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15/05/2009 12:20Comer bem para viver melhorNos últimos anos, o prazer de comer passou a ser associado à culpa. Não precisa ser assim. Novos estudos mostram asvirtudes de dietas simples e saborosas que fazem bem à saúde – e ao planetaLetícia Sorg e Laura Lopes

Os gregos antigos tinham razão. Hipócrates, o Pai da Medicina, notou 400 anos antes de Cristo que a escolha dos

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alimentos certos para o ser humano era o resultado da sabedoria acumulada ao longo das gerações, ao preço de muitastentativas, erros e descobertas. Desse esforço, dizia ele, nasceu a dieta ideal para “a saúde e a segurança” do homem.“A essas investigações e achados, que nome poderia se dar mais adequado do que Medicina?”, perguntou Hipócratesem sua obra Da medicina antiga. Dois milênios e meio depois, o ser humano entende cada vez melhor que a boaalimentação é um excelente método de medicina preventiva. Graças ao avanço da ciência da nutrição, descobrimos assubstâncias benéficas e maléficas nos alimentos. Entendemos melhor do que nunca o que se deve comer para viver maise melhor. E as pesquisas recentes levam a uma conclusão surpreendente, que faria Hipócrates sorrir: nas dietastradicionais, criadas séculos atrás por diferentes povos em todos os cantos do planeta, estão muitas das virtudesindispensáveis a uma dieta saudável. Uma dieta que pode ser seguida sem a culpa incutida nos últimos anos por umasérie de estudos que parecem nos proibir de comer o que é saboroso.

Os estudos não devem ser ignorados – eles alertaram, por exemplo, para os danos à saúde provocados por muitassubstâncias adicionadas aos alimentos industrializados –, mas não devem ser vistos como uma forma de repressãoalimentar. “As pessoas têm de buscar o caminho do prazer, não da restrição”, diz Richard Béliveau, professor doDepartamento de Bioquímica da Universidade do Québec, em Montreal. “A ‘junk food’ (‘comida lixo’, nome usado paradefinir a comida industrial de baixo valor nutricional) é, literalmente, monótona. As dietas tradicionais têm muito maisvariedade: são simples e deliciosas.” Béliveau, autor do livro A saúde pelo prazer de comer bem (ainda inédito noBrasil), faz parte de um grupo de pesquisadores que prega o resgate das tradições culinárias de cada país como modosaudável – e saboroso – de se alimentar.

Entre as dietas capazes de conciliar saúde e prazer, a mais conhecida é a mediterrânea. Estudos e mais estudosrelacionam os alimentos consumidos tradicionalmente em países como Grécia, Espanha e Itália à redução de doençascrônicas. Na dieta mediterrânea, destacam-se o azeite de oliva, as castanhas e o consumo moderado de álcool,geralmente vinho – todos associados à redução de risco de doenças cardiovasculares. Um dos estudos mais relevantesfoi completado meses atrás pela Universidade de Florença, na Itália, e publicado no British Medical Journal. Uma equipeliderada por Francisco Sofi, pesquisador de nutrição clínica, compilou dados de várias pesquisas feitas entre 1966 e junhode 2008 e concluiu que a dieta mediterrânea está associada a uma redução de 9% na mortalidade geral e namortalidade por doenças cardiovasculares, uma diminuição de 6% na incidência de câncer e de 13% na incidência deParkinson e Alzheimer.

A dieta mediterrânea, porém, não é a única capaz de garantir uma alimentação saudável sem culpa. Os estudos maisrecentes mostram evidências dos benefícios de costumes de japoneses, indianos – e brasileiros – à mesa. Qualidadescomuns às dietas tradicionais desses povos são a abundância e a variedade de legumes e verduras – e a ausência dealimentos industrializados. Da tradição culinária japonesa herdamos o consumo de alimentos valiosos, como soja e cháverde, contra o câncer, e peixes ricos em ômega-3, importantes para a saúde do coração e do cérebro. A dieta indiananos inspira a substituir o sal por pimentas e especiarias como a cúrcuma, que combate o câncer, e a limitar o consumode carne vermelha. E a brasileira nos ensina a respeitar uma proporção adequada dos alimentos no prato e incentiva oconsumo de frutas.

