comentário bíblico wesbe novo testamento - warren w

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C omentário B íblico W arren W. W iersbe NOVO TESTAMENTO A BÍBLIA EXPLICADA DE MANEIRA CLARA E CONCISA

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  • C o m e n t r ioB b l i c o

    W a r r e n W . W i e r s b e

    N O V O T E S T A M E N T O

    A BBLIA EXPLICADA DE M A N E IR A

    CLARA E C O N C I S A

  • Comentrio Bblico Wiersbe

    Novo Testamento_____________Digitalizado p o r: Reis book'Doaes: Ag:1401-xConta: 36.560-2

    Warren W. Wiersbe

  • REIS BOOKS DIGITAL

  • Comentrio Bblico WiersbeVolume II

    Novo Testamento

    Warren W. Wiersbe

    Traduzido por Regina Aranha

    Geogrfica

    Santo Andr, SP - Brasil 2008

  • Copyright@ 1993 porVictor Books SP Publications, Inc.Publicado originalmente por Cook Communications Ministries, Colorado, EUA. Publicado no Brasil com a devida autorizao e com todos os direitos reservados por Geogrfica Editora Ltda

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)Ttulo original em ingls: Wiersbe's Expository Outlines on the New Testament Comentrio Bblico Wiersbe NovoTestamento/Warren W. Wiersbe Rio de Janeiro: 2009 912 pginasISBN: 978-85-89956-62-8 1. Comentrio bblico. Teologia/ Referncia

    Editor ResponsvelMarcos Si mas

    Coordenao editorialAldo Menezes

    Reviso TeolgicaJefferson Magno Costa

    TraduoRegina Aranha

    Reviso de TraduoMaria Helena Penteado

    Reviso de provasJosemar Pinto

    CapaMagno Paganeli

    DiagramaoPedro Simas

    Impresso e acabamentoGeogrfica Editora

    I a edio: Dezembro/2008

    Os textos das referncias bblicas foram extradas da verso Almeida Revista e Atualizada (ARA), 2a edio, da Sociedade Bblica do Brasil, salvo indicao especfica.

    GEOGRFICA EDITORA LTDA Av. Presidente Costa e Silva, 2151

    Parque Capuava - Santo Andre - SP - Brasil www.geograficaeditora.com.br

  • D e d ic a t r ia

    Dedicado com grato apreo memria do dr. D. B. Eastep (1900-1962), pastor amoroso e fiel, talentoso comentarista da Palavra, mentor devoto

    para todos os pastores.

  • S um rio

    Prefcio................................ 9Mateus................................ 11Marcos...........................109Lucas.............................. 155Joo................................ 227Atos................................ 297Romanos........................3911 Corntios .................... 4492 Corntios.................... 511Glatas...........................555Efsios............................577Filipenses...................... 599Colossenses................... 6151 Tessalonicenses.......... 631

    2 Tessalonicenses..........6511 Timteo...................... 6612 Timteo.......................683Tito................................. 699Filemom.........................711Hebreus.........................71 7Tiago.............................. 7651 Pedro.......................... 7852 Pedro ..........................8051 Joo ............................8152 Joo ............................8313 Joo ............................833Judas.............................. 835Apocalipse.................... 839

  • Prefcio

    O objetivo deste livro gui-lo, captulo aps captulo, ao longo do Novo Testamento e oferecer- lhe a oportunidade de estudar cada livro e captulo com a finalidade de aprender como eles se ajustam revelao completa que Deus nos deu de Cristo e sua obra redentora. Os estudos so concisos, prticos e e especificamente teis s aulas de escola dominical ou aos grupos de estudos bblicos que queiram examinar a Palavra de Deus de forma sistemtica.

    Esses estudos nasceram das aulas que preparei para a Calvary Baptist Church, em Convington, Kentucky, em que ministrei de 1961 a 1971. O dr. D. B. Eastep, meu piedoso predecessor, legou-nos o "Curso de Estudo Completo da Bblia", que guiava o estudante ao longo da Bblia em sete anos: trs no Antigo Testamento e quatro no Novo Testamento. Fazia cpias e distribua as lies, semana a semana, aos alunos da Escola de Bblia. No fim, quando comearam a chegar pedidos de outras igrejas que queriam seguir

    o mesmo cronograma de estudo, reuniram as lies em formato de cadernos, e a Calvary Book Room, ministrio de literatura da igreja, publicou-as. Milhares de cadernos com esses esboos foram distribudos pelo mundo inteiro, e o Senhor abenoou-os de forma singular.

    Quando decidi que j era tempo de publicar os estudos de uma forma mais permanente, contatei Mark Sweeney, da Victor Books, e ele ficou mais que feliz em trabalhar comigo no projeto. Revisei e atualizei o material, acrescentando uma seo sobre Marcos e Lucas, que no havia no estudo original; mas no houve mudana na posio teolgica ou nas interpretaes bsicas.

    Se voc j usou qualquer dos volumes da minha coleo Comentrio Bblico Expositivo, reconhecer uma abordagem semelhante nestes estudos. Entretanto, neste livro h material que no se encontra nessa coleo, e ele adota a estratgia captulo a captulo, em vez de adotar a abordagem versculo a versculo. Mesmo se voc tiver meu Comentrio Bblico Expositivo, achar este novo volume til para seus estudos.

    Gostaria de registrar meu profundo apreo sra. D. B. Eastep, responsvel muitos anos pela Calvary Book Room, por supervisionar a publicao e a distribuio do original Comentrio bblico Wiersbe.

  • 10 Prefcio

    Ela e sua equipe aceitaram essa difcil tarefa como um ministrio de amor, pelo qual o Senhor os recompensar grandemente. No posso nomear individualmente todas as pessoas queridas da Calvary Baptist Church que participaram da produo das lies originais e depois dos cadernos, mas elas sabem que fazem parte deste projeto, como tambm sabem que as amo e prezo o ministrio de sacrifcio delas. Algumas delas esto no cu e sabem, em primeira mo, como Deus usou, em todo o mundo, estes estudos simples, cujo objetivo era ganhar o perdido e edificar sua igreja.

    Robert Hosack, meu editor na Victor Books, merece agradecimentos especiais por sua pacincia e encorajamento, em especial quando eu lutava para que o programa do computador funcionasse de forma

    correta para que pudesse editar rapidamente o material.

    Por fim, minha esposa, Betty, certamente merece uma coroa especial para premi-la pelas horas que me deu para o estudo bblico e a escrita enquanto preparava este material. No seria fcil para o pastor de uma igreja grande e em crescimento, pai de quatro crianas ativas, encontrar tempo para escrever estas lies; mas Betty estava sempre l para manter a casa funcionando de forma tranqila, para cuidar das chamadas telefnicas e das interrupes e para me encorajar a praticar a filosofia de Paulo de "mas uma coisa fao" (Fp 3.13).

    Oro para que esta nova edio do Comentrio bblico Wiersbe resulte em um ministrio vasto e fecundo para a glria de Deus.

    Warren W. Wiersbe

  • M ateus

    EsbooI. A revelao do Rei (1 10)

    A. A pessoa do Rei (14)1. Seus ancestrais e seu nascimento (12)2. Seu mensageiro (3)3. Sua tentao e seu ministrio terreno (4)

    B. Os princpios do Rei (5 7)C. O poder do Rei (8 10)

    II. A rebelio contra o Rei (11 13)A. A rejeio de seus mensageiros (11:1-19)B. A negao de suas obras (11:20-30)C. A recusa de seus princpios (12:1-21)D. Os ataques sua pessoa (12:22-50)E. O resultado: as parbolas do reino (13)

    III. A sada do Rei (1420)A. Antes da confisso de Pedro (14:1 16:12)B. A confisso de Pedro: a igreja (16:13-28)

    Primeira meno crucificao (16:21)C. Aps a confisso de Pedro (1 720)

    Segunda meno crucificao (1 7:22-23) Terceira meno crucificao (20:1 7-19)

    IV. A rejeio do Rei (2127)A. Sua apresentao pblica aos judeus (21:1 -16)B. Seu conflito com os lderes religiosos (21:1723C. Suas profecias do reino futuro (2425)D. Seu sofrimento e morte (2627)

    V. A ressurreio do Rei (28)

  • N o t a s in t r o d u t r ia s

    I. A relao com os outros evangelhos

    A. Mateus era judeu e apresenta Cristo como o Rei (1:1; o "filho de Davi")

    B. Marcos era romano e apresenta Cristo como o Servo

    C. Lucas destinava-se basicamente aos gregos e apresenta Cristo como o perfeito Filho de Deus

    II. O carter judeu do evangelho de Mateus

    A. Levi, coletor de impostos judeu, escreveu o evangelho (Mt 9:9-13; Lc 5:27-32; Mc 2:13-17)

    B. O evangelho de Mateus, graas sua localizao na Bblia, faz a ponte entre o Antigo e o Novo Testamento

    C. O evangelho apresenta muitas citaes do Antigo Testamento e faz muitas referncias a eleDe acordo com o Cuide to the Cospe/ [Cuia dos evangelhos], de W. Graham Scroggie, esse evangelho faz 53 citaes do Antigo Testamento e 76 referncias a passagens do Antigo Testamento, em um total de 129 referncias ou aluses. Mateus refere-se a 25 dos 39 livros do Anti

    go Testamento. Ele usa, pelo menos, 12 vezes a palavra "cumprimento" (veja 1:22; 2:15,17,23, etc.).

    D. Refere-se> com freqncia, a Cristo como o filho de Davi (1:1; 9:27; 12:23; etc.)

    E. Ele est cheio de referncias ao "reino dos cus" um conceito basicamente judeu, e podemos cham-lo, acertadamente, de "O evangelho do reino"

    F. No material exclusivo do evangelho de Mateus, vemos o carter judaico desse evangelhoIsso inclui a genealogia de Cristo a partir de Abrao (1:1-17); a informao a respeito de Jos (1:18- 25); a misso dos discpulos em relao ovelha perdida dos filhos de Israel (cap. 10); a denncia dos fariseus por Cristo (cap. 23); e vrias parbolas dos captulos 20 22 e 25.

    III. O tema bsico de Mateus

    A. Mateus no cronolgico como Marcos e LucasMateus selecionou material sobre a vida de Cristo e arranjou-o com a finalidade de transmitir uma verdade especfica: Cristo o Rei dos judeus, foi rejeitado por seu povo, crucificado pelo mundo todo, mas agora est vivo no cu.

  • Notas introdutrias 13

    B. Nos captulos 1 10, Cristo revela-se como o Rei dos judeus esperado havia muito tempoEle nasceu como predito e anunciado pelo mensageiro prometido por Deus e provou seu messianismo ao fazer as obras exatas que os profetas disseram que faria. Nos captulos 11 13, os lderes judeus rebelam-se contra ele e afirmam que a obra de Cristo do demnio. Eles insistem em suas tradies e costumes religiosos feitos pelo homem, em vez de adotar os princpios dele. Embora ele faa muitas obras poderosas, a nao rejeita-o, e o resultado que Jesus se volta para os gentios ("Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados"; 11:28; grifo do autor) e apresenta as parbolas sobre o reino (cap. 13). Nessas parbolas, ele descreve como seria o reino sobre a terra durante a presente era.

    C. Nos captulos 1420, Cristo re- tira-se com seus discpulos a fim de prepar-los para os eventos da cruzClaro que ele ainda continua seu ministrio pblico; porm, durante esse perodo, ele ensina especificamente a seus discpulos as verdades referentes sua morte e ressurreio. Esses captulos apresentam a primeira grande confisso de f de Pedro, a primeira predio da morte de Cristo e a primeira meno igreja.

    D. Nos captulos 21 27, o Rei rejeitado abertamenteO que se iniciou como uma rebelio, agora se transforma em hostilidade escancarada e leva crucificao dele. Durante esse perodo, ele est em franco conflito com os lderes religiosos. Ele diz como ser o futuro a seus discpulos (caps. 26 27), bem como que est disposto a morrer na cruz como o "rei dos judeus" (27:29).

    . O captulo final apresenta sua ressurreio e ascenso como Rei com toda autoridade sobre todas as coisas

    IV. O reino dos cus

    A. O reino dos cus refere-se ao governo de Deus sobre a terraEle assume formas diferentes em perodos distintos. No incio, Deus governou sobre a terra por intermdio de Ado, a quem ele designou para ter domnio sobre o mundo. Durante os dias de Israel, ele governou por meio dos juizes e dos reis. Quando israel foi para o cativeiro, o Senhor reinou at por intermdio dos reis gentios (Dn 2:37). Cristo ofereceu a si mesmo aos judeus quando veio terra (veja Mt 4:1 7), mas eles no o receberam. "Veio para o que era seu [o mundo], e os seus [seu povo] no o receberam" (Jo 1:11). Os judeus rejeitaram o reino quando rejeitaram o Rei.

