combustíveis fósseis x combustíveis da biomassa

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UNIVERSIDADE PAULISTA INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E COMUNICAÇÃO CURSOS SUPERIORES DE GESTÃO TECNOLÓGICA GESTÃO EM PETRÓLEO E GÁS PIM IV Combustíveis Fósseis x Combustíveis da Biomassa Diferenças de Produção, Aspectos Energéticos e Ambientais Danilo Ulisses da Silva RA A607013-0 Junior Campos Ozono RA A697DJ-0 Luana Santos Benfatti RA A5119E-3 Rita de Cássia dos Santos RA A50175-4 São José dos Campos Novembro de 2011

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UNIVERSIDADE PAULISTA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E COMUNICAÇÃO

CURSOS SUPERIORES DE GESTÃO TECNOLÓGICA

GESTÃO EM PETRÓLEO E GÁS

PIM IV

Combustíveis Fósseis x Combustíveis da Biomassa

Diferenças de Produção, Aspectos Energéticos e Ambientais

Danilo Ulisses da Silva RA A607013-0

Junior Campos Ozono RA A697DJ-0

Luana Santos Benfatti RA A5119E-3

Rita de Cássia dos Santos RA A50175-4

São José dos Campos

Novembro de 2011

UNIVERSIDADE PAULISTA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E COMUNICAÇÃO

CURSOS SUPERIORES DE GESTÃO TECNOLÓGICA

GESTÃO EM PETRÓLEO E GÁS

PIM IV

Combustíveis Fósseis x Combustíveis da Biomassa

Diferenças de Produção, Aspectos Energéticos e Ambientais

Danilo Ulisses da Silva RA A607013-0

Junior Campos Ozono RA A697DJ-0

Luana Santos Benfatti RA A5119E-3

Rita de Cássia dos Santos RA A50175-4

TRABALHO APRESENTADO COMO REQUISITO DE APROVAÇÃO NAS DISCIPLINAS EMPREENDEDORISMO E ESTRATÉGIA DE NEGÓCIOS, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO, ENERGIAS RENAVÁVEIS E NÃO RENOVÁVEIS, QUÍMICA GERAL II E TÉCNICAS DE REFINO, NO QUARTO SEMESTRE DO CURSO SUPERIOR TECNOLÓGICO DE GESTÃO EM PETRÓLEO E GÁS, NA UNIVERSIDADE PAULISTA, UNIP, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS.

São José dos Campos

Novembro de 2011

Danilo Ulisses da Silva RA A607013-0

Junior Campos Ozono RA A697DJ-0

Luana Santos Benfatti RA A5119E-3

Rita de Cássia dos Santos RA A50175-4

Combustíveis Fósseis x Combustíveis da Biomassa

Diferenças de Produção, Aspectos Energéticos e Ambientais

UNIVERSIDADE PAULISTA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E COMUNICAÇÃO

CURSOS SUPERIORES DE GESTÃO TECNOLÓGICA

TECNOLOGIA EM PETRÓLEO E GÁS

Data de aprovação:_____de________________de 2011_____________________________________________________

Professor Francisco Martins

Orientador do PIM IV

I

Resumo

O desenvolvimento mundial promoveu alterações significativas no modo de

produção e consumo de energia na sociedade. A geração e distribuição de energia

se tonaram essenciais para a obtenção de resultados satisfatórios no setor

industrial, pois o trabalho executado pelas máquinas, que são cada vez mais

comuns no processo produtivo, só é possível através de energia. Portanto, esse

processo intensificou a dependência da utilização de combustíveis, em especial os

de origem fóssil: petróleo, carvão mineral e gás natural.

Aproximadamente 87% de todo o combustível consumido no mundo é de

origem fóssil, ou seja, não renovável. Essas substâncias, formadas de compostos de

carbono, são resultado de um longo processo de decomposição da matéria orgânica

(depósitos fósseis, florestas soterradas), que fica submetida a condições com pouco

oxigênio, pressão da terra e elevadas temperaturas.

Após serem processados adequadamente para determinada utilização, essas

fontes energéticas podem ser empregadas na produção de combustíveis (gasolina e

diesel), lubrificantes, energia elétrica, aquecimento de caldeiras e fornos, entre

outros. Apesar das várias vantagens, os combustíveis fósseis são extremamente

poluentes e a sua utilização desordenada contribui para o aquecimento global,

desencadeia chuvas ácidas, emite gases que poluem a atmosfera, contaminam os

recursos hídricos, etc.

Por serem de origem fóssil, esses combustíveis irão se esgotar na natureza.

Caso não se reduza a média de consumo registrada nas últimas décadas, as

reservas mundiais de petróleo e gás natural e as de carvão, devem se esgotar nas

próximas décadas.

A busca por alternativas eficazes de produção e distribuição de energia é um

elemento essencial para o ser humano, principalmente na atual sociedade, onde os

modos de consumo se intensificam a cada dia. Diante dessa dependência de

recursos energéticos, surge a necessidade de diversificar a utilização das fontes

energéticas.

A energia proveniente da Biomassa é uma energia renovável, ou seja, pode

ser adquirida em curto espaço de tempo se comparada ao tempo de formação do

petróleo, por exemplo.

Essa fonte energética é renovável, pois a sua decomposição libera CO₂ na

atmosfera, que, durante seu ciclo, é transformado em hidratos de carbono, através

II

da fotossíntese realizada pelas plantas. Nesse sentido, a utilização da biomassa,

desde que controlada, não agride o meio ambiente, visto que a composição da

atmosfera não é alterada de forma significativa, porém, para a produção de sua

matéria-prima, grandes áreas de florestas às vezes devem ser destruídas, o que é

considerado também um impacto ambiental.

No Brasil o uso dessa fonte de energia representa um quarto na matriz

energética. Atrás do petróleo e do gás natural.

Esse trabalho traz comparações sobre essas duas fontes de energia. O

capítulo 1 descreve os tipos de combustíveis fósseis existentes: petróleo, gás natural

e carvão mineral. No capítulo 2, veremos a definição da gasolina e no capítulo 3, a

do diesel, e também como é feita a produção. Esses dois tipos de combustíveis

foram selecionados pelo fato de serem os combustíveis mais produzidos dentre os

combustíveis de origem fóssil. No capítulo 4 podemos conferir os impactos

ambientais causados por uma refinaria para a produção dos derivados do petróleo.

No capítulo 5 é a vez biomassa ser citada. Começa com a definição, e passa

pela produção de alcoóis com combustível da biomassa, no capítulo 6, e a do

biodiesel, no capítulo 7, que também foram selecionados por serem os principais

combustíveis dessa fonte de energia. O capítulo 8 descreve a digestão anaeróbica

para a produção de gases para uso combustível. No capítulo 9 é mostrada também

os principais aspectos energéticos e impactos ambientais causados pela produção e

consumo dos combustíveis dessa fonte de energia alternativa. O último capítulo, 10,

traz informações referentes ao uso de energia e sua relação com a sustentabilidade.

III

Abstract

The development of the world has promoted significant changes in the way of

production and consumption in society. The generation and distribution have become

essential for obtaining satisfactory results in the industrial sector, for the work

performed by machines, which are increasingly common in the production process,

that’s only possible through energy. Therefore, this process has increased the

dependency on the use of fuels, especially from fossil fuels: oil, coal and natural gas.

Approximately 87% of all fuel consumed worldwide is produced from fossil

fuels, ie, non-renewable. These substances, formed of carbon compounds are the

result of a long process of decomposition of organic matter (fossil deposits, buried

forests), which is subjected to low oxygen conditions, earth pressure and high

temperatures.

After being processed properly for a particular purpose, these energy sources

can be used to produce fuels (gasoline and diesel), lubricants, electricity, heating

boilers and furnaces, among others. Despite several advantages, fossil fuels are

highly polluting and disorderly use contributes to global warming, acid rain triggered,

emits gases that pollute the atmosphere, contaminating water resources.

For being fossil fuels, these fuels will be exhausted in nature. If we do not

reduce the average consumption recorded in recent decades, the world reserves of

oil and natural gas and coal must be exhausted in the coming decades.

The search for effective alternatives for energy production and distribution is

an essential element for humans, especially in today's society, where consumption

modes are intensifying every day. Given this dependence on energy resources, there

is a need to diversify the use of energy sources.

Energy from Biomass is a renewable energy, or can be acquired in a short

time compared to the time of formation of oil, for example.

As said above, this energy source is renewable, because its decomposition

releases CO ₂ in the atmosphere, which, throughout its life cycle, it is converted into

carbohydrates through photosynthesis by plants. In this sense, the use of biomass,

since controlled, does not harm the environment, since the composition of the

IV

atmosphere does not change significantly, however, for the production of its raw

material, large forest areas sometimes must be destroyed, which is also considered

an environmental impact.

In Brazil the use of this energy source is a quarter the energy matrix. Behind

the oil and natural gas.

This paper presents comparisons of these two energy sources. Chapter 1

describes the types of existing fossil fuels: oil, natural gas and coal. In Chapter 2, we

see the definition of gasoline and diesel in chapter 3, and how the production is done.

These two types of fuel were selected because from fossil fuels they are more

produced. Chapter 4 can provide the environmental impacts caused by a refinery for

the production of petroleum derivatives.

In chapter 5 the biomass is cited. It begins with the definition, and goes

through the production of alcohols, in chapter 6 and biodiesel, in chapter 7, which

were also selected for being the main source of this fuel energy. Chapter 8 describes

the anaerobic digestion to produce gas for fuel. It is also shown in chapter 9 the main

energy aspects and environmental impacts caused by production and consumption

of this alternative energy source. The last chapter, 10, contains information regarding

energy use and its relationship to sustainability.

V

Lista de figuras

1 - Aumento do preço do petróleo..........................................................................2

2 - Diagrama de McKelvey......................................................................................3

3 - Curva de Hubbert..............................................................................................5

4 - Consumo e produção americana de petróleo...................................................5

5 - Reservas mundiais e americanas em 2003......................................................6

6 - Consumo mundial de petróleo...........................................................................7

7 - Reservas mundiais por região...........................................................................7

8 - Reservas mundiais por país..............................................................................8

9 - Primeiro poço comercial de petróleo, Titusville, Pensilvânia, EUA...................9

10 - Consumo de petróleo nos Estados Unidos.....................................................9

11 - Esquema simplificado de uma refinaria..........................................................10

12 - Típica barreira de petróleo..............................................................................12

13 - Método aperfeiçoado de recuperação.............................................................13

14 - Usos do gás natural por setor.........................................................................15

15 - Consumo de gás de 2008-2011......................................................................16

16 - Reservas de carvão em 2007..........................................................................17

17 - Classificação do carvão...................................................................................19

18 - Depósitos de carvão nos Estados Unidos.......................................................20

19 - Vista aérea de uma mina de superfície...........................................................21

20 - Formas por meio das quais a biomassa é convertida em outros combustíveis

................................................................................................................................41

21 - Fluxograma para a produção de etanol a partir do milho...............................42

22 - Combustíveis alternativos para veículos.........................................................47

23 - Densidade energética de diversos combustíveis............................................48

24 - Digestor de metano de recipiente fixo.............................................................51

VI

Sumário

Resumo...................................................................................................................I

Abstract...................................................................................................................III

Lista de figuras........................................................................................................V

Sumário...................................................................................................................VI

1.0 - Introdução.......................................................................................................1

1.1 - Terminologia dos recursos.............................................................................2

1.2 - Petróleo...........................................................................................................6

1.3 - Gás natural.....................................................................................................13

1.4 - Carvão: Um papel em expansão....................................................................17

1.5 - Exemplo..........................................................................................................18

1.6 - Tipos de carvão..............................................................................................18

1.7 - Padrões de produção e consumo de carvão..................................................19

1.8 - Mineração de superfície.................................................................................20

1.9 - Restrições à demanda e suprimento de carvão.............................................22

2 0 - Gasolina..........................................................................................................23

2.1 - Blend e pool....................................................................................................24

2.2 - Características específicas da gasolina.........................................................24

2.3 - Volatilidade.....................................................................................................25

2.4 - Resistência a detonação e octanagem..........................................................25

2.5 - Poder calorífico e eficiência energética..........................................................27

3 0 - Diesel..............................................................................................................28

3.1 - Blend e pool....................................................................................................29