“A mistura do feijão com o arroz cria o mesmo tipo de proteína da carne, e a salada traz os fitoquímicos que combatemo câncer”, afirma o neurologista francês David Servan-Schreiber, autor do best-seller Anticâncer (editora Objetiva), livrocuja tiragem mundial já ultrapassou 1 milhão de exemplares. “A proporção de 75% a 80% de vegetais para 20% a 25%de carne em um prato é perfeitamente saudável e costumava ser a base da maioria das dietas tradicionais”, diz ele. “Oprato tradicional brasileiro é o que os nutricionistas gostariam que todo mundo comesse”, diz Mônica Elias Jorge,nutricionista da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

As tradições à mesa deram lugar a uma alimentação globalizada não necessariamente ideal. A predominante dietaamericana, segundo Servan-Schreiber, é perigosa. Não se trata de americanofobia francesa (Servan-Schreiber éprofessor da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, e fala um inglês perfeito). Nesse tipo de dieta, 65% dascalorias ingeridas vêm de três fontes: açúcar refinado, farinha refinada e óleos vegetais com ômega-6. Além de nãofornecer nutrientes e vitaminas vitais, esses ingredientes levam à obesidade, considerada pela Organização Mundial daSaúde uma das ameaças mais graves à saúde. “A obesidade é o ponto comum de doenças como diabetes, câncer,doenças do coração e Alzheimer”, diz Richard Béliveau, da Universidade do Québec.

Estudos confirmam a sabedoria de dietas tradicionais, como a mediterrânea e a japonesa

Toda vez que comemos açúcar, nosso corpo secreta hormônios que estimulam o crescimento das células. Esse processoé importante nas crianças, que precisam ficar mais altas, mas é prejudicial depois da fase de crescimento. “Nos adultos,

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as únicas coisas que crescem são gordura e câncer”, diz Servan-Schreiber. Segundo dados da American HeartAssociation, entidade americana de combate às doenças cardiovasculares, um índice de massa corporal acima de 30(para saber o seu, divida seu peso por sua altura, em metros, ao quadrado) reduz a expectativa de vida em cerca desete e seis anos, respectivamente para mulheres e homens não fumantes na faixa dos 40 anos. A obesidade pareceestar relacionada a um aumento do risco de demência na terceira idade. Segundo uma pesquisa divulgada em janeiropela Universidade Colúmbia, em Nova York, o acúmulo de gordura na cintura em adultos jovens amplia o risco dedesenvolver Alzheimer na velhice.

Nos Estados Unidos, país com 32% de adultos obesos, a expectativa de vida é de 78 anos e a taxa de incidência decâncer é de 357 casos a cada 100 mil habitantes, segundo a International Agency for Research on Cancer. No Japão,3% dos adultos são obesos, a expectativa de vida é de 82 anos e a incidência de câncer é de 214 por 100 mil. É claroque a alimentação não é o único fator para a obesidade – o sedentarismo também tem sua contribuição –, mas acomparação entre Japão e Estados Unidos, dois países ricos e com recursos médicos avançados, serve de alerta para oBrasil. Por aqui, a obesidade já afeta 11% da população adulta, 18% dos meninos e 15,5% das meninas. Como reduziresses índices? “A tendência é que a medicina preventiva cresça cada vez mais”, afirma o médico Heno Lopes, daUnidade Clínica de Hipertensão do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo e autor do livro Dieta docoração (editora Abril). Mudar hábitos alimentares não só reduziria os custos com o tratamento de doenças, masmelhoraria a qualidade de vida das pessoas.

