comércio exterior - legislação internacional

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MATERIAL DE APOIO Curso : COMÉRCIO EXTERIOR Unidade disciplinar : LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL Profª : Cristiane Casini Turma / Semestre : 2ª Fase - 1º/2009 ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS Competência: Compreender a estrutura dos principais blocos econômicos internacionais e os ordenamentos jurídicos que estabelecem. Habilidade Relacionada: Diferenciar a estrutura dos blocos econômicos internacionais, identificando suas finalidades principais. Principais Bases: Acordos Internacionais e Negociações Multilaterais O presente material de apoio é uma síntese e em nenhum momento dispensa a leitura dos livros indicados na Bibliografia do plano de ensino e o acompanhamento das constantes mudanças ocorridas a nível mundial, visando apenas complementar a pesquisa bibliográfica realizada pelos acadêmicos com relação ao tema em epígrafe, apresentando os tópicos abordados em sala: I. Introdução Primeiramente é preciso entender que mesmo com toda independência, soberania e desenvolvimento de cada país, ao longo dos anos, verificou-se a necessidade de se firmar e manter relações internacionais, especialmente para dar continuidade às atividades comerciais. Para tanto, foi necessário fixar normas que pudessem disciplinar essas relações. Assim, as primeiras regras de direito internacional surgiram nos países europeus com uma construção normativa baseada nos costumes que e, aos poucos, foi transformada em regras aceitas, ora costumeiras, ora escritas. Tais relações são baseadas em valores como a paz e a justiça internacionais, bem como, o respeito aos direitos humanos. E, todas elas são permeadas por representações diplomáticas, pela diplomacia parlamentar e um aparato normativo substancial. E assim são formadas as organizações internacionais, voluntariamente e espontaneamente. Contudo, não podemos deixar de ter uma visão crítica lembrando que nem sempre a vontade de quem está no poder, ou seja, aqueles que representam os estados membros das diversas organizações internacionais é a mesma vontade da comunidade internacional – da sociedade, do povo. Neste sentido, não podemos perder de vista uma das grandes contradições do Direito Internacional, pois mesmo quando se reconhece a soberania e a igualdade dos Estados, é notório o enorme abismo entre os países desenvolvidos, daqueles em desenvolvimento ou dos sub-desenvolvidos. Da mesma forma como no direito interno, a igualdade perante a lei, não resolve as diferenças econômico-sociais entre os países. Sobre soberania vale relembrar: O Direito Internacional Público depende da vontade comum de vários Estados, já o Direito Interno está relacionado à vontade unilateral do Estado soberano. Contudo, para a Corte Internacional de Justiça existe a prevalência da primazia do Direito Internacional Público: Art. 27 da Convenção de Viena: “uma parte não pode invocar as disposições do seu direito interno para justificar o inadimplemento de um Tratado” 1.77

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Page 1: Comércio Exterior - Legislação Internacional

MATERIAL DE APOIO

Curso : COMÉRCIO EXTERIOR Unidade disciplinar : LEGISLAÇÃO EMPRESARIALProfª : Cristiane Casini Turma / Semestre : 2ª Fase - 1º/2009

ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

Competência: Compreender a estrutura dos principais blocos econômicos internacionais e os ordenamentos jurídicos que estabelecem.

Habilidade Relacionada: Diferenciar a estrutura dos blocos econômicos internacionais, identificando suas finalidades principais.

Principais Bases: Acordos Internacionais e Negociações Multilaterais

O presente material de apoio é uma síntese e em nenhum momento dispensa a leitura dos livros indicados na Bibliografia do plano de ensino e o acompanhamento das constantes mudanças ocorridas a nível mundial, visando apenas complementar a pesquisa bibliográfica realizada pelos acadêmicos com relação ao tema em epígrafe, apresentando os tópicos abordados em sala:

I. Introdução

Primeiramente é preciso entender que mesmo com toda independência, soberania e desenvolvimento de cada país, ao longo dos anos, verificou-se a necessidade de se firmar e manter relações internacionais, especialmente para dar continuidade às atividades comerciais. Para tanto, foi necessário fixar normas que pudessem disciplinar essas relações. Assim, as primeiras regras de direito internacional surgiram nos países europeus com uma construção normativa baseada nos costumes que e, aos poucos, foi transformada em regras aceitas, ora costumeiras, ora escritas. Tais relações são baseadas em valores como a paz e a justiça internacionais, bem como, o respeito aos direitos humanos. E, todas elas são permeadas por representações diplomáticas, pela diplomacia parlamentar e um aparato normativo substancial. E assim são formadas as organizações internacionais, voluntariamente e espontaneamente. Contudo, não podemos deixar de ter uma visão crítica lembrando que nem sempre a vontade de quem está no poder, ou seja, aqueles que representam os estados membros das diversas organizações internacionais é a mesma vontade da comunidade internacional – da sociedade, do povo. Neste sentido, não podemos perder de vista uma das grandes contradições do Direito Internacional, pois mesmo quando se reconhece a soberania e a igualdade dos Estados, é notório o enorme abismo entre os países desenvolvidos, daqueles em desenvolvimento ou dos sub-desenvolvidos. Da mesma forma como no direito interno, a igualdade perante a lei, não resolve as diferenças econômico-sociais entre os países.

Sobre soberania vale relembrar: O Direito Internacional Público depende da vontade comum de vários Estados, já o Direito Interno está relacionado à vontade unilateral do Estado soberano.Contudo, para a Corte Internacional de Justiça existe a prevalência da primazia do Direito Internacional Público:

Art. 27 da Convenção de Viena: “uma parte não pode invocar as disposições do seu direito interno para justificar o inadimplemento de um Tratado”

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II. Características principais da Sociedade Internacional

Partindo da produção normativa baseada em grande parte no costume internacional e nos tratados, percebemos que a Sociedade Internacional está estruturada de forma diversa das sociedades nacionais, com certas características que as diferenciam do direito interno dos Estados. Suas principais características são:

Descentralização: Não há um centro de poder de onde parte a Administração mundial, nem a produção de normas. Não há um parlamento permanente, com uma Constituição ou um Tratado que lhe fixe as regras e lhes dê legitimidade. Os vários sujeitos, especialmente os Estados e as Organizações Internacionais, em consenso, fixam as regras jurídicas.

Não tem um Poder Judiciário: o Tribunal Internacional de Justiça/Corte Internacional de Justiça, por exemplo, não julga qualquer causa e, ainda assim, apenas referente a Estados que estejam vinculados à ONU – Organização das Nações Unidas. Os juízes representam as macro-regiões em que o mundo está dividido.

Não tem um Poder Legislativo Central: De fato, não se concebe um parlamento mundial, eleito pelos países com alguma forma de representação, que discutisse e votasse “leis” internacionais. A produção normativa está adstrita principalmente aos Tratados Internacionais de caráter normativo. Como regra, obriga-se ao Tratado quem o ratificou ou o aderiu posteriormente. Em muitos casos, há a formulação de reservas que exclui certas obrigações. Por isso, não se fala em lei internacional no sentido de uma norma produzida a partir de um parlamento. Ressalte-se ainda que certas regras são jus non scriputum, ou seja, formadas a partir de um Costume Internacional geralmente aceito. Também admite-se fontes formais a partir dos Princípios Gerais do Direito.

Não tem uma força policial internacional: Não há uma polícia judiciária internacional. A possibilidade do uso da força, em razão de alguma desobediência à decisão do T.I.J. - Tribunal Internacional de Justiça é possível. Associado a isto está o fato de que o uso da força somente pode ser autorizado pelo Conselho de Segurança que arrebanhará dentre os Estados-membros as forças para manter a paz e a segurança internacionais, não tendo uma aplicação como polícia judiciária.

Baseia-se numa relação horizontal e de coordenação: Partindo-se da idéia da igualdade soberana dos Estados, as relações Estaduais se dão num nível de Coordenação, tendo a ONU exercido este papel coordenador. Não é uma relação de subordinação, nem hierarquizada. Na Assembléia Geral, aliás, cada país tem direito igual ao voto. A ONU não impõe condutas, apenas coordena o que os Estados decidem no seio da Organização.

Baseia-se na igualdade jurídica dos Estados: Tal igualdade parte originalmente da idéia de que cada país é soberano e, portanto, todos são iguais quanto à independência e soberania. O status jurídico decorrente é exatamente a igualdade. E, assim como nos Direitos internos, a igualdade jurídica não significa nem igualdade de poder, nem uma igualdade sócio-econômica.

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III. Fontes do Direito Internacional

Segundo a CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA OU TRIBUNAL INTERNACIONAL DE JUSTIÇA, as fontes formais são aquelas onde se vê a norma revelada, estabelecida, positivada. Dentre as várias fontes formais, pode-se apontar as principais:

a) COSTUME INTERNACIONALb) CONVENÇÕES OU TRATADOS INTERNACIONAISc) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO

Textualmente, o artigo 38 do Estatuto da C.I.J. assim enuncia:

a) COSTUME INTERNACIONAL

É o conjunto de normas consagradas por longo uso e observadas nas relações internacionais como obrigatórias. São regras que existem de modo prático entre os Estados. Também chamado de “usos e costumes internacionais”, “prática internacional” ou ainda “Direito internacional não escrito”, consiste numa das mais importantes fontes do Direito Internacional Público, ainda nos dias atuais, dada a ausência de um centro unificado de produção de normas jurídicas nas relações internacionais.

b) CONVENÇÕES OU TRATADOS INTERNACIONAIS

As convenções e os tratados internacionais são manifestações expressas de um acordo de vontades, formal e escrito (consentimento mútuo e livre), cujo objetivo deve ser lícito e possível, firmado entre Estados ou entre sujeitos de Direito Internacional e destinados a produzir efeitos de Direito1.

Têm como base normativa a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (l969) e a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais e Organizações Internacionais (1986)

Seus efeitos normalmente limitam-se às partes contratantes. “Um Tratado não cria nem obrigação nem direito para um terceiro Estado sem o seu consentimento.” (Art. 34 da C.V.) Não tem efeito temporal retroativo.

Conforme o número de partes envolvidas, os Tratados são designados como:

Bilateral: entre um Estado e uma O.I; ou entre uma O.I. e outra O.I.;

Multilateral ou Coletivo: firmado entre três ou mais Estados. (tem cláusula de adesão).

Estrutura do Tratado: Preâmbulo, Parte Dispositiva e Anexos (se houver):

Preâmbulo: enunciado das finalidades do Tratado e a enumeração das partes.

1 Obs: Excluem-se do conceito de tratados e convenções internacionais os contratos e acordos privados, como por exemplo de compra petrolíferas, contratos com multinacionais, etc.

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Parte Dispositiva: é redigida sob a forma de artigos, sendo nela que estão fixados os direitos e deveres das partes contratantes. Lugar, data e assinatura.

O idioma é escolhido livremente pelas partes e é escrito. No passado, utilizava-se o latim. Depois, o francês; Após, o inglês. Hoje utiliza-se tantas línguas quanto forem os Estados contratantes.

Fases, passos ou etapas:

Tratado em sentido estrito, também chamado Tratado Clássico: negociação, assinatura, ratificação, promulgação, registro e publicação. São aqueles submetidos à ratificação, após terem sido aprovados pelo Poder Legislativo.

Acordo em Forma Simplificada (conclusão imediata): Negociação e assinatura. (na assinatura é um dos momentos de formular reservas – ressalvas - quanto ao cumprimento de determinadas cláusulas contratuais).

O poder para firmar a ratificação é fixado livremente pelo Direito Constitucional de cada Estado. É um assunto do Direito interno. É a confirmação do tratado pelo Chefe de Estado.

O Brasil exige a aprovação do legislativo, por meio do Congresso Nacional. Para tanto, a proposta do Presidente é sujeita à apreciação da Comissão de Justiça (órgão do Congresso Nacional), sem modificação do texto. Segundo o art. 49, I, da CF/88, o Congresso aprova o tratado e autoriza a ratificação, caso assim o decida, por meio de um decreto legislativo e a promulgação pelo executivo por meio de um decreto, atos que serão publicados no D.O.U. - Diário Oficial da União.

Adesão e aceitação: ato jurídico pelo qual um Estado que não é parte de um Tratado, concluído entre outros Estados, declara-se obrigado por suas disposições.

Emenda e Revisão: é possível seguindo-se o que o próprio tratado deliberar.

Controvérsia de Aplicação de Tratados Sucessivos sobre a mesma matéria:

“No caso de conflito entre as obrigações dos membros das Nações Unidas em virtude da presente carta e as obrigações resultantes de qualquer outro acordo internacional, prevalecerão as obrigações assumidas em virtude da Carta” (Art. 103),

Causas de Extinção dos Tratados Internacionais:

1) Execução integral do tratado: cumprimento do objeto do mesmo;

2) Expiração do prazo convencionado (caducidade);

3) A verificação de uma condição resolutória, prevista expressamente;

4) Acordo mútuo entre as partes;

5) A renúncia unilateral, por parte do Estado ao qual o tratado beneficia de modo exclusivo;

6) A impossibilidade de execução (alteração das condições vigentes à época da assinatura. ). Se for temporária apenas suspende a execução do Tratado;

7) A denúncia, admitida expressa ou tacitamente pelo próprio tratado;

8) A inexecução do acordo por uma das partes contratantes;4.77

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9) A guerra sobrevinda entre as partes contratantes;

10) A prescrição liberatória: “Extingue a responsabilidade internacional do Estado. Uma vez invocada e havendo silêncio do credor durante o espaço de tempo mais ou menos longo, está caracterizada a prescrição liberatória”.

c) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO

Os Princípios Gerais do Direito Internacional podem ser entendidos como sendo os bens jurídicos, que devem ser protegidos, preservados, antes mesmo de se tornarem normas obrigatórias. A Corte internacional de justiça denomina-os de “Princípios geralmente aceitos”.

OUTRAS FONTES:

- ATOS UNILATERAIS DOS ESTADOS

São declarações de vontade de um único sujeito de Direito Internacional, o qual produz efeitos jurídicos na esfera da atuação do Direito Internacional Público, portanto, erga omnes, na comunidade dos Estados, tais como: um protesto diplomático, a ratificação de um tratado, a retirada de uma organização intergovernamental, o reconhecimento formal de uma situação, digamos, de beligerância (de modo expresso, como um rompimento formal de relações diplomáticas ou, de modo implícito, como a prática de atos incompatíveis com um tratado de amizade e consulta), ou ser atos tipicamente gerados no ordenamento interno dos Estados e que têm efeitos internacionais (o exemplo mais notável é o da denominada teoria do ato do Estado, Act of State Doctrine, em que atos administrativos, com ou sem a adoção de leis internas de um Estado, têm efeitos no Direito Internacional, como os exemplos das nacionalizações de bens de súditos estrangeiros.

- RESOLUÇÕES OBRIGATÓRIAS DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

“Na verdade, as organizações intergovernamentais são, um sujeito de direito internacional, tal como o Estados. O são, porém sem a totalidade das capacidades que estes possuem; uma das restrições diz respeito a não poderem integrar como partes um contencioso contra Estados, perante a CIJ, segundo o art. 34 do seu Estatuto, podendo, no entanto, solicitar-lhe Pareceres Consultivos. Em virtude de serem pessoas coletivas, carregam a nota característica das construções tipificadas como tal, ou seja, o fato de a personalidade da organização não se confundir com a personalidade de seus membros.”

“Assim, é necessária em primeiro lugar, um exame dos tratados-fundações de cada organização intergovernamental, para ter-se uma idéia da coercitividade e da exigibilidade que os Estados conferiram aos atos unilaterais que expedem; em outras palavras, até que ponto esses tratados multilaterais conferiram ao “direito derivado” a qualidade de serem fontes do Direito Internacional?”

Alguns doutrinadores colocam as Resoluções equivalentes aos Atos Unilaterais dos Estados.

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- DOUTRINA E JURISPRUDêNCIA

Por fim é importante lembrar que existem outras fontes que estão colocadas mais ao nível da interpretação do direito, como a doutrina e a jurisprudência internacionais (produzidas pelos tribunais internacionais, ou aqueles que, embora sendo tribunais internos dos Estados, tenham decidido sobre matéria de interesse internacional).

IV. Sujeito do Direito Internacional

É toda entidade jurídica que goza de direitos e deveres internacionais e que possua capacidade de exercê-los.

A Sociedade Internacional é constituída pelos Estados, Organizações Internacionais, Coletividade Não-Estatais (como o Estado da Cidade do Vaticano, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha) e outros sujeitos com ou sem capacidade internacional que nela transitam.

1. ESTADOS

Elementos Constituintes dos ESTADOS:

1) Base territorial (TERRITÓRIO, inclusive espaço aéreo)2) Comunidade estabelecida sobre a área (POVO): composta por nacionais e estrangeiros3) Forma de governo não subordinada a qualquer outra autoridade (GOVERNO SOBERANO)4) Capacidade de se relacionar com os demais Estados

DIREITO DOS ESTADOS:

Sobre o direito dos Estados a doutrina dispõe o seguinte:

1 - DIREITO À LIBERDADE

Confunde-se com a noção de soberania:

Soberania interna: representa o poder do Estado em relação às pessoas e coisas dentro dos limites de sua jurisdição. Também chamada autonomia.

Compreende os direitos:

a) de organização política (escolher a forma de governo, adotar uma Constituição política, estabelecer sua organização política própria e modificá-la à vontade (contanto que não sejam ofendidos os direitos de outros Estados);

b) de legislação (formular suas próprias leis e aplicá-las aos nacionais e estrangeiros, dentro, naturalmente, de certos limites);

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c) de jurisdição, ou seja, de submeter à ação dos seus próprios tribunais as pessoas e coisas que se achem em seu território, bem como o de estabelecer sua organização judiciária;

d) de domínio, em virtude do qual o Estado possui uma espécie de domínio eminente sobre o próprio território.

Soberania externa: afirmação da liberdade do Estado em suas relações com os demais membros. Confunde-se com a independência. Dentre tais direitos, pode-se mencionar:

a) ajustar Tratados Internacionais;

b) delegação ou representação;

c) fazer guerra e a paz;

d) de igualdade e de respeito mútuo.

2 - DIREITO DE IGUALDADE

Todos os Estados são iguais juridicamente perante o Direito Internacional.

O Preâmbulo da Carta das Nações Unidas – C.N.U. estabelece que: A Organização “é baseada no princípio da igualdade soberana de todos os seus membros”

Conseqüências da igualdade jurídica: a) qualquer questão que deva ser decidida pela Comunidade Internacional, cada Estado terá direito de voto e o voto do mais fraco valerá tanto quanto o do mais forte; b) nenhum Estado tem o direito de reclamar jurisdição sobre outro Estado soberano.

Nas relações internacionais, a igualdade jurídica tenta compensar a desigualdade de poder. De tal direito, derivam outros: a) nos Congressos e Conferências, os Estados se assentam e assinam os textos segundo a ordem alfabética, podendo os seus representantes falar na língua nacional do país (o que não impede a fixação de uma “língua de trabalho”); b) em qualquer questão que deva ser decidida pela comunidade internacional, cada Estado, grande ou pequeno, tem direito a um só voto, de igual valor. É o princípio democrático em direito internacional; c) imunidade de jurisdição, em que nenhum Estado pode ter jurisdição sobre os seus pares. As questões em que seja parte um Estado não podem ser levadas aos tribunais de outro, mas tão-só aos tribunais internacionais.

3 - DIREITO DE FIRMAR TRATADOS

Qualquer Estado pode iniciar negociações com outro ou vários Estados até chegar a um Tratado. Este direito decorre do fato que os Estados são legisladores, e devem apenas obedecer às regras que os criam e às normas já existentes no Direito Internacional.

O Estado tem o direito de recorrer à justiça internacional, tem legitimidade para isso. A C.I.J. está prevista no art. 92 da Carta da ONU e tem sede em Haia. Tem competência segundo o art. 36 do Estatuto da C.I.J. “ voluntariedade de submissão”.

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4 - DIREITO AO RESPEITO MÚTUO

Direito que tem cada Estado de ser tratado com consideração pelos demais Estados e de exigir que os seus legítimos direitos, bem como a sua dignidade moral e a sua personalidade física ou política, sejam respeitados pelos demais membros da Comunidade Internacional.Um Estado deve prestar homenagens de praxe e respeitar os símbolos nacionais do outro Estado.

5 - DIREITO DE DEFESA E CONSERVAÇÃO

Abrange os atos necessários à defesa do Estado contra inimigos internos e externos.A legítima defesa só existe em face de uma agressão injusta e atual, “contra a qual o emprego da violência é o único recurso possível.”A Carta da ONU, em seu artigo 2º, §3º: “os membros da Organização se abstêm, nas suas relações internacionais, de recorrer à ameaça da força ou ao emprego da força.”“a guerra deixou de ser um “ato de soberania” do Estado, exercido ao sabor das conveniências deste, para se tornar, exclusivamente, um direito de legítima defesa. Deve ser entendido como tal o direito de fazer a guerra justa, inclusive aquela que for decretada e levada a efeito por um organismo internacional de segurança geral”Algumas ações de força são consideradas legítimas: legítima defesa, libertação colonial, ação do Conselho de Segurança para eliminar a ameaça da guerra ou a agressão em curso e a ação de polícia da ONU.

6 - DIREITO INTERNACIONAL DO DESENVOLVIMENTO

A Declaração de Concessão de Independência aos Países Coloniais e Povos (1960) abriu as portas a novos membros que não poderiam sobreviver sem o auxílio, principalmente econômico, da Comunidade Internacional. Alguns Estados argumentaram que o reconhecimento do Direito Internacional do Desenvolvimento colidia com os Princípios de Reciprocidade e da Não-Discriminação, ambos corolários da Igualdade Jurídica dos Estados. Daí porque passou-se a falar em igualdade jurídica, mas economicamente desiguais. O caso dos microestados.

7 - DIREITO DE JURISDIÇÃO

Todo Estado tem o direito de exercer sua jurisdição no seu território e sobre a população permanente, com as exceções estabelecidas no Direito Internacional.O Direito do Estado sobre o território e os respectivos habitantes é exclusivo.O Estado exerce no seu domínio territorial, todas as competências de ordem legislativa, administrativa e jurisdicional. Portanto, ele exerce a generalidade da jurisdição.A exclusividade quer dizer que, no exercício de sua competência, o Estado local não enfrenta a concorrência de qualquer outra soberania. Só o Estado pode tomar medidas restritivas contra pessoas, detentor que é do monopólio do uso legítimo da força pública e previsto na sua legislação.

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DEVERES DOS ESTADOS

Os Estados devem respeitar os direitos fundamentais dos outros Estados, pois o dever jurídico é a obrigação de cada Estado respeitar os direitos dos membros da sociedade internacional ou sujeitos do direito internacional público.

OBSERVAR O “JUS COGENS” – Direito Cogente (“invariable law”, “jus necessarium” ou “ius strictum”):

É considerado um dos princípios essenciais do Direito Internacional moderno, ou seja, é o “Conjunto de normas internacionais costumeiras que têm por principal particularidade formal o fato de não poderem ser derrogadas por outros atos jurídicos, sob pena destes incorrerem em nulidade absoluta e, por particularidade formal, o fato de tutelarem interesses da Comunidade Internacional no seu conjunto, acarretando a sua violação um ilícito erga ogmnes, isto é, em relação a todos os Estados vinculados pela norma”.

Podemos dizer que são normas imperativas do direito internacional – proteção de direitos superiores. Ex.: normas que condenam a prática de tortura e o genocídio (responsabilidade penal internacional)

As Organizações Internacionais podem facilitar o desenvolvimento de norams imperativas. Normalmente são mencionados nos trabalhos legislativos da ONU, nas arbitragens e nas decisões internacionais. Transfer o foco das decisões do consentimento individual do Estado para a vontade coletiva da comunidade internacional.

