comentario do novo testamento hebreus simon kistemaker editado

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  • COMENTRIO DO NOVO TESTAMENTO

    Hebreus

    SIMON KISTEMAKER

  • Caractersticas de cada Comentriodo Novo Testamento de WilliamHendriksen e Simon Kistemaker Uma introduo a cada livro do N T aborda data, autoria, questes gramaticais, etc. Os comentrios propriamente tm o objetivo de esclarecer para o pesquisador o sentido da passagem. Resumos ao final de cada unidade de pensam ento ajudam os que preparam aulas, palestras ou sermes a partir deste comentrio. Os esboos dos livros da Bblia apresentam a sua estrutura orgnica. Antes de cada diviso principal so repetidas as respectivas sees dos esboos. Os problemas tratados em notas de rodap perm item ao estudante continuar a sua pesquisa sem maiores interrupes, detendo-se onde e quando desejar para obter informaes adicionais. Poucos comentrios conseguem m anter consistente a sua linha teolgica como o fazem os com entrios desta srie. Essa coerncia teolgica d segurana ao pesquisador. A piedade dos com entaristas transparece em cada pgina, ao lado de sua erudio.Os textos no so ridos, mas denotam um profundo tem or de Deus. So comentrios altam ente inspiradores.

  • Hebreus

  • COMENTRIO DO NOVO TESTAMENTO

    Hebreus

    SIMON KISTEMAKER

  • Comentrio do Novo Testamento, Exposio de Hebreus 2003, Editora C ultura Crist. Originalm ente publicado em ingls com o ttulo The New Testament Commentary, The Exposition o f the Epistle to the Hebrews per Baker Books, um a diviso da Baker Book House Company, P.O. Box 6287, G rand Rapids, M I 49516-6287 Copyright 1990 by Simon Kistemaker. Todos os direitos so reservados.1 edio em portugus - 2003 3.000 exemplares

    Traduo Marcelo TolentinoReviso Claudete gua de Melo Ailton de Assis D utra

    Editorao Ailton de Assis D utraCapa Expresso Exata

    Publicao autorizada pelo Conselho Editorial:Cludio M arra {Presidente), Alex Barbosa Vieira,Andr Lus Ramos, M auro Fernando Meister,Otvio Henrique de Souza, Ricardo Agreste,Sebastio Bueno O linto, Valdeci Santos Silva

    ISBN; 85-86886-69-6CDITORfll CULTUnn CRISTnRua Miguel Teles Jnior, 382/394 - Cambuci 01540-040 - So Paulo - SP - Brasil Fone (0**11) 3207-7099 - Fax (0**11) 3209-1255 www.cep.org.br - [email protected] 0800-141963Superintendente: Haveraldo Ferreira Vargas Editor: Cludio Antnio Batista Marra

  • Lista de A breviaes................................................................................../P re f c io .........................................................................................................9In tro d u o ..................................................................................................11Comentrio Epstola aos H ebreus....................................................371. A superioridade de Jesus e sua funo como salvador e sumo sacerdote, parte 1 (1 .1-14).................................................................... 392. A superioridade de Jesus e sua funo como salvador e sumo

    sacerdote, parte 2 (2.1-18)....................................................................793. A superioridade de Jesus em relao a Moiss,parte 1 (3 .1-19)...................................................................................... 1194. A superioridade de Jesus em relao a Moiss,parte 2 (4 .1-13).............................................................................. ....... 1455. O sumo sacerdcio de Jesus (4.14-5.10)........................................ 1756. Exortaes (5 .11-6 .20)....................................................................... 2077. Jesus: Sumo sacerdote como Melquisedeque (7.1-28)................ 2578. Jesus: Sumo sacerdote e sacrifcio, parte 1 (8 .1 -13).................... 3019. Jesus: Sumo sacerdote e sacrifcio, parte 2 (9 .1 -28).................... 327

    10. Jesus; Sumo sacerdote e sacrifcio, parte 3 (10.1-18) e mais exortaes (10.19-39).......................................................................... 377

    11. Os heris da F (11.1-40).................................................................... 43112. Admoestaes e exortaes, parte 1 (12 .1 -29)............................. 50913. Admoestaes e exortaes, parte 2 (13 .1 -25)............................. 567

    B ib liog rafia ............................................................................................615ndice de au to res.................................................................................. 619ndice de textos b b lico s .....................................................................623

  • L ist a de A b r e v ia e s

    ASV American Standard VersionATR Anglican Theological ReviewBA Biblical ArchaeologistBauer Walter Bauer, W. E. Arndt, F. W. Gingrich, and Frederick Danker, A Greek-English Lexicon o f the New Testament, 2^ed.BASOR Bulletin o f the American Schools o f Oriental ResearchBF British and Foreign Bible Society, The New Testament, 2^ ed.Bib BiblicaBibLeb Bibel und LebenBov Jose M. Dover, Novi Testamenti Biblica Graeca et Latina 4 ed.BS Bibliotheca SacraCBQ Catholic Biblical QuarterlyCT] Calvin Theological JournalI Clem. First Epistle o f Clement (Primeira Epstola de Clemente)Dial. Justino Martir, Dialogue with TryphoEpid. Irineu, EpideixisEvQ Evangelical QuarterlyExpT Expository TimesGNB Good News BibleHeresies Irineu, Against HeresiesHTR Harvard Theological ReviewInterp InterpretationJBL Journal o f Biblical LiteratureJB Jerusalem BibleJETS Journal o f the Evangelical Theological SocietyJTS Journal o f Theological StudiesKJV King James VersionLB The Living Bible (A Biblia Viva)LCL Loeb Classical Library editionLXX SeptuagintaMerk Augustinus Merk, org. , Novum Testamentum Graece et Latine, 9 ed.MLB The Modern Language BibleMoffatt A Bblia: Uma Nova traduo feita por James Moffatt

  • 8 HEBREUS

    NABNASBNEBNes-AlNIDNTTNIVNKJVNovTNTSPhillips4Q FlorilegiumIQSaRefRRSVRvScotJTSBStThTalmudTBTDNTTRTyn H Bul TS TZ WHWTJZNWZPEBZTK

    New American BibleNew American Standard BibleNew English BibleEberhard Nestle, Kurt Aland , rev., Novum Testamentum Graece, 26* ed.New International Dictionary o f New Testament Theology New International Version New King James Version Novum Testamentum New Testament Studies The New Testament in Modem English Collection of biblical texts from Qumran Cave 4 (Compilao de textos bblicos da Caverna 4 de Qumran)Rule of the Congregation (serekh hayahad) from Qumran Cave 1 (Regra da Congregao da Caverna 1 de Qumran) Reformed Review Revised Standard Version Revised Version Scottish Journal o f TheologyH. L. Strack and R Billerbeck, Kommentar zum Neuen Testament aus Talmud und Midrasch Studia TheologicaThe Babylonian Talmud (O Talmude Babilnico)Tyndale BulletinTheological Dictionary o f the New Testament Textus Receptus: The Greek New Testament According to the Majority Text Tyndale House Bulletin Theological Studies Theologische ZeitschriftB. F. Westcott e Fenton Hort, The New Testament in the Original Greek Westminster Theological Journal Zeitschrift f r die Neuentestamentliche Wissenschaft Zondervan Pictorial Encyclopedia o f the Bible Zeitschrift f r Theologie und Kirche

  • P re fcio

    Q uando o Dr. W illiam H endricksen morreu, em janeiro de 1982, ele havia concludo com entrios da srie do Novo Testam ento sobre os quatro Evangelhos e sobre todas as epstolas de Paulo, exceto 1 e 2 Corntios. Ele havia se proposto o objetivo de escrever o m xim o de com entrios que pudesse.

    Eu recebi o desafio de continuar essa tarefa. Em bora meu estilo possa diferir um pouco do do Dr. Hendricksen, o form ato, o plano e o propsito so os m esmos de meu predecessor. M eu com entrio de Hebreus foi escrito para proveito tanto do pastor com o do leigo.

    O com entrio do texto , em si m esmo, livre de term os e expresses tcnicos, para que o leigo possa ler a explanao sem dificuldade. Para 0 estudante que conhece a lngua grega, coloquei as explicaes das palavras, frases e construes das palavras em grego na concluso de cada seo do texto.

    Declaraes introdutrias, com entrios das consideraes doutrinrias e um resum o fazem parte de cada captulo. Ao longo de todo o com entrio, o leitor encontra m uitos auxlios e aplicaes prticas. Por ltimo, um ndice bblico nas pginas finais de grande valor para um a referncia e consulta rpidas.

    Prim avera de 1984 Simon J. K istem aker

  • I n t r o d u o

  • ESBOO

    A. Quais so as caractersticas de Hebreus?B. Quem escreveu essa epstola?C. Qual a mensagem de Hebreus?D. Por que essa carta foi rejeitada nos primeiros sculos?E. Quando Hebreus foi escrita?F. Quem foram os primeiros leitores?G. Como Hebreus pode ser dividida?

  • Se h um livro do Novo Testam ento que exorta o cristo a perm anecer na f nos ltim os dias, a Epstola aos Hebreus. Essa epstola tem um a m ensagem especial para um a poca m arcada pela apostasia; ela se dirige ao crente que, ao defrontar-se com a descrena e a desobedincia, deve perm anecer firm e na f. A Carta aos Hebreus , ento, um a exortao fidelidade. A dm itindo-se que Hebreus ensina a superioridade de Cristo sobre os anjos, M oiss, Josu, Aro e M elquisede- que, as exortaes, que so livrem ente intercaladas entre as sees doutrinrias, determ inam o carter. As adm oestaes revelam o carinho e o profundo interesse do pastor-escritor.Constantem ente, ao longo da epstola, o autor im plora ao leitor para que perm anea fiel ao evangelho e no se desvie (2.1; 3.12; 4.11; 6.11,12; 10.22-25; 12.25). Ele enfatiza a responsabilidade com um ; Os irmos so exortados a cuidar para que nenhum crente se afaste do Deus vivo (3.12,13; 4.1,11). As conseqncias da queda so de fato inim aginveis, pois o escritor diz, horrvel coisa cair nas m os do D eus vivo (10.31).

    O escritor de Hebreus aconselha o crente a ouvir com obedincia a Palavra de D eus (4.2,3,6,12). Ele exorta os crentes a servirem a Deus de m odo agradvel, com reverncia e santo tem or (12.28). E conclui que o nosso D eus fogo consum idor (12.29) - caso essa exortao seja negligenciada.

    N um a poca em que a apostasia comum e o m istrio da iniqidade j opera , com o Paulo diz em 2 Tessalonicenses 2.7, a m ensagem de H ebreus extrem am ente relevante. Ns sim plesm ente no podem os ignorar o aviso que acom panha to grande salvao (2.3), porque no poderem os escapar se o fizerm os. Portanto, farem os bem em ouvir atentamente.

  • A. Q u a i s s o a s c a r a c t e r s t i c a s d e H e b r e u s ?M uitas tradues da B blia cham am H ebreus de a Epstola aos

    H ebreus . M as esse livro do Novo Testam ento realm ente um a epsto la? Se ns 0 com pararm os com as epstolas de Paulo, Tiago, Pedro, Judas e Joo, devem os dizer que no. A saudao, que com um nessas cartas - com a exceo de 1 Joo - , est ausente de H ebreus.1. Carta ou Epstola?

    Na prpria carta, no entanto, o escritor inclui algum as referncias conduta e s posses dos leitores (6.10; 10.32-34); e no captulo 13 ele se torna bem ntim o dos destinatrios. Ele cham a Tim teo de nosso irm o e m enciona que Tim teo, tendo sido liberto da priso, o acom panhar quando for visitar os leitores (13.23). A carta term ina com saudaes (13.24), e, portanto, com base nesse ltim o captulo, Hebreus na verdade um a carta.

    O com eo de H ebreus tem algo em com um com a Prim eira Epstola de Joo. Ambas tm um a introduo, que em vrios aspectos serve como um resum o dos captulos posteriores. O nom e do autor est ausente tanto de Hebreus quanto de 1 Joo. Tambm, um a m eno especfica dos destinatrios, saudaes e oraes esto faltando. Esses elem entos so caractersticos das outras epstolas do Novo Testamento.