Simples e saudável

Bife, salada, arroz e feijão. Por que esse prato tipicamente brasileiro agrada tanto aos nutricionistas

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1. Suco As frutas devem ser consumidas todos os dias, in natura ou na forma de sucos

2. Arroz e feijão Essa combinação é muito rica em fibras e proteínas, mas não pode dominar o prato. O arroz, em particular, deve serconsumido em pequenas porções e, se possível, na versão integral

3. Carne A carne, de preferência magra, não deve compor mais que 20% do prato. Trocá-la por peixe faz a refeição ainda maissaudável

4. Brócolis Verduras e legumes são um ótimo acompanhamento. Devem ser cozidos no vapor ou rapidamente refogados, paramanter suas propriedades

5. Salada Alface e tomate são fontes de vitaminas, fibras e minerais. As folhas devem ser consumidas cruas, para preservar osantioxidantes

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Alho, cebola, cebolinha e alho-poró ‘‘Siga a lógica mediterrânea: adicione alho e cebola a tudo o que cozinhar, menos à sobremesa’’, diz David Servan-Schreiber Para se proteger do câncer

Dois temperos, a cúrcuma e o alho, estão entre os alimentos mais importantes na prevenção de tumores

A medicina ainda não entendeu por completo as causas do câncer e por que alguns casos têm cura e outros não. Masmuitas pesquisas já esclareceram como a doença evolui. As células cancerosas, que sofreram mutação genética devido afatores como a ação de radicais livres ou radiação, multiplicam-se desordenadamente. Para barrar a doença, aquimioterapia tem várias estratégias, entre elas matar as células doentes e impedir a formação de vasos sanguíneos quelevem nutrientes para elas.

Uma série de estudos realizados no centro de pesquisa sobre o câncer da Universidade do Texas e publicados ao longode 2008 e 2009 mostrou que a cúrcuma, presente no curry indiano, age de maneira semelhante. Em uma das pesquisasmais recentes, publicada no mês passado, a curcumina, substância presente na especiaria, mostrou-se capaz de inibir aproliferação de células de um tipo de mieloma múltiplo.

Outro alimento cujo consumo está relacionado à proteção do câncer é o chá verde. Seus efeitos ainda não sãounanimidade no mundo científico, mas muitos pesquisadores acreditam que um de seus componentes, a catequina,impede a angiogênese – criação de novos vasos sanguíneos que podem levar nutrientes para as células cancerosas.

Segundo estudo do Centro Nacional do Câncer de Tóquio, no Japão, publicado em 2007, o consumo diário de cinco oumais xícaras do chá por dia reduziria em 50% as chances de progressão do câncer de próstata. Nas mulheres, oconsumo de três xícaras diárias foi relacionado a uma diminuição de 57% da recorrência de câncer de mama.

Pouco amistoso, o cheiro forte do alho é a prova de que ele é rico em alicina, outra substância promissora na prevençãodo câncer. Parte dela é transformada em ácido sulfênico, que ajuda a eliminar os radicais livres, relacionados à mutaçãode células em nosso organismo.

As crucíferas, categoria em que se enquadram os brócolis e a couve, são ricas em sulforafane, substância que podebarrar a angiogênese e retardar a formação de alguns tipos de tumor. Uma pesquisa publicada no Journal of theNational Cancer Institute mostrou que uma porção de brócolis ou de couve-flor por semana diminui o risco de câncer depróstata em 45% e 52%, respectivamente.

Outra opção na dieta anticâncer é o chocolate amargo com mais de 70% de cacau, rico em polifenóis. Mas cuidado:recomenda-se um consumo de apenas 20 gramas por dia.

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Chá verde Deve ser deixado em infusão de 8 a 10 minutos para extrair o máximo dascatequinas

Cúrcuma, ou açafrão-da-índia Na Índia, onde se comem de 2 a 3 gramas por dia, a incidência de câncer decólon é um oitavo daquela observada no Ocidente; de câncer de mama, umquarto; de próstata, um 20 avos

Papo rápido >> David Servan-Schreiber

Neurologista e professor da Universidade de Pittsburgh, autor do livro Anticâncer

Qual é o peso da alimentação na prevenção do câncer? David Servan-Schreiber – Eu diria que é de quatro em dez. O do tabaco três e o dos exercícios 1,5 ou dois. Essesfatores são cumulativos: se você seguir todos, vai reduzir de 60% a 70% suas chances de ter câncer.