A Convenção de Viena (art. 53) o reconhece da seguine forma:

a. Normas internacionais pertencentes ao Direito Internacional geral.

b. Costume geral internacional ou comum (por exemplo: liberdade dos mares, coexistência pacífica, proibição da escravatura)

c. Princípios constitucionais da Carta da ONU (uso da força, condenação da agressão, preservação da paz, pacta sunt servanda)

d. Direito internacional convencional geral sobre os Direitos do Homem.

No caso do jus cogens existe uma obrigação que o Estado não pode, em nenhuma hipótese, desconhecer (art. 64 C.V.) se há conflito entre a norma e o jus cogens, a norma é nula.

DEVER FUNDAMENTAL DA NÃO-INTERVENÇÃO

O QUE É INTERVENÇÃO?

Intervenção é a ingerência de um Estado nos negócios peculiares, internos ou externos, de outro Estado soberano com o fim de impor a este a sua vontade. “Veda ao Estado a ingerência na jurisdição doméstica ou na competência internacional de outro Estado, impondo-lhe uma vontade que lhe é estranha”

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CASOS DE INTERVENÇÃO:

1) EM NOME DO DIREITO DE DEFESA E CONSERVAÇÃO

Todo Estado tem o direito de tomar todas as medidas visando sua defesa e conservação, dentro dos limites estabelecidos pelo Direito Internacional e pela Carta das Nações Unidas. Tais medidas, entretanto, não podem ensejar um motivo para ocupação definitiva, nem apossamento do território de outro país.

Hoje em dia, ao nível das relações internacionais, tem-se discutido a LEGÍTIMA DEFESA PREVENTIVA, exemplificada pela reação americana ao ataque terrorista de 11 de setembro. Também, o ataque e invasão do Líbano pelo Estado de Israel, alegando estar se defendendo do Hizbolah, que na avaliação de Israel é um grupo terrorista sediado num país soberano que, no entanto, não impede as suas ações de ataques a Israel. Não há nada assente hoje sobre a legitimidade e a extensão de ações de legítima defesa preventiva.

2) PARA A PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

A questão do “Domínio Reservado dos Estados”. O reconhecimento internacional dos Direitos Humanos na carta da ONU e na Declaração Universal dos Direitos Humanos foi crescendo com o correr dos anos, a ponto que seu desconhecimento e desrespeito por um Estado justificaria uma intervenção no caso de eventuais abusos.

Qualquer Intervenção neste sentido deverá ser praticada através de uma Organização Internacional, da qual todos os Estados envolvidos sejam membros, e, como tais, tenham aceito a adoção da medida.

A OTAN bombardeou pontos estratégicos da Sérvia com o objetivo de obrigar o governo daquele país a permitir o estacionamento de suas tropas na província do Kosovo para impedir a prática de violência contra as minorias de origem albanesa. Esse é um dos exemplos mais recentes de intervenção de caráter humanitário.

3) PARA A PROTEÇÃO DOS INTERESSES DOS SEUS NACIONAIS

Todo Estado tem o direito e o dever de proteger os seus nacionais no exterior. Esse direito é reconhecido tradicionalmente e codificado na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de l961. Seu exercício é realizado através de missão diplomática.

A prática americana, tradicionalmente, reserva a ação de intervir militarmente, geralmente na América Central e no Caribe, onde a vida e a propriedade de seus nacionais sejam ameaçadas. O Pres. Roosevelt fez um pronunciamento autorizando o envio de marines a várias nações vizinhas. A prática tinha cessado, voltou em l965, quando os Estados Unidos enviaram tropas para a República Dominicana devido a ameaça aos seus nacionais com a eclosão de uma revolução interna. Depois, a OEA – Organização dos Estados Americanos, concordou com o envio de uma força interamericana (que incluía tropas brasileiras), com o objetivo de restabelecer a paz na ilha. Mais tarde, houve intervenção no Panamá, Granada e Haiti.

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CLASSIFICAÇÃO DA INTERVENÇÃO:

Diplomática ou Armada;Individual ou Coletiva;Política ou Humanitária.

RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DOS ESTADOS

Princípio de que a violação de um compromisso acarreta a obrigação de reparar o dano por forma adequada.

“Hoje primam os postulados da teoria do direito internacional. O Estado-membro da ONU, no exercício de suas competências, pode praticar atos contrários ao direito internacional, mas incorre em responsabilidade ajuizável perante os tribunais internacionais, mesmo que o ato entendido como ilícito no âmbito do direito internacional não o seja no do direito interno desse Estado.”

Regra: O Estado é internacionalmente responsável por todo o ato ou omissão que lhe seja imputável e do qual resulte a violação de uma norma jurídica internacional (extensiva às Organizações Internacionais).

A atividade do Estado e de seus órgãos é múltipla e pode manifestar-se de diversos modos. Situações:

1º) ATOS DOS ÓRGÃOS DO ESTADO

a) Atos do órgão executivo ou administrativo

São os casos mais comuns.

É incontestável que o poder executivo ou as autoridades superiores que o encarnem têm qualidade para comprometer a responsabilidade do Estado. Para isto, basta que um outro Estado ou cidadão estrangeiro sofra um dano resultante de ação ou omissão das referidas autoridades incompatíveis com as obrigações internacionais. A ação ou omissão pode apresentar-se de diversas formas: l) Questões relativas às concessões ou contratos do Estado; 2) As dívidas públicas – Exceções: insolvência do Estado devedor; riscos do negócio; 3) As prisões ilegais ou injustas; 4) Falta de proteção devida aos estrangeiros. Governo do Estado não empregou, para protegê-los, a diligência que, em razões das circunstâncias e da qualidade da pessoa em causa, se poderia, razoavelmente, esperar de um Estado civilizado.

b) Atos dos Órgãos Legislativos

“um Estado não pode invocar contra outro Estado sua própria Constituição para se esquivar a obrigações que lhe incumbem em virtude do D.I. ou dos Tratados vigentes.”

c) Atos dos Órgãos Judiciários ou relativos às funções judiciárias.

Há muita divergência.

Casos: Denegação da justiça: - Ampla: recusa de aplicar justiça ou de conceder a alguém o que lhe é devido. - Restrita: é a impossibilidade para um estrangeiro obter justiça ou a reparação de uma ofensa.

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Expressões de Denegação da Justiça: a) quando um Estado não fornece aos estrangeiros a devida assistência judiciária ou porque não lhes permite acesso a seus tribunais ou porque não possui tribunais adequados; b) quando as autoridades judiciárias se negam a tomar conhecimento das causas que os estrangeiros lhes submetem por meios singulares e a cujo respeito tenham jurisdição. c) quando ditas autoridades se negam a proferir sentença em tais causas, ou retardam obstinadamente as respectivas sentenças. d) quando os tribunais do Estado não oferecem aos estrangeiros as garantias necessárias para a boa administração da justiça.

2º) ATOS DE INDIVÍDUOS

O Direito Internacional reconhece a existência de atos internacionais ilícitos imputáveis exclusivamente a indivíduos: Pirataria, tráfico de drogas e de escravos. Transporte de contrabando e violação de bloqueio em tempos de guerra.

Os Atos ilícitos particulares suscetíveis de comprometer a responsabilidade internacional dos Estados, ou são lesivos a um Estado ou a meros indivíduos estrangeiros.

a) Ataques ou atentados contra o Chefe de Estado ou os representantes oficiais de um Estado estrangeiro.

b) insulto à bandeira ou emblemas nacionais de um país estrangeiro;

c) publicações injuriosas contra um país estrangeiro.

Em nenhum dos casos, o autor ou autores dos atos lesivos possuem a qualidade de órgão ou agente do Estado, nem procedem nessa qualidade. Nisto diferem tais atos dos que determinam a responsabilidade do Estado por provirem dos referidos órgãos ou agentes.

Atualmente, entende-se que o Estado será responsável quando, por ato de particular:

1) Deixou de cumprir o dever de manter a ordem, isto é, de assegurar à pessoa e bens do estrangeiro a proteção que lhe é devida;

2) Se foi negligente na repressão dos atos ilícitos cometidos contra estrangeiros.

O Estado pode e deve regular a condição do estrangeiro em seu território. Cumpre-lhe, no entanto, assegurar-lhe certa proteção, isto é, reconhecer-lhe um mínimo de direitos, entre os quais, se salientam o direito à vida, o direito à liberdade individual, o direito de propriedade.

O Estado responde pela violação de sua obrigação de os assegurar.

3º) ATOS RESULTANTES DE GUERRAS CIVIS, responsabilidade por danos resultantes.

Teorias antigas: não havia responsabilidade, por confundir-se com casos similares de força maior (inundações, terremotos, erupções vulcânicas).

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Hipóteses:

1) danos causados por insurretos ou amotinados ou pela população.

O Estado tem o dever de avisar que falta-lhe possibilidade de exercer seus deveres elementares de prevenção ou repressão e recomendar a retirada do país.

Deve-se examinar se: a) O Estado procedeu sem a conveniente diligência para prevenir os fatos. b) se deixou de os reprimir, isto é, não reagiu contra tais fatos com a devida diligência. Nos dois casos, a responsabilidade do Estado está comprometida.

2) Danos causados pelas Forças Armadas ou Autoridades do Estado, na repressão da insurreição ou de motins. Confunde-se com a responsabilidade resultante de atos do seu órgão executivo ou administrativo.

Assim, se as ações foram contrárias aos seus deveres internacionais. Pode-se responsabilizar o Estado se: a) houve conivência de seus agentes ou funcionários na causa ou na ocorrência do motim; b) falta de reparação nos casos de requisições; c) falta de reparações por danos causados sem relação direta com a luta armada ou incompatível com as regras geralmente aceitas pelos Estados civilizados.

ÓRGÃOS DE RELAÇÕES ENTRE ESTADOS(DIREITO DIPLOMÁTICO E DIREITO CONSULAR)

São os seguintes os Órgãos de Relações entre Estados:

1) Chefe de Estado ou Chefe de Governo2) Ministro das Relações Exteriores3) Agentes Diplomáticos4) Agentes Consulares (sem representação)5) Delegados junto às Organizações Internacionais.

O CHEFE DE ESTADO

No Direito Internacional o Chefe de Estado (quer se intitule imperador, rei, Presidente da República ou Chefe de Governo) é, salvo declaração formal em contrário, o órgão encarregado das Relações Internacionais dos Estados.

Não cabe aos outros Estados opinarem sobre a legitimidade do mesmo, mas cabe ao respectivo Estado comunicar oficialmente.

No Brasil, a Constituição é clara ao dispor que compete privativamente ao Presidente da República manter relações com os Estados estrangeiros e acreditar seus Representantes Diplomáticos, bem como celebrar tratados internacionais com os mesmos, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.

O MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES OU MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS

Geralmente denominado Chanceler na América Latina. Tem como função: auxiliar o Chefe de Estado na formulação e na execução da política exterior do país.

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É o Chefe hierárquico dos funcionários diplomáticos e consulares do país.

No âmbito internacional:

- Manter contactos com governos estrangeiros (através do governo diretamente ou através de missões diplomáticas que lhes são subordinadas ou com as embaixadas e legações existentes no país).

- Negociações e assinatura de Tratados Internacionais. Pela Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de l969, ele não é obrigado a apresentar carta de “plenos poderes”.

- Reconhecido o status não inferior a de um Embaixador pela Convenção sobre Relações Diplomáticas de 1961 e em matéria protocolar, lhe é mais favorável.

OS AGENTES DIPLOMÁTICOS

A Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de l961 é o documento básico no tocante às Relações Diplomáticas entre Estados.

“Agente Diplomático” era aplicado apenas ao Chefe da Missão. Hoje, tal título é aplicado a todos os demais funcionários da carreira diplomática.

Função: As Missões Diplomáticas - M.D., destinam-se a assegurar a manutenção das boas relações entre o Estado representado e os Estados em que se acham sediadas, bem como proteger os direitos e interesses dos seus nacionais.

Todo Estado soberano tem o Direito de Legação ativo (envio de M.D.) como também o Direito de Legação Passivo (receber uma M.D.).

A Missão Diplomática é integrada não só pelo Chefe da Missão e pelos demais funcionários diplomáticos, mas também pelo pessoal administrativo e técnico e pelo pessoal de serviço.

OBS.: “Carreira Diplomática: “O ingresso na carreira diplomática se dá mediante concurso realizado pelo Instituto Rio Branco, órgão encarregado da seleção e treinamento de diplomatas. Aprovado no concurso, realiza-se um estágio de dois anos, organizado nos moldes de um curso de mestrado, e entra-se para a carreira diplomática como TERCEIRO SECRETÁRIO. Os cargos seguintes são os de SEGUNDO SECRETÁRIO, PRIMEIRO SECRETÁRIO, CONSELHEIRO, MINISTRO DE SEGUNDA CLASSE E MINISTRO DE PRIMEIRA CLASSE (EMBAIXADOR).

O treinamento durante a carreira é intenso e contínuo de modo a preparar o diplomata a tratar de uma série de temas, desde paz e segurança até normas de comércio e relações econômicas e financeiras, direitos humanos, meio ambiente, tráfico de drogas e fluxos migratórios, passando, naturalmente, por tudo que diga respeito ao fortalecimento dos laços de amizade e cooperação do Brasil com seus parceiros externos. Dominando estes temas, o diplomata deverá ser capaz de desempenhar suas funções; representar o Brasil perante a comunidade de nações; colher as informações necessárias à formulação da política externa; participar de reuniões internacionais e, nelas, negociar em nome do país; assistir às missões no exterior; proteger os compatriotas e promover a cultura e os valores do povo brasileiro.”

Os funcionários diplomáticos podem ser permanentes ou temporários.

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As primeiras Missões Diplomáticas surgiram na Itália, século XV, mas a classificação que hoje vigora tem origem na Convenção de Viena de 1815, qual seja:

a) a dos Embaixadores, Legados ou Núncios;

b) a dos enviados, Ministros ou outros agentes acreditados, como os primeiros, junto aos soberanos;

c) dos encarregados de negócios estrangeiros, acreditados junto aos Ministros das Relações Exteriores.

Pela Convenção de Viena, artigo 14, são:

a) Embaixadores e Núncios acreditados perante os Chefes de Estado e outros Chefes de Missões de categoria equivalente;

b) Enviados, Ministros ou Internúncios, acreditados perante Chefes de Estado;

c) Encarregado de Negócios Estrangeiros, acreditados perante Ministros das Relações Exteriores.

A precedência dentro de cada classe é estabelecida pela apresentação de credenciais.

O grupo de Agentes Diplomáticos acreditados num mesmo Estado, denomina-se “Corpo Diplomáticos Estrangeiro” e este é presidido pelo decano (o mais antigo agente diplomático).

A Missão Diplomática é composta pelo Chefe da Missão, dos membros do pessoal diplomático, do pessoal administrativo e técnico e do pessoal de serviço da missão.

O pessoal diplomático abrange o Chefe da Missão, Ministros-Conselheiros, Secretários de Embaixada ou de Legação, Adidos Militares e Adidos Civis.

PRERROGATIVAS E IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS

PRIVILÉGIOS DIPLOMÁTICOS:

No âmbito da Missão Diplomática, tanto os membros do quadro diplomático de carreira (do Embaixador ao Terceiro-Secretário), quanto os membros do quadro administrativo e técnico (tradutores, contabilistas, etc.) – estes últimos, desde que oriundos do Estado acreditante, e não recrutados in loco – gozam de ampla imunidade de jurisdição penal e civil.

São, ademais:

Fisicamente invioláveis e em caso algum podem ser obrigados a depor como testemunhas. Reveste-os, além disso, a imunidade tributária.

Exceções:

1) Processo sucessório, em que o agente esteja a título estritamente privado;

2) Ação real relativa ao imóvel particular.

Inclui-se os membros das respectivas famílias que vivam sob sua dependência e tenham, por isso, sido incluídos na lista diplomática.

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Também são fisicamente invioláveis os locais da Missão Diplomática com todos os bens ali situados, assim como os locais residenciais utilizados pelo quadro diplomático ou pelo quadro administrativo e técnico.

Tais imóveis e os valores mobiliários nele encontráveis, não podem ser objeto de busca, requisição, penhora ou medida qualquer de execução.

Os arquivos e documentos da missão invioláveis são invioláveis onde quer que se encontrem.

Deveres das Missões Diplomáticas:

- Deveres junto ao Estado ao qual se acha acreditado:

a) Tratar com respeito e consideração o Governo e as autoridades locais.

b) Não intervir em sua política interna.

c) Não participar de intrigas partidárias.

d) Respeitar as leis e regulamentos locais.

- Deveres para com o Estado patrial:

a) direito de representação: o Agente Diplomático fala em nome do seu Governo junto ao Estado em que está acreditado.

b) promove relações amistosas bem como o intercâmbio econômico, cultural e científico.

Em decorrência do direito de representação, cabe à Missão negociar com o estado acreditado.

O Diplomata deve proteger os interesses do seu Estado bem como dos seus nacionais junto às autoridades do país.

Tem o dever de observação. Informar ao respectivo Governo a situação do país.

Término da Missão Diplomática:

- Ato Administrativo do Estado patrial;

- Remoção para outro posto;

- Volta à Secretaria de Estado;

- Demissão ou Aposentadoria;

- Se o Chefe da Missão ou qualquer agente é considerado persona non grata pelo Estado de residência;“O Estado acreditado poderá, a qualquer momento, e sem ser obrigado a justificar a sua decisão, notificar ao Estado acreditante que o Chefe da Missão ou qualquer membro do pessoal diplomático da missão é persona non grata ou que outro membro do pessoal da missão não é aceitável.” (Art. 9, § 2º).

- Ruptura das Relações Diplomáticas;

- Extinção do Estado acreditado;

- Fechamento da Missão;

- Falecimento.

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OS AGENTES CONSULARES

Consulados: São repartições públicas estabelecidas pelos Estados em portos ou cidades de outros Estados com a missão de velar pelos seus interesses comerciais, prestar assistência e proteção aos seus nacionais, legalizar documentos, exercer polícia de navegação e fornecer informes de natureza econômica e comercial sobre o país ou distrito onde se acham instalados.

Codificação:

Convenção de Viena sobre Relações Consulares de 1963

Convenção sobre Agentes Consulares de Havana de 1928

Relações Consulares:

Depende do consentimento mútuo dos Estados interessados.

Tipos de Repartições Consulares:

Consulado-Geral

Consulado

Vice-Consulado

Agência Consular

Classes de Cônsules:

Cônsules-Gerais, cônsules, vice-cônsules e agentes consulares.

Funções consulares: Constam da legislação interna dos respectivos Estados, dentre elas, pode-se mencionar que os cônsules possuem “função certificante e de autenticação de documentos produzidos por órgãos públicos do Estado estrangeiro perante o qual desempenham as suas atribuições” nos termos da Convenção de Viena sobre Relações Consulares de l963.

No entanto, o Estado receptor tem o direito, ao admitir um funcionário consular, de comunicar que o exercício de determinada função consular não é permitida.

Exemplo: casamento consular.

PRIVILÉGIOS E IMUNIDADES

Repartição Consular:

a) Inviolabilidade da repartição, dos arquivos e da correspondência.

b) Isenção fiscal e aduaneira e imunidade trabalhista.

Exceção: Caso de incêndio ou outro sinistro que exija medidas imediatas, presume- o consentimento para penetrar na repartição.

Cônsules: inviolabilidade pessoal (só alcança seus atos de ofício).

Exceção: crimes graves estão sujeitos a prisão preventiva.

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Gozam de imunidade de jurisdição civil em relação a atos praticados no exercício de suas funções. Não se estende aos membros de sua família, nem à residência.

O Cônsul poderá ser chamado a depor como testemunha no decorrer de processo judiciário ou administrativo (é obrigatório). No entanto, não são obrigados a depor sobre fatos relacionados com o exercício de sua função, nem exibir documentos oficiais.

Término da FUNÇÃO CONSULAR:

- Remoção ao novo posto ou volta ao respectivo país

- Demissão ou aposentadoria

- Falecimento

- O Estado de residência pode anular o exequatur, isto é, declará-lo persona non grata. Poderá ser tomada a qualquer momento, sem explicar os motivos (pode ser conduta incompatível ou motivo político).

- Declaração de Guerra (mesmo assim, deve haver a cassação do exequatur).

DELEGAÇÕES JUNTO ÀS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

Base normativa - “Convenção de Viena sobre a Representação de Estados em suas relações com as O.I. de caráter universal”

Abrangência:

- As Nações Unidas, suas agências especializadas, cuja responsabilidade e a escolha dos membros seja feita em escala mundial.

Considerações:

- Missões junto as O.I. (Arts. 5 a 41)

- Delegação junto a órgãos e Conferências (Arts. 42-70)

- Observadores junto a órgãos e conferências (Arts. 71 e 72).

As Missões gozam de inviolabilidade, isenção fiscal, inviolabilidade de arquivos e documentos e liberdade de comunicação. Quanto aos membros, inviolabilidade de residência e propriedade, imunidade de jurisdição penal, civil e administrativa. Isenção quanto à legislação social e trabalhista. Isenção fiscal e aduaneira.

2. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL

Depois de repassarmos os estudos sobre os Estados, como sujeitos do Direito Internacional, é relevante relembrarmos os pontos principais sobre as Organizações Internacionais, entidades que gozam da subjetividade internacional, isto é, são sujeitos do Direito Internacional Público.

As O.I. adquiriram personalidade jurídica internacional no século XX e caracterizam-se pela IGUALDADE (não tem distinção formal) e FLEXIBILIDADE (abertas a novas adesões).

Particularidades: Ausência de Poder Central e Organização institucional rígida.

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DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

DEFINIÇÕES

“Entidades criadas sob a égide do Direito Internacional, por acordo de vontades dos diversos sujeitos jurídicos internacionais, para efeito de prosseguirem no âmbito da comunidade internacional, autônoma e continuamente, finalidades específicas não lucrativas de interesse público comum, através de órgãos seus com competência própria.”

“Uma associação de Estados (ou de outras entidades possuindo personalidade internacional), estabelecida por meio de um tratado, possuindo uma constituição e órgãos comuns e tendo uma personalidade legal distinta dos Estados-membros.”

As formadas só por Estados, são denominadas também Organizações Intergovernamentais (O.I.G.)

ÓRGÃOS

Pelo menos dois órgãos são indispensáveis na estrutura de toda Organização Internacional:

1. ASSEMBLÉIA GERAL - Onde todos os Estados-membros tenham voz e voto, em condições igualitárias conforme o Tratado Instituidor. Caracteriza-se como sendo o centro de uma “competência legislativa”. Não é permanente.

Em geral, reúne-se uma vez por ano, podendo ser convocada extraordinariamente.

2. SECRETARIA - Órgão de administração, de funcionamento permanente, integrado por servidores neutros em relação à política dos Estados-membros, particularmente à de seus próprios Estados patriais.

Geralmente é presidida pelo Secretário-Geral ou Diretor-Geral.

Além dos dois órgãos acima, pode ocorrer a existência de um CONSELHO PERMANENTE (especialmente nas O.I. de vocação política). Tem funcionamento ininterrupto e tende a exercer a competência executiva, notadamente em situações de urgência.

SEDE

As O.I. são carentes de base territorial e precisam que um Estado soberano faculte a instalação física de seus órgãos em algum ponto de seu território. Assim, normalmente firma-se um tratado bilateral, a que se dá o nome de Acordo de Sede.

Ex.: Liga dos Estados Árabes (L.E.A.): Cairo.

Existem O.I. que dispõem de mais de uma sede ou que varie a instalação de alguns dos seus órgãos.

