comissÃo de investigaÇÕes “romania nova” · dos dados permite sugerir que a diferença...

62
COMISSÃO DE INVESTIGAÇÕES “ROMANIA NOVA” DA ALFAL COORDENADO POR MARY A. KATO (UNICAMP) E FRANCISCO ORDOÑEZ (SUNY) ABSTRACTS 2008

Upload: vuongdat

Post on 05-Dec-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

COMISSÃO DE INVESTIGAÇÕES

“ROMANIA NOVA” DA ALFAL

COORDENADO POR

MARY A. KATO (UNICAMP) E FRANCISCO ORDOÑEZ (SUNY)

ABSTRACTS 2008

SINTAGMAS LOCATIVOS E CONCORDÂNCIA

NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

Juanito Avelar e Sonia Cyrino

Universidade Estadual de Campinas, Brasil

No Português Brasileiro Popular (PBP), muitos verbos transitivos podem dispensar um

DP como argumento externo se um PP locativo (ou um advérbio dêitico locativo)

estiver presente na sentença. Em (1a) a seguir, por exemplo, o verbo vender co-ocorre

com o constituinte locativo (ali) naquela loja em posição pré-verbal. No Português

Europeu (PE), essa mesma sentença precisa ser interpretada com tendo um sujeito nulo

referencial, enquanto falantes do PBP associam-na a uma interpretação em que o

constituinte aquela loja, como em (1b), corresponderia ao sujeito.

(1) a. (ali) naquela loja vende bastante roupa

b. aquela loja (ali) vende bastante roupa

Considerando essa oposição entre as duas variedades do português, iremos explorar a

hipótese de que PPs locativos podem ocupar a posição de sujeito de sentenças

transitivas em PBP, mas não em PE. Adotando os pressupostos do Programa

Minimalista (Chomsky 2000, 2001), iremos propor que o contraste em questão está

relacionado a propriedades dos traços- presentes em T(empo): partindo da idéia de

que o PBP dispõe de uma versão de T sem traços- a ser valorados, elementos sem

traços-disponíveis acabam por ser licenciados na posição de sujeito de sentenças

produzidas por falantes dessa variedade; em contraste, T finito no PE sempre apresenta

traços- completos, situação que requer a presença de um elemento nominal que

disponha de traços- acessíveis (via probe-goal agreement) a T. O fato de a

concordância sujeito-verbo não ser obrigatória no PBP, como exemplificado em (3)

abaixo, é uma das propriedades que permitem sustentar essa idéia.

(3) os menino bebeu / bebero cerveja

Uma evidência em favor da hipótese de que PPs locativos podem ocupar a posição de

sujeito no PBP está relacionada às sentenças em (4)-(5) a seguir. Em PE, o sujeito nulo

da oração encaixada é interpretado como correferente ao sujeito da matriz em ambas as

construções; em PBP, contudo, Pedro é tomado como sujeito de vender apenas em (4),

mas não em (5). Note-se que o PP locativo ocorre em posição pré-verbal na construção

em (5), condição que nos sugere estar este constituinte ocupando a posição de sujeito da

oração encaixada, evitando que outro elemento seja licenciado na mesma posição.

(4) o Pedroi disse que eci vende roupas naquela loja

(5) o Pedro disse que naquela loja vende roupas

Outro fato relevante diz respeito à emergência de ter como um verbo existencial no PB.

De acordo com Avelar (2008), ter pode ser usado como um verbo existencial em função

de, nessa variedade, o verbo possessivo aceitar PPs locativos em posição de sujeito. Há,

no que tange a essa particularidade, um paralelismo diacrônico que indica existir uma

relação entre a emergência de um novo padrão de concordância e o uso de ter como

existencial: os primeiros dados que revelam o uso impessoal de ter começam a aparecer,

em documentos produzidos no Brasil, na segunda metade do século XIX, período em

que a freqüência de sujeitos nulos começa a decrescer, provavelmente como resultado

de alterações no padrão da concordância sujeito-verbo (Duarte 1995). Correlações dessa

natureza fornecem evidência para a idéia de que a inserção de PPs locativos em posição

de sujeito (que culminou no uso existencial de ter) está relacionada à emergência de um

novo paradigma de concordância no PBP.

Em síntese, existem evidências de que, em contraste com o PE, o PBP dispõe de um

padrão de concordância (com traços- não obrigatórios em T) entre o sujeito e o verbo

que licencia a ocorrência de PPs locativos em posição de sujeito.

Referências

Avelar, J. 2008. On the Emergence of ‗Ter‘ as an Existential Verb in Brazilian

Portuguese. A sair em: Historical Syntax and Linguistic Theory ed. by Paola Crisma

& Giuseppe Longobardi. Oxford: Oxford University Press.

Avelar, J. & S. Cyrino. 2007. Locative Phrases in Subject Position. A Possible

Contribution of Bantu Languages to the Syntax of Brazilian Portuguese.

Apresentado durante o I Colloquium on Change and Variation Romance,

Universidade do Porto, 13-15/12/2007.

Chomsky, N. 2000. Minimalist Inquiries: The Framework. In R. Martin, D. Michaels &

J. Uriagereka. (orgs.). Step-by-step: essays in minimalist syntax in honor of Howard

Lasnik. Cambridge, MA: The MIT Press. 89-155.

Chomsky, N. 2001. Derivation by phase. In M. Kenstowicz (org.). Ken Hale: A life in

language. Cambridge, MA: The MIT Press. 1-52.

Duarte, E. 1995. A perda do princípio „Evite Pronome‟ no português brasileiro.

Doctoral Dissertation. IEL-Unicamp.

PROEMINÊNCIA À ESQUERDA NA DIACRONIA DO PORTUGUÊS:

INOVAÇÃO E CONTINUIDADE

Maria Clara Paixão de Sousa

Universidade de São Paulo, Brasil

I. Objetivos: O trabalho propõe que a gramática do Português Clássico (tal como representada em textos portugueses escritos nos anos 1500-1600) organiza-se em torno da proeminência à esquerda, e apresenta carcterísticas de orientação para o tópico. Essas propriedades teriam se desenvolvido por caminhos divergentes nas variantes modernas da língua. Comparam-se aqui particularmente o Português Clássico (PC) ao Português Brasileiro (PB), sugerindo que a mudança entre eles incide primordialmente sobre as propriedades de sujeito nulo, enquanto a propriedade de saliência à esquerda permanece constante. II. Hipótese: (i) O ponto de partida para uma hipótese estrutural para o PC devem ser a as construções ―XVS‖, com tópicos pré-verbais e sujeitos pós-verbais, que parecem indicar que no PC há uma posição pré-verbal imediata para constituintes proeminentes que não se confunde com a posição de sujeitos. Assim, a codificação de ―Proeminência discursiva‖ nesta gramática pode ser formalizada como a projeção de uma posição mais alta que Tempo e mais baixa que Complementação (cf. 1). (ii) O núcleo funcional nessa posição deve ter três propriedades essenciais no PC: (a) Está incluido em todas as orações, e abriga um constituinte proeminente (tópico ou foco) das projeções mais baixas: se esse constituinte é um complemento de VP, resulta a ordem ―Complemento-V‖; se esse constituinte é o especificador de TP, resulta a ordem ―Sujeito-V‖; (b) Esse núcleo compartilha traços abstratos com os núcleos T e V, de modo que T (contendo V) irá combinar-se a ele. Quando não-especificado, o núcleo de Proeminência (contendo V e T) combina-se ao próximo núcleo não-lexical (C de orações matrizes), o que corresponde à ordem superficial verbo-inicial e à interpretação de ―juízo tético‖ (sentenças sem tópicos); a especificação do núcleo, em contraste, encerra o ciclo ―Proeminência‖, e o núcleo não se combina com C; (c) Á esquerda deste núcleo se adjungem os clíticos pronominais. (iii) O trabalho irá explorar diferentes formalizações para a hipótese, em particular considerando a proposta de RAPOSO E URIAGEREKA (2005) para um núcleo F com o traço forte [citativo] (cf. (2) abaixo), e a de CARDINALETTI (2004) para uma projeção Sujeito da Predicação. III. Desenvolvimento diacrônico: (i) Quanto ao Português Brasileiro (PB): Tendo em vista recentes estudos sobre o PB (cf. entre outros KATO & NEGRÃO, 2000), em particular quanto à ―orientação para o tópico‖, irei discutir a hipótese de que o PB manteve a propriedade de proeminência à esquerda do PC, representada por uma projeção sempre presente, e que abriga tópicos e focos. Os dados do PC e do PB serão comparados quanto a dois aspectos fundamentais: construções de tópico e flexibilidade de diáteses - ou seja, as possíveis combinações verbo-argumento(s) (em especial, à luz das propostas de NEGRÃO & VIOTTI, 2008 para o PB), revelando alguns contrastes e algumas semelhanças intrigantes. O exame dos dados permite sugerir que a diferença central entre o PB e o PC reside na propriedade de ―sujeito nulo‖, que é mais limitada no PB tanto em termos de probabilidade de ocorrência como em termos de contextos de licenciamento. Os textos do PC apresentam alta incidência de sujeitos nulos (de 60% a 80% em sentenças principais), incluindo-se sujeitos nulos referenciais e definidos em contextos não-anafóricos, ao contrário do que mostram os estudos sobre o PB (op. cit). Irei propor que a mudança gramatical do PC ao PB poderia ser modelada como uma reanálise da categoria vazia aceitável como especificador de T(empo) (de um pronome a uma outra categoria, provavelmente anafórica), enquanto a propriedade de proeminência à esquerda teria permanecido constante. Essa reanálise teria sido favorecida por dois fatores: (a) As construções S-V do PC, em que o constutinte sujeito de TP é o constituinte proeminente (o especificador de Proeminência), representado uma instância de um sujeito de TP com propriedade anafórica; (b) As construções Complemento-V-(S nulo) do PC, onde um complemento de VP é o constituinte proeminente (especificando o núcleo de Proeminência, que contém o verbo lexical) e o

sujeito de TP é nulo (cf. (3)-(4)); essas construções seriam relacionadas às construções do PB nas quais complementos de VP aparecem como sujeitos de TP e sujeitos da predicação. Outros contrastes empíricos entre PC e PB remetem à questão da posição do verbo lexical (mais baixo no PB que no PC, de modo que no PB a proeminência de um constituinte não-sujeito não resulta na ordem XVS, como no PC), e à natureza dos clíticos pronominais, que no PB seriam verdadeiros clíticos verbais, portanto mais baixos que no PC (sugerindo um processo de enfraquecimento funcional dos clíticos, no sentido das propostas de Roberts, 2007, para a diacronia dos clíticos no Romance em geral). (ii) Quanto ao Português Europeu (PE): no PC, o núcleo de Proeminência abrigaria tópicos e focos; para RAPOSO &

URIAGEREKA (2005), F no no PE hospeda exclusivamente constituintes afetivos. Nesse sentido, minha análise para o PC nas linhas de uma projeção FP ofereceria evidências diacrônicas para a previsão dos autores sobre a evolução de F no romance em geral. IV. Fundamentação Empírica: (i) Os dados provém de duas fontes: um estudo sobre um corpus de 142 textos escritos entre 1500-1699 (PAIXÃO DE SOUSA em curso), e um trabalho anterior (PAIXÃO DE SOUSA, 2004) de textos escritos entre 1500-1800 (927.706 palavras, 13.841 sentenças finitas), que mostrou uma mudança nos padrões de freqüência de colocação de clíticos e posição de sujeitos nas primeiras décadas dos anos 1700, revelando o fim da gramática do Português Clássico. (ii) A hipótese (2) cobre adequadamente os padrões de ordem de constituintes atestados nos textos, bem como seus padrões de freqüência. Em particular, explica as diferenças nas proporções e interpretações de sujeitos pré-verbais e pós-verbais nesses textos (cf. 5); e os padrões superficiais de colocação de clíticos (cf. 6). Os clíticos pronominais não seriam clíticos verbais, mas clíticos a F; suas diferentes posições superficias em relação ao verbo lexical corresponderiam às diferentes situações finais de F (especificado, ou em C), de forma que ―ênclise ou próclise‖ ao verbo lexical correspondentem, ambas, à próclise estrutural a F. Isto cobre os fatos categóricos da colocação de clíticos no PC: (a) não se atesta a ―ênclise‖ após operadores ou constituintes fronteados de VP (ex., *Complemento-Vcl); (b) não se atesta a ―ênclise‖ em domínios encaixados; (c) não se atesta a ―próclise‖ em posição superficial absoluta nas matrizes. Quanto aos assim chamados ―ambientes de variação‖, todas as ordens X-cl-V correspondem a X especificador de F (incluindo X = Sujeito); e as ordens X-Vcl são sub-casos de V-cl em posição inicial absoluta, nos quais X é um adjunto de CP. Para esta reformulação de uma idéia tradicional (cf. SALVI, 1993), trago justificativas independentes observando que a adjunção restringe-se a constituintes que não fazem parte da frase argumental: não-argumentos, e argumentos duplicados como tópico de discurso (incluindo sujeitos, cf. GALVES, BRITTO & PAIXÃO DE SOUSA, 2006).

(1) [COMPLEMENTAÇÃO [PROEMINÊNCIA [TEMPO [PREDICADO

LEXICAL ]]]]

(2) (a) [CP C [FP YP (cl)-F-T-v-V [TP XP T-v-V [vP XP v-V [VP V YP ZP ]]]]]

(b) [CP C [FP XP (cl)-F-T-v-V [TP XP T-v-V [vP XP v-V [VP V YP ZP ]]]]]

(c) [CP C-F-v-V [FP (cl)-F-T-v-V [TP XP T-v-V [vP XP v-V [VP V YP ZP ]]]]]

(3) ―Este Macao he muito formoso: he todo preto espargido de verde, que lhe dá muita

graça, e quando lhe dá o sol fica tão resplandecente que he para folgar de ver; os pés

tem amarellos, e o bico e os olhos vermelhos‖ (1585)

... [FP Os pés-i tem [TP pro [vP ... t-i amarellos... ('The feet has-3S yellow'):

(4) ―Por me parecer que a podia cobrar, mandei dar o traquete da gávea, metendo a nao até

o meo do convés por debaxo do mar. Em dando, o traquete me quebrou em dois

pedaços‖ (1530): ('The foremast broke me in two pieces')

... [FP O traquete-i me quebrou [TP pro / t-i [vP ... t-i em dois pedaços ...

(5) (a) [CP [FP Isso deram [TP eles/pro [vP... a mim ... 'This gave

(they) to me'

(b) [CP [FP Eles deram [TP t-i [vP... isso a mim ... 'They gave this

to me'

(c) [CP Deram [FP [TP eles/pro [vP... isso a mim... 'Gave (they)

this to me'

(6) (a) [CP [FP Isso me deram [TP eles/pro ... 'This me gave

(they)'

(b) [CP [FP Eles me deram [TP t-i [vP... isso .. 'They me gave

this'

(c) [CP Deram [FP me [TP eles/pro [vP... isso ... 'Gave me

(they) this'

(d) [CP que [FP me deram [TP eles ... '...that me gave

they'

_____________________________________________________________________

SOBRE LA NOCIÓN DE PARCIALMENTE (NO) PRO-DROP EN LAS

LENGUAS ROMÁNICAS

Andrés Saab

Universidad Nacional del Comahue, Argentina

El problema: Entre las lenguas románicas, pueden encontrarse, además de los extremos

básicos bien descriptos en la bibliografía (español, francés, etc.), dos tipos de lenguas de

difícil caracterización en lo que al parámetro pro-drop concierne. Nos referimos al

portugués brasileño (PB) y a muchos dialectos del norte de Italia (por ejemplo, el

trentino). El PB es una lengua que presenta todas las características de las lenguas no

pro-drop (ausencia de sujetos pronominales nulos en cláusulas matrices, ausencia de

libre inversión cada vez más acentuada, sujetos preverbales en cláusulas absolutas,

empobrecimiento de la concordancia, etc), con algunas excepciones notables, como, por

ejemplo, la ocurrencia de sujetos nulos de tercera persona en cláusulas subordinadas o

sujetos nulos con interpretación genérica o cuasi-argumental (cf. 1) (cf., entre otros,

Kato 1999 y 2000, Ferreira 2000, Rodrigues 2004, y Barbosa et al 2005). El trentino,

por el contrario, presenta muchas de las características de las lenguas pro-drop tales

como el tener una concordancia rica y tener sujetos referenciales post-verbales, pero con

algunos sujetos obligatorios (cf. los ejemplos de 2 y Safir 1986 y Brandi & Cordin

1989, entre muchos otros).

(1) a. Tá chovendo.

b. Aqui pode fumar.

c. O João disse que comprou um carro. (Kato 1999)

(2) a. el Mario el magna. b. el magna.

the Mario he-eats he-eats

c. *Magna. d. magna el Mario

eats eats the Mario (Safir 1986)

Si bien estas propiedades son bien conocidas, no hay en el presente ninguna teoría

unificada que explique la existencia de estos dos tipos de lenguas (con la excepción de

Kato 1999). Es el objetivo de este trabajo dar cuenta –parcialmente- de algunos de los

aspectos relevantes del parámetro que divide a las lenguas románicas en los tipos

señalados.

El análisis: Siguiendo a Holmberg (2005), entre otros, argumentamos que el carácter

nulo de un sujeto se determina post-sintácticamente. Los primitivos básicos de nuestro

análisis son las palabras morfológicas (PMs) y las sub-palabras (SubPs). Con Embick

& Noyer (2001), definimos una PM como el segmento más alto de un X0 que no está

contenido en otro X0, mientras que X

0 es una SubP solo si no es una PM. En concreto,

proponemos que en la FF opera un tipo de elipsis que afecta solo PMs bajo condiciones

de adyacencia o localidad inmediata (en el sentido de Embick & Noyer 2001). La

consecuencia directa de esto es que las SubP no pueden estar sujetas a elipsis

independientemente. Ahora bien, el contexto relevante para la elisión de un sujeto

pronominal se crea mediante la introducción en la morfología de un morfema de

concordancia que se obtiene mediante el copiado en T de los rasgos flexivos del sujeto

en el especificador del TP (cf. Halle & Marantz 1993). Dicha regla satisface las

condiciones necesarias para la elisión de un sujeto. Dado que el pronombre sujeto en

Esp,TP y el nodo disociado adjuntado a T mediante concordancia están en relación de

adyacencia e identidad (uno es la copia del otro), la elipsis morfológica puede aplicarse

sobre el núcleo del sujeto pronominal (que, asumimos, es un DP). Nótese que la regla

no puede elidir el morfema de concordancia mismo, puesto que este es una SubP (cf.

3a). Asimismo, la teoría esbozada hace una predicción importante, a saber: que si una

lengua, aun asociada con todas las propiedades de las lenguas pro-drop, posee una regla

de adjunción de D a T, entonces la elipsis del sujeto quedará bloqueada

automáticamente. Esto es exactamente lo que proponemos para las lenguas como el

trentino (cf. 3b):

Español Trentino

(3) a. TP b. TP

3 3

DP T‘ DP T‘

# V # V

D

T

vP T

vP

[rasgos-φ] V ... V

T CONC D T

V [rasgos-φ] [rasgos-φ] V

v T T CONC

V V [rasgos-φ]

v

√ +

v T

El hecho de que en trentino los clíticos sujeto se comporten como SubPs recibe

confirmación independiente de una serie de diagnósticos bien establecidos, como la

imposibilidad de coordinarse entre sí, entre otros que discutiremos:

(4) *La e la Maria è vegnude algeri.

she and the Mary are come yesterday (Cardinaletti & Starke 1999)

Finalmente, la teoría predice que si la regla de concordancia no se aplica en una lengua

dada o si el conjunto de rasgos ha sido sistemáticamente empobrecido por alguna regla

morfológica entonces los sujetos nulos no deberían ser posibles en esa lengua. Esta

primera aproximación parece plausible para caracterizar el caso del PB, una lengua en la

que la morfología flexiva se ha empobrecido considerablemente. No obstante, bajo los

supuestos antes esbozados, esta explicación solo puede dar cuenta parcialmente del

problema, puesto que surge la pregunta de cómo relacionar ahora la correlación entre la

pérdida de los sujetos nulos con la aparición del conjunto de propiedades sintácticas

asociadas a las lenguas no pro-drop. Bajo supuestos estándares, las operaciones

morfológicas no bloquean las operaciones sintácticas.