    D izer que Hebreus um tratado, para se evitar o uso das palavras epstola ou carta, no de todo satisfatrio. Um tratado consiste de um a exposio ou discurso sobre um tpico, mas Hebreus ensina vrias doutrinas, intercalando-as com exortaes pastorais. Devem os adm itir que qualquer que seja a palavra que for usada para descrever esse livro do Novo Testam ento, a dificuldade perm anece. U m a soluo para o problem a cham ar o livro de Hebreus, com o algum as tradues recentes o fazem. No entanto, Hebreus em si m esmo um a das Epstolas gerais do N ovo Testamento.

    Como um a epstola, Hebreus sim ilar a alguns escritos de Paulo; contm doutrina e exortao. O costum e de Paulo, no entanto, apresentar a doutrina em prim eiro lugar e, no final da epstola, fazer as exortaes. Nesse aspecto, H ebreus diferente. O escritor m istura a

    14 HEBREUS

  • doutrina com a adm oestao pastoral; por exem plo, no m eio do ensino sobre a superioridade do Filho em relao aos anjos, o autor exorta o leitor a prestar m ais ateno Palavra de Deus (2.1-4).2. Pastoral ou doutrinria?

    Hebreus um a epstola pastoral ou doutrinria? Facilm ente podem os responder, am bas . M esm o assim , adm itim os que, apesar de tudo, o propsito do escritor de Hebreus fazer um a exortao pastoral aos destinatrios. Ele refora suas adm oestaes com doutrinas sobre a superioridade de Cristo, o sacerdcio, o pacto e a f.

    Em nenhum lugar em todo o Novo Testamento, exceto na carta aos Hebreus, as doutrinas do sacerdcio de Cristo e do pacto so explicadas. N s encontram os som ente um a passagem sobre o sacerdcio de C risto em R om anos 8.34, C risto Jesus quem m orreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual est direita de Deus e tam bm intercede por ns . Paulo sim plesm ente m enciona o trabalho intercessrio de Cristo, desse m odo indicando o seu sacerdcio. M as em todas as suas epstolas, Paulo abstm -se de escrever sobre essa doutrina. Em bora o treinam ento teolgico de Paulo inclusse a doutrina do pacto com o parte integral do ensino do A ntigo Testamento, ele m enciona a palavra pacto nove vezes (Rm 9.4; 11.27; IC o 11.25; 2Co 3.6,14; 01 3.15,17; 4.24; E f 2.12). Em Olatas 4.24 ele de algum a form a especfico: Estas coisas so alegricas; porque estas m ulheres so duas alianas; um a, na verdade, se refere ao m onte Sinai, que gera para escravido; esta Hagar. Ainda assim , nesse texto o tratam ento de Paulo muito limitado. O escritor de Hebreus, por outro lado, ensina as doutrinas do sacerdcio e do pacto com pletam ente.3. Revelao e inspirao

    O autor d ao leitor a revelao de Deus. Para ele, o autor principal da escritura, isto , o Esprito Santo, o mais im portante, pois Deus fala ao leitor por m eio da sua palavra. Assim, no o autor secundrio, mas Deus quem fala nas frases introdutrias feitas de citaes do Antigo Testamento. No captulo 1, Deus aquele que pronuncia as cita

    INTRODUO 15

  • es do.s Salm os, do Cntico de M oiss (Dt 32.43, LXX) e 2 Samuel 7.14. Com algum as variaes, a expresso D eus diz ocorre constantem ente (1.5-8,10,13; 2.12,13; 3.7; 4.3; 5.5,6; 7.21; 8.8; 10.5,15,17; 13.5). E, porque o autor secundrio de Hebreus no im portante para o escritor, seu prprio nom e tam bm foi omitido, talvez de propsito, nessa carta. Ao focalizar a ateno no Deus Trino com o o que fala, o autor ensina que a Escritura divinam ente inspirada. Ele no ouviu a voz do hom em , mas de Deus.

    E interessante, no entanto, que quando o autor faz citaes do Antigo Testam ento, ele usa a traduo grega (a Septuaginta) do texto hebraico. E essa traduo difere do original em alguns lugares. Aqui esto dois exem plos. Primeiro, o Salmo 8.5 tem: Eizeste-o um pouco m enor do que os seres celestiais [ou: Do que Deus] , e Hebreus 2.7 diz: Fizeste-o, um pouco [ou: Por um pouco], m enor que os anjos . Segundo, a redao do Salm o 40.6 : Sacrifcio e oferta no desejaste, mas furaste meus ouvidos . No entanto, Hebreus 10.5 d esta verso: Sacrifcio e oferta no desejaste, mas um corpo preparaste para m im .

    Por que o autor usou um a traduo que diferia do texto do Antigo Testam ento? Provavelm ente o autor no conhecia o hebraico, tinha aprendido as Escrituras na traduo grega e escreveu a leitores que usavam essa traduo. Isso significa que a cham ada traduo Septuaginta foi inspirada? Claro que no esse o caso. O texto hebraico do Antigo Testam ento, e no a traduo, foi inspirado por Deus. M as isso no significa que o escritor de Hebreus estivesse proibido de citar uma traduo, m esmo um a que apresentasse algum a variao. No entanto, no m om ento que o autor escreveu essa carta, a inspirao da epstola, incluindo as citaes do A ntigo Testamento, aconteceu. Guiado pelo E sprito Santo, o escritor estava livre para tom ar seu m aterial de um a traduo que diferia do texto hebraico; ele no tinha de corrigir a traduo para faz-la conform e a redao do hebraico original. Ele escreveu aos hebreus que estavam fam iliarizados com a Septuaginta, que, para eles, era a Bblia.4. O Antigo Testamento

    Ns que estam os acostum ados a ter exem plares da Bblia, no devem os pensar que assim tam bm o era com os leitores de Hebreus na

    16 HEBREUS

  • segunda m etade do sculo 1 . Cpias dos livros do Antigo Testam ento eram m antidas na sinagoga local e na igreja. E las eram usadas durante os cultos de adorao para a instruo do povo. M as o povo que ia aos cultos de adorao no possua esses livros. As pessoas guardavam a Palavra no corao e na m ente pela m em orizao dos salm os e hinos. Elas tam bm decoravam passagens messinicas do Antigo Testamento. Cantavam os bem conhecidos salm os e hinos na igreja ou em casa e recitavam versos especficos do A ntigo Testamento.O autor de Hebreus escolheu suas citaes cuidadosam ente. Por exem plo, no captulo 1, h cinco citaes de salm os conhecidos, uma do Cntico de M oiss e um a de um a passagem m essinica. O autor apela para a m em ria dos leitores e assim com unica a Palavra de modo claro e eficaz.5. Estilo

    U m a caracterstica decisiva de H ebreus a escolha das palavras, as sentenas equilibradas, o ritm o retrico do grego original e o excelente estilo. M esm o na traduo, o leitor de hoje percebe algo de m agnificente na habilidade literria do autor. Tome, por exem plo, a forte definio de f; Ora, a f a certeza de coisas que se esperam, a convico de fatos que se no vem (11.1). Ou analise o equilbrio desta sentena: Porque, se viverm os deliberadam ente em pecado, depois de term os recebido o pleno conhecim ento da verdade, j no resta sacrifcio pelos pecados; pelo contrrio, certa expectao horrvel de juzo e fogo vingador prestes a consumir os adversrios (10.26,27). O autor revela-se como um a pessoa instruda, que escolheu suas palavras cuidadosamente e que era totalm ente fam iliarizada com o ensino do Antigo Testam ento.

    B . Q u e m e s c r e v e u e s s a e p s t o l a ?Q uando Origines, o telogo do sculo 3, foi questionado sobre a

    autoria de H ebreus, disse: M as s D eus sabe com certeza quem escreveu a epstola. Ele disse isso em 225 d .C. Se os estudiosos no alvorecer da Era C rist no sabiam quem escreveu Hebreus, ns certam ente no sobressairem os a eles.

    INTRODUO 17

  • 1. Apoio claro que os eruditos tm sugerido possveis candidatos, mas eles

    recorrem a hipteses. M artinho Lutero, por exemplo, pensava que Apoio fosse 0 autor de Hebreus. Ele baseou sua hiptese em Atos 18.24-26, Nesse m eio tempo, chegou a Efeso um judeu, natural de A lexandria, cham ado Apoio, hom em eloqente e poderoso nas Escrituras. Era ele instrudo no cam inho do Senhor; e, sendo fervoroso de esprito, falava e ensinava com preciso a respeito de Jesus, conhecendo apenas o batismo de Joo. Ele, pois, com eou a falar ousadam ente na sinagoga. Ouvindo-o, porm , Priscila e quila, tom aram -no consigo e, com mais exatido, lhe expuseram o cam inho de D eus.

    Lutero enfatizou que A lexandria era um grande centro educacional, onde A poio aprendeu a se expressar com habilidade na lngua grega. Apoio usou a traduo Septuaginta do Antigo Testam ento porque a Septuaginta foi prim eiram ente pubhcada em A lexandria.

    Apoio fam iliarizou-se com a f crist, ouviu Paulo pregar em feso e foi instrudo no cam inho de Deus mais adequadam ente por Priscila e quila. Ele era poderoso nas Escrituras , ensinava com preciso a respeito de Jesus C risto e tornou-se um destacado pregador. Para M artinho Lutero, Apoio era o m ais qualificado para escrever a Epstola aos Hebreus.

    A hiptese de fato atraente e responde a vrias perguntas. No entanto, o silncio dos sculos revelador. Ns espervam os que C lem ente de A lexandria, em 200 d.C., dissesse algo sobre este assunto, m as ele om ite o nom e Apoio. Em vez disso, ele atribui H ebreus a Paulo.2. Paulo

    Foi Paulo o autor de Hebreus? Por sculos as pessoas tm aceito a autoria paulina dessa epstola. D esde a prim eira publicao da verso King Jam es em 1611, at hoje, m uitas pessoas tm tom ado o ttulo hteralm ente: A Epstola de Paulo o Apstolo aos Hebreus . M as na m argem de algumas Bblias dessa verso o leitor encontra: A utoria incerta, geralm ente atribuda a Paulo .

    18 HEBREUS

  • A incerteza da autoria paulina deriva da diferena entre as epstolas de Paulo e a de Hebreus. Com eando com a linguagem de Hebreus, ns vemos um a diferena distinta. N ada em Hebreus nos lem bra o estilo, a expresso, a escolha de palavras e o m aterial das cartas de Paulo. A linguagem de Hebreus sim plesm ente no a de Paulo.

    As doutrinas encontradas em Hebreus no encontram eco em qualquer das epstolas de Paulo. Geralm ente, nessas cartas, referncias cruzadas das doutrinas principais so evidentes. M as no assim em Hebreus. As doutrinas do sacerdcio de Cristo e do pacto so exclusivas de Hebreus, mas ausentes das cartas de Paulo.

    O uso dos nom es se referindo a Jesus, em Hebreus, difere dos de Paulo. Em suas prim eiras epstolas, Paulo refere-se ao Senhor com o Jesus Cristo, mas nas ltim as essa com binao invertida: Paulo usa Cristo Jesus. Ele dificilm ente escreve Jesus (2Co 11.4; Fp 2.10; ITs 4.14). O autor de Hebreus, por outro lado, cham a o Senhor repetidam ente pelo nom e de Jesus (2.9; 3.1; 4.14; 6.20; 7.22; 10.19; 12.2,24; 13.15). Trs vezes o autor de Hebreus usa a com binao Jesus Cristo (10.10; 13.8,21) e som ente um a vez ele diz Senhor Jesus (13.20). A Epstola aos Hebreus, no entanto, no tem a com binao Cristo Jesus.