Exemplos:

ONU x EUA: Nova Iorque.ONU x Suíça : Sede européia da ONU e Escritórios em Genebra.ONU x Países Baixos: C.I.J. em Haia.

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REPRESENTAÇÃO E GARANTIA

A O.I. não goza de privilégios apenas em sua sede. Ela tem o direito de fazer-se representar tanto no território de Estados-membros quanto no de Estados estranhos aos seus quadros, mas que com ela pretendam relacionar-se.

Em ambos os casos, seus Representantes Exteriores, serão integrantes da Secretaria (vale dizer, do quadro de funcionários neutros).

Por isso:

a) têm privilégios semelhantes àqueles da Missão Diplomática de qualquer soberania.

b) suas instalações e bens terão a inviolabilidade usual em direito diplomático.

FINANÇAS DA ORGANIZAÇÃO

Em regra, funcionam com a cotização dos Estados-membros e não é paritária. Antes, levam em conta a capacidade contributiva de cada Estado-membro, de acordo com o seu potencial econômico.

ADMISSÃO DE NOVOS MEMBROS

É disciplinada pelo Ato Constitutivo.

São levados em conta, três aspectos capitais:

a) Condições Prévias de Ingresso (Limites)

Os limites da abertura de seu Tratado Constitutivo. Podem ser meramente geográficos (Comunidades Européias: só Estados europeus; Organização dos Estados Americanos: só Estados americanos) ou geopolítico (Liga Árabe só Estados árabes). No caso da ONU (art. 4ª da Carta): Estado pacífico, que aceite as obrigações impostas pela Carta e juízo da própria organização).

b) Adesão: Condição Fundamental

O interessado expressa sua Adesão ao Tratado Institucional (desprovida de reserva).

c) Aceitação

A concordância com a Adesão pelo órgão competente da entidade, conclui o processo de admissão de um novo membro.

Carta da ONU: decisão da Assembleia Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança.

SANÇÕES

A falta aos deveres resultantes de sua qualidade de membro de uma O.I. pode trazer consequências.

a) Suspensão de determinados Direitos.

Exemplo: Art. 5 da Carta da ONU.

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Art. 19: Exclui da votação em A.G. quem estiver em atraso com sua cota relativa à receita da Organização.

b) Exclusão do Quadro

O Estado-membro que “viole persistentemente os princípios contidos na presente Carta, poderá ser expulso da Organização pela Assembléia Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança” (Art. 6º).

RETIRADA DE ESTADOS-MEMBROS

Dois elementos, quando os textos fundamentais prevêem a denúncia:

a) Pré-Aviso: Lapso de tempo que deve mediar a manifestação de vontade do Estado retirante e o rompimento efetivo do vínculo jurídico decorrente da sua condição de parte no Tratado.

b) Atualização das Contas

CLASSIFICAÇÃO

- De alcance universal e finalidade política (busca da paz e segurança):

Ex: Sociedade das Naçoes Unidas – SDN (1919-1939);

Organização das Naçoes Unidas – ONU (1945).

- De alcance universal e finalidade técnica específica

Ex: Agências Especializadas da ONU – são O.I. distintas, dotada cada uma delas de personalidade jurídica própria.

- De alcance Regional, finalidade política (vocação precípua de manutenção da paz entre seus membros)

Ex: Organização dos Estados Americasnos – O.E.A.: 1951

Liga dos Estados Árabes – L.E.A.: 1945

Organização da Unidade Africana – O.U.A.: 1963

- De alcance Regional, finalidade técnica específica:

Neste grupo se incluim as Organizações Regionais de Cooperação e Integração Econômica.Ex: Comunidade Econômica Européia - CEE: 1957;

Associação Latino Americana de Integração - ALADI: 1981;Acordo de Livre Comércio da América do Norte - NAFTA: 1994;Organização dos Países Exportadores de Petróleo – OPEP: 1960 - Viena;Mercado Comum do Sul – MERCOSUL: 1991.

- De alcance Mundial, finalidade técnica específica:

Regula as relações comerciais: Organização Mundial do Comércio - OMC – que substituiu o GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio).

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ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU

ANTECEDENTES:

A SOCIEDADE DAS NAÇÕES (SDN) ou LIGA DAS NAÇÕES (LDN)

Documento básico: Pacto da Sociedade das NaçõesFoi prevista na 1ª parte do Tratado de Paz de Versalhes firmado entre os aliados e associados, de um lado, e a Alemanha, de outro, firmado em 28 de junho de 1919.

Previa a Assembléia formada por membros da Sociedade e um Conselho.

Regra: um país, um voto.

Sede: Genebra

Buscava a paz e a segurança das nações. No seu artigo 8º previa um programa de redução de armamentos. Contudo, não previa, expressamente, a proibição da guerra.

Em 1928 surgiu tal previsão no Pacto Briand-Kellogs.

A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS

A Organização das Nações Unidas é uma instituição internacional formada por 192 Estados soberanos, fundada após a 2ª Guerra Mundial para manter a paz e a segurança no mundo, fomentar relações cordiais entre as nações, promover progresso social, melhores padrões de vida e direitos humanos.

Lei básica: Carta das Nações Unidas – assinada em 26 de junho de 1945.

Entrou em vigor em 24 de outubro de 1945.

Possui o preâmbulo, 111 artigos e o Estatuto da Corte Internacional de Justiça - C.I.J.

O Brasil ratificou em 12/09/1945 e o depósito da ratificação deu-se em 21/09/1945.

Objetivo: Organização mundial encarregada de manter a paz e a segurança internacional, constando expressamente que a guerra é proscrita. Por isso, suas funções são: 1) Manutenção da paz e da segurança internacionais; 2) Cooperação econômico-social internacional; 3) Proteção dos Direitos do Homem; 4) Descolonização.

Sede: Sediada numa zona internacional em Nova Iorque.

ÓRGÃOS:

1- ASSEMBLÉIA GERAL: Composta por todos os membros da Organização, cabendo a cada Estado-membro apenas um voto. (Art. 18).

É o principal órgão deliberativo da ONU - órgão central.22.77

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Reúne-se uma vez ao ano. As Sessões extraordinárias são Convocadas pelo Secretário-Geral, a pedido do Conselho de Segurança ou da maioria dos Estados-membros.

Decisões em geral: maioria simples. Decisões mais importantes: maioria de 2/3

2- CONSELHO DE SEGURANÇA

Era originalmente composto por 11 membros, dos quais 5 membros permanentes (EUA, Reino Unido, França, Rússia e China). A partir de janeiro de 1966 foi alargado para 15 membros, sendo cinco permanentes e dez não permanentes, eleitos de dois em dois anos pela Assembléia Geral, tendo em conta uma repartição geográfica equitativa (5 africanos e asiáticos; 1 da europa oriental; 2 da América Latina; 2 da europa ocidental)

A votação é feita por maioria qualificada, ou seja, nove votos afirmativos em quinze. Nas questões processuais, os votos têm o mesmo peso. Quanto a outras questões, essa maioria tem que ter incluída os cinco membros permanentes, os quais têm o direito de veto.

A presidência é assegurada rotativamente pelos seus membros pelo período de um mês.

Competência: sua competência é a manutenção da paz e segurança internacionais, bem assim, recomendação prévia no caso de admissão, suspensão ou exclusão de membros e nomeação do Secretário Geral para, só então, ser submetida à Assembléia Geral. O C.S. também é assistido por um Comitê de Estado-Maior.

O Conselho de Segurança é o único Órgão que tem poderes de tomar decisões que os membros têm obrigação de aplicar.

3- O CONSELHO DE TUTELA

Foi criado para superintender a administração dos territórios sob tutela.Já teve maior importância quando havia muitos territórios nesta condição, geralmente subordinados à tutela de uma grande potência, a qual exercia a tutela dum território, transitoriamente, até a sua independência.

4- O CONSELHO ECONÔMICO E SOCIAL (C.E.S.)

Composto por 54 membros eleitos por 3 anos pela Assembléia Geral e está submetido à autoridade desta; permitida a reeleição.

Reúne-se duas vezes por ano (Nova Iorque e Genebra)

Decisão: maioria dos membros presentes e votantes.

Sua competência desenvolve-se no plano econômico, social, cultural, educacional e dos direitos do homem da ONU e das seus organismos especializados e das diversas instituições que constituem o sistema das Nações Unidas. Também desenvolver atividades relativas ao Comércio Internacional, à

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industrialização, aos recursos naturais, à condição da mulher, às questões demográficas, ao bem-estar social, à ciência e tecnologia, à prevenção do crime e a múltiplas outras questões de ordem econômica e social.

Sobre os assuntos que lhe compete, dirige recomendações à Assembléia Geral, aos Estados-membros da ONU e às agências especializadas. Está em sua competência ainda, preparar projetos de Convenções, convocar Conferências Internacionais posto que não tenha poderes próprios de decisão.

5- CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA - C.I.J.

Sucedeu a Corte Permanente de Justiça Internacional - C.P.J.I.Ao tornar-se membro da ONU implica na aceitação integral do Estatuto da C.I.J., que foi baseado no Estatuto da C.P.J.I.

Línguas oficiais: inglês e francês.

É composta por quinze (15) juízes, eleitos por nove anos pela Assembléia geral e pelo Conselho de Segurança de uma lista de pessoas enviadas pelos Estados.

Durante o mandato, “os membros do Tribunal não podem exercer nenhuma função pública ou administrativa”, nem tão pouco ser advogado, ser agente ou conselheiro em questões judiciais, nem ter outra ocupação profissional.

Podem fazer parte da Corte, um ou dois juízes ad hoc. Reúne-se na cidade de Haia, Holanda e “estão em sessão permanente”.

A C.I.J. só está aberta aos Estados-membros da ONU e a outros que a Assembléia Geral e o Conselho de Segurança determinarem, incluindo as instituições especializadas.

Tem competência contenciosa e competência consultiva.

Na contenciosa, julga querelas entre os Estados, quando então, “reveste-se de carácter jurisdicional”. Na consultiva, emite pareceres. Sobressai-se por ser o principal órgão jurisdicional das Nações Unidas.

6 - O SECRETARIADO

É um órgão administrativo e tem sede permanente em Washington.

O Secretário-Geral é eleito pela Assembléia Geral mediante recomendação do Conselho de Segurança. Cabe-lhe nomear diretamente os funcionários segundo as regras fixadas pela A.G. e “são funcionários internacionais”. O Secretário-Geral participa de todas as reuniões da Assembléia Geral, do Conselho de Segurança, do Conselho Econômico e Social e do Conselho de Tutela. “O Secretário Geral tem um papel de primeiro plano, e é nele que culminam estes dois caracteres fundamentais da ONU: a permanência e a vontade própria.”

O Secretariado assume as funções administrativas da ONU. Está ao serviço dos outros órgãos e põe em prática os programas e as políticas que eles aprovam.

O Secretariado da ONU é composto pelo Secretário-geral, por funcionários e pelos agentes a serviço da ONU em todo o mundo.

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Emprega aproximadamente 50.000 pessoas, das quais 4.800 em sua sede. Forma o maior complexo administrativo existente em Organizações Internacionais.

Línguas oficiais: Árabe, Chinês, Espanhol, Francês, Inglês e Russo.

Todo tratado firmado pelo Estado-membro deverá ser registrado e publicado pelo secretariado, depois de sua entrada em vigor.

DOCUMENTOS: No âmbito das Nações Unidas, são produzidos vários documentos jurídicos, sobre os mais diversos temas – de direitos políticos da mulher até escravatura, de direito penal internacional à preservação da diversidade biológica, de proibição de armas químicas a direitos das crianças. Os instrumentos mais comuns para expressar a concordância dos Estados-membros sobre temas de interesse internacional são acordos, tratados, convenções, protocolos, resoluções e estatutos.

O termo acordo é usado, geralmente, para caracterizar negociações bilaterais de natureza política, econômica, comercial, cultural, científica e técnica. Acordos podem ser firmados entre países ou entre um país e uma organização internacional. Tratados são atos bilaterais ou multilaterais aos quais se deseja atribuir especial relevância política.

A palavra convenção costuma ser empregada para designar atos multilaterais, oriundos de conferências internacionais e que abordem assunto de interesse geral.

Protocolo designa acordos menos formais que os tratados. O termo é utilizado, ainda, para designar a ata final de uma conferência internacional. Resoluções são deliberações, seja no âmbito nacional ou internacional. Estatuto é um tipo de leis que expressa os princípios que regem a organização de um Estado, sociedade ou associação.

ORGANISMOS DO SISTEMA DAS NAÇÕES UNIDAS

O sistema das Nações Unidas é bem amplo, neste sentido, a seguir estão citados apenas alguns órgãos (listagem meramente exemplificativa, não sendo esgotado o assunto):

a) Semi-Autônomos:

Exemplos:

UNICEF: Fundo das Nações Unidas para a Infância, sediado em Nova Iorque. Foi criado no dia 11 de dezembro de 1946, por decisão unânime, durante a primeira sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas. Os primeiros programas do UNICEF forneceram assistência emergencial a milhões de crianças no período pós-guerra na Europa, no Oriente Médio e na China. Em 1953, o UNICEF tornou-se órgão permanente do sistema das Nações Unidas e teve seu mandato ampliado para atender as crianças de todo o mundo em desenvolvimento.

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UNHCR: Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, sediado em Genebra. A sigla em português é ACNUR, sempre trabalhou para satisfazer as necesidades cada vez maiores dos refugiados e pessoas deslocadas no mundo.

PNUD: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, sediado em Nova Iorque. O PNUD é a rede global de desenvolvimento da Organização das Nações Unidas, presente em 166 países. Seu mandato central é o combate à pobreza. Trabalhando ao lado de governos, iniciativa privada e sociedade civil, o PNUD conecta países a conhecimentos, experiências e recursos, ajudando pessoas a construir uma vida digna e trabalhando conjuntamente nas soluções traçadas pelos países-membros para fortalecer capacidades locais e proporcionar acesso a seus recursos humanos, técnicos e financeiros, à cooperação externa e à sua ampla rede de parceiros.

CNUCED: Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento. Em 18 de Junho de 2004, em São Paulo, a Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento (CNUCED) encerrou a sua décima primeira sessão, iniciada no 14 de Junho de 2004 e dedicada ao tema «Reforço da coerência entre as estratégias nacionais de desenvolvimento e os processos económicos mundiais em prol do crescimento económico e do desenvolvimento». A Conferência, que celebrou os seus 40 anos durante esta décima primeira sessão, acabou, depois de aprovar o « Espírito e o Consenso de São Paulo », dois documentos finais que consagram a ideia de que só um comércio justo e equitativo pode ser um motor de desenvolvimento. Os Estados Membros que participaram na CNUCED declararam a sua determinação em envidar esforços comuns para atingir os objectivos inscritos nos textos adoptados nas grandes conferências internacionais da ONU, na Cimeira do Milénio de 2000, na Cimeira Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, de 2002, e na Cimeira Mundial sobre a Sociedade da Informação, de 2003. Constatando que o fosso entre países em desenvolvimento e os países desenvolvidos aumentou em diversos domínios, na medida em que alguns países, ao contrário de outros, tiraram partido das trocas comerciais, dos investimentos e das tecnologias, os Estados Membros declararam que as decisões adoptadas durante este encontro são, juntamente com o Plano de Acção de Banguecoque de 2000, uma base de apoio permanente à CNUCED, no exercício do seu mandato como organismo das Nações Unidas responsável pela abordagem integrada do comércio e do desenvolvimento. O « Consenso de São Paulo » enumera recomendações sobre: as estratégias de desenvolvimento numa economia global; o reforço das capacidades produtivas e de competitividade internacional; a contribuição do sistema comercial e as negociações para o desenvolvimento; e as parcerias para o desenvolvimento. Em 2008, os participantes da XII Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento (CNUCED) lançaram um apelo em Acra para a adoção de medidas imediatas que controlem a crise alimentar e a favor da conclusão das negociações da rodada de Doha sobre o comércio mundial. O aumento de preços dos produtos alimentares básicos, que provocou distúrbios em vários países em 2008, principalmente no Haiti, dominou os debates durante os cinco dias da conferência, na capital de Gana, com o lema "O impacto econômico da globalização". "Muitos países em desenvolvimento continuam na margem do processo de globalização e estão para trás no que diz respeito às Metas de Desenvolvimento do Milênio" estabelecidos pela ONU, entre os quais figura reduzir a pobreza no mundo pela metade até 2015, concluíram os 193 membros da CNUCED. A declaração final em Acra promete "renovar esforços" para que os países

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em desenvolvimento tenham "acesso mais amplo aos mercados" e por uma "ação eficaz perante medidas tarifárias que provocam distorções comerciais".

PNUMA: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. O PNUMA, estabelecido em 1972, é a agência do Sistema ONU responsável por catalisar a ação internacional e nacional para a proteção do meio ambiente no contexto do desenvolvimento sustentável. Seu mandato é prover liderança e encorajar parcerias no cuidado ao ambiente, inspirando, informando e capacitando nações e povos a aumentar sua qualidade de vida sem comprometer a das futuras gerações. O PNUMA tem sua sede no Quênia.

CMA: Conselho Mundial da Alimentação, juntamente com o FIDA: Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola e o PAM: Programa de Alimentação Mundial, estão sediados em Roma.

UNU: Universidade das Nações Unidas, sediada em Tóquio.

Entre outros.

b) Autônomos

Conhecidos como “agências especializadas” ou “instituições especializadas” ligadas direta ou indiretamente à Assembléia Geral.

O caráter essencial de cada instituição especializada é sua independência. Os organismos especializados são organizações autônomas inter-governamentais que colaboram com as Nações Unidas e, entre si, por intermédio do Conselho Econômico e Social.

Exemplos:

GRUPO DO BANCO MUNDIAL:- BIRD: Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento [Banco Mundial]. Objetivo: auxiliar na reconstrução e desenvolvimento dos territórios dos membros através de empréstimos. Sede: Washington - E.U.A.- IDA - Associação Internacional para o Desenvolvimento- CFI - Corporação Financeira Internacional- MIGA - Agência Multilateral para Garantir o Investimento- ICSID - Centro Internacional para Solucionar as Disputas de Investimentos

FAO: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura. Objetivo: aumentar os padrões de vida e a produção de bens agrícolas.

UNESCO: Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura. Fomentar o conhecimento e compreensão mútuos dos povos, promover a livre circulação de ideias, tanto pela palavra como pela imagem, impulsionar vigorosamente a educação popular e a difusão da cultura.

OMS: Organização Mundial de Saúde. Objetivo: aquisição, por todos os povos, do nível de saúde mais elevado que for possível. Sede: Genebra - Suíça.

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OIT: Organização Internacional do Trabalho (procura fomentar a justiça social e os direitos humanos e trabalhistas internacionalmente reconhecidos. 'E encarregada de garantir o respeito aos direitos trabalhistas no mundo. Defende a liberdade de associação dos trabalhadores, estabelecimento de um sistema de previdência social, salário adequado e proteção contra doenças ocupacionais) Sua sede é em Genebra, Suíça e sua data de criação remonta a 1919. O Brasil é membro fundador. Os ógãos básicos são: Conferência Internacional do Trabalho, o Conselho de Administração (48 membros) e o Bureau Internacional do Trabalho, encarregado de executar suas decisões. As convenções, depois de ratificadas, conduzem os respectivos estados à obrigação de as aplicar, conformando a sua legislação e prática aos princípios nela constantes, ficando tal aplicação sujeita a controle. As recomendações constituem uma orientação e antecedem, muitas vezes, a elaboração de uma convenção sobre a matéria. Por fim, é importante registrar que as normas das convenções da OIT são formuladas em termos de direitos trabalhistas internacionais mínimos, pelo que, no que diz respeito à interpretação e à aplicação de seus dispositivos, há de prevalecer a norma mais favorável, devidamente manejada.

ONUDI: Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial. Tem por objetivo principal a promoção e aceleração do desenvolvimento industrial nos países em vias de desenvolvimento, tendo em vista contribuir para a instauração de uma nova ordem económica internacional. Promoverá igualmente o desenvolvimento e a cooperação industriais a nível mundial, regional e nacional, assim como a nível setorial.

FMI: Fundo Monetário Internacional. Promover a cooperação monetária internacional e facilitar a expansão e o crescimento equilibrado do comércio internacional. Sede: Washington - E.U.A.

UIT: União Internacional das Telecomunicações. Manter e alargar a cooperação internacional entre todos os membros da União para a melhoria e o emprego racional das telecomunicações de qualquer espécie. Sede: Genebra - Suíça.

UPU: União Postal Universal. Promover a cooperação postal internacional. Sede: Berna – Suíça.

c) Organizações relacinadas:

AIEA: Agência Internacional de Energia Atômica. O seu objetivo é a promoção do uso pacífico da energia nuclear e o desencorajamento dos usos para fins militares de armas atômicas. A AIEA tem a sua sede em Viena, (Áustria), e tem 137 estados membros, cujos representantes se encontram anualmente para uma Conferência Geral onde elegem 35 membros para o Conselho de Governadores.

OMC: Organização Mundial do Comércio. Sediada em Genebra. É certamente a entidade mais ativa na regulação do comércio internacional, desenvolvendo novas regras e aperfeiçoamento daquelas oriundas do GATT (Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio). (VER ITEM ESPECIFICO A FRENTE)

CTBTO - Comitê Preparatório para a Organização do Tratado de Proibição de Testes Nucleares

OPAQ - Organização para a Proibição de Armas Química

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O SISTEMA DAS NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL:

A ONU tem representação fixa no Brasil desde 1950, quando o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e a OIT (Organização Internacional do Trabalho) começaram seu trabalho no país. Atualmente, há 18 organismos, como agências, fundos, programas e comissões regionais, instalados no Brasil:

ACNUR (Alto Comissário da ONU para Refugiados) UNIC Rio (Centro de Informações das Nações Unidas no Rio de Janeiro) CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) FMI (Fundo Monetário Internacional) Banco Mundial OIT (Organização Internacional do Trabalho)OMS/OPAS (Organização Mundial da Saúde e Organização Pan-Americana de Saúde) PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) UIT (União Internacional de Telecomunicações) UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids) UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) UNFPA (Fundo de Populações das Nações Unidas) UN-HABITAT (Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos) UNICEF UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher) e UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes).

Além disso, há 13 organismos que, apesar da não terem escritório no país, se fazem presentes através de seus programas e projetos. São eles:

UNCTAD (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento) AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) UNIDO (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial) UNOPS (Escritório das Nações Unidas para Serviços de Projetos) OMM (Organização Meteorológica Mundial) UNMOVIC (Comissão de Monitoramento, Verificação e Inspeção) UPU (União Postal Universal) UNDESA (Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas) IAPSO (Escritório para Serviços de Licitação Inter-Agência) UNCDF (Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital) OMPI (Organização Mundial de Propriedade Intelectual) Universidade das Nações Unidas e United Nations Headquarters.

A forma de apoio da ONU ao Brasil muda de uma agência para outra, dependendo de seu mandato e especialidade. Mas, em geral, as Nações Unidas trabalham por meio de projetos de cooperação técnica, realizados com o governo em suas diferentes esferas, assim como com a sociedade civil, a academia e o setor empresarial. Tudo isso com o objetivo de buscar, conjuntamente, soluções para superar os desafios e dificuldades presentes na criação e implementação de uma agenda comum em prol do desenvolvimento humano.

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As agências, fundos, programas e comissões regionais presentes no país atuam de forma conjunta e coordenada nos temas relevantes identificados pelo próprio Brasil e pela comunidade internacional: Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, Raça e Gênero, Luta contra a Violência e Crime, HIV/Aids, Cooperação Sul-Sul, entre outros.