Quais são os melhores alimentos para prevenir o câncer? Servan-Schreiber – Cúrcuma, alho e chá verde. Escolho os três porque as evidências sobre seus benefícios sãomaciças e porque são facilmente adicionados a qualquer tipo de dieta.

É possível comer doces e ter uma dieta saudável? Servan-Schreiber – Você pode gostar de doce. Se comer moderadamente chocolate feito de 70% de cacau, não háproblema. Devemos evitar o açúcar e a farinha refinados. Minha sugestão é reduzir esses ingredientes a não mais queduas porções por semana.

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Maçã Camundongos que tomaram o equivalente a 2 copos de suco de maçã por dia tiveram menos risco de ter Alzheimer,segundo estudo publicado no Journal of Alzheimer’s DiseaseUm cérebro mais ativo

O que dizem os últimos estudos sobre a relação entre a alimentação e a perda da capacidade intelectual

A esclerose múltipla, o mal de Parkinson e o de Alzheimer, os tipos mais comuns de doenças neurodegenerativas, nãotêm cura – daí a importância de qualquer medida preventiva. Um estudo americano que acompanhou 1.800 idososdurante nove anos concluiu que aqueles que consumiam suco de frutas e hortaliças pelo menos três vezes por semanatinham 75% menos risco de desenvolver Alzheimer. Os pesquisadores da Universidade do Sul da Flórida atribuíram oefeito à presença significativa de antioxidantes nesses alimentos. Os antioxidantes ajudam o organismo a reduzir asperdas celulares – inclusive a de células do cérebro. Quanto mais colorida a fruta – alaranjadas, arroxeadas e vermelhas–, melhor. Além delas, as crucíferas, como brócolis, couve-flor e couve, ricas em ácido fólico, são aliadas na preservaçãodas funções cognitivas.

Os peixes de água fria, como salmão, atum, sardinha e cavala, fontes de ômega-3, são igualmente importantes na dietade quem deseja afastar o risco das doenças do cérebro. Essa gordura é tão imprescindível para o sistema nervoso queestá presente em grandes quantidades no leite materno. Um estudo publicado em agosto passado pela Universidade deSouthampton mostrou que o consumo de 300 gramas de peixe por semana estava relacionado a um maiordesenvolvimento de habilidades verbais das crianças.

As descobertas mais recentes sobre a prevenção das doenças neurodegenerativas incluem o café e a maçã na lista dealimentos recomendados. Beber de três a cinco xícaras por dia pode diminuir em 65% o risco de Alzheimer, segundo umestudo sueco. Pesquisadores de Harvard mostraram que alto consumo de cafeína diminui o risco de Parkinson emhomens. Entre as mulheres, o café tem efeito protetor só depois da menopausa e para quem não ingere repositoreshormonais.

Uma pesquisa publicada no Journal of Alzheimer’s Disease mostrou que camundongos alimentados com suco de maçãproduziram menor quantidade da proteína que forma placas amiloides no cérebro, uma marca do mal de Alzheimer. OArchives of Neurology mostrou que 55% dos pacientes com Parkinson têm deficiência de vitamina D. Não se sabe se afalta do nutriente é causa ou efeito da doença. Para garantir a presença da vitamina D, devem-se incluir sardinha, gemade ovo e fígado na dieta.

Gema de ovo

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Um estudo americano mostrou que altas doses de vitamina D no corpo podemreduzir em 62% as chances de esclerose múltipla

Café A bebida pode diminuir em 65% os riscos de Alzheimer se você tomar de 3 a 5xícaras por dia, segundo um estudo sueco que acompanhou 1.409 pessoas pormais de 25 anos

"Perdi o remorso de tomar de cinco a seis xícaras de café por dia"

Helena Alves de Carvalho Sampaio, líder de um grupo de pesquisa emnutrição e doenças crônico-degenerativas da Universidade Estadual do Ceará