    O ponto m ais significativo na considerao sobre se Paulo escreveu a Epstola aos Hebreus est relacionado com Hebreus 2.3. O escritor, que se inclui em sua advertncia para prestar ateno Palavra de Deus, diz, com o escaparem os ns, se neghgenciarm os to grande salvao? A qual, tendo sido anunciada inicialm ente pelo Senhor, foi-nos depois confirm ada pelos que a ouviram . Num a form a esquem tica, tem os a seguinte seqncia:

    Esta salvao que1. prim eiro foi anunciada pelo Senhor2. por aqueles que a ouviram3. foi confirm ada para ns

    Pode-se tirar da a concluso de que o escritor no tinha ouvido o Senhor pessoalm ente, mas teve de confiar no relatrio de outros. Paulo, logicam ente, afirm a categoricam ente que ele no recebeu o evangelho de nenhum a outra pessoa, mas de Jesus Cristo (01 1.12). Paulo ouviu a voz de Jesus na estrada de Dam asco (A t 9.4; 22.7; 26.14). E

    INTRODUO 19

  • Jesus falou-lhe posteriorm ente (At 18.9,10; 22.18-21). Paulo, portanto, no poderia ter escrito as palavras de Hebreus 2.3.3. Barnab

    Tertuliano, em torno de 225 d.C., sugeriu que Barnab era o escritor de Hebreus. Ele fez essa afirm ao baseado nas credenciais de Barnab dadas em Atos 4.36,37: Jos, a quem os apstolos deram o sobrenome de Barnab, que quer dizer filho de exortao, levita, natural de Chipre, com o tivesse um cam po, vendendo-o, trouxe o preo e o depositou aos ps dos apstolos. Com o um levita, Barnab era totalm ente fam iliarizado com o sacerdcio levtico. Alm disso, ele tinha vindo da ilha de Chipre, onde provavelm ente aprendeu bem a lngua grega. Ele estava fam iliarizado com a igreja e suas necessidades. Assim, ele era em inentem ente qualificado para escrever a Epstola aos Hebreus, de acordo com Tertuliano. O ponto fraco dessa posio que no tem encontrado nenhum apoio na histria do cnon. Tertuliano no conseguiu nenhum seguidor e sua sugesto tem sido vista com o um a curiosidade,4. Priscila

    o ltim o nom e que tem sido proposto para resolver a questo da autoria o de Priscila. Ela, juntam ente com seu esposo quila, instruram A poio (At 18.26). M as Priscila no podia ter escrito Hebreus porque no original grego de H ebreus 11.32, o escritor usa um particpio com um a term inao m asculina quando se refere a si mesmo: C ertam ente me faltar tem po para referir o que h a respeito de G ideo....

    Qual a concluso do assunto? Ns sim plesm ente dizem os com Origines, M as quem escreveu a epstola, certam ente s Deus sabe . Em ltim a anlise, a autoria no importante. O contedo da epstola o que im porta.

    C . Q u a l a m e n s a g e m d e H e b r e u s ?U m a rpida olhada na E pstola aos Hebreus diz aos leitores que seu

    contedo reforado por vrias citaes do Antigo Testam ento; em

    20 HEBREUS

  • seguida, o autor exorta constantem ente o leitor de m odo pastoral, e, finalm ente, o desenvolvim ento da parte doutrinria segue um a seqncia lgica. Ns com eam os nossa anlise do contedo com um a discusso das citaes do Antigo Testam ento em Hebreus.1. Citaes do Antigo Testamento

    As estim ativas do nm ero de citaes diretas na Epstola de Hebreus variam. Por exem plo, alguns estudiosos contam todas as citaes diretas e to talizam 36. Outros encontram 24 citaes diretas do Antigo Testam ento e acrescentam mais cinco passagens que so usadas verbalm ente, em bora no sejam form alm ente citadas . Eles reconhecem 29 citaes.^

    E m bora entendam os que o autor de Hebreus no tinha de fornecer afirm aes introdutrias para cada citao do Antigo Testam ento, ns ainda pensam os que um a citao direta aquela com um a frm ula introdutria. Encontram os 26 citaes e acrescentam os mais cinco que no tm introduo. Isso totaliza 31 passagens.

    O Saltrio era o livro favorito do escritor de Hebreus. U m tero de suas citaes vem do Livro de Salmos. A m aioria delas est localizada em H ebreus 1. Um a citao vem do Hino de M oiss, Deuteronm io 32, na verso da Septuaginta.

    Citaes Diretas

    INTRODUO 21

    A ntigo Testamento Hebreus1. Salm o 2.7 1.5a; 5.52. 2 Sam uel 7.14 1.5b3. D euteronm io 32.43 1.6b4. Salm o 104.4 1.75. Salm o 45.6,7 1.8,9

    1. Celaus Spicq, L ptreaux Hbreux, 2 vols. (Paris: Gabalda, 1952), vol. 1, p. 331.2. B. F. Westcott, Commentary o f the Epistle to the Hebrews (Grand Rapids: Eerdmans, 1950), pp. 469-474.

  • 22 HEBREUS

    6. Salm o 102.25-27 1.10-127. Salm o 110.1 1.138. Salm o 8.4-6 2.6-8a9. Salm o 22.22 2.1210. Isaas 8.17 2 .1 3 al l . I s a a s 8.18 2.13b12. N m eros 12.7 3.2,513. Salm o 95.7-11 3.7-1114. G nesis 2.2 4.415. Salm o 110.4 5.6; 7.17,2116. G nesis 22.17 6.1417. G nesis 14.17-20 7.1,218. xodo 25.40 8.519. Jerem ias 31.31-34 8.8-1220. xodo 24.8 9.2021. Salm o 40.6-8 10.5-722. D euteronm io 32.35a 10.30a23. D euteronm io 32.36a; Salm o 135.14a 10.30b24. Isaas 26.20; Habacuque 2.3,4 10.37,3825. Gnesis 21.12 11.1826. Provrbios 3.11,12 12.5,627. xodo 19.12,13 12.2028. D euteronm io 9.19 12.2129. Ageu 2.6 12.2630. D euteronm io 31.6 13.531. Salm o 118.6 13.6O escritor de Hebreus prende a ateno de seus leitores ao citar passagens fam iliares do Antigo Testam ento. Essas passagens aparente

    m ente haviam sido m em orizadas pelos leitores; assim , quando eles ouviam a Epstola aos Hebreus sendo lida para eles no culto pbhco, podiam estabelecer um a relao com o contedo. As escrituras do A ntigo Testam ento, portanto, foram de grande im portncia para o autor e para os leitores dessa epstola. Nas palavras do escritor, ...a palavra de Deus viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gum es... (4.12). E essa Palavra foi citada, m encionada e usada em Hebreus, mais do que em qualquer livro do Novo Testamento.

  • 2. Admoestaes pastoraisR epetidam ente o autor adm oesta seus leitores a que nos apegue

    mos, com m ais firm eza Palavra de Deus (2.1). E le cham a essa palavra pregada aos israelitas no deserto de as boas-novas (4.2), e afirm a que esse povo rebelde m orreu no deserto porque falhou em unir a Palavra que tinha ouvido, com a f.

    A epstola predom inantem ente pastoral? Ou doutrinria? C olocando de um a outra form a, a questo se as adm oestaes do autor resultam em ensino teolgico ou, vice-versa, se as doutrinas levam a adm oestaes. Se olharm os para as inm eras passagens que exortam os leitores, ns vemos um a considervel consistncia no processo. O autor escreve pastoralm ente e encoraja os hebreus a perm anecerem fiis a Deus e sua Palavra. Tende cuidado, irmos, jam ais acontea haver em qualquer de vs perverso corao de incredulidade que vos afaste do Deus vivo (3.12). Essa adm oestao a chave para entender o interesse pastoral do escritor. bsica s advertncias que precedem e se seguem. A seguir, algum as adm oestaes que com pem o contedo da Epstola aos Hebreus:

    2.1-4 ... im porta que nos apeguem os, com mais firm eza...3.1 Porisso, santos irmos... considerai atentamente... a Jesus3.12-19 Tende cuidado...4.1-3 Tem am os, portanto... 4.11 Esforcem o-nos, pois...4.14-16 ...conservem os firm es a nossa confisso6.1-3 ...deixem o-nos levar para o que perfeito ...6.11,12 Desejamos, porm, continue cada um de vs mostrando,

    at ao fim, a m esm a diligncia...10.19-39 ...aproxim emo-nos, com sincero corao...12.1-28 Portanto... desem baraando-nos de todo peso...13.1-25 Seja constante o am or fraternal

    INTRODUO 23

    3. F, W. Grosheide, De B rie f aan de Hebreeen en de Brief van Jakobus (Kmpen: Kok, 1955), p. 43.

  • O apelo do escritor chega ao leitor num a fraseologia m arcada pelas repeties. A m ensagem clara; M antenha a f, seja obediente, perm anea firm e, v a Deus e afirme a sua salvao. O autor adverte o leitor sobre o pecado da descrena, que no final faz sua cobrana e acaba em apostasia.

    A m edida que o escritor exorta, ele tam bm ensina. Ele expressa seu interesse em que os leitores obedeam Palavra de Deus, e assim ele os exorta. Ele tam bm quer que seus leitores conheam a Palavra, e assim os ensina.3. Seqncia doutrinria

    Nos prim eiros versculos de sua introduo (1.1,2), o autor defm e a extenso e am plitude da Palavra de Deus; Na poca do Antigo Testamento, Deus falou por m eio de seus profetas; no N ovo Testam ento, ele falou por m eio de seu Filho. Ele esperava que seu povo obedecesse sua Palavra quando lhes foi com unicada pelos anjos (2.2), pois a desobedincia resultou em ju sta punio . Quanto mais, ento, deve o povo da poca do Novo Testam ento obedecer Palavra de Deus que foi proclam ada no por anjos, m as pelo Filho de Deus. E o filho muito superior aos anjos, porque ele o Profeta que falou a Palavra (1.2), o Sacerdote que fez a purificao dos pecados (1.3) e o Rei que assentou-se direita da M ajestade, nas alturas (1.3). Alm do mais, este Profeta, que Sacerdote e Rei tambm, exige com pleta obedincia Palavra que proclam a salvao (2.3).

    A superioridade do Filho de D eus em relao aos anjos proclam ada em form a de salm o e cntico. Os escritores dos salmos e hinos descrevem o Filho com o Rei, Deus, Criador e aquele cujos anos jam ais tero fim (1.12). Distinto dos anjos, o Filho tom ou sobre si m esm o a natureza hum ana (2.14) e no se envergonha de cham ar seu povo de irm os e irms, pois ele e eles pertencem m esm a fam lia (2.11,12). Por causa dessa identidade com seus irm os e irms, Jesus tornou-se o seu misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a D eus, e assim ele fez propiciao pelos pecados do povo. (2.17). Por essa razo, diz o escritor de H ebreus, eu vos exorto a considerar atentam ente o A pstolo e Sum o Sacerdote da nossa confisso, Jesus (3.1).

    24 HEBREUS

  • Jesus m aior do que M oiss. M oiss foi um servo fiel na casa de Deus; Jesus um filho fiel sobre a casa de Deus (3.5,6). No tem po de M oiss, os israelitas recusaram -se a obedecer Palavra de Deus e, conseqentem ente, pereceram no deserto (3.17). O crente de hoje exortado a ouvir ao evangelho e a esforar-se para entrar no descanso que Deus prom eteu (4.3,6,11). Receba a palavra viva e ativa de Deus no corao, aconselha o autor, porque pode ser com parada com um a espada de dois gum es (4.12).

    E tam bm , Jesus bem m aior do que Aro. Aro era um sumo sacerdote, mas um pecador; Jesus o sumo sacerdote maior, e sem pecado (4.14,15; 5.3). Jesus se tornou sumo sacerdote segundo a ordem de M elquisedeque (5.10). Os leitores deveriam saber desse fato ao pesquisar as escrituras. Portanto, o autor de H ebreus os reprova por sua indolncia (5.11-13). Ele os exorta a avanar nos ensinos de Cristo (6.1); a recusa a avanar leva m orte espiritual (6.4, 8). Ele encoraja os crentes com a segura palavra de que Deus verdadeiro em suas prom essas. Deus confirm a a prom essa com um juram ento, assim a sua palavra im utvel (6.17,18).

    O escritor m ostra aos leitores das Escrituras do Antigo Testam ento que Jesus, pertencente ao sumo sacerdcio segundo a ordem de M elquisedeque, superior aos sacerdotes levticos (cap. 7). Os sacerdotes na ordem aranica eram designados pela lei, eram pecadores e estavam sujeitos m orte (7.23,27,28). Q uando Deus jurou, Jesus tornou-se sacerdote e assim indicou a im utabilidade de seu ofcio sacerdotal (7.21). E le sem pecado e sacerdote para sempre.