3.2 - Características específicas do diesel.............................................................29

3.3 - Temperatura de ebulição e perfil de destilação.............................................29

3.4 - Temperatura de fusão....................................................................................29

3.5 - Poder calorífico...............................................................................................29

3.6 - Viscosidade....................................................................................................29

3.7 - Instabilidade química......................................................................................30

VII

3.8 - Números de cetanas (NC)..............................................................................30

3.9 - Qualidades do combustível e desempenho do motor....................................31

3.10 - Partida...........................................................................................................32

3.11 - Potência........................................................................................................32

3.12 - Ruído............................................................................................................32

3.13 - Consumo de combustível.............................................................................33

3.14 - Lubricidade...................................................................................................33

3.15 - Operações a baixas temperaturas...............................................................33

3.16 - Estabilidade do combustível.........................................................................34

3.17 - Qualidade do combustível e emissões.........................................................34

4.0 - Impactos ambientais.......................................................................................35

4.1 - Emissões atmosféricas...................................................................................35

4.2 - Localização de impactos no processo de refino............................................36

4.3 - Fatores médios para emissões de atmosféricos para fontes energéticas

consumidas em refinarias (em g/GJ)......................................................................37

4.4 - Descargas líquidas.........................................................................................38

5.0 - Biomassa........................................................................................................39

5.1 - Energia da Biomassa......................................................................................40

5.2 - Conversão de biomassa.................................................................................41

6.0 - Alcoóis............................................................................................................42

6.1 - Metanol...........................................................................................................44

6.2 - Programa brasileiro de etanol........................................................................48

7.0 - Biodiesel.........................................................................................................49

7.1 - Biodiesel e H-Bio no Brasil.............................................................................49

8.0 - Digestão anaeróbica.......................................................................................50

9.0 - Impactos ambientais.......................................................................................51

10 - Energia e Sustentabilidade..............................................................................51

Conclusão...............................................................................................................VIII

Referências.............................................................................................................IX

1

1.0 Introdução

Atualmente, cerca de 85% das fontes comerciais de energia usadas no

mundo são oriundas de combustíveis fósseis – carvão, petróleo e gás natural.

Entretanto, com exceção do carvão, as reservas destes combustíveis, com as taxas

de utilização atuais, podem não durar mais do que o tempo de existência das

pessoas vivas hoje. O combustível de uso mais comum, o petróleo, parece ter as

menores reservas globais, mas continua sendo a mercadoria da qual mais

dependemos. De fato, a dependência de petróleo, especialmente para transporte,

deixa muitos países vulneráveis a um desastre econômico de grandes proporções

em caso de interrupção ou corte de fornecimento. O Japão importa praticamente

todo o seu petróleo (sobretudo do Oriente Médio), enquanto alguns países, cujas

economias têm crescimento rápido hoje (Coréia, Tailândia, Cingapura), dependem

em grande parte do petróleo importado.

Nos Estados Unidos, o carvão responde pela maior fatia da produção

doméstica de energia, seguido pelo gás natural e pelo petróleo bruto. Nos anos

1990, o crescimento da economia e os baixos preços do petróleo bruto levaram a

um aumento no consumo de carvão, gás natural e petróleo. No caso do carvão, essa

elevação ocorreu principalmente em usinas elétricas, cuja produção cresceu a uma

taxa de 2,2% ao ano. Na década de 1990, a demanda pó gás natural subiu 2,1% ao

ano em quase todos os setores (residencial, indústria e de concessionárias

elétricas), mas permaneceu constantes na primeira metade da década atual. O

maior consumo de petróleo foi resultado do aumento dos transportes (mais carros

nas estradas, mais milhas percorridas), e a não expansão da economia global de

combustíveis nos últimos 15 anos (na verdade ela diminui 6% em razão do

crescimento da venda de veículos utilitários esportivos (SUV´s) e caminhões leves)

resultou no aumento de 22% no consumo total de gasolina automotivo no período de

1990 a 2005. Veículos de passageiros consumiram 85% das importações

americanas.

Um efeito colateral dos preços baixos do petróleo bruto é a redução na

exploração de petróleo e gás. Quando o preço do petróleo bruto subiu de forma

abrupta em 1981, a exploração subiu níveis recordes. Havia 861 equipes engajadas

em exploração, os poços rotatórios eram 3.970, e os pecos exploratórios abertos

eram 17.500 por ano. À medida que os preços do petróleo caíam na metade da

década de 1980, havia cortes drásticos na exploração. Em 1993, os números tinham

2

caído a 79 equipes, 754 poços rotatórios e 1.300 exploratórios. Na maior parte da

década de 1990, os baixos preços continuaram a inibir a exploração;

aproximadamente 2.500 poços exploratórios continuaram a ser abertos por ano. Os

aumentos espetaculares do preço do petróleo a partir de 1999 (figura 1) levaram à

reversão desta situação.

Figura 1 Aumento do preço do petróleo (www.olharsentido.blogspot.com)

1.1 Terminologia dos recursos

A terminologia utilizada para descrever os estados das fontes de combustíveis

fósseis parece ambígua, na melhor das hipóteses. Palavras como reservas, reservas

conhecidas e recursos não descobertos são usadas frequentemente, e muitas vezes

de forma incorreta. Essas diferenças são importantes e serão discutidas nesta

seção. É difícil prevermos a quantidade de um determinado recurso que permanece

não utilizado ou ainda não descoberto no solo. Como nossas estimativas são

baseadas em exploração incompleta, sempre sobrará algum recurso a ser

descoberto. E mesmo que ainda reste uma quantidade de um determinado recurso,

fatores econômicos e técnicos sempre determinam a quantidade passível de ser

extraída.

3

Figura 2 Diagrama de McKelvey (www.books.google.com.br)

Utilizaremos o método desenvolvido pelo U.S. Geological Survey, chamado

de diagrama de McKelvey (figura 2), para categorizar os diferentes tipos de

recursos petrolíferos. Começaremos com um retângulo que mostra todos os

recursos (petróleo, neste exemplo) que existe em uma área determinada (tal como

os Estados Unidos). O eixo vertical registra o custo crescente do produto final,

começando pelo canto superior esquerdo, que indica o produto de menor custo de

recuperação. O eixo horizontal mostra a incerteza crescente de descoberta. As

reservas ocupam o canto superior esquerdo deste triângulo e são definidas como

aqueles recursos que são bem conhecidos por meio da prospecção e que podem

ser recuperados com preços e tecnologias atuais. O lado direito do diagrama se

refere a recursos ainda não descobertos, cuja incerteza aumenta na medida em que

se afasta de eixo vertical para a direita. O lado esquerdo, além da área

correspondente às reservas, conhecidas cujo custo de exploração é viável (o

retângulo da figura), permite, na parte inferior, a representação de reservas

conhecidas (de baixa incerteza), cujos custos de extração são altos demais no

cenário atual. Às vezes, as reservas são divididas em comprovadas, indicadas e

inferidas. As comprovadas são aquelas passíveis de produção em reservatórios

conhecidos, sob condições econômicas e tecnológicas existentes. Reservas

indicadas são quantidades recuperáveis de jazidas conhecidas por meio do

melhoramento das técnicas de recuperação. E as inferidas são os depósitos

esperados em jazidas identificadas, porém ainda não quantificadas.

4

O tamanho da caixa das reservas é estabelecido pelas próprias indústrias de

energia. Infelizmente, uma parte dos dados pode ser subestimada, já que alguns

Estados taxam as reservas conhecidas. Ainda assim, são os melhores números

disponíveis. À medida que uma indústria exaure suas reservas, ela procura manter

seu inventário pela adição de novas reservas. Entretanto, a adição de novas

reservas de petróleo, nos Estados Unidos, historicamente não tem sido capaz de

acompanhar o consumo. De 1962 até o presente, em nenhum ano esse país foi

capaz de compensar o petróleo consumido com a descoberta de novas reservas.

Mas, como sabemos o tamanho da caixa correspondente às reservas totais

de petróleo? Um método avalia esse tamanho supondo que a quantidade de

petróleo existente em um determinado tipo de estrutura geológica é fixa, e então

estima o volume total desse tipo de estrutura que existe nos Estados Unidos ou no

mundo. A quantidade presente é, então, o número estimado de barris por metro

cúbico multiplicado pelo volume estimado daquele tipo de estrutura geológica. Outro

método é a “abordagem comportamental”, em que a história da produção de

petróleo é extrapolada para o futuro, a fim de se avaliar a quantidade remanescente

no solo. Um exemplo famoso desta abordagem é a previsão feita em 1969 por M.

King Hubbert, O princípio por trás dessas curvas de produção em forma de sino é

que o uso histórico de combustível começa com o aumento contínuo no tempo. Em

dado momento os depósitos de baixo custo ou com pouca exigência de tecnologia

são exauridos; o uso do combustível atinge um nível máximo e depois diminui à

medida que os preços aumentam e a substituição de combustível cresce. A figura 3

mostra uma dessas curvas para a produção mundial de petróleo (a figura 4 mostra

a produção americana). Tal curva sugere que por volta do ano 2050 a produção de

petróleo nas reservas mundiais vai estar somente 10% dos níveis atuais.

5

Figura 3 Curva de Hubbert (www.cienciahoje.uol.com.br)

Muitos analistas de recursos não acreditam que a abordagem

comportamental pudesse ou devesse ser aplicada para se fazer previsões acerca

dos recursos totais disponíveis. O argumento é que esta é uma questão geológica e

deve ser respondida por meio de dados geológicos. O uso da história, dizem eles,

não é relevante para se fazer previsões. Não se pode substituir a exploração

geológica. A abordagem comportamental não leva em consideração os avanços

tecnológicos na descoberta e na extração da jazida. A produção anual depende da

tecnologia, bem como do custo e da demanda.

Figura 4 Consumo e produção americana de petróleo (www.oceanica.ufrj.br)

6

A figura 5 apresenta as reservas mundiais, em 2003, de petróleo, gás natural

e carvão. Também são mostradas as taxas de consumo mundiais e americanas para

cada um desses combustíveis. (Conforme vimos nos parágrafos anteriores, existe

um grau muito grande de incerteza nas estimativas dos recursos). A razão entre as

reservas e o consumo fornece uma estimativa da longevidade de um combustível

sob as condições atuais de consumo. Mas devemos lembrar que as reservas são

aumentadas substancialmente pelos recursos à medida que os preços subirem ou

novas tecnologias forem descobertas.

Mundial Estados Unidos Tempo de vidaPetróleo 1.213 x 109 bbl

7,00 x 1018 bbl

23 x 109 bbl

0,12 x 1018 Btu

10 anos

Gás natural 5.505 x 1012 ft3

5,4 x 1018 Btu

187 x 1012 ft3

0,19 x 1018 Btu

9 anos

Carvão 1,08 x 1012 tons

27 x 1018 Btu

0,27 x 1012 tons

6,5 x 1018 Btu

250 anos

Areia betuminosa 272 x 109 bbl 22 x 109 bbl 8 Anos1,5 x 1018 Btu 0,12 x 1018 Btu

Óleo de xisto 2.570 x 109 bbl 20 x 109 bbl 8 Anos15 x 1018 Btu 0,11 x 1018 bblFigura 5 Reservas mundiais e americanas em 2003

1.2 Petróleo

O apetite mundial por petróleo continua a crescer (figura 6). Em 2003, o

consumo diário mundial total era de 82 milhões de barris por dia (MBPD), dos quais

19 MBPD, ou cerca de 25% foram consumidos nos Estados Unidos

(aproximadamente 56% desse petróleo foi importado). Além de consumir mais do

que qualquer outro país, os Estados Unidos são o terceiro maior produtor, abaixo

somente da Arábia Saudita e da Rússia. Entretanto, os Estados Unidos têm apenas

menos de 2% das reservas mundiais conhecidas, que seriam suficientes somente

para mais quatro anos se utilizadas à taxa atual. Embora esses números possam

parecer enganadores, já que novas reservas certamente serão encontradas nesse

país, as descobertas não deverão alterar significamente esse tempo de vida.

7

Figura 6 Consumo mundial de petróleo (www.psp-sa.com)

A figura 7 mostra as reservas mundiais de petróleo por região e o consumo

por região. Observe a não uniformidade da distribuição de petróleo. Os campos

petrolíferos do Oriente Médio contêm cerca de 64% do petróleo mundial, em 0,5%

da área total do planeta. A figura 8 exibe as reservas mundiais de petróleo por país

em 2003.