  • 14 Notas introdutrias

    Em Mateus 13, ele descreve o reino dos cus nesta era. E uma mistura de bom e ruim, de verdade e mentira. No fim da era, o bom ser separado do mau, e o reino ser estabelecido sobre a terra em pureza e em justia. A igreja est no reino dos cus, mas

    no o reino dos cus. Aplicar Mateus 13 igreja cria confuso. Talvez, no vocabulrio de hoje, a melhor equivalncia para "reino dos cus" seja "cristandade", a "igreja confessa" como vemos no mundo, uma mistura de verdade e mentira.

  • Os dez primeiros captulos do relato de Mateus trazem a revelao do Rei. Ele revela-se para os judeus: a sua pessoa (14), os seus princpios (5 7) e o seu poder (8 10). Lembre-se que Mateus tenta provar que Jesus o Rei, o "filho de Davi". Nesse primeiro captulo, ele apresenta os ancestrais humanos de Cristo (vv. 1 -17), depois descreve seu nascimento (vv. 18-25). Por isso, Jesus "Raiz e a Gerao de Davi" (Ap 22:16). Ele a "Raiz", pois o Deus eterno e deu vida a Davi; ele a "Gerao", pois seu nascimento humano liga-se a Davi (Rm 1:1 -4).

    M a teu s 1

    I. A providncia fiel de Deus (1:1 -17)A providncia o controle que Deus exerce sobre as circunstncias a fim de que sua vontade prevalea e que seus propsitos se cumpram. Pense nos ataques de Satans contra Israel e em como ele tentou evitar a vinda de Cristo! Por causa da desobedincia de Abrao, Sara quase se perdeu, e a semente prometida quase no se concretizou (Gn 12:10-20). Outra vez, todas as sementes reais foram mortas, com exceo do pequeno Jos (2Rs 11). Essa genealogia no uma lista maante de nomes. Ela um registro da fidelidade de Deus em preservar os filhos de Abrao como o canal para a vinda de Cristo ao mundo.

    Mateus apresenta a genealogia de Jos, o pai de Jesus aos olhos da lei. Lucas d a genealogia de Maria. Maria e Jos eram descendentes de Davi.

    Voc v a graa de Deus nessa lista de nomes. Observe as quatro mulheres mencionadas: Tamar (v. 3; veja Gn 38); Raabe (v. 5; vejaJs 2, Hb 11:31); Rute (veja o relato de Rute); e Bate-Seba (v. 6; veja 2Sm 12). Maria tambm citada. Essas mulheres ilustram a graa de Deus. Tamar era culpada de adultrio, contudo Deus permitiu que ela fizesse parte da linhagem de Cristo. Raabe era prostituta e estrangeira. Ela foi salva por sua f. Rute era moabita e, de acordo com Deuteronmio 23:3-6, ela no fazia parte da nao de Israel. Bate-Seba foi parceira no horrvel pecado de Davi, todavia o Senhor perdoou-a e permitiu que ela fosse ancestral de Cristo por intermdio de Salomo. "Onde abundou o pecado, superabundou a graa" (Rm 5:20).

    Claro que essa genealogia no est completa. Vrios nomes foram deixados de fora. Os judeus adotavam essa prtica de deixar nomes sem importncia de fora com a finalidade de tornar mais fcil para a criana a memorizao da genealogia. Trs conjuntos de 14 nomes so fceis de guardar. Em 1:8, Aca- zias, Jos e Amazias foram omitidos, provavelmente por causa do

  • 16 Mateus 1

    relacionamento deles com Atalia, a perversa filha de Acabe. Hoje, nenhum judeu tem sua genealogia legtima. Em 70 d.C., todos os registros se perderam quando o templo foi destrudo. Jesus Cristo o nico judeu vivo que pode provar seu direito ao trono de Davi.

    II. O cumprimento da promessa de Deus (1:18-25)Entre os judeus, o contrato de casamento (noivado) era uma unio equivalente ao casamento. Naturalmente, Jos presumiu que Maria fora infiel a ele quando descobriu seu estado. Observe a prudncia dele: "Enquanto ponderava nestas coisas" (v. 20). Como importante ser "longnimo" e pensar com cuidado a respeito dos assuntos (veja Pv 21:5).

    De acordo com Deuteron- mio 22:23-24, Maria poderia ter sido apedrejada. As indicaes so de que os judeus no obedeciam a essa lei, mas, antes, permitiam que a parte inocente se divorciasse do cnjuge infiel. Jos precisou de muita f para crer na mensagem que Deus lhe enviou por sonho. Seu amor pelo Senhor e por Maria o predisps a suportar reprovao por causa de Cristo. Imagine como os vizinhos devem ter falado! Joo 8:41 sugere que os judeus caluniavam o nascimento de Cristo, insinuando que ele era fruto de fornicao. Sa

    tans sempre atacou a veracidade do nascimento virginal, pois, quando faz isso, nega a pessoa e a obra de Cristo e a veracidade da Bblia.

    O nome de Jesus significa "Salvador", a verso grega do nome hebraico Josu. No Antigo Testamento, temos dois homens, bastante conhecidos, cujo nome Josu: Josu, o soldado que levou Israel a Cana (veja o relato de Josu), e o sumo sacerdote Josu citado em Zacarias 3. Cristo o nosso Capito da Salvao e leva-nos vitria. Ele nosso "grande sumo sacerdote", que nos representa diante do trono do Senhor.

    O nascimento de Cristo cumpre a profecia de Isaas 7:14. Leia Isaas 7 com muita ateno. Rezim, rei da Sria, e Peca, rei de Israel, estavam prestes a atacar Acaz. O Senhor enviou Isaas para encorajar Acaz (7:1-9) e enviar-lhe um sinal. Acaz agiu com muita devoo e recusou o sinal. Por isso, Deus enviou o sinal para toda a casa de Davi, menos para Acaz (veja 7:13). O sinal era o nascimento de Emanuel ("Deus est conosco"), nascido de uma virgem. Na poca, esse sinal no tinha nada que ver com Acaz. Em Isaas 8, o Senhor manda um sinal para Acaz, usando o filho de Isaas para fazer isso. (Nota: a palavra hebraica de Isaas 7:14 e a grega de Mateus 1:23 s podem significar virgem.)

  • Mateus 1 17

    Temos de admirar a obedincia imediata de Jos (v. 24). Ele foi cuidadoso em manter puro seu relacionamento com Maria. Na Bblia, h apenas quatro formas de se obter um corpo: (1) sem homem ou mulher como aconteceu com Ado, feito do p da terra; (2) com um homem, mas sem mulher como Eva, feita do lado de Ado; (3) com um homem e uma mulher como nascem todos os seres humanos; ou (4) com uma mulher, mas sem um homem como Jesus nasceu, com uma me terrena, mas sem pai biolgico. Era importante que Jesus nascesse de uma virgem para que

    tivesse uma natureza humana sem pecado, concebida pelo Esprito Santo (veja Lc 1). Como ele poderia nascer de pai e me humanos, j que existia antes da criao do mundo? Cada novo beb um ser que nunca existiu antes. Os modernistas que negam o nascimento virginal de Jesus negam sua divindade e sua deidade eternas. Ele Deus ou um impostor.

    O verbo favorito de Mateus "cumprir" (v. 22). Ele o usa mais de uma dezena de vezes, nos mais variados tempos verbais, a fim de provar que Jesus cumpriu as profecias das Escrituras do Antigo Testamento.

  • Mateus 2

    I. A homenagem ao Rei (2:1-12)Esses "magos" eram astrlogos orientais que estudavam as estrelas e tentavam entender os tempos. Eram gentios que Deus chamou especialmente para reverenciar o Rei recm-nascido. Talvez seja uma referncia estrela milagrosa da profecia de Balao, relatada em Nmeros 24:1 7. No sabemos quantos eram os magos, de onde vinham ou qual era o nome deles. Nem sempre as tradies crists conhecidas tm fundamento bblico.

    O ttulo de "Rei dos judeus" de Jesus levantou suspeitas, pois He- rodes temia qualquer pessoa que pudesse ameaar seu trono. Ele era um monstro desumano que matou os prprios filhos para proteger seu trono. Ele tinha nove (ou dez) esposas e era conhecido por sua deslealdade e concupiscncia. Ele, como edomita, naturalmente odiava os judeus. Herodes no conhecia a Palavra do Senhor, mas perguntou aos escribas. Os escribas conheciam a Palavra, mas no agiam de acordo

    com ela. Os magos ouviam e seguiam a Palavra! Embora os sacerdotes estivessem prximos do Messias, no foram v-lo.

    A visita dos magos uma indicao de que no dia em que o reino for estabelecido na terra, os gentios adoraro o Rei (Is 60:6). A experincia deles uma boa lio de como descobrir a vontade de Deus: (1) eles seguiram a luz que Deus lhes enviou; (2) eles confirmaram seus passos pela Palavra do Senhor; e (3) eles obedeceram sem questionar, e o Senhor guiou-os em cada passo do caminho. Observe que eles voltaram para sua terra por outro caminho (v. 12). Qualquer um que vai at Cristo volta para casa por outro caminho, pois uma "nova criatura" (2 Co 5:17).

    Mateus cita Miquias 5:2 a fim de mostrar que Cristo nasceu onde o profeta predissera. Deus deixou de lado a orgulhosa Jerusalm e escolheu a humilde Belm. O rei Davi era de Belm, e Cristo "filho de Davi" (1:1). Veja o esboo do captulo 4 para fazer o paralelo entre Davi e Cristo.

    II. O dio contra o Rei (2:13-18)Da mesma forma como Satans tentou impedir o nascimento de Cristo, agora ele tenta destru-lo aps seu nascimento (Ap 22:1-4). A guerra da carne contra o Esprito, e, portanto, Herodes (um edomita) lutou

  • Mateus 2 19

    contra Cristo. No podemos deixar de admirar a fidelidade de Jos ao obedecer ao Senhor e cuidar de Maria e Jesus. Mateus cita Osias 11:1 para mostrar que Jesus iria para o Egito. Herodes no matou mais que 20 bebs, j que no devia haver muitos bebs recm-nascidos na cidade. Mateus viu nisso o cumprimento de Jeremias 31:15.

    III. A humildade do Rei (2:19-23)Jos usou seu consagrado bom senso e no retornou para a Judia. Deus ratificou a deciso, e a famlia mudou-se para Nazar. Mateus

    refere-se ao que "fora dito por intermdio dos profetas" (v. 23, observe o plural), j que Cristo chamado de "o Renovo" em lsaas 11:1 e 4:2; e tambm em Jeremias 23:5 e 33:15, e em Zacarias 3:8 e 6:12. Como Jesus vivia em um lugar desprezado, era um Renovo humilde; mas, um dia, o Renovo floresceria com beleza e muita glria.

    Nazar era uma cidade ignbil. "De Nazar pode sair alguma coisa boa?" (Jo 1:46). Jesus era um Rei humilde. Ele esvaziou-se e hu- milhou-se at a morte para salvar- nos (Fp 2:1-11).

  • Nos primeiros dez captulos, Mateus relata a revelao do Rei para a nao de Israel. Nos captulos 1 e 2, ele apresentou os ancestrais e o nascimento do Rei, mostrando para os profetas que Jesus Cristo o Rei de Israel. No captulo 3, ele apresenta Jesus por intermdio de seu "precursor", Joo Batista.

    I. A chegada de Joo Batista (3:1-6)

    A. A mensagem (vv. 1-2)Lembre-se que se oferece o reino aos judeus. Joo, como precursor de Jesus, pede s pessoas que se arrependam (mudem sua mente) e se preparem para a chegada do Rei. Jesus pregou essa mensagem (4:7), e os discpulos tambm (10:7). O reino foi tirado da nao, quando ela rejeitou o Rei (21:42-43).

    B. A autoridade (v. 3)Joo o cumprimento da profecia de Isaas40:3. Ele foi o ltimo profeta do Antigo Testamento (Lc 16:1 6). Durante 400 anos, no houve profetas!