    Jesus sacerdote-rei, mas ele no serve num tabernculo; ele foi servir no tabernculo levantado pelo Senhor, no por hom em (8.2, ver tam bm 9.11,24). N esse L ugar Santssim o ele obteve redeno eterna para seu povo e l ele serve com o o m ediador de um a nova aliana (9.15). C risto ofereceu-se a si m esm o de um a vez por todas e assim aperfeioou para sem pre quantos esto sendo santificados (10.14) e tm a lei da nova aliana no prprio corao e escrita na prpria m ente.

    A segunda parte da ep sto la com ea com 10.19 e to ta lm en te pastoral. O escrito r encoraja os leitores a se aproxim arem de D eus , a se encontrarem para a adorao e esp era ro dia vindouro (10.22,25). M ais um a vez ele enfatiza que o pecado deliberado no pode ser

    INTRODUO 25

  • perdoado (6 .4-6 ; 10.26-29). O resu ltado do pecado vo lun trio que se cair nas m os do D eus v ivo (10.31).O captulo 11 um a considerao dos heris da f descrita no A n ti

    go Testam ento. O autor foi seletivo e devota a m aior parte da discusso a Abrao, o pai dos crentes (11.8-19). Ele exorta os leitores a fixarem sua ateno em Jesus, o Autor e Consum ador da f (12.2), a fortalecer suas m os descadas e os joelhos trpegos (12.12) e a seguir a paz com todos e a santificao (12.14). O captulo 12 conclui com um a exortao a que sirvam os a Deus de m odo agradvel, com reverncia e santo tem or (12.28). O ltim o captulo de Hebreus um a srie de exortaes conclusivas com um a bno eloqente (13.20,21) e saudaes pessoais (13.22-25).

    D . P o r q u e e s s a c a r t a f o i r e j e i t a d a NOS p r i m e i r o s SCULOS?

    1. Sculo PA histria da Epstola aos Hebreus na igreja crist dos prim eiros

    sculos bem variada. A carta foi aceita no Ocidente e citada por C lem ente de Rom a em sua epstola, conhecida com o 1 Clem ente, para a igreja de Corinto. Prim eira C lem ente foi escrita aproxim adam ente em 96 d.C. e contm segm entos de H ebreus (ver especialm ente 1 Clem ente 36.1-5; 17.1,5; 19.2; 27.2; 43.1; 56.2-4). O uso que Clem ente fez de Hebreus na ltim a dcada do sculo P suficiente evidncia de que a Epstola aos Hebreus circulava am plamente.2. Sculo 2^

    Irineu, em aproxim adam ente 185 d.C., citou Hebreus. Ele era bispo das igrejas de Viena e Lion no sul da Frana. Tertuliano, um escritor norte-africano que morreu em 225 d.C., citou Hebreus 6.4-8. Ele introduz a longa citao assim:

    Pois ainda h algum existente da Epstola de Hebreus sob o nome deBarnab - um homem suficientemente autorizado por Deus... Advertin-

    26 HEBREUS

  • do, apropriadamente, os discpulos a abandonarem todos os primeiros princpios, e a buscarem a perfeio, e no lanar os fundamentos de arrependimento com base nas obras dos mortos....A igreja do O cidente (Itlia, Frana e frica), durante a ltim a parte

    do sculo 2-, tinha restries sobre o lugar de Hebreus no cnon do Novo Testam ento. Por exem plo, a lista dos livros do Novo Testam ento conhecida com o Cnon M uratoriano, que presum ivelm ente data de 175 d.C., no inclui a Epstola aos Hebreus.

    A razo para essas reservas pode ser encontrada nas controvrsias dos sculos 2 e 3. Em 156 d.C., M ontano, um autoproclam ado telogo da sia M enor, praticava o ascetism o e esperava que seus seguidores vivessem um a vida de santidade. Ele aphcava Hebreus 6.4-6 em todos os que cediam aos interesses m undanos e assim negava a essas pessoas a possibilidade de arrependim ento. Ento, em 250 d.C., o im perador D cio instigou um a perseguio contra os cristos, m uitos dos quais, sob presso, negaram a f crist. Novatiano, natural da Frigia, na sia M enor, usou Hebreus 6,4-6 contra todos os cristos que tinham cado por causa dessas perseguies. N ovatiano era da opinio de que era impossvel que eles se arrependessem; eles foram excludos da igreja e tiveram sua readm isso negada. A aplicao dessa passagem da E scritura no rigoroso m odo dos M ontanistas e N ovatianos no foi aprovada pela igreja. Por causa desses movimentos cismticos e o seu abuso dessa passagem em particular, a Epstola aos Hebreus no foi colocada entre os livros cannicos do Novo Testam ento no Ocidente.3. Sculo 3^

    A igreja do Oriente (Egito e Sria), no entanto, aplicou a regra que para um livro do Novo Testam ento ser cannico ele tinha de ser apostlico. A Epstola aos Hebreus era considerada como tendo sido escrita por Paulo, que era um apstolo, e, portanto, foi aceita com o livro cannico. J em 175 d.C., Panteno disse que Paulo havia om itido seu

    INTRODUO 27

    4. Tertuliano, On Modesty, Ante-Nicene Fathers (Grand Rapids: Eerdmans, 1965), vol. 4, cap. 20, p. 97.

  • nom e na epstola por vrias razes: Sua m odstia, seu respeito pelo Senhor e a grande quantidade de escritos de sua autoria. Em bora essas razes no sejam convincentes, elas indicam que Panteno guardava no corao um certo grau de desconforto sobre a autoria Paulina.

    Seu sucessor. Clem ente de Alexandria, em aproxim adam ente 200 d.C., expressa o m esm o desconforto.

    E quanto Epstola aos Hebreus, [Clemente] diz que de fato de Paulo, mas que foi escrita para os hebreus na lngua hebraica, e que Lucas, tendo-a traduzido cuidadosamente, publicou-a para os gregos....As [palavras] Paulo um apstolo no foram colocadas propositadamente. Pois ele diz, ao escrever aos hebreus, que tinham desenvolvido um preconceito contra ele e desconfiavam dele, ele ento muito sabiamente no os repeliu ao no colocar seu nome no comeo.Um m anuscrito do papiro A lexandrino, listado com o P e datado

    de aproxim adam ente 200 d.C., coloca a Epstola aos Hebreus entre as de Paulo. De fato, Hebreus vem depois de Rom anos e antes de 1 C orntios. E Atansio, bispo de Alexandria, escreve em 367 d.C. sobre H ebreus e a coloca entre 2 Tessalonicenses e 1 Timteo.

    N a igreja Ocidental, Hebreus foi finalm ente aceita no sculo 4-. A lguns eruditos atribufam-na a Paulo, mas outros duvidavam que Paulo fosse o autor. D e qualquer form a, os conclios desse sculo colocaram H ebreus no cnon. O Concilio de Hippo Regius, em 393 d.C., fornece essa interessante observao: Treze epstolas de Paulo, e uma do mesmo aos Hebreus . E o Concilio de Cartago, em 397 d.C., inclui Hebreus entre as epstolas de Paulo e simplesmente atribui catorze epstolas a Paulo.

    E . Q u a n d o H e b r e u s f o i e s c r i t a ?Por causa de 1 Clemente, ns podem os dizer que Hebreus foi com

    posta antes de 96 d.C. Nesse ano. Clem ente de Rom a escreveu sua epstola igreja de Corinto e incorporou algum as citaes e aluses de

    28 HEBREUS

    5. Eusbio, Ecclesiastical History, 6.14.4 (LCL).6. Eusbio, Ecclesiastical History, 6.2,3 (LCL).

  • Hebreus sua epstola. O limite externo da data da Epstola aos Hebreus certo: Em algum a data antes de 96 d.C. Determ inar um ponto de partida para a com posio da epstola difcil.1. Evidncia intema

    Em Hebreus 2.3, o autor coloca-se entre os leitores com o um a segunda gerao de cristos. Isto , ele no havia ouvido o Evangelho dos lbios de Jesus, mas, jun to com os leitores, tinha de confiar na pregao daqueles que tinham ouvido a Jesus. O autor, ento, era um seguidor dos apstolos, m uitos dos quais podiam ainda estar vivos na poca da com posio da epstola. Vrias passagens em Hebreus refletem um tempo no qual o am or ardente dos cristos por Cristo tinha dim inudo e o entusiasm o do perodo anterior tinha desaparecido.

    Os leitores de Hebreus estavam em perigo de desviarem -se do evangelho que tinham ouvido (2.1). Alguns deles podiam correr o risco de serem endurecidos pela falsidade do pecado (3.13). Alguns tinham o hbito de no m ais irem aos cultos (10.25). Outros eram vacilantes no zelo espiritual (12.12).

    O autor censura os leitores por terem falhado em aprender as doutrinas da Escritura. Pois, com efeito, quando deveis ser mestres, atendendo ao tem po decorrido, tendes, novam ente, necessidade de algum que vos ensine, de novo, quais so os princpios elem entares dos orculos de D eus... (5.12). Tam bm seus lderes tinham m orrido (13.7).

    Nos prim eiros dias, os leitores tinham resistido perseguio depois de terem recebido a luz (10.32). Eles tinham experim entado sofrim entos, insultos e confisco de suas propriedades (10.34). O autor no fornece um a indicao a respeito da poca em que a perseguio aconteceu. Em bora sejam os inclinados a pensar no tempo depois do incndio de Roma, em 64 d.C. - depois do qual as perseguies de Nero foram instigadas - , o autor no diz nada mais do que lembrem- se daqueles prim eiros dias .

    As freqentes exortaes - a prestar ateno (2.1), ao encorajam ento m tuo (3.13), perseverana (10.36), a correr com perseverana (12.1) e a resistir ao pecado (12.4) - deixam a im presso de que os destinatrios da epstola viveram num perodo de paz religiosa. Eles parecem

    INTRODUO 29

  • no estar m ais sofrendo pelo fato de serem cristos, com o nas ocasies anteriores. E por causa dos tempos de paz, um deslize religioso tornou- se um a am eaa distinta s pessoas s quais Hebreus foi endereada.2. Ambiente histrico

    Se olharm os o am biente histrico da segunda m etade do sculo 1, ns perceberem os que Nero tomou posse do trono im perial em 54 d.C. Um a dcada m ais tarde, as perseguies contra os cristos com earam ; elas duraram at que Nero com eteu suicdio em 68 d.C. No perodo de um ano, em rpida sucesso, Galba, Otho e Vitellio reinaram sobre o Im prio Romano. M as, em 69 d.C., Vespasiano, que na poca era um general do exrcito rom ano que guardava a cidade de Jerusalm , tor- nou-se imperador. E le am ava a paz e a estabilidade; era um hom em virtuoso, reto em carter. Durante o seu reinado de dez anos, a paz voltou s regies sobre as quais ele dom inava no m undo de ento, e, conseqentemente, as perseguies contra os cristos pararam.

    Tito, o filho de Vespasiano, que tom ou o lugar de seu pai como general do exrcito na Judia, tam bm seguiu em seus passos com o im perador em 70 d.C. O seu breve reinado de dois anos foi m arcado pelo m esm o desejo por paz e tranqilidade. Quando o irm o de Tito, Dom iciano, com eou a reinar sobre o im prio em 81 d.C., o curso de paz estabelecido por Vespasiano e continuado por Tito durou mais um a dcada. No final do seu reino, Dom iciano iniciou perseguies que podem ter causado o exlio de Joo para a ilha de Patm os (Ap 1.9).

    A H istria confirm a que um declnio do fervor religioso ocorre mais freqentem ente num perodo de paz e prosperidade do que em tempos de perseguio e presso. Eu me aventuro a dizer que a Epstola de Hebreus reflete um perodo de prolongada paz, durante o qual os cristos tinham relaxado espiritualm ente. O escritor da epstola, ento, sentiu- se obrigado a escrever palavras de exortao e de ocasional repreenso. A sua referncia perseguio que os leitores tinham enfrentado naqueles dias pode referir-se perseguio de Nero nos anos de 64-68d.C. A epstola provavelm ente foi escrita no com eo dos anos 80.