Figura 7 Reservas mundiais por região (www.biodiselbr.com)

8

Figura 8 Reservas mundiais por país

Apesar de o primeiro poço de petróleo comercial ter sido perfurado em

Titusville, Pensilvânia, em 1859 (figura 9), a utilização do petróleo na medicina, em

lâmpadas e em outras aplicações remonta aos tempos bíblicos. O piche de asfalto

era empregado no antigo Egito e na Babilônia por volta de 2500 a.C. para

impermeabilização e em ruas; os gregos e os romanos o usavam em suas armas.

Os chineses perfuravam poços atrás de petróleo e gás antes de 1000 a.C., e os

utilizavam para aquecimento e iluminação. O uso do petróleo aumentou bastante a

partir de 1859, pois passou a ser usado como substituto do óleo de baleia. O preço

do óleo de baleia (utilizado para iluminação) estava aumentando em razão da

dizimação desse mamífero.

9

Figura 9 Primeiro poço comercial de petróleo, Titusville, Pensilvânia, EUA

(www.blogdoklebers.blogspot.com)

Conforme temos discutido ao longo desse capítulo, o petróleo é crucial para a

economia mundial, especialmente em aplicações nas quais sua substituição é difícil,

como transportes, agricultura e produtos petroquímicos. Dois terços do petróleo

consumido nos Estados Unidos são utilizados em transporte (figura 10).

Figura 10 Consumo de petróleo nos Estados Unidos

Legenda:

1= Geração de eletricida 3%

2= Comercial/ residencial 6%

3= Industrial 24%

4= Transporte 67%

10

O petróleo é uma mistura de óleo cru, gás natural em solução em

semissólidos asfálticos espessos e pesados. Todos os depósitos de petróleo contêm

gás natural, mas nem todos os depósitos de gás natural contêm óleo. O petróleo é

uma mistura de hidrocarbonetos (compostos de hidrogênio e carbono), com uma

razão média de hidrogênio para carbono de aproximadamente 1 para 7 em massa.

Alguns compostos possuem apenas um átomo de carbono, enquanto uns poucos

têm atém cem átomos de carbono. Não se encontrou duas amostras de petróleo

com a mesma mistura de componentes. O petróleo também contém pequenas

porcentagens de compostos de vanádio, níquel e enxofre.

Figura 11 Esquema simplificado de uma refinaria (www.books.google.com.br)

O petróleo bruto deve passar por uma série de estágios durante o processo

de refinação para que seja convertido em produtos úteis. Na refinação, o primeiro

passo é a destilação, que separa as partes do petróleo em função de seus diferentes

pontos de ebulição. O petróleo é inicialmente aquecido desde a parte inferior e

depois passa por uma torre de fracionamento (com aproximadamente 40 m de

altura). Os diversos derivados de petróleo são condensados a diferentes

temperaturas na torre e são coletados. As frações (ou produtos) mais pesadas

acumulam-se na parte inferior da torre, enquanto a gasolina é condensada no topo

(alguns gases não se condensam, por isso são retirados no topo e adicionados ao

gás natural). A figura 11 mostra um esquema simplificado de uma refinaria. A maior

parte dos produtos que saem da torre sofre um tratamento químico e/ ou térmico

posterior para fornecer derivados como gasolina, óleo para aquecimento,

combustível de aviação, óleo diesel, parafinas e asfalto. A gasolina é o derivado

11

mais importante do petróleo, representando aproximadamente 45% da produção de

uma refinaria. A produção da refinaria pode ser ajustada de acordo com a estação,

para produzir mais ou menos gasolina e óleo para aquecimento. Aproximadamente

10% de todo o petróleo utilizado nos Estados Unidos fornece à indústria química

insumos como metano, etano, benzeno e tolueno, que são usados na produção de

fertilizantes, plásticos, solventes, náilon, borracha sintética e assim por diante.

O petróleo tem sua origem na decomposição de matéria orgânica, geralmente

a fauna marinha, que é convertida em petróleo ao longo de milhões de anos, sob

altas pressões e temperaturas associadas ao soterramento profundo. O petróleo (e o

gás natural) formado sob essas condições pode migrar por rochas adjacentes,

formando depósitos a partir dos quais pode ser extraído. Esses depósitos são

encontrados em rochas-reservatórios, como arenito, xisto e calcário, as quais

absorvem o petróleo da mesma forma que uma esponja absorve água. Tais rochas

são bastante porosas (têm vazios ou aberturas) e permeáveis, permitindo o

movimento dos líquidos ou gases. Para que o petróleo se acumule e não escape, é

essencial que o reservatório esteja coberto por uma rocha impermeável ou não

porosa que vai atuar como uma barreira que evita a migração do petróleo e dos

gases rumo à superfície. O tipo mais comum de barreira ou armadilha é o “anticlino”,

causado pelo deslocamento das camadas inferiores da Terra. À medida que o óleo

se move para cima no anticlino, fica preso sob uma rocha na forma de domo, tal

como o xisto impermeável (figura 12). Outro tipo de barreira é o “domo de sal”, que

resulta da intrusão para cima de um tampão de sal, oriundo de grandes

profundidades, para dentro do estrato adjacente.

12

Figura 12 Típica barreira de petróleo (www.books.google.com.br)

A procura por petróleo tem se encontrado na busca de tais domos de sal ou

anticlinos. Os primeiros geólogos concentravam-se na observação de feições de

superfície e na anotação, em um mapa, da inclinação de camadas ou bacias

sedimentares. Tais estudos da superfície têm sido expandidos mais recentemente

pelo uso da sismologia para se “ver” a estrutura da Terra sob a superfície.

Na medida em que a busca por novos depósitos de petróleo continua, torna-

se cada vez mais difícil obter sucesso com as técnicas convencionais de perfuração.

Uma vez que o petróleo e o gás natural são frequentemente encontrados juntos,

seus métodos de recuperação são semelhantes. Ambos estão geralmente presos na

rocha porosa que atua como reservatório. O reservatório tem um teto de rocha

impermeável, que impede a migração dos combustíveis rumo à superfície. A água é

mais densa do que o petróleo, portanto encontra-se no fundo da barreira, abaixo do

petróleo e do gás natural. Um poço de perfuração que atinge um reservatório produz

inicialmente resultados graças ao escoamento natural, já que as pressões no

subsolo forçam o petróleo para cima – resultando, em alguns casos, em um pólo

jorrante. Para aumentar e sustentar a remoção, uma unidade de bombeamento é

normalmente empregada, mantendo uma pressão mais baixa no topo do poço, como

um canudo num copo de refrigerante. Uma recuperação adicional (secundária) é

feita por meio da injeção de água no reservatório, aumentando, assim, sua pressão.

Mesmo com a recuperação secundária, menos de um terço do petróleo é extraído

(figura 13). Para aumentar ainda mais a recuperação do petróleo, métodos

aperfeiçoados ou terciários são utilizados. O mais comum é a injeção de vapor no

13

solo. O calor do vapor torna o petróleo menos viscoso, e permite que ele escoa mais

facilmente para fora da rocha porosa e do poço, a fim de que possa ser bombeado

para a superfície. Outro método envolve a injeção de CO₂ ou nitrogênio diretamente

no petróleo, para aumentar a pressão no reservatório e liberar o petróleo da rocha.

Um terceiro método utiliza produtos químicos, como polímeros em vez de gases,

para forçar as moléculas dos componentes do petróleo para fora das rochas do

reservatório. Estima-se que o uso de métodos de recuperação aperfeiçoados pode

aumentar a produção de petróleo de um reservatório em 10% a 30%.

Figura 13 Método aperfeiçoado de recuperação (thalescastroblog.blogspot.com)

Os Estados Unidos possuem mais poços perfurados por milha quadrada do

que qualquer outro país do mundo. À medida que a extração de petróleo se torna

mais difícil, o petróleo descoberto por pé (ft) perfurado tem caído de forma quase

linear desde os anos 1940. A profundidade média de um poço nos Estados Unidos

hoje em dia chega a 8 mil pés, e somente 30% dos poços perfurados têm sucesso.

Com o avanço da tecnologia de extração de petróleo, a energia gasta por pé

perfurado aumenta. Alguns analistas de recursos sugerem que eventualmente será

atingido um ponto em que a energia que pode ser obtida de um poço será igual à

energia nele aplicada.

Os maiores aumentos nas reservas dos Estados Unidos são esperados na

perfuração de poços de grande profundidade em alto-mar. Aproximadamente 33%

do petróleo bruto e 21% do gás natural dos Estados Unidos são provenientes da

reservas marinhas atualmente. Exceto por uma faixa de 3 milhas de águas

14

estaduais, o governo federal americano é dono dos recursos minerais submersos

em águas internacionais, e fornece concessões para a exploração e a produção em

uma determinada região. Algumas estimativas dão conta de que metade das

reservas americanas esteja em tais águas. Entretanto, a exploração em meados dos

anos 1980 ao largo da costa leste (no Baltimore Canyon, ao largo de Nova Jersey e

Maryland) mostrou-se bastante decepcionante. Ademais, a preocupação ambiental

com derramamentos de petróleo fez com que milhões de acres de áreas marinhas

fossem retirados das áreas passíveis de concessão.

1.3 Gás Natural

O gás natural é uma mistura de hidrocarbonetos leves, principalmente metano

(CH₄). Assim como o petróleo bruto, é formado a partir da decomposição de matéria

orgânica. Ele pode estar misturado com petróleo (sob as pressões existentes no

reservatório), ou preso em regiões nas quais o petróleo bruto não é abundante. O

gás natural encontrado sozinho em reservatórios é chamado de gás não associado.

Algumas teorias sugerem que a formação do gás natural não é de origem biológica,

e que ele é oriundo das profundezas da terra. (As ramificações dessas teorias

levariam a diferentes métodos e locais de prospecção). O primeiro poço perfurado

nos Estados Unidos em busca de gás natural, em 1821, ficava próximo às margens

do lago Erie em Freedonia, Nova Iorque. Porém, antes que a indústria pudesse se

expandir, era necessário que gasodutos fossem desenvolvidos para que o

combustível chegasse ao consumidor. Depois da Segunda Guerra Mundial, uma

rede de gasodutos de alta pressão foi construída para atender a todo o território

continental americano. Vermont foi o último Estado concluído na rede, em 1966.

Hoje, os Estados Unidos têm mais de 1 milhão de milhas de gasodutos.

Do fim da Segunda Guerra até a década de 1970, o uso do gás natural nos

Estados Unidos teve um crescimento fenomenal. O consumo quadruplicou entre

1950 e 1970, o que representa o dobro da taxa de crescimento do consumo de

petróleo. O consumo de gás diminuiu nas décadas de 1970 e 1980, já que houve um

decréscimo de fornecimento, mas atualmente está estabilizado em torno de 22

trilhões de pés cúbicos ao ano. Um dos entraves à produção de gás na década de

1970 era a imposição do controle dos preços nas vendas interestaduais, muito

abaixo de preço de uma quantidade equivalente de energia sob outras formas. A

desregulamentação ocorreu em 1985, levando a um aumento na produção

americana de gás.

15

O gás natural é de baixo custo, tem queima limpa e alta disponibilidade.

Trata-se de um ótimo substituto do petróleo, e ajuda a reduzir a dependência

americana do petróleo importado. O gás natural tem muitos usos: calefação,

aquecimento de água, como combustível de caldeiras (indústrias e utilitárias), no

transporte, e como matéria-prima para a indústria química (para amônia,

fertilizantes, plásticos, borracha natural, etc). A figura 14 destaca os usos do gás por

setor em 2003. O gás natural é responsável por mais de 50% dos combustíveis

fósseis utilizados nos setores residencial, industrial e comercial.