Esse trabalho conjunto é realizado nos chamados grupos interagenciais, que analisam e definem áreas para a contribuição da ONU nesses eixos temáticos. O funcionamento desses grupos soma esforços e capacidades que potencializam o impacto das ações no desenvolvimento do país.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO - OMC

Essa Organização ocupa um lugar de destaque no cenário mundial, no mesmo patamar que se encontra importantes órgãos financeiros internacionais como o FMI e o Banco Mundial. A OMC foi criada em 1995 e está sediada na cidade de Genebra na Suíça.

A OMC sucedeu ao GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) na regulação do comércio mundial, tendo sido o principal resultado da rodada de negociações do General Agreement on Trade and Tarifs (GATT).2

Há uma distinção que se faz necessária entre o GATT e a OMC. O primeiro, cuja origem remonta o período subsequente a Conferência de Bretton Woods em 1948, faz parte do projeto de liberalização econômica do comércio internacional, é um acordo entre partes contratantes (Estados). Já a segunda, é uma organização, que por sua vez, possui personalidade jurídica e é constituída por membros.

O GATT foi implantado a partir de 1947 para estabelecer o livre comércio, no entanto, não havia uma consideração em relação as disparidades existentes entre os países, dessa forma, todos os tributos de exportação e importação eram iguais, com isso as economias fragilizadas nem sempre conseguiam prosperar economicamente.

A OMC, ainda que ela não seja imune às pressões advindas dos principais atores internacionais, sua existência é de vital importância para países como o Brasil que dependem de um sistema de normas para defender seus interesses. Os países em desenvolvimento são hoje a grande maioria dos Membros desta Organização e só cabe a eles fazer valer os seus interesses, já que as decisões na OMC são tomadas por consenso, visando garantir que o comércio ocorra livremente entre as nações – por meio do desenvolvimento e negociação de acordos, estabelecimento de regras para o comércio e solução de disputas. Além disso, a organização pode limitar o comércio por questões de segurança e saneamento.

2 FONSECA, João Bosco Leopoldino da. Direito Econômico, p. 131. "...foram realizadas negociações comerciais multilaterais, também conhecidas pela denominação de "rodadas". Tais negociações se realizaram em Genebra-Suíça (1947), Annency -França (1949), Torquay-Reino Unido ( 1950-1951), Genebra (1956), Genebra (1960-1961- a chamada Rodada Dillon), Genebra (1962-1967- a chamada Rodada Kennedy), Genebra (1973-1979), "Tokyo Round and Nixon Round", Punta Del Leste e Montreal (1986-1994) a "Rodada Uruguai".

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Na verdade, a intenção dos países desenvolvidos é que as barreiras alfandegárias sejam retiradas, no entanto, somente para entrada de seus produtos em outros territórios, já no processo contrário querem estabelecer medidas protecionistas.

Uma das funções da organização é de atuar como um intermediador, no momento em que dois países geram conflitos por motivos comerciais, derivados por medidas protecionistas de um dos lados. Um exemplo claro desse processo aconteceu em 2001, quando a empresa canadense Bombardier acionou a OMC por se sentir prejudicada, pois segundo ela a empresa brasileira Embraer estaria sendo custeada ou subsidiada pelo governo brasileiro, de forma que esse procedimento vai contra as regras implantadas na organização. Nesse caso, as duas empresas lutam por um mercado extremamente lucrativo (Nesse exemplo, a OMC não aceitou o pedido da empresa canadense, ou seja, indeferiu o pedido).

Principais esforços: Criar e negociar acordos comerciais, promover o intercâmbio de serviços, tecnologia e invenções, desenvolver indústrias, proteger os consumidores do mundo inteiro contra o comércio potencialmente inseguro e sem condições de higiene, e resolver disputas entre os membros. Isso tudo, visando a elevação dos níveis de vida, o pleno emprego, a expansão da produção e do comércio de bens e serviços, a proteção do meio ambiente, o uso ótimo dos recursos naturais em níveis sustentáveis e a necessidade de realizar esforços positivos para assegurar uma participação mais efetiva dos países em desenvolvimento no comércio internacional, conforme exposto em sua carta constitutiva.

Outra atribuição primordial é a administração do mecanismo de Revisão de Políticas Comerciais (Trade Policy Review Mechanism) o qual através de revisões periódicas das políticas de comércio exterior dos membros busca dar transparência ao sistema multilateral de comércio.

Estrutura legal: regras estabelecidas pelo antigo GATT, modificações efetuadas ao longo dos anos e os resultados das negociações passadas de liberalização do comércio.

Principais cargos / órgãos:

- Conferência Ministerial - formada pelos países-membros, se reúne a cada dois anos;- Conselho Geral - normalmente, embaixadores e chefes da delegação em Genebra, mas, às vezes, oficiais enviados das capitais dos países-membros;- Conselho de Bens;- Conselho de Serviços e Conselho de Propriedade Intelectual (TRIPS);- Secretariado da OMC e o diretor-geral;- Órgão de Solução de Controvérsias: funciona como tribunal para os conflitos do comércio internacional, no qual os conflitos são resolvidos por meio de consultas entre os membros e as decisões são tomadas por um painel de especialistas e por um Órgão de Apelação.

Para a vigilância do cumprimento das normas contidas nos vários acordos que regem o sistema multilateral de comércio, a OMC conta com um poderoso instrumento que é o Entendimento para Solução de Controvérsias. O sistema de resolução de controvérsias da OMC tem grande eficácia e atividade. O Brasil mesmo já obteve várias vitórias no Órgão de Solução de Controvérsias da OMC, como no caso do

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painél da gasolina, contra os Estados Unidos, e os mais recentes painéis do açúcar contra a Comunidade Européia e do algodão contra os Estados Unidos.

Neste sentido cabe destacar que antes da OMC, a solução de conflitos não dispunha de uma cláusula de obrigatoriedade de cumprimento, capaz de impor as decisões tomadas pelo órgão de julgamento, e a estratégia usual dos perdedores era bloquear o consenso para implementar as decisões tomadas pelos participantes do painel. Com esse mecanismo isto é quase impossível, dado que o vencedor pode retaliar o perdedor caso ele não implemente a decisão do painel, o que faz da OMC o mais eficiente tribunal entre as organizações internacionais. Qualquer país, membro ou não, pode ingressar um painel na OMC, buscando a solução de desentendimentos comerciais, bem como decisões sobre a real utilização e implementação das regras de comércio.

É também imprescindível dizer que as negociações no âmbito da OMC seguirão o princípio do single undertaking - "compromisso único" - que obriga todos os membros a concordarem com todos os temas negociados e impede que os países escolham apenas os acordos de seus interesses.

Acordos da OMC

a) Acordo Geral sobre Tárifas e Comércio 1947 (GATT 47) - (Lei 313 de 30/07/48 e alterações posteriores)

b) Acordos Resultantes da Rodada Uruguai - classificados em: Acordos Multilaterais (anexos 1, 2 e 3), de adesão obrigatória, e os Plurilaterais (anexos 4A, 4B, 4C e 4D), de adesão opcional:

AcordosAta Final da Rodada UruguaiEstabelece a OMCAnexo 1A

Nota Interpretativa ao Anexo 1AGATT 1994Entendimento sobre a Interpretação do Artigo II 1(b)Entendimento sobre a Interpretação do Artigo XVII Entendimento sobre as Disposições Relativas a Balanço dePagamentosEntendimento sobre a Interpretação do Artigo XXIV Entendimento sobre Derrogações (Waivers) de Obrigações Entendimento sobre a Interpretação do Artigo XXVIII Protocolo de MarraquecheAcordo sobre AgriculturaAcordo sobre a Aplicação de Medidas Sanitárias e FitossanitáriasAcordo sobre Têxteis e VestuárioAcordo sobre Barreiras Técnicas ao ComércioAcordo sobre Medidas de Investimento Relacionadas ao Comércio (TRIMS)Acordo sobre a Implementação do Artigo VI (Antidumping)Acordo sobre a Implementação do Artigo VII (Valoração Aduaneira) Acordo sobre Inspeção Pré-EmbarqueAcordo sobre Regras de OrigemAcordo sobre Procedimentos para o Licenciamento de ImportaçõesAcordo sobre Subsídios e Medidas CompensatóriasAcordo sobre Salvaguardas

Anexo 1B: Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS)Anexo 1C: Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual (TRIPS)Anexo 2: Entendimento Relativo às Normas e Procedimentos sobre Solução de ControvérsiasAnexo 3: Mecanismo de Exame de Políticas Comerciais (TPR)

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AcordosAta Final da Rodada UruguaiAnexo 4: Acordos Plurilaterais (Adesão Opcional)

Anexo 4A: Acordo sobre Comércio de Aeronaves CivisAnexo 4B: Acordo sobre Compras GovernamentaisAnexo 4C: Acordo Internacional de Produtos LacteosAnexo 4D: Acordo Internacional sobre Carne Bovina

Obs: O Brasil não aderiu aos anexos 4A, 4B e 4C. Os demais anexos foram aderidos pelo Decreto 1.355 de 30/12/94.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS - OEA

Em 30 de abril de 1948, 21 nações do hemisfério se encontraram em Bogotá, Colômbia, para adotar a Carta da Organização dos Estados Americanos, que afirmava o compromisso desses países com os interesses comuns e o respeito pela soberania de cada nação. Está sediada em Washington, EUA.

Possui princípios escritos consuetudinários continentais desde 1889.

Os princípios que permeiam a OEA surgiram de uma história de cooperação regional desde o século XIX:

“É a mais antiga organização de cunho genérico existente”.

Propósitos e Princípios:

1) Promover a paz, a segurança do continente e a democracia representativa, respeitado o princípio da não-intervenção;

2) Prevenir as possíveis causas de dificuldades e assegurar a solução pacífica das controvérsias que porventura surjam entre os Estados membros;

3) Organizar a ação solidária dos seus membros em caso de agressão;

4) Buscar a solução aos problemas políticos, jurídicos e econômicos que surjam entre seus membros;

5) Promover, por meio da ação cooperativa, o desenvolvimento econômico, social e cultural;

6) Combater a pobreza crítica, que constitui um obstáculo ao pleno desenvolvimento democrático dos países do hemisfério, entre outras iniciativas que visem ao bem-estar e ao desenvolvimento socio-econômico dos países da região.

A Carta não prevê expulsão de nenhum Estado-membro.

Composição:

A Organização é composta por 35 países membros: as nações independentes das Américas do Norte, Central, do Sul e Caribe. A participação do Governo de Cuba, país-membro, está suspensa desde 1962, consequentemente apenas 34 governos têm participação efetiva. Nações de outras partes do mundo participam da OEA como "Observadores Permanentes".

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Estrutura:

ASSEMBLÉIA GERAL

Órgão supremo da Organização e todos os Estados-membros fazem-se representar nela. Reúne-se anualmente. Cada país um voto.

CONSELHOS:

- Conselho Permanente- Conselho Interamericano Econômico-social- Conselho Interamericano de Educação, Ciência e Cultura- Comissão Jurídica Interamericana com sede no Rio de Janeiro.- Comissão Interamericana de Direitos Humanos – Art. 112 da Carta da OEA. Completada pela “Convenção Americana sobre a Proteção dos Direitos Humanos”.

SECRETARIA-GERAL: dirigida pelo Secretário Geral, eleito por um período de 5 anos.

ORGANISMOS ESPECIALIZADOS:

- Comissão Interamericana da Mulher (Washington)

- Instituto Indigenista Americano (México)

- Instituto Interamericano de Ciências Agrícolas (São José)

- Instituto Interamericano da Criança (Montevidéu)

- Instituto Panamericano de Geografia e História (México)

- Organização Pan-Americana de Saúde (Washington)

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DAS ADUANAS - OMA

Outra entidade importante, embora menos conhecida, é a OMA, criada em 1952 para elaborar políticas de cooperação entre os países-membros com o objetivo auxiliar as aduanas nacionais a cumprirem bem seus papéis, desenvolvendo programas de treinamento, de intercâmbio e de aperfeiçoamento das técnicas aduaneiras.

Sede: Bruxelas.

Em 1986, foi criada uma estrutura regional da Organização, dividida em seis regiões, para facilitar o desenvolvimento de políticas conjuntas para a área. Além da estrutura para as Américas e Caribe, a OMA está presente na Europa, Norte da África e Oriente Médio, África Central e Oeste, Leste e Sul da África, Ásia, Ásia Austral e Ilhas do Pacífico.

O encontro, realizado em 2004, tratou de temas aduaneiros atuais, como os cenários, o contexto de trabalho e o papel das administrações aduaneiras neste século, a necessidade de reforço de suas capacidades, a segurança da cadeia logística internacional e a facilitação comercial, além de aspectos relacionados com a representatividade e a governabilidade da Organização. Nesse evento o Brasil foi eleito para assumir a vice-presidência da OMA.

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A Organização Mundial das Alfândegas representa aproximadamente 174 administrações responsáveis por 98% do comércio mundial.

Cumpre lembrar que: "o comércio internacional é um dos motores essenciais para a prosperidade econômica. No entanto, o sistema de comércio mundial é vulnerável à exploração terrorista que poderia prejudicar severamente a economia global como um todo. As administrações aduaneiras, na qualidade de organizações governamentais que controlam e administram o movimento internacional de mercadorias, estão especialmente posicionadas para proporcionar maior segurança à cadeia logística global e para contribuir para o desenvolvimento socioeconômico, assegurando a arrecadação de impostos e taxas e a facilitação comercial.

Uma estratégia endossada pela Organização Mundial de Aduanas (OMA) é então necessária para conferir segurança à circulação de mercadorias no comércio global de forma a não impedir, mas sim facilitar, as trocas comerciais. A segurança da cadeia logística internacional é apenas uma etapa no processo geral de fortalecimento e preparação das administrações aduaneiras para o século 21. Dessa forma, a fim de fortalecer e ir além dos programas e das práticas existentes os Membros da OMA conceberam um processo destinado a reforçar a segurança e a facilitação do comércio internacional. Esta é a Estrutura Normativa da OMA para a Segurança e a Facilitação do Comércio Internacional (doravante denominada "Estrutura da OMA" ou "Estrutura"). Esta Estrutura da OMA, destinada a proteger e a facilitar o comércio internacional, estabelece princípios e padrões e os apresenta para serem adotados como nível mínimo do que precisa ser implementado pelos Membros da OMA.

As administrações aduaneiras têm poderes importantes que não existem em outros serviços públicos – elas têm a autoridade de inspecionar carregamentos e mercadorias entrando ou saindo de um país. As aduanas também têm a autoridade para recusar a entrada ou a saída de carregamentos e mercadorias, e para acelerar a entrada dessas cargas. As administrações aduaneiras exigem informações sobre as mercadorias importadas e, frequentemente, também as exigem para as mercadorias exportadas. Elas podem exigir, se a legislação nacional o permite, que as informações lhe sejam enviadas antecipadamente e por via eletrônica. Graças à sua autoridade e perícia sem paralelo as aduanas podem e devem desempenhar um papel central na segurança e na facilitação do comércio mundial. No entanto, uma abordagem integrada é necessária para otimizar a segurança da cadeia logística internacional e, ao mesmo tempo, assegurar melhorias contínuas na facilitação do fluxo de comércio. Por isso as aduanas devem ser incentivadas a elaborar acordos de cooperação com outros organismos governamentais.

As administrações aduaneiras modernas utilizam sistemas informatizados de gestão de riscos para resolver uma série de problemas, contudo, deveriam zelar para não sobrecarregar a comunidade comercial internacional com diferentes exigências para proteger e facilitar o comércio, sendo conveniente que também tenham em conta outras normas internacionais. Deveria haver apenas um conjunto de normas aduaneiras internacionais, desenvolvidas pela OMA, que não dupliquem nem contradigam outras exigências intergovernamentais.

A Estrutura da OMA também leva em consideração elementos essenciais como o reforço das capacidades e a autoridade legal necessária. Ainda que certos aspectos da Estrutura possam ser implementados sem o reforço de capacidades, nota-se que muitas administrações aduaneiras necessitam de assistência para implementar as

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normas. A Estrutura da OMA inclui ajuda apropriada e programas de reforço de capacidades para as administrações aduaneiras que a adotarem".

(ver maiores detalhes no site do Ministério da Fazenda - Receita Federal)

A estrutura da OMA visa:

− estabelecer normas que garantam a segurança e a facilitação da cadeia logística em nível global, a fim de promover certeza e previsibilidade;

− implementar a gestão integrada de cadeias logísticas para todos os meios de transporte;

− fortalecer o papel, as funções e as capacidades das aduanas para responder aos desafios e aproveitar as oportunidades do século 21;

− fortalecer a cooperação entre as administrações aduaneiras, a fim de melhorar a capacidade de detecção de remessas de alto risco;

− fortalecer a cooperação entre as aduanas e as empresas; e

− promover a circulação ininterrupta de mercadorias através de cadeias logísticas internacionais seguras.

Normas da OMA para a Segurança e a Facilitação do Comércio Internacional

Pilar 1: Aduana - Aduana

As administrações aduaneiras devem trabalhar em colaboração adotando normas comuns e reconhecidas a fim de maximizar a segurança e a facilitação da cadeia logística internacional durante a passagem de cargas e contêineres ao longo das diversas etapas do sistema de comércio global. O pilar aduana-aduana atende a esse objetivo, constituindo-se em mecanismo efetivo para a segurança da cadeia logística internacional contra os efeitos do terrorismo e outras formas de crime transnacional.

Tradicionalmente, as administrações aduaneiras inspecionam a carga na sua chegada aos portos nacionais. Hoje em dia, deve-se poder inspecionar e examinar um contêiner ou um carregamento antes de sua chegada. Devido à sua autoridade e perícia sem paralelo, as administrações aduaneiras contribuem tanto para proteger quanto para facilitar o comércio global.

O princípio básico desse pilar é o uso de informações prévias transmitidas por via eletrônica para a identificação de contêineres ou de cargas de alto risco. Utilizando ferramentas automatizadas de determinação de risco, as administrações aduaneiras identificam remessas de alto risco o quanto antes ao longo da cadeia logística , no porto de saída ou mesmo antes.

Providências adequadas devem ser tomadas para permitir o intercâmbio eletrônico de informações. Os sistemas deveriam, portanto, ser baseados em mensagens harmonizadas e serem interoperáveis.

Para fins de eficácia e para assegurar que o processo não torne mais lento o movimento do comércio, as administrações aduaneiras deveriam servir-se da tecnologia de ponta para verificar as remessas de alto risco. Essa tecnologia inclui

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aparelhos de raios X e de raios gama de grande porte, bem como aparelhos de detecção de radiação. Manter a integridade das cargas e dos contêineres, especialmente mediante a utilização de tecnologia de ponta é, igualmente, um componente vital deste pilar.

Baseando-se, principalmente, na Convenção de Quioto revisada, nas Diretrizes para uma Gestão Integrada da Cadeia Logística (Integrated Supply Chain Management - Guidelines) e em programas nacionais, as administrações aduaneiras que aderirem à Estrutura da OMA padronizarão o Pilar 1.

Pilar 2: Aduana – Empresas

Cada administração aduaneira deverá estabelecer parcerias com o setor privado com o objetivo de fazê-lo participar das medidas destinadas a garantir a segurança da cadeia logística internacional. O foco principal desse pilar é a criação de um sistema internacional de identificação de empresas privadas que ofereçam garantias de um alto nível de segurança ao longo da cadeia logística. No contexto dessas parcerias, as empresas parceiras deveriam obter benefícios tangíveis sob a forma de um processamento mais rápido de suas mercadorias e outras medidas.

A seguinte declaração, retirada das Diretrizes de Alto Nível para Acordos de Cooperação entre Membros da OMA e o Setor Privado para Reforçar a Segurança da Cadeia Logística e Facilitar o Fluxo de Comércio Internacional (High Level Guidelines for Co-operative Arrangements between WCO Members and Private Industry to Increase Supply Chain Security and Facilitate the Flow of International Trade), resume a relação que deve existir entre as aduanas e as empresas para agregar mais segurança ao comércio internacional:

"Na medida em que as aduanas podem confiar em seus parceiros da comunidade comercial para avaliar e lidar com as ameaças dirigidas à sua própria cadeia logística e a enfrentá-las, os riscos com os quais se confrontam as aduanas serão reduzidos. Portanto, as empresas que demonstram uma vontade concreta de melhorar a segurança da cadeia logística devem obter vantagens. A minimização do risco conseguida dessa maneira ajuda as aduanas a exercerem suas funções em matéria de segurança e permite a facilitação do comércio legítimo."

Tais programas posicionam a segurança da carga e dos contêineres mais perto da cadeia logística, envolvendo o setor privado e exigindo maior segurança no ponto de origem, ou seja, no momento de encher o contêiner nas plataformas de carregamento do fabricante estrangeiro, e quando o contêiner é transportado de ponto a ponto através da cadeia logística .

Esta Estrutura apresenta os critérios através dos quais as empresas que intervêm na cadeia logística internacional podem obter o reconhecimento de uma condição de parceiro autorizado em matéria de segurança. Esses critérios abordam questões tais como: a avaliação de ameaças; a existência de um plano de segurança adequado às ameaças identificadas; a existência de um plano de comunicação; a existência de medidas e procedimentos destinados a evitar que mercadorias ilícitas ou desacompanhadas de documentos entrem na cadeia logística internacional; a segurança física de prédios, armazéns ou locais utilizados para o carregamento e a armazenagem de mercadorias; a segurança de contêineres, cargas e outros meios de transporte; a seleção rigorosa de pessoal; e a segurança dos sistemas de informação.

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As prioridades no credenciamento ou autorização dos participantes podem ser determinadas por uma série de fatores, incluindo o volume de importação, as anomalias relacionadas à segurança, as ameaças de ordem estratégica apresentadas por certas regiões geográficas ou outras informações relacionadas a riscos. A decisão sobre os fatores que devem ser enfatizados dependerá, inevitavelmente, das circunstâncias.

O consenso geral sobre os benefícios mínimos que os parceiros comerciais podem colher da condição de operador autorizado também é crucial. Os benefícios incluem principalmente a passagem mais rápida das cargas de baixo risco pelos controles aduaneiros, um melhor nível de segurança, otimização dos custos da cadeia logística devido a melhorias na segurança, melhor reputação da empresa, maiores oportunidades de negócios, melhor compreensão das exigências das aduanas e uma comunicação mais eficaz entre o operador econômico autorizado e a administração aduaneira.

Muitas empresas que operam ao longo dos elos da cadeia internacional logística já devem estar obrigadas a respeitar as normas segurança existentes em nível internacional ou possuem programas internos de segurança que respondem às preocupações das administrações aduaneiras. Os sistemas tratados pelo pilar aduana – empresas, dentro da Estrutura, devem se apoiar na atribuição de uma marca de qualidade às operações aduaneiras correntes que utilizam as tecnologias de informação para facilitar os procedimentos normalmente associados com o comércio transfronteiriço e que proporcionam benefícios especiais aos importadores, exportadores, despachantes, transitários, transportadores e outros prestadores de serviços qualificados que satisfaçam às condições exigidas para deles se beneficiarem.

Inspirados no grande número de programas inovadores, as administrações aduaneiras e as empresas de comércio internacional que adotam a Estrutura da OMA haverão de padronizar o Pilar 2.

IMPORTANTE:

Em nome da segurança e do combate ao contrabando e à comercialização de cópias irregulares (ditas “piratas”), os países desenvolvidos estão tentando impingir uma inaceitável obrigação às aduanas das nações economicamente mais frágeis.