"O aumento das doenças degenerativas está ligado às mudanças no estilo de vida. A partir dos anos 50, com aentrada do fast-food no país, passamos a ingerir mais alimentos ricos em gordura, sal e açúcar. Hoje, ninguém sereúne mais para comer, e a incidência de doenças cardíacas, câncer e demências é muito maior"

Jocelem Mastrodi Salgado, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo epresidente da Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais

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Peixes de água fria (salmão, atum, cavala, sardinha) Um estudo holandês revelou que comer de duas a três porções de 30 gramas por semana diminui pela metade os riscosde doenças coronárias. Pescadores japoneses e esquimós consomem muito pescado. Acaso ou não, sofrem menos deproblemas cardíacos O que faz bem ao coração

A sabedoria dos povos mediterrâneos recomenda incorporar à mesa os efeitos benéficos do azeite de olivae do álcool

A importância da dieta na prevenção de doenças cardiovasculares é de 7, em uma escala que vai até 10”, afirma SimeonMargolis, professor da Universidade Johns Hopkins e autor de vários compêndios sobre a prevenção de doenças docoração. Substituir a manteiga pelo azeite de oliva é uma das primeiras decisões a tomar. Suas gordurasmonoinsaturadas não estão relacionadas com o aumento do índice de LDL, o colesterol ruim, no sangue, como acontececom a gordura saturada de origem animal. Os efeitos benéficos do azeite, ingrediente básico da dieta mediterrânea, sãosempre citados em estudos epidemiológicos das populações dessa região da Europa. Uma revisão publicada no anopassado no British Medical Journal mostrou que a dieta mediterrânea está associada a uma redução de 9% namortalidade por doenças cardiovasculares, entre outros benefícios.

As nozes e o amendoim também são indicados, por conter gorduras insaturadas. Segundo um estudo da Universidade daPensilvânia publicado em setembro do ano passado, dados epidemiológicos de quatro pesquisas americanas mostraramque as pessoas com maior consumo desse tipo de alimento tinham um risco cerca de 35% menor de desenvolverdoenças cardiovasculares. As nozes mostraram-se eficazes também no combate aos radicais livres e às inflamações.

As pesquisas científicas também têm associado o consumo moderado de álcool – um drinque por dia para as mulheres edois para os homens – à diminuição do risco de doenças cardiovasculares. Em um dos últimos estudos publicados sobreo assunto, em abril deste ano, cientistas da Universidade Wageningen, na Holanda, avaliaram a expectativa de vida de1.373 homens e concluíram que o consumo moderado de bebidas alcoólicas pode significar cinco anos a mais de vida.Antes de se animar com a recomendação, convém lembrar que alguns estudos relacionaram o álcool ao desenvolvimentode alguns tipos de câncer.

O mesmo ômega-3 que apresenta efeitos benéficos contra as doenças neurodegenerativas e o câncer se mostraimportante para o coração. Uma pesquisa feita por cientistas da Universidade de Tsukuba, no Japão – país com altoconsumo de peixe –, e publicada em setembro do ano passado concluiu que uma dieta rica em pescados de águas friaspode reduzir em 18% o risco de morte por doenças cardiovasculares.

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Álcool O consumo moderado de bebida alcoólica, não necessariamente de vinho, reduzo risco de doenças cardíacas

Azeite de oliva O azeite foi “descoberto” nos anos 60 por um epidemiologista que observou quea população de Creta, no Mediterrâneo, era especialmente longeva e livre dedoenças cardíacas

"As evidências científicas da ligação da dieta com a saúde mudaram meushábitos alimentares. Cresci comendo carne vermelha duas vezes por dia. Agora,está mais para duas vezes por ano. Consumo mais peixe, feijão e castanhascomo fontes de proteína. Também consumia muitas gorduras trans e saturadasem margarina e manteiga. Agora, o azeite de oliva é minha principal fonte degordura. Sempre comi muitos vegetais, mas agora eles são preparados demaneiras mais interessantes. Comer ficou tão interessante quanto ser saudável"Walter Willett, professor dos departamentos de Nutrição e Epidemiologia daUniversidade Harvard e autor de vários livros, entre eles Coma, beba e sejasaudável