Nuestra respuesta al problema es que, en sentido estricto, la introducción de morfemas

disociados debe pensarse como un modo de satisfacción del EPP. En otras palabras, si

una lengua no chequea el EPP en la morfología lo debe hacer en la sintaxis. El EPP es

considerado aquí como la necesidad de que T esté asociado con un rasgo D. Si D, un

rasgo no interpretable sobre T, es introducido directamente en la sintaxis, entonces un

DP que satisfaga las condiciones de localidad relevantes se mueve al especificador del

TP y cancela el rasgo D para la FL. Este es el caso general en las lenguas no pro-drop y

proponemos que es lo que está sucediendo actualmente en el PB. Desde esta

perspectiva, se deriva al mismo tiempo la ausencia de libre inversión y de sujetos nulos

referenciales. En las lenguas pro-drop, en cambio, dado que T se asocia con D en la

morfología, no existe el requisito de que el sujeto se mueva al especificador de la

flexión. De ahí, los efectos de libre inversión en este tipo de lenguas.

En cuanto a los sujetos nulos de tercera persona en PB, propondremos -si bien nuestras

observaciones solo pueden ser provisorias- que se derivan mediante mecanismos

sintácticos y no morfológicos. Esto significa que son identificados en la sintaxis

mediante principios de este componente (mando-c, localidad, etc). Cuando el

mecanismo de identificación falla, se interpretan genéricamente. En este aspecto,

adoptaremos sin mayor discusión la propuesta de Holmberg (2005), según la cual los

sujetos de tercera persona nulos en finlandés son φPs con un rasgo D no interpretable

que es cancelado por un rasgo D en T. En cualquier caso, vale la pena señalar que un

análisis en términos de movimiento (cf. Ferreira 2000 y Rodrigues 2004) es también

compatible con la propuesta hecha aquí.

Extensiones del análisis: (A) El análisis propuesto tiene consecuencias más allá del

dominio empírico de los sujetos nulos. En concreto, permite diagnosticar cuándo un

objeto gramatical es una PM o una SubP. Esto será corroborado con una breve

descripción de los clíticos pronominales en español rioplatense que, como veremos,

comparten todas las propiedades de los clíticos sujeto del trentino. O sea, son SubPs.

(B) Asimismo, mostraremos que dominios empíricos aparentemente no relacionados se

siguen de nuestra definición de elipsis de núcleo. Nos referimos, concretamente, a

ciertas generalizaciones empíricas en relación con el borrado de cadenas nucleares y a la

realización de copias bajas en algunas lenguas. En cuanto al borrado de cadenas

nucleares, argumentamos que está sujeto a condiciones similares de licenciamiento e

identidad morfológicas que las definidas para los sujetos nulos y que esto permite

explicar ciertas cuestiones hasta ahora misteriosas como, por ejemplo, el hecho de que,

en las lenguas que tienen elipsis del SV más movimiento de V a T (el PB, por ejemplo),

haya identidad estricta de núcleos verbales en esos contextos de elipsis. En lo que

respecta a la realización múltiple de copias bajas, esto se sigue de la generalización de

Nunes (2004), según la cual este fenómeno supone un proceso de reanálisis morfológico

de las copias involucradas (en nuestros términos, la copia desciende/se

adjunta/incorpora a una categoría funcional independiente) y de la hipótesis de que las

SubPs no pueden estar sujetas a elipsis de ningún tipo (no solo a la elipsis nuclear). Por

definición, una copia incorporada como núcleo es una SubP, razón por la cual no

pueden eliminarse mediante el mecanismo propuesto.

Referencias

Barbosa, Pilar, Maria Eugênia Duarte & Mary Kato (2005) ―Null Subjects in European

and Brazilian Portuguese‖. Journal of Portuguese Linguistic 4: 11-52; Brandi, Luciana

& Patrizia Cordin (1989) Two Italian Dialects and the Null Subject Parameter. In The

null subject parameter, ed. por Osvaldo Jaeggli & Ken Safir, 111-142. Dordrecht:

Kluwer; Embick, David & Rolf Noyer (2001). Movement Operations after Syntax.

Linguistic Inquiry 32 (4): 555-595; Ferreira, Marcelo (2000) Argumentos Nulos em

Português Brasileiro. Master Thesis, UNICAMP; Halle, Morris & Alec Marantz.

(1993). ―Distributed Morphology and the pieces of inflection‖. The view from Building

20 ed. by Hale, Ken & Samuel Keyser, 111-176. Cambridge: MIT Press.; Holmberg,

Anders (2005) Is There Little Pro? Evidence from Finish. Linguistic Inquiry 36: 533-

564; Kato, Mary (1999) Strong and weak pronominals in the Null Subject Parameter.

Probus 11: 137; Nunes, Jairo (2004) Linearization of Chains and Sidewards Movement.

Cambridge, Mass.: MIT press; Rodrigues, Cilene (2003) Impoverished Morphology and

A-Movement out of Case Domains. Phd. diss., University of Maryland; Safir, Ken

(1986) Subjects Clitics and the NOM-DROP Parameter. In: Syntax and Semantics 19:

The Grammar of Pronominal Clitics, ed. por Borer H. & Y. Grodzinsky, 333-356. New

York: Academic Press.

A ESTRUTURA SINTÁTICA DE SENTENÇAS ERGATIVAS NO PORTUGUÊS

BRASILEIRO (PB)

Esmeralda Vailati Negrão e Evani Viotti

Universidade de São Paulo, Brasil

Esta apresentação tem o objetivo de explorar algumas características das construções

ergativas do português brasileiro (PB), mostrando que essa língua está expandindo a

classe de verbos que participam dessa construção, distanciando-se do português europeu

(PE). Vamos comparar essa estratégia de impessoalização do PB com construções do

português europeu analisadas por Raposo & Uriagereka (1996) e derivar conseqüências

para a postulação de diferenças na estrutura sentencial das duas línguas, tomando por

base a proposta de Ambar (1996 – 2006).

Exemplos das construções que nos interessam são os seguintes:

(1) Minha chácara está dando estas jabuticabas deliciosas.

(2) O xerox fica fazendo enquanto a gente vai almoçar.

(3) Com a reforma, meu jardim destruiu inteirinho.

(4) Esse prédio tá construindo desde que vendeu o terreno onde era a casa do vovô.

Para Raposo & Uriagereka, 1996, em estruturas do PE como

(5) Ontem compraram-se demasiadas salsichas

(6) Essas salsichas compraram-se ontem no talho Sanzot,

se o movimento do objeto não é um caso de movimento de NP, o DP objeto que

concorda com o verbo não está na posição [Spec-Infl], mas sim numa posição na

periferia à esquerda e, portanto difere da passiva perifrástica correspondente. Ele tem

propriedades mistas tanto de sujeito quanto de objeto e essa construção exibe um

comportamento parcial de passiva e de ergativa. Ainda para os autores, se é um

argumento externo sintaticamente ativo, mas morfologicamente defectivo por não ter

traços φ de pessoa e número. Essas construções envolvem dois argumentos: se se

move para a posição [Spec-Infl] e bloqueia o movimento do objeto para essa posição; lá

ele checa o traço [D] de T, mas, por ser defectivo, não checa os traços φ e o traço de

caso nominativo de T; essa checagem é feita pelo objeto na posição de Spec de uma

projeção funcional na periferia à esquerda.

Seguindo Ambar (1998, 2006), podemos explorar a idéia de que a diferença entre PB e

PE está no fato de que em PB, V não se move para C porque não pode sair de dentro de

vP; a perda das especificações de concordância gera uma inativação da categoria Tense;

sendo assim, a checagem de traços é feita por agree dentro de vP. Nossa idéia é a de

que, no caso do PB, seguindo o que já expusemos em Negrão & Viotti (2000), os DPs

se movem para posições na periferia à esquerda, para se tornar sujeitos de predicação.

Essa idéia está sendo corroborada por Rizzi (2004), quando propõe que o EPP é a

manifestação de um Critério Sujeito, segundo o qual um núcleo nominal em uma

posição funcional mais alta atrai um sintagma nominal e determina a articulação sujeito-

predicado,da mesma maneira que outros núcleos determinam as relações tópico-

comentário e foco-pressuposição.

Referências

AMBAR, M. (1998). Inflected infinitives revisited: genericity and single event.

Canadian Journal of Linguistics, 43(1): 5-36.

AMBAR, M. (2006) Verb movement and tense – EPP and T-completeness.

Proceedings of the XXXII Incontro di Grammatica Generativa, Firenze: 1-20.

NEGRÃO, E.V. & VIOTTI, E.C. (2000) Brazilian Portuguese as a discourse-oriented

language. In: M.A. Kato & E.V.Negrão (eds.) Brazilian Portuguese and the Null

Subject Parameter. Frankfurt, Editorial Vervuert/Iberoamericana: 97 – 116.

RAPOSO, E. & URIAGEREKA, J. (1996) Indefinite Se. Natural Language and

Linguistic Theory, 14: 749-810.

RIZZI, L. (2004) On the form of chains: criterial positions and ECP effects. Ms.

University of Siena.

______________________________________________________________________

O PREENCHIMENTO DA POSIÇÃO DE SUJEITO DE INFINITIVO NO PB:

MUDANÇA PARAMÉTRICA OU PROEMINÊNCIA DE TÓPICO?

Silvia Regina de Oliveira Cavalcante e Maria Eugenia L. Duarte

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil

O licenciamento do sujeito de infinitivo tem sido relacionado ao Infinitivo

Flexionado, que garante o seu Caso Nominativo. Desse modo, as línguas românicas de

sujeito nulo, que não têm infinitivo flexionado (italiano, espanhol e romeno) apresentam

um leque limitado de opções para que um elemento apareça na posição de sujeito de

infinitivo (como no caso do italiano para as sentenças com verbos inergativos e

transitivos, de um lado, e inacusativos e cópula, de outro, como mostram os exemplos

em (1) de Cinque (1988). As línguas de sujeito nulo que apresentam infinitivo

flexionado, como o Português (cf. Raposo, 1987), por outro lado, permitiriam um

sujeito de infinitivo sem restrições (como se vê nos exemplos em (2) de Cinque (1988).

Assim, seria natural esperar que as sentenças não finitas se comportassem como as

sentenças finitas no que tange à posição de sujeito; em outras palavras, as mesmas

restrições à ocorrência de um sujeito nulo ocorreriam tanto em sentenças finitas quanto

não finitas, devido às condições de licenciamento e identificação que legitimam uma

categoria vazia.

Onde o português brasileiro (PB) se encaixa nesta história? O PB atual apresenta

uma natureza parcialmente pro-drop (Kato, 1999, Rodrigues, 2002), com os sujeitos

nulos apresentando um comportamento diferente dos sujeitos nulos do Português

Europeu (PE) (veja Barbosa, Duarte e Kato, 2005). Essa diferença tem sido relacionada

à sua interpretação e não ao seu licenciamento (Moreira da Silva, 1983; Figueiredo

Silva, 1996; Galves, 2001; Cavalcante, 2006, entre outros). No que se refere à natureza

dos sujeitos nulos referenciais do PB, todas as análises defendem que eles não se

comportam como um pro, mas sim, como um sujeito controlado por um antecedente na

sentença matriz (ex. 3a) e/ou por um antecedente na posição de sujeito do contexto

anterior (ex. 3b).

O fato é que os sujeitos referenciais tendem a ser expressos não só em sentenças

finitas, mas também em sentenças infinitivas, como apontado por Figueiredo Silva

(1996). Estudos recentes (Cavalcante, 2006; Cavalcante e Duarte, 2007) revelam que os

sujeitos de referência arbitrária em sentenças infinitivas do PB tendem a ser expressos

por pronomes nominativos, como você e a gente (exemplos em 4), o que levanta um

problema para a teoria, porque essas formas pronominais devem ser licenciadas e

interpretadas. Se a natureza pro-drop parcial do PB está relacionada ao seu sistema de

concordância, isso deve afetar, de algum modo, o infinitivo flexionado.

O objetivo deste trabalho é analisar os sujeitos infinitivos de referência arbitrária

do PB e do PE com base na seguinte discussão: (a) o preenchimento da posição de

sujeito está relacionado à mudança na remarcação do Parâmetro do Sujeito Nulo? (b) se

estiver, como explicar que uma língua parcialmente orientada para o discurso como o

PB permita o Infinitivo Flexionado, contradizendo algumas análises que relacionam o

Infinitivo Flexionado ao Parâmetro do Sujeito Nulo (cf. Raposo, 1987; Cinque, 1988;

Dobrovie-Sorin, 1998)? A análise quantitativa está baseada em amostras de fala do PB e

do PE contemporâneos.

(1) a. Sembra non essersi ancora scoperto il vero colpevole.

Seems not to have si found the truly culprit

b. Sembra non essersi lavorato a sufficienza.

Seems not to have si worked enough

c. *Sembra essersi arrivati troppo tardi.

Seems to have si arrived very late

d. *Sembra non essersi benvenuti qui.

Seems not to be si welcome here

(2) a. Seria melhor descobrir-se o culpado

It would be better to find se the culprit.

b. Seria melhor trabalhar-se um pouco mais.

It would be better to work se a little more.

c. Seria melhor chegar-se pontualmente

It would be better to arrive se on time.

d. Seria melhor não se ter preocupado ninguém

It would be better not to have se worried anybody.

e. Seria melhor ser-se rico.

It would be better to be se rich.

(3) a. Maria disse que estava aborrecida

Mary said that Ø was upset

b. Maria saiu. Estava aborrecida

Mary left. Ø was upset.

(4) a. É muito gostoso a gente analisar isso, é muito bonito. (spoken BP)

It is very nice to a gente (the people) analyze this, it is very beautiful.

b. Você alimentar uma família é uma arte (spoken BP).

Você (you) to raise a family is an art.

Referências:

Barbosa, P., Duarte, M. E. L. and Kato, M. (2005) Null subjects in European and

Brazilian Portuguese. Journal of Portuguese Linguistics, v. 4, n. 2: 11-52.

Cavalcante, S. R. de O. (2006) O uso do se com infinitivo na História do Português: do

Português Clássico ao Português Europeu e Brasileiro Modernos. PhD. Dissertation,

Instituto de Estudos da Linguagem / Unicamp.

Cavalcante, S. R. de O. & Duarte, M. E. L. (2007) The subject position of infinitival

sentences in European and Brazilian Portuguese. 4th International Conference on

Language Variation in Europe (ICLaVE).

Cinque, G. (1988) On si constructions and the theory of ARB. Linguistic Inquiry: 19:

521-581.

Dobrovie-Sorin, C. (1998) Impersonal se constructions in Romance and the

passivization of unergatives. Linguistic Inquiry, 29: 399-437.

Figueiredo Silva, M. C. (1996) A posição sujeito no português brasileiro. Campinas,

SP: Unicamp.

Galves, C. (2001) Ensaios sobre as gramáticas do português. Campinas, SP: Pontes /

Unicamp.

Kato, Duarte and Barbosa 2005.

Kato, M. (1999) Strong and weak pronominals and the Null Subject Parameter. Probus.

11: 137.

Moreira da Silva, S. (1983) Études sur la symetrie et l'asymetrie SUJET/OBJET dans le

Portugais du Brésil. PhD. Dissertation. Université Paris VIII.

Raposo,E. (1987) Case Theory and INFL-to-COMP: The Inflected Infinitive in

European Portuguese. Linguistic Inquiry, 18:85-109.

Rodrigues, C. (2002) Deriving referential Brazilian Portuguese null subjects from

movement. Ms. University of Maryland at College Park.

INFINITIVAS (NÃO)-FLEXIONADAS NO PORTUGUÊS DO BRASIL: CONCORDÂNCIA VARIÁVEL COMO UMA PROPRIEDADE ESTÁVEL

Heloisa, Salles e Poliana Rabelo Universidade de Brasília, Brasil

Construções com infinitivo flexionado no português têm sido um tópico bastante

estudado na tradição gerativista (cf. Perini (1977), Raposo (1987), Galves (1991/1999), Ambar (1992), Madeira (1995), Pires (2001), entre outros). Uma propriedade relevante dessas construções é a presença de um sujeito lexical (nominativo) do infinitivo (cf. (1)).

(1) O professor lamenta [os alunos/ eles saírem] Nesse aspecto, orações com infinitivo flexionado comportam-se como orações

finitas (cf. (2) vs. (1)), com a diferença de que não aparecem em contextos de oração principal (cf. (2) vs. (3)).

(2) O professor lamenta [SUBJ que os alunos saiam] (3) *Os alunos/ Eles saírem Orações infinitivas flexionadas também compartilham uma série de propriedades

com as orações com infinitivo não-flexionado. Em particular, como demonstram diversos estudos, desde os de gramáticos tradicionais, a presença e ausência de flexão no infinitivo alternam em diversos contextos. Esse padrão de variação é encontrado já em estágios anteriores do português (cf. (4) vs. (5) – exemplos de Said Ali (1921/2001:252)):

(4) Vy estes portugueeses asi revolver a lide e ferir tã estranhamente (Nunes, Crest. Arc.)

(5) Vimos as Ursas, a pesar de Juno, banharem-se nas águas de Neptuno (Camões, Os Lus)

Fatos similares são mostrados em Mateus et al. (2003: 648) e Bechara (1999) para o português europeu (PE) e para o português do Brasil (PB) modernos, respectivamente.

O presente estudo concentra-se nos padrões de variação encontrados em complementos infinitivos de verbos causativos (cf. (6)) (cf. também Gonçalves (1999)):

(6) Maria fez/ mandou os alunos estudar(em)

Conforme a literatura (cf. Burzio 1986, Guasti 1993, entre outros), em (6), a variante com infinitivo não-flexionado corresponde à chamada causativa românica, na qual o argumento causado é licenciado no domínio sintático do verbo causativo, o que é confirmado em contextos de pronominalização, em que o infinitivo flexionado não é licenciado (cf. Maria mandou-osACC estudar(*em); Maria mandou-lhesDAT comer(*em) a torta). A variante com infinitivo flexionado, por sua vez, envolve a atribuição de Caso nominativo no domínio do predicado encaixado.

A variação no padrão flexional no infinitivo também ocorre no PB. Entretanto, devido à neutralização morfofonológica na codificação dos pronomes sujeito e objeto direto no PB, a pronominalização deixou de ser evidência para as duas variantes (cf. (7)) – diferentemente do que foi apresentado acima para o PE:

(7) Maria mandou eles estudar(em)

Uma possibilidade de se analisar os fatos em (7) é considerar que a variante não-flexionada tem origem na configuração com o infinitivo flexionado, processo esse que encontraria correlato na simplificação do paradigma flexional de formas finitas no PB, já discutido na literatura (cf. Galves 1993). Essa hipótese, no entanto, não explicaria a ocorrência da configuração em que o argumento relevante é licenciado no domínio do predicado causativo. De fato, a neutralização pronominal citada anteriormente (relacionada também à perda dos clíticos de 3ª pessoa) não deve ter afetado as propriedades de atribuição de Caso do predicado matriz. O padrão de variação permanece, assim, sem explicação.

Neste trabalho, propõe-se que a estabilidade do padrão de variação manifestada na flexão do infinitivo relaciona-se ao fato de que as variantes surgem em configurações distintas, tanto no PE quanto no PB. Seguindo-se a análise de Kayne (2000) para as construções causativas do inglês e do francês, assume-se que a ocorrência da configuração relacionada à variante não-flexionada no PB é determinada parametricamente por propriedades gramaticais que licenciam o objeto indireto, que permite a ocorrência da construção de objeto duplo (COD) no PB (cf. Ramos (1992), Bittencourt (1995), Scher (1996), exatamente como em inglês (cf. Salles (1997), Andrade (2002)). Assim, no PB (e no inglês), a construção causativa com infinitivo não-flexionado é mono-oracional, sendo o argumento causado licenciado no especificador de um núcleo funcional acima do verbo causativo, ou seja, no núcleo AgrOI. Em PE e (em francês), essa construção também seria mono-oracional, mas como nessa línguas não há COD, um núcleo (funcional) preposicional que lexicaliza o traço dativo tanto em construções causativas quanto em bitransivas é encontrado acima de AgrOI. Movimento de núcleo e de XP, assim como movimento remanescente de XP, aplicam-se para dar origem à ordem apropriada (cf. (8) e (9), respectivamente):

(8) ...Lia fez [AgrOIP os alunos [AgrOI‘ fez [VP{CAUS} Lia [V‘ fez [VP os alunos comer a torta ]]]]]

(9) …[IP Lia [I‘ fez [PP [VP{CAUS} [Lia] [VP{caus} fez [os alunos comer a torta]]] [P‘ a [AgrOIP

os alunos [AgrOI‘ fez [VP{CAUS} os alunos [V‘ fez [VP os alunos comer a torta]]]]]]]

Essa proposta prevê que as seguintes condições são necessárias para que o padrão de variação seja encontrado: (i) mecanismos gramaticais para o licenciamento do DP devem estar disponíveis tanto do predicado mais alto quanto no mais baixo; (ii) esses mecanismos devem poder alternar, o que requer uma forma de união de orações ou de operação de reestruturação. As chamadas causativas românicas correspondem à situação em que o predicado mais alto está ativado, o único mecanismo disponível na maioria das línguas românicas, nas quais não há infinitivo flexionado.