Sob a chancela da Organização Mundial de Aduanas - OMA, o Primeiro Mundo pretende implantar internacionalmente o sistema denominado Secure, que confere às alfândegas o poder de retenção das mercadorias consideradas “suspeitas” de infração à propriedade intelectual. Esse processo está sendo conduzido de maneira rápida e eficiente, sem alarde para evitar reações adversas. O pretenso poder de polícia das alfândegas consta quase como um apêndice dos mecanismos prioritários do Secure voltados para o combate ao contrabando e à contrafação em marcas. Os agentes aduaneiros das nações desenvolvidas na OMA pretendem aprovar as novas regras em reunião a ser realizada em Genebra no final de outubro.

Esse dispositivo que os países desenvolvidos tentam impor ao mundo através da OMA pode causar grandes estragos ao comércio exterior brasileiro, inibindo especialmente as indústrias que importam princípios ativos e exportam medicamentos - produtos com elevado conteúdo tecnológico e cuja balança comercial atinge a casa dos 6,5 bilhões de dólares/ano. Isto porque a mera denúncia à autoridade alfandegária de que uma

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determinada mercadoria entrando ou saindo de nossas fronteiras estaria violando direitos de propriedade intelectual teria o poder de sustar o trâmite na aduana, ficando o importador ou exportador com a responsabilidade de provar judicialmente a falsidade da acusação.

Em qualquer parte do mundo, as aduanas são órgãos totalmente despreparados para analisar documentos de natureza extremamente complexa como os de patentes industriais. Mas no Brasil o problema seria mais grave, porque a lei nacional de patentes (nº. 9279/96), aprovada sob pressão dos EUA em 1996, absurdamente acolheu a inversão do ônus da prova. O parágrafo 2º do artigo 42 dessa lei estabelece como violação do direito de patente a situação de “o possuidor ou proprietário não comprovar, mediante determinação judicial específica, que o seu produto foi obtido por processo de fabricação diverso daquele protegido pela patente”.

Vale destacar que, pela legislação internacional vigente na área de propriedade intelectual, cabe ao detentor do direito a tarefa de proteger a sua propriedade intelectual (artigo 28 do Acordo TRIPS). O poder público somente atua nessa área em sua instância judicial, mediante processo movido pela empresa interessada. O que os países desenvolvidos tentam fazer agora, por meio do Secure, é colocar a fiscalização e a polícia doméstica de todos os demais países a seu serviço.http://www.atribunanews.com.br/news.php?newsid=17154http://www.abifina.org.br/factoNoticia.asp?cod=292

DIREITO INTERNACIONAL DE INTEGRAÇÃO - E A GLOBALIZAÇÃO

A GLOBALIZAÇÃO iniciou-se principalmente a partir da década de 80, onde o capitalismo conheceu um processo de aceleração sem precedentes que passou a definir a nova tendência do mundo atual: a globalização da economia.

“A Globalização da Economia é a expressão máxima do processo de mundialização das relações entre as nações, ao mesmo tempo em que representa a mudança na concepção do papel dos Estados nacionais. A formação dos Estados nacionais tinha como pressuposto uma unidade territorial, comandada por uma autoridade política única e integrada por uma economia de base nacional.”

“O processo de globalização, que avança em diferentes tempos para diferentes direções, é extremamente contraditório, porque, assim como promove a modernização de um país, tende a formar uma sociedade padronizada, hierarquizada e excludente. A globalização transforma a economia, a política e a cultura de um país, marcando as sociedades nacionais com uma nova realidade que pode ser constatada por meio:

- da presença de inúmeras empresas multinacionais e de seus executivos vindos do país de origem dessas empresas;

- das transformações ocorridas no setor comercial facilmente verificadas pelo aumento de shopping centers;

- da variedade de produtos importados encontrados à venda;

- da disponibilidade e utilização de modernas tecnologias;

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- da divulgação de informações por meio da Internet, de revistas estrangeiras e de jornais escritos e falados que circulam entre os diferentes países.”

Obs.: “Este processo não ocorre em todo o mundo ao mesmo tempo. Por exemplo, existem regiões na África e no sul da Ásia que ainda não foram atingidas.”

Conforme Reinaldo Rivera, Flávia Ramos e Rachel Cruz (2003, 174) a globalização é um processo econômico, social, político e cultural, assim sintetizado:

“A globalização é, sem dúvida, caracterizada grandemente pelo aspecto econômico, porque seus efeitos, nesse campo, são facilmente visualizados: o aumento do comércio internacional, o livre fluxo financeiro entre os países, a presença cada vez maior de investidores estrangeiros em território nacional, apenas paracitar alguns desses efeitos. Mas é, também, um processo social se observarmos as ações conjuntas de vários países e de organismos internacionais para combater epidemias, a miséria em países pobres, a exploração do trabalho infantil, o analfabetismo entre outras. É, ainda, um processo político, porque os governantes muitas vezes devem decidir, mesmo em ações internas, levando na devida consideração o cenário global e suas implicações. E é, por fim, um processo cultural, porque o comportamento humano acaba sendo amalgamado pelos meios de comunicação, cujos avassaladores efeitos (por vezes subliminares) têm um poder jamais visto em nenhum outro processo em que o homem seja o autor e o ator. A globalização (ou mundialização) é, pois, um processo complexo que tem várias facetas, embora a econômica prepondere.”

“O processo de integração mundial que se intensifica nas últimas décadas se baseia na liberação econômica. Com o abandono gradativo de barreiras tarifárias que protegem sua produção da concorrência estrangeira, os Estados se abrem ao fluxo internacional de bens, serviços e capitais. A recente revolução nas tecnologias da informação contribui de forma decisiva para essa abertura, permitindo uma integração sem precedentes no planeta. Além de concorrer com uma crescente homogeneização cultural, a evolução e a popularização das tecnologias de informação são fundamentais para agilizar o comércio, o fluxo de investimento e a atuação das empresas transnacionais.”

“Nem todos se beneficiam com os fluxos da globalização. Muitos vivem ao lado de aeroportos internacionais, um dos nós da rede de fluxos de pessoas e mercadorias, mas dificilmente entrarão em um avião. Outros passam todos os dias em frente a grandes hotéis – outro nó do fluxo de pessoas -, mas não têm dinheiro para se hospedar neles. Há aqueles ainda que nunca poderão investir em ações, participando do fluxo financeiro mundial. As grandes cidades oferecem uma infinidade de bens e serviços, aos quais boa parte da população não tem acesso.

O fator de limitação é o desigual acesso à renda. Nem todas as pessoas têm recursos suficientes para adquirir bens e serviços cada vez mais disseminados no mundo globalizado. No capitalismo, os investimentos são concentrados em certos lugares e voltados para setores nos quais o retorno é maior. Assim, as regiões e as populações mais pobres tendem a ser marginalizadas – se não se realizarem investimentos para garantir o desenvolvimento de todos os lugares.”

Alguns autores desenvolveram o tema dos “Principais Fluxos da Globalização”, apontando-os: O Fluxo de Capitais Produtivos (investimentos estrangeiros ou externos); O Fluxo de Capitais Especulativos (busca do lucro financeiro imediato),

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estes “quase não geram empregos e tendem a tornar vulneráveis as economias dos países, especialmente dos emergentes. Na maioria das vezes, os operadores das empresas financeiras retiram o dinheiro dos países no momento em que eles mais precisam de capital. Isto aconteceu na crise asiática, em outubro de 1997 e na brasileira, no início de 1999”; Os Fluxos de Mercadorias (“responsável pela crescente mundialização do consumo”); Os Fluxos de Informações (Internet; Redes de Televisão, com a CNN; Redes de Rádio (BBC); Os Fluxos de Pessoas. Na mesma linha, os autores apontam as chamadas Cidades Globais, para além das Megacidades. Tal situação, como visto, desuniforme e injusta, não foi aceita genericamente. Aconteceram movimentos de resistência que, ao invés de trazer a convergência dos povos, apontou para um distanciamento, um litígio, um conflito. Como exemplo dos movimentos contra a imposição de regras, padrões de consumo, padrões culturais, em suma, o denominado movimento antiglobalização, pode-se apontar os Movimentos Radicais Islâmicos, cujos ramos desembocaram no TERRORISMO; também os movimentos nacionalistas; de forma organizada, podemos citar o Fórum Social Mundial (o primeiro, em 2001, em Porto Alegre, Brasil).

1) Formas de Integração

ZONA DE LIVRE COMÉRCIO

Caracteriza-se pela redução ou eliminação das taxas aduaneiras ou restrições ao intercâmbio.

“Criação de uma zona em que as mercadorias provenientes dos países membros podem circular livremente. As tarifas alfandegárias são progressivamente reduzidas e, afinal, eliminadas. Há flexibilidade nos padrões de produção, controle sanitário e de fronteiras. Alianças como a ASEAN - Associação das Nações do Sudeste Asiático, e o NAFTA - Acordo de Livre Comércio da América do Norte, estão nesse estágio de integração.”

UNIÃO ADUANEIRA

Zona de Livre Comércio + Taxa Externa Comum (TEC).

“Além da zona de livre comércio, essa etapa envolve a negociação de tarifas alfandegárias comuns para o comércio realizado com outros países. O Mercosul se encontra nesse estágio do processo.”

Ex.: Pacto Andino (1969: Bolívia, Colômbia, Equador, Perú e Venezuela)

MERCADO COMUM

“É a situação de efetiva integração econômica. Engloba as duas fases anteriores e acrescenta a livre circulação de pessoas, serviços e capitais”

União Aduaneira + Livre circulação de bens, serviços, pessoas e capitais.

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Ex.: COMUNIDADE EUROPÉIA, até 1992. MERCOSUL/1991.

No Mercado Comum deve ocorrer a livre circulação de pessoas, ou seja, os trabalhadores de um Estado que faça parte do bloco poderá procurar oportunidades de trabalho nos outros Estados-Membros do bloco, se o trabalhador não encontra emprego na economia do seu país de origem, poderá o mesmo buscar colocação nas economias dos demais Estados.

Já a circulação de serviços, significa a liberalização do comércio de serviços o que implica na eliminação de leis, normas e regulamentações nacionais que discriminam, ou impeçam, o fornecedor estrangeiro de oferecer determinado serviço, e que protejam o fornecedor nacional de determinado serviço.

A livre circulação de capitais é inerente ao mercado comum, pois se o indivíduo pode trabalhar, prestar serviços em qualquer dos Estados Membros, o capital necessário para o exercício dessas atividades também deve ter liberdade para circular.

UNIÃO MONETÁRIA

Mercado comum + Sistema Monetário Comum

“Essa fase pressupõe a existência de um mercado comum em pleno funcionamento. Consiste na coordenação das políticas econômicas dos países membros e na criação de um único banco central para emitir a moeda que será utilizada por todos eles. Na Europa unificada, por exemplo, cabe ao Banco Central Europeu emitir a moeda comum .”

De acordo com Odete Maria de Oliveira (2000, 39):

“Trata-se de um mercado comum onde são introduzidas as harmonizações de determinadas políticas comuns, diferenciadas das políticas puramente comerciais das etapas anteriores: Política Agrícola, Ambiental, Regional, Industrial, Transporte, Comunicação, Competência, Coesão Econômica e Social etc., e, especialmente as políticas macroeconômicas. Para o bom funcionamento de uma união econômica, a harmonização das políticas monetária e fiscais são elementos essenciais.”

UNIÃO TOTAL ou UNIÃO ECON ôMICA E POLÍTICA

“Última etapa da integração, a união política engloba todas as anteriores e envolve também a unificação das políticas de relações internacionais, defesa, segurança interna (terrorismo, narcotráfico) e segurança externa (guerras).

Esta fase implica o livre deslocamento de bens, serviços e fatores de produção, além de completa igualdade de condições para os agentes econômicos, pois o acordo prevê idênticas políticas fiscais, sociais e monetárias, administradas por autoridades supranacionais. As decisões dessas autoridades devem ser acatadas por todos os Estados-Membros.

Além da coordenação e unificação das economias nacionais dos Estados-Membros, há um Parlamento Comum, uma Política Exterior de Defesa e Segurança e de Interior de Justiça também comuns.

Em sua meta de unificação, a União Européia está voltada para a efetivação desta etapa.

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CONFEDERAÇÃO

Abdicação à soberania externa, com a criação de um poder central que representará todos perante as demais nações, sem alienação da soberania interna.

INTEGRAÇÃO FEDERALISTA X FUNCIONALISTA (gradualismo ): o dilema da União Européia.

Há vários setores que podem ser incluídos na Integração:

1) ECONÔMICO: desenvolve-se um processo para eliminar as barreiras alfandegárias entre os Estados-membros (aí ocorre a livre circulação de mercadorias, de pessoas e de capitais). Podem definir uma política econômica comum e única em relação aos outros Estados.

2) POLÍTICO: Uma autoridade transnacional (exemplo: o europeísmo da União Européia). As motivações seriam:

a) Otimizar a capacidade econômica para competir. Menor assimetria em favor dos EUA, líder em produção para exportação.

b) Aumentar o potencial político na balança internacional de poder.

c) Eliminar causas de conflitos.

3) DE SEGURANÇA E DEFESA: OTAN (aliança militar dos países ocidentais para fazer frente ao bloco socialista)

BLOCOS ECONÔMICOS

– intensificação econômica e a flexibilização comercial entre os integrantes -

Ainda dentro do tema “Organizações Internacionais”, há que se destacar a formação dos chamados “Blocos” que, na realidade, não passam da criação de uma Organização Internacional, ora nos moldes tradicionais do Direito Internacional Público pela forma de relação entre os países chamada de coordenação (as soberanias relacionam-se dentro da O.I. como soberanias independentes que se unem e formam um “bloco”, mantendo cada uma a sua personalidade internacional e a O.I. é uma nova personalidade), ora nos moldes que fogem ao direito internacional clássico, que seria a relação entre países e a nova organização denominada supranacionalidade em que os órgãos de direção da O.I. têm mecanismos de se imporem aos Estados formadores, prevalecendo a sua decisão em bloco vencedora sobre a decisão individual vencida (caso típico da União Européia).

Na verdade, a maioria dos Estados tem movido grandes esforços no sentido de organizar o comércio internacional, de modo a incrementá-lo e a evitar riscos desnecessários por parte de seus operadores. Assim, regras têm sido estabelecidas, para padronizar certas atividades, para facilitar o entendimento, para limitar a intervençao estatal ou torná-la previsível.

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1.Definição:

“São associações de países, em geral de uma mesma região geográfica, que estabelecem relações comerciais privilegiadas entre si e atuam de forma conjunta no mercado internacional”

2.Histórico

O primeiro bloco econômico apareceu na Europa, com a criação em 1957 da Comunidade Econômica Européia (embrião da atual União Européia).

A tendência de regionalização da economia só é fortalecida nos anos 90, com o desaparecimento dos dois grandes blocos da Guerra Fria liderados pelos EUA e URSS, estimulando a formação de zonas independentes de livre-comércio, um dos processos da Globalização. Para tanto houve uma aceleração na integração entre os países através da formação de blocos econômicos regionais.

Atualmente, os blocos mais importantes são:

União Européia – U.E.;Acordo de Livre Comércio da América do Norte - NAFTA;Mercado Comum do Sul - MERCOSUL; eCooperação Econômica da Ásia e do Pacífico - APEC.

Em menor grau, estão o PACTO ANDINO (1969, formados pelos países andinos, menos o Chile que se retirou em 1977), CARICOM (Comunidade do Caribe e Mercado Comum), ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático), CEI (Comunidade dos Estados Independentes); SADC (Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento) e COMESA (Mercado Comum dos Países do Leste e Sul da África)

No plano mundial, as relações comerciais são reguladas pela Organização Mundial do Comércio - OMC – que substituiu o GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio).

Destaques:

Um dos aspectos mais importantes na formação dos blocos econômicos é a redução ou a eliminação de alíquotas de importação, com vistas à criação de livre-comércio;

Os blocos aumentam a interdependência das economias dos países membros;

Estes blocos proporcionam redução nas tarifas alfandegárias, facilitam a circulação de mercadorias e pessoas, além de fomentar o desenvolvimento de infra-estrutura nos países participantes. Porém, o ideal é que estes blocos funcionem de tal forma que todos os países ganhem com este processo.

Os Principais Blocos:

MERCOSUL – Mercado Comum do Sul: Criado pelo Tratado de Assunção, em 26 de março de 1991, na cidade de Assunção, Paraguai. É composto pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

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O Tratado de Assunção prevê três etapas para a consecução do tratado:

1. zona de livre comércio;2. evolui para uma união aduaneira; e3. finalizará como mercado comum.

Sendo as duas primeiras etapas provisórias e a última uma etapa definitiva. A fase atual é a da União Aduaneira (Protocolo de Ouro Preto), pois que esta tem como características além da livre circulação de mercadorias uma tarifa aduaneira comum, elimanando os complexos problemas de definição das regras de origem. Essa fase teve início com a implantação da decisão 7/94, da Tarifa Externa Comum – TEC. Desde a sua criação até hoje, o MERCOSUL promoveu um crescimento consideravel no comércio entre os países-membros, sendo o mais importante mercado comum da América Latina e provavelmente de todo o sul do planeta.

A Bolívia e o Chile, são membros associados, assinando o tratado para a forma de zona de livre comércio, mas não entraram na união aduaneira.Ó rgãos do MERCOSUL: têm funções normativas, operacionais, de coordenação e de solução de controvérsias. Durante a Primeira fase, foram criados os seguintes órgãos:

CONSELHO DE MERCADO COMUM – órgão superior do Mercosul correspondendo-lhe a condução política do mesmo e tomada de decisões para o cumprimento dos objetivos e prazos estabelecidos na constituição definitiva do Mercosul; atividades de controle e administrativa; composto pelos ministros de relações exteriores e da economia; manifesta-se por meio de deliberações e tem função normativa decisória sendo sua hierarquia superior ao GMC e CCM;

GRUPO DE MERCADO COMUM – GMC – órgão executivo, de funcionamento contínuo, subordina-se ao CMC, sua natureza é intergovernamental; composto por oito representantes, sendo que estas devem estar representando todos os Estados-membros; suas funções são velar pelo cumprimento do Tratado, tomar providências necessárias ao cumprimento das decisões do Conselho, propor medidas de implementação do programa de liberação comercial, coordenação de políticas nacroeconômicas e negociação de acordos frente a terceiros;

A partir da Segunda fase, com a assinatura do Protocolo de Ouro Preto, num ambiente de União Aduaneira, tivemos a criação de mais quatro órgãos intergovernamentais, que são:

COMISSÃO DE COMÉRCIO DO MERCOSUL - CCM – que tem a função de administrar os instrumentos de política comercial comum do Mercosul, principalmente, a Tarifa Externa Comum – TEC; como também o regime de origem e os regulamentos contra práticas desleais de comércio;

COMISSÃO PARLAMENTAR CONJUNTA - CPC – composta por Parlamentares dos quatro países, que buscará acelerar os procedimentos necessários, no âmbito do Legislativo, à implementação dos acordos e normas emanados dos órgãos decisórios, e contribuirá para o processo de harmonização das legislações;

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FORO CONSULTIVO ECONÔMICO-SOCIAL - FCES – órgão de natureza consultiva, composto por representantes do setor empresarial, trabalhista e outras entidades da sociedade civil, que formulará recomendações ao Grupo Mercado Comum;

SECRETARIA ADMINISTRATIVA DO MERCOSUL - SAM – desempenhará funções de apoio ao processo negociador.

NAFTA - North American Free Trading Agreement ou Acordo de Livre Comércio da América do Norte: Organização Internacional de Coordenação. Fazem parte do bloco os Estados Unidas, o Canadá e o México, assinado pelos três países em 1993. Representa uma expressão da denominada Doutrina Monroe (1823): A América para os Americanos. A tendência é caminhar para o estabelecimento de uma Área de Livre Comércio em toda a América, a ALCA.

Objetivo principal: eliminação das barreiras alfandegárias entre os membros.Alguns analistas dizem que seu mais importante resultado foi a ajuda financeira prestada pelo EUA ao México durante a crise cambial de 1994, que teve grande repercussão na economia global. Contudo, outros ressaltam graves conseqüências que o NAFTA causou para o México: exploração de mão-de-obra barata, privatizações, irregularidades nos setores públicos, concentração de renda e empobrecimento da população.

ALCA - Área de Livre Comércio para as Américas: O embrião da formação da ALCA foi lançado em 1990, pelo então presidente norte-americano George Bush, denominado de Iniciativa para as Américas. Este projeto foi retomado em 1994, por Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos, na conhecida Cúpula das Américas, quando os Chefes de Estado e de Governo de 34 países das Américas do Sul, Central, do Norte e Caribe, exceto Cuba, acordaram a necessidade de iniciar um processo de negociação para integração econômica e lançaram oficialmente o processo de negociação da ALCA, que seria criado até o ano de 2005.Foram realizadas diversas reuniões de negociação, contudo, o acordo ainda não foi concluido.

Objetivos e Princípios norteadores negociados ao longo de todas as reuniões:

Objetivos:

a) a liberalização do comércio a fim de gerar crescimento econômico e prosperidade, contribuindo para a expansão do comércio mundial;b) gerar níveis crescentes de comércio de mercadorias, bens e serviços, e de investimento, mediante a liberalização dos mercados, por meio de regras justas, claras, coerentes, estáveis, previsíveis e que não tenham efeito contraproducente ao livre comércio;c) melhorar a concorrência e as condições de acesso ao mercado de bens e serviços entre as partes, incluindo a área de compras do setor público;

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d) eliminar obstáculos, restrições e/ou distorções desnecessárias ao livre comércio entre as partes, [inclusive práticas de comércio desleal, medidas pára-tarifárias, restrições injustificadas, subsídios e apoio interno ao comércio de bens e serviços];e) eliminar as barreiras ao movimento de capitais e pessoas de negócios entre as partes;f) propiciar o desenvolvimento de uma infraestrutura hemisférica que facilite a circulação de bens, serviços e investimentos;g) estabelecer mecanismos que garantam um maior acesso à tecnologia, mediante a cooperação econômica e a assistênca técnica.

Princípios:

a) as regras acordadas deverão ser claras, transparentes e estáveis, para evitar a possibilidade de que qualquer parte possa aplicar medidas unilaterais, arbitrárias e/ou discricionárias, em detrimento de uma ou várias das demais partes;b) a transparência nas ações das partes e dos órgãos estabelecidos no Acordo a ser firmado;c) a congruência dos direitos e obrigações que emanem do Acordo entre as partes, com as regras e disciplinas da Organização Mundial do Comércio (OMC);d) a coexistência deste Acordo com acordos bilaterais e sub-regionais, na medida em que os direitos e obrigações decorrentes desses acordos tenham maior alcance que os deste Acordo;e) o tratamento especial e diferenciado, considerando as amplas diferenças nos níveis de desenvolvimento e tamanho das economias das partes, para promover a plena participação das partes;f) a adoção de decisões por consenso;g) a igualdade soberana das partes;h) a boa-fé no cumprimento dos compromissos assumidos pelas partes no marco do Acordo.

Nas conclusões dos Professores Sergio Henrique Leal de Souza e Cecília Rodrigues Frutuoso Hildebrand, as ofertas iniciais feitas pelos EUA são totalmente prejudiciais aos países do MERCOSUL, pelo fato de terem dividido as Américas em 03 partes, e cabendo ao MERCOSUL a proposta mais superficial em termos de abertura. Mas o que devemos ter em mente, nós brasileiros, é a real necessidade de negociarmos, estarmos presentes nestas negociações para demarcarmos os nossos interesses, e não devemos simplesmente deixar as mesas de negociações.

Haverão setores que serão ameaçados e outros beneficiados. Neste processo de negociação deve prevalecer o interesse maior do País como um todo, e não o interesse individual de setores que ganharão ou que perderão com a formação do bloco econômico.

Muito se fala que os EUA é o país de menores tarifas para importação de produtos, porém quando se trata de produtos oriundos do Brasil a realidade é outra.