    C. A pessoa (v. 4)Ele era humilde e rstico na maneira de ser e de vestir. Sua forma de vestir lembra a de Elias (2Rs 1:8). Em Malaquias 4:5-6, Deus prome

    Mateus 3 teu que Elias viria antes do temvel Dia do Senhor. Os judeus perguntaram a Joo se era Elias, e ele negou (Jo 1:21). Contudo, se os judeus tivessem recebido seu Rei, Joo teria sido aquele Elias (veja 11:14). Joo veio no esprito e no poder de Elias (Lc 1:17).

    D. O batismo (vv. 5-6)No era batismo cristo (veja At 19:1-7), mas, antes, o batismo para arrependimento (veja v. 11). O batismo dele era do cu (21:25-27) por dois motivos: (1) trazer Cristo ao conhecimento da nao Oo 1:31) e (2) preparar o corao deles para a vinda do Rei. Os judeus batizaram os gentios que se tornaram judeus proslitos, mas Joo batizou os judeus!

    II. A vinda de fariseus e saduceus (3:7-12)

    A. O carter deles (vv. 7-8)Os fariseus eram literalistas legais que transformaram a lei em um pesadelo; os saduceus eram liberais que negavam muita coisa do Antigo Testamento (veja At 23:8). Em trs ocasies, Joo Batista e Jesus (12:34 e 23:33) chamaram os fariseus de "raa de vboras". Satans uma serpente, e esses homens so filhos de Satans (Jo 8:44). Os fariseus eram inimigos de Cristo e aparecem, com freqncia, no relato de

  • Mateus 3 21

    Mateus. Ns os encontramos juntos de novo em 16:1 e 22:23 e 34.

    B. A preciso deles ( vv. 9-12)Eles dependiam de seu relacionamento humano com Abrao para se salvar (veja Rm 9:6ss e GI 3:7). Como Nicodemos, em Joo 3, eles chocam-se com a verdade de que precisam nascer de novo. Deus atinge a raiz de nossa vida (v. 10), pois a raiz determina o fruto (v. 8). Observe como Joo aponta-os para Jesus e exalta apenas a ele! O versculo 11 menciona dois batismos com o Esprito Santo (cumprido em Pentecostes, At 1:5, e para os gentios em At 11:16); e com fogo, para ser cumprido na segunda vinda de Cristo (veja Ml 3:1-2 paralelo a Lc 7:27). Esse pequeno "e" cobre um longo perodo de tempo! O fogo fala de julgamento.

    111. A vinda de Jesus (3:13-17)

    A. Jesus e Joo (vv. 13-15)Por que o Filho de Deus sem pecados foi batizado? Sugerimos seis motivos:

    1. Obrigao para "cumprir toda a justia" (cf. Jo 8:29).

    2. Consagrao os sacerdotes do Antigo Testamento eram lavados, depois ungidos. Jesus submeteu-se ao batismo com gua; depois, o Esprito Santo veio na forma de uma pomba. Veja xodo 29.

    3. Aprovao Jesus aprovou o ministrio de Joo e, assim, obrigou o povo a escutar a Joo e a obedecer-lhe (21:23-27).

    4. Proclamao essa era a apresentao oficial que Joo fazia de Jesus aos judeus. Veja Joo 1:31.

    5. Antecipao o batismo com gua antecipa seu batismo de sofrimento na cruz por ns (Lc 12:50). Jesus cumpriu toda a justia por intermdio de sua morte sacrif- cial no Calvrio.

    6. Identificao Jesus identificou-se como homem sem pecado. Logo a seguir, o Esprito Santo levou-o ao deserto. Talvez isso seja um retrato do "bode expiatrio" que simbolicamente carregou os pecados da nao para o deserto (Lv 16:1-10).

    A palavra grega baptizo significa "mergulhar, imergir", e era preciso muita gua para o batismo de Joo Oo 3:23). Na cruz, Jesus sentiu todas as ondas e vagalhes da ira de Deus.

    B. Jesus e o Esprito (v. 16)O Esprito foi o sinal que Deus prometeu a Joo para que pudesse identificar Cristo (Jo 1:31-34). Embora Jesus e Joo fossem parentes (Lc 1:36), provavelmente no se viam havia anos. Mesmo que Joo conhecesse Jesus em carne, ele quereria a confirmao divina do cu. O fato de o Esprito ser simbolizado por uma pomba impor

  • 22 Mateus 3

    tante: a pomba uma ave limpa, fie! a seu parceiro, pacfica e gentil. Cristo nasceu por intermdio do poder do Esprito (Lc 1:34-35), e este tambm capacitou-o para sua vida e ministrio.

    C. Jesus e o Pai (v. 17)Essa a primeira das trs vezes em

    que o Pai falou com seu Filho do cu (veja Mt 1 7:5 e Jo 12:28). Aqui temos a revelao da Trindade: o Filho batizado, o Esprito desce na forma de pomba, e o Pai fala do cu. O Filho foi aprovado pelo Pai, ao iniciar seu ministrio, e recebe aprovao de novo, quando ele se aproxima da cruz (1 7:5).

  • Um rei tem de provar que pode se governar antes de governar outras pessoas. Foi por isso que o rei Saul perdeu seu reinado ele no conseguia se controlar e obedecer a Deus. Esse captulo mostra o Rei se encontrando com seu inimigo, "o prncipe do mundo", e derrotando-o.

    M a t eu s 4

    I. A tentao de Jesus (4:1 -11)

    A. A primeira tentao (vv. 3-4)Satans apela para o corpo, para os desejos da carne. No h pecado em sentir fome. No entanto, Satans sugere que, se Cristo Filho de Deus, este no pode deix-lo sentir fome. Satans sempre quer que pensemos que o Senhor nos esconde alguma coisa (veja Gn 3:5). A inteno da fala de Satans : "Deus deve am-lo. Se ele o amasse, cuidaria melhor de voc!". Seria uma derrota para Cristo usar seus poderes em algo contrrio vontade do Pai. Ele sempre faz o que agrada ao Pai (Jo 8:29).

    Essa tentao de Cristo remete- nos a Deuteronmio 8:3. Alimentar o ser espiritual muito mais importante que alimentar o fsico. Leia Deuteronmio 8:1-6 e observe que Deus nos testa nas coisas comuns da vida, como alimento e bebida.

    Jesus viveu sob a autoridade da Palavra do Senhor, e ns tambm devemos fazer isso.

    Observe que Jesus tem a Palavra guardada "no corao" (SI 119:11) e podia cit-la e aplic-la no momento certo.

    B. A segunda tentao (vv. 5-7)Satans desafia Jesus a provar a fidelidade de Deus. A sugesto de Satans esta: "J que voc acredita na Palavra do Senhor, por que no prova uma das promessas de Deus?". A seguir, Satans cita ou melhor, cita equivocadamente Salmos 91:11-12: "Se s Filho de Deus, atira-te abaixo, porque est escrito: Aos seus anjos ordenar a teu respeito que te guardem; e: Eles te sustero nas suas mos." Cristo responde com Deuteronmio 6:16.

    Satans deixou de citar uma frase muito importante: "Para que te guardem em todos os teus caminhos" (SI 91:11). Deus cumpre suas promessas quando guardamos os caminhos dele. Jesus disse que devemos viver de acordo com cada palavra que o Senhor profere, mas Satans acrescenta palavras s da Bblia, ou as suprime. Ele distorce a Bblia e d aos cristos carnais razes bblicas para apoiar suas atitudes insensatas. Tenha cuidado para no tirar as promessas de seu contexto ou para no reclamar

  • 24 Mateus 4

    promessas quando no cumpriu as exigncias para obt-la.

    Fazer alguma coisa sem a autoridade da Bblia pecar, pois "tudo o que no provm de f pecado" (Rm 14:23). Isso provocar Deus desafi-lo a intervir e salvar-nos quando estamos com problemas. A desobedincia deliberada um convite a ser disciplinado.

    C. A terceira tentao (vv. 8-10)Satans oferece uma forma fcil de Jesus se tornar Rei. Deus permite a Satans, como "prncipe do mundo" (Jo 14:30), ter um certo controle sobre seus reinos. De acordo com Salmos 2:6-9, o Senhor j prometeu esses reinos a Cristo. (Observe como Salmos 2:6-7 leva-nos de volta ao batismo de Cristo: "Tu s meu Filho".) Todavia, ele deve morrer na cruz para ganhar esse reino. Satans tentava afast-lo da cruz.

    Cristo derrotou Satans com Deuteronmio 6:13. O deus que servimos tudo o que adoramos. Se uma pessoa adora o dinheiro, ela vive para o dinheiro e obedece a ele. Se adoramos a Deus, vivemos para ele e lhe obedecemos. No podemos fazer as duas coisas (Mt 6:24). Em um dia futuro, Satans legar os reinos ao anticristo (Ap 13). Contudo, Cristo vir para tomar esses reinos (Ap 19:11-21) e para estabelecer seu reino por mil anos.

    II. Tipos da tentao no Antigo TestamentoCristo, em sua tentao, consuma dois tipos de tentao do Antigo Testamento: Ado e Davi.

    A. O ltimo Ado (1 Co 15:45)1. Ado foi tentado em um bonito jardim; Cristo lutou em um deserto solitrio.

    2. Ado estava em timo estado quando foi tentado; Cristo estava faminto.

    3. Ado era o rei da antiga criao (Gn 1:26); Cristo o Rei da nova criao (espiritual) (2 Co 5:1 7).

    4. Ado pecou e perdeu seu domnio (Hb 2:6-9); Cristo obedeceu e reconquistou o que Ado perdeu e mais ainda (Rm 5:12-21).

    5. Ado foi derrotado e trouxe morte para a humanidade; Cristo venceu e trouxe vida para todos os que crem nele.

    B. O Filho de Davi (Mt 1:1)1. Davi e Jesus so de Belm.

    2. Os dois foram escolhidos e ungidos por Deus.

    3. Os dois foram exilados e perseguidos antes de serem coroados.

    4. Golias desafiou Israel durante 40 dias; Satans atacou Cristo por 40 dias.

    5. Davi usou uma das cinco pedras que recolheu para matar o gigante; Cristo usou um livro (Dt) dos

  • Mateus 4 25

    cinco (da Lei de Moiss) para derrotar Satans.

    6. Golias era um homem forte; compara-se Satans a um homem forte (Mt 12:22-30).

    7. Davi cortou a cabea do gigante com sua espada; Cristo conquistou Satans com a espada do Esprito, a Palavra de Deus (Hb 4:12).

    O Sermo do Monte (Mt 5 7)

    I. Sugesto de esboo do sermo

    A. A justia verdadeira retratada por Cristo (5:1-48)Versculo-chave: 5:48

    1. Positivo: a justia interior (5:1-16)

    2. Negativo: o pecado interior (5:17-48)

    Homicdio * adultrio * juramento falso * vingana

    B. A verdadeira justia praticada pelos crentes (6:17:12)Versculos-chave: 6:1; 6:33; 7:12

    1. Na adorao, comunho com Deus (6:1-18)

    Doar * orar * jejuar2. Na riqueza, comunho com

    o mundo (6:19-34)3. No caminhar, comunho com

    os outros (7:1-12)

    C. A verdadeira justia provada por testes (7:13-29)Versculo-chave: 7:20

    1. O teste da negao de si mesmo: "Andarei pelo caminho apertado hoje?" (7:13-14)

    2. O teste dos frutos produzidos: "O que minha vida produz?" (7:15-20)

    3. O teste da obedincia: "Fao o que digo?" (7:21-29)

    II. Viso geral do sermoPoucas passagens da Bblia so to mal interpretadas e mal aplicadas como o Sermo do Monte. Com freqncia, as pessoas pegam alguns versculos ou frases de Mateus 5 7 e desconsideram o contexto. E importante termos uma viso geral desse importante sermo antes de tentar estudar as vrias divises dessa passagem.

    A. TemaEm 5:17-20, Cristo apresenta o tema do sermo a justia verdadeira versus a falsa, a dos escribas e fariseus. importante lembrar que o povo via os escribas e fariseus como seus modelos e mestres nas coisas de Deus. Eles estabeleciam as regras e determinavam o que era santo ou profano. Um dos motivos por que os escribas e os fariseus odiavam Jesus era porque, nesse sermo, ele exps a superficialidade e a falsidade deles. Veja tambm Mateus 23.

    B. PropsitoHouve trs propsitos fundamentais para Cristo fazer esse sermo: (1)

  • 26 Mateus 4

    dizer a seus seguidores o que era a justia verdadeira em oposio falsa justia dos escribas e fariseus;(2) descrever as leis de seu reino, os princpios espirituais que usa para governar a vida dos homens; e (3) relacionar sua mensagem lei do Antigo Testamento e s tradies dos escribas e fariseus.