Figura 14 Usos do gás natural por setor

Legenda:

1= Clientes comerciais 15%

2= Clientes utilitários 18%

3= Clientes residenciais 25%

4= Transporte 3%

5= Clientes industriais 39%

As reservas mundiais de gás natural são estimadas em mais de 5.500 trilhões

de pés cúbicos (tft³), suficientes para mais 67 anos, à taxa de consumo atual, que é

de 82 tft³. As maiores reservas são, de longe, as encontradas na Rússia, com 1.700

tft³. Nos Estados Unidos, 50% do gás é encontrado na região costeira do Golfo do

México. A produção anual de gás dos Estados Unidos atingiu seu máximo em 1973,

com 24 tft³, e estabilizou-se no fim dos anos 1980 em aproximadamente 20 tft³. Em

anos recentes, os aumentos das reservas e da produção têm sido equivalente,

levando a maiores estimativas de fornecimento e a um aumento no uso de gás

16

natural em muitas outras áreas, inclusive como combustível em usinas geradoras de

eletricidade (figura 15).

Figura 15 Consumo de gás de 2008-2011

Reservas adicionais de gás natural não exploradas podem ser encontradas

nos Estados Unidos, embora a preços substancialmente mais altos. Tais fontes são:

(1) gases presos em jazidas de carvão, (2) xisto devoniano, presente em grande

parte no subsolo de leste dos Estados Unidos, e (3) gás nas areias tight-sands das

Montanhas Rochosas. De maneira oposta aos depósitos convencionais, em que o

gás é extraído pela perfuração de um poço, nessas áreas ele se encontra preso

dentro de materiais que apresentam baixa permeabilidade. (baixa taxa de

penetração) ao gás natural. Portanto, caso não haja canais naturais pelos quais os

gás possa escoar para o poço, o xisto ou o estrato de tight-sand tem de ser

perfurado ou fraturado para que se abram canais para estimular seu escoamento.

Isto pode ser feito com o uso de explosivos ou injeção de água a alta pressão no

poço. A tecnologia necessária para tais procedimentos ainda está em

desenvolvimento.

O uso do gás natural na geração de eletricidade cresceu cerca de 50% nos

anos 1990, e deve continuar a crescer no futuro. Unidades de geração de energia

movidas a gás são baratas. Menos danosas ao meio ambiente (elas praticamente

não produzem CO₂ emitido em uma usina do mesmo porte movida a carvão) e têm

em tempo de construção mais curto. Embora a capacidade de geração de energia

dos Estados Unidos esteja atualmente acima da demanda, esse excesso está

17

diminuído, devendo desaparecer logo. As unidades movidas a gás serão menores

(100 MW – 200MW) e permitirão que as empresas invistam em aumento da

capacidade das empresas, mas parte de um esforço de cogeração empreendido por

produtores independentes de energia. (A cogeração envolve tanto a geração de

eletricidade por um gerador acionado pela turbina como a utilização produtiva da

energia térmica dos gases de exaustão. O vapor ou o calor do processo é vendido a

alguma indústria das proximidades).

1.4 Carvão: Um papel em expansão

O carvão é o combustível mais abundante da América e do mundo. Tanto,

que os Estados Unidos já foram chamados de “a Arábia Saudita do carvão”. A figura

16 mostra as reservas recuperáveis mundiais de carvão; os Estados Unidos têm

aproximadamente um quarto delas. O U.S Geoligical Survey estima que as reservas

americanas sejam de mais de 3 trilhões de toneladas, sendo que 300 bilhões de

toneladas são recuperáveis por meio da tecnologia existente atualmente. As

reservas mundiais totais recuperáveis de carvão são estimadas em 1.080 bilhões de

toneladas, suficientes para uso durante 210 anos com as taxas atuais de consumo.

Das reservas americanas recuperáveis de combustíveis fósseis, 80% são de carvão,

comparadas aos menos de 3% de petróleo e aos 4% de gás natural. Ainda assim, o

carvão corresponde hoje a apenas 23% do suprimento de energia americano,

comparado a 70% de 1925.

Figura 16 Reservas de carvão em 2007 (a cor mais escura representa maiores reservas)

geoninho.blogspot.com

18

1.5 Exemplo

Se todas as necessidades energéticas dos Estados Unidos fossem supridas

pelo carvão, as reservas durariam 80 anos com a presente taxa de consumo.

Este valor é enganoso, porque (1) o carvão não é capaz de atender a todas

as necessidades (algumas aplicações precisam de combustíveis líquidos), (2) não

foram incluídas perdas resultantes da segunda lei da termodinâmica, como uma

perda de aproximadamente 65% na geração de energia, e (3) foi considerado um

crescimento zero do consumo de energia. Um aumento de consumo de 3% ao ano

reduziria este número a 50 anos, enquanto um crescimento de 5% levaria 35 anos

até a exaustão.

O consumo americano de energia que vem do petróleo é o dobro da energia

gerada pelo carvão. A substituição generalizada do petróleo por carvão não é uma

tarefa simples. Uma grande parte do petróleo é utilizada em transporte. Líquidos

obtidos do carvão parecem promissores, mas a pesquisa e o desenvolvimento são

lentos e atualmente não são favoráveis comercialmente. Cerca de 90% do carvão

usado hoje é queimado por usinas e produtores independentes de energia. Em

caldeiras industriais, as restrições ambientais têm dificultado a utilização do carvão.

Aparentemente, o aumento do consumo de carvão vem sendo restringido pela

demanda, e não pela oferta.

1.6 Tipos de carvão

O carvão é formado a partir de material vegetal que se acumulou no fundo de

pântanos há milhões de anos. Essa vegetação se decompôs em turfa e, à medida

que o terreno se sedimentou, ela foi coberta por lama e areias, que se

transformaram no xisto e no arenito encontrados no topo dos veios de carvão atuais.

Ao longo de milhares de anos, a turfa foi compactada por pressões geológicas,

tornando-se gradualmente veios de carvão. Calcula-se que sejam necessários 20

pés de matéria vegetal para formar 1 pé de carvão. O carvão recebe quatro

qualificações, de acordo com a quantidade de carbono nele contida (figura 17). Os

carvões mais jovens são chamados de lignitos.

Classificação Carbono (%) Conteúdo energético

19

(Btu/ lb)Lignito 30 5.000 – 7000Sub-betuminoso 40 8.000 – 10.000Betuminoso 50 – 70 11.000 – 15.000Antracito 90 14.000

Figura 17 Classificação do carvão

As pressões geológicas exercidas pelo solo acima e as temperaturas são

mais baixas neste caso; portanto, os lignitos possuem alto teor de água e baixo teor

calorífico. Com pressões e temperaturas maiores, forma-se o carvão sub-

betuminoso. Embora ainda tenha um elevado teor de água, este carvão vem

despertando interesse por possuir pouco enxofre e custos de mineração mais

baixos. Com calor e pressão adicionais, forma-se o carvão betuminoso, que é o tipo

mais abundante de carvão. Neste tipo, valor calorífero é elevado. Existem imensos

depósitos no leste e meio-oeste dos Estados Unidos, porém, o teor de enxofre tende

a ser elevado – mais de 2% em massa. Finalmente, temos o antacitro, um carvão

muito duro com alto teor calorífero. Durante muitos anos, este carvão teve grande

popularidade para uso em aquecimento, já que não apresenta poeira nem fuligem, e

queima durante mais tempo do que os outros tipos. Entretanto, as fontes de

antracito são muito limitadas e atualmente encontradas principalmente na

Pensilvânia. Em cada estágio do seu desenvolvimento, a porcentagem de carbono

do carvão aumenta.

1.7 Padrões de produção e consumo de carvão

O consumo de carvão nos Estados Unidos permaneceu relativamente

constante em cerca de 600 milhões de toneladas por ano durante os 30 anos que se

seguiram à Segunda Guerra Mundial. Entretanto, durante esse período, a

porcentagem da sua contribuição no consumo total de energia declinou

dramaticamente, de cerca de 40% para 18%. Esse declínio foi o resultado principal

da disponibilidade de óleo e gás natural baratos e de queima limpa. Os mercados

também mudaram drasticamente. Nos anos 1940, as estradas de ferro eram as

maiores usuárias de carvão, consumindo 125 milhões de toneladas por ano, mas

hoje seu uso de carvão é desprezível, já que locomotivas elétricas e a diesel

substituíram as locomotivas a vapor movidas a carvão. Os usos industriais e

residenciais também diminuíram bastante os últimos 30 anos. O setor das usinas

elétricas foi o único em que a utilização de carvão aumentou: de 50 milhões de

toneladas em 1940 para 1.095 milhões de toneladas em 2003. Hoje, usinas elétricas

20

consomem aproximadamente 90% do carvão total produzido. A contribuição do

carvão no consumo doméstico de energia elétrica vem aumentando cerca de 3% ao

ano desde meados dos anos 1970. A produção de carvão nos Estados Unidos

atingiu 1.300 milhões de toneladas em 2003, e espera-se que cresça.

A produção de carvão tem sofrido deslocamentos geográficos significativos

desde os anos 1940. Em geral, a produção tem se deslocado para o oeste dos

Estados Unidos, e do subsolo para minas na superfície. A figura 18 mostra as

regiões de suprimento de carvão desse país por tipo de carvão. Embora mais da

metade da produção anual venha da região dos Apalaches, o carvão de baixo teor

de enxofre do meio-oeste e oeste terá mais impacto no futuro por causa das

limitações na emissão de enxofre impostas pela lei do Ar Limpo.

Figura 18 Depósitos de carvão nos Estados Unidos

1.8 Mineração de superfície

O carvão ocorre na forma de veios ou leitos, que variam em espessura de

algumas polegadas até mais de 100 pés. Ele é extraído no subsolo e em minas de

superfície. Cerca de 60% do carvão produzido atualmente vem de minas de

superfície, de veios muito próximos à superfície da Terra (figura 19). Na mineração

de superfície, a terra e as rochas que estão acima do veio – chamadas “sobrecarga”

– são removidas e colocadas de lado. O carvão exposto é então é quebrado e

transportado em caminhões. Sob condições ideais, a sobrecarga é então reposta e o

21

terreno é preparado para o posterior plantio. As máquinas escavadeiras utilizadas na

remoção da sobrecarga são gigantescas. Suas hastes podem ser maiores que um

campo de futebol americano e suas barras são capazes de remover 180 yd³

(aproximadamente a metade do volume de uma casa) em apenas ema “mordida”.

Figura 19 Vista aérea de uma mina de superfície (cprm.gov.br)

A mineração de superfície de carvão apresenta uma série de problemas

ambientais, cuja solução é essencial para a expansão da produção. A mineração de

superfície no leste dos Estados Unidos causou problemas ambientais catastróficos

no passado. Grandes extensões de terra foram deixadas na forma de buracos de

lama gigantescos. A remoção do solo superficial e sua vegetação, sem a reposição,

leva á erosão. A terra exposta não é capaz de sustentar a vegetação e,

consequentemente, a vida selvagem. Hoje em dia, uma legislação federal (Ato de

Controlo e Recuperação da Mineração de Superfície, de 1997) determina que as

áreas de mineração de superfície sejam recuperadas, devolvendo-se à terra sua

produtividade original. A recuperação é feita por meio da reposição cuidadosa do

solo superficial, seguida de reflorestamento. Porém, ainda não está claro se a

perturbação causada à terra pode ser totalmente remediada. Um problema é a

quantidade de água disponível o reflorestamento. Em áreas secas (com um índice

pluviométrico anual abaixo de dez polegadas), o reflorestamento pode se revelar

impossível. A mineração também pode alterar o suprimento local de água, assim

como sua drenagem. Outro problema difícil é a “drenagem ácida da mineração”.

Nesta situação, o carvão se combina com o oxigênio e o vapor de água para formar

22

o ácido sulfúrico, H₂SO₄. A água ácida é nociva à vegetação e à vida aquática das

redondezas.

A mineração de superfície no oeste americano vai crescer dramaticamente

nos próximos anos. As minas de superfície do oeste possuem veios que têm de 50

pés a 100 pés de espessura (comparados aos veios de 5 pés a 10 pés no leste), a

sobrecarga tem profundidade de apenas 30 pés a 40 pés, o teor de enxofre é baixo,

e a mineração de superfície é mais segura e envolve menos mão de obra do que a

no subsolo. A produção de uma mina de superfície em toneladas por hora é

aproximadamente oito vezes maior do que a de uma mina no subsolo.

Mesmo com as dificuldades ambientais associadas à mineração de superfície

do carvão do oeste, parece claro que o papel do carvão na matriz energética

americana terá importância crescente nos anos que virão. Quais serão as outras

restrições à expansão desse papel?