Interessante mencionar que, no dialeto do sul da Calábria, ocorre justamente o contrário, o argumento causado é licenciado no predicado mais baixo. Conforme Roberts e Roussou (2003: 88-89), nesses dialetos, há uma série dupla de complementadores, que ocorrem respectivamente com verbos declarativos/epistêmicos (construções nas quais o tempo dos complementos é livre) e com verbos encontrados em contexto de união de orações (construções em que o tempo do complemento é anafórico). Como o infinitivo é altamente restrito nesses dialetos, em contextos de união de orações, onde o infinitivo (não-flexionado) ocorre nas outras línguas românicas, é encontrada uma forma verbal finita. Essa construção é ilustrada em (10), em que a oração subordinada é introduzida pelo complementador mu (o complementador de ‗união de orações‖), e o causado é (obrigatoriamente) licenciado no domínio encaixado (dada a flexão do verbo mais baixo):

(10) Dassati mu li cuntu

Let-2pl prt them count-1sg ‗Let me count them‘

Outras construções também merecem atenção, como as do tipo believe, que selecionam orações independentemente marcadas para tempo, estando os efeitos da reestruturação, portanto, ausentes (assim como a variação no uso da flexão em PE, como mostra (11). Como o infinitivo (flexionado) é subespecificado para tempo (cf. Stowell (1981)), o tempo dessas orações é interpretado anaforicamente, com a realização do auxiliar na periferia esquerda da oração subordinada, uma condição para o licenciamento do sujeito do infinitivo da encaixada (cf. (11)) (cf. Raposo (1987), Madeira (1995)). Uma construção similar é encontrada no italiano, que envolve o chamado movimento ‗AUX-to-comp‘ (cf. (12)) (cf. Rizzi 1982)).

(11) Creio [ter*(em) os alunos chegado] (12) Credo [essere Paolo arrivato]

A realização do auxiliar na periferia esquerda da oração é analisada como uma condição pra a interpretação anafórica do tempo (da oração subordinada) estando em consonância com a teoria de fases de Chomsky (2001).

REDOBRO E CONTROLO

Pilar P. Barbosa,Universidade do Minho/CEHUM, Portugal

1. Introdução

Szabolsci (2007) discute evidência que sugere que há línguas em que as completivas

infinitivas em construções de controlo e elevação podem ter sujeitos expressos. A

generalização descritiva formulada por A. Szabolsci é a seguinte:

(1) Os sujeitos expressos de orações infinitivas em construções de controlo só podem

ser pronomes. Os sujeitos expressos de orações infinitivas em construções de

elevação podem ser pronomes ou expressões nominais não pronominais.

Os dados de Szabolsci (2007) provêm de uma variedade de línguas, como o

húngaro, italiano, espanhol, romeno, português do Brasil, turco, hebraico moderno,

russo e finlandês. A. Szabolsci observa que estas línguas diferem do inglês, holandês,

alemão ou francês, que não admitem qualquer tipo de sujeito expresso em construções

infinitivas. No caso do primeiro grupo de línguas, há uma subdivisão: o finlandês, o

russo e (provavelmente) o hebraico moderno só admitem sujeitos expressos em

construções de elevação. As restantes línguas evidenciam sujeitos expressos também em

construções de controlo, de acordo com o padrão descrito em (1). Szabolsci sugere que

a Propriedade do Sujeito Nulo poderá estar relacionado com este fenómeno. Com efeito,

se exceptuarmos o português do Brasil, que será discutido na comunicação, as línguas

que admitem sujeitos expressos tanto em construções de controlo como em construções

de elevação são consistentemente Línguas de Sujeito Nulo (LsSN). O russo, o finlandês

e o hebraico moderno são línguas com pro-drop parcial apenas. Nesta comunicação,

apresento uma teoria explicativa deste fenómeno que procura captar as diferenças entre

os três conjuntos de línguas.

2. Os dados

Os seguintes exemplos do português europeu (PE), inspirados nos dados do italiano de

Szabolsci (2007), ilustram o fenómeno em estudo:

Construções de controlo

(2) Não quer ir para Milão só ele.

[a] Não é só ele que quer ir para Milão.

[b] (Elei) não quer que seja o caso que vá só elei a Milão.

(3) Não quer ir só ele para Milão.

[a] * Não é só ele que quer ir para Milão.

[b] Elei não quer que seja o caso que vá só elei a Milão.

(2) tem as duas interpretações indicadas, mas (3) não é ambígua. Em (2) o

pronome focalizado pode ser o sujeito da matriz ou o sujeito da oração encaixada. A

única análise possível de (2), porém, é aquela em que o pronome focalizado é o sujeito

da oração subordinada. O contraste entre (2) e (4) revela que o sujeito da oração

infinitiva só pode ser um pronome:

(4) Não quer ir para Milão só o João.

[a] Não é só o João que quer ir para Milão.

[b] * Elei não quer que seja o caso que vá só o Joãoi a Milão.

Construções de elevação

Os exemplos que se seguem não são ambíguos: o pronome focalizado não pode ser

interpretado com escopo sobre a frase raiz , o que sugere que pertence à oração

subordinada:

(5) Não pareço cantar só eu nesta gravação.

‗Não parece ser o caso que só eu canto nesta gravação‘

(6) Não parece cantar só o João nesta gravação.

‗Não parece ser o caso que só o João canta nesta gravação‘

Tanto os casos de controlo como os casos de elevação podem conter mais do que um

sujeito:

(7) Só o João quer ir só ele para a escola.

(8) O João começou a receber prendas só ele.

3. Análise

De acordo com algumas teorias (cf. Barbosa l995, Kato l999 Alexiadou and

Anagnostopoulou l998), o que caracteriza as LsSN consistentes (do tipo do italiano) é o

facto de a Concordância ser nominal ou [+D/N]. Dito por outras palavras, o afixo de

concordância tem o comportamento de uma categoria pronominal fonologicamente

expressa como um afixo no verbo elevado para T. Nesta análise, o afixo verbal verifica

os traços não interpretáveis de T incluindo o EPP. Por consequência, os sujeitos

(expressos ou nulos) não se elevam para Spec-TP, facto de que resulta a

tradicionalmente designada ―inversão livre‖:

(9) a. Telefonou a Maria b. [ [T telefonoui ] [vP a Maria ti ]] (PE)

Uma questão levantada por esta análise é qual o mecanismo mediante o qual é

verificado o traço de Caso do sujeito. Alexiadou and Anagnostopoulou l998 propõem

uma análise em termos de redobro clítico apenas no caso das línguas que têm redobro

clítico de objectos como o espanhol e o grego. Nesta comunicação, defendo que os

dados discutidos por Szabolsci (2007) podem ser usados como evidência para a

extensão desta análise a todas as LSN pleno (do tipo do italiano).

Proponho que (9a) deverá ser analisada da mesma forma que as construções de

redobro com dativos em línguas como o espanhol e o romeno: o afixo de concordância

verifica o EPP e atribui um valor aos traços não interpretáveis de T. Sendo um núcleo,

actua como sonda e encontra um alvo activo com os mesmos traços-phi em Spec,V/VP

– o DP a Maria em (9b) – que verifica o seu Caso mediante concordância de traços com

a sonda. Em síntese, nas LsSN, o sujeito argumental (lexical ou nulo) não estabelece

uma relação directa com T, sendo que relação em causa é invariavelmente mediada

pelo afixo de concordância verbal.

No caso das construções de elevação (5-6), a análise é simples: não há pro

expletivo e o afixo de concordância verbal na matriz estabelece uma relação de AGREE

como o sujeito in situ da encaixada. De acordo com A. Szabolsci, as LsSN, o finlandês

e o russo têm um comportamento semelhante nestes casos. Este facto encontra

explicação no pressuposto de que em todas estas línguas os sujeitos podem permanecer

in situ e estabelecer uma relação de concordância à distância com a sonda com a qual

concordam. Com efeito, Holmberg (2005) mostra que os sujeitos podem permanecer in

situ em finlandês and Bailyn (2004) faz observações semelhantes relativamente ao

russo.

No que respeita às construções de controlo, adopto a teoria de Landau (2004),

que assenta na observação de Borer (l989) de que a concordância abstracta das formas

infinitivas é anafórica, isto é, os traços-phi de T contêm o traço [-R(eferencial)]. Na

perspectiva de que nas LsSN o afixo de concordância é nominal, poder-se-á assumir que

este estabelece uma relação de AGREE com os traços-phi de T/v da matriz recebendo

assim um valor para os seus próprios traços-phi e verificando os traços não

interpretáveis de T encaixado. Desta forma, um pronome in situ é legitimado mediante a

relação AGREE estabelecida com o afixo de concordância verbal. Em línguas em que a

concordância verbal não é nominal, porém, o sujeito de um infinitivo de controlo

obrigatório só pode ser ele próprio [-R] (e portanto PRO) dado que tem de verificar

directamente o traço [-R] em T.

Nesta teoria da Propriedade do Sujeito Nulo, as construções com ―sujeitos‖ pré-

verbais são instanciações de mecanismos independentemente atestados de ―colocação‖

de um argumento na periferia esquerda da oração, nomeadamente a Deslocação à

Esquerda Clítica (com redobro por parte de pro em Spec-V/vP) ou a extracção A-barra.

Em Barbosa l995 argumento que esta ideia explica o uso produtivo de pronomes

enfáticos em LsSN. Do mesmo modo, (8) acima é analisada como uma construção de

deslocação à esquerda com redobro por um sujeito pronominal in situ:

(10) [[ O João]i [começou a receber prendas [só ele]i].

Alexiadou, Alexiadou / Elena Anagnostopoulou (l998), ―Parametrizing AGR: Word

Order, V-Movement and EPP-Checking‖, NLLT 16, pp. 491-539.

Bailyn, J. F. (2004). ―Generalized Inversion‖. Natural Language and :Linguistic Theory

22, 1-49.

Borer, Hagit. 1989. ‗Anaphoric AGR‘, in Osvaldo Jaeggli and Kenneth J. Safir (eds.),

The Null Subject Parameter, Kluwer Academic Publishers, pp. 69–109.

Holmberg, Anders 2005. Is there a little pro? Evidence from Finnish. Linguistic Inquiry

36: 533-564.

Landau, Idan (2004). The scale of finiteness and the calculus of control. Natural

Language and Linguistic Theory 22: 811-877.

–– (1995). Null Subjects, Ph.D. dissertation, MIT, MITWPL, Cambridge, Mass.

Kato, Mary A. (l999). ―Strong and Weak Pronominals in the Null Subject Parameter‖.

Probus 11, pp. 1-37, The Netherlands, Walter de Gruyter.

Szabolcsi, Anna (2007) ―Hidden in Plain Sight: Overt Subjects in Infinitival Control

and Raising Complements‖, ms., New York University.

SOBRE LA DUPLICACIÓN PRONOMINAL EN ESPAÑOL RIOPLANTESE:

EL DOBLADO DE CLÍTICOS Y LA DISLOCACIÓN A LA DERECHA

Pablo Zdrojewski, Universidad Nacional del Comahue/CONICET, Argentina

El presente trabajo se ocupa de dos tipos de duplicación pronominal en el

español rioplatense. Concretamente se discutirá la naturaleza del doblado de clíticos

acusativos (1) [clitic doubling] (DCL) y de la dislocación a la derecha con

reduplicación (2) [Clitic Right Dislocation] (DD).

(1) Juan la vio a María. [DOBLADO DE CLÍTICOS]

(2) a. Juan la vio, a María.1 [DISLOCACIÓN A LA DERECHA]

b. La vio Juan, a María.

En estas dos clases de fenómenos co-ocurre un clítico pronominal correferencial

con un SD en una posición postverbal (cf. 1 y 2); este hecho es problemático para la

teoría sintáctica en virtud de lo que en Belletti (2005) se resume bajo el nombre del

problema del doblado que consiste en que aparecen en una misma estructura dos

elementos nominales que presentan el mismo papel temático y el mismo Caso (Cfr.

Belletti 2005: 2).

A partir de las similitudes superficiales que se pueden observar en (1) y (2),

junto con el problema del doblado, se ha propuesto que estas clases de oraciones

deberían ser derivadas de una misma estructura sintáctica. Entre tales propuestas se

encuentran los tratamientos que adoptan la teoría del SD grande [Big DP] (Uriagereka

1995, entre muchos otros). Desde esa perspectiva, los constituyentes duplicados se

generan en la posición de especificador de una proyección de un núcleo D0, cuya

realización morfológica es el clítico. Esta clase de tratamientos supone que los clíticos

en los ejemplos de (1) y (2) tienen el mismo estatuto y la misma fuente; en otras

palabras, el clítico sería siempre un pronombre que satisfaría los requerimientos

argumentales del verbo. En contraposición, intentaremos mostrar a partir de los datos

del español rioplatense que el DCL y la DD no pueden derivarse de la misma estructura

y que los clíticos de (1) y (2) tienen un origen y un estatuto diferente. Nuestra hipótesis,

dentro del marco de la Morfología Distribuida (Halle & Marantz 1993 y trabajos

posteriores dentro de ese marco), es que los clíticos del DCL son morfemas de

concordancia que se insertan postsintácticamente, mientras que los clíticos de la DD son

pronombres2.

Por otra parte, discutiremos las observaciones de Suñer (1988, 2000) de que el

DCL del español rioplatense solo requiere que el objeto sea [+ESPECÍFICO]. En

contraposición, mostraremos que en el DCL del español rioplatense son necesarios los

rasgos [HUMANO] y [DEFINIDO]. Asimismo, mostraremos que el DCL de esta variedad

respeta la Generalización de Kayne-Jaeggli (Contra Suñer 1988), de modo que la

presencia de la marca a de acusativo es una condición necesaria para el DCL. En este

1 Utilizamos la coma (,) como convención ortográfica para indicar la separación de los constituyentes

dislocados. El uso de esta convención no supone que consideremos que en la dislocación debe haber una

pausa antes del dislocado. Por el momento, nos mantendremos neutrales sobre esa discusión. (Cfr.

Zubizarreta 1998) 2 Arregi (2003) sugiere un análisis en tal sentido para la dislocación a la izquierda con reduplicación

[Clitic Left Dislocation]

sentido, mostraremos que oraciones como las de (3) y (4) solo son gramaticales como

instancias de DD.

(3) a. Juan lo compró el auto. (Cf. Lo compró Juan, el auto)

b. Juan lo leyó el libro. (Cf. Lo leyó Juan, el libro)

(4) Damela, (a) la billetera.

La evidencia que presentaremos está vinculada con la estructura de la información en la

oración. En concreto, mostraremos que los objetos doblados pueden ser foco o pueden

interpretarse dentro del foco, mientras que los objetos dislocados a la derecha son

siempre tópicos. Esta distinción se ve apoyada por el hecho de que en la DD el

constituyente dislocado no puede tener rasgos de contraste (Villalba 2000, López 2002,

entre otros). En contraposición, en el DCL el objeto doblado es compatible con el

contraste. Esta diferencia se puede ver en que los objetos doblados pueden ser focos

contrastivos in-situ y pueden ser remanentes de la elipsis en el vaciado [gapping],

mientras que los objetos dislocados a la derecha, no, como se ve en (5) y (6).

(5) a. Juan la vio a María,

i. pero no a Cecilia.

ii. pero no la escuchó.

b. Juan lo compró el auto,

i. * pero no el camión

ii. pero no lo lavó.

(6) a. Juan la vio a María y Pedro a Cecilia.

b. *Juan lo leyó el diario y Pedro el libro. (Cf. Juan leyó el diario y Pedro el

libro)

Asimismo, los objetos doblados pueden aparecer en construcciones de Asociación con

el Foco (Association with focus) como se ve en (7a). En cambio, en tales contextos, los

objetos dislocados nunca pueden interpretarse dentro del ámbito del foco ni pueden ser

el foco, como puede corroborarse en (7b).

(7) a. Juan solo la vio a María. (A la única persona que vio Juan fue a Cecilia).

b. Juan solo lo leyó el libro. (*Lo único que leyó Juan fue el libro).

En suma, este trabajo pretende establecer las diferencias entre las construcciones que

nos ocupan a partir de factores como la estructura de la información o los patrones de

distribución de los clíticos pronominales.

Bibliografía citada:

Arregi, K. (2003) ―Clitic Left Dislocation is Contrastive Topicalization‖, ms., MIT.

Belletti, A. (2005), ―Extended dounbling and the VP periphery‖. En Probus 17: 1-35.

Halle, M. & Marantz, A. (1993) ―Distributed Morphology and the Pieces of Inflection‖

in K. Hale and S. Kayser (eds.), The View from Building 20: Essays in Linguistics in

Honor of Sylvian Bromberger, MIT Press. Jaeggli, O. (1986) ―Three Issues in the

Theory of Clitics: Case, Doubled NPs. and Extraction‖, Syntax and Semantics 19. The

Syntax of Pronominal Clitics‖. López, L. (2002) ―Toward a Grammar without TopP and

FocP‖, GUTWPTL 2. Fall 2002: 181-209. Suñer, M. (1988), ―El papel de la

concordancia en las construcciones de reduplicación de clíticos‖, en O. Fernández

Soriano (ed.), Los pronombres átonos, Madrid, Taurus, 1993. Suñer, M. (2000), Object

shift: comparing a Romance language to Germanic. Probus 12, 261-289. Uriagereka, J.

(1995), ―Aspects of the Syntax of Clitic Placement in Western Romance‖, en: Linguistic

Inquiry 26: 79-123. Villalba, X., (2000). The Syntax of Sentence Periphery. Tesis

Doctoral, UAB. Zubizarreta, M. L. (1998). Prosody, Focus, and Word Order.

Cambridge, Mass.: MIT Press.

VARIEDADES DEL ESPAÑOL Y EL PARÁMETRO DEL SUJETO NULO Humberto SOARES DA SILVA,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil

La expresión del sujeto en el portugués y en el español americanos mucho se ha

pesquisado bajo un enfoque funcionalista: Paredes Silva (1993), sobre el portugués de

Río de Janeiro, y Travis (2007), sobre el español de Nuevo México y Colombia,

atribuyen el uso del pronombre a una compensación funcional por ambigüedades en los

niveles morfológico y discursivo (ejemplos 1 y 2); Hochberg (1986b), sobre el español

de portoriqueñas que viven en Boston, y Cameron (1994), sobre el habla de San Juan

(Puerto Rico), también asocian el sujeto pleno a la ambigüedad morfológica, causada

por la posibilidad de no realización fonética de la -s y de la -n finales (ejemplo 3). Otros

estudios sobre el portugués (Naro 1981; Lira 1982) y el español (Bentivoglio 1980;

Morales 1980; Silva-Corvalán 1982, 1994; Hochberg 1986a; Bayley & Pease-Alvarez

1997) presentan explicaciones semejantes. Si se trata sólo de compensación funcional,

¿por qué el francés no mantiene el sujeto apagado con formas verbales no ambiguas? y

¿por qué el portugués brasileño no mantiene el sujeto nulo con las formas verbales no

ambiguas de primera persona del singular (ejemplo 4)?