    C. Trs errosMuitas pessoas cometem um desses trs erros (ou todos eles) quando estudam o Sermo do Monte: (1) elas aplicam o sermo nao, mas ele refere-se ao indivduo; (2) elas o aplicam aos no-salvos, no entanto ele dirigido aos crentes; (3) elas o transformam em uma lei crist a ser obedecida, e, na verdade, ele descreve como a vida crist quando o Esprito Santo opera em nossa vida (Rm 8:1-4).

    D. Ele serve para ns hoje?Uma vez que Mateus o "evangelho do reino" e que, nessa poca, o Rei ainda no fora rejeitado, alguns estudiosos consideram que o Sermo do Monte aplica-se apenas ao povo de Deus durante a era do reino. Se Israel tivesse recebido a Cristo, ento essas leis seriam postas em prtica; porm, uma vez que Israel o recusou, Mateus 5 7 deve ser cumprido no milnio. Podemos nos ater ao carter dispensacional do relato de Mateus sem perder a li

    o do Sermo do Monte para hoje. Na verdade, se o Sermo do Monte aplica-se apenas era do reino, ento haver ladres no milnio (6:19)? Haver fariseus (5:17-20)? Haver falsos profetas (7:15)? Se Satans ficar preso durante o milnio, por que a orao: "Livra-nos do mal" (6:13)? Haver jejum no milnio (6:16-1 8)? E por que orar: "Venha o teu reino" (6:10), se j estamos no reino?

    Os judeus (induzidos pelos escribas e fariseus) esperavam um reino poltico, pois haviam se esquecido do elemento espiritual. Nesse sermo, Jesus desnorteou o pensamento deles ao anunciar o fundamento espiritual do seu reino. Esses princpios aplicam-se a todas as eras. Na verdade, as epstolas do Novo Testamento para a igreja repetem, de uma forma ou de outra, a maior parte do material do Sermo do Monte. Assim, embora Mateus 5 7 possa ter um carter de dispensao, no ousemos dizer que esses captulos no se aplicam igreja de hoje.

    O quadro a seguir mostra o contraste entre a justia que Jesus ensina e a dos escribas e fariseus.

    Sermo do Monte1. Primeiro a justia interior, depois exterior (5:1-16)

    2. O pecado uma questo de corao, no apenas de atos (5:17-48)

    3. A justia para Deus ver, no para os homens louvarem (6:1-18)

  • Mateus 4 27

    4. Deus est em primeiro lugar; o dinheiro, em segundo (6:19-31)

    5. No se deve julgar (7:1-12)

    Fariseus1. A justia refere-se aos atos exteriores (Mt 23:23-28; Lc 11:37-41)

    2. O pecado refere-se principalmente a atos exteriores apenas (Lc 18:9-14; Mc 2:13-28)

    3. A justia para ser vista pelos homens (Mt 23:2-12)

    4. Avareza (Lc 16:14ss)5. Cruis no julgamento (Lc

    18:9ss; Mt 12:22ss)

    III. O sermo e a salvaoMilhes de pessoas pensam que podem ser salvar se obedecerem ao Sermo do Monte. Elas acham que mais fcil obedecer a ele que aos dez mandamentos. Que insensatez! Ningum jamais foi salvo por obedecer a qualquer lei (Gl 2:1 6; 3:10- 11), e o Sermo do Monte muito mais severo que a Lei de Moiss! De acordo com a Lei mosaica, se um homem matasse outro, era culpado; todavia, Jesus diz que o dio no corao eqivale, sob o aspecto moral, ao homicdio! A luxria adultrio no corao. Por favor, tenha em mente que as bem-aventuranas vm antes. Elas descrevem o tipo de pessoa que, sob o poder do Esprito, vivem da forma que Mateus 5 7 descreve. Observe a progresso nas bem-aventuranas:

    Humildade de esprito isso significa ser humilde diante de Deus.

    Choro refere-se a lamentar o pecado, arre- pender-se.

    Mansido espera diante do Senhor por sua misericrdia.

    Fome e sede pede a justia de Deus.

    Misericrdia condena a si mesmo, no aos outros.

    Limpeza de corao esse o resultado!

    Pacificador tentar ganhar outros para Cristo.

    Perseguio isso acontece com todos os que levam uma vida devota.

    O Sermo do Monte no menciona o Esprito Santo ou o sangue de Cristo. No entanto, o fundamento dele o Calvrio, e o Esprito Santo quem nos d poder para viv-lo. Mais uma vez, lembre-se que no h mandamentos a obedecer h uma lei crist. O Sermo do Monte descreve o carter da pessoa verdadeiramente justa, carter esse que se adquire no caminhar com o Senhor. O importante o esprito desse sermo. Guard-lo literalmente o mesmo que voltar justia dos fariseus que Jesus condena!

  • Os primeiros 16 versculos de Mateus 5 descrevem o cristo verdadeiro e tratam do carter. O resto do Sermo do Monte fala da conduta que brota do carter. O carter sempre antecede a conduta, porque o que somos determina como agimos. Em Mateus 5:1 -16, Jesus mostra que a justia verdadeira interior e, em 5:17-48, menciona que o pecado tambm interior. Por isso, ele expe a falsa justia dos fariseus que ensina que a santidade consiste em atos de devoo, e que o pecado o ato exterior. Muitas pessoas cometem esse erro hoje! Para decidir o destino da vida, Deus considera o corao dos homens.I. As beatitudes em conjunto (5:1-12)No consta da Bblia a palavra bea- titude. Ela significa apenas "bno" e vem da palavra latina usada para bno.

    H uma progresso definida nesses versculos. Eles mostram como a pessoa inicia seu caminhar com o sentido de pecado para, por fim, tornar-se filha de Deus, e o resultado que vem disso. Note que esses versculos tratam de atitudes o que pensamos em nosso corao, nossa perspectiva de vida. "Bem-aventuranas" as atitudes que devemos ter em nossa vida se formos cristos verdadeiros.

    M a teu s 5 A. "Os humildes de esprito" (v. 3)Nossa atitude em relao a ns mesmos quando sentimos nossa carncia e a admitimos.

    B. "Os que choram" (v. 4)Nossa atitude em relao ao pecado, o sofrimento verdadeiro por causa do pecado.

    C. "Os mansos" (v. 5)Nossa atitude para com os outros; somos flexveis e receptivos; no nos defendemos quando estamos errados.

    D. "Os que tm fome e sede (v. 6)Isso se refere a nossa atitude em relao a Deus; ns recebemos sua justia pela f, porque pedimos por ela.

    O resta das bem-aventuranas mostra o resultado da nova vida no crente:

    E. "Os misericordiosos" (v. 7)Temos um esprito perdoador e amamos os outros.

    F. "Os limpos de corao" (v. 8)Mantemos nossa vida limpa. A santidade felicidade para ns, e no queremos substitutos para ela.

    G. "Os pacificadores (v. 9)Os cristos devem promover a paz entre as pessoas e Deus, e entre os

  • Mateus 5 29

    que esto em desacordo uns com os outros. Compartilhamos o evangelho da paz.

    H. "Os perseguidos" (v. 10)Todos os que levam uma vida piedosa sero perseguidos.

    II. As bem-aventuranas individuais (5:1-12)

    A. "Humildes de esprito" (v. 3)Devemos ser esvaziados antes de ser enchidos. O oposto disso a auto-suficincia. Nossa suficincia no vem de ns mesmos (2 Co 3:5). O mundo promove a auto- suficincia, contudo Deus habita naquele que tem o corao contrito (Is 57:15). Isso no significa falsa humildade ou covardia; mas sim uma atitude apropriada em relao ao "eu" e perceber quanto somos fracos e pecadores quando estamos separados de Cristo. Compare os dois homens de Lucas 1 8:9-14.

    B. "Choram" (v. 4)Essa a dor sincera pelo pecado, o nosso e os dos outros. Como somos descuidados em relao ao pecado! Ns o desculpamos, contudo Deus o odeia, e o pecado parte o corao do Senhor. Devemos tomar cuidado com a tristeza deste mundo (2 Co 7:8-10). Pedro, em contrio piedosa, chorou e foi perdoado; Ju

    das teve remorso a tristeza deste mundo e tirou a prpria vida.

    C. "Mansos" (v. 5)Mansido no fraqueza! Jesus era manso (Mt 11:29), todavia ele expulsou os cambistas do templo. Moiss era manso (Nm 12:3), no entanto ele julgou os pecadores e at confrontou Aro por causa do pecado deste. Mansido significa no defender meus prprios interesses, mas viver para a glria de Deus. Os cristos devem ter mansido (Ef 4:1-2; Tt 3:2). Temos a propenso autodeterminao.

    D. "Fome e sede" (v. 6)O verdadeiro cristo tem apetite por coisas espirituais. Pergunte s pessoas o que desejam e saber quem elas so.

    E. "Misericordiosos" (v. 7)Isso no legal ismo, apenas o trabalho do princpio bblico de semear e de colher. Se demonstrarmos misericrdia porque Jesus foi misericordioso conosco, ento receberemos misericrdia (veja Lc 16:1-13; Tg 2:13; Pv 11:1 7). No merecemos misericrdia, mas temos de estar preparados para receb-la.

    F. "Limpos de corao" (v. 8)Isso no significa algum sem pecados (1 Jo 1:8), mas algum que se alegra na verdade no ntimo (SI 51:6).

  • 30 Mateus 5

    Significa um corao inteiro, no dividido entre Deus e o mundo.

    G. "Pacificadores" (v. 9)Tito 3:3 descreve este mundo como se fosse uma guerra. Os cristos tm o evangelho da paz a seus ps (Ef 6:15); por isso, onde quer que vo trazem a paz. Essa no a "paz a qualquer preo", pois a santidade mais importante que a paz fundamentada no pecado (veja Tg 3:17; Hb 12:14). Concesso no paz, mas os cristos no devem ser contenciosos quando lutam pela f.

    H. "Os perseguidos" (v. 10)Veja 2 Timteo 3:12 e 1 Pedro 4:15. Observe que devemos ser "falsamente" acusados. No devemos nunca ser culpados de deliberadamente incentivar a perseguio. Se levarmos uma vida devota, o sofrimento vir! Observe as recompensas: na perseguio, temos a companhia de Cristo e dos profetas e seremos recompensados no cu.

    III. Sal e luz (5:13-16)H duas imagens do cristo em vista: o sal e a luz. O sal fala do carter interior que influencia o mundo decadente, e a luz refere-se ao testemunho interior das boas obras que apontam para Deus. Nossa tarefa manter nossa vida pura a fim de sermos o "sal" desta terra e, assim, deter a corrupo para que o evan

    gelho possa se propagar. Quando deixamos nossa luz brilhar, nossas boas obras devem acompanhar nossa vida dedicada.

    IV. O Antigo e o Novo Testamento (5:17-48)Aps declarar o verdadeiro significado de justia, o Senhor explicou o pecado. Ele citou que no veio para ignorar nem para anular a lei, mas para cumpri-la. A lei do Antigo Testamento lidava apenas com as aes exteriores; no reino, porm, devemos ter cuidado com as atitudes pecaminosas interiores. Jesus cumpriu a lei em sua vida, pois ningum pode acus-lo de pecado, e ele cumpriu-a em sua morte e ressurreio. O povo do Senhor no lhe obedeceu por causa das limitaes exteriores, mas graas vida interior, resultante do poder do Esprito de Deus. Embora o Esprito Santo no seja mencionado no Sermo do Monte, fica claro que no conseguimos praticar o que Jesus ensina aqui sem a ajuda do Esprito (Rm 8:1-13). Jesus fala de vrios pecados e explica como devemos super-los.

    A. Ira (vv. 21-26)A lei diz: "No matars [homicdio]" (x20:13), mas Jesus declarou: "Todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmo estar sujeito a julgamento". A ira como matar

  • Mateus 5 31

    no corao e pode levar s palavras maldosas e ao homicdio real. O "julgamento" refere-se corte local e ao conselho do Sindrio judaico, a mais alta corte da terra. No espere at que seu irmo, ou sua irm, contaminado pela ira d o primeiro passo; d voc mesmo o primeiro passo, e faa isso logo, antes que as coisas piorem.