1.9 Restrições à demanda e suprimento de carvão

O aumento no uso do carvão pode ser dificultado pelo lado da demanda, pelo

lado do suprimento, ou por ambos. Vamos mencionar apenas brevemente tais

restrições para demonstrar as complexidades envolvidas no aumento do uso do

carvão.

Restrições ao suprimento de carvão vêm de várias áreas. Uma delas já foi

discutida: a solução dos impactos ambientais associados à mineração de superfície.

A velocidade do desenvolvimento da mineração de carvão na parte ocidental dos

Estados Unidos vai depender do sucesso na reabilitação dessas terras. Problemas

sociais também surgirão como resultado do desenvolvimento rápido do carvão no

oeste americano. Cidades vão se desenvolver muito rapidamente, como resultado

do alto influxo de mineradores e trabalhadores da construção civil. Em muitos casos,

isso levará a uma sobrecarga nas escolas e nos serviços públicos de abastecimento

de energia. Um impedimento à mineração no subsolo é a disponibilidade de mineiros

de carvão. A mineração de carvão no subsolo é a profissão mais perigosa dos dias

de hoje, de maneira que poderá ser difícil atrair os novos trabalhadores necessários

ao aumento projetado da mão de obra.

Como nas grandes empreitadas, as coisas não podem ser mudadas da noite

para o dia. O tempo necessário para se abrir uma nova mina de carvão é de três a

sete anos, e mesmo esse tempo tem sido alongado em virtude do atraso nos

pedidos de equipamento novo de mineração. Uma vez extraído o carvão, deve haver

23

meios de transporte suficientes para levá-lo às populações do leste. Atualmente,

65% de todo o carvão extraído é transportado por via férrea. Portanto, serão

precisos milhares de novos vagões de carga e locomotivas.

O aumento a curto prazo na demanda por carvão virá de seu uso crescente

na geração de eletricidade. Hoje, cerca de 72% da eletricidade gerada a partir de

combustíveis fósseis vem do carvão. Porém, fortes restrições têm sido impostas ao

aumento de sua utilização por causa dos padrões de qualidade do ar, especialmente

os de emissão SO₂. A chuva ácida (resultante de reações químicas entre óxidos de

nitrogênio e de enxofre e o vapor de água na atmosfera) é um assunto muito

importante hoje em dia, especialmente no leste dos Estados Unidos, no Canadá e

na Europa Ocidental. Efeitos nocivos aos peixes e às florestas já foram

comprovados. Entretanto, as emissões de dióxido de enxofre têm diminuindo nos

últimos 15 anos, como resultado de novos dispositivos de controle de poluição, do

uso de carvão de queima mais limpa e de técnicas de combustão do carvão (como a

combustão em leito fluidizado). Dispositivos confiáveis de controle de SO₂,

chamados scrubbers, ou unidades de dessulfurização dos gases das chaminés

podem reduzir a emissão em até 90%. Outra preocupação causada pelo uso do

carvão (assim como de petróleo e gás) são os efeitos climáticos resultantes da

emissão de CO₂.

2.0 Gasolina

Podemos descrever a gasolina conforme sua composição química ou as suas

propriedades:

a) Composição química: a gasolina é uma complexa mistura de centenas de

hidrocarbonetos, que variam conforme sua classe, em cada classe por tamanho,

podendo ser parafinas, olefinas, compostos cíclicos e aromáticos. Esta mistura de

hidrocarbonetos e oxigenados na gasolina determina suas propriedades físicas e

características de desempenho do motor.

b) Propriedades: a gasolina é produzida para atender os limites das

especificações e regulamentação local, e não para alcançar uma distribuição

especifica de hidrocarbonetos por classe e tamanho em sua composição. Entretanto,

em graus de variação estes limites definem a sua composição química. Considere,

por exemplo, a volatilidade da gasolina. A gasolina evapora dentro de uma faixa de

temperatura, de acordo com o perfil de destilação, conferindo ás especificações do

24

combustível o papel de limitante para a de amplitude desta faixa. Cada

hidrocarboneto evapora a uma temperatura especifica, denominada ponto de

ebulição e, geralmente, este ponto cresce com o peso molecular.

Conseqüentemente, requerer um perfil de destilação à gasolina é equivalente a

exigir uma mistura de hidrocarbonetos em uma certa gama de pesos moleculares.

Os limites de temperatura do perfil de destilação excluem hidrocarbonetos menores

com pontos de ebulição inferiores e maiores hidrocarbonetos com pontos de

ebulição superiores.

2.1 Blend e pool

Uma refinaria no seu primeiro estágio, destilação atmosférica, produz a

gasolina straight – run. Em estágios mais complexos, subseqüentes, produzem-se

outros componentes do pool da gasolina tanto para aumentar sua quantidade quanto

para elevar a sua qualidade.

A gasolina comercial é feita de diferentes frações, originarias da reforma

catalítica, isomerização e unidades de FCC (craqueamento catalítico). Aquelas

frações que vem de reforma e de isomerização são produzidas de cortes de

destilação e, conseqüentemente, contêm pouco ou nenhum enxofre, já os

compostos sulfurosos estão presente em petróleos com altos pontos de ebulição e

as cargas utilizadas na isomerização e na reforma são hidrotratadas. Por outro lado

os resíduos atmosféricos ou os destilados de vácuo que constituem as cargas do

FCC contêm quantidades significativas de enxofre 0,5 - 1,5% em peso.

Para o processo de blending, o pool da gasolina tem mais componentes

adicionais e que o pool do diesel. Não obstante, como normalmente a nafta

craqueada de FCC representa 30 – 40% do pool total da gasolina, sendo de longe o

mais importante contribuinte de enxofre na gasolina, até 85 - 95%, apenas a

alteração da mistura no pool da gasolina não resolveria o problema da remoção

profunda de enxofre.

2.2 Características especificas da gasolina

a) Volatilidade.

b) Características de detonação e pré-ignição.

c) Calor de combustão por unidade de massa e volume.

d) Calor latente da vaporização.

e) Estabilidade química.

f) Segurança.

25

2.3 Volatilidade

É a tendência de um liquido evaporar-se. A volatilidade é importante porque

líquidos e sólidos não queimam; somente vapores queimam. Quando um líquido

aparentemente está queimando, na realidade é o vapor invisível acima da sua

superfície que está queimando.

A volatilidade da gasolina é ajustada sazonalmente, conforme as condições de

operação dos motores que a consomem e a localidade onde operam estes motores:

No inverno do hemisfério norte, o blend da gasolina busca rápida evaporação,

de forma a facilitar a partida do motor e sua operação ainda a frio.

Em climas quentes e no verão do hemisfério norte, o blend da gasolina deve

evaporar-se menos facilmente para prevenir a evaporação e o chamado vapor lock

do motor (fenômeno que ocorre quando a gasolina evaporada acumula no sistema

de combustível, interrompendo ou reduzindo o fornecimento de combustível do

motor).

Duas propriedades são particularmente uteis para medir a volatilidade da

gasolina: pressão de vapor e perfil de destilação. A pressão pode ser entendida

como a pressão exercida pelo vapor quando o mesmo se encontra em equilíbrio

com o líquido. A pressão de vapor é medida a 37,8ºC e 1 atm, e á expressa em kPA

ou psi. Quando a PRV (pressão de vapor Reid) da gasolina é baixa, o motor pode ter

dificuldades de partida; quando a PRV da gasolina é alta, o motor tem partida a frio

mais fácil. A faixa típica de PVR da gasolina está entre 48,2 e 103,0 kPa ( ou 7,0 e

15,0 psi).

2.4 Resistência á detonação e octanagem

A combustão de um motor é iniciada por um centelhamento elétrico. Quando

a combustão é anormal, ocorre uma auto-ignição espontânea do combustível, que

causa um aumento súbito de pressão do cilindro do motor, podendo resultar em:

Ruído

Perda de potência

Sobreaquecimento

Dano ao equipamento

Assim, por definição, a detonação é a explosão da mistura por efeitos da

pressão. A resistência a detonação é uma característica crucial dos combustíveis de

motores de ignição por centelha. Esta propriedade antidetonante do combustível

26

depende basicamente de sua composição química. Os efeitos da detonação são

nocivos para o motor. Repetidas detonações provocarão superaquecimento e a

perfuração da cabeça dos êmbolos.

O índice de octano (IO) é uma propriedade da gasolina que indica a qual

limite máximo a mistura vapor de combustível-ar pode ser comprimida dentro da

câmara de combustão, sem que haja detonação espontânea, ou seja, sem que a

mistura entre em combustão antes da centelha da vela de ignição (mede a

resistência de um combustível a inflamar-se espontaneamente).

Quanto maior seu índice de octanas, maior temperatura e pressão o

combustível poderá suportar e será maior sua resistência à detonação.

Motores com taxas de compressão elevadas requerem gasolina de maior

octanagem, para apresentar rendimento termodinâmico mais elevado e maior

desempenho. No caso de motor com alta taxa de compressão recebe combustível

de octanagem insuficiente, seu sistema de monitoramento eletrônico reduzirá

automaticamente a taxa de compressão, a fim de evitar a batida de pino. Isto resulta,

em perda de potencia.

No caso da gasolina, este combustível possui um componente chamado

heptano (C7H16), que tem baixa resistência à compressão, e o iso-octano (C8H18),

que tem grande resistência à compressão. Assim, em termos simplificados e

comparativos, quando uma gasolina tem 80 octanos, ela se comporta em relação à

detonação por compressão da mesma forma que uma gasolina que tivesse 80% de

iso-octanos (2,2,4 tri-metil-pentano) e 20% de heptano em sua composição. Ou

ainda, o índice de octanos foi convencionado como igual a 100 para o iso-octano e

“0” para o heptano. As especificações da gasolina, em termos de octanagem,

evoluíram em passo com a evolução dos motores, em termos de taxa de

compressão.

Logo, o IO é uma representação numérica do padre antidetonante de um

combustível. O método de ensaio consiste em operar o motor com uma mistura de

referência (isoctano mais heptano) e com o combustível a ser testado, nas

condições padrão, e ajustar a razão de compressão, para fornecer uma intensidade

padrão de batida. A proporção de isoctana na mistura de referência, que fornece as

mesmas características de detonação do combustível utilizado, é indicada como

índice de octano.

27

O IO tem grande importância nos motores de gasolina, pois um motor só

opera adequadamente quando a inflamação se produz no momento azado – quando

salta a faísca da vela – e não de modo incontrolado. Existem dois índices de

medição do OI – RON e MON -, segundo o procedimento empregado no ensaio do

combustível.

a) Método MON (Motor Octane ou método motor – ASTM D2700)

Avalia a resistência à detonação da gasolina na situação em que o motor está

em plena carga e em alta rotação.

b) Método RON (Research Octane Number) ou método pesquisa – ASTM D-

2699

Avalia a resistência à detonação da gasolina na situação em que o motor ETA

carregado e em baixa rotação (até 3 000 rpm). Para uma mesma gasolina, o RON

tem um valor típico superior ao MON de ate 10 octanas.

No Brasil, a princípio, usa-se ao índice MON. Alguns países utilizam a

octanagem RON, e outros – por exemplos, os EUA – o índice de octanagem AKI6 =

(MON+RON) / 2.

Finalmente, existem os componentes da gasolina com alto índice de octanagem

(aromáticos, olefinas, isômeros, alquilados) e os aditivos (produtos finais) para

aumento da octanagem da gasolina. Entre os aditivos, destacam-se:

CTE (Chumbo Tetra Etila – Pb (CH3)4): Foi suprimido totalmente da formulação da

gasolina pela Petrobras em 1989, devido à sua toxidade: produz formação de

depósito de óxidos de chumbo, ocasionando corrosão nas paredes dos cilindros; é

toxico e não pode ser utilizado nos combustíveis empregados para alimentar

motores com catalisadores no tubo de descarga. A percentagem adicionada destes

aditivos no combustível, com finalidade de aumentar o IO, variava na ordem de 0,08

a 0,9 cm3 / litros.

Oxigenados: A gasolina oxigenada inclui tanto a complexa mistura de

hidrocarbonetos da gasolina-base, quanto a adição de um ou mais oxigenados, que

contem não apenas carbono e hidrogênio, mas também oxigênio. Os oxigenados

são alcoóis ou éteres.