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Shiitake Rico em proteínas e de baixo valor calórico, tem lentinan, que estimula a produção e a atividade dos glóbulos brancos,defensores do organismo Imunidade reforçada

Pesquisas recentes mostram a importância do shiitake, do iogurte e do gengibre para as defesas doorganismo

Fortalecido, o sistema imune consegue afastar doenças oportunistas, como tuberculose, pneumonia e herpes, e seproteger contra as crônicas. Pessoas com baixa imunidade apresentam deficiências nutricionais de selênio, zinco,vitaminas A, B6, B12, C e E e de substâncias antioxidantes e anti-inflamatórias. Para evitar esse problema, aOrganização Mundial da Saúde recomenda consumir 400 gramas de frutas, legumes e verduras diariamente. Frutascítricas e amareladas, como acerola, caqui, mamão, damasco e laranja, e vegetais amarelados, como abóbora e cenoura,são ricos em vitaminas A e C. A primeira ajuda a manter o sistema imune equilibrado. Sua deficiência provocadiminuição de glóbulos brancos, deixando o corpo mais suscetível a infecções. A vitamina C promove a cicatrização efortalece a imunidade. Juntas, agem como antioxidantes no combate aos radicais livres e evitam o aparecimento de umambiente propício às mutações celulares responsáveis pelo câncer.

As necessidades diárias de vitamina E, selênio e zinco podem ser supridas com o consumo de 100 gramas de castanhase nozes. Essas substâncias ajudam a retardar o envelhecimento das células, protegendo-as de radicais livres. O zincoajuda a cicatrizar, o selênio previne inflamações e a vitamina E mostrou-se capaz de aumentar em 40% a longevidadede camundongos. As vitaminas B6 e B12 são encontradas em produtos de origem animal, como carne vermelha, leite eseus derivados. Mas é preciso consumi-los com moderação, porque contribuem para a obesidade, que está relacionada àmaioria das doenças crônicas.

Estudos recentes mostraram que o gengibre é um ótimo antioxidante e anti-inflamatório e ajuda o corpo a se protegerde bactérias e fungos. Essa raiz pode ser útil no tratamento da asma e ajudar o sistema imune a inibir o crescimento detumores – em certos casos até os elimina. O shiitake combate tumores na fase inicial e é eficiente na redução docolesterol. Os iogurtes probióticos também ajudam o sistema imune. Estudos mostram que seus lactobacilos impedem asbactérias más de se instalar no intestino, o que permite uma melhor absorção dos nutrientes. Eles competem commicro-organismos por espaço e comida, impedindo a ação dos intrusos.

Gengibre Tem poderes antioxidantes, antiinflamatórios e protege o corpo de bactérias efungos. Também ajuda a inibir a evolução das células de câncer no ovário e no

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cólon

Probióticos (iogurtes) Não só aliviam a prisão de ventre, como fortalecem a imunidade. Eles evitam queas bactérias más se fixem no intestino e proporcionam uma melhor absorção dosnutrientes dos alimentos

Papo rápido >> Christine Gerbstadt

Integrante da Associação Dietética Americana

O que pacientes de doenças crônicas devem evitar comer? Christine Gerbstadt – Gorduras saturadas. Aumentam o mau colesterol e favorecem inflamações. A inflamaçãomodifica as células do organismo e está ligada ao desenvolvimento de doenças do coração, diabetes e câncer.

Quais são os principais alimentos que podem prevenir essas doenças? Christine – Frutas anti-inflamatórias, como berries (cereja, mirtilo), cítricas (laranja, limão, acerola, abacaxi), melão,vegetais de todas as cores, como cebola, brócolis, espinafre, abóbora e feijão, grãos integrais, especialmente trigo,aveia, quinua, cevada e centeio, e fontes vegetais de gorduras mono e poli-insaturadas: abacate, semente de abóboraou linhaça e azeitona.

Em quais porções? Christine – Pelo menos nove porções de frutas e vegetais por dia, de três a seis de grãos integrais e duas colheres deuma das sementes, um quarto de abacate ou três azeitonas pretas.