    B. Desejo impuro (vv. 27-32)Embora o adultrio real seja muito pior que as fantasias sensuais, o desejo interior leva rapidamente ao pecado proibido (x 20:14). Temos de ser implacveis com ns mesmos e no encorajar nossa imaginao a se "alimentar" com esses pecados. Os olhos e as mos (viso e tato) tm de estar sob controle. Para conhecer os ensinamentos de Cristo sobre casamento e divrcio, leia Mateus 19:1 -11.

    C. Falso testemunho (vv. 33-37)Para a Lei de Moiss, veja Levti- co 19:12 e Deuteronmio 23:23. Os especialistas judeus em leis tinham muitas formas de fraud-la, bem como de quebrar juramentos, de forma que as promessas das pessoas nada significavam. Jesus no nos probe de fazer um juramento legal, mas adverte-nos de falar a verdade e no enfeitar nossa conversa com juramentos que, supostamente, do mais valor a nossas

    palavras. Se voc tiver essa integridade, as pessoas acreditaro no que diz.

    D. Vingana (vv. 38-48)A Lei de Moiss (Lv 24:19-24) proibia que as pessoas ofendidas assumissem a lei e buscassem vingana pessoal contra o inimigo. Ela tambm evitava que os magistrados determinassem sentenas excessivas, em desacordo com o ato cometido. No entanto, Jesus pede ao seu povo que sofra, em vez de causar sofrimento aos outros (1 Co 6:1-8). Lembre-se, isso se refere a ofensas pessoais; as cortes ainda devem lidar com as pessoas que infringem a lei e devem ser punidas de acordo com o que fizeram. Os cristos podem se sacrificar e sofrer coma o Senhor os ensina a fazer, mas no tm o direito de pedir que outros se juntem a eles nisso. O versculo 42 no nos ordena a dar a qualquer pessoa aquilo que ela deseja, pois, dessa forma, poderamos prejudic- la. Devemos dar a ela o que mais precisa, no o que mais deseja.

    Levtico 19:1 7-1 8 lida com o tratamento aos inimigos; veja xodo 23:4-5. Em momento algum, a lei ordena que a pessoa odeie seu inimigo. Jesus aconselha-nos a orar por eles e a fazer o bem a eles, da mesma forma que o Pai faz em relao a ns. Se tratarmos nosso inimigo da mesma forma como ele nos

  • 32 Mateus 5

    trata, rebaixamo-nos ao patamar dele. Nem devemos nos satisfazer em fazer o que muitos cristos fazem. "Por que fazer mais que os outros?" Devemos ir mais alto e imitar

    o Pai celestial. No versculo 48, a palavra "perfeitos" indica o caminho para a maturidade de carter, o tipo de qualidade descrita em 2 Pedro 1 e Glatas 5:22-23.

  • M a teu s 6 Todavia, no recebem a recompensa do Pai.

    Mateus 6 trata da prtica da justia verdadeira na vida do crente. Na verdade, essa seo estende-se at 7:12 e divide-se em trs sees: o crente e a adorao (6:1-18), o crente e a riqueza (6:19-34) e o crente e seu caminhar (7:1-12). A primeira seo envolve o relacionamento com Deus; a segunda, com o mundo; e a terceira, com a espcie humana.

    I. O crente e a adorao (6:1-18)Cristo pe a adorao em primeiro lugar, j que o relacionamento com Deus determina o relacionamento com o mundo e as outras pessoas. A palavra "justia", no versculol, crucial. O conceito principal que nosso relacionamento com Deus deve ser secreto, para que apenas o Senhor veja, no para que as pessoas aplaudam. O Senhor no permite duas recompensas, uma dos homens e outra do cu!

    A. Doao (vv. 2-4)Os fariseus amavam anunciar suas doaes (Mc 12:38-40), como hoje as pessoas amam contar aos outros quanto doaram! Se doam por esse motivo, ento j ganharam sua recompensa o aplauso das pessoas.

    B. Orao (vv. 5-15)Jesus afirmou: "Quando orardes", e no: "Se orardes". Ele espera que oremos. A principal caracterstica de Paulo, aps sua converso, era a orao (At 22:17). Jesus enfatiza que pecado orar para ser visto e ouvido pelos outros. A orao a comunho secreta com Deus, embora, sem dvida, a Bblia autorize a orao pblica. No entanto, quem no ora privadamente no deve orar em pblico, pois seria hipocrisia. Cristo aponta trs erros comuns em relao orao: (1) orar para que os outros escutem (vv. 5-6); (2) orar apenas com palavras que no passam de "vs repeties" (vv. 7-8); e(3) orar com o pecado no corao (vv. 14-15). Deus no nos perdoa porque perdoamos os outros, mas por causa do sangue de Cristo (1 Jo 1:9). Todavia, o esprito rancoroso atrapalha a vida de orao, e mostra que a pessoa no entende a graa do Senhor.

    Os versculos 9-13 no apresentam a, assim chamada, orao do Pai-Nosso para ser recitada sem que se reflita em seu sentido. Antes, ela um modelo para que aprendamos a orar. uma "orao para a famlia" observe a repetio de "nosso" e "ns" nela. O Pai-Nosso pe o nome, o reino e a vontade de

  • 34 Mateus 6

    Deus antes das necessidades terrenas do homem. Ele adverte-nos contra a orao egosta.

    C. Jejum (vv. 16-18)O verdadeiro jejum o do corao, no apenas o do corpo (veja Jl 2:13; Is 58:5). Para os cristos, o jejum a preparao para a orao e outros exerccios espirituais. Significa desistir de algo menor para ter um ganho mais excelente, e isso pode envolver comida, descanso ou at sexo (1 Co 7:1-6).

    II. O crente e a riqueza (6:19-34)O versculo 33 a chave dessa seo. "Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justia, e todas estas coisas vos sero acrescentadas." Ponha Deus em primeiro lugar, e ele cuidar das coisas materiais.

    A. O princpio bsico (vv. 19-24)Cristo apresenta diversas razes de por que insensato viver para as coisas materiais. Por um motivo, as coisas materiais no so duradouras. Os judeus valorizavam os tecidos, contudo as traas os estragam. A ferrugem estraga o metal, e os ladres roubam as coisas de valor. No obstante, os tesouros usados para a glria do Senhor so investidos no cu e duram por toda a eternidade. A forma como as pessoas usam sua riqueza indica a condi

    o do corao delas. Se gastamos nosso tempo e dinheiro apenas em negcios e negligenciamos a Deus, ento nosso corao est apenas nos negcios, no no Senhor. Gnesis 13:5-18 apresenta uma ilustrao do olhar focado, quando comparamos Abrao e L. Aqui, o olhar refere-se perspectiva do corao. O olhar focado aquele que se fixa no espiritual. Isso se ope ao homem de "nimo dobre" apresentado em Tiago 1:8; 4:4,8. No versculo 23, "maus" significa o oposto de cndido e sugere um olhar pecaminoso, uma viso dupla. No versculo 24, Jesus deixa claro que no podemos olhar em duas direes ao mesmo tempo, servir a dois senhores, ou seja, viver para Deus e para as riquezas materiais. A Bblia no condena a posse de bens, mas adverte a respeito do amor ao dinheiro e do mau uso da riqueza (veja 1 Tm 6:9- 10,17-18; Hb 13:5; Lc 16:1-13).

    B. A prtica diria (vv. 25-34)O "por isso" de Cristo sugere que agora ele aplicar esse princpio nossa vida. Ele mostra que a preocupao com as coisas materiais insensatez porque no realiza nada! Ele lembra-nos de pr nossos valores no lugar certo a vida consiste em mais que alimento e vestimenta. Jesus era pobre, contudo era muito feliz e tinha paz. Paulo afirmou que ele era "pobre [...] mas enrique

  • Mateus 6 35

    cendo a muitos" (2 Co 6:10). Lucas 12:13-21 declara que devemos distinguir entre as riquezas verdadeiras (espirituais) e as duvidosas (materiais).

    Cristo menciona que Deus cuida da natureza as flores, a grama e as aves. "Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanh lanada no forno, quanto mais a vs outros." O Pai conhece nossas necessidades, e, se o pomos em primeiro lugar, ele supre todas as nossas necessidades. Como os crentes de hoje devem praticar Mateus 6:33? Para comear, ponhamos Deus em primeiro lugar todos os dias. Isso significa reservar um tempo para orar e ler a Palavra. Ponhamos o Senhor em primeiro lugar toda semana, ao comparecer fielmente na casa de Deus. Ponhamos o Senhor frente em todos os dias de pagamento, ao entregar nosso d

    zimo a ele. Ponhamo-lo em primeiro ao escolher no tomar decises que o deixem de fora. L deixou o Senhor fora de suas decises e terminou na escurido de uma caverna cometendo pecados terrveis! Ele, ao escolher um lugar para viver e criar sua famlia, no ps Deus em primeiro lugar.

    H paralelos espirituais para as coisas materiais que as pessoas buscam hoje. Temos de alimentar a pessoa escondida em nosso corao com o alimento espiritual da mesma forma que alimentamos nosso corpo (Mt 4:4; 1 Pe 3:4). Temos de verificar se nossas vestes espirituais esto em ordem (Cl 3:7-15) da mesma forma que nos amofinamos em relao s vestimentas com que cobrimos nosso corpo. Bebemos gua fsica, porm temos tambm de beber gua espiritual da vida que Cristo nos oferece Go 4:13-14; 7:37-39).

  • A primeira parte do captulo 7 complementa a segunda seo do Sermo do Monte "A justia verdadeira exercida pelo crente" (6:1 7:12). Em 6:1-18, a nfase estava na adorao; em 6:19-34, na riqueza; e 7:1-12 lida com o caminhar cristo no relacionamento com os outros. A seo final do Sermo do Monte (7:13-29) intitula-se "A justia verdadeira comprovada por meio de testes".

    I. O caminhar do crente (7:1-12)O versculo 12 chave para essa seo: "Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos faam, assim fazei-o vs tambm a eles". Essa a regra de ouro que rege o relacionamento do crente com os outros. Embora outras religies digam coisas semelhantes, a regra de ouro estritamente crist por causa de seu carter positivo. Ela no diz: "No faa aos outros o que no quer que faam a voc". Ela pe sobre o crente a responsabilidade de agir de forma que os outros o imitem para que Deus seja glorificado (5:1 6). Essa seo tem trs partes, cada uma delas relacionada com a outra.

    A. Julgamento (7:1-5)Cristo, aqui, no nos diz que evitemos avaliar as pessoas ou que no usemos a sabedoria dada por Deus

    M a teu s 7 (veja 1 Jo 4:1-6). O mundo est cheio de falsos cristos e, at mesmo, de ministros de Satans (2 Co 11:13-15). Os cristos devem, como nunca antes, estar alertas e "provafr] os espritos" (1 Jo 4:1). O que Cristo condena o julgamento severo e a crtica injusta dos motivos dos outros. Observe que ele usa o olho como smbolo. Em 6:22-23, Jesus define "os olhos" como a viso espiritual da pessoa que determina sua vida. Todo crente tem obrigao de testar os outros pelos frutos que produzem (vv. 15-20); nenhum cristo, no entanto, deve julgar os motivos (veja Rm 14 e 1 Co 4:5).

    Essa ordem de Cristo no probe que a igreja discipline os membros. Ele diz-nos que devemos enfrentar o cristo desobediente com honestidade e humildade, examinar as evidncias e lidar com o pecado de forma decisiva (veja 18:15-18;1 Co 5). Os cristos que dizem que a disciplina da igreja no bblica devem ler 2 Tessalonicenses 3:11- 15 e Glatas 6:1-5.

    Cristo d-nos o direito de ajudar os outros depois que pomos em ordem nossa vida. Ele no diz que errado ajudar nossos irmos e irms a se libertar de seus pecados, mas diz que primeiro devemos cuidar dos nossos pecados. Em outras palavras, devemos ser severos com ns mesmos como somos com os outros. Jesus cita dois perigos para a vida dos

  • Mateus 7 37

    cristos que julgam os outros: (1) que o julgamento se volte para eles, e (2) que fiquem cegos para suas prprias necessidades e, no fim, precisem de ajuda eles mesmos.

    B. Discernimento (7:6)Essa ordem equilibra a anterior. No devemos julgar os outros, no entanto tambm devemos ser cuidadosos em como apresentamos as coisas santas. "O que santo" refere-se ao alimento que o sacerdote retira do altar; "prolas" tipifica as verdades bblicas; as "preciosas [...] promessas" (1 Pe 1:4) da Palavra. Deve-se pregar o evangelho em todo o mundo; porm, no devemos pregar essas verdades profundas as "jias de famlia" de forma descuidada a fim de no tirar-lhes o valor. Os "ces" e os "porcos" so os mestres que, na verdade, nunca se salvaram (2 Pe 2:19-22).