Em estudo elaborado pela Embaixada brasileira em Washington, conduzido pelo Embaixador Rubens Barbosa, ficou constatado que a tarifa média americana é de 4%, e a nossa de 13%. Porém, quando analisados somente os 15 principais produtos que o Brasil mais exposta para os EUA, a tarifa média americana é de 36%, e nos 15 produtos que o Brasil mais importa dos EUA a tarifa média é de 14%. O açúcar de

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cana é taxado em 236%, quando excede a sua cota, o fumo em 350%, os chinelos chegam a ter tarifas de 55% a 78,6%, suco de laranja 44,7%.

Entendo que o Brasil deva negociar e prepararse para a ALCA, iniciando a lição de casa para reduzir o chamado “Custo Brasil” (juros altos, carga tributária elevada, custos logísticos) pois tanto a ALCA, como os outros acordos em andamento (OMC e União Européia), tratam-se de empreendimentos difíceis e de grandes riscos para toda a sociedade brasileira.

Dentre os setores ameaçados, usualmente citam se os seguintes: alta tecnologia, como, informática, telecomunicações, química fina, fibras óticas, aeronáutica de grande porte. Em estudo divulgado pela ALADI (Associação Latino-Americana de Integração), esta informa que os setores mais ameaçados são: Máquinas e equipamentos; Tratores; Veículos de Passeio, Autopeças; Papel e Celulose; Plásticos; Químicos e Eletroeletrônicos. Todos setores de produtos de maior valor agregado.

Entre os setores beneficiados estariam: Têxtil; Carne; Aço; Calçados; Vestuário; Couro; Alimentos Processados (Suco de Laranja); Café; Frutas; Açúcar e Álcool. Estes setores serão beneficiados com a extinção de medidas protecionistas impostas pelos Estados Unidos, tais como: salvaguardas, cotas, medidas antidumping, medidas sanitárias e fitossanitárias.

Na negociação boa há um equilíbrio entre os participantes, e negociação boa não é aquela em que um ganha e o outro perde. Durante as negociações para a ALCA deve-se buscar a atenuação, e não o agravamento, das disparidades na região.

Para concluir, segue transcrição do Embaixador Luiz Felipe Lampreia (2004,101):

“Creio que devemos perseguir a fundo a defesa de nossos interesses para então depois, mais adiante, quando estiver a arquitetura da ALCA melhor desenhada, verificarmos se há ou não interesse do Brasil em participar dela. Mas acredito que qualquer idéia de que nós possamos nos separar da negociação, sair desse processo nesse momento, seria uma idéia muito perigosa e muito negativa para nós, que criaria condições talvez mais difíceis de que antes estarmos dentro dela conforme os resultados.”

COMUNIDADE SUL-AMERICANA DE NAÇÕES: A primeira reunião de Chefes de Estado da Comunidade Sul-Americana de Nações foi realizada em Brasília em 01 de outubro de 2005. Os países integrantes, por ordem alfabética: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana , Paraguai, Peru, Surinama, Uruguai e Venezuela. O Panamá e o México participam como ouvintes/observadores. Sua agenda prioritária inclui: diálogo político; integração física; cooperação na preservação do meio ambiente; integração energética; financimaneto; promoção da coesão social; telecomunicações.

A UNIÃO DE NAÇÕES SUL-AMERICANAS conhecida também por UNASUL, que tempos atrás era chamada de Comunidade Sul-Americana de Nações, corresponde a uma integração econômica que visa a criação de uma extensa área de livre comércio.

Essa tem como objetivo integrar dois blocos econômicos, MERCOSUL e a Comunidade Andina de Nações com características semelhantes a empregada na União Européia, sua nomeação foi constituída a partir da declaração de Cuzco no Peru, realizada no ano de 2006.

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Atualmente são realizadas reuniões semestrais dos ministros de relações exteriores de cada país para discutir projetos e ações.

Visa, ainda, construir uma cidadania sul-americana e, embora seja algo bem mais difícil, existe a intenção de criação de uma moeda única para circular entre os países- membros (a ser implantada pelo Banco do Sul), passaporte e um parlamento comum entre os mesmos.

Outra intenção do grupo é de instaurar um mercado comum com livre circulação de mercadorias, livre circulação de pessoas, nesse sentido qualquer pessoa pode ficar em qualquer país integrante por um período de 90 dias, somente com a apresentação do documento de identificação de seu respectivo país de origem. Em 2006, países como Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela deixaram de exigir visto de turismo por parte das nações integrantes.

Essa integração regional é viável partindo do pressuposto que oferecerá condições de instaurar um mercado sólido, tornando os interessantes mais homogêneos economicamente, o que facilitaria a possibilidade de alcançar importantes parceiros, como a União Européia e Ásia Oriental e principalmente para impedir a implantação da Alca.

UNIÃO EUROPÉIA – U.E. – (relação supra-nacional) : Nascida nos anos cinquenta com o Mercado Comum Europeu, também conhecida como C.E.E. Essa associação foi pioneira e forneceu o exemplo a ser seguido pelo resto do mundo. Vários países do globo procuraram criar outros mercados regionais, outros exemplos de integração econômica internacional. Os países que a compõem atualmente são: Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Espanha, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Portugal, Grécia, Dinamarca, Suécia, Áustria, Finlândia e Irlanda do Norte. Está previsto um alargamento a leste, quando outros países europeus ocidentais e orientais deverão fazer parte da mesma. Com tal unificação, as empresas passaram a dispor de um mercado muito mais amplo que a sua nação de origem.Na verdade, além de um bloco econômico, a União Européia caminha para uma sonhada unificação política e adotou um sistema de relações que superam o direito internacional geral ou comum, pois as decisões da U.E. podem sobrepor-se e impor-se sobre a posição contrária de um país membro o que se denomina de O.I. supranacional.

Conforme esclarece Odete Maria de Oliveira (2000, p. 39-40):“Dentro do processo de integração econômica, a União Européia caracteriza a comunidade econômica regional mais evoluída e complexa ao lato de toas as outras organizações. Presentemente, encontra-se galgando a etapa de união econômica e monetária para, finalmente, atingir a fase de união total, o que configurará o último patamar dos modelos da integração econômica. A Comunidade Européia foi vencendo gradativamente o modelo tradicional apresentado pelo processo da integração: zona de livre comércio, união aduaneira e mercado comum. A partir do Tratado do Ato Único Europeu (1986) e posteriormente, pelo Tratado de Maastricht (1992), a integração da comunidade definiu seu objetivo em direção da união total, por etapas: mercado único, união econômica e monetária e união política, consolidando a primeira dessas fases, de mercado único, em 1993, através da harmonização das políticas econômicas, com precisão de atingir o estágio de união

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econômica e monetária em 1999 e, posteriormente, concretizar a etapa final de união política, a União dos Estados Unidos da Europa, possivelmente mediante a forma de federação ou de federação e de acordos intergovernamentais, sua atual caracterização.”

APEC - Associação de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico: São quinze membros fundadores da APEC: Japão, Estados Unidos, China, Canadá, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Cingapura, Brunei, Malásia, Indonésia, Filipinas, Austrália, Nova Zelândia e Coréia do Sul. Também o México e o Chile foram aceitos, mas na condição de futuros membros. Ainda cita-se o Perú, Federação Russa e Vietnã. Visa a implantação de uma zona de livre comércio até 2020. Abertura de mercado entre 20 países. É uma O.I. cuja relação é de coordenação.A Apec se trata de um bloco econômico regional que visa implantar uma livre circulação de mercadorias, capitais e serviços entre os componentes, além disso, visa se fortalecer diante do mercado internacional e, principalmente, poder concorrer com a União Européia.Entre os aspectos positivos encontramos o desenvolvimento das economias dos seus membros que expandiram seus mercados, sendo que, atualmente, além de produzirem sua mercadoria, correspondem a 46% das exportações mundiais, além da aproximação entre a economia norte americana e os paises do Pacífico e o crecimento da Austrália como exportadora de matérias primas para outros países membros do bloco.

C.E.I. - Comunidade dos Estados Independentes: Constituída pelos países originários da ex-União Sociética (com exceção das três nações bálticas), cujos membros totalizam doze Estados: Rússia, Ucrânia, Armênia, Geórgia, Casaquistação, Moldávia, Bielo-Rússia e outros. Criada em 1991. É uma O.I. de coordenação.

Esses países tentam reconstruir suas economias e criar um mercado comum inspirado no exemplo da Europa, pois a interdependência que possuem é muito grande (estradas, oleodutos em comum, indústrias que utilizam matérias-primas de países vizinhos, décadas de comércio prioritário entre si, etc.). Prevê a centralização das forças armadas e uma moeda comum: o rublo.

Tigres Asiáticos - A expressão Tigres Asiáticos é usada para se referir ao bloco econômico formado por Hong Kong, Cingapura, Coréia do Sul e Taiwan. A denominação de “tigre” é dada em referência à agressividade destas economias, que na década de 60 eram relativamente pobres e possuíam certos indicadores sociais semelhantes aos de países africanos. A partir da década de 80, o perfil econômico dos Tigres Asiáticos começou a mudar significativamente; desta forma, passaram a apresentar grandes taxas de crescimento e uma rápida industrialização.

Nesse período, adotaram uma série de medidas que foram responsáveis por proporcionar esse desenvolvimento econômico. Em síntese, podemos dizer que as mesmas tiveram como foco, o mercado externo. Os Tigres Asiáticos passaram a produzir toda espécie de produtos para as nações desenvolvidas, assumindo um caráter totalmente exportador. Além disso, em virtude da sua grande oferta de mão-de-obra barata, aliada ao fator da preocupação das potências mundiais em relação à bipolaridade no contexto da Guerra Fria, atraíram uma enorme quantidade de investimentos externos.

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Os Tigres Asiáticos apresentaram notório crescimento em virtude da realização de uma eficiente reforma agrária, a qual foi capaz de promover o direito de propriedade e a igualdade entre os trabalhadores rurais, além de oferecer subsídios à agricultura. Para corresponder aos interesses dos investidores externos, procuraram investir pesado em seus sistemas educacionais, uma vez que era necessário qualificar sua mão-de-obra. Outro elemento que reflete bem as suas posturas exclusivamente exportadoras é a inibição do consumo interno por meio de altas tarifas governamentais.

As críticas em relação à esses modelos se concentram justamente no caráter exportador adotado, uma vez que isso faz com que tais economias se tornem extremamente dependentes da saúde econômica dos países compradores dos produtos exportados.

NOTA: "Os acordos parciais de complementação econômica são os mais numerosos e visam promover o máximo aproveitamento dos fatores de produção, estimular a complementação econômica, assegurar condições equitativas de concorrência, facilitar o acesso dos produtos ao mercado internacional e impulsionar o desenvolvimento equilibrado e harmônico dos Países Membros. Esses acordos são celebrados em grande quantidade e são promulgados pelo Presidente da República sem a aprovação específica do Congresso Nacional para cada um deles. Entende-se que são simples atos implementadores do Tratado de Montevidéu de 1980. Trata-se, na verdade, de consignação de preferências aduaneiras em protocolos que ficam depositados na Secretaria-Geral da ALADI e que são incorporados ao direito interno dos Estados fimatários. Também o Tratado de Assunção de 1991, que constituiu o MERCOSUL, prescreveu que, durante o período de transição poderão ser adotados acordos setoriais, com o fim de otimizar a utilização e mobilidade dos fatores de produção e alcançar escalas operativas eficientes. Os acordos setoriais são incorporados aos acordos parciais de complementação econômica da ALADI. Assim, se o Tratado de Assunção, é um tratado quadro os acordos setoriais são normas de implementação deste tratado"

OUTROS SUJEITOS

A seguir estão citados alguns sujeitos de Direito Internacional Privado, cujo relacionamento com os sujeitos de Direito Internacional Público, até agora estudados, é de relevante importância para o desenvolvimento do Direito Internacional Geral.

AS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS INTERNACIONAIS (O.N.G.I.)

Designam-se organizações não governamentais por não implicarem uma atividade oficial de colaboração governamental.

Tais organizações não terem fins lucrativos.

Segundo o art. 71 da Carta da ONU: o Conselho Econômico e Social - C.E.S. pode tomar todas as disposições úteis para consultar as Organizações Não Governamentais que se ocupem de questões relacionadas com a sua competência.

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As Organizações, nestas condições, podem enviar observadores às reuniões públicas do Conselho e das comissões. Essa política generalizou-se a outras Organizações Internacionais.

Abaixo estão relacionadas algumas ONGI's (relação meramente exemplificativa):

1) Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra os Animais (Society for the Prevention of Cruelty to Animals) - 1824. Ainda Existente no Reino Unido.

2) Sierra Club nos Estados Unidos da América (1829) sob o impulso do naturalista John Muir. “Ao longo de uma centena de anos, essa associação lançou as bases que viriam a ser adotadas em todo mundo pelas ONG.”

3) Royal Society for the Protection of Bids (1889)

4) Royal Society for the Promotion of Nature Reservas (1912)

5) União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) - 1948. Tem como membro mais de 50 Estados, 100 agências e 400 ONG. É atribuída a IUCN, juntamente com o WWF, a cunhagem do termo “desenvolvimento sustentável”.

6) O World Wide Fund For Nature – W.W.F. - “ hoje a maior organização mundial de proteção do ambiente”.

7) Nos EUA E CANADÁ foram criados em 1970/71 os Friends of the Earth (Amigos da Terra e o GREENPEACE.

O GREENPEACE INTERNACIONAL talvez a entidade de ação com repercussão mais conhecida, possui mais de trinta escritórios. Atribui-se ao Greenpeace, os seguintes resultados de sua ação agressiva em defesa do meio ambiente:

a) Suspensão do alijamento de produtos tóxicos no Mar do Norte pela Bayer.

b) Não afundamento da plataforma petrolífera Brent Spar, no Atlântico Norte, pela Companhia Shell;

c) Denúncia e posterior decisão da Comissão Baleeira Internacional da suspensão, ao nível mundial, da caça à baleia.

Entre outros.

AS TRANSNACIONAIS OU MULTINACIONAIS

Definição: “As empresas formadas por um centro de decisão num Estado e centro de atividade, dotado ou não de personalidade jurídica própria, situado num ou vários outros Estados, deverão ser consideradas como sociedades transnacionais.”

São pessoas de direito privado, que têm fim lucrativo e é inegável sua presença na cena internacional, especialmente, com o crescimento da liberalização do comércio entre nações - crescente internacionalização da economia – globalização.

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A seguir - OUTROS TEMAS RELEVANTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO:

TRIBUNAL CRIMINAL INTERNACIONAL PERMANENTE ouTRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

Antecedentes:

1) O PRIMEIRO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

Em 1474 em Breisach, Alemanha, 27 juízes do Sacro Império Romano-Germânico, julgaram e condenaram Peter von Haggenbach por violação das “Leis Divinas e Humanas” por autorizar que suas tropas estuprassem, matassem civis inocentes e pilhassem propriedades (in Aragão, Selma Regina, citando Japiassú, p. 69)

2) O SEGUNDO TRIBUNAL: RELATIVO À I GUERRA MUNDIAL : a) O Tratado de Versalhes estabeleceu que o Kaiser Guilherme II havia violado as leis da guerra e que, por tal violação, deveria ser preso e processado criminalmente; b) Autorizou o Supremo Tribunal Alemão a promover o julgamento. “Os 20.000 (vinte mil) acusados, foram reduzidos para 895, porém, o procurador-geral Alemão concluiu ser impossível julgar um número tão grande de réus, e o número foi reduzido para 45. Destes 45, somente 21 foram julgados. Destes 21, 13 foram condenados a pena máxima de 3 anos” (Aragão, Selma Regina, p.69); c) A impunidade repetiu-se em relação aos turcos. Os militares turcos foram responsáveis pelo massacre de 600.000 (seiscentos mil) Armênios, segundo a comissão que investigou as violações das leis e costumes da guerra. Não foram julgados e no Tratado de Lausanne/1927, os militares turcos foram anistiados (razões de conveniência político-estratégicas: os turcos eram necessários para impedir a passagem de navios soviéticos para o Mar Mediterrâneo).

O TRIBUNAL DE NUREMBERG (E O TRIBUNAL DE TÓQUIO)

a) Funcionamento: 20 de novembro de 1945 a 30 de setembro de 1946.

b) Local: cidade alemã de Nuremberg (“cidade das 100 torres”). Foi a “Capital espiritual do nazismo”. Em 1935 Hitler promulgou ali as leis contra os judeus. Ali Hitler também previu que o seu reich duraria mil anos.

c) Delitos colocados em julgamento:

1) Plano Comum ou Conspiração (Conspiracy, direito anglo-americano). Equivale à formação de quadrilha ou bando no direito brasileiro.

2) Crimes contra a Paz. Refere-se à direção, preparação e ao desenvolvimento de uma guerra de agressão, bem como ao seu prosseguimento (previsto no Pacto Briand-Kellog firmado em Paris, 1928, mas sem cominação de sanção).

3) Crimes de Guerra: Violação às leis e costumes da guerra.

4) Crimes contra a Humanidade: referiam-se ao homicídio; extermínio; redução à escravidão; deportação ou qualquer outro ato desumano ou cruel cometido contra populações civis, antes ou durante a guerra, ou então perseguições por motivos políticos, raciais ou religiososo, quando esses atos tenham sido cometidos em consequência de qualquer crime que entrasse na competência do Tribunal ou tivesse conexão com esse crime.

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Esses crimes, até então, não eram reconhecidos pela Comunidade Internacional. São a grande inovação do Tribunal de NUREMBERG.

d) Características:

Foi implacável na imposição da pena de morte.

e) Réus: M.Keitel, Comandante Supremo das Forças Armadas Alemãs; Franz von Papen, ex-Chanceler; Herman Goering: Marechal do Reich; Rudolf Hess, seguidos de Hitler. Joachim von Ribbentrop, ministro das Relações Exteriores; Ernst Kaltebunnner, Chefe da polícia e da Gestapo. Alfred Rosenberg, ideólogo do nazismo; Hans Frank, o carrasco da Polônia. Wilhelm Frick, ministro do Interior e “protetor” da Boêmia e da Morávia. Julius Streicher, editor da revista Der Sturmer, que pregava o extermínio total da raça judia. Walter Funk, ministro das Finanças. Hjalmar Schacht, economista. Karl Doenitz, almirante, Comandante da Marinha, que assinou a rendição alemã. Erich Raeder, Almirante, Ministro da Marinha até 1943. Hans Fritszche, ministro da Propaganda. Baldur von Schirach, ex-chefe da juventude hitlerista; Fritz Saukel, organizar do trabalho escravo. Alfred Jodl, Chefe do Exército alemão. Arthur Seyss-Inquart, Chefe do território ocupado da Holanda. Albert Speer, ministro da Produção e do Armamento; barão Constantin von Neurath.

f) Condenações: Sentença de morte para 11 réus (“Tod durch den strang”: morte pela forca); 20 anos; 15 anos (von Neurath); 10 anos (Almirante Doenitz). Absolvidos: von Papen, Schacht e Fitzsche. Goering: suicidou-se com cianureto.

Os mortos foram cremados nos fornos cremátios de Dachau, utilizados para o extermínio de milhões de judeus. As cinzas jogadas no rio Isaar, que atravessa a cidade de Munique.

g) CONTROVÉRSIAS:

- Uso da pena de morte;

- “nulla poena sine lege” (não há pena sem lei)

- Composição injusta do Tribunal (deveria ser formado por representantes das nações neutras e não por representantes das potências vencedoras.

- Após a ação dos Tribunais de Nuremberg e Tóquio, surgiram objeções a um Tribunal Penal Internacional fundado na idéia de soberania.

5) Os aliados também execederam:

a) O bombardeio anglo-americano da cidade de Dresden, onde não havia nenhum aparato militar. Foram lançadas 9.900 bombas explosivas e 670 mil bombas incendiárias. Mais da metade da cidade foi destruída (patrimônio cultural da humanidade). 250 mil pessoas morreram (“foi o maior massacre na história da Europa). O rumo da guerra já estava decidido.

b) Bomba Atômica sobre Hirosshima, em 5 de agosto de 1945. Bombardeiro B-59 “Enola Gay” lançou a bomba apelidada de “little boy”. 130 mil pessoas morreram imediatamente. A guerra já estava decidida.

c) Bomba Atômica sobre Nagasaqui, 9 de agosto de 1945. 75 mil mortos. Declaração de um General Americano: “o emprego dessa arma bárbara, tanto em Hiroshima

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como em Nagasaqui, não nos trouxe qualquer utilidade contra o Japão. Os japoneses já estavam derrotados, dispostos a capitular como consequência do bloqueio de bombardeiros clássicos.”

O TRIBUNAL DE TÓQUIO

Julgou os criminosos de guerra japoneses, tomando como base o Tribunal de Nuremberg. Ambos os Tribunais foram aprovados, além das 4 potências vencedoras (EUA, União Soviética, França e Inglaterra) por outros 19 Estados.

CONVENÇÃO CONTRA O GENOCÍDIO

Assinada após a 2ª Guerra. Já previa a criação de uma Corte Criminal Permanente. A convenção foi adotada com facilidade, mas a Corte não foi implementada.

A A.G. criou uma Comissão para estudar a viabilidade da criação de uma jurisdição criminal internacional e a Codificação dos crimes contra a paz e a segurança da humanidade. Assim como a criação de uma Câmara Criminal na Corte Internacional de Justiça. Em 1951 ficou pronto o projeto de Estatuto para uma Corte Criminal Internacional, que foi modificado em 1953 e assim permaneceu até recentemente.

Em 1989 e 1990 a A.G. requisitou à Comissão de Direito Internacional – C.D.I., que prestasse informação sobre a criação de um Tribunal Penal Internacional para julgar pessoas envolvidas com o Tráfico Internacional de Drogas. Nada aconteceu.

Em 1992, o Conselho de Segurança – C.S., pela Resolução 780, pediu ao Secretário-Geral, Bouthros Ghali, que constituísse uma Comissão de especialistas para apurar os acontecimentos dramáticos na Iugoslávia.

Na Resolução 808/93, após receber o relatório da Comissão, criou-se provisoriamente um Tribunal Internacional referente a IUGOSLÁVIA.

Pela Resolução 827/93 foi criado novamente um Tribunal Internacional com o único objetivo de julgar as pessoas presumidamente responsáveis pelas graves violações cometidas no antigo território Iugoslavo entre 1º Janeiro/91 até a data que se celebrasse a paz. Pela mesma resolução, o Estatuto foi aprovado.

Pela Resolução 955 (1994) do C.S., por solicitação do governo de Ruanda, foi criado o Tribunal Penal Internacional Ad Hoc para julgar as pessoas presumidamente responsáveis por atos de genocídios e outras graves violações ao Direito Internacional Humanitário, cometidos no território de RUANDA e por cidadãos ruandenses cometidos em territórios vizinhos.

Pela Resolução 48/31 da Assembléia Geral da ONU, foi solicitado à C.D.I. que acelerasse os estudos do Estatuto e recomendou que fosse convocada uma Conferência.

A Conferência foi realizada em ROMA, de 15 de junho a 17 de julho/1998. Em 17/07/1998 numa Conferência Diplomática das Nações Unidas com representantes de 162 países, foi estabelecido o TRIBUNAL CRIMINAL INTERNACIONAL PERMANENTE (120 votos a favor; 7 contra: EUA, China, Filipinas, Índia, Israel, Síria, Sri Lanka, Turquia; 21 abstenções).

Recursos Financeiros da Corte: a) Contribuição dos Estados signatários; b) Recursos fornecidos pela ONU (sob reserva da aprovação da A.G. nos casos iniciados a pedido

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do C.S.); c) Contribuições voluntárias de Governos, Organizações Internacionais, Indivíduos, empresas ou outras entidades.