    30 HEBREUS

    7. Michael Grant, The Twelve Caesars (Nova York: Scribners, 1975), p. 219.

  • 3. Contexto religiosoNo entanto, um a considerao m uito m ais im portante est relacio

    nada argum entao do autor sobre o sumo sacerdcio de Cristo. Q uando o escritor est para discutir o tpico de Jesus com o sumo sacerdote na ordem de M elquisedeque, ele diz que esse assunto difcil de explicar, porquanto tendes tornado tardios em ouvir (5.11). A palavra difcil tem ecos que ressoam na com unidade hebraica. Para o judeu, o sacerdcio aranico era sacrossanto, porque Deus o tinha ordenado por lei (7.11,12). N enhum judeu teria coragem de sugerir que o sacerdcio levtico deveria ser revogado por sua fraqueza e inutilidade (7.18) e declarar que a lei nunca aperfeioou coisa algum a (7.19). Se dissesse to dura coisa, ele traria a ira e a indignao da com unidade hebraica sobre sua cabea.

    O fato de que o autor da epstola escreve ousadamente sobre colocar de lado o sacerdcio levtico pode ser m elhor entendido quando ns colocamos a poca da composio uma dcada ou mais depois da destruio do tem plo e o fim do sacerdcio aranico. O escritor, portanto, tinha a liberdade expressar-se sobre esse assunto sem incorrer na ira do povo judeu. Talvez essa seja um a das razes pelas quais os outros escritores do Novo Testamento tenham se abstido de discutir o sacerdcio de Cristo. Por exemplo, apesar do voto de purificao que Paulo fez para m ostrar aos judeus em Jerusalm que ele estava vivendo em obedincia lei (At 21.22-26), ele foi acusado de ensinar doutrinas contra o povo judeu, a lei e o tem plo (At 21.28). O que Paulo no pde fazer a respeito do sacerdcio, o escritor de Hebreus foi capaz de fazer, num tempo em que o sacerdcio e a lei, que dizia respeito ao mesmo, pertenciam ao passado.Em nenhum lugar na Epstola de Hebreus ns encontram os qualquer m eno ao templo em Jerusalm . O escritor discute o tabernculo e o sacerdcio dos quarenta anos no deserto. Porque ele no faz qualquer referncia ao tem plo ou destruio de Jerusalm , ele pode sugerir que os servios sacerdotais tinham term inado. E, por essa razo, ele volta a sua ateno para os estgios iniciais do sacerdcio levtico e a construo do tabernculo.

    A concluso dessas observaes que no improvvel a data de Hebreus um a dcada depois da destruio do templo de Jerusalm e do fim do sacerdcio. Talvez Hebreus tenha sido composta entre 80 e 85 d.C.

    INTRODUO 31

  • R Q u e m f o r a m o s p r i m e i r o s l e i t o r e s ?Os receptores da Epstola aos Hebreus eram judeus cristos. Onde

    estes Hebreus viviam, o autor no diz. Se ele tivesse dado algum a indicao do lugar de destino da epstola, ns no precisaram os trabalhar com um a hiptese. M uitos lugares foram sugeridos: Jerusalm , a com unidade de Qum ran perto do M ar M orto, Alexandria, Rom a - s para m encionar alguns.1. Israel

    Se ns aceitarm os um a data de com posio depois de 70 d.C., autom aticam ente Jerusalm e a com unidade de Qum ran so excludas. D epois que os rom anos destruram a cidade de Jerusalm , eles finalm ente renom earam -na A elia Capitolina e proibiram os judeus de se reestabe- lecerem l. Tambm, a com unidade de Qum ran se m udou durante os anos da ocupao romana.2. Alexandria

    Os estudiosos que dizem ser A lexandria o lugar onde os hebreus viviam, baseiam as suas suposies no fato de que Alexandria, por sculos, tinha sido o lar de m uitos judeus. A Septuaginta originou-se ali para ajudar os judeus de fala grega a ler as Escrituras. E, de acordo com Atos 18.24, A lexandria era o lugar de onde Apoio veio. M as nenhum escrito r dos prim eiros sculos testifica sobre o endeream ento a A lexandria e a autoria de Apoio. Precisam os procurar por outros lugares com o destino.3. Roma

    M uitos fatores apontam para Roma. A saudao final da epstola m enciona a Itlia. Os da Itha vos sadam (13.24). Considerando que a preposio da pode ser interpretada significando em - isto , aqueles que esto na Itlia vos sadam - o significado co m u m /o ra

    32 HEBREUS

  • da Itlia parece ser preferido. Os cristos da Itlia que estavam fora de sua terra transm item saudaes aos seus amados na Itlia, presum ivelmente Roma.

    O escritor de Hebreus enderea a sua carta m esm a congregao que recebeu a carta de Paulo aos Romanos? No necessariamente. Muitas congregaes floresceram na cidade im perial diante rpido com eo da igreja em Roma. (Por exemplo, os arquelogos descobriram um a inscrio funerria em Rom a que tem o nome de um a senhora crist, conhecida com o Pom ponia Grecina, que foi enterrada em 43 d.C.) Ns entendem os que no curso do tem po a igreja continuou a crescer em nmero. O autor de Hebreus faz um a distino entre lderes e povo quando ele escreve, Saudai todos os vossos guias, bem com o todos os santos (13.24). Ele parece deixar a im presso que enderea a sua epstola para um a congregao em particular em Roma.

    C lem ente de R om a citou a epstola logo depois que ela foi escrita. Em bora a carta pudesse ter sido com posta em algum outro lugar e logo trazida a Rom a, um a carta endereada aos hebreus em R om a circularia pelas congregaes naquela cidade e, assim , estaria disponvel para C lem ente.

    E, por ltim o, os judeus eram muito num erosos na cidade im perial, como afirm am os historiadores rom anos, assim com o Flavio Josefo. Uma inscrio com a palavra Hebreus, datando do sculo 2 d.C ., foi encontrada em Roma.

    Ns nos sentim os confortveis com a escolha de Roma, em bora adm itam os que podem os apenas usar a hiptese. E, no entanto, os fatos acum ulados parecem apontar para essa escolha. Talvez a inteno do autor de Hebreus em om itir o lugar de destino pode ter sido para indicar que a sua epstola tem um a m ensagem para a igreja universal. Especialm ente em nossos dias, nos quais ouvimos a expresso o fim dos tempos repetidam ente, a m ensagem da Epstola aos Hebreus muito relevante.

    G. C o m o H e b r e u s p o d e s e r e s q u e m a t i z a d a ?Um esquem a conciso de Hebreus pode ser facilm ente m em orizado

    com os sete pontos seguintes:

    INTRODUO 33

  • 1.1-4 1. Introduo1.5-2.18 2. Jesus superior aos anjos3.1-4.13 3. Jesus maior que Moiss4 .14-7.28 4. Jesus o sumo sacerdote maior8.1-10.18 5. Jesus o mediador de uma nova aliana10.19-12.29 6. A obra de Jesus aplicada pelo crente13.1-25 7. ConclusoA seguir, um esquema mais detalhado:1.1-2.18 A superioridade de Jesus e sua funo como salvador e sumo sacerdoteA. Introduo 1.1-4B. Jesus superior aos anjos 1.5-14C. Jesus, salvador e sumo sacerdote 2 .1-183.1-4.13 A superioridade de Jesus em relao a MoissA. Uma comparao entre Jesus e Moiss 3 .1-6B. Uma advertncia contra a descrena 3 .7-19C. Um convite para entrar no descanso de Deus 4.1-134.14-5 .10 O sumo sacerdcio de JesusA. Encorajamento para os leitores 4.14-16B. Capacitao do sumo sacerdote 5 .1-3C. Cumprimento do ofcio sumo sacerdotal 5 .4-105.11-6.20 ExortaesA. No se desviem 5.11-6.12B. Firmes na promessa de Deus 6 .13-207.1-28 Jesus: Sumo sacerdote como MelquisedequeA. Melquisedeque, rei e sacerdote 7 .1-10B. O sacerdcio superior de Melquisedeque 7.11-19C. O sacerdcio superior de Cristo 7.20-288.1-10.18 Jesus: Sumo sacerdote e sacrifcioA. O santurio celestial 8.1,2B. Jesus o mediador 8 .3-6

    34 HEBREUS

  • C. A nova aliana de Deus 8.7-13D. O santurio terreno 9.1-10E. O sangue sacrificial de Jesus 9.11-28F. O sacrifcio eficaz de Jesus 10.1-1810.19-39 Mais exortaesA. Uma exortao a perseverar 10.19-25B. Uma advertncia a prestar ateno 10.26-31C. Um lembrete para continuar 10.32-3911.1-40 Os heris da fA. Uma definio de f 11.1-3B. Trs exemplos de f: Abel, Enoque e No 11.4-7C. A f de Abrao 11.8-19D. A f de Isaque, Jac e Jos 11.20-22E. A f de Moiss 11.23-29F. F em Jeric 11.30,31G. Heris da f conhecidos e desconhecidos 11.32-4012.1-13.25 Admoestaes e exortaesA. Disciplina divina 12.1-13B. Uma advertncia divina 12.14-29C. Deveres sociais 13.1-6D. Deveres eclesisticos 13.7-17E. Oraes e bnos 13.18-21F. Saudaes finais 13.22-25

    INTRODUO 35

  • C o m e n t r io E psto la

    AOS H e b r e u s

  • A SUPERIORIDADE DE JeSUS E SUA FUNO COMO SALVADOR E

    SUMO SACERDOTE parte 1

    1.1-14

  • ESBOO1.1-4 A. Introduo

    B. Jesus superior aos anjos1.5 1. Salmo 2.71.5 2. 2 Samuel 7.141.6 3. Deuteronmio 32.431.7 4. Salmo 104.4 1.8,9 5. Salmo 45.6,7 1.10-12 6. Salmo 102.25-27 1.13 7. Salmo 110.1

  • C apt u lo 1 . 1 - 1 4------- # -------

    1 1 Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, 2 nestes ltimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual tambm fez o universo. 3 Ele, que o resplendor da glria e a expresso exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificao dos pecados, assentou-se direita da Majestade, nas alturas, 4 tendo-se tornado to superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles.A . I n t r o d u o

    1 . 1 - 4o escritor de Hebreus dispensa a saudao com um que tpica das

    cartas de Paulo e das de Tiago, Pedro, Joo e Judas. (A Prim eira E pstola de Joo no tem nenhum a saudao na introduo nem na concluso, e por essa razo no tecnicam ente um a epstola.) N a concluso de H ebreus, no entanto, o autor usa o pronom e pessoal da prim eira pessoa eu algum as vezes; diz que se Tim teo, que fora solto da priso, chegasse logo, ele acom panharia o escritor num a visita aos destinatrios da epstola; e transm ite saudaes para todo o povo de Deus.

    Por que o escrito r no se dirige aos leitores do m odo costum eiro, dando-se a conhecer, especificando os destinatrios e pronunciando um a saudao de graa, paz e m isericrdia? A resposta deve ser que o autor quer focalizar a ateno prim ariam ente na suprem a revelao de D eus - Jesus Cristo, seu F ilho. Essa revelao contrastada com a fragm entada revelao que D eus, por m eio dos profetas, deu aos pais

  • por m uitos sculos. O autor enfatiza o tem a da pessoa, do m inistrio e da funo de Jesus, o Filho de Deus.

    O escritor no se dirige aos leitores originais pelo nom e ou lugar, ainda que ele intim am ente use form as da prim eira pessoa (ns, nos e nosso) ao longo de toda a epstola. O ttulo da epstola pode ter sido acrescentado mais tarde, pois o escritor no se refere aos hebreus em lugar algum na carta. Ns podem os entender que a epstola, em bora escrita originalm ente para um a congregao especfica, objetivava a igreja universal. A m ensagem transm itida dirigida igreja de todas as eras e lugares. Colocando de outra forma, se h qualquer epstola no Novo Testam ento que se dirige igreja universal nos dias antes do retorno de Jesus, a Epstola aos Hebreus.

    A om isso do autor de se identificar em seu escrito est relacionada com a poca em que viveu. Era costum eiro para um escritor m ostrar modstia ao omitir seu nome; por exemplo, os escritores dos Evangelhos no referem -se a si m esmos pelo nome, e, entre os escritores das epstolas, Joo abstm -se de usar seu nom e nas trs cartas atribudas a ele.