    C. Orao (7:7-12)Por que Cristo incluiu essa exortao orao nesse ponto do sermo? Porque muito difcil que com nosso poder e sabedoria obedeamos aos mandamentos que ele nos deu. Tiago 1:5: "Se, porm, algum de vs necessita de sabedoria, pea-a a Deus", ecoa o que Jesus fala nessa passagem. O cristo que procura obedecer Palavra do Senhor deve pedir constantemente fora e sabedoria e bater porta

    do Senhor para conseguir a graa necessria para isso. Observe que Cristo fundamenta sua orao na paternidade de Deus (vv. 9-11). Como filhos do Senhor, podemos esperar que ele cuide de ns e supra nossas necessidades.

    III. A justia verdadeira comprovada por meio de testes (7:13-29)Cristo apresenta trs testes que comprovam se nossa justia verdadeiramente de Deus. O falso cristianismo, um disfarce, fracassa nesses testes.

    A. O teste da negao de si mesmo (vv. 13-14)Os dois caminhos refererri-se a dois estilos de vida: a vida popular, fcil e confortvel, ou o difcil caminho da negao de si mesmo. Alcanamos esses caminhos por duas portas: a porta estreita da entrega ou a porta larga da auto-suficincia. A justia verdadeira leva negao de si mesmo. Em Mateus 8:18-22, observe os dois homens que se afastaram de Cristo porque fracassaram nesse teste. Demas tambm fracassou nesse teste (2 Tm 4:10).

    B. O teste do fruto espiritual (vv. 15-23)A expresso "falsos profetas" no abrange apenas falsos pregadores que proclamam um evangelho falso, mas principalmente os

  • 38 Mateus 7

    falsos mestres da f em Cristo. A natureza interior deles no mudou (veja 2 Pe 1:4). Eles tm apenas a aparncia exterior de uma ovelha. Chamam Cristo de "Senhor" e at praticam obras piedosas, mas no foram salvos! Como detectamos esses falsos crentes? "Pelos seus frutos os conhecereis" (v. 1 6). Que frutos Jesus procura? Ele busca: (1) o fruto do Esprito ou, como descrito nas bem-aventuranas e em Glatas 5:22-23, o carter cristo; (2) o fruto dos lbios, testemunho e louvor ao Senhor (Hb 13:15); (3) o viver santo (Rm 6:22); (4) as boas obras (Cl 1:10); (5) as almas perdidas ganhas para Cristo (Rm 1:13). Talvez os cristos confessos estejam envolvidos em atividades religiosas e pensem que foram salvos; contudo, se no nasceram de novo com honestidade, sua vida diria revelar esses frutos.

    Observe que os "falsos cristos" so surpreendidos no julgamento! E possvel enganarmos a ns mesmos! Satans cega a mente (2 Co 4:3-4) e engana as pessoas para que pensem que esto salvas. No retorno de Cristo, milhes de cristos se surpreendero ao descobrir que no foram salvos de forma alguma!

    C. O teste de permanncia ou obedincia (vv. 24-29)Os dois construtores representam a vida de dois homens. Os dois

    usam os mesmos materiais e a mesma planta, e o mundo no v diferena nas duas casas. No entanto, quando h uma tempestade a hora do teste , a casa que no foi alicerada na rocha desaba e falha no teste. O cristo verdadeiro fundamenta-se na Rocha, Cristo Jesus (1 Co 3:11). A justia no se fundamenta na igreja, no credo ou na "mansido", mas em Jesus Cristo que morreu pelo crente. O filho de Deus prova-se por sua firmeza em meio s tempestades que o testam. O cristo verdadeiro prova-se na obedincia a Cristo. A pessoa no apenas um ouvinte da Palavra, mas tambm um doador (Tg 1:22-25).

    Leia sua Bblia e veja como os falsos crentes sempre fracassam em tempos de teste. O "misto de gente" em Israel queria voltar para o Egito quando as coisas ficaram difceis na jornada deles. Em Roma, muitos dos chamados cristos abandonaram Paulo em seu momento de necessidade (2 Tm 4:9-18). Todavia, observe como os verdadeiros cristos ficam firmes independentemente do teste. Abrao, Moiss, Josu, Davi, Isaas, Jeremias, Daniel, Pedro, Paulo e muitos outros provaram que tinham f verdadeira ao permanecer firmes durante a tempestade. Eles foram edificados sobre a Rocha.

  • Mudamos agora para uma nova seo do relato de Mateus em que o Rei revela seu poder (caps. 8 10). Mateus agrupa dez milagres para provar a seus leitores que Jesus Cristo possui os poderes do Rei que o Antigo Testamento prometeu que o Messias teria. Em seu primeiro sermo (Lc 4:18-1 9), ele anunciou que provaria que o Esprito estava sobre ele ao curar e ajudar as multides. Isaas 35 promete que, na era do reino, os cegos enxergariam, os coxos andariam, etc. (vv. 5-6). Esses milagres so as credenciais de Cristo que provam que ele foi enviado por Deus. Esses captulos levam-nos de volta a 4:23-25.

    I. Poder sobre doenas (8:1 -17)

    A. Lepra (vv. 1-4)Na poca de Jesus, essa era a doena mais ameaadora, para a qual no havia cura. Jesus tocava os leprosos e, assim, segundo a Lei, tornava-se cerimonialmente impuro. No entanto, o toque dele significava cura. Ele tambm curou por intermdio das palavras "Fica limpo" (v. 3). Levtico 13 descreve o teste que os sacerdotes faziam para saber se a pessoa tinha lepra e mostra como a lepra simboliza o pecado: mais profunda que a pele (v. 3), espalha-se (v. 7), torna a

    M a teu s 8 pessoa imunda (vv. 44-45), isola-a de Deus e dos homens (v. 46), e tratada por meio do fogo (v. 52). A nao de Israel descrita como imunda por causa da lepra (Is 1:5-6). Levtico 14 descreve a cerimnia por meio da qual se declarava o leproso limpo. Isso descreve a obra de Cristo.

    B. Paralisia (vv. 5-13)Essa passagem mostra um gentio que vai a Jesus em busca de ajuda. Essa passagem e 15:21-28 so as duas do relato de Mateus que apresentam gentios que procuram Cristo. Observe que, nos dois casos, Jesus cura a distncia. Essa passagem faz paralelo com Efsios 2:12-13, em que se diz que, sob o aspecto espiritual, os gentios esto "longe". Nos dois casos, Jesus honra a f, e os milagres acontecem pelo poder da palavra dele. Cristo adverte os judeus com dureza (vv. 10-12) de que por causa da descrena deles perdero o reino, e os gentios o recebero no lugar deles.

    C. Febre (vv. 14-17)Mudamos de uma doena terrvel como a lepra para uma indisposio comum, a febre, porm Cristo tem poder sobre as duas. Pedro era casado (1 Co 9:5), e talvez a sogra vivesse com a filha e ele. Ele serviu a Cristo depois que este a curou, o que mostra como a cura foi completa e como ela ficou agradecida pelo

  • 40 Mateus 8

    que Jesus fez. Devemos fazer a mesma coisa.

    Observe que Mateus cita Isa- as 53:4 para apresentar fundamento bblico ao ministrio de Jesus. Alguns intrpretes acham que essa passagem significa que h "cura na expiao", e que a morte de Cristo nos d, hoje, o privilgio da cura fsica. Todavia, observe que Mateus no fala da morte de Jesus, mas de sua vida! Isaas 53:4 no se refere ao Calvrio, mas ao ministrio terreno de cura de Cristo. Em 1 Pedro 2:24, Isaas 53:4 aplicado cura de nossos pecados. Com certeza, Deus tem o poder de curar hoje, e, por causa da morte de Cristo, algum dia, teremos redeno fsica (Rm 8:18-24). Contudo, no apliquemos esse versculo cura hoje. Mateus no fez isso, nem ns devemos faz-lo.

    II. Poder sobre a natureza (8:18-27)Jesus, em vez de bajular a multido, afastou-se! Muito diferente de algumas celebridades crists atuais que apelam para as multides e amam o aplauso das pessoas. Os versculos 19-22 mostram por que Jesus no se impressionava com as grandes multides: as pessoas no estavam dispostas a abandonar tudo para seguir a Cristo. Elas estavam interessadas em ver milagres, no em dar tudo de si por Cristo.

    Algumas pessoas acreditam que a origem dessa tempestade era sa

    tnica, j que os discpulos (alguns deles homens do mar experientes) estavam petrificados de medo. Talvez fosse um ataque satnico para destruir Cristo. Sabemos que as tempestades repentinas so comuns no mar da Galilia. Veja a paz que Jesus demonstra dormiu em meio a uma tempestade perigosa. Esse o tipo de paz que temos quando sabemos que seguimos a vontade de Deus. De novo, ele controla o vento e o mar, e h calma imediata. Passamos de uma "grande tempestade" (v. 24) a uma "grande bonana" (v. 26) por causa de um Salvador poderoso! Como devemos ser agradecidos por Cristo acalmar as tempestades da vida (veja SI 107:23-31).

    III. Poder sobre Satans (8:28-34)Cristo encontra seu inimigo de novo, dessa vez no cemitrio. Essa uma boa ilustrao de Efsios 2:1-3! Temos a morte (o cemitrio), a possesso satnica, a imundcia da carne e a horrvel demonstrao de animosidade contra Deus. Mateus menciona dois homens, mas os outros evangelhos, apenas um homem; talvez estes falem apenas do mais notrio. Mateus no contradiz Marcos e Lucas; apenas complementa o relato deles.

    Temos de admitir a existncia de poderes demonacos em nosso mundo hoje (Ef 6:12), bem como o desejo de Satans de destruir o cor

  • Mateus 8 41

    po humano e de condenar a alma dos homens ao inferno. O temor dos endemoninhados de que Cristo os atormentasse "antes do tempo" (v. 29) indica que haver um julgamento futuro contra Satans e seus exrcitos. Os demnios tm de ter corpo para fazer o trabalho deles neste mundo, da mesma forma que o Esprito precisa do corpo dos cristos (Rm 12:1-2). Por isso, os demnios rogaram para entrar nos porcos. Aos olhos de Satans, os porcos so to bons quanto os homens! (Veja qual o fim do filho prdigo entre os porcos; Lucas 15:1 5-16.)

    Os demnios tm de obedecer sua Palavra, e aquela palavra que proferiu: "Ide", expulsou-os do meio dos homens. Os porcos morreram porque Satans homicida (Jo 8:44). Se Cristo no tivesse interferido em amor e graa, Satans teria feito isso aos homens. Jesus estava disposto a atravessar uma tempestade para salvar esses homens das garras de Satans! Isso mesmo, e ele estava disposto a atravessar a tempestade do dio dos homens e a do Calvrio para salvar nossa alma!

    Como os cidados foram insensatos ao pedir que Jesus deixasse sua regio. Quando comparamos essa passagem com os evangelhos de Lucas e Marcos, descobrimos que houve trs "oraes" naquele cemitrio: os demnios oraram por permisso para entrar nos porcos; um dos homens curados orou para ter o privilgio de seguir Jesus; e os cidados oraram para que Jesus os deixasse.

    Hoje, Jesus Cristo tem poder sobre o demnio (Jo 12:31; 14:30; Cl 2:15). Talvez os poderes demonacos do diabo ajam de forma diferente daquela que agiam quando Jesus estava na terra, mas eles esto fazendo seu trabalho da mesma forma que na poca dele. Um homem atacado pelo orgulho; outro, pela luxria; um terceiro, pelo amor ao dinheiro. Apenas Cristo pode libertar os cativos.

    No captulo 8, observe o poder da Palavra do Senhor (vv. 8,16,26,32). A Palavra de Deus poderosa, no a nossa palavra (Hb 4:12). Devemos fundamentar nossa pregao, nosso testemunho pessoal e nosso viver dirio na Bblia.

  • Esse captulo continua a apresentar o poder do Rei (caps. 8 10). Anteriormente, vimos o poder de Cristo sobre doenas (8:1-17), sobre a natureza (8:18-27) e sobre Satans (8:28-34).