Sede: HAIA, HOLANDA.

Função: Julgar crimes de GENOCÍDIO CONTRA A HUMANIDADE, CRIMES DE GUERRA, ASSIM COMO CRIMES DE AGRESSÃO. Atuará apenas quando um país mostrar falta de interesse ou capacidade para levar avante um processo contra o acusado.

Obs.: Os soldados não podem ser responsabilizados quando estiverem cumprindo ordens e não souberem que os comandos de seus superiores são ilegais.

Os crimes previstos são imprescritíveis.

Os Estados signatários do Estatuto estão automaticamente sob jurisdição do Tribunal para casos de GENOCÍDIO E CRIMES CONTRA A HUMANIDADE. CRIMES DE GUERRA: Os países podem ficar fora da jurisdição por 7 anos; O Conselho de Segurança poderá pedir a interrupção dos processos por 1(um) ano, sujeito a renovação do pedido.

Estatuto: 128 artigos. É A PRIMEIRA CORTE PERMANENTE.

Composição: 18 juízes e 1 Promotor Independente, este com poderes de dar início a procedimentos de maneira autônoma, sujeito apenas a uma câmara de pré-julgamento a pedido de um país-membro do Conselho de Segurança.

Outros crimes pretendidos que ficaram de fora: Agressão, Terrorismo, Tráfico Ilícito de Drogas, Crimes contra o pessoal da ONU ou ainda Embargos econômicos. Também a inclusão do uso de Armas Nucleares.

BREVES ANOTAÇÕES SOBRE A QUESTÃO AMBIENTAL INTERNACIONAL

Introdu;cao

Podemos dizer que o Direito Ambiental Internacional surgiu após a ocorrência da Segunda Guerra Mundial, naquela época pôde-se verificar o in'icio:

a) da abertura dos debates em foros diplomáticos internacionais à opinião pública;

b) da valoração das teses científicas relacionadas ao meio ambiente;

c) da democratização das relações internacionais com o efetivo controle da aplicação dos tratados internacionais sob o crivo dos parlamentos nacionais;

d) da iminente possibilidade de catástrofe global por causa da Guerra Fria; e,

e) da ocorrência efetiva de catástrofes ambientais, como derramamento de petróleo no mar e acidentes nucleares.

Tudo isso concomitantemente à conscientização do mundo sobre a necessidade de tutela dos direitos humanos.

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Cabe registrar que os movimentos ecol'ogicos surgidos no s'eculo XIX tinham uma 'unica concep'cao – o PRESERVACIONISMO – a prote;cao irrestrita das 'areas consideradas com atributos ecol'ogicos e est'eticos excepcionais – preserva;cao da vida selvagem amea;cada pela sociedade urbano-industrial – cria;c;ao de parques nacionais nos Estados Unidos e na grande maioria dos pa'ises do Ocidente.

J'a os anos 60 (s'eculo XX) marcaram o in'icio de um novo ecologismo em n'ivel mundial - junto a outras reinvidica;coes sociais e pol'iticas, a quest'ao ambiental criticando o quotidiano das sociedades urbano-industriais do Ocidente, j'a consideradas opulentas e consumistas, baseava-se nas constata'coes das depredac'oes no meio ambiente, tanto em n'iveis regionais quanto globais, buscando soluc'oes para os problemas ambientais, tais como: pr'aticas produtivas menos poluentes e a 'volta ao campo'.

Em 1971, visando garantir a disponibilidade dos recursos naturais, o Primeiro Relatório do Clube de Roma previa os Limites do Crescimento.

Por conseguinte, ante à crescente exigência da opinião pública mundial para com o meio ambiente, em 5 de junho de 1972, consumou-se, pela da ONU, a Conferência de Estocolmo, reconhecida como MARCO no Direito Internacional do Meio Ambiente, tanto pela populariza'cao da problem'atica ambiental quanto pelas atrat[egias propostas e/ou adotadas depois dela pelos agentes envolvidos na quest'ao ambiental. A partir desse evento os temas ambientais passaram a fazer parte das agendas poli'ticas.

'E importante salientar que devido 'as grandes desigualdades econômicas entre os Estados o desenvolvimento de uma pol'itica internacional do meio ambiente sofreu grande interfer^encia dos pa'ises desenvolvidos, pois diversos acordos referiam-se aos problemas transnacionais, geralmente, seguindo os interesses das grandes corporac'oes e estabelecendo, em muitos casos, apenas medidas paleativas e n'ao realmente de controle ambiental – vejamos a s'intese hist'orica:

S'INTESE DA EVOLUÇÃO DOS TRATADOS NO DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL

Relatos da história exibem normas relativas à preservação de florestas, vigentes na Península Ibérica, desde o século XVI, para fins de reflorestamento das madeiras empregadas nas embarcações durante a expansão ultramarina, categorizando dessa forma os primórdios da preocupação ambiental. Não obstante, nem todas normas são necessariamente reveladoras do Direito Internacional do Ambiente, haja vista, v.g., que as convenções sobre pescas, demasiadamente empregadas desde o século XVIII, não necessariamente se destinavam a proteger a fauna marinha, mas sim, com o desiderato de compartilhar o produto da pesca, ainda que houvessem consequências gravosas sobre o recurso natural representado pelas riquezas biológicas constituidoras do oceano.

Verifica-se que a proteção dos elementos isolados do meio ambiente come'cou em decorr^encia do desenvolvimento da sociedade, pois a preocupa;'ao era voltada, por exemplo, as aves úteis à agricultura e os animais valiosos para determinado comércio internacional, para a direção de considerar a interação de todos os elementos componentes do meio ambiente, dessa forma impelindo a humanidade a produzir normas internacionais de forma a regular os fenômenos transfronteiriços. A

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exemplo disso, ao largo de décadas díspares, o Brasil foi um dos Estados signatários de alguns tratados cujos objetos, a princípio, são de certa forma isolados, e que, aos poucos migraram para assuntos mais genéricos e globais. Tratados estes que podemos citar são a Convenção para a Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América, assinado em 1940; a Convenção Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico, assinado em 1966; a Convenção relativa às Zonas Úmidas de Importância Internacional, assinado em 1971; e a Convenção da Basiléia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito, assinado em 1989.

No início do século XX, assistiu-se à primeira convenção internacional multilateral relativa à proteção de algumas espécies selvagens - a Convenção de Paris em 1902, com o escopo de proteger as aves úteis à agricultura. Todavia, seu próprio título indica a perspectiva em que este instrumento foi concebido: tratar-se de aves úteis, especialmente insetívoras (artigo 1.º), enquanto o anexo 2 à Convenção enumera as aves consideradas "nocivas" - aves de rapina como as águias e os falcões, espécies estas hoje protegidas.

A Convenção de Londres em 1933, relativa à conservação da fauna e da flora da África - previu a criação de parques nacionais, com a proteção de algumas espécies da fauna selvagem. Outro instrumento relevante daquele tempo abrange igualmente os territórios fora da Europa. É a Convenção de Washington em 1940 para a proteção da flora, da fauna e das belezas panorâmicas da América, que visava igualmente o estabelecimento de zonas protegidas, bem como a proteção de espécies selvagens como as aves migratórias. Assiste-se igualmente, neste período, à multiplicação das disposições quanto ao resguardo das águas fronteiriças.

Em 1941, interveio a primeira decisão da jurisdição internacional relativa ao ambiente, isto é, a sentença arbitral no caso da Fundição de Trail, que declara um Estado não ter o direito de usar o seu território, ou permitir o seu uso de modo a que emissões gasosas causem prejuízo no território alheio ou nas propriedades das pessoas que nele se encontrem.

Finalmente, verificam-se, nos anos cinqüenta, as primeiras tentativas no sentido de lutar contra a poluição do mar (Convenção de Londres, em 1954, para a Prevenção da Poluição do Mar pelos Hidrocarbonetos). Também, a utilização da energia nuclear leva à criação de uma regulamentação internacional, como as Convenções de Paris em 1960 e de Viena em 1963, sobre a responsabilidade civil em matéria de prejuízo nuclear, e, sobretudo, o Tratado de Moscou em 1963, proibindo os ensaios de armas nucleares, exceto aqueles subterrâneos.

Podemos, no entanto, situar o verdadeiro começo do instituto do Direito Internacional do Meio Ambiente no final dos anos sessenta, quando houve a conscientização generalizada das deteriorações no planeta em conseqüência das atividades humanas.

Em 1968, a Assembléia Geral das Nações Unidas deliberou e resolveu convocar uma conferência mundial sobre o ambiente: a Conferência de Estocolmo de 1972. Neste interregno, importantes convenções surgem em resposta às catástrofes ecológicas, como a maior maré negra da história, devido ao naufrágio do petroleiro "Torrey Canyon" (duas convenções de Bruxelas em 1969, uma sobre a intervenção no mar alto contra navios estrangeiros em caso de acidente de poluição por hidrocarbonetos, e a outra sobre a responsabilidade civil pelos prejuízos devidos à poluição por hidrocarbonetos, depois completada por uma convenção em 1971,

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criando um fundo de indenização pelos prejuízos devidos à poluição por hidrocarbonetos).

A Conferência das Nações, cuja temática foi o Meio Ambiente Humano, reuniu-se em Estocolmo, em 1972, que, findo o encontro, adotou uma Declaração comportando um preâmbulo e vinte e seis princípios configuradores dos fundamentos de toda a ação no domínio do ambiente, tais como: a) o direito fundamental do homem à liberdade, à igualdade, e a condições de vida satisfatórias num ambiente cuja qualidade lhe permita viver na dignidade e no bem-estar; b) o dever de preservação, a fim de se resguardar o interesse das gerações presentes e futuras; c) salvaguarda da capacidade de reconstituição dos recursos renováveis, ao passo que aqueles não-renováveis merecem uma gestão com prudência; d) a prática da proteção do ambiente e os instrumentos da política ambiental: a planificação e a gestão por parte de instituições nacionais, o recurso à ciência e tecnologia, a troca de informações e a cooperação internacional. Particularmente importante, o princípio 21 tornou-se um dos fundamentos do direito internacional do ambiente por pregar serem os Estados soberanos titulares do direito à exploração de seus próprios recursos, desde que tais atividades não prejudiquem o meio ambiente de outro Estado. Por derradeiro, o princípio 26 aduz em sua dicção a preocupação quanto à abolição das armas nucleares e de destruição em massa.

O resultado levado a cabo pela Conferência de Estocolmo foi a criação, através da Assembléia Geral das Nações Unidas, do Programa das Nações Unidas para o Ambiente, com sede estabelecida em Nairóbi, Quênia. Entre suas atividades, cabe salientar a elaboração de relevantes convenções internacionais: a Convenção de Viena sobre a proteção da camada de ozônio (1985), consubstanciado pelo Protocolo de Montreal (1987) que a completa; a Convenção de Basiléia sobre os movimentos transfronteiriços dos resíduos perigosos e sua eliminação (1989); sistemas convencionais para oito mares regionais; a Convenção adotada na Conferência do Rio de Janeiro sobre a diversidade biológica (1992), etc.

Os anos oitenta trouxeram duas novas etapas ao desenvolvimento do direito internacional do ambiente. Primeiro, quedou-se evidente o método preservacionista setorial, isto é, aquele que protege separadamente os diferentes setores do ambiente - mar, águas continentais, atmosfera, vida selvagem - ser insuficiente. Segundo, em virtude do princípio de prevenção, a poluição deve ser obstada na origem, fazendo-se necessário remontar às causas verdadeiras, ou seja, às substâncias que podem deteriorar o ambiente. Assim, a regulamentação da segunda etapa do direito do ambiente procura agir sobre os poluentes e não já sobre os meios onde estes exercem os seus efeitos.

Quanto aos anos noventa, em 1992, com a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92) no Rio de Janeiro, houve a Declaração sobre o Ambiente e o Desenvolvimento de alcance geral, e a Agenda 21, com um volumoso programa de 115 ações concretas a desenvolver. Ela trouxe à baila a assinatura de dois acordos, o Tratado sobre a Biodiversidade, que obriga os signatários à proteção das espécies ameaçadas de extinção, e à cooperação na área de tecnologia genética e biológica, e o Tratado sobre Aquecimento Global, que pretendia reduzir o nível das emissões de gases provocadores do efeito estufa àqueles já registrados em 1990. O aquecimento global, à proporção dos seus efeitos terem engendrado conseqüências nada convenientes, foi ainda objeto tratado e rediscutido em 1997 na Conferência de Kyoto, na qual os 159 representantes foram signatários de um Protocolo definidor dos níveis de emissão de poluentes entre 2008

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e 2012, a serem mitigados em uma média de 5,2% comparativamente àqueles emitidos em 1992.

A Declaração do Rio comporta 27 princípios que consignam parte dos enunciados em Estocolmo, mas também algumas regras de direito consuetudinário erigidas desde 1972, sobretudo no tocante à poluição transfronteiriça. Alguns outros princípios se revestem também de importância do ponto de vista jurídico. Preconizam a participação de todos os cidadãos envolvidos nos processos de tomada de decisão, sem esquecer a informação prévia que requerem; a adoção de medidas legislativas eficazes em matéria de ambiente; a necessidade de elaborar regras nacionais e internacionais relativamente à responsabilidade por dano ecológico e à indenização das vítimas; a proibição da transferência para outros Estados de atividades e substâncias que provoquem uma séria degradação do ambiente; a adoção de medidas de precaução para prevenir danos graves ou irreversíveis; a aplicação do princípio poluidor-pagador; a preparação de estudos de impacto; a notificação imediata e a assistência em casos de urgência e, finalmente, o princípio segundo o qual os Estados têm responsabilidades comuns mas diferenciadas no domínio do ambiente e do desenvolvimento.

Modernamente, a noção de patrimônio comum da humanidade vem sendo consignada sob a afirmação de que determinados bens não poderiam ser apropriados por nenhum Estado ou indivíduo. Quaisquer instabilidades quanto à propriedade dos recursos naturais, que maculem as relações das nações, hão de ser resolvidas com embasamento no princípio de que todos os produtos da biosfera devem servir à humanidade como um todo.

Como exemplo da existência deste princípio em tratados internacionais, cabe citar: a Convenção sobre a Lei do Mar (1982), os Tratados sobre a Antártida (1959), como também os compromissos firmados na ECO 92 (1992). Cumpre assinalar, ademais, a importância de declarações que, ainda que não obrigatórias, podem determinar as grandes linhas mestras da ulterior evolução política-econômica-social, como foi o caso da Declaração de Estocolmo de 1972, da Carta Mundial da Natureza proclamada pela Assembléia Geral das Nações de 1982 e da Declaração da Conferência do Rio de Janeiro de 1992.

PROBLEMAS COMUNS

a) O FENÔMENO DA CHUVA ÁCIDA

Contaminação da atmosfera devido à presença no ar de compostos de enxofre provenientes das indústrias e dos centros urbanos, especialmente dos veículos.

O fenômeno não é novo, foi detectado em Manchester, na Inglaterra, no século passado e o termo foi criado pelo químico Roberto Angus Smith. O que é novo foi sua constatação como um problema internacional. É um tipo de poluição atmosférica de longa distância.

“A chuva, neve ou neblina com alta concentração de ácidos em sua composição, conhecida como chuva ácida, é um dos grandes problemas ambientais do mundo contemporâneo. O óxido de nitrogênio (NO) e os dióxidos de enxofre (SO2), principais componentes da chuva ácida, são liberados com a queima de carvão e óleo, fontes de energia que movem diversas economias no planeta.” “Na Ásia as

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indústrias de região lançaram na atmosfera cerca de 34 milhões de toneladas de dióxido de enxofre ao ano, 40% do que emitem os EUA, até então o maior responsável pela ocorrência do fenômeno. Estes números devem triplicar até 2010, sobretudo na China, Índia, Tailândia e Coréia do Sul, tanto por causa do aumento da produção industrial e da frota de veículos como pelo uso constante do carvão para gerar energia.”

Os efeitos observados vão desde a destruição da vegetação até danos causados em edifícios e monumentos (dissolução do calcário), mas inclui a acidificação de rios e sobretudo lagos, causando a morte de peixes. Em termos econômicos, os efeitos da chuva ácida em florestas, culturas e edifícios do Reino Unido foram estimados em 4.500 milhões de Euros/ano e na Alemanha esse valor supera 7.250 milhões de euros. Poluição transfronteiriça.

b) EFEITO ESTUFA

“Aquecimento da Terra causado pela concentração de gás carbônico na atmosfera, provocado pela queima de combustíveis fósseis. Provoca secas, enchentes, desertificação e subida do nível dos mares.”

Dentre os gases, “os principais são o dióxido de carbono (C02), produzido pela queimada de florestas e pela combustão de produtos como carvão, petróleo e gás natural; o óxido nitroso, gerado pela atividade das bactérias do solo; e o metano, produzido pela decomposição de matérias orgânicas.

“A forma como o efeito estufa se manifestará no futuro ainda é imprevisível. A longo prazo, o superaquecimento do planeta pode causar problemas ambientais como tufões, furacões e enchentes, em consequência do derretimento das geleiras e do aumento da evaporação da água. Deve atingir também a fauna, pois algumas espécies de animais não se adaptam a temperaturas elevadas, além de comprometer ecossistemas, especialmente mangues, mais sensível a alterações do nível domar.”

c) BURACO NA CAMADA DE OZÔNIO

Situada na estratosfera, entre 20-35 km de altitude, a camada de ozônio tem certa de 15 m de espessura. Sua constituição, há 400 milhões de anos, foi crucial para o desenvolvimento da vida na terra. Composta de um gás rarefeito, formado por moléculas de três átomos de oxigênio- o ozônio -, ela impede a passagem de parte da radiação ultravioleta emitida pelo Sol. A agressão à camada de ozônio interfere no equilíbrio ambiental e na saúde humana e animal. Sem sua proteção, diminui a capacidade de fotossíntese nas plantas e aumenta o risco do desenvolvimento de doenças como o câncer de pele. Pode ter efeito mutagênico (alteração do código genético) e teratogênico (aparecimento de deformações), podendo levar até mesmo à morte. Efeitos em desordens oculares.

O impacto do CFC na camada de ozônio começou a ser observado em 1974 pelos químicos Frank Rowland e Mario Molina, ganhadores do Prêmio Nobel de Química de 1995. Eles confirmaram que o CFC reage com o ozônio, reduzindo a incidência desse gás e, conseqüentemente, a espessura da camada. Na época, o CFC usado em propelentes de sprays, embalagens de plástico, chips de computador, solventes para

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a indústria eletrônica e, sobretudo, nos aparelhos de refrigeração, como geladeiras e sistemas de ar condicionado.

d) ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS GLOBAIS

“Os estudos mais importantes sobre o clima envolvem a questão do aquecimento da Terra. O desmatamento e a emissão de gases têm provocado alterações no clima mundial especialmente o aumento da temperatura do planeta. O aquecimento deve causar mudanças no regime normal da seca e chuva em algumas regiões e afetar sobretudo as áreas dos pólos. Na Antártica, o maior reservatório de água doce da Terra, já se observam indícios de crescimento do degelo. O derretimento do gelo poderá elevar o nível dos oceanos.”

e) FATOS IMPACTANTES NA OPINIÃO PÚBLICA

1) PROBLEMA DO MERCÚRIO NA BAÍA DE MINAMATA

“Um dos piores casos de intoxicação relatados, saiu suscintamente numa coluna intitulada “Morte pela Boca”. Conta o artigo que o mercúrio presente em resíduos industriais despejados durante anos na baía de Minamata, no sul do Japão, contaminou o pescado da região. De 1953-1997, 12.500 pessoas haviam sido diagnosticadas com o “mal de Minamata”. É um sistema que degenera o sistema nervoso e é transmitida geneticamente, acarretando deformação nos fetos.”

2) GRANDES ACIDENTES MARÍTIMOS MUNDIAIS

Acidentes com grandes petroleiros: Atlantic Express (1979) derramou 276.000 t petróleo bruto; Amoco Cadiz, 282.000t. Torrey Canyon e Exxon Valdez, 240.000 barris.

3) ACIDENTE COM PESTICIDAS E ACIDENTES NUCLEARES

RESPOSTA DA COMUNIDADE INTERNACIONAL

1) CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE HUMANO (CNUMAH) – ESTOCOLMO – SUÉCIA/ 1972.

PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS:

- CRIAÇÃO DO DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

- O PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE (PNUMA)

- O MOVIMENTO AMBIENTALISTA

- DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO

- A QUALIDADE DO MEIO AMBIENTE COMO UM DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL

2) RELATÓRIO BRUNDTLANT (1991): “O NOSSO FUTURO COMUM”, direito de todos os habitantes, sejam aqueles que vivem nas pa'ises ricos, como nos pobres, desta e das gerações que virão.

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3) CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (CNUMAD) – RIO DE JANEIRO/ BRASIL/ 1992:

- CONSOLIDAÇÃO DA IDÉIA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

- COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

- AGENDA 21

- DECLARAÇÃO DO RIO

TRATADOS INTERNACIONAIS CELEBRADOS PELO BRASIL COM RELAC'AO 'A QUEST'AO AMBIENTAL

Pesquisas revelam que 91% dos atos internacionais celebrados encontram-se devidamente promulgados e incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro. Os outros 9% correspondem a 6 tratados apenas, porém destes, 2 versam sobre direitos do alto mar e 2 versam sobre proibição completa no tocante às armas nucleares.

Portanto, verificamos que, em mat'eria de meio ambiente, in'umeros atos internacionais da maior relev^ancia t^em sido celebrados pelo Brasil tais como:

– Declarac'ao do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento;

– Convenc'ao-Quadro das Nac'oes Unidas sobre Mudanca do Clima (Decreto n. 2652, de 1/7/1998;

– Protocolo de Quioto (Decreto n. 2519, de 16/03/1998;

– Protocolo de Cartagena (Decreto n. 5705, de 16/02/2006;

– entre outros.

Por fim, 'e importante destacar que a legislação ambiental brasileira, passa constantemente por profunda reformulação, suportando grandes pressões internas e externas, decorrentes, especialmente, da perda no patrimônio natural que prejudica a qualidade de vida humana em nosso território. Contudo, a Política Nacional de Meio Ambiente j'a envolve tema abrangente para outro estudo n'ao relacionado ao tema internacional.

No entanto, cumpre ressaltar que as empresas devem respeitar al'em dos tratados internacionais a legisla;'ao interna, para que n'ao tenham suas atividades de importa;'ao e exporta;'ao interrompidas.

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MEDIDAS PROTECIONISTAS

Antes de iniciarmos o pr'oximo tema do nosso estudo, cabe destacar, outro assunto relevante: medidas protecionistas aplicadas por alguns Estados, tais como: salvaguardas, cotas, medidas antidumping, medidas sanitárias e fitossanitárias (com o objetivo de restringir a entrada de produtos de origem animal e vegetal), direitos compensatórios, normas de certificação social (BS 8800 - condições de saúde e segurança oferecidas ao trabalhador, e SA 8000 - voltada aos direitos sociais dos trabalhadores), ambiental (série ISO 14000) e, de qualidade (ISO 9000).

'E importante ressaltar que, as barreiras não tarifárias muitas vezes são o disfarce do protecionismo. Alguns países, principalmente os europeus utilizam-nas como subterfúgio para proteger os seus mercados, vejamos algumas observações sobre o tema:

Barreiras tarifárias: essas barreiras são permitidas dentro dos rigorosos limites estabelecidos nos Acordos Multilaterais da OMC. Ainda assim existe uma tendência, aplicada ao longo de sucessivas Rodadas de Negociação, para a redução das mesmas.