    O autor de Hebreus no cham a a ateno para si m esmo ou para os destinatrios de sua epstola, mas para Jesus, que com pletou, m ediante seu aparecim ento, a revelao de Deus ao homem.

    1. Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas.Em tons sonoros e num a com posio um tanto musical, o autor co

    m ea sua epstola com um a sentena introdutria que elegante em estilo, expresso e escolha de palavras. Alguns tradutores tm tentado transm itir a dignidade e aliterao do original, m as a m aioria deles tem sido ineficaz em captar a entonao exata da sentena de abertura de Hebreus.

    42 HEBREUS 1.1-4

    1. Entre as tradues que com mais sucesso refletem a nfase e a aliterao do original esto a traduo holandesa de 1637, Staten Vertaling (God, voortijds veelmaal en op velerlei wijze tot de vaderen gesproken hebbende door de profeten, heeft in deze laatste dagen gesproken door de Zoon) e a traduo espanhola de 1602 (Dios, habiendo hablado muchas veces y en muchas maneras en outro tiempo los padres por los profetas, en estos postreros dias nos h hablado por el Hijo).

  • Deus falou aos pais nas eras que precederam o nascim ento de Jesus e com unicou-lhes a sua revelao. Deus o originador da revelao. Ele a fonte, a base, o sujeito. Deus usou os profetas nos tem pos do Antigo Testam ento para tom ar a sua Palavra conhecida ao povo. M as ele no se lim itou a falar pelos profetas; esse prim eiro versculo afirm a que Deus enviou a sua revelao ao seu povo m uitas vezes e de m uitas m aneiras. As palavras vezes e maneiras tm um lugar im portante no grego original: Elas se destacam em prim eiro lugar na sentena. Entre os pais que receberam a revelao de Deus estavam Ado, Abel, Enoque, No, Abrao, Isaque, Jac, Jos e M oiss. Deus falava com A do na virao do dia (Gn 3.8); a Abrao, em vises e visitas - na verdade, Abrao foi cham ado amigo de Deus (Tg 2.23); a Jac falou num sonho; a Moiss, face a face (x 33.11), como um homem fala com um amigo.

    Pelos profetas, de M oiss a Malaquias, a revelao de Deus foi registrada por escrito como histria, salmo, provrbio e profecia. Os profetas foram todos aqueles santos chamados por Deus e cheios com seu Esprito para falar a Palavra como uma revelao progressiva que declara a vinda de Cristo. Pedro em sua primeira epstola refere-se a eles:

    Foi a respeito desta salvao que os profetas indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graa a vs outros destinada, investigando, atentamente, qual a ocasio ou quais as circunstncias oportunas, indicadas pelo Esprito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemo testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glrias que os seguiriam. A eles foi revelado que, no para si mesmos, mas para vs outros, ministravam as coisas que, agora, vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Esprito Santo enviado do cu, vos pregaram o evangelho, coisas essas que anjos anelam perscrutar. (1.10-12)O profeta no trazia sua prpria m ensagem , sua prpria form ulao

    da verdade religiosa. Inspirado pelo Santo Esprito, ele falava a Palavra de Deus, que no tinha sua origem no desejo do hom em (2Pe 1.21), mas vinha de Deus (Hb 3.7).

    2a. nestes ltimos dias, nos falou pelo Filho,Em bora o contraste entre as pocas antes da vinda de Cristo e o

    aparecim ento de Cristo com o a finalizao da revelao de Deus seja

    HEBREUS 1.1-4 43

  • im pressionante nos versculos 1 e 2, a continuidade dessa revelao tam bm significante. Am bas as partes da revelao de Deus form am um a unidade porque h som ente um Autor. H som ente um Deus que revela, e h som ente um a revelao. A Palavra falada por Deus aos pais no passado no difere basicam ente da Palavra falada a ns por seu Filho.

    M esm o assim, de muitas formas o contraste entre o primeiro e o segundo versculo bvio. Ns podemos mostrar o contraste graficamente:

    Deus fa lo u noTEMPO DO TEMPO DO

    ANTIGO TESTAMENTO NOVO TESTAMENTOComo? Muitas vezes ede muitas maneiras Quando? No passado nestes diasPara quem? Aos nossos pais a nsPor quem? Pelos profetas por seu Filho

    A figura parece estar incompleta: O com o no lado do Antigo Testamento no tem correspondncia no lado do Novo Testamento. A frase m uitas vezes e de m uitas m aneiras no tem um paralelo. O escritor est enfadzando que o todo da revelao exclusivo, final e com pleto. Ele no est sugerindo que o fragm ento da revelao dada pelos profetas era inferior e que a revelao fornecida pelo Filho era sem variao. De m aneira alguma. A revelao m uldlateral de Deus que veio repetidam ente aos pais nas eras antes do nascim ento de Cristo era inspirada por Deus. Era um a revelao progressiva que de modo constante apontava para a vinda do M essias. E quando Jesus finalm ente veio, ele trouxe a m esm a Palavra de Deus porque ele a Palavra de Deus. Portanto, Jesus trouxe essa Palavra em toda a sua totalidade, riqueza e m ultiplicidade. Ele era a revelao final. Como F. F. Bruce observa apropriadamente, A histria da revelao divina um a histria de progresso at Cristo, mas no h progresso alm dele.^

    44 HEBREUS 1.1-4

    2. F. F. Bruce, The Epistle o f Hebrews, New International Commentary on the New Testament series (Grand Rapids: Eerdmans, 1964), p. 3.

  • O prprio Jesus no escreveu um nico versculo do Novo Testamento; hom ens designados por ele e cheios com o Esprito escreveram a revelao de Deus. Jesus, a Palavra viva, fala-nos porque ningum mais possui igual autoridade; porque abaixo do cu no existe nenhum outro nome, dado entre os hom ens, pelo qual im porta que sejamos salvos (At 4.12). Por seu Filho, Deus fala a todos os crentes. Nestes ltim os dias Deus falou-nos por seu Filho. A frase nestes ltimos dias colocada em contraposio palavra outrora e refere-se era em que o cum prim ento das profecias m essinicas acontecem . Esta era espera pela libertao do cativeiro da corrupo para a liberdade da glria dos filhos de D eus (Rm 8.21).Nos prim eiros dois versculos de Hebreus h um contraste entre os profetas, que eram um grupo distinto de pessoas escolhidas e apontadas por Deus para transm itir a sua revelao, e o Filho de Deus, que supera a todos os profetas porque ele Filho. N a verdade, toda a nfase do versculo 2 cai sobre a palavra Filho? H, estritam ente falando, som ente um Filho de Deus; todos os outros so filhos criados (anjos) e filhos adotados (crentes). Assim com o Deus falou por seu Filho, tam bm o Filho falou pelos apstolos que, inspirados pelo Espirito Santo, escreveram os livros do N ovo Testamento. A nova revelao que Deus nos deu em seu Filho um a continuao da revelao dada aos pais. A revelao de Deus, com pletada em seu Filho, um a unidade, um a totalidade harm oniosa na qual o Antigo cum prido no Novo.

    2b. a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual tambm fez o universo.Para expressar a excelncia do Filho de Deus, o escritor de Hebreus

    descreve o que Deus fez.D eus indicou seu F ilho com o herdeiro de todas as coisas. Um herdeiro herda, por direito , tudo o que o pai estipu lou em seu testa-

    HEBREUS 1.1-4 45

    3, A verso bblica RSV d a traduo literal por um Filho. Mas o substantivo usado num sentido absoluto e equivalente a um nome prprio. Ver John Albert Bengel, Gnomon o f the New Testament, org. por Andrew R. Fausset, 7- ed., 5 vols. (Edimburgo: Clark, 1877), vol. 4, p. 339. O artigo definido no grego omitido, como em Hebreus1.5; 3.6; 5.8 e 7.28.

  • m ento. Com o o nico Filho, Jesus assim herda tudo que o Pai possui. Incom p reen sve l! In in te lig ve l!

    A poca em que Deus apontou o Filho com o herdeiro de todas as coisas no pode ser determ inada. O Filho pode ter sido designado herdeiro no eterno plano de Deus. Ou Jesus pode ter sido apontado herdeiro quando na consum ao dos tem pos ele entrou no m undo, ou quando ele pronunciou a G rande Comisso: Toda a autoridade me foi dada no cu e na terra (M t 28.18).

    O escritor de Hebreus im ediatam ente torna claro o term o todas as coisas ao dizer que Deus fez o universo por m eio de seu Filho. A frase obviam ente refere-se narrativa da criao nos prim eiros captulos de Gnesis. M uitas pessoas pensam que o Novo Testamento, que fala da redeno, no tem nada a dizer sobre a criao. No entanto, o Novo Testam ento no inteiram ente silencioso a respeito desse assunto: Tanto Paulo com o o escritor da Epstola aos Hebreus ensinam que Jesus estava ativo na obra da criao. Em sua discusso sobre a suprem acia de Cristo, Paulo ensina: Pois, nele, foram criadas todas as coisas... Tudo foi criado por m eio dele e para ele(Cl 1.16). E Joo, em seu Evangelho, confirm a a m esm a verdade: Todas as coisas foram feitas por interm dio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez (1.3).''

    Por m eio seu Filho, Deus fez o universo. im possvel para o hom em entender o significado com pleto dessa afirm ao, mas um entendim ento com pleto no o objetivo nesse ponto. No entanto, im portante reconhecer a m ajestade do Filho de Deus, que estava presente na criao e o soberano Senhor de todas as coisas criadas. Ele Deus.

    A palavra universo significa prim ariam ente o cosm os, o m undo criado em toda a sua totalidade, e secundariam ente todas as estrelas e planetas que Deus criou. M as o significado m uito mais abrangente que isso, porque envolve todos os acontecim entos desde a criao deste m undo. R efere-se ao m undo e sua histria atravs dos tem pos. A palavra tem sido in terpretada com o a som a dos perodos de tem po inclu indo tudo que m anifesto neles e ao longo deles .^ No

    46 HEBREUS 1.1-4

    4. Ver tambm Salmo 33.6; Romanos 11.36; 1 Corntios 8.6 e Apocalipse 3.14.5. B. F. Westcott, Commentary on the Epistle to the Hebrews (Grand Rapids:

    Eerdmans, 1950), p. 8.

  • se refere ao mundo com o um todo, mas a toda a ordem criada que continuou a desenvolver-se no curso dos tempos.

    3. Ele, que o resplendor da glria e a expresso exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificao dos pecados, assentou-se direita da Majestade, nas alturas,a. Ele, que o resplendor da G lria. A palavra resplendor deve

    ser prefervel a variaes da palavra reflexo, que fornecida por m uitas t r a d u e s .A lua recebe a sua luz do sol e sim plesm ente reflete esses raios de luz para a terra. A lua em si m esm a no possui luz nem em ana luz, porque ela no produz luz. O sol com o um corpo celeste irradia a sua luz com todo o seu brilho e poder para a terra. Com o com parao, ns podem os ver Cristo com o a luz radiante que vem do Pai, assim com o a luz do sol provm do sol.

    Jesus disse, Eu sou a luz do m undo (Jo 8.12); ele a luz, e nele no h trevas. Ele irradia a luz da glria de Deus, a perfeio e a m ajestade. Philip Edgcum be Hughes observa que o brilho de Jesus no tanto... a glria da deidade do Filho brilhando por m eio de sua hum anidade, m as... a glria de Deus sendo m anifesta na perfeio de sua hum anidade, com pletam ente harm onizada com a vontade de D eus.

    O brilho de Jesus derivado do Pai, m esmo que ele m esm o seja a luz. 0 Filho faz com que o brilho do Pai seja m anifesto. Com o Joo escreve no prlogo de seu Evangelho, E o Verbo se fez carne e habitou entre ns, cheio de graa e de verdade, e vimos a sua glria, glria como do unignito do P ai (1.14). O brilho do Filho, portanto, um a extenso da glria de Deus.

    b. E a expresso exata do seu Ser. O Filho a perfeita representao do ser de Deus, isto , o prprio Deus im prim iu em seu Filho a

    HEBREUS 1.1-4 47

    6. GNB, MLB, Moffatt, NAB, RSV.7. Gerhard Kittel, TDNT, vol.l, p. 508; Ralph P. Martin in NIDNTT, vol. 2, p. 290, escreve, Na comparao, o sentido ativo de brilho deve ser escolhido de preferncia a reflexo.