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Orgânicos São livres de agrotóxicos, aditivos químicos, produzidos em pequena escala, por pessoas que têm seus direitosgarantidos e perto de sua casa, poluindo menos para ser transportados De bem com o planeta

O consumo “verde” não se restringe a produtos orgânicos ou sacolas retornáveis: a lista de compras e opreparo são importantes

Você compra produtos orgânicos achando que está fazendo bem ao planeta, mas eles vêm embalados em isopor e filmeplástico. Você deixou de contribuir para a contaminação do lençol freático e a intoxicação do agricultor, uma vez que oalimento não possui agrotóxicos, mas joga na natureza materiais que demoram uma eternidade para se decompor. Paraser totalmente “verde”, seria preciso procurar feiras orgânicas, onde os produtores vendem diretamente para oconsumidor, sem as embalagens dos supermercados. Na falta de opções orgânicas, os alimentos da estação costumamser mais bonitos e gostosos. Se não se dispõe de uma listinha dos melhores meses para comprar cada produto, bastaobservar a oferta e o preço.

Outro fator que se deve avaliar é quanto o alimento viajou até chegar a sua casa. Quanto mais distante a origem, maispoluição provavelmente foi gerada no transporte. Selos de certificação indicam que alguma etapa da produção, ou oprocesso inteiro, passou por critérios de proteção ao meio ambiente ou à sociedade.

E seu bife? Ajuda a derrubar florestas? No Brasil, 70% das emissões de gases do efeito estufa são decorrentes dodesmatamento e das queimadas na Amazônia, segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Se 80%da carne produzida na Amazônia é consumida no próprio Brasil, o melhor é diminuir o consumo ou exigir que ossupermercados indiquem a procedência do alimento. Se comer carne contribui para o desmatamento, a forma mais“verde” de consumir proteína é a soja? Não. Uma pesquisa do Idec com 28 indústrias mostrou que 12 vendem produtoscom soja transgênica sem informar o consumidor. Plantações transgênicas podem pôr em risco o equilíbrio dosecossistemas e diminuir a biodiversidade.

A população brasileira se acostumou a fazer grandes compras de mês em épocas de inflação. Hoje, esse hábito resultaem desperdício de alimentos. Antes de sair de casa, fazer uma listinha com o que é preciso para a semana permiteevitar as compras por impulso. Nas refeições, convém preparar apenas o que a família vai consumir: alimentos emdecomposição liberam gás metano, um dos causadores do efeito estufa. Separar o lixo orgânico do reciclável e escolherprodutos com menos embalagem possível, contando caixa, sacos e saquinhos – de preferência, sem embalagem alguma,o que pode ser indício de menos produtos químicos –, também contribui.

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Carne vermelha Reduzir seu consumo contribui indiretamente para preservar o meio ambiente

Embalagens Para chegar até uma bolacha embalada individualmente e vendida numa caixa, épreciso abrir três pacotes. Não é demais?

Papo rápido >> Kate Geagan

Autora do livro Go green Get lean (Seja verde e fique magro, ainda sem tradução no Brasil)

Como manter a qualidade da refeição fazendo escolhas “verdes”? Kate Geagan – Isso é fácil! Pode ser muito saboroso e saudável comprar alimentos da estação e diminuir o consumode alimentos processados, focando na qualidade, e não na quantidade. Depois que mudei meus hábitos alimentares, em2007, descobri que cerca de 20% do total das emissões de gases que provocam o efeito estufa vem de nossaalimentação.

Como deve ser uma compra “verde” ou ecológica? Geagan – Certifique-se de que seu carrinho leva alimentos integrais, frescos, sem passar por muitos processosindustriais e de embalagem. Isso vai ajudá-lo a criar uma base de alimentação saudável e ecológica. Use as estaçõescomo parâmetro e prefira o que foi produzido perto de sua cidade. Isso não só ajudará o planeta, mas também vaiproporcionar uma grande variedade nutricional. Normalmente, uma pessoa ingere só 20 alimentos entre os inúmeros asua disposição.

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