2.5 Poder calorífico e eficiência energética

Energética dos motores depende de uma serie de variáveis que não além das

simples propriedades do combustível; tamanho do veiculo, aerodinâmica,

características do motor, da transmissão etc. Também importam as condições

28

ambientais de operação do motor, as condições da estrada, o estilo de direção do

motorista, o congestionamento da via. Pequenas viagens tendem a apresentar

maiores consumos específicos do que viagens mais longas, na medida em que

motores mais frios usam mais energia para vaporizar o combustível e vencer a

resistência de lubrificantes mais frios. Vale ressaltar que três características básicas

do combustível afetarão o uso final de energia do motor:

a) Calor de combustão: É a quantidade de calor liberada na combustão

completa de uma molécula-grama de uma substância. Em geral, refere-se a valores,

a volume ou a pressão constante. Independentemente da velocidade com que se

procede à combustão. A formulação da gasolina afeta bastante esta propriedade.

Por exemplo, compostos aromáticos tendem a aumentar o poder calorífico gasolina

(são normalmente tóxicos e cancerígenos). Por sua vez, os oxigenados reduzem o

poder calorífico da gasolina. A redução percentual, neste caso, é próxima do

percentual de massa de oxigênio adicionada á gasolina. Por exemplo, uma gasolina

oxigenada com 2,7% em massas de oxigênio tem um poder calorífico cerca de 2,7%

menor do que a gasolina convencional.

b) Calor latente de vaporização: É a quantidade de calor que deve ser

fornecida ao liquido para vaporizá-lo, a uma dada temperatura. Por exemplo, a

gasolina oxigenada com etanol necessita de calor adicional para vaporizar o

combustível final.

c) Ponto de ignição: Temperatura a que se deve aquecer (ou pressão a que se

deve comprimir) uma substância para ocorrer a sua combustão. Depende da

atmosfera em que está inserida a substancia.

3.0 Diesel

Assim como a gasolina, na verdade, é uma mistura (pool) de centenas de

compostos químicos, com número de carbono variando entre 10 e 22. Estes

compostos podem ser parafínicos, naftênicos ou aromáticos. As proporções destas

diferentes classes de hidrocarbonetos no diesel definirão a sua qualidade. Enquanto

na gasolina, uma propriedade fundamental era a sua capacidade de resistir à

detonação (medida pela sua octanagem), no diesel, o que vale é a sua capacidade

de sofrer combustão por pressão (o que é medido pelo seu número de cetanas). Na

gasolina, a octanagem decresce com a proporção de compostos parafínicos. No

diesel, a cetanagem aumenta com a proporção de compostos parafínicos. De certo

modo o que se espera no diesel é o contrário do que se pretende na gasolina.

29

3.1 Blend e pool

Existe um certo compromisso entre qualidade (rendimento) de um produto

prêmio em uma refinaria. Um pool mais especificado é composto por menos

correntes: Por exemplo, se o refinador pretende produzir diesel de baixa qualidade

(em grandes quantidades), o pool deste derivado deve ser igual à soma das

seguintes correntes intermediárias: diesel de destilação direta (straight-run), diesel

de HCC (se há HCC), diesel de HDT diesel (brando ou severo), óleo leve de reciclo

de FCC (LCO) e uma fração do corte de querosene.

Já para o diesel ultra-especificado, conhecido como ultra low sulfur diesel

(ULSD), o pool será composto por diesel de HCC, diesel de HDT severo e uma

fração do corte de querosene hidrotratada.

3.2 Características específicas do diesel

Segue nãos próximos parágrafos as características específicas do diesel.

3.3 Temperatura de ebulição e perfil de destilação

Para compostos orgânicos de uma mesma classe, o ponto de ebulição cresce

com o número de carbonos. Para compostos com mesmo número de carbonos, o

ponto de ebulição tende a crescer da classe isoparafínica para normal-parafínica,

naftênica e aromática.

3.4 Temperatura de fusão

A temperatura de fusão tende a crescer com o peso molecular, porém é

fortemente influenciada pela estrutura da molécula. Parafinas e aromáticos têm

pontos de fusão mais elevados do que isoprafinas e compostos alifáticos, com o

mesmo número de carbonos.

3.5 Poder calorífico

Para compostos com o mesmo número de carbonos, o poder calorífico cresce

dos compostos aromáticos para os naftênicos e parafínicos. A ordem é a inversa,

quando fazemos a comparação em base volumétrica, porém aromático é o maior, e

parafínico o menor.

3.6 Viscosidade

A viscosidade está relacionada ao peso molecular e o ideal é que ela esteja

entre 2,0 e 4,5 cST a 40ºC. Os limites de viscosidade do diesel são importantes

para:

Garantir a fluidez do combustível durante a partida a frio.

Prevenir perda de potência ou abrasividade a elevadas temperaturas.

30

3.7 Instabilidade química

A instabilidade envolve a conversão química de precursores em espécies de

alto peso molecular e limitada solubilidade. Os precursores são usualmente

compostos com enxofre ou nitrogênio, ácidos orgânicos e olefinas reativas. A

conversão é basicamente a oxidação dos precursores. Certos metais dissolvidos,

especialmente o cobre, podem ainda catalisar esta reação de oxidação. Muito

importante é o fato de que, contrariamente à intuição, dois combustíveis estáveis, ao

serem misturados, podem formar uma mistura instável. A instabilidade oxidativa é

uma prioridade química, e não física, do combustível.

3.8 Números de cetanas (NC)

O número de cetanas do diesel e o índice de octanagem da gasolina medem

ambos, a tendência de o combustível entrar em ignição espontaneamente. Como

suas escalas de referências foram elaboradas de forma a que o maior medisse a

maior qualidade do respectivo combustível, um combustível com alto teor de cetanas

tem baixa octanagem, e vice-versa.

a) No número de cetanas, o maior valor representa o combustível que sofre

combustão rapidamente e, portanto, se presta adequadamente ao motor diesel.

b) Na octanagem, o maior valor representa o combustível que resiste melhor à

detonação e, portanto, se presta bem ao motor à gasolina.

Assim os combustíveis destinados aos motores diesel devem ser facilmente

inflamáveis ao contato com o ar superaquecido. Esta facilidade de inflamação é

favorável ao arranque do motor e assegura uma combustão mais completa,

diminuindo a produção de fumaças no escape.

Um combustível com alto NC queima quase instantaneamente após ser

injetado no cilindro ou tem curto atraso de ignição.

Por sua vez, um combustível de baixa NC resiste à autodetonação e tem

grande atraso para ignição.

Os combustíveis para motores a diesel devem possuir um índice

compreendido entre 30 e 60 cetanos. Os combustíveis mais favoráveis aos motores

diesel atuais são aqueles cujo índice se situa entre 45 e 50 cetanos. O melhor óleo

diesel é encontrado nas frações perto do querosene.

31

Abaixo de 30 cetanos, o combustível apresenta grandes dificuldades de

inflamação; não permite bom arranque a frio e provoca grande quantidade de

fumaça no escape.

Acima de 60 cetanos, a inflamação demasiado fácil do combustível favorece a

detonação do motor, seguindo-se uma diminuição da potência e uma fadiga

exagerada dos elementos mecânicos: pistão, bielas e cabeçotes.

O número de cetanas varia sistematicamente com a classe dos

hidrocarbonetos:

Parafinas normais têm alto NC, que aumenta com o peso molecular.

Isoparafinas têm larga faixa de NC, entre 10 e 80.

Naftenos têm NC entre 40 e 70.

Aromáticos têm NC entre 0 e 60. Quanto menor o número de anéis

aromáticos e maiores as ramificações alquiladas, maior o NC. Moléculas com mais

de um anel aromático têm NC abaixo de 20. Assim dois compostos definem o

padrão do NC:

a) 1-metil-naftaleno, que tem baixo desempenho no motor diesel. A este

composto é conferido o NC igual a zero (0). Devido a sua toxidez, o alfa- metil-

naftaleno foi substituído pelo Heptametilnonano, que assume valor 15 para o

número.

b) N-hexadecano (cetana), que tem ótimo desempenho no motor diesel. Este

composto é referido n padrão igual a 100.

Estes hidrocarbonetos são, portanto, a referência primária para medição por

comparação de cetanagem dos combustíveis.

3.9 Qualidades do combustível e desempenho do motor

Entre as propriedades do motor diesel que devem ser atendida, merecem

destaque, por sua relação com a qualidade do diesel, as seguintes:

Partida: busca-se alto número de cetanas (NC).

Ruído: busca-se alto NC.

Atrito: buscam-se lubricidade dinâmica e lubricidade estática: alta viscosidade

cinemática melhora a lubricidade.

Potência: alta viscosidade afeta negativamente a combustão e a potência.

Operação a baixa temperatura: busca-se um menor teor de parafinas de alto

peso molecular e de ceras.

32

Estabilidade do combustível (formação de gomas ou hidrocarbonetos de alto

peso molecular e baixa solubilidade): é um problema crítico do motor de motores

diesel, até porque a redução do teor do enxofre do diesel, através de unidade de

HDS sem refinarias, diminui também o teor de antioxidantes. Colocam-se aditivos no

diesel. Porém, o que é sobremodo importante para o caso da formulação com o

biodiesel ou diesel de detergentes origens, dois combustíveis quimicamente estáveis

não formam necessariamente uma mistura estável. O problema é sobre tudo de

base química. Da mesma forma aditivos válidos para um combustível não valem

para outro ou para mistura.

Consumo: associado ao poder calorífico do combustível e, sobretudo, as

características do motor (razão de compressão e características da injeção do

combustível).

Emissões: especialmente NOx e material particulado (as emissões de CO e

de compostos orgânicos voláteis não são importantes, porque, a queima é pobre e o

diesel é menos volátil do que a gasolina).

3.10 Partida

Quando se dá a partida no motor diesel, o calor da compressão é a única

fonte de energia para aquecer o gás na câmara de combustão ate a temperatura em

que se inicia ignição do combustível (cerca de 400ºC). É importante notar que:

Como as paredes da câmara de combustão estão inicialmente à temperatura

ambiente, elas representam um sumidouro de calor e não uma fonte.

Durante a partida, a compressão ocorre mais lentamente do que nas

condições de operação normais do motor, o que também leva as maiores perda de

calor e ar comprimido para as paredes do cilindro.

Ainda assim, dependendo das condições ambientes, o motor pode ter

dificuldade de, durante a sua partida, induzir a completa combustão do combustível

injetado no topo do cilindro. Este diesel não - combusto sairá como exausto do

motor, usualmente forma pequena gotícula.

3.11 Potência

Potência do motor é função basicamente do seu projeto. Contudo, se a

viscosidade do combustível estiver fora da faixa adequada, a combustão pode ficar

excessivamente podre, resultando na perda de Potência do motor.

3.12 Ruído

33

O ruído produzido pelo motor diesel é a combinação do ruído da combustão

com ruídos mecânicos. As propriedades do combustível afetarão o ruído da

combustão, na medida em que, no motor diesel, o combustível deverá sofrer ignição

espontaneamente logo após a sua injeção no cilindro. No entanto, sempre há certo

atraso na ignição, durante o qual o combustível se vaporiza e se mistura com o ar na

câmara de combustão. A combustão leva a liberação rápida de calor e aumento

drástico da pressão na câmara. Este aumento de pressão é a causa do ruído da

combustão, que pode ser reduzido com a elevação da cetanagem (NC) do diesel –

que diminui o atraso da ignição. Com um menor atraso da ignição, menos

combustível precisa ser injetado para que a combustão se inicie, reduzindo-se

também o tempo de mistura do combustível com o ar.

3.13 Consumo de combustível

Para o consumo de combustível, o projeto do motor é bem mais relevante do que as

propriedades do combustível. O consumo de diesel estará diretamente relacionado

ao poder calorífico do combustível.

3.14 Lubricidade

No motor diesel, o próprio combustível serve para lubrificar algumas partes

moveis do equipamento (bombas de combustíveis e injetores). Para evitar a

abrasividade excessiva, o combustível deve apresentar certo grau de lubricidade.