    8. Philip Edgcumbe Hughes, Commentary on the Epistle to the Hebrews (Grand Rapids; Eerdmans, 1977), pp. 41,42.

  • form a divina de seu ser. A palavra traduzida com o expresso exata refere-se a m oedas cunhadas que levam a im agem de um soberano ou presidente. Refere-se a um a reproduo precisa do original. O Filho, ento, com pletam ente o m esm o em seu ser como o Pai. No entanto, ainda que um a im presso seja o m esmo que o tipo que faz a im presso, am bos existem separadam ente. O Filho, que tem a m esm a m arca (RSV) da natureza de D eus, no o Pai, m as procede do Pai e tem um a existncia separada. M as, aquele que v o Filho, v o Pai, com o Jesus explicou a Filipe (Jo 14.9).

    A palavra ser na verdade um paralelo da palavra glria, pois am bos os term os descrevem a essncia de D eus. Em bora existindo separadam ente, o Filho, com o a exata representao do ser do Pai, um a cpia perfeita da natureza de D eus. O Filho o m ediador que j tinha a glria de D eus por natureza antes que assum isse seu papel mediador. O Filho carrega a exata im presso do ser do Pai desde a eternidade.

    c. Sustentando todas as coisas pela palavra do seu p o d e r . O Filho no som ente o Criador do universo (1.2); ele o sustentador de todas as coisas tam bm (1.3). As duas passagens com plem entam -se m utuam ente e revelam o poder divino do Filho. Ele fala, e por sua palavra todas as coisas so sustentadas, preservadas, suportadas.

    Essa parte do versculo no original est estreitam ente ligada com a poro precedente por m eio da partcula e ," que infelizm ente muitas tradues om item . Ela liga diretam ente a frase participial ao verbo na prim eira parte da sentena.

    A prim eira parte do versculo enfatiza a pessoa de Cristo; e a segunda, a obra de Cristo. De um a discusso sobre o ser do Filho, o escritor continua com um a explicao da atividade do Filho, que envolve o cuidado por todas as coisas. N a verdade, a palavra que tem sido traduzida com o sustentando basicam ente significa carregando. A

    48 HEBREUS 1.1-4

    9. O escritor de Sabedoria de Salomo diz da sabedoria: Pois ela um suspiro do poder de Deus, e uma pura emanao da glria do Todo-poderoso; portanto nada de impuro nela se introduz. Pois ela um reflexo da luz eterna, um espelho ntido da atividade de Deus, e uma imagem de sua bondade (7.25,26). The Apocrypha o f the Old Testament, org. por Bruce M. Metzger (Nova York: Oxford University Press, 1965).

    10. Helmut Koester, TDNT vol. 8, p. 585.11. Westcott, Hebrews, p. 13.

  • palavra em si m esm a significa um m ovim ento para a frente, em bora no no sentido de um Atlas, cujo m ovim ento vagaroso porque o peso do globo quase o esmaga.O F ilho carrega todas as coisas para lev-las a um fim designado. E ele faz isso por um a m era declarao (pela palavra do seu poder). Cristo, o governador do universo, pronuncia um a palavra, e todas as coisas ouvem era obedincia sua voz. Nenhum outro m ovimento necessrio, pois a palavra falada suficiente.

    d. Depois de ter feito a purificao dos pecados, assentou-se direita da M ajestade, nas alturas. Essa sentena indica uma continuao na obra redentiva de Cristo.Ele executou sua obra m ediadora ao com pletar e render a sua vida terrena com o um sacrifcio na cruz para a rem oo dos pecados. Num a frase concentrada, a obra sumo sacerdotal de Cristo resumida: O prprio Cristo providenciou a purificao dos pecados . De acordo com a lei m osaica o sum o sacerdote tinha de fazer um a expiao no D ia da Expiao para lim par o povo de Israel de todos os seus pecados (Lv 16.29-34). O sumo sacerdote aranico era um pecador e, portanto, fazia seu trabalho im perfeitam ente, enquanto que Cristo com o aquele sem pecado e o verdadeiro sumo sacerdote com pletou a obra de purificao perfeitam ente. O sumo sacerdote nos tem pos do Antigo Testam ento necessitava de sacrifcios de anim ais, prim eiro para lim par-se a si m esmo e depois para rem over os pecados do povo. Cristo era sim ultaneam ente o sumo sacerdote e o sacrifcio quando ofereceu-se para purificao dos pecados de seu povo. O Filho ofereceu um a vez por todas a si m esm o na cruz para expiar nossos pecados. O plural usado para o conceito de pecado (ver E f 1.7; Cl 1.14; 2Pe 1.9).

    Depois do trm ino de sua obra m ediadora, o Filho ascendeu ao cu c tom ou seu ju sto lugar de honra perto de Deus, o Pai. N um estilo tipicam ente hebraico, talvez para evitar ofender qualquer de seus leitores judeus, o autor refere-se a Deus como a M ajestade nas alturas. claro que em outros lugares da epstola ele usa livrem ente o nome de Deus.e. A ssentou-se direita da M ajestade, nas alturas (cf. Rm 8.34; lif 1.2; Cl 3.1). As expresses assentou-se e direita no devem ser lom adas literalm ente, mas sim bolicam ente. A idia de sentar-se m o direita de algum significa um privilgio dado a um a pessoa altam ente

    HEBREUS 1.1-4 49

  • honrada. Nesse caso significa que o Filho agora tem autoridade para governar seu reino m undial na terra e est entronizado acim a de todos os poderes espirituais nos lugares celestiais . O reino pertence a ele e Deus lhe deu o nom e que est acim a de todo nom e, para que ao nom e de Jesus se dobre todo joelho, nos cus, na terra e debaixo da terra, e toda lngua confesse que Jesus Cristo Senhor, para glria de Deus Pai (Fp 2.9-11).

    4. tendo-se tornado to superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles.O escritor de Hebreus descreveu o Filho como1. o Profeta por m eio do qual Deus falou2. o Criador que fez o universo3. o Herdeiro de todas as coisas4. o Representante do ser de Deus5. o Sustentador de todas as coisas6. o Sacerdote que trouxe purificao dos pecados7. 0 Rei que sentou-se no seu lugar de honra

    A gora o autor com para o Filho com os anjos, aqueles seres criados que constantem ente circundam o trono de Deus. Dentre toda a criao eles so os que esto m ais perto de Deus; eles servem com o seus m ensageiros; eles so indicados para se ocuparem com o trabalho de prover o hom em com a revelao de Deus e na obra de redim ir o hom em cado (At 7.38,53; G1 3.19; Hb 2.2). Em m uitos aspectos, os anjos tm posio mais elevada que o hom em , que foi coroado cora glria e honra corao rei na criao de Deus (SI 8.5).

    M esrao que os anjos sejara nura certo sentido seres raais elevados que o horaera, eles no so de m aneira algum a superiores ao Filho, porque ele herdou ura norae que superior ao deles. At aqui o Filho no foi apresentado pelo norae, seja corao Jesus ou corao Cristo. O norae do Filho no se refere a ura norae pessoal especfico, raas sua designao corao o Filho. Ele conhecido corao Filho de Deus, o Filho nico. Ele tam bm Senhor e Salvador. O profeta Isaas o charaa M aravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Prncipe da Paz

    50 HEBREUS 1.1-4

  • (9.6). Em contraste, os anjos so referidos com o m ensageiros (SI 104.4); ele so designados espritos m inistradores (Hb 1.14).O nome do Filho veio a ele por herana, porque o Pai o apontou com o herdeiro (Hb 1.2). Os anjos foram criados para serem servos e so excludos de serem herdeiros. Eles m inistram para aqueles que herdaro a salvao (Hb 1.14), mas eles m esmos no com partilham qualquer herana.Os anjos podem ser chamados filhos de Deus (J 1.6; 38.7), poderosos (SI 29.1) ou santos (Si 89.6), mas perm anecem seres criados, em contraste com o Filho, que Criador deles.

    Cristo herdou o nome, que foi preordenado no conselho de Deus; e quando ele com pletou sua obra m ediadora na terra, recebeu a herana para que pudesse dizer, Toda autoridade m e foi dada no cu e na terra (M t 28.18). A perm anncia de sua herana pode ser vista na descrio de Paulo da ressurreio e ascenso de Cristo, que est sentado direita de D eus nos lugares celestiais, acim a de todo principado, e potestade, e poder, e dom nio, e de todo nome que se possa referir no s no presente sculo, mas tam bm no vindouro (Ef 1.20,21).

    Consideraes doutrinrias em 1.1-4A revelao que Deus deu aos crentes no Antigo Testamento se com

    pletou no perodo do Novo Testam ento pelo Filho de Deus. N o h duas revelaes, um a para os crentes do A ntigo Testam ento e um a para os do Novo Testam ento. A revelao de Deus uma, em bora dada em duas fases. Durante a prim eira fase, a revelao de Deus veio geralm ente num a variedade de m aneiras. A segunda fase constitui o cum prim ento da revelao de Deus na pessoa de seu Filho. O A ntigo Testam ento a prom essa da vinda do Filho; o Novo Testam ento o cum prim ento dessa prom essa. Esses versos fam iliares resum em a unidade da revelao de Deus nas Escrituras:

    O Novo est escondido no Antigo,O Antigo est revelado no Novo.

    O escritor de Hebreus demonstra seu grande interesse pelas Escrituras ao afirm ar inequivocam ente que Deus o autor de sua revelao. D eus

    HEBREUS 1.1-4 51

  • falou no passado e tem falado agora em seu Filho. E porque Deus quem tem falado, ningum deve questionar a autoridade de sua Palavra escrita. Deus falou por ltim o em seu Filho, e esta revelao final.O ofcio trplice de profeta, sacerdote e rei explicado nos prim eiros versculos dessa breve introduo. O Filho o Profeta, pois Deus nestes ltim os dias tem falado por m eio dele; ele o Sacerdote que providenciou purificao pelos pecados; e ele o Rei que sustenta o m undo por sua poderosa palavra e est sentado mo direita de Deus no cu. Esses poucos versculos introdutrios so um resum o do que o escritor ir ensinar no restante de sua carta.

    O ensino do autor sobre a suprem acia de Jesus Cristo (Hb 1.4) precedido por trs versculos que enfatizam a divindade do Filho. O tem a em Hebreus 1.3 similar ao que Paulo desenvolve em Colossenses 1.15,17,20.

    Hebreus 1.3 Colossenses 1.15, 17, 20Ele, que o resplendor da glria e a Este a imagem do Deus invisvel, o pri-expresso exata do seu Ser, sustentan- mognito de toda a criao;do todas as coisas pela palavras do seu Ele antes de todas as coisas. Nele, tudopoder, subsiste.depois de ter feito a purificao dos pe- E que, havendo feito a paz pelo sanguecados, assentou-se direita da Majesta- da sua cruz, por meio dele, reconciliassede, nas alturas. consigo mesmo todas as coisas, quer so

    bre a terra, quer nos cus.A construo de Hebreus 1.3,4 indica que os versculos eram um a

    confisso cris t antiga, ta lvez usada para propsitos lit rg icos e catequticos. As curtas frases participiais no original lem bram o leitor de confisses sem elhantes que esto registradas em Filipenses 2.6-11 e1 Tim teo 3.16.

    Palavras, frases e construes em grego em 1.1-4Versculo 1

    .a.f|aa - aoristo particpio ativo, que pode denotar concesso.v xo 7ipO(j)riT:ai - a preposio v seguida por um dativo

    instrum ental. Por causa do artigo definido, a palavra 7ipO(|)Tii:ai deve ser tom ada em seu sentido mais amplo possvel.

    52 HEBREUS 1.1-4

  • Versculo 2j ax x o t) x3v f)|j,epcDV xomcov - embora traduzido como nes

    tes ltimos dias, o grego literalmente diz no final destes dias. O adjetivo a x x o singular.