Para contestar esas cuestiones, este trabajo presenta una investigación de la

representación del sujeto pronominal en el habla culta de Madrid (España), Buenos

Aires (Argentina) y San Juan (Puerto Rico), utilizando la misma metodología de análisis

de los estudios de Tarallo (1983) y Duarte (1993, 1995) sobre el portugués europeo (PE)

y el brasileño (PB) y el mismo cuadro teórico: una asociación de la Sociolingüística

Variacionista (Weinheich, Labov & Herzog 1968) con los Principios y Parámetros de la

Gramática Generativa (Chomsky 1981), lo que permitirá que se comparen las

variedades de los dos idiomas. El objetivo es observar el comportamiento no sólo de las

formas ambiguas como también de las no ambiguas, para verificar cuánto la reducción

del paradigma flexional se relaciona a la expresión o no expresión del sujeto. (en un

sistema de lengua [+ sujeto nulo], la ambigüedad influye; en un sistema [- sujeto nulo],

no). Hay un límite de reducciones en el paradigma desde el cual la tendencia a

pronunciar el sujeto pasa a afectar no sólo las personas gramaticales con morfología

verbal ambigua, sino todas: según Duarte (1995), basada en Roberts (1993), es la

existencia de dos sincretismos, a lo más.

Barbosa (1995, 2000) afirma que el PE – cuyo paradigma no excede el límite

establecido por Duarte (1995) – es una lengua de sujeto nulo prototípica, mientras

Duarte (1995, 2000) y Kato (1999, 2000) muestran que el PB – cuyo paradigma excede

tal límite – viene perdiendo esa propiedad. Para el español europeo y el argentino –

cuyos paradigmas, como el del PE, no exceden el límite –, se observa un

comportamiento muy semejante al del PE, de lengua [+ sujeto nulo] prototípica (Soares

da Silva 2006). El paradigma verbal del habla de San Juan, como el del PB, excede el

límite (cf. Cameron 1994), entonces los resultados para Puerto Rico deben alejarse de

los que se encontraron para las otras dos variedades del español.

Además, en el PE (Barbosa, Duarte & Kato 2005) y en el español europeo y

argentino (Soares da Silva 2006), el sujeto que tiene, como antecedente, un sujeto que lo

c-comande es siempre nulo (ejemplo 5) – la variación ocurre cuando el antecedente no

c-comanda el sujeto en análisis o tiene función diversa de sujeto, siempre con

preferencia por el nulo. En el PB, por el cambio en progreso, hay variación en todos los

contextos, pero el c-comando por un antecedente con función de sujeto el es contexto en

el que el sujeto nulo aún resiste como predilecto. De nuevo, se espera un

comportamiento semejante de la variedad portorriqueña.

(1) Fiquei muito contente ao receber sua carta. (Paredes Silva 1993) – no ambiguo

(2) Mamãe me disse que você está com alegria, o que foi? (Paredes Silva 1993) –

ambiguo

(3) Yo tenía catorce años. – tú/usted/él/ella (?) tenía(s) / Seguimo(s) viéndonos. – no

ambiguo

(4) Eu tenho mais o que fazer. (Yo tengo más lo que hacer. ―Tengo otras cosas que

hacer.‖)

(5) [IP i No puedo [VP [VPjuzgarla] [PPpor[CPque [IP i no conozco]]]]].

Referencias:

BARBOSA, Pilar. Null Subjects. Tesis Doctoral. Cambridge, Mass: MIT, 1995.

______________. ―Clitics: a Window into the Null Subject Property‖ in: COSTA, J

(org.). Portuguese Syntax: Comparative Studies. pp. 31-93. New York: Oxford Press,

2000. P. 31-93.

BARBOSA, Pilar; DUARTE, Maria Eugênia Lamoglia & KATO, Mary Aizawa ―Null

subjects in European and Brazilian Portuguese‖ Journal of Portuguese linguistics 4, no.

2. 2005. P. 11-52.

BAYLEY, Robert & PEASE-ALVAREZ, Lucinda. ―Null pronoun variation in

Mexican-descent children‘s narrative discourse‖ Language variation and change, 9.

1997. P. 349-71.

BENTIVOGLIO, Paola A. Why “canto” and not “yo canto”? The problem of the first

person subject pronoun in spoken Venezuelan Spanish. Disertación de Maestrazgo. Los

Ángeles: University of California, 1980.

CAMERON, Richard. ―Ambiguous agreement, functional compensation, and

nonspecific tú in the Spanish of San Juan, Puerto Rico, and Madrid, Spain‖ Language

variation and change, 5. 1994. P. 305-34.

CHOMSKY, Noam. Lectures on Government and Binding. 2ª edición (1982).

Dordrecht: Foris, 1981.

DUARTE, Maria Eugênia Lamoglia. ―Do pronome nulo ao pronome pleno: a trajetória

do sujeito no português do Brasil‖ in: ROBERTS, Ian & KATO, Mary Ayzawa (orgs.).

Português brasileiro: uma viagem diacrônica. Campinas: UNICAMP, 1993.

_______________. A perda do princípio “Evite Pronome” no português brasileiro.

Tesis Doctoral. Campinas: UNICAMP, 1995.

_______________. ―The loss of the ‗Avoid Pronoun‘ principle in Brazilian Portuguese‖

in: KATO, Mary Aizawa & NEGRÃO (orgs.). 2000. P. 17-36.

HOCHBERG, Judith. ―/s/ deletion and pronoun usage in Puerto Rican Spanish‖ in:

SANKOFF, David (org.). Diversity and diachrony. Philadelphia: Benjamins, 1986a.

_______________. ―Functional compensation for -/s/ deletion in Puerto Rican

Spanish‖. Language: journal of the linguistic society of America, 62. 1986b. P. 609-21.

KATO, Mary Aizawa. ―Strong pronouns and weak pronominals in the null subject

parameter‖ Probus, 11 (1). 1999. P. 1-37.

_______________. (2000) ―The partial pro-drop nature and the restricted VS order in

Brazilian Portuguese‖ in: KATO, Mary A. & NEGRÃO (orgs.). 2000. P. 223-58.

LIRA, Solange A. Nominal, pronominal and zero subject in Brazilian Portuguese. Tesis

Doctoral. University of Pennsylvania, 1982.

MORALES, Amparo. ―La expresión del sujeto pronominal, primera persona, en el

español de Puerto Rico. Boletín de la Academia Puertorriqueña de la Lengua Española,

8. 1980. P. 91-102.

NARO, Anthony J. ―Morphological constraints on subject deletion‖ in: SANKOFF,

David & CEDERGREN, Henrietta (orgs.). Variation omnibus. Edmonton: Linguistic

Research Inc, 1981. P. 351-8.

PAREDES SILVA, Vera Lúcia. ―Subject omission and functional compensation:

evidence from written Brazilian Portuguese‖ Language variation and change, 5, n. 1.

Nueva York: Cambridge University Press, 1993. P. 35-49.

ROBERTS, Ian. Verbs and diachronic syntax. Dordrecht: Kluwer, 1993.

SILVA-CORVALÁN, Carmen. ―Subject expression and placement in Mexican-

American Spanish‖ in: AMASTAE, J. & OLIVARES, E. (orgs.). Spanish in the United

States: sociolinguistic aspects. Nueva York: Cambridge University Press, 1982. P. 93-

120.

_______________. Language contact and change: Spanish in Los Angeles. Oxford:

Clarendon, 1994.

SOARES DA SILVA, Humberto. O parâmetro do sujeito nulo: confronto entre o

português e o espanhol. Disertación de Maestrazgo en Lengua Portugesa. Río de

Janeiro: FL/UFRJ, 2006.

TARALLO, Fernando. Relativization strategies in Brazilian Portuguese. Tesis

Doctoral. Philadelphia: Univ. of Pennsylvania, 1983.

TRAVIS, Catherine E.. ―Genre effects on subject expression in Spanish: priming in

narrative ans conversation‖ Language variation and change, 19, n. 2. Nueva York:

Cambridge University Press, 2007. P. 101-35.

WEINREICH, Uriel; LABOV, Wiliiam & HERZOG, Marvin. ―Empirical foundations

for a theory of language change‖ in: LEHMAN, W & MALKIEL, Y. (orgs.). Directions

for historical linguistics. Austin: University of Texas Press, 1968. P. 97-195.

SUJEITO NULO, AGREEMENT E ANTIAGREEMENT

Ilza Ribeiro, Universidade Federal da Bahia, Brasil

O estudo de um corpus do português brasileiro (PB) do séc. XIX (composto de 15 atas

de reuniões realizadas na Sociedade Protetora dos Desvalidos - irmandade negra

fundada em Salvador em 1832 -, escritas por Gregório Joaquim de Santana Gomes

Ferrão, negro brasileiro forro, natural de Salvador, torneiro mecânico; tinha 18 anos

quando escreveu as atas. (Lobo & Ribeiro 2004; Ribeiro & Lobo 2007) revela

propriedades de língua de sujeito nulo consistente, do tipo observado em espanhol e

italiano (Holmberg 2005), tais como: (i) sujeitos referenciais nulos de 3ª. pessoa (cf.

(1)); (ii) sujeito referenciais nulos nas pessoas do plural (cf. (2); (iii) sujeitos expletivos

são nulos (cf. (3)); (iv) sujeitos genéricos se realizam com a morfologia se (cf. (4)); (v)

sujeitos pronominais realizados permitem leitura enfática (cf. (5)); (vi) se o sujeito da

sentença matriz é um quantificador, o sujeito da subordinada é sempre nulo (cf. (6)) ou

não-correferente, se realizado (cf. (7)). Assumindo a tipologia de sujeito nulo de

Holmberg (2005), analisamos o sujeito nulo dos exemplos de (1) a (7) como do tipo P

em Spec,IP, uma categoria –D, incapaz de correferir sem a ajuda de um traço+D em

I/Agr; em todos estes casos, portanto, os traços- de Agr têm de ser fonologicamente

realizados, embora sejam não interpretáveis em LF. Por outro lado, há variações na

realização dos traços- de Agr quando o ―sujeito‖ é um DP referencial (cf. (8)). Pode-se

perguntar se o fenômeno do antiagreement ocorre quando o ―sujeito‖ é um constituinte

deslocado (na periferia à esquerda da sentença) ou quando está em Spec,IP. Os estudos

de (anti)agreement mostram que há variação entre as línguas, e mesmo em uma mesma

língua, quanto a quais tipos de estruturas permitem a não-realização de concordância

morfológica. Phillips (1998) apresenta exemplos de berbere e bretão, mostrando que a

concordância é realizada em sentença declarativa (cf. (9a)), mas não-realizada quando o

sujeito é Wh-movido (cf. (9b-c)). Ouhalla (2005) observa que, em variedades de

berbere, o fenômeno de antiagreement pode estar presente, como em tarifit (cf. (10)); ou

ausente, como em tashlhit (cf. (11)). Observando que no dialeto em estudo os sujeitos

quantificados, que não podem estar em tópico, sempre desencadeiam concordância (cf.

(6a-b)), analisamos a variação de concordância em (8) como resultado de duas

estratégias de realização estrutural do DP sujeito expressão-R (cf. (12)). A

representação simplificada em (12b) assume a categoria nula com traços- mínimos

pro, característica de língua de sujeito nulo radical, como o chinês e o japonês

(Holmberg 2005), identificada por um tópico temático, discursivo, situacional. Isto

permite entender porque registros dialetais rurais em que a concordância de número e

pessoa é praticamente inexistente licenciam sujeito nulo, como atestam os dados de fala

de uma informante que tinha 103 anos em 1970, quando a entrevista foi gravada (cf.

(13); em (13d) o sujeito nulo pro está vinculado a um Top zero, seguindo análise

proposta por Huang (1984). Outros dados que indicam uma distribuição entre sujeito em

Spec, IP / traços- do verbo realizados e sujeito deslocado / traços- do verbo ausentes

(embora especificados para tempo) são os de sentença interrogativa indireta (cf. (14a) e

de focalização de sujeito (cf. (14b)). (13b) também indica que duas propriedades que

têm sido apontadas como características do PB contemporâneo já estavam presentes na

gramática deste informante: (i) a de sujeito tópico licenciado por um OP nulo / tópico

apagado (cf. estudos em Kato & Negrão 2000); (ii) a possibilidade de o verbo não se

deslocar até o núcleo I/Agr (Galves 1993). Os dois tipos de sujeito nulo, P e pro,

requerem diferentes estratégias de identificação: o primeiro, por um I/Agr+; o

segundo, por um I/Agr-. A evolução diacrônica do PB mostra que a segunda estratégia

vai se tornar a preferida no PB contemporâneo, talvez sendo o que está subjacente à

análise de T+defectivo de Ferreira (2000) e Martins & Nunes (forthcoming).

1) a. A prezentou que tinha hida ver o lustros ...

c. mando que o Secretario procurase no arquivo ...

d. pedio a o corpo da sociedade que tivese corajem ...

2) a. então dissemo a elle que ...

b. então fação

3) a. quando hovesse um trabalho como este

b. mais assim mesmo que era precizo fazer muita economia

4) a. disse que achava bom que se convidasse porque fazia mais enfloencia

b. mais se o corpo acha bom que se fassa então fação mais elle não acha bom que

se fassa

5) a. pois a sociedade não pode fazer esprandor mais se o corpo acha bom que

sefassa então fação mais elle não acha bom que sefassa (outros acham bom)

b. osocio Geraldom disse que ellem era contra duas fintas (outros eram a favor)

6) a. todosm disserão que CVm tomarão

b. todosm disserão que tambem não CVm teverão siencia

7) que nehn um sociom pencase que ellek era a favor do Senhor Euzebio

8) a. e disse que asforsas lhe faltava para a gradecer

b. o Santa Anna disse que este deveres é do Prezidente

c. pencando que os seos socio tinhão chegar a o tribunal da Justicia

9) a. Levrioù a lennent

books PCL read:3pl

‗They read books.‘

b. Petore paotred a lenne (*lennent) al levrioù

which boys comp read (*read:3pl) the books

‗Which boys read the books?‘ (Breton: Borsley & Stephens 1989)

c. man tamghart ay yzrin (*t-zra) Mohand

which woman comp see (*3fs-saw) Mohand

‗Which woman saw Mohand?‘ (Berber: Ouhalla 1993)

10) TAFRUXT ay sqad-n /*t-sqad tabratt.

girl Comp send-Part /3F-send letter

―It was the girl who send the letter‖. (Tarifit; Ouhalla 2005)

11) Irgazn nna ffegh-n-in

men Comp left-Part-Pl

the men who left (Tashlhit, Chafiq 1990:123)

12) a. [IP SUJi Vi [VP ..... ]] (traços- de V realizados)

b. [TOPPTOPi [IP proi [VP V.... ]]] (realização mínima dos traços- de V )

13) a. Eu ficô assim… oiano!

b. nós ficô sentada

c. Eles trabaiô na cativêro

d. Pegô um bocado de fio! (....) só de três pessoa que eu nunca pegô

14) a. perguntou porque os prezidestes anteriores não fizerão este trabalho

b. disse que as favas pretas a provava a custume as branca que não servia

Ferreira, M. 2000. Argumentos nulos em português brasileiro. M. A. thesis,

UNICAMP. Galves, C. 1993. O enfrequecimento da concordância no português

brasileiro. In: I. Roberts & M. Kato (orgs). Português Brasileiro. Uma viagem

diacrônica. 387-408. Holmberg, A. 2005. Is there a little pro? Evidence from Finnish.

Linguistic Inquiry, 36:533-564. Huang, C.-T.J. 1984. On the distribution and reference

of empty pronouns. Linguistic Inquiry, 15:531-574. Kato, M. & Negrão, E. (eds).

2000. Brazilian Portuguese and the Null Subject Parameter. Madrid & Frankfurt am

Main: Iberoamericana & Vervuert. Lobo, T. & Ribeiro, I. 2004. A concordância de

número entre verbo e sujeito em textos escritos por negro forro na Bahia do século XIX.

In: S. B. B. Costa & A. V. L. Machado Filho. (orgs). Do português arcaico ao

português brasileiro. Salvador: EDUFBA. pp.67-81. Martins, A. & Nunes, J.

forthcoming. Syntactic change as chain reaction: the emergence of hyper-raising in

Brazilian Portuguese. [Selected papers from DIGS 9, Triste 2006], ed. by P. Crisma &

G. Longobardi. Oxford University Press. Ouhalla, J. 2005. Agreement features,

agreement and antiagreement. Natural Language & Linguistic Theory 23:655-686.

Phillips, C. 1998. Disagreement between adults and children. In: A. Mendikoetxea &

M. Uribe-Etxebarria (eds), Theoretical Issues on the Morphology-Syntax Interface. San

Sebastian: ASJU. Ribeiro, I. & Lobo, T. 2007. A realização do sujeito na escrita de

Gregório Joaquim de Santana Gomes Ferrão. Apresentado ao VII – PHPB. Londrina.

CONSTRUCCIONES DATIVAS CON Y SIN APLICATIVOS EN EL ESPAÑOL DEL RÍO DE LA

PLATA Y EL PORTUGUÉS BRASILEÑO

Mercdes Pujalte, Universidad Nacional del Comahue/CONICET, Argentina

El presente trabajo tiene dos objetivos interrelacionados. El primero es demostrar que

las construcciones de (1) y (2), que involucran un OD y un OI, en el español del Río de

la Plata y en el portugués brasileño3 hablado en la zona de Mata Mineira (PBM) no

participan de la denominada alternancia dativa y, por lo tanto no involucran una frase

aplicativa, contra lo que sostienen Demonte (1995) y Cuervo (2003), para el español, y

Torres Morais & Salles (2007), para el PBM. El segundo es señalar que las

construcciones de (3) en español, a diferencia de las anteriores, son casos de

alternancias en las que el complemento dativo sí es introducido por una frase aplicativa.

Este grupo incluye dos tipos de dativos no argumentales que han sido denominados en

la gramática tradicional española: dativos posesivos (3a) y dativos benefactivos (3b).

(1) Juan envió un libro a María/ Juan le envió un libro a María.

(2) A Maria deu o livro para o Pedro/ A Maria deu o livro o Pedro. (*PB/PBM)

(3) a. Juan robó el auto de María. /Juan le robó el auto a María.

b. Juan construyó una casa para María. / Juan le construyó una casa a María.

Para el español, y contra lo que sostienen Demonte (1995) y Cuervo (2003),

encontramos que las construcciones que poseen un constituyente dativo involucran dos

tipos de entidades distintas: una que es un argumento seleccionado por algunas clases de

verbos, cuyo papel temático es siempre origen o meta (cfr.1), y la otra que no es un

argumento y puede recibir un rol temático beneficiario, meta u origen (cfr.3). Esta

distinción supone afirmar que en (1) la presencia del clítico dativo no es un indicio de

un cambio en la estructura argumental del predicado. En efecto, si contrastamos los

predicados de (1) con los de (3), observamos una serie de diferencias de

comportamiento en algunos diagnósticos. Por una parte, los verbos de (1) pueden

aparecer en estructuras truncadas [sluicing] como se observa en (4), mientras que los

verbos de (3) no pueden (5).

(4) Juan compró un libro, pero no sé a qué librería [le compró un libro].

(5) *Juan robó un auto, pero no sé a quién [le robó un auto].

Si, como sostienen Chung, Ladusaw & McCloskey (1995), el truncamiento es

incompatible con alternancias argumentales entre el constituyente elidido y su

antecedente, el ejemplo de (4) debería ser agramatical si la presencia o la ausencia del

clítico dativo implicara algún tipo de alternancia, tal como sucede en (5).

Por otra parte, más pruebas confirman que únicamente con los verbos de (1) el

complemento dativo es un argumento. Entre otros hechos, sólo con los predicados de

(1) se pueden tener, en las nominalizaciones, complementos dativos introducidos por la

preposición a, como se observa en el contraste de (6) u OI nulos, como en (7). Este

último fenómeno se ve reforzado en los casos de truncamiento: como se ha visto, el

SQu- puede retomar un antecedente implícito en un caso (cfr. 4), pero no en otro (cfr.

5).

3 Los ejemplos (2), (9) y (11a) están adaptados de Scher (1996); los ejemplos de (10) de Torres Morais

(2006); el ejemplo (11b) de Torres Morais & Salles (2007) y el ejemplo de (12) de Torres Morais (2001).