    I. Poder sobre o pecado (9:1-17)

    A. O milagre (vv. 1-8)O entorpecimento um tipo de paralisia que deixa o homem impotente. Amigos crentes trouxeram o paraltico at Jesus, e este respondeu f deles ao curar o homem. No entanto, ele foi mais longe: tambm perdoou os pecados dele! "O Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados" (v. 6). Os crticos de Cristo acusam- no de blasfmia; dessa forma, provam que no aceitam seu reinado e sua filiao.

    B. Os resultados (vv 9-17)Os escribas e os fariseus comeavam a procurar motivos para acusar Cristo e opor-se a ele (veja vv. 3,11,34). Por isso, quando Mateus ofereceu o jantar a Jesus e convidou seus amigos "publicanos e pecadores", os fariseus apareceram para causar problemas. Nessa passagem, Cristo retrata-se como um mdico que cura coraes pecadores (v. 12) e como um noivo que traz

    M a t eu s 9 alegria para a vida das pessoas (v. 15). Hoje, muitos cristos pensam que nossa tarefa abrir as portas da igreja e convidar os pecadores a virem a ns, mas Jesus instruiu-nos a procurar os homens perdidos com a mensagem do evangelho. H o perigo de que "separao" se transforme em "isolamento" e fracassemos em contatar os pecadores perdidos.

    Joo estava na priso, e seus discpulos estavam confusos. Mais tarde (11:1-6), o prprio Joo expressou sua vontade de saber a respeito do que Cristo estava fazendo. O ministrio de Jesus era diferente do dos fariseus, que jejua- vam com freqncia (Lc 18:12), e eles queriam uma explicao. Ele explicou-lhes que introduzia coisas novas e falou-lhes do pano novo e do vinho novo. Voc no pode propagar a nova mensagem do evangelho no antigo contedo da lei. Misturar lei e graa causa confuso e destri a ambas. A nova vida em Cristo deve assumir uma nova forma. Misturar as alianas, a antiga e a nova, que Deus fez com seu povo leva confuso religiosa.

    II. Poder sobre a morte (9:18-26)

    A. O desejo (9:18-19)Esse homem era religioso e obediente lei, todavia sua religio era intil diante da morte. A lei mata, mas o Es

  • Mateus 9 43

    prito vivifica. Para mais detalhes, veja Lucas 8:40-56 e Mateus 5:21-43.

    B. A demora (9:20-22)A mulher com hemorragia teve f e estava disposta a humilhar-se aos ps de Cristo. Os mdicos do mundo no podiam cur-la (Mc 5:26), por isso ela procurou o Mdico supremo. Todavia, isso retardou o Senhor no caminho para a casa de Jai- ro. Como isso deve ter deixado Jairo ansioso! No obstante, a demora de Jesus sempre traz grandes bnos. (Veja o caso de Lzaro em Joo 11.) Ele ressuscitou a filha de Jairo, em vez de apenas cur-la!

    C. O escrnio (9:23-24)Imagine, pecadores rindo de Jesus! Isso prova que a menina realmente estava morta, ou no teriam rido de Cristo. Tambm no devemos esperar outra coisa do mundo, pois riem de ns quando tentamos trazer vida os pecadores (Ef 2:1 -10).

    D. A demonstrao (9:25-26)Ele tocou-a e falou com ela, e ela voltou vida. A Bblia apresenta relatos completos a respeito de trs pessoas que Jesus ressuscitou: a menina (nesse relato), o jovem (Lc 7:11-16), e Lzaro (Jo 11). A morte retrata a morte espiritual (Ef 2:1; Jo 5:24-25). Portanto, o pecado alcana todas as idades, e, embora todos os pecadores estejam mortos espi

    ritualmente, h graus distintos de decomposio. A menina acabara de morrer, o jovem talvez estivesse morto havia um dia, e Lzaro estava sepultado havia quatro dias! O "pecador moral" como a menina: no h decomposio, embora haja morte. O "pecador imoral" como Lzaro: seu pecado cheira mal. Os trs foram ressuscitados pelo poder da Palavra, uma ilustrao de Joo 5:24.

    III. Poder sobre as trevas (9:27-31)No sabemos como esses homens ficaram cegos. Talvez fosse por causa de doena, do pecado ou de um acidente. Eles reconheciam Jesus como Filho de Davi (cf. 1:1) e o seguiram at em casa. Jesus perguntou- lhes se tinham f e curou-os porque criam. Nos captulos 8 e 9, observe como a f se manifesta. O centurio tinha muita f (8:10), no entanto os discpulos mostraram pouca f durante a tempestade (8:26). A f dos amigos ajudou o paraltico (9:2), e a f da mulher com hemorragia curou-a (9:22). A demora no caminho ps prova a f de Jairo, e a f dos homens cegos foi recompensada. De acordo com Lucas 4:18 e Isaas 61:1-2, a cura do cego prova o messiado de Cristo.

    /V. Poder sobre demnios (9:32-38)Esse milagre causou muita admirao: "Jamais se viu tal coisa em

  • 44 Mateus 9

    Israel!" (v. 33). Dessa forma, Cristo apresentou-se e provou sua realeza. Contudo, os lderes religiosos rejeitaram-no e at o acusaram de ter ligao com Satans! Em um dia futuro, Israel receber um falso Cristo, capacitado por Satans (Jo 5:43). No fim, foi essa acusao de seus inimigos que culminou na rebelio aberta descrita em 12:22-37.

    Observe que Jesus no argumenta com o povo; antes, vai em socorro dos que o recebem. Ele pregou o "evangelho do reino" (v. 35), o que significa que ele ainda se oferecia nao como seu Rei. Mais tarde, ele enviou seus discpulos

    para pregar o mesmo evangelho e fazer os mesmos milagres (10:5-8). Essa no nossa comisso hoje e no ousemos afirmar que temos o poder de fazer milagres. Tudo isso diz respeito nao de Israel, no igreja, porque "os judeus ped[iram] sinais" (1 Co 1:22).

    Hoje, as multides tambm precisam do Pastor. Apenas Cristo pode gui-las e aliment-las (veja Ez 34). Cristo retrata-se como pastor e segador, o Senhor da seara. Ele o Senhor da seara (v. 38), e, se quisermos ganhar almas, temos de lhe obedecer. Para um ensino paralelo, veja Joo 4:31-38.

  • Esse captulo apresenta o fim da primeira seo de Mateus, "a revelao do Rei" (1 10). Nos captulos 1 4, ele apresenta a pessoa do Rei; de 5 7, seus princpios; e de 8 10, seu poder. Nos captulos 8 9, Cristo revela seu poder por meio da srie de milagres que realiza, e nesse captulo ele envia seus embaixadores para fazer milagres e levar a mensagem do reino. Tenha em mente que, sempre que h sinais, estamos lidando com os judeus e a mensagem do reino (1 Co 1:22).

    Ao ler esse captulo, voc notar que os versculos 16 e 24 apresentam uma mudana nas instrues. Voc se confundir se aplicar todo esse captulo aos 12 apstolos, pois Jesus, nos versculos 15- 23, pula os sculos e trata da mensagem do reino durante a tribula- o. Esse captulo d instrues aos apstolos do passado (vv. 1-15) e aos do futuro perodo da tribulao (vv. 16-23), e aos servos de Deus de hoje (vv. 24-42).

    M a teu s 1 0

    I. Instrues para os apstolos do passado (10:1 -15)Em 9:36-38, Cristo pediu-lhes que orassem a respeito da seara; agora, ele os envia seara para servir. Orar pelo perdido uma coisa sria, por

    que Deus quer usar voc para ajudar a responder quelas oraes.

    Observe a mudana de "discpulos" (os que aprendem; v. 1) para "apstolos" (os que so enviados; v. 2). Esses 12 foram os primeiros missionrios. Cristo deu-lhes o poder que precisavam para realizar a obra dele, pois ele sempre capacita os que chama para o servio. Deus usa pessoas variadas para realizar sua obra.

    O comissionamento deles era claro: pregar o reino dos cus e, no seu caso, especificamente, alcanar os judeus. Joo Batista fizera isso (3:2); Jesus fizera isso (4:17); e agora os discpulos deviam propagar a mensagem por toda a nao judaica. Os milagres que realizam so a credencial de que so representantes do Rei (Hb 2:1-4).

    Hoje, todavia, a pregao do reino universal. Outras tambm so as condies do servo de Deus: ao mesmo tempo, por exemplo, que no deve depender de coisas materiais, deve preparar-se para prover para si mesmo e sua famlia se quiser propagar a mensagem (2 Tm 5:8). Assim, no h necessidade de os missionrios de hoje seguirem as instrues dos versculos 9-10. Paulo ficou grato pelo apoio das igrejas, como tambm ficam os missionrios de hoje em todo o mundo.

    Por fim, no pregamos o evangelho do reino para os que so dig-

  • 46 Mateus 10

    nos. Anunciamos o evangelho da graa de Deus para todas as pessoas e convidamos os pecadores a virem para Cristo. Embora os princpios espirituais dessa seo se apliquem a ns, as instrues especficas no se aplicam.

    II. Instrues para os apstolos do futuro (10:16-23)No incomum que os escritores da Bblia pulem de um perodo para outro sem aviso. Aqui, Jesus olha atravs da histria e v os que sero suas testemunhas no perodo da tribulao. H vrias razes que provam que esses versculos no se aplicam aos 12 discpulos: (1) o versculo 1 probe-os de ir at os gentios, e o versculo 18 diz que eles testemunharo para os gentios; (2) o Esprito no podia falar por intermdio deles at Cristo ser crucificado e ressuscitar (veja Jo 14:1 7); (3) no h evidncia de que os doze apstolos foram perseguidos. Lucas 9:10 e Marcos 6:30 indicam que eles foram muito bem-sucedidos no ministrio e estavam satisfeitos com isso; (4) os versculos 22-23 fazem paralelo com 24:9,13, que, com certeza, se aplica aos ltimos dias. H um sentido em que essa seo poder-se-ia aplicar ao ministrio dos apstolos durante o perodo de Atos dos Apstolos, especialmente ao do apstolo Paulo. Entretanto, a

    aplicao verdadeira para o perodo da tribulao. Observe que o versculo 22 no tem nada que ver com a salvao do pecado. Ele fala a respeito da persistncia fiel de seus embaixadores durante a perseguio do perodo da tribulao. Isso terminar com o retorno do Senhor (v. 23).

    III. Instrues para os discpulos de hoje (10:24-42)Observe que ele volta ao tratamento de discpulo e no limita as instrues apenas aos judeus. Essa passagem traz encorajamento e instrues para seus seguidores de hoje. Ns somos aprendizes (discpulos) e trabalhadores (servos). Ele adverte contra temer os homens (vv.25-31). Ele afirma que os homens o trataram da mesma forma, e que um privilgio sofrer por causa dele (veja Fp 1:29; At 5:41). O versculo 28 no fala de Satans, pois ele no tem o poder de destruir o corpo ou a alma no inferno. Deus faz isso, e Cristo diz-nos que devemos temer somente a ele. Voc no precisa temer mais nada quando teme ao Senhor. Jesus garante-lhes o cuidado do Pai, pois Deus cuida at do pardal faminto. Nos versculos 31- 33, ele afirma a importncia de confessar Jesus Cristo abertamente. Isso se aplica aos servos e aos convertidos que conseguem (veja Rm 10:9-10; 2Tm 2:12). A confisso

  • Mateus 10 47

    no salva, mas um resultado natural da salvao.

    Os versculos 34-39 indicam, de forma clara, que o evangelho um divisor de pessoas. Cristo o Prncipe da Paz, e o evangelho o mensageiro da paz; contudo, em geral, quando as pessoas confessam Cristo, fazem inimigos. Cristo separa e faz com que os fortes laos familiares, bem como as amizades, percam a importncia. Os cristos no podem servir a Cristo sem carregar a cruz. Isso significa crucificar o eu e sofrer o oprbrio que ele sofreu. Salvar nossa vida sig

    nifica perd-la; porm, perd-la por ele representa salv-la.

    Os versculos finais (40-42) indicam a importncia do servo de Cristo, pois ele seu representante. Como Paulo afirma em 2 Corntios 5:20, rejeitar o servo o mesmo que rejeitar Cristo. muito encorajador saber que representamos o Rei dos reis, e que ele justo conosco quando o servimos.

    Nessa seo, Cristo delineia a posio (vv. 24-25), a proteo (vv.26-32), o privilgio (vv. 33-38), a promessa (v. 39) e a prtica (vv. 40- 42) do servo.