    ?iX ,r|aev - ao ris to ativo , que deve ser tom ado no sen tido culm inativo. Observe que, com o no versculo 1, o verbo >.aX,v usado no lugar de ^ye iv para indicar que a nfase cai no ato de falar, no no contedo.

    v m ( - a preposio v indica um significado instrum ental e locativo. O artigo definido est faltando porque o sentido absoluto do substantivo enfatizado: Jesus Cristo o nico Filho.

    KXripov|a.G - a palavra um a com binao de K^fjpo (lote) e v|i,oiJ,ai (eu possuo) com o significado de algum que recebe p o r partilha. A palavra ocorre catorze vezes no N ovo Testam ento, trs das quais esto em Hebreus (1.2; 6.17; 11.7).

    Versculo 33v - presente ativo particpio de eljx, denotando tempo. m Y a a iJ .a - o substantivo derivado do verbo n a v y ^ ) (eu

    emito brilho). Um substantivo correlacionado ai^yf] (brilho). A terminao -|j,a em ta i jy a a i j .a geralm ente indica o resultado de um a ao.

    XapaKTTp - de xocpaaco (eu imprimi, gravei). O substantivo refere-se expresso exata, reproduo precisa de um original. Veja 1 Clem ente 33.4. Um substantivo correlato xpayM -a (um selo ou m arca carimbada); esta palavra usada em Atos 17.29; Apocalipse 13.16,17; 14.9,11; 15.2; 16.2; 19.20; 20.4.

    ) j i a x a a t - a palavra tem sua raiz em '(j)axaiJ,ai (Eu me coloco sob). O significado do substantivo inclui a idia de substncia, natureza ou essncia.(j)pcv - presente ativo particpio denotando tempo,

    x e - um a partcula adjunta que liga esta clausula precedente, x nvxa - observe o artigo definido usado para enfatizar o concei

    to ao torn-lo exclusivo.x pfi|J.a - 0 uso de x pfi|J.a em lugar de ,yo enfatiza o ato de

    falar m ais do que o contedo da palavra falada.

    HEBREUS 1.1-4 53

  • 7toiria|j.evo - aoristo mdio particpio. O aoristo usado para m ostrar que o Filho fez a tarefa de purificao; o m dio indica que ele m esm o foi o agente.

    Versculo 4xoaom cp - o dativo de grau de diferena, seguido por aco. Veja

    Hebreus 7.20-22; 10.25. A palavra um pronom e de grau que se refere ao tam anho e quantidade.KpeTTCtv - adjetivo com parativo.Yev|a.evo - aoristo mdio particpio que pode ter um significado causai ou temporal.xciv YY,cv - genitivo de com parao. O artigo definido indica a classe ou a categoria dos anjos.ia(|)0pa)xep0v - form a com parativa de i(t)opo (excelen te, inigualvel). A palavra derivada do verbo ia(|)po (eu suporto ou levo a cabo).KEK,ripov|J,r|Kev - perfeito ativo indicativo para afirm ar que a herana esteve, e estar em ao.

    54 HEBREUS 1.5-14

    5 Pois a qual dos anjos disse jamais:Tu s meu Filho, eu hoje te gerei?E outra vez:Eu lhe serei Pai, e ele me ser Filho?6 E, novamente, ao introduzir o Primognito no mundo, diz:E todos os anjos de Deus o adorem.7 Ainda, quanto aos anjos, diz:Aquele que a seus anjos faz ventos, e a seus ministros, labareda de fogo;8 mas acerca do Filho:O teu trono, Deus, para todo o sempre; e: Cetro de eqidade o cetro do seu reino.9 Amaste a justia e odiaste a iniqidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o leo de alegriacomo a nenhum dos teus companheiros.

  • 10 Ainda:No princpio. Senhor, lanaste os fundamentos da terra,e os cus so obra das tuas mos;11 eles perecero; tu, porm, permaneces; sim, todos eles envelhecero qual veste;12 tambm, qual manto, os enrolars,e, como vestes, sero igualmente mudados; tu, porm, s o mesmo, e os teus anos jamais tero fim.13 Ora, a qual dos anjos jamais disse:Assenta-te minha direita, at que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus ps?14 No so todos eles espritos ministradores, enviados para servio a favor dos que ho de herdar a salvao?

    HEBREUS 1.5-14 55

    B . J e s u s s u p e r i o r a o s a n j o s 1 . 5 - 1 4

    5. Pois a qual dos anjos disse jamais: l \ i s meu Filho, eu hoje te gerei?

    E outra vez:Eu lhe serei Pai, e ele me ser Filho?

    0 leitor de Hebreus im ediatam ente surpreendido pelas num erosas citaes de Salm os que o autor usa para fortalecer seu ensino sobre a superioridade de Jesus Cristo. S no prim eiro captulo ele inclui cinco citaes do Saltrio e duas de outros livros. E no captulo seguinte, as citaes de Salm os ocorrem mais freqentem ente; elas quase se tornam a m arca registrada da epstola.

    Os destinatrios da carta tinham se tornado fam iliarizados com os Salm os nos cultos de adorao local, nos quais a congregao cantava salm os, hinos e cnticos espirituais (Ef 5.19; Cl 3.16). Eles possuam

  • um estoque de conhecim ento que tinha sido com unicado oralm ente nos cultos de adorao e que foi mem orizado. No nenhum a surpresa que o autor [de Hebreus], num a tentativa de alcanar um a com unicao perfeita, fortalea sua Epstola com o um todo com citaes do Saltrio, conhecidas na liturgia da igreja: N a verdade, em seu prim eiro captulo ele se aproveita de cinco Salm os e do Hino de M oiss (D t 32). As citaes so do Salm o 2.7 e 2 Sam uel 7.14 no versculo 5; D euteronm io 32.43 (de acordo com a interpretao nos M anuscritos do M ar M orto e Septuaginta) no versculo 6; Salm o 104.4 no versculo 7; Salmo 45.6,7 nos versculos 8,9; Salm o 102,25-27 nos versculos 10-12; e Salm o 110.1 no versculo 13.

    1. Salmo 2.7 1.5Pois a qual dos anjos disse jamais: Hi s meu Filho, eu hoje te gerei? O escritor obviam ente liga esse versculo ao versculo 4, no qual

    ele introduz o ensino da superioridade do Filho em relao aos anjos. Ele no pretende ignorar o significado dos prim eiros trs versculos, m as no versculo 4 ele faz a com parao do Filho com os anjos e afirm a a sua superioridade. Com o auxlio das citaes do Antigo Testamento, especificam ente do livro de Salmos, o autor indica que o Filho cum priu as passagens da Escritura que ele cita.

    U m a dessas passagens, o Salm o 2, provavelm ente de origem davdica. Essa suposio baseada na inform ao de Atos 4.22-26, que indica que a igreja de Jerusalm transm itiu um a antiga tradio a respeito da autoria desse salmo. O povo judeu entendia que o Salm o 2 era um salm o m essinico, e o uso que faziam dele na sinagoga refletia

    14esse entendimento. Os escritores individuais do Novo Testamento tam bm interpretavam m essianicam ente todas as citaes e referncias do segundo salmo. Por exem plo, quando Paulo pregou em Antioquia da

    56 HEBREUS 1.5-14

    12. Simon J, Kistemaker, The Psalm Citations in the Epistle to the Hebrews (Amsterd: Van Soest, 1961), pp. 14,15.13 . Jan Ridderbos, De Psalmen, 2 vols. (Kmpen: Kok, 1955) , vol. 1, p. 21 .14. SB, vol. 3 , pp. 675-77; IQSa 2.11.

  • 1isdia, ele disse, Ns vos anunciamos o evangelho da prom essa feita a nossos pais, com o Deus a cum priu plenam ente a ns, seus filhos, ressuscitando a Jesus, com o tam bm est escrito no Salm o segundo: Tu s meu Filho, eu, hoje, te gerei (At 13.32,33). Citaes do Salm o 2 so dadas em Atos 4.25,26; 13.33; Hebreus 1.5; 5.5; Apocalipse 2.26,27; 19.15. A luses aos versculos 2, 7, 8 e 9 podem ser percebidas em Mateus, M arcos, Lucas, Atos, Hebreus, 2 Pedro e Apocalipse.

    Como o Salm o 2.7 pergunta, pois a qual dos anjos disse jam ais: Tu s meu Filho, eu, hoje, te gerei? A resposta a essa pergunta retrica obviamente negativa, ainda que os anjos sejam cham ados filhos de Deus (veja especialmente J 1.6; 2.1; 38.7). A posio descrita nesse versculo nunca foi conferida aos anjos, e a nenhum anjo foi dado o ttulo de Filho de Deus em nenhum lugar das Escrituras.

    No m esm o sentido, Salomo, o filho de Davi, nunca cum priu com pletam ente as palavras do salmo. Por que, por exem plo, um filho de um rei receberia o titulo & filhol Seria mais apropriado cham -lo de rei na hora de sua ascenso ao trono (como no Salm o 2.6, Eu, porm , constitu o meu Rei sobre o meu santo m onte Sio). Este filho um tipo do Filho de Deus. Os crentes do perodo do A ntigo Testam ento, ento, receberam um representante que prenunciava o M essias.

    Obviam ente o rei terreno, cham ado Filho, era incapaz de cum prir as palavras do Salm o 2, pois a passagem referia-se ao M essias que na plenitude dos tempos deu ao salmo seu significado final. (Na profecia de Isaas, o M essias revelado com o um Filho: Porque um m enino nos nasceu, um filho se nos deu... [9.6]). As palavras do Salm o 2 aplicam -se no final das contas ao Filho de Deus. Sua nom eao ao ofcio de Filho - especificam ente, sua apario em carne - refletida na clausula eu hoje te gerei . (A palavra hoje no dever ser tom ada literalm ente, m as deveria ser entendida geralm ente com o referindo-se ao tem po da obra de Jesus na terra.) M as a clusula no diz que Jesus tornou-se Filho no m om ento de seu nascim ento, ou que na hora de sua ressurreio (A t 13.33) Deus tornou-se seu Pai. Antes, as palavras eu

    HEBREUS 1.5-14 57

    15. Westcott, Hebrews, p. 20. O ttulo Filho de Deus nunca dado a uma pessoa no Antigo Testamento. Somente a nao de Israel chamada meu filho (Os 11.1) e meu filho primognito (x 4.22).

  • hoje te gerei indica que Deus, o Pai da eternidade, tem gerado e continua a gerar o M essias, seu Filho. O Credo de Atansio, do sculo 4-, resum e isso sucintam ente em seus artigos 21 e 22:

    O Pai feito de nada, nem criado nem gerado, o Filho do Pai somente;no feito nem criado, mas gerado.A palavras do Salm o 2.7 no poderia ser cum prida nem por Davi nem por Salomo, mas som ente por Jesus Cristo.E outra vez. O escritor usa um a segunda seleo do A ntigo Testam ento para m ostrar que Deus nunca fora cham ado Pai de anjos e que nenhum anjo jam ais referiu-se a Deus com o Pai. Os arcanjos, incluindo M iguel e Gabriel, nunca experim entaram essa honra.

    2. 2 Samuel 7.14 1.5Eu lhe serei Pai, e ele me ser Filho. O contexto da citao reflete o desejo de Davi de construir um a casa para o Senhor Deus. A palavra

    do Senhor dada a Nat, o profeta, que inform a a Davi que no seria ele, mas o seu filho que construiria a casa de Deus. O Senhor declara, Este edificar um a casa ao m eu nome, e eu estabelecerei para sem pre o trono do seu reino. Eu lhe serei por pai, e ele me ser por filho... (2Sm 7.13,14; IC r 17.12,13). As palavras do Senhor foram dirigidas a Salom o, o filho de Davi, que de fato construiu o tem plo em Jerusalm. M as por sua obra m ediadora, o Filho de Deus ofuscou a Salom o com pletam ente.

    O autor de Hebreus evidentem ente escolheu essa passagem do A ntigo Testam ento por causa do seu significado m essinico. As aluses a2 Sam uel 7 no Novo Testam ento (especialm ente em Lucas 1.32^33 e em Joo 7.42) indicam que a passagem foi apHcada ao Messias.

    58 HEBREUS 1.5-14

    16. O Credo Niceno afirma, [Eu creio]... em um Senhor Jesus Cristo, o unignito Filho de Deus, gerado do Pai antes de todos os mu