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) Nelson Cardoso Amaral, se o País aplicar 10% do PIB, a par-tir deste PNE, atingirá entre 2020 e 2030 padrões próximos aos países da Organiza-ção para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é de 6 mil dólares por aluno. Se forem aplicados 8% do PIB, esse patamar será atingido entre 2030 e 2040 e, se for aplicado 7%, só se aproximará dos valores investidos pelas nações ricas en-tre 2040 e 2050. “Aplicar 7,5% do PIB é suficiente para revolucionar o ensino”, afirmou o relator do PNE, deputado Angelo Vanhoni. Segundo ele, não há grande diferença entre os valores indicados pelo Custo Aluno Qualidade Ini-cial (CAQi) e a proposta do Executivo, exce-to para as creches. “É preciso fazer escolhas e os deputados podem, na comissão espe-cial, decidir em sentido contrário”, disse. Vanhoni declarou que, para definir os

investimentos do PNE, foram usados da-dos do Fundeb que, na avaliação dele, é o parâmetro usado e divulgado por prefeitu-ras, Estados e União. “A ideia é que o CAQi seja usado como parâmetro para mensurar a aplicação de recursos. Mas não somos nós quem vamos decidir esses valores. Isso será feito com base em estudos do próprio MEC”, afirmou. Discutir com Mantega O deputado Artur Bruno (PT-CE) propôs que o relatório do PNE só seja votado após a presença do ministro da Fazenda, Guido Mantega. “Precisamos discutir os números da proposta com ele. Investir 7,5% do PIB em ensino é um avanço, mas precisamos ouvir o ministro”, afirmou. O deputado Izalci (PR-DF) apoiou a sugestão. Ivan Va-lente (PSol –SP) afirmou que pretende levar o PNE para discussão em Plenário, para dar visibilidade ao tema. Paulo Rubem Santiago (PDT-PE), por sua vez, reforçou o pedido para que o ministro da Fazenda seja envolvido na discussão e afirmou que outras áreas, principalmente as ligadas ao setor econômico-financeiro, são privilegiadas em detrimento do Plano Na-cional de Educação. “Não há restrição fiscal para destinar os 10% do PIB para a educa-ção. O relatório simplesmente enquadra a proposta que veio do Palácio do Planalto”, disse. A deputada Fátima Bezerra (PT-RN) tam-bém destacou a necessidade de envolver o ministro da Fazenda no debate, pois “ele tem a chave do cofre”. “Podemos criar um grupo para examinar esse assunto, mesmo que seja no ministério. O local não impor-ta”, defendeu.

de Janeiro. O parlamentar atua ainda na Comissão Externa de Combate à Corrup-ção; na Subcomissão Permanente de Assun-tos Federativos; na Frente pela Liberdade de Expressão; no Parlamento Jovem Brasileiro e no Projeto “A Câmara quer te ouvir” (da Ouvidoria da Câmara). É escritor, tendo já publicado três livros. Como professor universitário da área de co-municação, lecionava, até o início do man-dato, na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e na Universidade Veiga de Almeida (UVA), ambas no Rio. É tam-bém colunista da revista Carta Capital, em que publica quinzenalmente um artigo. Em 2011, recebeu o prêmio Trip Transfor-

madores pelo papel de crescente liderança que vem assumindo no Parlamento Federal, especialmente no que se refere à defesa dos interesses dos segmentos minoritários do País. Também no ano passado, foi indicado para as categorias “Melhor deputado” e “Parlamentar de futuro”, iniciativa da revista Congresso em Foco. Nas duas premiações, foi o segundo congressista mais votado. Ainda em 2011, a revista Época o elegeu como um dos 100 brasileiros mais influent-es. Igual distinção lhe foi concedida pela re-vista IstoÉ, que o considera como uma das 100 personalidades que mais influenciarão neste ano os rumos sociopolíticos da nação.

Representantes da educação debatem percentual do PIB para o setor.