(6) a. La compra de armas a Ecuador

b. El robo de la bicicleta *a Pedro/ de Pedro

(7) a. El noticiero comunicó la lista de ganadores (a alguien).

b. Juan rompió la bicicleta. [no puede interpretarse el argumento dativo]

Por último, cabe señalar que los complementos dativos que aparecen con los verbos de

(3) tampoco pueden ser analizados como adjuntos, ya que, como se observa en (8), los

SQu- pueden retomar antecedentes implícitos en las estructuras truncadas.

(8) Juan construyó la casa, pero no sé para quién

Para el PB, seguimos el análisis de Scher (1996), según el cual en el PBM, con una

clase de verbos, se produce la caída de la preposición que introduce complementos

dativos (a o para). Esta caída está condicionada por cuestiones morfofonológicas,

sintácticas y léxicas. Entre otras condiciones, la posibilidad de tener estructuras como

(2) se da sólo con verbos ditransitivos que seleccionan un OD y un OI que recibe rol

temático meta u origen (2), pero nunca beneficiario (9):

(9) Ela comprou um presente para o Pedro./*Ela comprou o Pedro um presente.

Además, a diferencia de lo que sucede en español, en PBM no hay casos de alternancias

dativas en las que un complemento, de otro modo preposicional, aparezca actualizado

en una construcción dativa (11), fenómeno que sí se registra en el portugués europeo

(PE) (10). Por otra parte, el PB, a diferencia del PE, no permite la coocurrencia de un

dativo argumental con una construcción benefactiva (12).

(10) a. Ela fez um jantar aos convidados/ Ela fez um jantar para os convidados.

b. Ela lavou as mãos aos alunos/ Ela lavou as mãos dos alunos.

(11) a. Ele buscou flores pra namorada/ *Ele buscou flores a namorada.

b. Ela cortou as unha do ele./*Ela cortou as unhas ao ele.

(12) Eles compraram flores ao florista pra professora. (√PE/ *PB)

Estos hechos nos llevan a considerar que el PB ha perdido las frases aplicativas, aun en

el dialecto de PBM, que parecen encontrarse en el español y en el PE. A pesar de eso,

conserva las construcciones ditransitivas de OD y OI, porque estas estructuras no

involucran frases aplicativas.

Dadas estas diferencias entre (1-2) y (3), proponemos un análisis distinto para los dos

casos en el marco teórico de la Morfología Distribuida (Halle & Marantz 1993). En (1-

2) los dos argumentos seleccionados por el verbo se encuentran dentro del dominio de

la raíz (S√). En (3), por el contrario, el único argumento que se encuentra en el dominio

de la raíz es el OD; el complemento dativo es licenciado por la frase aplicativa que está

fuera del dominio de la raíz. Este hecho explicaría de manera simple por qué (5) es

agramatical, ya que la presencia de una frase aplicativa en el segundo coordinado

introduciría un nuevo argumento y el truncamiento es incompatible con las alternancias

argumentales. Estas dos estructuras también darían cuenta de las diferencias en las

posibilidades de nominalización en (6), si asumimos que el dominio de nominalización

es el sintagma raíz.

REFERENCIAS

Cuervo, C. (2003) Datives at Large. Tesis de doctorado, MIT, Chung, A. S., A.

Ladusaw & J. McCloskey (1995) ―Sluicing and Logical Form‖, Natural Language and

Semantics 3: 239-237, Demonte, V. (1995) ―Dative Alternation in Spanish‖, Probus 7:

5-30, Halle, M, y A. Marantz.1993. ―Distributed Morphology and the Pieces of

Inflection‖ en Hale, K. & S. Keyser (1993) The View from Building 20. Cambridge,

Mass.: MIT Press Scher, A. (1996) As construções com dois complementos no inglês e

no português do Brasil. Tesis de Maestría, Universidade de Campinas, Torres Morais,

M. (2006) ―Un cenário para o núcleo aplicativo no português europeu‖ Revista da

ABRALIN ½ (5), Torres Morais, M. (2001) A Preposição e a Caracterização de Objeto

Indireto: Aspectos Sincrônicos e Diacrônicos. USP, São Paulo. Torres Morais, M. & H.

Salles (2007) Parametric change in the grammatical encoding of indirect objects in

Brazilian Portuguese. Handout presentado en LSRL 37, University of Pittsburgh.

CAUSATIVAS Y LA DISTRIBUCIÓN DE SUJETO CAUSADO EN ESPAÑOL

RIO PLATENSE: EVIDENCIA PARA UN NÚCLEO APLICATIVO

Francisco Ordóñez, SUNY, Stony Brook, USA

Las causativas del español rioplatense difieren de las del español peninsular en que el

sujeto causado no puede aparecer antes del infinitivo Torrego 1998 como vemos en (1):

1) * Hicimos a los chicos comprar los libros. (*Rio Plata, OK

peninsular)

2) Hicimos comprar los libros a los chicos (todas las variedades)

La variedad rioplatense es como lenguas como el catalán, francés o italiano. Esta

diferencia entre dialectos del español debe estar relacionada con otra diferencia con

respecto al tipo de clítico que permiten estas construcciones. Treviño 94, Zubizarreta

1987, Torrego 1998 muestran que en español peninsular el sujeto causado debe estar

dativizado, pero no en español rioplatense como se ve en los siguientes contrastes:

3) a. Les/*los hicimos correr (español peninsular)

b. *Les/los hicimos correr (español rioplatense)

Para dar cuentas de estas diferencias, vamos a relacionar esta variación con la variación

que encontramos en general en las lenguas romances con respecto a la distribución de

sujetos postverbales. Como se exploró en Ordoñez (2007) y Zubizarreta (en prensa)

los sujetos en español tienen una distribución más amplia que los sujetos en italiano o

catalán ya que pueden aparecer en un especificador más arriba del SV como muestra el

siguiente análisis:

4) Hoy [comprará [ Juan [ SV t comida ]]] español

5) *Oggi [comprera [ Gianni [ SV t cibo ]]] italiano

Paralelamente a este movimiento de sujetos hacia la izquierda en español, proponemos

que los sujetos causados deben desplazarse a la izquierda en español peninsular, pero no

en el español rioplatense. En las dos variedades los sujetos se originan como en inglés

en una construcción causativa como en (6) y (7). Contrariamente al inglés, en español

los infinitivos deben moverse necesariamente a la izquierda para activar la morfología

de infinitivo. Esto da el orden en (8). Sin embargo, el español peninsular permite un

paso extra en el que sujeto se mueve más a la izquierda como en (9), por encima de la

posición del infinitivo:

6) We made [ the boys [ go out ]]

7) Hicimos [ a los chicos salir ]

8) Hicimos [ salir [ a los chicos]]]

9) Hicimos [ a los chicos1 [ salir [ t1] ]]

El orden de (9) es como en inglés (6). Sin embargo, en español peninsular el infinitivo

y el sujeto causado se mueven los dos. Propondremos que el la posibilidad de ese

movimiento se debe a la existencia de un núcleo aplicativo en el sentido de Pylkanen

(en prensa) y Cuervo (1992);

10) Hicimos [aplicative a los chicos [ comprar [ t] ]]

El núcleo aplicativo es el responsable de la dativización obligatoria como observamos

en (4). La dativización debe estar ligada a la existencia de la a personal construcción

en español, pero no en italiano y francés . El hecho que el rioplatense no la tenga

sugiere que la construcción con a personal es una condición necesaria, pero no

suficiente para su existencia.

DATIVOS E APLICATIVOS: A CONSTRUÇÃO DE OBJETO DUPLO NO

PORTUGUÊS EUROPEU.

Maria Aparecida C.R. Torres Morais, Universidade de São Paulo, Brasil

Os estudos tradicionais dos predicados ditransitivos discutem a alternância dativa, em

particular, a construção de objeto duplo (DOC) no inglês. As línguas românicas ficam

de fora, pela suposição consensual de que, nelas, não se identificariam tais padrões.

Recentemente, porém, Anagnastopoulou (2003) mostra que o grego apresenta as

propriedades da DOC do inglês. Cuervo (2003) e Diaconescu (2006) afirmam que no

espanhol e romeno, respectivamente, a alternância dativa manifesta-se no contraste

sistemático entre as estruturas com redobro obrigatório, que correspondem à DOC, e as

estruturas sem clíticos, que correspondem à construção ditransitiva preposicionada

(PDC). O objetivo deste trabalho é incluir o português europeu (PE) entre as línguas

românicas com alternância dativa. Adotando a tipologia universal dos núcleos

aplicativos de Pylkkänen (2002) e a análise de Cuervo (2003), proponho que na DOC o

objeto indireto (IO) é introduzido pelo núcleo aplicativo baixo, realizando-se

alternativamente como a-DP, - a é um marcador de caso dativo-, ou como clítico de 3ª

pessoa lhe/lhes. Na variante preposicionada o núcleo aplicativo não projeta. A análise

envolve, porém, um desafio: o PE não é uma língua de redobro obrigatório. Para

enfrentá-lo, proponho uma assimetria nas línguas românicas, relacionada à natureza dos

clíticos dativos. No espanhol e romeno, o clítico é o 'spell-out' do núcleo aplicativo. No

PE, é um determinante (cf. Uriagereka (1995) e Raposo (1999)), gerado na posição de

especificador da frase aplicativa. A ausência do redobro do clítico e núcleo aplicativo

nulo fonologicamente na variante aplicativa do PE decorrem desta assimetria. A análise

tem ainda valor comparativo: a perda dos clíticos dativos lhe/lhes e substituição da

preposição a por para no português brasileiro falado (PB) revelam a perda da DOC, ou

núcleo aplicativo.

ITENS DE POLARIDADE E NOMINALIZAÇÕES EM -ADA

Ana Paula Scher, Universidade de São Paulo, Brasil

Neste trabalho dou continuidade à investigação iniciada em Scher (2004, 2006)

sobre nominalizações em -ada que aceitam um sufixo diminutivo, como se pode ver em

O João deu uma lidinha no artigo, O João deu uma marteladinha no prego e O João

deu uma remadinha até a margem.

A interpretação que se obtém de cada uma dessas sentenças é essencialmente a

mesma que foi descrita em trabalhos anteriores (Scher, 2004, 2005, 2006, entre outros)

para Construções com Verbos Leves (CVLs) sem o sufixo diminutivo na

nominalização: elas denotam uma eventualidade incompleta, mais rápida ou mais breve

que a eventualidade denotada por uma sentença com um verbo correspondente. Com

base nesses fatos Scher (op.cit) sugere que o sufixo diminutivo -inha ocupe a posição de

núcleo de uma categoria Asp que domina a categoria verbalizadora, presente na

nominalização em -ada. Essa mesma posição ficará vazia em representações de

sentenças que não contêm o sufixo diminutivo, embora a leitura aspectual de

diminutivização se mantenha, devido aos traços semânticos relevantes da categoria Asp.

Por outro lado, sentenças como O João deu uma martelada no ladrão ou O João deu

uma remada no ladrão, na interpretação em que o ladrão foi atingido por um martelo ou

por um remo, respectivamente, não aceitam a presença desse sufixo: O João deu uma

*marteladinha no ladrão ou O João deu uma *remadinha no ladrão. A estrutura

proposta em Scher (2006) para esse segundo caso de nominalização em -ada faz essa

previsão, uma vez que não projeta AspP, a projeção responsável por alojar o sufixo

diminutivo. Entretanto, no contexto que venho tomando como contexto de item de

polaridade (nesse caso, um item de polaridade diminutiva tal como à toa ou de nada),

os dois tipos de nominalização parecem aceitar bem o sufixo diminutivo: O João deu

uma lidinha à toa no artigo, O João deu uma marteladinha à toa no prego, O João deu

uma remadinha à toa até a margem, O João deu uma marteladinha à toa no ladrão, O

João deu uma remadinha à toa no ladrão.

É importante observar que, mesmo quando o sufixo diminutivo co-ocorre com a

nominalização em -ada do segundo tipo, ele não traz para a sentença a mesma

interpretação que ele traz para as três primeiras sentenças desse resumo, em que o item

de polaridade diminutiva não está presente. Na realidade, há uma diferença interessante

entre as sentenças em que o item de polaridade está presente e aquelas em que ele não

ocorre: as eventualidades denotadas por sentenças como O João deu uma lidinha à toa

no artigo nunca poderão ser tomadas como singularizadas, incompletas, mais rápidas ou

mais breves. Serão, antes, interpretadas como sem importância. Em O João deu uma

marteladinha à toa no prego, por exemplo, a expressão marteladinha à toa denota uma

eventualidade de bater com o martelo em um prego, a que não se atribui a importância

canonicamente atribuída a uma eventualidade do tipo expresso por martelada.

Por outro lado, essa interpretação remete, certamente, a um tipo de

diminutivização. Gostaria de sugerir, neste trabalho, no entanto, que não se trata do

mesmo tipo de diminutivização descrito e discutido em trabalhos anteriores, ou seja, da

diminutivização de uma eventualidade na comparação com a eventualidade denotada

por uma sentença com um verbo correspondente à nominalização. Usando o modelo da

Morfologia Distribuída para propor uma representação para o processo de formação de

nominalizações em -ada no português brasileiro, sugeri que a estrutura das

nominalizações de sentenças como O João deu uma lidinha no artigo contenha uma

projeção aspectual que domina imediatamente a projeção verbal e é dominada

imediatamente pela projeção nominal que forma a nominalização. Isso quer dizer que os

traços semânticos da projeção aspectual têm escopo sobre a projeção verbal, ou seja, a

diminutivização se aplica a uma eventualidade denotada por uma expressão verbal.

Para resolver a questão que se coloca neste trabalho, sobre a diminutivização do

tipo sem importância, sugiro que, nesse caso, a projeção aspectual domine

imediatamente a projeção com o núcleo nominalizador, fazendo com que a interpretação

do tipo de sem importância se aplique à eventualidade denotada pela nominalização

propriamente dita e não à eventualidade denotada pelo verbo do qual se forma essa

nominalização. Essa proposta pode se justificar pelo fato de que o mesmo tipo de

diminutivização se aplica a nomes em geral, minimizando sua importância, como

mostram os exemplos dos diálogos a seguir: A: Não gostei do que o João fez. Ele deu

uma flor pra minha namorada. B: Ah, não se preocupa com isso. Foi uma florzinha de

nada!, ou ainda, A: O João comprou um carro. B: Carro? Um carrinho de nada!

Portanto, é natural que se suponha que, ao entrar na derivação, o sufixo diminutivo

-inha o faça associando-se diretamente à projeção nominal responsável pela formação

da nominalização, e não como núcleo da projeção aspectual que domina a projeção

verbal.

Isso não significa que o efeito geral de diminutivização presente no primeiro

caso de CVL esteja perdido se o sufixo -inha não se realizar foneticamente, como

morfema correspondente aos traços semânticos de AspP. A eventualidade denotada pelo

verbo ainda mantém a leitura de diminutivização por causa da presença da projeção

AspP. No entanto, por motivos que devem ainda ser esclarecidos, na sentença

interpretada como evento diminutivizado, essa projeção nunca poderá se realizar

foneticamente, se o item de polaridade diminutiva ocorrer na sentença. Além disso,

também será necessário encontrar uma explicação para o fato de que a interpretação de

sem importância só ocorrerá com a presença de expressões polarizadas.

LOS PROCESOS DE RECATEGORIZACIÓN DE LOS NOMBRES DE MASA Y

LOS NOMBRES CONTABLES EN ESPAÑOL

Inés Kuguel, Universidad Nacional de General Sarmiento, Argentina

De manera análoga a lo que ocurre con el aspecto verbal, la delimitación en el ámbito

nominal, que determina la ―contabilidad‖ de un N (su cualidad de contable o no

contable) es composicional en la medida en que puede verse modificado o generado por

la combinación del N con otros ítems funcionales y léxicos en la sintaxis. En singular,

los nombres de masa (Nmasa) tienen una distribución más amplia que los nombres

contables (Ncont) (1), ya que estos solo pueden aparecer en ciertos contextos y nunca

con valor existencial (2) (Bosque 1996, 1999, Espinal & Dobrovie Sorin 2006).

1. a) Tenemos agua / tiempo vs. Tenemos *(un) río / *(un) problema

b) Esto es agua / Eso parece comunismo vs. Esto es *(un) tornillo / Eso parece *(un)

tigre

c) Faltó pasión vs. Faltó *(un) tornillo

d) Se encontró oro vs. Se encontró *(un) papiro

e) Lo arreglamos con alambre / una bolsa con dinero vs. Lo arreglamos con *(un)

tornillo / una bolsa con moneda*(s)

2. a) Tenemos perro / Usa bastón

b) Su marido es abogado / París es capital

El propósito general del trabajo a presentar es revisar los procesos de recategorización

de Ncont a Nmasa y de Nmasa a Ncont, teniendo en cuenta el modo en que categorías

funcionales propias del ámbito nominal (Num, Q y D) operan como inductores en el

cambio del tipo conceptual del N. Más en particular, se intentarán explicar aquellos

casos en los que la recategorización no es posible.

Para describir el proceso de recategorización de Ncon en Nmasa se ha postulado la regla

de de parcelamiento o ―picadora universal‖ (Bunt 1985, Pelletier & Shuber 1989). En

español, los operadores de este tipo de cambio son ciertos cuantificadores y la ausencia

del determinante. De este modo, en 3 y 4, los Ncont durazno, almohada, cebolla y

empanada adquieren el significado de materia de las respectivas entidades denotadas.

Sin embargo, en 5 y 6, en los mismos tipos de contextos, los Ncont problema, tornillo,

triunfo y fracaso no permiten este tipo de interpretación.

3. a) A la torta le vendría bien un poco más de durazno

b) Me dejaste muy poca almohada

4. a) A esta ensalada le falta cebolla

b) Había empanada esparcida por todo el piso

5. a) *A esta persona le vendría bien un poco menos de problema

b) *Esta máquina tiene mucho tornillo

6. a) *A ese deportista le falta triunfo

b) *Había fracaso en todas las etapas de su vida

La hipótesis de trabajo para explicar estos datos se vincula con el tipo de operador que

induce el cambio. En el caso de Q, la interpretación ‗materia de‘ parece aplicarse

únicamente a Ncont concretos y cuando el Nmasa resultante puede entenderse como una

sustancia concreta extensa sobre la cual se puede realizar una cuantificación (3). Por tal

motivo, no es posible en los nombres contables abstractos (5a). Pero, además, la

coerción de Ncont a Nmasa conlleva la imposición de un rol télico en la estructura de

qualia del N, en la medida en que es el producto de la interacción de las entidades

denotadas con el hombre, quien les adjudica funciones prototípicas (Pustejovsky

19995). Esto explica que se dé tan frecuentemente en el ámbito de la alimentación (3a),

así como también que (5b) sea inaceptable, puesto que ―mucho tornillo‖ no da lugar a la

interpretación de ―mucha materia de la que está hecha un tornillo‖. En (4), cebolla y

empanada adquieren la denotación de ‗materia de‘, a causa de la ausencia del

determinante, dando lugar a una lectura de estos N como propiedades extensionales con

valor existencial (Había empanada en gran cantidad esparcida por el piso, siguiendo la

prueba de Laca 1999). Estos casos se diferencian de (2), en los que la ausencia del

determinante no induce la lectura de los Ncont perro, bastón, abogado y capital como

Nmasa sino como propiedades intensionales (*Tenemos perro en gran cantidad)

(Espinal & Dobrovie Sorin 2006). Por otra parte, el hecho de que los N de (6) no

admitan ninguna de estas dos lecturas, parece responder por un lado, a que se trata de

Ncont abstractos y, por otro lado, a la imposibilidad de interpretarlos como propiedades

(cf. (6a) con A este deportista le falta garra). Así pues, la aplicación de la regla de

parcelamiento se vincula no solo con el carácter +/- concreto del N sino que parece

atender a las restricciones sintácticas que tiene el Ncont escueto singular en español. De

hecho, en portugués de Brasil, la flexibilidad de distribución de los Ncont escuetos en

singular inhabilita la aplicación del proceso de recategorización en contextos como los

de (4b): Tinha livro espalhado pelo chão se traduce al español como Había libros

esparcidos por el piso (Schmitt & Munn 2000).