Lubricidade é a qualidade de reduzir a fricção entre superfícies sólidas em

movimento relativo.

a) A lubricidade hidrodinâmica é baseada numa camada de líquido que evita o

contato entre superfícies opostas. Neste caso a viscosidade é a propriedade básica

do diesel.

b) Durante elevada carga ou baixa rotação, apenas áreas relativamente

pequenas das superfícies que se opõem estão em contato. Nestes casos alguns

compostos presentes no diesel podem formar uma camada protetora antiabrasão,

aderindo às superfícies metálicas do motor. Espacialmente importantes são os

traços de compostos oxigenados e nitrogenados no diesel, e certas classes de

compostos aromáticos.

c) Finalmente a redução quase total do teor de enxofre do diesel reduz a sua

lubricidade. Assim, aditivos são empregados para a lubricidade do diesel com baixo

teor de enxofre, estes aditivos contêm um grupamento polar que, atraído pela

superfície do metal, forma uma fina camada lubrificante.

34

3.15 Operações a baixas temperaturas

A operação a baixa temperatura é um problema importante para a

propriedade do diesel porque este destilado médio contêm compostos parafínico em

grande proporção na sua composição, que podem se solidificar a temperaturas

reduzidas ( por exemplo, temperaturas do inverno do hemisfério norte e mesmo do

inverno de certas áreas do sul do Brasil). Quando isso acontece, a cera formada

pode entupir o filtro de combustível, tornando impossível ao sistema de combustível

alimentar o motor. O projeto do motor pode minimizar este problema, localizando a

bomba do combustível e os filtros em partes da carroceria onde receberão mais

calor de exaustão do motor. Contudo, o pool do diesel oriundo da refinaria também

deve responder a este problema:

Reduzindo o uso de petróleos muito parafínicos como carga.

Reduzindo a temperatura do corte do diesel (isto excluirá os componentes

parafínicos de alto peso molecular propensos a formar ceras).

Diluindo o combustível com um outro com menor conteúdo de cera (por

exemplo, querosene).

Adicionando aditivos para operação do diesel a reduzidas temperaturas.

3.16 Estabilidade do combustível

O diesel instável forma compostos orgânicos insolúveis ou gomas, ambos se

depositam nos injetores e os particulados insolúveis entopem o filtro de combustível.

A instabilidade do diesel pode ocorrer durante um período de longo de

armazenamento, mas também é verificada na recirculação do combustível. A

instabilidade térmica do diesel tem adquirido importância na medida em que

fabricantes de motores, para aumentar o desempenho da maquina térmica e reduzir

suas emissões atmosféricas, tem elevado as pressões de injetores. Estas

modificações do motor diesel expõem o combustível a maiores tempos de

resistência nos injetores.

O diesel com baixo teor de enxofre é mais estável do que o diesel com

elevado teor de enxofre, porquanto o DHT que remove enxofre também destrói

precursores de compostos orgânicos insolúveis.

3.17 Qualidade do combustível e emissões

Enxofre: O teor de enxofre do diesel afeta não apenas as emissões de

compostos de enxofre, mais também de qualquer material particulado porque o

35

enxofre se converte em aerossol sulfato no exausto do motor. Os filtros de

particulados requerem combustível com reduzido teor de enxofre. De fato os óxidos

de enxofre competem com os sítios catalíticos requeridos para conversão de NO em

NO2 no DPF (diesel particulare filter), aumentando também a temperatura de

regeneração do filtro. O enxofre pode também ser oxidado no filtro, entupindo o

dispositivo. Os catalisadores de oxidação, que reduzem o material particulado

emitido pelo motor diesel, atuando sobre a fração orgânica solúvel deste material,

também atuam oxidando o SO2 e SO4, o que por sua vez, aumenta as emissões de

particulados. Reduzir o teor de enxofre do diesel significa poder aplicar no motor

tecnologias de controle de particulados. O diesel com alto teor de enxofre prejudica

não apenas o desempenho de particulados, como pode aumentar a emissão desses

poluentes.

Números de cetanas: Aumenta o NC melhora a combustão e, reduz as

emissões de NOx e material particulado.

Densidade: A densidade do combustível afeta a quantidade de energia

química por volume de combustível. A redução da densidade e diesel tende a

diminuir as emissões de NOx.

Aromáticos: A redução do teor de aromáticos diminui as emissões de NOx e

material particulado.

4.0 Impactos ambientais

Os impactos ambientais da produção de gasolina e diesel seguem nos

próximos parágrafos.

4.1 Emissões atmosféricas

Poluentes associados a emissões atmosféricas de refinaria incluem: amônia

(NH3), dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO), acido sulfídrico (H2S),

metais, óxidos de nitrogênio (NOx), particulados, ácidos (HF, H2SO4), óxidos de

enxofre (SOx), compostos orgânicos voláteis (COVs), e numerosos compostos

orgânicos tóxicos. Estas emissões são geradas por varias fontes dentro da refinaria.

Combustão: emissões associadas à queima de combustíveis.

Emissões fugitivas no transporte ou movimentação de produtos: associadas à

perda por evaporação de compostos voláteis, através de válvulas, juntas de

tubulações, bombas.

36

Emissões evaporativas associadas ao processo: ocorre durante as reações

químicas.

Emissões evaporativas associadas ao estoque de produtos voláteis.

Emissões evaporativas associadas à estação de tratamento de água da

refinaria.

Na comparação entre as emissões atmosféricas de refinaria e diferentes

unidades de refino, impende introduzir rapidamente o conceito de complexidade, em

termos simplificados, está associado à capacidade de conversão da refinaria

relativamente à capacidade de processamento primário (destilação ou separação).

Refinarias mais complexas, a principio são capazes de diferentes crus – e crus mais

pesados – obtendo rendimento altos em derivas leves através da utilização de fundo

de barril.

4.2 Localização de impactos no processo de refino

Processos Emissões

atmosféricas

Efluentes

líquidos

Resíduos

sólidos

Consumo

de

energia

Resíduo

térmico

Ruído Segurança

Separação Destilação

(atmosférica e

a vácuo)

X X Y X X Y X

Conversão Termo-

craqueamentoX X Y X X Y X

Coqueamento

retardado

X X X X X X X

FCC X X X X X Y XHCC X X X X X Y XReforma X X X X X Y XIsomerização X X X X X Y XProdução de

MTBEX X X X Y Y X

Alquilação X Y X X Y Y XTratamentoHDS X X X X X Y XAdoçamento

X X X X Y Y X

Lavagem de X Y X X Y Y X

37

gasesProdução de

lubrificantesExtração de

solvente

Y Y Y X Y Z X

Outras

unidades

Y X

Recuperação

de S

X X Y Y Y Y X

Flare Y Y Y Y X X XTorre de

refrigeração

X X Y Y Y Y Y

Estação de

tratamento de

Água

X X X X Y Z Y

Unidade de

mistura

(blending)

X X Y Y Y Z X

Fonte: EIPCCB, 2004

Legenda:

X: alto

Y: baixo

Z: desprezível4.3 Fatores médios para emissões de atmosféricos para fontes energéticas

consumidas em refinarias (em g/GJ)

SOX NOX CO Particulados COVs

Destilados médios 69 60 16 4 1Óleos residuais 731 159 14 34 4Gás natural 0 60 15 1 3Gás de refinaria 0 60 15 1 3GLP 0 89 15 3 3Coque de petróleo 1075 408 131 310 2

Fonte: EPA, 1995. Energetics, 1998

Comumente a complexidade de uma unidade de refino em uma refinaria

como um todo, é mensurada pelo índice de Nelson. Quanto maior é este índice,

maior é a complexidade da refinaria ou sua capacidade conversão. As refinarias

mais complexas tendem a possuir maior porte e mais unidades intensivas. No

entanto, há casos de refinarias de baixa complexidade e pequeno porte, com alta

38

emissão de CO2, porque estas refinarias tendem a operar com processos

energeticamente menos eficientes e também menos seletivos, apresentando menor

rendimento nos produtos finais almejados, ou consumindo mais energia e emitindo

mais CO2 para obter o produto almejado.

Em relação às emissões de NOx, cuja principal fonte são os processos de

combustão a altas temperaturas como fornos, caldeiras, regeneradores de FCC,

incineradores, turbinas a gás entre outros, forman 90% de NO, elas depende

basicamente das condições operacionais da queima. Neste sentido não há uma

relação explicita entre complexidade e emissões de NOx, ainda que refinarias com

FCC tendam a emitir mais NOx (em média, as refinarias européias, a regeneração

de catalisadores do FCC emite 16% do NOx total emitido).

Em relação aos particulados inclusive os metais pesados, a sua emissão está

associada à queima de óleos residuais em caldeiras e fornos, e à queima do coque

de FCC em regeneradores.

Em relação às emissões de SOx, especialmente SO2, mas também SO3,

existe uma relação direta da carga processada com o combustível produzido e

consumido na própria refinaria, e com as suas emissões de enxofre. No entanto, não

existe uma correlação clara entre emissões de SO2 e a complexidade das refinarias,

medida pelo índice de Nelson. Apenas, pode-se inferir que, como o FCC é uma das

principais unidades emissoras de SO2, refinarias com maior capacidade de FCC

tendem a emitir mais SO2. Finalmente em relação às emissões de compostos

orgânicos voláteis, boa parte das mesmas associa-se às emissões fugitivas da

refinaria.

4.4 Descargas líquidas

O processamento de petróleo requer grandes volumes de água, ainda que

bastante variáveis conforme a refinaria: sua complexidade, configuração,

capacidade de reciclagem, localização. Deste total, fração considerável se pode

reciclar; o restante encontra-se, porém, contaminado e deve passar pelos

tratamentos primários e secundários.

Estima-se o consumo de água de refinarias entre 250 a 350 litros de água por barril

de óleo bruto processado (OGJ 1992). Em geral são quatro as fontes de descargas

líquidas de refinarias:

Vazamentos intermitentes de água, por exemplo, durante a lavagem de

tanques e reatores, ou devido a falhas em equipamentos.

39

Água de refrigeração: refinarias demandam volumes consideráveis de água

de refrigeração. Esta água porem, não entra em contato com óleo e contêm menos

contaminantes que as correntes de água empregadas nos processos. Assim quase

toda a água de refrigeração pode ser reciclada, através de sistemas fechados com

torres de refrigeração, que promovem a troca térmica entre a corrente de água e o ar

ambiente. A água de refrigeração deve conter também aditivos antiincrustação.

Água para uso sanitário.

Água de processos: entra em contato diretamente com óleo e está, portanto

contaminada. Esta corrente advém principalmente, da dessalgação, das torres de

destilação, fracionamento e esgotamento. O seu tratamento envolve a separação do

óleo da água e remoção de sais, sólidos, e H2S e NH3. A quantidade de descarga

líquida gerada depende dos processos aplicados na refinaria. Todos os processos

lidam com vapor para destilação ou fracionamento, o que leva à produção de água

ácida.

5.0 Biomassa

Biomassa é ainda um termo pouco conhecido fora dos campos da energia e

da ecologia, mas já se faz parte do cotidiano brasileiro. Fonte de energia não

poluente, a biomassa nada mais é que a matéria orgânica, de origem animal ou

vegetal, que pode ser utilizada na produção de energia. Para se ter uma ideia da sua

participação na matriz energética brasileira, a biomassa responde por um quarto da

energia consumida no país. A utilização como combustível pode ser feita a partir de

sua forma bruta, como madeira, produtos e resíduos agrícolas, resíduos florestais,

resíduos pecuários, excremento de animais e lixo.

Ao contrário das fontes fósseis de energia, como petróleo e o carvão mineral,

a biomassa é renovável em curto intervalo de tempo. Além do pequeno tempo

necessário a sua produção, a fotossíntese, o processo produtivo da biomassa, capta

em geral quantidades superiores aquelas dos gases emitidos na queima para a

formação de mais matéria prima. Nesse processo, o ciclo de carbono é de curta

duração, limitando-se a superfície terrestre.

A questão é que de uns tempos para cá, com o aumento da preocupação

relativa ao efeito estufa, o uso da biomassa como forma de obter energia limpa e

barata vem representando um enorme atrativo principalmente para as indústrias.

40

Mas, é importante ressaltar que a biomassa não é necessariamente “a

mocinha” da história. A combustão de qualquer material de origem orgânica produz

material particulado, CO₂ ou CO e outros óxidos dependendo do material

combustível. A questão é que ultimamente tem se valorizado a utilização de

biomassa proveniente de resíduos urbanos, florestais e industriais com o fim de

diminuir a quantidade de resíduos em aterros, além de que, alguns processos de

obtenção de energia a partir da biomassa não produzem os gases causadores do

efeito estufa, ou produzem uma quantidade bem menor do que os combustíveis

fósseis (gás natural).