  • Aqui alcanamos um ponto de mudana no ministrio de Cristo a partir da forma como Mateus o apresenta. Completou-se "a revelao do Rei" (caps. 1 10). Agora, comea a aparecer a "rebelio contra o Rei" (caps. 11 13). Nessa seo, os judeus rebelam-se contra cada revelao que Cristo apresenta de si mesmo:

    Ele foi anunciado por Joo.Eles permitem que Joo v pre

    so (11:1-19).

    Ele faz vrios milagres.As cidades recusam a se arre

    pender (11:20-30).

    Ele anuncia seus princpios. Eles discutem com o Senhor

    sobre eles (12:1-2 1).

    Ele revela quem .Eles dizem que ele trabalha com

    Satans (12:22-50).

    Claro, o resultado que Jesus se afasta da nao (caps. 14 20), olha em direo cruz. O que se iniciou como rebelio, mais tarde torna-se rejeio declarada.

    Explanao a respeito de Joo Batista (11:1-19)

    A. A pergunta (vv. 1-3)Agora, j faz bastante tempo que Joo

    M ateus 1 1 est na priso (veja 4:12). Por que Joo duvida da realeza de Cristo quando o Esprito lhe disse quem Jesus era Oo 1:29-34)? A resposta est na palavra "outro" na pergunta de Joo. "Ou havemos de esperar outro?" (v. 3). No grego, h duas palavras para "outro". Uma significa "outro do mesmo tipo", como quando Jesus disse: "Ele vos dar outro Consolador" Oo 14:16). Mateus 11:3 usou a palavra para "outro" que significa "outro de tipo diferente". Joo anunciou a vinda do Rei e prometeu um tempo de julgamento e de purificao (Mt 3:7-12); Jesus, no entanto, tem um ministrio de misericrdia. Joo perguntou: "s tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro [de um tipo diferente um que purificar a nao e julgar o pecado]?". Sem dvida, os longos meses na priso turvaram a viso de Joo, no de forma distinta do que aconteceu com Elias, do Antigo Testamento, emcujo esprito Joo veio (1 Rs 19:1-4).

    B. A resposta (vv. 4-6)Jesus, com ternura, confirma a si mesmo para seu servo e encoraja a f dele. Se compararmos essa passagem com Lucas 7:18, veremos que os discpulos de Joo relatavam-lhe o ministrio de cura de Cristo. Por isso, Jesus disse: "Ide e anunciai a Joo" (11:4). Em outras palavras, Jesus estava assegurando a Joo que ele era o Rei, pois estava realizando os v-

  • Mateus 11 49

    rios nrlagres anunciados pelas ts- ' crituras (veja Is 35:5-6 e 61:1). Jesus respondeu a Joo: "Bem-aventurado aquele que no achar em mim motivo de tropeo" (v.6), provavelmente referindo-se a Isaas 8:14-15. Cristo usa a Palavra para encorajar Joo, uma boa lio para ns em momentos de dvida e desencorajamento.

    C. O reconhecimento (vv. 7-15)Nessa passagem, Cristo apresenta um tremendo reconhecimento a Joo! Essa sua forma de dizer- lhe: "Muito bem, servo bom e fiel!", aquele que d sua vida por Cristo. Joo no era um junco fcil de en- vergar; era um homem de convices. Ele no era uma celebridade que usufrua de fama e luxo, mas um servo disposto a sofrer por Cristo. Jesus afirmou que o ministrio de Joo cumpria Malaquias 3:1. Se a nao tivesse aceitado Jesus, Joo seria o Elias prometido por Deus (v. 14; e veja 17:10-13). Como eles rejeitaram Cristo e Joo, o cumprimento literal e final de Malaquias 3:1-3 acontecer apenas no fim dos tempos. Joo foi o ltimo profeta do Antigo Testamento. Ele, como apenas anunciou o reino, no era to grande como a pessoa mais humilde do reino (v. 11).

    D. A repreenso (vv. 16-19)Cristo repreende as pessoas daquela gerao por sua infantilidade. Nada

    as agradai Joo e Jesus tinham vida e ministrio opostos; nenhum deles, porm, satisfazia a multido imatura. H uma diferena entre ser infantil e ser como uma criana. Nos versculos 25-26, Jesus afirma que apenas os que so como crianas entendem sua Palavra. Os cristos de hoje so como crianas mimadas que exigem distrao e alguma coisa nova o tempo todo. Eles recusam-se a ser srios a respeito da vida ou da morte.

    II. A condenao das cidades (11:20-24)Essa a primeira vez que vemos Jesus proferindo palavras de condenao. Ele realizou muitas obras poderosas, e seus discpulos tambm fizeram milagres, no entanto as cidades rejeitaram-no. Cafarnaum foi especialmente abenoada, j que era o "quartel-general" do ministrio terreno de Cristo (veja Mt 8:5-1 7; 9:1 ss). No lugar em que a luz brilha mais, as pessoas tm maior responsabilidade. Haver patamares de julgamento conforme a quantidade de luz que a pessoa recebeu. Conhecer a verdade e afastar-se dela algo muito srio.

    III. O convite para o sobrecarregado (11:25-30)Esse um momento crucial no ministrio de Jesus. A rebelio contrao Rei j se estabeleceu e culminar

  • 50 .Mateus 11

    em rejeio declarada. Cristo volta- se para seu Pai e agradece-lhe! Que exemplo para quando enfrentarmos momentos de dificuldade.

    A vontade do Pai deve sempre governar nossa vida. Deus deixou de lado os sbios e prudentes escribas e fariseus e escolheu salvar as pessoas comuns, simples, mas crentes (veja1 Co 1). No podemos explicar o mistrio da vontade do Pai, mas podemos ador-lo e obedecer-lhe. Aqui, Jesus convida todos a virem a ele. A mensagem no est mais limitada aos judeus, como em 10:5-6. Agora, Cristo abre a porta para todos os que crem e tomam sobre si o jugo dele.

    Os fariseus puseram muitos fardos sobre o povo (Mt 23:4), e a religio deles no traz descanso e paz. Nenhuma religio humana pode dar paz ao corao. Cristo oferece um jugo que fcil em contraste com o jugo opressivo e obrigatrio da lei (At 15:10). O bserve o duplo sentido da palavra "descanso". "Eu lhes darei descanso" (NVI) essa a paz com Deus, algo que conquistamos com a salvao. "Achareis descanso" essa a paz de Deus que vem com a entrega (veja Fp 4:6-9). A maior bno possvel estar subjugado a Cristo.

  • Os eventos dos captulos 12 13 acontecem em um dia crucial no ministrio do nosso Senhor. A rebelio contra o Rei adquire mais e mais fora. Os fariseus rejeitaram seu mensageiro, Joo Batista (11:1 -19), e no se arrependeram, apesar das obras poderosas de Jesus (11:20-30). Agora, eles discutem com Jesus a respeito de seus princpios (a questo do sbado) e at acusam-no de ter ligao com Satans! Esse um captulo cheio de conflito.

    I. O conflito a respeito do sbado (12:1-21)

    A. A acusao deles (vv. 1-2)Os judeus amavam o sbado, j que era um sinal especial da aliana de Deus com a nao (x 31:12- 17). Entretanto, os lderes religiosos transformaram esse dia de brio espiritual e alegria em um dia de observncias legais, e as regras tornaram o sbado um fardo, no uma bno. Lembre-se, o sbado nunca foi determinado para a igreja. Nosso dia da aliana o primeiro da semana, o dia do Senhor, o dia da ressurreio.

    B. A resposta de Cristo (vv. 3-8) Jesus respondeu a seus inimigos com a Palavra. Ele refere-se a Davi (1 Sm

    M a teu s 1 2 21:1ss), que teve fome no sbado e comeu po sagrado do tabernculo. Naquela poca, Davi era um rei rejeitado, da mesma forma que Jesus; todavia, ele ainda no fora coroado. Cristo tambm faz referncia Lei (Nm 28:9-10), que permite que o sacerdote trabalhe no sbado e oferea sacrifcios. Por fim, ele citou os profetas (Os 6:6) para mostrar que Deus est mais interessado no corao que em observncias exteriores vazias. Corajosamente, Jesus afirmou que ele, no os fariseus, era o "senhor do sbado", e essa uma outra forma de afirmar que Deus, j que o Senhor ordenou o sbado.

    C. A segunda acusao deles (w. 9-21)Os fariseus tornaram a regra de "no trabalhar" aos sbados to rgida que alegavam que era pecado curar no sbado! Jesus usa a lgica simples para mostrar que as regulamentaes deles eram erradas. Eles ajudavam seus rebanhos no dia de sbado, e ser que um homem no vale mais que uma ovelha? Dessa forma, Jesus afirma o valor da alma humana para Deus. O versculo 14 relata o incio do plano dos fariseus para destruir Jesus. Como Cristo reagiu? Ele afastou-se de l. Isso cumpre a profecia de Isaas (veja Is 42:1-3), que descreve o ministrio do Messias. Ele no argumenta com seus inimigos (v. 19) nem traz julgamento sobre eles (v. 20). Alguns estdio-

  • 52 Mateus 12

    sos dizem que, no versculo 20, a "cana quebrada" e a "torcida que fumega" referem-se aos pecadores fracos e necessitados, porm mais provvel que retratem os inimigos de Cristo, pessoas que Jesus no julgaria at que o momento certo chegasse. Observe que os versculos 18 e 20 citam os "gentios", outra indicao de que sua nao rejeitou o Rei, e ele se voltar para os gentios. Os versculos 41-42 citam de novo os gentios, quando ele fala sobre Nnive e a rainha do Sul.

    II. O conflito a respeito de Satans (12:22-37)Os fariseus, como as pessoas mundanas de hoje, estavam sempre procura de algo para criticar. Eles acusaram Cristo de ter ligao com Satans, em vez de alegrar-se com a cura do homem. Jesus menciona que esse argumento no tem lgica, j que significaria que Satans lutava contra si mesmo! Mesmo os judeus incrdulos conseguiam expulsar demnios (v. 27; e veja At 19:13ss). Isso queria dizer que eles tambm tinham ligao com Satans? O argumento final de Jesus (v. 29) que ele no podia expulsar os demnios sem antes dominar o lder deles, Satans, o que fez no captulo 4. E isso leva terrvel afirmao sobre o pecado imperdovel. Lembre-se destas coisas quando meditar a respeito do pecado imperdovel:

    A. um pecado do corao> no dos lbios (vv. 34-35)As palavras proferidas so uma evidncia da condio do corao, e as palavras ms indicam um corao mau.

    B. um pecado cometido luz de grande evidnciaEsses homens viram os milagres de Cristo e, ainda assim, endureceram o corao contra ele.

    C. um pecado intencional de descrena persistente e de rejeio cabal a Jesus CristoO adultrio no imperdovel (veja Jo 8:1-11) nem o homicdio (Deus perdoou Davi). Todavia, quando a pessoa insiste em rejeitar a Cristo e chega a um ponto em que seu corao fica to endurecido que no se preocupa mais com seu destino eterno, ento tarde demais.

    Aqui, Jesus prega a mensagem de Joo Batista (veja 3:7). Ele chama os fariseus de "raa de vboras", porque eram filhos da velha serpente, o demnio (veja 23:33). Eles tm uma religiosidade aparente, mas no conhecem o Senhor. Eles, como Satans, eram imitadores da verdadeira santidade (2 Co 11:13-15).

    III. O conflito a respeito dos sinais (12:38-50)Cristo realiza muitos milagres; todavia, eles pedem um sinal (Jo 12:35-

  • Mateus 12 53

    43). Jesus promete apenas um sinal: sua morte, sepultamento e ressurreio conforme a descrio de Jonas. Lembre-se que Jonas foi mensageiro para os gentios, outra indicao de que Israel rejeitaria Cristo. De que forma Jesus " maior do que Jonas" (v. 41)? Ele maior em seu ministrio, j que Jonas desobedeceu a Deus. Ele maior em sua mensagem, j que pregou a salvao, no o julgamento por vir.

    Os versculos 43-45 apresentam uma parbola que deveria se chamar "reforma sem regenerao interior". Os judeus voltaram do cativeiro purgados do pecado de idolatria. A "casa" fora limpa, mas ainda estava vazia. Eles tinham religio e moralidade exteriores, contudo o corao deles estava vazio, e a adorao deles era v. Assim, Satans podia entrar de novo na casa com outros pecados, e o pecado posterior da na

    o foi pior que o primeiro! No Antigo Testamento, os judeus adoravam dolos; no en