Barreiras não-tarifárias: regra geral, SÃO VEDADAS!!! Salvo em casos devidamente justificados. O que se aplica às Medidas Sanitárias, Fitossanitárias, Técnicas e outras. Tais medidas não devem ser adotadas sob a forma de Barreiras Comerciais Disfarçadas.

Barreiras técnicas: ou seja, barreiras disfarçadas, ocorrem quando a exigência não segue padrões internacionalmente aceitos ou não é transparente ou é excessivamente rigorosa. O que não quer dizer que os países não possam fazer exigências de ordem técnica. Isso eles podem! O que não pode é que isso vire uma barreira técnica.

Cotas: as Cotas de Importação são Restrições Quantitativas e, portanto, são contrárias ao disposto no ARTIGO XI (ELIMINAÇÃO GERAL DAS RESTRIÇÕES QUANTITATIVAS) do GATT. Podem, entretanto ser excepcionalmente aplicadas, por exemplo como Medidas de Salvaguarda.

Assim, em conformidade com o ACORDO SOBRE AS MEDIDAS DE SALVAGUARDA, a sistemática para aplicação atribuirá aos Membros que tenham um interesse considerável no fornecimento do produto, parcelas calculadas com base nos percentuais fornecidos por esses Membros durante um período representativo anterior.

Sistema antidumping: surgiu no intuito de coibir uma prática internacional classificada como desleal e perniciosa. O dumping implica a exportação de uma mercadoria para outro país por um preço abaixo do "valor normal", entendendo-se como tal um preço inferior ao custo de produção do bem ou então inferior àquele praticado internamente no país exportador e que efetivamente cause dano a uma empresa estabelecida no territorio de uma das partes contratantes ou retarda o estabelecimento da ind'ustria local, sendo prejudicial por: 1) eliminar ou ao menos reduzir a concorr^encia, seja local, seja de outras empresas internacionais; e 2) criar obst'aculos ao surgimento de novas empresas, devendo, por esta razão, ser prontamente combatido. “Pelas regras da OMC, antidumping é o principal instrumento que os governos podem utilizar legalmente para controlar importações,

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impondo tarifas adicionais para evitar que os preços deprimidos causem um prejuízo aos produtos concorrentes no país importador”

Podemos encontrar no ACORDO SOBRE BARREIRAS TÉCNICAS AO COMÉRCIO expressões sobre os objetivos legítimos para a aplicação de Normas e Regulamentos Técnicos ao Comércio, assim:

'Tais objetivos legítimos são: imperativos de segurança nacional; a prevenção de práticas enganosas; a proteção da saúde ou segurança humana, da saúde ou vida animal ou vegetal, ou do meio ambiente. Ao avaliar tais riscos, os elementos pertinentes a serem levados em consideração são: a informação técnica e científica disponível, a tecnologia de processamento conexa ou os usos finais a que se destinam os produtos.

Assim a exigência de certificados de segurança é norma técnica tal qual definido nos termos do Acordo. As exigências feitas em desconformidade com os termos do ACORDO SOBRE BARREIRAS TÉCNICAS AO COMÉRCIO, configuram obstáculos técnicos desnecessários, ou barreiras comerciais disfarçadas ao comércio internacional e não se enquadram entre os objetivos legítimos.

O protecionismo existe e está presente nas relações comerciais de muitos países, com maior presença entre os países desenvolvidos.

A seguir destacam-se alguns tópicos sobre o tema:

• Mesmo após diversas rodadas de negociação desde a criação do GATT/OMC, os países desenvolvidos mantem medidas restritivas à importação de diversos produtos. Principalmente no caso dos EUA e Japão, ocorrem barreiras tarifárias e não-tarifárias muito elevadas e também a existência de exigências sanitárias atingindo sobremodo aos produtos de origem animal e abuso no uso de medidas antidumping.

• O protecionismo serviria a diversos propósitos: redução de déficit comercial, problemas de desemprego, atrasos no crescimento e de declínio industrial, o qual pode ser praticado através da imposição de restrições às importações (barreiras tarifárias e não tarifárias) e estímulos às exportações. Porém, o aumento de medidas protecionistas poderá levar a guerras comerciais resultando em grandes perdas de bem-estar para todas as nações. As restrições comerciais deveriam ser utilizadas somente como ordenadoras de ajustamentos estruturais, porém temporariamente e não para impedir estes ajustamentos.

• O aprofundamento do protecionismo no mundo aparece nos processos de antidumping americanos, nos aumentos dos subsídios europeus a seus agricultores, o Japão mantendo restrições aos produtos florestais, os subsídios americanos aos seus agricultores, nas rigorosas normas fitossanitárias para as frutas por parte do Japão e outros.

• O Brasil restringiu a importação de diversos produtos através do uso de novas normas passando a exigir as licenças prévias para importações, o que burocratizou mais o processo de importação tornando mais moroso e caro o procedimento de liberação aduaneira. As exigências principalmente referem-se à qualidade dos produtos importados através de exames laboratoriais. A justificativa é no sentido de se igualarem as exigências praticadas com os produtos nacionais aos produtos estrangeiros. Este tipo de exigência tem respaldo na legislação da própria OMC. Para alguns importadores isto são barreiras não tarifárias e visariam reduzir os sucessivos déficits comerciais do Brasil.

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• Os países e empresas ao atenderem os interesses de seus cidadãos e acionistas estão atuando no sentido do lucro, crescimento e domínio de mercado. Dessa forma quando estão em jogo grupos de interesse, de alguma forma ocorrerá o protecionismo via estímulos, isenções, restrições, câmbio, comércio recíproco, quotas, etc.

• As relações comerciais deveriam atender o princípio da reciprocidade, ou seja, os países deveriam observar onde estão os maiores déficits comerciais e intensificarem as suas relações justamente com aqueles países com os quais tem os maiores valores de déficit.

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RESOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS

A síntese a seguir, em nenhum momento dispensa a leitura dos livros constantes da Bibliografia indicada no plano de ensino, pois visa apenas apresentar os tópicos abordados em sala para a compreensão das formas de resolução de controvérsias, aplicáveis ao Direito Internacional, especialmente mediante a utilização da mediação e arbitragem:

SOLUÇÃO PACÍFICA DOS CONFLITOS INTERNACIONAIS

Introdução

Alternativas de cooperação internacional para a solução dos conflitos internacionais, fora do recurso extremo da guerra.

Com a evolução do Direito Internacional, especialmente depois da Carta das Nações Unidas, a guerra tem sido como um ilícito internacional e um recurso inadequado. Propugna-se, através do Direito Internacional, que os conflitos entre nações sejam resolvidos por meios pacíficos, sendo, ao menos, um dever moral dos Estados que tal busquem. “Seja como for, é, pelo menos, dever moral de todo Estado não recorrer à luta armada, antes de tentar qualquer meio pacífico para a solução de controvérsia que surja entre o mesmo e qualquer outro membro da comunidade internacional” (Hildebrando Acciolly).

Classificação: os conflitos em geral, podem ser agrupados como políticos ou jurídicos.

1. Jurídicos:

a) Violação de Tratados e Convençõesb) Desconhecimento, por um Estado, dos direitos do outroc) Da ofensa de princípios correntes do direito internacional, na pessoa de um cidadão estrangeiro.

2. Políticos:

a) Choques de interesses políticos ou econômicosb) Ofensa à Honra ou à Dignidade de um Estado

Formas:

- de caráter amistoso (denominados Meios Diplomáticos, Meios Jurídicos e Outros Meios);

- de caráter coercitivo (não amistoso).

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a) MEIOS DIPLOMÁTICOS

1) AS NEGOCIAÇÕES DIRETAS (Entendimento direto em sua forma simples)

O meio usual, geralmente o de melhores resultados para a solução de divergência entre Estados, é o da negociação direta entre as partes.

Em geral, basta na maioria dos casos um entendimento verbal entre a missão diplomática e o Ministério das Relações Exteriores local. No casos mais graves, a solução poderá ser alcançada mediante entendimentos entre altos funcionários dos dois governos, os quais podem ser os próprios Ministros das Relações Exteriores. A solução da controvérsia constará de uma troca de notas.

Pode haver a desistência, aquiescência ou a transação.

2) CONGRESSOS E CONFERÊNCIAS

Quando a matéria ou o assunto em litígio interessa a diversos Estados, ou quando se tem em vista a solução de um conjunto de questões sobre as quais existem divergências, recorre-se a um congresso ou a uma conferência internacional. Atualmente, tais casos são tratados no seio da Assembléia Geral da ONU e, no caso da América Latina, no âmbito da Organização dos Estados Americanos.

3) BONS OFÍCIOS

Tentativa amistosa de uma terceira potência, ou de várias, no sentido de levar Estados litigantes a se porem de acordo. O Estado que se oferecerem ou que aceitarem alguma solicitação, não tomam parte diretamente nas negociações. O oferecimento de bons ofícios não constitui ato inamistoso, tão pouco a sua recusa.

O terceiro Estado é denominado “prestador dos bons ofícios”.

Exemplo: os do governo português em 1864, para o restabelecimento de relações diplomáticas com o Brasil e a Grã Bretanha. Os do Presidente Theodore Roosevelt dos EUA, em 1905, para a conclusão da guerra entre o Japão e a Rússia.

4) A MEDIAÇÃO

Consiste na interposição amistosa de um ou mais Estados entre outros Estados, para a solução pacífica de um litígio. Ao contrário do que sucede com os bons ofícios, a mediação constitui-se de uma participação direta nas negociações entre os litigantes. O terceiro Estado toma conhecimento do desacordo e das razões de cada um dos contendores, para finalmente propor-lhes uma solução. Geralmente um sujeito do direito das gentes (Estado, O.I., Santa Sé ou um Estadista associado ao exercício de uma elevada função pública, cuja individualidade seja indissociável da pessoa jurídica internacional que ele representa)

Exemplos: Inglaterra, entre o Brasil e Portugal, para o reconhecimento da independência política brasileira, consagrado no Tratado de Paz e Amizade celebrado no Rio de Janeiro em 1825; a do Papa Leão XIII, em 1885, no conflito

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entre a Alemanha e a Espanha sobre as ilhas Carolinas. João Paulo II no conflito argentino-chileno do canal de Beagle, em 1981.

5. SISTEMA CONSULTIVO (Consulta)

Um entendimento direto programado, geralmente previsto em tratado.

Define-se como uma troca de opiniões, entre dois ou mais governos interessados direta ou indiretamente num litígio internacional, no intuito de alcançarem uma solução conciliatória.

Foi no continente americano que esse sistema desenvolveu-se e adquiriu o caráter preciso de meio de solução pacífica de controvérsia e também o de meio de cooperação pacifista internacional.

Tal como se acha hoje estabelecido, o sistema consultivo interamericano tem, assim, dois aspectos: o de método para solução pacífica de controvérsias e o do processo para o estudo rápido, em conjunto, de problemas de natureza urgente e de interesse comum para os Estados-membros da OEA.

b) OS MEIOS JURÍDICOS

1 - OS TRIBUNAIS INTERNACIONAIS PERMANENTES

Historicamente, a primeira corte criada foi a Corte Centro-Americana de Justiça, criada em 1907.

A CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA OU TRIBUNAL INTERNACIONAL DE JUSTIÇA (sucedeu a CORTE PERMANENTE DE JUSTIÇA INTERNACIONAL). Julga os Estados. Possui 15 juízes que têm privilégios e imunidades dos agentes diplomáticos. Sede em Haia, na Holanda. Observação: Jurisdição voluntária dos Estados.

TRIBUNAL INTERNACIONAL DO DIREITO DO MAR. Sediado na Alemanha, foi criada a partir da Convenção das Nalções Unidas sobre o Direito do Mar, denominada Convenção de Montego Bay. Sua matéria especializada está no nome que o denomina.

2 - OS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS: O tratamento do assunto visa apenas esclarecer aos academicos que tais tribunais existem, contudo não são colocados como meios jurídicos internacionais relativos aos Estados.

- O TRIBUNAL ADMINISTRATIVO DAS NAÇÕES UNIDAS (UNAT)

- OUTROS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS: do BANCO MUNDIAL, da O.I.T. e da O.E.A.

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3 - OUTROS TRIBUNAIS DE JURISDIÇÃO INTERNACIONAL: é o Caso do Tribunal Penal Internacional, cujos crimes que lhe cabe julgar estão descritos no Tratado de Roma. Sediado em Haia. Julga indivíduos.

c) OUTROS MEIOS:

1) ARBITRAGEM INTERNACIONAL

Era conhecida desde 3.200 A.C.

Conceito: “a arbitragem internacional tem por objeto resolver os litígios entre Estados por meios de juízes de sua livre escolha e na base do respeito do direito“ (Art. 37 da Convenção para solução pacífica dos conflitos internacionais, assinada em Haia, 1907)

Aplicação: qualquer conflito internacional pode ser submetido à solução arbitral.

Na realidade, há vários tipos de arbitragem no direito interno e internacional. Neste, nem todos casos envolvem apenas o Direito Internacional Público, o que depende dos atores envolvidos. Assim, genericamente, podemos apontar os seguintes atores envolvidos numa arbitragem:

“I - entre Estados: regida por normas do Direito Internacional Público, tendo por fontes, principalmente, os tratados e os costumes internacionais; é a arbitragem clássica, encontrada nas relações internacionais desde a Antiguidade remota, a arbitragem internacional entre sujeitos do Direito Internacional;

II - entre Estados e o particular nacional: quando o Estado celebra contrato com particular sujeito à jurisdição estatal, e o instrumentos prevêm o emprego da arbitragem, aplicando-se, em via de regra, a lei material do Estado;

III - entre Estado e particular estrangeiro: quando o Estado contrata com particular estrangeiro, celebrando contrato internacional, e o instrumento prevê o emprego da arbitragem, aplicando-se a lei material previamente estabelecida pelas partes; é a chamada arbitragem mista, instaurada com frequência para solucionar litígios surgidos por força de contratos internacionais ou investimentos estrangeiros, que se encontram na linha divisória do interesse público e dos interesses privados;

IV - entre particulares sujeitos a ordenamentos jurídicos diversos; nesse caso, o contrato guarda correlação com mais de um ordenamento jurídico, devendo a controvérsia ser submetida a normas materiais e procedimentos previamente escolhidos pelas partes; trata-se da arbitragem do Direito Internacional Privado, chamada também de arbitragem impropriamente internacional, pois costuma ser feita com base nas leis de um único país; e

V - entre particulares sujeitos ao mesmo ordenamento jurídico; a arbitragem aplica-se a controvérsias entre partes sujeitas a um único sistema jurídico, o nacional.

As quatro últimas espécies configuram, portanto, a arbitragem comercial, nacional ou internacional, da qual nos ocupamos detalhadamente alhures, mas que não será enfocada neste estudo, voltado para a arbitragem internacional entre sujeitos do DIP, em especial, no contexto da Organização Mundial do Comércio – OMC.”

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É importante registrar que fica instalado em Haia, um banco de dados que disponibiliza árbitros para cumprirem tal função, caso os Estados queiram árbitros especializados. É a denominada CORTE INTERNACIONAL DE ARBITRAGEM.

Cabe, ainda, destacar o Tribunal Arbitral previsto no Protocolo de Bras'ilia, que consta que os Estados-partes do MERCOSUL devem reconhecer como obrigat'oria, e sem necessidade de acordo especial, a jurisdição do Tribunal Arbitral, cujas decisoes são inapel'aveis e obrigat'orias.

Quanto a Arbitragem entre estados, são suas características:

a) o acordo de vontade dos litigantes no tocante a que o motivo determinante da controvérsia seja solucionada por árbitro ou árbitros de sua livre escolha;

b) que a decisão dos árbitros seja obrigatória para os litigantes.

Tipos:

a) Voluntária ou facultativa

b) Obrigatória ou permanente (em virtude de previsão em Tratado, em caso de futuros conflitos)

Compromisso: Ato pelo qual os Estados litigantes acordam na entrega da solução de suas diferenças à arbitragem.

Competência para firmar o compromisso: dada pelo direito interno de cada país. No Brasil essa competência pertence ao Poder Executivo embora sujeito à aprovação posterior do Congresso Nacional, na mesma situação de celebração de Tratados Internacionais.

Escolha dos Árbitros: é livre. Os interessados podem escolhê-los diretamente ou delegar tal faculdade a um Chefe de Estado ou a outras pessoas.

Composição do Juízo Arbitral: Pode ser constituído por um só árbitro ou diversos. Cada litigante pode indicar dois árbitros e os indicados, por sua vez, escolher o super-árbitro ou desempatador.

Nulidade da Sentença Arbitral: Se o árbitro ou Tribunal exceder aos poderes conferidos ou se houver cerceamento de defesa, a sentença será nula.

2. INQUÉRITO

“Ocorrendo um conflito entre dois ou mais Estados, uma comissão estuda os fatos que ensejaram a divergência, elaborando, em seguida, um relatório que, se aprovado, servirá de base para solucionar o impasse. Embora a conclusão do relatório não seja obrigatória para as partes, estas se comprometem a não iniciar qualquer atividade bélica enquanto a Comissão estiver exercendo suas atividades.” (Araújo, Luis Ivani Amorim. Curso de Direito Internacional Público)

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OS MEIOS COERCITIVOS

1. RETORSÃO

É o ato por meio do qual um Estado ofendido aplica ao Estado que tenha sido o seu agressor as mesmas medidas ou os mesmos processos que este empregou ou emprega contra ele. É, pois, uma espécie da aplicação da lei de Talião. Exemplos: a interdição de acesso de portos de um Estado aos navios de outro Estado; a concessão de certos privilégios ou vantagens aos nacionais de um Estado, simultaneamente, com a recusa dos mesmos favores aos nacionais de outro Estado, etc.

A Retorsão é medida, certamente, legítima; mas a doutrina e a prática internacional contemporânea lhe são pouco favoráveis.

A Retorsão implica a aplicação, de um Estado, de meios ou processos idênticos aos que ele empregou ou está empregando. A Retorsão consiste, em geral, em simples medidas legislativas ou administrativas, ao passo que as Represálias se produzem sob a forma de vias de fato, atos violentos, recursos à força.

2. AS REPRESÁLIAS

“As represálias são medidas coercitivas, derrogatórias das regras ordinárias do direito das gentes, tomadas por um Estado em consequência de atos ilícitos praticados, em seu prejuízo, por outro Estado e destinadas a impor a este, por meio de um dano, o respeito do direito” ( Instituto de Direito Internacional, 1934 ).

São medidas mais ou menos violentas e, em geral, contrárias a certas regras ordinárias de direito das gentes, empregadas por um Estado contra outro, que viola ou violou o seu direito ou o do seus nacionais. E “ não são – conforme disse Kelsen – “um delito, na medida em que se realizam como uma reação contra um delito”.

Distingue-se da Retorsão, por se basearem na existência de uma injustiça ou da violação de um direito; ao passo que a Retorsão é motivada por um ato que o direito não proíbe ao Estado estrangeiro, mas que causa prejuízo ao Estado que dela lança mão.

4. EMBARGO/BOICOTAGEM/BLOQUEIO

Um meio corcitivo de solução de litígios, constitui do bloqueio pacífico ou bloqueio comercial, e pode constituir outra forma de represália. Consiste em impedir, por meio de força armada, as comunicações com os portos ou as costas de um país ao qual se pretende obrigar a proceder de determinado modo. Conforme foi visto, trata-se de um dos meios de que o Conselho de Segurança das Nações Unidas pode recorrer para obrigar determinado Estado a proceder de acordo com a Carta.Há casos de posições unilaterais dos Estados, por razões específicas, em que há um Embargo unilateral, por razões que o Estado alegar.

É a interrupção de relações comerciais com um Estado considerado ofensor dos nacionais ou dos interesses de outro Estado. Mais apropriadamente, atualmente se denomina EMBARGO ECONÔMICO-COMERCIAL. Pode-se afirmar que “Hoje primam os postulados da teoria do direito internacional. O Estado-membro da ONU, no exercício de suas competências, pode praticar atos contrários ao direito

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internacional, mas incorre em responsabilidade ajuizável perante os tribunais internacionais, mesmo que o ato entendido como ilícito no âmbito do direito internacional não o seja no do direito interno desse Estado. Não se trata exatamente de supremacia do direito internacional sobre o direito interno, mas da integração da normatividade dos sistemas interno e internacional por conseqüência das pertinentes determinações e preceitos do direito constitucional de cada um dos Estados.” Neste caso, também, o Conselho de Segurança, havendo ameaça ou violação dos Princípios da Carta da ONU, pode determinar medidas coercitivas, caso os meios pacíficos amigáveis não surtam efeitos. Neste sentido relata-se o Embargo de venda de armas, a criação de Zonas de Exc lusão Aérea, a obrigação de trocar Petróleo por alimentos (como foi o caso do Iraque).

6. A RUPTURA DE RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS

A ruptura de relações diplomáticas ou cessação temporária das relações oficiais entre os dois Estados pode resultar da violação, por um deles, dos direitos do outro. Mas pode também ser empregada como meio de pressão de um Estado sobre outro Estado, a fim de o forçar a modificar a sua atitude ou chegar a acordo sobre algum dissídio que os separe.

Assim, é usado como sinal de protesto contra uma ofensa recebida, ou como maneira de decidir o Estado contra o qual se aplica, a adotar procedimento razoável e mais conforme aos intuitos que se têm em vista.

No segundo sentido, está prevista no artigo 41 da Carta das Nações Unidas, como uma das medidas que podem ser recomendadas pelo Conselho de Segurança para a aceitação de suas decisões, em caso de ameaça contra a paz internacional.

INCOTERMS

O autor Jayme de Mariz MAIA, ressalta que 'tamb'em com o objetivo de dirimir conflitos que prejudicam o com'ercio internacional', a Câmara Internacional do Comércio - CCI, com sede em Paris, interpretou e consolidou em 1936 as diversas formas contratuais que vinham sendo utilizadas no comércio internacional, elaborando os chamados Incoterms (International Commercial Terms / Termos Internacionais de Comércio) que servem para definir, dentro da estrutura de um contrato de compra e venda internacional, os direitos e obrigações recíprocos do exportador e do importador, estabelecendo um conjunto-padrão de definições e determinando regras e práticas neutras, como por exemplo: onde o exportador deve entregar a mercadoria, quem paga o frete, quem é o responsável pela contratação do seguro. Enfim, os Incoterms têm esse objetivo, uma vez que se trata de regras internacionais, imparciais, de caráter uniformizador, que constituem toda a base dos negócios internacionais e objetivam promover sua harmonia, como visto no 1o Bimestre, pois após agregados aos contratos de compra e venda, os Incoterms passam a ter força legal, com seu significado jurídico preciso e efetivamente determinado. Assim, simplificam e agilizam a elaboração das cláusulas dos contratos de compra e venda.

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Na realidade, não impõem e sim propõem o entendimento entre vendedor e comprador, quanto às tarefas necessárias para deslocamento da mercadoria do local onde é elaborada até o local de destino final (zona de consumo): embalagem, transportes internos, licenças de exportação e de importação, movimentação em terminais, transporte e seguro internacionais etc.

Um bom domínio dos Incoterms é indispensável para que o negociador possa incluir todos os seus gastos nas transações em Comércio Exterior. Vale ressaltar que as regras definidas pelos Incoterms valem apenas entre os exportadores e importadores, não produzindo efeitos em relação às demais partes envolvidas, tais como: despachantes, seguradoras e transportadores.

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BIBLIOGRAFIA

BÁSICA E COMPLEMENTAR

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(obs: não foi aplicada a devia metodologia cient'ifica ao presente material de apoio por tratar­se de resumo utilizado pela professora para acompanhamento do conte'udo do 

bimestre. A utilizacao fica restrita para as aulas da professora).

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