El proceso inverso, por el que un Nmasa es recategorizado como un Ncont ha sido

descripto como la regla de clasificación o ―clasificadora universal‖. Como operadores de

este cambio en español, pueden considerarse el plural, los numerales y ciertos

cuantificadores como cada. En (7), se muestra cómo estos elementos funcionales

permiten reinterpretar los Nmasa manteca y madera no solo como porciones de la materia

denotada por el N, sino también como tipos de sustancia denotada. No obstante, Num y Q

con los N tabaco y equipaje no inducen el significado de ‗porción de‘, sino únicamente el

de ‗tipo de‘ (8).

7. a) Compré (dos) mantecas → Compré (dos) panes de manteca / Compré (dos) tipos

de manteca

b) Pintó cada madera → Pintó cada tabla de madera / Pintó cada tipo de madera

8. a) dos tabacos → Tengo solo *dos tabacos/dos cigarrillos en el paquete / Le

regaló dos tabacos, uno rubio y otro negro

b) cada equipaje → Le puso una etiqueta con su nombre a *cada equipaje/cada valija

Cada equipaje tiene límite de peso diferente: el de mano es menor que el que se

despacha

9. Cada comunismo es diferente; están el ruso, el cubano y el italiano, por ejemplo.

Estos datos muestran que la interpretación de ‗porción de‘solo es posible en los Nmasa

concretos (7); este mecanismo se bloquea cuando la porción de la entidad denotada por

el Nmasa se encuentra lexicalizada (8). La lectura de ‗tipo de‘, en cambio, es posible

con cualquier tipo de Nmasa en plural o con numerales (7, 8 y 9). En ambos casos, la

recategorización o bien opera en N artefactos, como manteca –en que el rol agentivo es

intencional– o bien impone un rol télico a un N natural, como madera,

funcionalizándolo.

Referencias

Bosque, I. 1996. ―Por qué determinados sustantivos no son sustantivos determinados.

Repaso y balance‖, en Bosque, I. (ed.) El sustantivo sin determinación. Madrid: Visor, pp.

13-119.

Bosque, I. 1999. ―El nombre común‖, en Bosque, I. & Demonte, V. Gramática

Descriptiva de la Lengua Española. España: Espasa, 3-75.

Bunt, H. 1985. Mass terms and model-theoretic semantics. Cambridge: CUP.

Espinal, M.T. & Dobrovie-Sorin, C. 2006. ―Tipología semántica de los nombres

escuetos. El caso particular de los nombres escuetos singulares contables‖, en

Fernández, B. & Laka, I. (eds.) Homenaje a Andolin Egutkitza. Universidad del País

Vasco: Vitoria, 269-285.

Laca, B. 1999. ―Presencia y ausencia de determinante‖, en Bosque, I. & Demonte, V.

Gramática Descriptiva de la Lengua Española. España: Espasa, 891-928.

Pelletier, F.J. & Schuber, L.K (1989) ―Mass Expressions‖, en Gabbay, D. & Guenthner,

F. (eds.) Handbook of Philosophical Logic, Volume 10, 1-87.

Pustejovsky, J. (1995) The Generative Lexicon. Cambridge: The MIT Press.

Rothstein, S. 2007. Counting and the mass-count distinction. Ms. Bar-Ilan University.

Schmitt, C. & Munn, A. 2000. Bare Nominals, Morphosyntax, and the Nominal

Mapping Parameter. Ms. Michigan State University.

CONCORDÂNCIA EM ESTRUTURAS DE PASSIVA NO PORTUGUÊS

BRASILEIRO: UMA ABORDAGEM PRELIMINAR

Leonor Simioni, Universidade de São Paulo, Brasil

O Programa Minimalista (Chomsky, 1995 ss) enfatiza o estudo da concordância

como um dos tópicos centrais de sua agenda. Nesse cenário, o Português Brasileiro (PB)

representa uma fonte interessante de dados, por conta de alguns fenômenos peculiares

envolvendo concordância de gênero e número. No presente trabalho, enfocaremos a

concordância em estruturas de passiva.

Nas orações passivas padrão no PB, tanto o particípio como o verbo apresentam

morfologia de concordância, esteja o argumento movido ou in situ:

(1) a. As provas foram deixadas na sala.

b. Foram encontradas umas provas no armário.

Todavia, também encontramos construções passivas que apresentam

incongruência na concordância de gênero e número, como em (2)4:

(2) a. Foi encontrado umas provas no armário.

b. Foi deixado as provas na sala.

c. Foi enviado os telegramas de Natal.

Crucialmente, a incongruência só é permitida quando o objeto está in situ,

independente de ser um DP definido ou indefinido, como podemos ver em (3):

(3) a. *Umas provas foi encontrado no armário.

b. * Os telegramas de Natal foi enviado.

A partir de argumentos contra atribuição de Nominativo à distância, Nunes

(2007) propõe que, no caso das passivas, o DP in situ é sondado pelo núcleo de

particípio, que então tem seus traços de gênero e número valorados. Depois, esse núcleo

é sondado por T, que valora seu próprio traço de número e o Caso do particípio como

Nominativo. O traço de Caso do DP é valorado como partitivo (seguindo Belletti

(1988)), e o traço de pessoa de T é valorado como terceira pessoa do singular por

default. De acordo com esse modelo, então, o particípio e o DP in situ deveriam

apresentar os mesmos valores em sua morfologia de concordância, o que, como vimos

acima, não é sempre o caso. Em relação aos DPs movidos, T entra em relação de

concordância tanto com o particípio (valorando seu traço de número) quanto com o DP

(valorando seu traço de pessoa). Mas embora os traços de gênero e número do particípio

sejam valorados da mesma forma como no caso dos DPs in situ, aqui não há

possibilidade de incongruência. Como no modelo de Nunes a única diferença entre os

dois casos é a relação direta de concordância entre T e o DP, esboçaremos uma análise

que explore a relevância dessa relação particular, bem como das noções de

transitividade e compartilhamento de traços, para fornecer uma explicação para os

dados do PB sem perder os resultados de Nunes em relação a inacusativos, geração de

ordem5 e a motivação para o EPP.

4 Ao menos em algumas variedades do PB.

5 Alguém pode se perguntar se a relação Spec-Head não é a solução para o problema. No entanto,

se fosse esse o caso, então não deveríamos encontrar casos de concordância congruente com DPs não

movidos (como visto nos exemplos em (1)). Esse ponto será melhor explorado no trabalho.

Referências bibliográficas

BELLETTI, A. (1988). The case of unaccusatives. Linguistic Inquiry, v. 19, p. 1-34.

CHOMSKY, N. (1995). The minimalist program. Cambridge, MA.: MIT Press.

NUNES, J. (2007). Relativized minimality and the Extended Peeking Principle.

Cuadernos de Lingüística, v. XIV, p. 73-86.

NEGAÇÃO PÓS-VERBAL E PERIFERIA ESQUERDA DA SENTENÇA

Rerisson Cavalcante, Universidade de São Paulo, Brasil

Essa pesquisa investiga o comportamento das duas construções de negação pós-verbal

do português brasileiro, [Não V não] e [V não], em estruturas que envolvam a periferia

esquerda da sentença (1). Pode-se identificar, nas línguas românicas e germânicas, dois

tipos de negação pós-verbal em função da posição do marcador em relação ao núcleo

verbal (flexionado) e aos elementos do VP: (i) línguas de negação pós-Iº, como o inglês

e francês, em que o marcador negativo coloca-se imediatamente após o verbo

flexionado (2); e (ii) línguas de negação pós-VP, como o português brasileiro (PB), em

que o marcador ocorre em posição final da sentença, seguindo todos os complementos

verbais (3). Em Cavalcante (2007), defendi a hipótese de que as partículas negativas

pós-verbais, juntamente com outras partículas de confirmação e denegação

proposicional, são geradas em uma categoria acima do sistema CP, e que a posição

visível é resultado do movimento de toda a sentença por sobre elas, uma operação que

apresenta uma série de restrições. Neste trabalho, analiso a interação das negativas pós-

VP do PB com construções sintáticas que envolvam a ativação de categorias do sistema

CP, como topicalização e focalização de constituintes, interrogativas polares e

interrogativas QU, além de sentenças encaixadas e imperativas. Os resultados apontam

para a agramaticalidade dessas negativas em contextos em que ocorre um movimento

visível de um constituinte para qualquer categoria do CP. Há, contudo, exceções a

serem melhor examinadas. Mais especificamente, tanto [Não V não] quanto [V não]

são agramaticais em interrogativas QU (4), em sentenças com focalização (5) e em

algumas sentenças encaixadas, como as adverbiais (9a-b). Pelo contrário, ambas são

possíveis e bastante produtivas com interrogativas polares e com imperativas (10).

Entretanto, essas duas negativas apresentam um comportamento distinto em outros

contextos: [V não] é agramatical também com a topicalização de complementos (6) e

nas demais encaixadas (8), como as completivas, enquanto [Não V não] é plenamente

gramatical (7; 9c-d).

Exemplos

(1) (a) Não / num quero sair hoje não. [Não V não]

(b) Quero sair hoje não. [V não]

(2) Línguas de negação pós-Iº

(a) John will not travel (b) John did not buy this book

yesterday (Inglês)

(c) Jonh (ne) va pas voyager (d) Jonh (ne) peut pas nager

(Francês)

(3) PB – Língua de negação pós-VP

(a) Eu num vou viajar para Londres com Marta não.

(b) Eu num dei autorização pra que ele saísse não.

(c) Eu num vi se ele chegou atrasado não.

(4) [Não V não] e [V não] em interrogativas QU

(a) * O que (foi que) ele não fez não?

(b) * O que (foi que) ele fez não?

(c) * Por que ele não saiu de casa não?

(d) * Por que ele saiu de casa não?

(e) * Que horas você não está ocupado não?

(f) * Que horas você está ocupado não?

(5) [Não V não] e [V não] com focalização

(a) * EU que não vi não.

(b) * EU que vi não.

(c) * ONTEM que eu não fui não.

(d) * ONTEM que eu fui não.

(6) [V não] em construções de topicalização

(a) * Esse livro comprei não.

(b) * Com o arame eu preocupo não.

(c) * Feijão gosto não

(d) * Show de Ivete eu vi não

(e) * Esse ladrão o policial prendeu não

(7) [Não V não] em construções de topicalização

(a) Esse livro não comprei não.

(b) Com o arame eu não preocupo não.

(c) Feijão não gosto não

(d) Show de Ivete eu não vi não

(e) Esse ladrão o policial não prendeu não

(8) [V não] em sentenças encaixadas

(a) * Se a banda tocar não, o show vai ser cancelado.

(b) * Me ligue quando você estiver ocupado não

(c) ?? Tenho vários alunos que gostam de sintaxe não

(d) * Ele disse que conseguiu não

(9) [Não V não] em sentenças encaixadas

(a) * Se a banda não tocar não, o show vai ser cancelado.

(b) * Me ligue quando você não estiver ocupado não

(c) ? Tenho vários alunos que não gostam de sintaxe não

(d) Ele disse que não conseguiu não

(10) Negação em sentenças imperativas

(a) Não faça / faz isso não!

(b) Faça / faz isso não!

Referências

CAVALCANTE, Rerisson. (2007). A negação pós-verbal no português brasileiro:

análise descritiva e teórica de dialetos rurais de afro-descendentes. Salvador: UFBA.

Dissertação de Mestrado.

FONSECA, Hely D. Cabral. (2004). Marcador negativo final no Português Brasileiro.

Cadernos de estudos lingüísticos. Campinas, 46(1): 5-19, jan/jun.

LAKA, Itziar. (1990). Negation in syntax: on the nature of functional categories and

Projetions. MIT, Tese de Doutorado.

MARTINS, Eneida Esteves. (1997). Sentential negation in spoken Brazilian

Portuguese. Washington: Georgetown University.

MIOTO, Carlos. (1991). Negação sentencial no português brasileiro e a teoria da

gramática. Campinas: UNICAMP, Tese de Doutorado.

POLLOCK, Jean-Yves. (1989). Verb movement, universal grammar, and the structure

of IP. Linguistic Inquiry 20, 365-424.

RIZZI, Luigi. (1997). The fine structure of the left periphery. In: HAEGEMAN, Liliane.

(ed.). Elements of grammar: handbook in generative syntax. Dordrechet / Boston /

London: Kluwer Academic.

ZANUTTINI, Raffaella. (1995). Reflexes of clausal estructures in the syntax of

negation: a comparative study of romance languages. Georgetown University.

INTERAÇÃO ENTRE MARCAÇÃO ASPECTUAL E OBJETO NULO NA

AQUISIÇÃO DO PB

Sabrina Casagrande

Universidade Estadual de Campinas, Brasil

Este trabalho pretende investigar de que maneira a marcação aspectual e a retomada

de antecedente pelo objeto nulo ou pronome lexical na posição de objeto direto

anafórico (daqui em diante ODA) podem estar relacionadas à interpretação dos traços

do DP pela criança.

Nossa hipótese de trabalho sugere que a identificação dos traços semânticos do

antecedente, ao menos nos dados de produção espontânea, apontam concomitantemente

para a determinação do tipo de retomada na posição de ODA e para a especificação de

aspecto em AspP, diferenciando perfectivos de imperfectivos.

Partimos da proposta de que aspecto, nas línguas que não apresentam marcação

morfológica específica para tal (português, inglês, espanhol), é computado

composicionalmente na sintaxe, levando em conta, além das características verbais, a

cardinalidade do objeto direto (cf. Verkuyl (1993) e Slabakova (2001). No campo da

aquisição, a maioria dos trabalhos indica que, em termos de produção, as crianças

demonstram adquirir tal fenômeno bem inicialmente, mas que, em termos de

compreensão, a aquisição completa de aspecto se dá mais tarde (cf. Hodgson (2003),

Wagner (2006)). Ainda destacam que, inicialmente, a criança restringe o aspecto

gramatical ao lexical e tende a usar formas imperfectivas com verbos atélicos e

perfectivas com télicos.

Para realizar este trabalho analisamos qualitativamente dados de uma criança (G.)

entre 1;10 – 3;6 no que tange ao aspecto; para os dados referentes a objetos nulos,

lançamos mão do trabalho de Casagrande (2007), que analisou, além de outras duas

crianças, também os dados de G.

Os resultados mostram que ao mesmo tempo em que AC começa a produzir formas

imperfectivas (segundo Lopes (no prelo) aos 2;3), ela produz seus primeiros pronomes

lexicais retomando antecedentes animados em posição de objeto direto anafórico, e seus

nulos, que inicialmente eram predominantemente dêiticos sob formas imperativas,

passam a ser em maioria anafóricos, como temos no gráfico, extraído de Casagrande

(op.cit.: 157):

Assim como AC, os dados de G. analisados mostram que ao mesmo tempo em

que suas formas imperfectivas se tornam produtivas, há um aumento significativo na

quantidade de objetos nulos anafóricos em posição de objeto direto, como temos no

gráfico (2), extraído de Casagrande (op.cit.: 158):

Gráfico 1: número absoluto de nulos dêiticos vs. nulos anafóricos em cada faixa etária de AC

0

5

10

15

20

25

30

1;8 1;10 2;1 2;3 2;8 3;0 3;7

ON dêitico

ON anafórico

Como podemos ver, os dados de G. vão na mesma direção dos dados de AC. e poderiam

corroborar nossa hipótese, delineada acima. Os resultados mostram um padrão de

aquisição entre as duas crianças, ambas apresentando aumento no número de nulos

anafóricos a partir dos 2;3, além de apresentarem formas imperfectivas, a partir dos 2;3

– 2;8, contrastando com formas perfectivas, o que pode indicar especificação dos traços

de AspP.

Diante dos dados analisados por Lopes (no prelo) e Casagrande (2007) e dos

dados analisados preliminarmente neste trabalho, parece que nossa correlação entre

aquisição de marcação aspectual e de objeto nulo através da identificação dos traços

lingüísticos do antecedente está no caminho certo6.

Referências

CASAGRANDE, S. A Aquisição do objeto direto anafórico em Português Brasileiro.

Dissertação de Mestrado, UFSC, 2007.

______________. A Aquisição de complementos nulos em Português Brasileiro. Tese

de Doutorado, UNICAMP, em preparação.

HODGSON, M. "The acquisition of Spanish perfective aspect: a study on children‘s

production and comprehension". ZAZ Papers in Linguistics, 29: 105-117, 2003.

LOPES, R.E.V. A aquisição do objeto nulo e sua relação com aspecto. (no prelo).

LOPES, R.E.V.; SOUZA. T. T. A aquisição do aspecto lexical e aspecto gramatical no

PB. UFSC, 2005, ms.

SLABAKOVA, R. Telicity in the second language. Amsterdam: John Benjamins, 2001

VERKUYL, H. A theory of aspectuality. Cambridge: Cambridge University Press, 1993

WAGNER, L. Aspectual Bootstrapping in Language Acquisition: Telicity and

transitivity. Language Learning and Development. n.2. v.1. 2006. p. 51 – 76.

6 Dados experimentais, já previstos em Casagrande (em preparação) nos ajudarão na avaliação da

hipótese proposta aqui, proporcionando a comparação entre dados de produção espontânea e dados de

compreensão.

Gráfico 2: número absoluto de nulos dêiticos vs. nulos anafóricos em cada faixa etária de G.

0

5

10

15

20

25

30

1;10 2;1 2;3 2;8 3;0 3;6

ON dêitico

ON anafórico

VERBOS ASPECTUAIS E O DEBATE ALÇAMENTO-CONTROLE

Marcus Vinicius da Silva Lunguinho, Universidade de São Paulo, Brasil

A sintaxe dos verbos aspectuais tornou-se um tópico de intenso debate desde que

Perlmutter (1968, 1970) mostrou que os aspectuais do Inglês eram sintaticamente

ambíguos ora projetando uma estrutura de alçamento e ora uma de controle. Esses

trabalhos serviram de inspiração para o estudo da sintaxe dos verbos aspectuais de

outras línguas, entre as quais se citam: Alemão (Wurmbrand, 2001), Espanhol

(Schroten, 1986), Francês (Lamiroy, 1987), Grego (Alexiadou & Anagnostopoulou,

1999), Hebraico (Landau, 2003) e Italiano (Burzio,1986). O que todos esses trabalhos

mostram é que a ambigüidade sintática dos verbos aspectuais pode ser um fenômeno

translingüístico. Restringindo a atenção aos trabalhos que focalizam as línguas

românicas, vê-se que as línguas estudadas dão apoio a uma análise dos aspectuais em

termos da ambigüidade alçamento-controle. A partir desse fato, o objetivo deste

trabalho é analisar a sintaxe dos verbos aspectuais de uma outra língua românica, a

saber, o Português Brasileiro, e avaliar se os dados dessa língua também dão apoio a

uma tal análise. Para tanto, inicialmente apresento os dados que servirão de base para a

análise a ser desenvolvida. Esses dados se dividem em dois grupos: dados que dão apoio

a uma análise dos aspectuais como verbos de controle – dados com quantificadores

flutuantes (1) e dados em que se verifica compatibilidade com imperativo (2) – e dados

que dão suporte a um tratamento desses verbos como verbos de alçamento – fatos sobre

transparência de voz (3) e inexistência de restrições de seleção quanto ao sujeito (4).

Uma vez apresentados os dados, o próximo passo do trabalho é analisar se eles de fato

servem de evidência para o tratamento dos verbos aspectuais do Português Brasileiro

como verbos ambíguos. A análise que proponho é a de que a estrutura que os verbos

aspectuais do Português Brasileiro projetam é uma só: eles são verbos de alçamento.

Para implementar essa idéia, apresento e discuto os trabalhos de Raposo (1989),

Gonçalves (1996) e Boff (2003), que trazem derivações para as sentenças com verbos

aspectuais, e, por fim, apresento a derivação sintática desses verbos. Em termos gerais,

essa derivação envolve dois domínios temporais (o matriz e o encaixado), sendo o

domínio encaixado introduzido por uma preposição e caracterizado por ser defectivo em

termos de traços-, derivando daí a característica de alçamento dos verbos aspectuais.

Por sua importância, três aspectos da derivação de sentenças com verbos aspectuais são

discutidos. O primeiro deles é o papel das preposições no licenciamento dos domínios

encaixados (5). O segundo aspecto é a relação entre os traços da morfologia infinitiva e

a satisfação do EPP do T0 encaixado. O último aspecto a ser ressaltado é o papel crucial

que a noção de Fase (Chomsky, 2001, 2004, 2005) tem na derivação com verbos

aspectuais do Português Brasileiro.

Dados:

(1) a. Todos os alunos começaram a ler os livros.

b. Os alunos começaram todos a ler os livros.

c. *Os alunos começaram a todos ler os livros.

(2) a. Comece a cantar! b. Continue a andar! c. Termine de fazer a tarefa!

(3) a. João começou a ler o livro (voz ativa)

b. O livro começou a ser lido por João (voz passiva)

(4) a. As crianças começaram a nadar sujeito [+animado]

b. A chuva começou a cair sujeito [-animado]

c. pro começou a chover sujeito expletivo

(5) a. As crianças começaram a nadar. b. ?As crianças começaram nadar.

c. Os alunos continuam a pesquisar. d. *Os alunos continuam pesquisar.

e. Todos terminaram de ler o poema. f. Todos terminaram ler o poema.

Referências

Alexiadou, Artemis & Elena Anagnostopoulou (1999) Raising without infinitive and the

nature of agreement. In: S. Bird, A. Carnie, J. Haugen & P. Norquest (eds) WCCFL

18 Proceedings, p.14-26.

Boff, Raquel (2003) Em Busca de uma Análise Sintático-Semântica para Construções

com o Verbo Começar no Português Brasileiro. Dissertação de Mestrado:

Universidade Federal do Paraná.

Burzio, Luigi (1986) Italian Syntax. Dordrecht: Reidel.

Chomsky, Noam (2001) Derivation by phase. In: M. Kenstowicz (ed.) Ken Hale: a Life

in Language. Cambridge, MA: MIT Press, p. 1-52.

Chomsky, Noam (2004) Beyond explanatory adequacy. In: A. Belletti (ed.) Structures

and Beyond – The Cartography of Syntactic Structure. Volume 3. Oxford: Oxford

University Press.

Chomsky, Noam (2005) On Phases. MIT, ms.

Gonçalves, Anabela (1996) Aspectos da sintaxe dos verbos auxiliares do português

europeu. In: A. Gonçalves, M. Colaço, M. Miguel, & T. Móia (eds.) Quatro Estudos

em Sintaxe do Português. Lisboa: Colibri, p. 7-51.

Lamiroy, Béatrice (1987) The complementation of aspectual verbs in French. Language

63: 278-298.

Landau, Idan (2003) Movement out of Control. Linguistic Inquiry 34: 471-498.

Perlmutter, David. (1968). Deep and Surface Structure Constraints in Syntax. Tese de

Doutorado: MIT.

Perlmutter, David (1970) The two verbs begin. In: R. Jacobs & P. Rosenbaum (eds.)

Readings in English Transformational Grammar. Waltham, MA: Blaisdell

Publishing Company: 107-119.

Raposo, Eduardo (1989) Prepositional infinitival constructions in European Portuguese.

In: O. Jaeggli & K. Safir (eds.) The Null Subject Parameter. Dordrecht: Kluwer

Academic Publishers, p. 277-305.

Schroten, Jan (1986) Ergativity, raising and restructuring in the syntax of Spanish

aspectual verbs. Linguisticae Investigationes 2: 439-465.

Wurmbrand, Susi (2001) Infinitives. Berlin: Mouton de Gruyter.

LA EXPRESIÓN DE OBJETOS EN LA ADQUISICIÓN DEL PORTUGUÉS

BRASILERO COMO L3

Silvina Montrul, Rejane Dias and Hélade Santos

Universidad de Illinois at Urbana-Champaign, USA

El objetivo de este estudio es investigar el desarrollo gramatical de adultos que

aprenden portugués brasilero como tercera lengua (L3). Unas investigaciones recientes

indican que la adquisición de una segunda lengua (L2) difiere de la adquisición de una

tercera lengua (L3) debido a que en esta última hay dos posibles fuentes de

transferencia. La transferencia puede provenir de la L1 si hay similitud tipológica según Håkansson, Pieneman & Sayheli (2002), de la L2 (Bardel & Falk 2007, Leung 2005, 2006), o

las dos lenguas simultáneamente (Flynn, Vinnitskaya & Foley‘s 2004 Cummulative

Enhancement Model). Estas propuestas fueron evaluadas con un estudio experimental sobre la

adquisición de pronombres clíticos, objetos nulos, y posición de clíticos con respecto al verbo

en la producción oral espontánea de 15 aprendices de portugués que hablan español como L1 e

inglés como L2 y 20 aprendices que hablan inglés como L1 y español como L2. También

incluimos un grupo control de 20 hablantes nativos de portugués brasilero. El inglés no tiene

pronombres clíticos, lo cual quiere decir que la transferencia de esta lengua no es posible en este

caso. El español tiene pronombres clíticos, objetos nulos muy restringidos, y la posición de los

clíticos es bastante consistente: el clítico precede los verbos conjugados pero aparece en

posición post verbal si el verbo no está conjugado. Además, el español presenta el doblado de

clíticos con pronombres dativos, cosa que no ocurre en portugués. Si hay transferencia debido a

similitud tipológica, la transferencia provendrá de la L1 para los hablantes de español y de la L2

para los hablantes de inglés. Los resultados demuestran que esta última hipótesis es correcta.

Los dos grupos de aprendices cometieron errores que reflejan la gramática del español con

respecto a la posición de clíticos en portugués.

LA INTERFAZ LÉXICO-MORFOSINTÁCTICA: LAS PERÍFRASIS DE

INMINENCIA DEL ESPAÑOL ANDINO

Liliana Sanchez, University of Rutgers, USA

En español andino las perífrasis verbales volitivas (1) reciben una interpretación

progresiva-inminente. El verbo modal quiere introduce la lectura inminente con verbos

eventivos (Tenny 1994) (1)-(2) y estativos (3):

(1) Está queriendo entrar

(2) Está queriendo morder al sapo

(3) Está queriendo ser feliz

Estas formas no son producidas ni se aceptan como gramaticales en muchas variedades

de español en las que hay otra perífrasis verbal de inminencia:

(4) Está a punto de comer/ ser feliz

A medio camino entre el español andino y las variedades que no aceptan (1)-(3) están

algunas variedades latinoamericanas no andinas en las que se aceptan formas como (5)

em las que no hay un sujeto argumental (6) sino uno expletivo:

(5) Parece que quiere llover

(6) *Parece que Juan quiere entrar (*con lectura inminente)

La asociación entre formas volitivas e inminentes en lenguas criollas ha sido estudiada

previamente desde la perspectiva de la gramaticalización (Romaine 1999). En español

andino a pesar de que el significado volitivo de querer se mantiene, en algunas

perífrasis verbales como las de (1)-(3) hay una proyección aspectual asociada con una

matriz de rasgos {[+inminente],[+progresivo]}. En las variedades que no aceptan (1)-(3)

ni (5) no se da la gramaticalización del rasgo inminente en querer. En español andino,

en cambio, el nodo Aspectual (Zagona 2000) especificado con los rasgos [+inminente,

+progresivo] (Halle y Marantz 1993) actúa como un mecanismo de sondeo (probe) de

rasgos que se cotejan en los distintos verbos auxiliares que forman la perífrasis:

(7) [ST Está [Sv queriendo [SAsp [ SVcomer]

Asp =[+progresivo, +inminente]

En las variedades latinoamericanas que permiten (5), Aspecto está marcado con el rasgo

[+inminente], pero sólo cuando ocurre con sujetos expletivos (con rasgos de EPP) que

bloquean una lectura volitiva.

2

Bibliografía

Halle, M. y Marantz, A.1993. "Distributed Morphology and the Pieces of Inflection",

The

View from Building 20. Cambridge, MA: MIT Press. 111-176

Romaine, S. 1999. The grammaticalization of the proximative in Tok Pisin. Language

75(2): 322–346.

Tenny, C. 1994. Aspectual Roles and the Syntax-Semantics Interface. Dordrecht:

Kluwer.

Zagona, K. 2000. The Syntax of Spanish. Cambridge University Press.

EVENTIVIDAD NOMINAL Y ESTRUCTURA MORFOLÓGICA:

NOMINALIZACIONES EN -ADA EN EL ESPAÑOL RIOPLATENSE

Gabriela Resnik,Universidad Nacional de General Sarmiento, Argentina

El sistema de sufijos nominalizadores del español incluye diversas formas, como -ción,

-miento, -aje, -dura y -ada, además de las regresivas. En estudios generales de procesos

de formación de palabras del español, como el de Lang (1992), se destaca que

constituyen el grupo más numeroso dentro de los sufijos que cambian la categoría

gramatical de la base a la que se adjuntan. Dentro de estas formas, el caso de -ada es

particularmente interesante porque puede adjuntarse a bases tanto nominales como

verbales y, en ambos casos, puede dar lugar a nombres eventivos y no eventivos (con

diversos significados, cf. Lang, 1992: 167; Lacuesta & Bustos Gisbert: 4518), lo que

explica en parte su productividad. En l puede verse el contraste entre las variantes

eventiva (1.a) y resultativa (1.b) de la nominalización deverbal bajada, y en 2 puede

verse el de las dos variantes de la nominalización denominal parrillada:

1. a. Hoy la bolsa sucumbió también por la bajada de los precios internacionales de las

materias primas. (bajada = ‗evento‘)

b. el proyecto del ensanche de la ruta 8, desde la bajada de Pilar hasta San Antonio de

Areco (bajada = ‗trecho de autopista‘)

2. a. Como protesta, ayer la Unión Gastronómica organizó una parrillada con

choripanes frente al local. (parrillada = ‗evento‘)

b. La parrillada incluye morcilla, chorizo, chinchulines, mollejas, riñón y tira de asado.

(parrillada = ‗tipo de comida‘)

El objetivo de este trabajo es el análisis de la estructura argumental y eventiva de las

nominalizaciones deverbales formadas por el sufijo -ada (y su alomorfo -ida), para

determinar su especificidad dentro del sistema de nombres eventivos del español

rioplatense, por un lado, y en contraste con las nominalizaciones formadas a partir del

sufijo equivalente -ada en el portugués brasileño, por otro.

Partimos del supuesto de que la estructura eventiva no es una característica

exclusivamente verbal que existe en el nombre sólo como ―herencia‖ del verbo base,

dado que: a) existen nominalizaciones polisémicas, con variantes eventivas y

resultativas asociadas a la que es, en apariencia, la misma estructura morfológica, como

construcción (cf. Grimshaw, 1990, para el inglés; Picallo, 1991 y 1999, para el catalán y

el español, respectivamente); b) existen nombres de significado eventivo cuya estructura

morfológica es simple (como accidente o guerra). El comportamiento sintáctico dispar

que se observa al comparar los contextos en que pueden usarse nominalizaciones

eventivas y nombres eventivos simples (cf. Resnik, en prensa) puede ser explicado más

por diferencias en cuanto a sus propiedades argumentales/funcionales que por

diferencias en su estructura eventiva (cf. Alexiadou, 2001; Resnik, 2005a y b). En este

trabajo, intentaremos establecer si la alternancia evento/resultado de las

nominalizaciones en -ada implica los mismos efectos sintácticos que los de las

nominalizaciones en -ción/miento. Para ello, analizaremos contrastes en el modo de

realización de los argumentos, la selección de adjuntos y la compatibilidad con

determinantes y cuantificadores. A su vez, compararemos estos efectos sintácticos con

los propios de los nombres eventivos simples. Además, intentaremos establecer si existe

una correlación entre las propiedades de las nominalizaciones eventivas en -ada y las

restricciones que se dan en español rioplatense para la formación de construcciones con

el verbo liviano dar, como dar una enjuagada o dar una frenada. En efecto, la

ocurrencia de estas construcciones está más condicionada en esta lengua que en el

portugués brasileño, en relación con dos factores: por un lado, la menor productividad

de la forma en -ada en español, que al parecer rechaza ciertas bases verbales que sí

están disponibles en portugués, como se ve en el contraste entre los nombres bien

formados de 3.a y las formas anómalas de 3.b:

3. a. uma emagrecida, uma murchada (Scher, 2004)

b. *una adelgazada, *una marchitada

Por otro lado, condiciones más estrictas vinculadas con la formación de la construcción

con dar, que pueden darse aun cuando exista la forma en -ada. Aquí, nuevamente, el

portugués brasileño es menos restrictivo que el español rioplatense:

4. a. O euro deu uma baixada.

b. *El euro dio una bajada.

En particular, tomaremos en cuenta la propuesta de Scher (2004), que sostiene que son

los rasgos de estaticidad y telicidad intrínseca de la nominalización los que bloquean la

formación de construcciones con dar en portugués brasileño (Scher, 2004: 31), para

determinar qué rasgos de la estructura eventiva de las nominalizaciones previenen la

formación de la construcción equivalente en español rioplatense.

El estudio de las propiedades léxico-sintácticas de las nominalizaciones en -ada

intentará aportar datos que sirvan para la discusión planteada en Resnik (2007) y Scher

(2006) acerca de la importancia relativa de la raíz léxica y del elemento funcional (el

sufijo) en la determinación de las propiedades, sobre todo eventivas, del derivado

nominal en las lenguas romances.

Referencias

Alexiadou, A. (2001). Functional Structure in Nominals: Nominalization and

Ergativity. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins Publishing Company.

Grimshaw, J. (1990). Argument Structure. Cambridge: The MIT Press.

Lacuesta, R. S. & Eugenio Bustos Gisbert (1999) ―La derivación nominal‖. En: Bosque,

Ignacio & Violeta Demonte (eds.): Gramática descriptiva de la lengua española.

Madrid: Real Academia Española / Espasa Calpe, 1999, § 69.4506-4594.

Lang, M. F. (1992) Formación de palabras en español. Morfología derivativa

productiva en el léxico moderno. Madrid: Ediciones Cátedra.

Picallo, M. C. (1991). ―Nominals and Nominalizations in Catalan‖. Probus, 3. 279-316.

Picallo, M. C. (1999) ―La estructura del sintagma nominal: las nominalizaciones y otros

complementos argumentales‖. En: Bosque, I. & V. Demonte (eds.) Gramática

Descriptiva de la Lengua Española. Madrid: Espasa, tomo 1, capítulo 6, 363-393.

Resnik, G. (2005a) ―Aspecto léxico y sintaxis nominal: el caso de los nombres

eventivos no deverbales‖, ponencia presentada en el X Congreso Nacional de

Lingüística, Sociedad Argentina de Lingüística. Salta, 5-8 de julio de 2005.

Resnik, G. (2005b) ―La estructura funcional de los nombres eventivos no deverbales‖,

ponencia presentada en el III Encuentro de Gramática Generativa, Universidad

Nacional del Comahue. Neuquén, 18-20 de agosto de 2005.

Resnik, G. (2007) ―Derivación y propiedades aspectuales: los verbos derivados de

nombres eventivos simples‖. RASAL, 1/2, 2006: 95-116.

Resnik, G. (en prensa) ―La determinación de la eventividad nominal en español‖. En G.

Ciapuscio (ed.) De la palabra al texto: estudios lingüísticos del español.

Scher, A. P. (2004) ―As Categorias Aspectuais e a Formação de Construções com o

Verbo Leve DAR‖. XIX ENANPOLL. Maceió, 28 de junio al 2 de julio de 2004.

Scher, A. P. (2006) ―Nominalizações em -ada em Construções com o Verbo Leve dar

em Português Brasileiro‖. Letras de Hoje, v. 41, nº 1, 2006: 29-48.

GRAMATICALIZACIÓN Y CUANTIFICADORES EN EL HABLA COLOQUIAL

DEL ESPAÑOL RIOPLATENSE Ángela Di Tullio, Universidad Nacional del Comahue, Argentina

Laura Kornfeld, U. N. de General Sarmiento/ Universidad de Buenos Aires/ CONICET,

Argentina

El presente trabajo se propone analizar una serie de expresiones gramaticalizadas que funcionan

como cuantificadores nominales en el habla coloquial del Río de la Plata, y que en algunos casos

son privativos del español rioplatense y su zona de influencia, como un(a) seguidilla/ manga/

banda/ bocha/ vagón/ toco/ pila de7, que coinciden en tener un nombre precedido de un

determinante indefinido y seguido por la preposición ―por defecto‖ de.

Las expresiones gramaticalizadas que funcionan como cuantificadores nominales deben

distinguirse de otras construcciones emparentadas. Por un lado, si bien podrían clasificarse

dentro de los llamados sustantivos cuantificativos de grupo (cfr. Bosque 1999), difieren de las

expresiones descriptivas que cumplen esa misma función. Así, los cuantificadores solo pueden

aparecer precedidos del artículo indefinido (cfr. 1.a), mientras que las expresiones descriptivas

permiten el artículo definido o demostrativos (cfr. 1.b):

(1) a. Me dio una/ *la/ *esa bocha de ideas, un/ *el/ *ese vagón de libros

b. Me dio un/ el/ ese manojo de llaves, un/ el/ ese racimo de uvas

Por otro lado, como señala el propio Bosque (1999) los cuantificadores también deben

diferenciarse de las construcciones partitivas, ya que no admiten la presencia de un determinante

delante del nombre al que están modificando, como se advierte en el contraste de (2):

(2) a. Encontré una bocha de (*la/ una) gente.

b. Encontré la mitad de la/ una torta.

La diferencia ilustrada en (2) sugiere una diferencia en la ubicación sintáctica de cada tipo de

construcción: mientras que las construcciones partitivas del tipo (2.b) serían especificadores del

SD (de modo similar a lo que plantean Saab 2004 y Di Tullio & Saab 2005 para expresiones

como una porquería de ciudad o un espanto de gente), los cuantificadores de (2.a) se ubicarían

en la posición de núcleo del SD, ya que se encuentran en distribución complementaria con otros

cuantificadores o determinantes. Este análisis se vería sustentado, en particular, por ejemplos

como los de (3), en los que desaparece el determinante indefinido y solo el nombre cumple la

función de cuantificador.

(3) Vi bocha/ banda/ pila de películas.

Las expresiones gramaticalizadas que funcionan como cuantificadores conforman, pues, un

conjunto relativamente homogéneo frente a otro tipo de construcciones como las expresiones

descriptivas o partitivas. Sin embargo, pueden relevarse ciertas diferencias en su comportamiento

que permiten reconocer varios subgrupos a partir de su combinatoria o de su función gramatical.

Por un lado, encontramos que algunas expresiones cuantificativas solo pueden combinarse con

nombres de significado eventivo, deverbales o simples (cfr. 4.a), otras lo hacen exclusivamente

con nombres que designan personas (cfr. 4.b) y otras solo con nombres que se refieren a objetos

(cfr. 4.c). Por el contrario, otras expresiones tienen posibilidades combinatorias más amplias (cfr.

5), que asemejan su distribución a la de los cuantificadores ―simples‖ como muchos o varios.

(4) a. una seguidilla/ ola / racha/ catarata de desgracias/ asaltos/ delaciones

7 Pueden encontrarse equivalentes exclusivos de diferentes variedades del español (e.g., Esp.: un huevo / un

porrón/ una jartá/ un mogollón/ un chorro de cosas, Méx.: un chingo/ una burda de cosas)

b. una manga de delincuentes/ intolerantes

c. un toco/ vagón de libros/ guita

(5) un montón / una bocha/ banda/ pila de desgracias/ asaltos/ delaciones/ delincuentes/

intolerantes/ libros/ guita

Adicionalmente, puede constatarse que algunas de las expresiones cuantificativas analizadas

tienen restricciones aún más específicas en su combinatoria. Así, sarta/ suma (de problemas /

boludeces) y manga (de delincuentes/ intolerantes) presuponen un carácter ponderativo o

valorativo (negativo) en el nombre con el que se combinan. Estos casos permiten estudiar las

interacciones entre los fenómenos de gramaticalización y lexicalización, ya que se trata de

expresiones gramaticalizadas (en la medida en que se ligan con rasgos funcionales) y,

paralelamente, tienen fuertes restricciones de naturaleza léxica.

Por otro lado, algunas de estas expresiones pueden funcionar también como cuantificadores

verbales, incluso sin estar precedidas por otro determinante, lo cual indicaría un alto grado de

gramaticalización (cfr. los ejemplos de 6). Nótese que las expresiones que aparecen sin

determinante en (6.b) son las mismas que admiten la ausencia de otro determinante cuando

cuantifican nombres, en contraste con el resto de las expresiones analizadas (cfr. los ejemplos de

7), y las que presentan las menores restricciones combinatorias desde el punto de vista semántico

(cfr. 5).

(6) a. Te quiero un toco/ un montón.

b. Te quiero bocha/ banda/ pila.8

(7) a. Hubo *(una) seguidilla/ ola de asaltos; Compré *(un) toco/ montón de hojas

b. Vi bocha/ banda/ pila de películas [=3].

En suma, en este trabajo nos proponemos analizar el proceso de gramaticalización de una serie

de expresiones que funcionan como cuantificadores en el habla coloquial rioplatense. El análisis

propuesto puede no solo extenderse a casos análogos en otras variedades del español, sino

también utilizarse para predecir el comportamiento de ejemplos menos gramaticalizados como

un mundo/ infierno/ barbaridad de gente.

Bibliografía citada

Bosque, I. 1999. ―El nombre común‖ en Gramática Descriptiva de la Lengua Española. Madrid:

Espasa Calpe, cap 1, vol 1. 3-77.

Di Tullio, A. & A. Saab. 2005. ―Dos clases de epítetos en el español: sus propiedades

referenciales y distribución sintáctica‖, trabajo presentado en el XIV Congreso Internacional

de Alfal, Universidad Autónoma de Nuevo León, Monterrey, 17-21 de octubre de 2005.

Saab, A. 2004. El dominio de la elipsis nominal en español: identidad estricta e inserción tardía.

Tesis de Maestría inédita, Universidad Nacional del Comahue.

8 Equivalentes exclusivos de otras variedades son los siguientes: Esp.: te quiero mogollón/ mazo / un huevo /

un porrón/ una jartá, Méx.: te quiero cañón/ un chorro/ un chingo, Venez.: te quiero burda.

EVIDENCIALIDAD GRAMATICAL EN EL ESPAÑOL MEXICANO

Esthela Trevino, Universidad Autonoma, Mexico

Siguiendo la distinción que Aikhenvald (2003, 2004) hace entre evidenciales y

estrategias de evidencialidad, se arguye que la mayoría de las lenguas europeas carecen

de la categoría gramatical de evidencialidad; no obstante, pueden hacer uso de ciertas

categorías gramaticales (tiempos verbales, modales, adverbios) para adquirir

―extensiones evidenciales‖, pero cuyo significado primario no es el de denotar la fuente

de información o conocimiento (evidencialidad) sobre la que se apoya una proposición.

Las lenguas romances, por supuesto, no son la excepción; el futuro, condicional e

imperfecto en su uso ―extensional‖ como evidencial han ocupado importantes espacios

en la literatura, muy particularmente a partir de la década de los 90 y han aparecido

estudios mucho más recientes: Squartini 2001 (mayor énfasis en el Italiano y Francés),

Haßler 2002, 2003 (Francés), Escandell y Leonetti 2003 (Español). Algunas variantes

del Español, sin embargo, poseen una forma libre de evidencial que denota una fuente

epistémica indirecta, el reportativo dizque y la menos conocida variante quesque, tan

productivos en el Español Mexicano (EM) y en el Colombiano (Travis 2006 sobre

dizque), entre otros dialectos.

En este trabajo voy a mostrar y a argüir que el EM exhibe un uso extendido de la

partícula que con un claro valor reportativo, lo que coloca a esta variante del Español

entre la clase de lenguas que codifican gramaticalmente la evidencialidad (aunque,

habría que decir, se ha propuesto también que la partícula de del dequeísmo es una

marca de evidencialidad (Schwenter 1999, Guirado 2006). El reportativo que –aquí

destacado con la tipografía que– aparece en contextos como los incluidos en 1 a 5.

1. ¿Y Laura? ––No va a venir que porque está enferma

2. Me trajo la carta que para que yo misma la leyera

3. Lo corrieron que por grosero

4. ¿Dónde lo habrá conseguido? —Lo compró que en Sanborns (registrada)

5. Esta vez sus pisos los pulió que con cera (registrada)

Si bien hay restricciones entonacionales que habré de discutir, particularmente en

ejemplos del tipo 3 a 5, el uso de que en las expresiones 1 a 5 es totalmente ajeno para

hablantes consultados de otras variedades del Español como el Peninsular, el Peruano,

Argentino e incluso el Colombiano, aun tomando en cuenta las restricciones prosódicas

ya apuntadas. No obstante, estas mismas variantes tienen –como lo demostraré– un uso,

si bien restringido, de que como reportativo. Véanse los contextos de 6 a 8, los cuales

comparte el EM.

6. No que ya no le ibas a prestar dinero?

7. Oye, que invitaron al Gobernador a la Inauguración

8. ¿Qué pasó? —que a Mario le dio un infarto

Es interesante notar que el uso reportativo de que tiene casi la misma distribución que

dizque/quesque; de hecho, en todos los ejemplos anteriores que puede sustituirse por

aquellos (aunque en el caso de 6 no es usual por razones que discutiré después). Es

tentador suponer que en el EM este paralelismo en la distribución pueda estar de alguna

manera vinculado, bien por analogía bien por un proceso de simplificación de

dizque/quesque. Sin embargo, dizque/quesque difieren de que en cuanto a que los

primeros conllevan intrínsecamente un significado modal que denota descrédito,

escepticismo, recelo, connotaciones que no tiene inherentemente que –aunque pueda

adquirirlas y lo hace con la prosodia adecuada. Desde luego, como sucede en las

lenguas con evidenciales reportativos, el hablante no se compromete con la veracidad

del hecho reportado; en el caso de dizque/quesque es esto lo que queda más que patente

en su significado y uso, mas no en el de que; de modo que que es un mero reportativo

mientras que dizque/quesque son reportativos modales. Esta diferencia, como lo

mostraré en el trabajo, explica que la distribución de dizque/quesque vs. que no sea del

todo idéntica. En efecto, dizque/quesque tienen una clara función adverbial en cuanto a

su ámbito de modificación y también pueden posicionarse como modificadores

nominales (donde se pierde el significado reportativo); es este posicionamiento peculiar

el que queda excluido para el evidencial que. Compárense los contrastes entre 9 y 10.

9. a. La dizque/quesque famosa cantante nunca se presentó.

b. Ese libro se lo prestó a dizque/quesque su hermana.

Cf. La supuestamente famosa cantante // se lo prestó a supuestamente su

hermana

10. a. *La que famosa cantante…

b. *Ese libro se lo prestó a su que hermana.

El significado de dizque/quesque que sobresale en expresiones como las de 9 es más el

de un modal (adverbial) y este significado está ausente en el evidencial que. En el

análisis mostraré que el ámbito de modificación de que está restringido a contextos que

puedan constituir una proposición.

Aikhenvald, Alexandra Y, 2003, ―Evidentiality in typological perspective‖, en A.

Y. Aikhenvald & R. M. W. Dixon (Eds.), Studies in evidentiality, Amsterdam, John

Benjamins, pp. 33-62.

____________________., 2004, Evidentiality. Oxford: Oxford University Press.

Escandell Vidal,Victoria & M. Leonetti, 2003, ―On the quotative readings of

Spanish Imperfecto‖, Cuadernos de Lingüítica X: 135-154, Instituto Universitario

Ortega y Gasset.

Guirado, Krístel, 2006, ―Deixis proposicional en el habla de Caracas: un análisis

cuantitativo del (de)queísmo‖, Boletín de Lingüística XVIII, 26: 130-156, Universidad

Central de Venezuela.

Haßler, Gerda, 2002, ―Evidentiality and reported speech in Romance languages‖,

en T. Güldemann, Reported Discourse, Ámsterdam, John Benjamins.

___________, 2003, ―Recursos evidenciales en las lenguas romances: un

estudio funcional y comparativo‖, Actas del XXIII Congreso Internacional de

Lingüística y Filología Románica, Vol. 2, Tomo 1: 419-430

Schwenter, Scott A., 1999, ―Evidentiality in Spanish morphosyntx: a reanalysis

of (de)queísmo‖, en M. J. Serrano (Ed.), Estudios de variación sintáctica, Madrid,

Iberoamericana.

Squartini, Mario, 2001, ―The internal structure of evidentiality in Romance‖,

Studies in Language 25:2, 297–334.

Travis, Catherine E., 2006, ―Dizque: a Colombian evidentiality strategy‖,

Linguistics 44–6: 1269–129.

PSEUDO-CLIVADAS REDUZIDAS EM ESPANHOL CARIBENHO E EM

PORTUGUÊS BRASILEIRO

Carlos Mioto

Universidade Federal de Santa Catarina/CNPq

As sentenças em (1) aproximam o português brasileiro (PB) e o espanhol falado

na Venezuela, Panamá, Colômbia, Equador (resumido como espanhol caribenho (EC)

por Bosque (1999)):

(1) a. Eu bebo é cerveja. (Eu bebo cerveja) (PB)

b. Bebo es cerveza. (Bebo cerveza) (EC)

Nestas regiões da România Nova estas construções floresceram a par com as sentenças

em (2):

(2) a. O que eu bebo é cerveja.

b. Lo que bebo es cerveza.

Como as sentenças em (1) e (2) são designadas para focalizar constituintes, elas são

enquadradas sob o rótulo de pseudo-clivadas: as de (2) sob o rótulo tradicional de

pseudo-clivadas; as de (1) sob o rótulo de pseudo-clivadas reduzidas.

Por um lado, alguns estudos (Wheeler (1982) e Kato et alii (1996), para o PB, e

Toríbio (1992) para o EC), consideram os pares em (1) e (2) como sendo

estruturalmente idênticos, a diferença ficando por conta de o operador Wh ser explícito

ou implícito. Por outro, Bosque (1999) e Kato & Nunes (em prep.) defendem que as

sentenças de cada par se estruturam de modo diferente: nas de (1) simplesmente não

existe nenhum um operador Wh, nem mesmo um implícito/nulo.

Considerando apenas dados do PB (mas acreditando que as considerações se

estendem ao EC, resguardados os fenômenos derivados de diferenças paramétricas

independentes que essas línguas apresentam), este trabalho segue a linha de Bosque

(1999) e Kato & Nunes. Aos argumentos elaborados por Bosque, pretendo acrescentar

mais alguns, sendo os cruciais aqueles que dizem respeito à condição de c-comando e

aos efeitos de compatibilidade (matching effects) que se fazem sentir nas relativas

livres.

Considere as sentenças em (3). O que exclui a sentença (3a) sem excluir (3b) é

que, na primeira, o vestígio não é c-comandado pelo seu antecedente:

(3) a. *[RL O que o Lulai tem] é ti falado pouco e com poucos. (O Lula tem falado

pouco e com poucos)

b. O Lulai tem é ti falado pouco e com poucos. (O Lula tem falado pouco...)

Em (3b), por sua vez, o Lula c-comanda seu vestígio ti. Note-se que se pode alegar que

o c-comando se verifica somente se não existe um operador nulo em (3b). A existência

deste operador transformaria (3b) em (4) destruindo as condições para que o Lula c-

comande ti:

(4) [RL OP o Lula tem] é t falado pouco e com poucos.

As sentenças de (3) podem ser contrastadas com as de (5):

(5) a. [O que o Lulai tem ti feito] é falar pouco. (O Lula tem falado pouco...)

b. ??O Lula tem feito é falar pouco.

Em (5a), a inserção do ―pro-verbo‖ fazer, digamos uma operação de último recurso,

resgata a configuração apropriada para que o c-comando se verifique. A inserção de

fazer em (5b) produz uma sentença deteriorada porque esse é um procedimento inócuo

para efeitos de c-comando.

Considere, ainda, as sentenças em (6):

(6) a. ??[RL Quando o João chegou] foi ontem.

b. O João chegou foi ontem.

A sentença sem o pronome relativo em (6b) é bem formada. Entretanto, em (6a) a

presença de quando deteriora consideravelmente a sentença. Alego que esta

deterioração se deve ao fato de o pronome relativo quando não satisfazer os

requerimentos de compatibilidade para que uma relativa livre (RL) figure como sujeito

de uma sentença. Uma relativa nestas situações deve ser encabeçada por um pronome

relativo do tipo DP, como o que em (3a), quem, compatível com nominativo; se ela é

encabeçada por pronomes relativos do tipo quando, como em (6a), onde, como, a

checagem de nominativo fica prejudicada. Por isso, conjeturamos que não existe uma

relativa livre em (6b), nem mesmo uma encabeçada por um operador nulo.

Quanto à cópula que aparece nas pseudo-clivadas reduzidas, suponho, como

Bosque (1999), que ela é um item funcional designado para focalizar (contrastivamente)

o constituinte que vem depois dela. Porém, faço notar que ela se distribui exatamente

como o item negativo não, que encabeça o contraste entre colchetes em (7):

(7) a. O João quer é sambar na Portela no carnaval de 2008 [, não dançar no

Municipal].

b. O João quer sambar é na Portela no carnaval de 2008 [, não na Mangueira].

c. O João quer sambar na Portela é no carnaval de 2008 [, não no carnaval de

2009].

Como a cópula é a contraparte afirmativa do não contrastivo, proponho que ambos são

combinados da mesma maneira: como adjunto do constituinte focalizado.

Bosque, I. (1999) ) ―On focus vs. wh-movement: the case of caribbean Spanish‖. Sophia

Linguistica Working Papers in Linguistics, 44/45.

Kato, M.A., M.L.Braga, M.A. Lopes-Rossi, N. Sikanski & V.R. Correia (1996)

Construções-Q na gramática do português falado. In: Mary A.Kato (ed.)

Gramática do Português Falado , Vol V.Campinas: Editora da UNICAMP.

Kato M. A. & J. M. Nunes (em prep.) Clivadas sem operador. Ms UNICAMP, USP.

Toríbio, Almeida J. (1992) ―Proper government in Spanish subject relativization.‖

Probus 4: 291-304.

Wheeler, D. (1982) Portuguese pseudo-clefts: evidence for free relatives. Eighteenth

regional meeting Chicago Linguistic Society. 507-520.

HIPER-ALÇAMENTO DE TÓPICO EM PORTUGUÊS BRASILEIRO:

EVIDÊNCIA ADICIONAL PARA COMPUTAÇÕES DE ECONOMIA EM

TERMOS DE SUB-ARRANJOS

Ana Maria Martins, Universidade de Lisboa, Portugal

Jairo Nunes, Universidade de São Paulo, Brasil

Desde o trabalho seminal de Pontes (1987), tem sido comumente assumido na literatura

sobre o português brasileiro que a estrutura de suas orações pode envolver duas

posições de sujeito (cf. (1a)) e que, na ausência de um sujeito canônico em [Spec,TP],

um locativo sem preposição ou um possuidor pode se mover para essa posição e

desencadear concordância com o verbo (cf. (1b-c)). Martins e Nunes (2007)

recentemente argumentaram que estruturas como (1a) e (1c) embasam a derivação de

construções de hiper-alçamento de tópicos como (2a) e (2b). No entanto, quando

sentenças como as em (3)-(5) são consideradas, sua proposta parece enfrentar problemas

em relação a computações de economia: (3) mostra que o movimento do tópico da

encaixada é opcional; (4) mostra que a concordância do verbo da matriz com o tópico

da encaixada é lícita somente se o tópico estiver na oração matriz; finalmente, (5a) e

(5b) mostram que a presença do tópico na oração matriz não precisa desencadear

concordância nem na oração matriz, nem na encaixada e (5c) mostra que a concordância

na matriz não é dependente da concordância na encaixada. Observe que dizer que o

contraste entre (2) e (4) é devido à falta de uma configuração Spec-núcleo entre o T da

matriz e o tópico em (4) é insuficiente. Dado que o movimento de tópicos não é

obrigatório (cf. (3)), se movimento é uma operação de último recurso (Chomsky 1995),

a derivação com movimento em (2) deveria ser bloqueada pela derivação sem

movimento em (3). Além disso, se concordância também é uma operação de último

recurso motivada pela necessidade de se eliminar traços [-interpretáveis] (Chomsky

1995), por que a concordância sujeito-verbo em construções de hiper-alçamento de

tópico parece ser opcional tanto na oração matriz, quanto na encaixada (cf. (5))?

Argumentamos aqui que, num nível abstrato, essas questões envolvem o mesmo

problema de economia apresentado por sentenças como (6) em inglês, em que o traço

EPP do T encaixado é checado depois da concatenação do expletivo em (6a) e por

movimento de someone em (6b). Se Conectar (Merge) é mais econômico que Mover

(Chomsky 1995), a derivação de (6a) deveria bloquear a derivação de (6b),

contrariamente ao que acontece. A solução de Chomsky (2000) para (6) é assumir que

(i) concordância envolve uma relação sonda-alvo, em que a sonda c-comanda o alvo;

(ii) numerações devem ser organizadas em termos de sub-arranjos determinados pelos

núcleos de fases fortes; e (iii) o conjunto de comparação para computações de economia

tem de levar em conta esses sub-arranjos. A nossa proposta é que esses pressupostos

também permitem uma análise para o intricado padrão em (2)-(5). Mais

especificamente, a derivação de um padrão e não de outro vai ser deterministicamente

definido em função do número de ocorrências de expletivos (nulos) e núcleos Top

presentes na numeração e dos sub-arranjos por onde esses elementos estão distribuídos.

As derivações das sentenças em (2b), (3b) e (5c), por exemplo, estão associadas aos

sub-arranjos e derivações esquematizadas em (7)-(9), respectivamente (o espaço

reduzido nos impede de apresentar as demais estruturas). Como evidência independente

para nossa proposta, discutiremos a interação entre concordância e a presença de

locativos em sentenças como (10). (10a) mostra que se o verbo encaixado estiver no

singular, o verbo da matriz pode estar no singular ou no plural; por outro lado, se o

verbo encaixado estiver no plural (cf. (10b)), nenhuma opção é possível na oração

matriz. (10a) pode ser derivada de uma numeração contendo um expletivo no sub-

arranjo encaixado, que vai desencadear concordância de 3SG com o verbo encaixado

(enquanto núcleo, o expletivo pode funcionar como sonda; veja-se Chomsky 2001); a

concordância adicional entre o tópico encaixado e o predicado matriz dependerá então

de haver ou não um expletivo no sub-arranjo matriz. Por outro lado, não existe

distribuição de expletivos entre os sub-arranjos que permita uma derivação lícita para

(10b). Se o constituinte essas gavetas estiver associado com o sub-arranjo da oração

encaixada, vai poder ser inserido em [Spec,TP] ou [Spec,TopP]. Em nenhum caso, no

entanto, T da oração encaixada poderá entrar numa relação de sonda-alvo com ele

devido à ausência de c-comando. Crucialmente, concordância em passos seguintes da

derivação não salva a estrutura.

(1) a. Aqueles carros, o pneu furou.

b. Cabe muita coisa nessas gavetas.

c. Essas gavetas cabem muito papel

(2) a. Aqueles carros parecem que o pneu furou

b. Essas gavetas parecem que cabem muita coisa

(3) a. Parece que aqueles carros, o pneu furou.

b. Parece que essas gavetas cabem muita coisa

(4) a. *Parecem que aqueles carros, o pneu furou.

b. *Parecem que essas gavetas cabem muita coisa

(5) a. Essas gavetas parece que cabem muita coisa

b. Essas gavetas parece que cabe muita coisa

c. Essas gavetas parecem que cabe muita coisa

(6) a. Someone is wondering whether there is someone here.

b. There is someone wondering whether someone is here.

(7) a. N1 = {{C, T, parece-}}, {que, Top, essas, gavetas, T, cabe-, muita, coisa}}

b. [TP [essas gavetas]i parecem [que [TopP ti [TP ti cabem muita coisa ti]]]] (= (3b))

(8) a. N2= {{C, proexpl, T, parece-}}, {que, Top, essas, gavetas, T, cabe-, muita, coisa}}

b. [TP proexpl parece [que [TopP [essas gavetas]i [TP ti cabem muita coisa ti ]] (= (4b))

(9) a.N3={{C, T, parece-}}, {que, Top, essas, gavetas, proexpl, T, cabe-, muita, coisa}}

b. [TP [essas gavetas]i parecem [que [TopP ti [TP proexpl cabe muita coisa ti ]]]] (= (6c))

(10) a. Essas gavetas parece/parecem que cabe muita coisa nelas

b. *Essas gavetas parece/parecem que cabem muita coisa nelas