5.1 Energia de biomassa

É aquela derivada de matéria viva como os grãos (milho, trigo), as árvores e

as plantas aquáticas. Esta matéria viva também é encontrada nos resíduos agrícolas

e florestais (incluindo os restos de colheita e os estrumes) e nos resíduos sólidos

municipais. A biomassa pode ser utilizada como combustível em três formas:

Combustíveis sólidos, como as lascas de madeira; combustíveis líquidos produzidos

a partir da ação química ou biológica sobre a biomassa sólida e da conversão de

açúcares vegetais em etanol ou metanol; e combustíveis gasosos produzidos por

meio do processamento com alta temperatura e alta pressão.

Os recursos de biomassa ocupam uma grande área de terra. Eles têm a

possibilidade de fornecer, em qualquer lugar, de 4% a 25% da energia necessária

nos Estados Unidos. A biomassa atualmente abastece 3% das necessidades

energéticas norte-americanas e pode fornecer várias vezes mais energia que a

esperada de fontes eólicas e fotovoltaicas. A Suécia e a Finlândia utilizam a

biomassa para 14% de suas demandas energéticas. Além disso, este recurso é de

particular utilidade para nações do mundo em desenvolvimento, onde os altos

preços do petróleo desaceleram o crescimento econômico. Como uma forma

armazenada de energia solar, a biomassa tem a vantagem de os custos com

coletores serem menores e o armazenamento de energia já estar incluído. A

biomassa pode ser convertida em combustíveis líquidos e gasosos em diversas

etapas, enquanto a combustão direta para produção de vapor ou eletricidade

também é bastante popular. A Figura 20 ilustra algumas formas por meio das quais

a biomassa é convertida em outros combustíveis.

41

Figura 20 Formas por meio das quais a biomassa é convertida em outros combustíveis

5.2 Conversão de biomassa

O processo fundamental de conversão nas plantas verdes é a fotossíntese,

que é a combinação de CO₂ atmosférico com água e energia luminosa para produzir

oxigênio e carboidratos (como açúcares e amidos).

O reverso deste processo é chamado respiração, na qual CO₂, H₂O e calor

são produzidos pela combustão de carboidratos e oxigênio. Ela ocorre nas folhas e

raízes dos vegetais e nos animais, assim como na matéria orgânica em

decomposição. A eficiência da fotossíntese é de apenas cerca de 1% para o

processo de transformação de energia solar em energia química armazenada. Nas

plantas verdes, a fotossíntese ocorre durante o dia, e a respiração, à noite, levando

a alterações diárias na concentração de CO₂ atmosférico.

A concentração de dióxido de carbono varia de acordo com as estações do

ano; mais alta no inicio da primavera e mais baixa no outono, no fim da temporada

de crescimento. Vinte por cento da área de terra livre norte-americana (nos 48

Estados contíguos) é dedicada à produção agrícola, e 30% são cobertos com

florestas comerciais e nativas. Em valor energético, o milho é a maior cultura,

seguido por soja e aveia. A base terrestre americana totaliza 2.260 milhões de

acres. Quase metade disso tem potencial para produção de biomassa. Terras com

florestas e de agricultura podem suprir 1,3 bilhão de toneladas secas de biomassa

42

por ano, o suficiente para substituir um terço da demanda atual de combustíveis

para transporte. Defensores dizem que o uso da biomassa deste modo requer

modificações apenas modestas no uso da terra e nas práticas florestais e agrícolas.

Tais modificações não teriam impacto nas demandas de alimentos, alimentação e

exportações. Os Estados Unidos seriam assim menos dependentes da importação

de petróleo, diminuiriam sua emissão de gases estufa e teriam melhorias na

economia rural. A produção de etanol em 2004 foi cerca de 3,4 bilhões de galões, e

tem crescido em torno de 20% ao ano.

Os processos para a conversão de biomassa em outras formas de energia

são numerosos, mas podem ser classificados em três tipos:

√ Processos bioquímicos – decomposição de resíduos orgânicos em uma atmosfera

deficiente em oxigênio – com a produção de gás metano (digestão anaeróbica) ou a

fermentação controlada para a produção dos álcoois etanol e metanol.

√ Combustão direta – queima de biomassa para produzir calor para o aquecimento

de ambientes ou para a produção de eletricidade através de uma turbina de vapor.

Qualquer coisa – de resíduos sólidos e sobras de colheitas a madeira – pode servir

como combustível para este processo.

√ Pirólise – decomposição térmica de resíduos em um gás ou líquido (com um

relativamente baixo valor de aquecimento) sob altas temperaturas (500ºC a 900ºC)

em uma atmosfera pobre em oxigênio.

6.0 Álcoois

São produtos da conversão de biomassa que têm recebido considerável

atenção nos últimos anos como substitutos para os líquidos derivados de petróleo. A

fermentação de materiais vegetais para a conversão de seus açúcares em álcool

data de mais de 4 mil anos: os egípcios faziam cerveja com grãos e uvas. Mais de

100 anos atrás, Louis Pasteur identificou as leveduras como catalisadores do

processo de fermentação.

Os dois álcoois de maior importância são o etanol e o metanol. O etanol é um

líquido transparente com ponto de ebulição de 78ºC. Sua fórmula é C₂H5OH, e

também chamado de álcool de grãos ou álcool etílico. Ele pode ser feito de uma

série de matérias-primas, porém, as mais comuns são a cana-de-açúcar, o milho e a

madeira. Os Estados Unidos usam principalmente milho; o Brasil usa cana-de-

açúcar; a França, trigo e beterraba; e a Alemanha, centeio. A Figura 21 é um

43

fluxograma simples para a produção de etanol a partir do milho, iniciando com

carboidratos complexos.

O etanol produzido com grãos demanda grandes quantidades de energia para

plantio, fertilização e colheita. Ele pode melhorar o desempenho dos veículos e

produz menos emissões que os veículos a gasolina. O etanol feito de madeira pode

reduzir as emissões de gases estufa, pois as plantas absorvem CO₂ enquanto

crescem. Sem saber, muitos carros nos Estados Unidos já utilizam etanol – uma

mistura (gasohol) com 10% de etanol e 90% de gasolina comum, conhecido como

E10. Minnesota exigia E10 em todos os seus veículos e aumentou para E20 em

2005. Muitos postos de combustível no meio-oeste americano fornecem

combustíveis E85. Carros flex-fueled (com flexibilidade para uso de combustíveis)

usam este combustível E85. Seus motores são aptos a funcionar com diferentes

misturas de combustíveis, desde a gasolina comum até E85 e M85, apenas

ajustando eletronicamente o tempo de ignição e as relações ar/combustível. A

maioria das grandes montadoras fabrica esses carros; há atualmente nos Estados

Unidos 4 milhões de carros flex-fueled. Preços menores tornam esses carros

especialmente atrativos hoje, embora apresentem maior consumo, com 10% a 15%

a menos de mpg. Contudo, o etanol feito de milho não reduz as emissões de gases

estufa por causa do petróleo usado para o cultivo e os fertilizantes.

O etanol foi utilizado como combustível nos veículos Ford Modelo-T no início

do século XX e teve sua utilização aumentada durante a depressão (como uma

mistura álcool-gasolina), quando foram empreendidos esforços para estimular a

economia agrícola nos Estados Unidos. Durante as crises do petróleo das décadas

de 1970 e 1980, uma adição de 5% a 10% de álcool à gasolina foi promovida para

substituir parte do petróleo usado como combustível automotivo. Não é necessária

nenhuma conversão do motor para utilizar esta mistura. Se etanol puro for

queimado, modificações devem ser feitas, porque ele é corrosivo e pode degradar

alguns metais e polímeros utilizados nos sistemas a gasolina. Além disso, a baixa

densidade de energia do etanol faz com que um carro que o utilize tenha uma

autonomia cerca de um terço menor do que se usasse gasolina. O Brasil teve uma

longa história relacionada com o uso do etanol de cana-de-açúcar em seus carros.

Quase metade da sua frota era movida por etanol puro.

O custo de produzir etanol tornou-se mais econômico na medida em que os

preços do petróleo subiram. Os Estados Unidos produzem mais de 3 bilhões de

44

galões de etanol por ano em mais de 75 usinas. Crescimento da produtividade das

plantações de milho (agora em 135 bushels por acre), uso mais eficiente dos

fertilizantes e aumento da eficiência das usinas de etanol resultaram em um balanço

positivo para a produção de álcool a ser usado como combustível. Mesmo sem

considerar os coprodutos da conversão, cita-se que o balanço chega a 34%. Um

galão de etanol contém cerca de 76.000 Btu de energia. Usa-se aproximadamente

48.000 Btu para produzir um galão, ou seja, uma relação de 1,34. Após a destilação,

o líquido resultante (chamado stillage) é usado como aditivo alimentar para o gado.

Os grãos da destilação também constituem um aditivo alimentar com alto teor

proteico. O milho retém a gordura, as proteínas e os minerais encontrados no kernel

antes do processamento do álcool. O dióxido de carbono – subproduto da

destilação – é coletado, purificado e comprimido na forma líquida para ser usado por

várias indústrias.

Figura 21 Fluxograma para a produção de etanol a partir do milho

6.1 Metanol

É um líquido incolor, com ponto de ebulição de 65ºC. Sua fórmula é CH3OH;

também denominado álcool de madeira ou álcool metílico. Pode ser produzido com

virtualmente qualquer material que contenha carbono, mas originalmente era

produzido nos Estados Unidos como um subproduto da destilação de madeira. Além

da biomassa, carvão ou gás natural pode ser utilizado como matéria-prima. A

45

Alemanha fez uso extensivo de metanol (de carvão) durante a Segunda Guerra

Mundial para abastecer submarinos e aviões. O metanol é um combustível superior

para motores de combustão interna, e é utilizado hoje como combustível para carros

de corrida.

Metanol derivado do gás natural é a forma mais barata, custando não muito

mais que a gasolina normal. Ele pode ser até duas vezes mais caro se for derivado

de madeira ou carvão. Utilizar metanol pode reduzir as emissões, especialmente de

NOx, e resultaria em quase a mesma emissão de gases estufa que a da gasolina

comum (se derivado do gás natural). Metanol misturado com gasolina pode ser

usado em um veiculo sem maiores modificações.

Outras fontes potenciais de combustível líquido obtido a partir da biomassa

são sabugo de milho, o pé de milho, o “switchgrass” (um tipo de capim da pradaria

americana), feijões de soja, e outros produtos que normalmente poderiam ser

descartados. Um relatório recente do Laboratório Nacional de Oak Ridge conclui que

um bilhão de toneladas secas de biomassa poderia fornecer 30% da energia

consumida no país. A biomassa atualmente supre 3% da energia consumida na

nação.

Uma plantação de energia de biomassa é uma fazenda dedicada a converter

a luz solar em energia. Uma fazenda-padrão já faz isto, uma vez que rotineiramente

converte a luz do sol em alimentos e uma área de produção florestal atinge os

mesmos resultados ao cultivar árvores que serão consumidas como lenha. Existem

muitas outras plantas que podem ser cultivadas com o proposito de converter a luz

solar em energia. Isto normalmente é realizado pela conversão da biomassa em um

combustível líquido ou gasoso. Plantas marinhas e grãos têm demonstrado muito

potencial como fontes de metano e etanol. Fatores importantes que devem ser

considerados na avaliação das plantações de energia são a produtividade (em

toneladas por acre por ano), o conteúdo de energia por unidade de peso, a

facilidade de colheita e as demandas da cultura em questão (clima, água, condições

do solo). A energia química obtida a partir de uma fonte de biomassa pode ser maior

que a energia gasta no cultivo e obtenção deste recurso.

Como existem diferentes tipos de combustíveis disponíveis, a biomassa

oferece uma importante alternativa aos combustíveis líquidos de base fóssil,

especialmente para o setor de transportes.

46

A soja (uma plantação que hoje está com baixos preços em virtude da

superprodução) pode ser uma fonte principal de óleo para combustível. O óleo, com

a goma e a glicerina removidas, tem propriedades equivalentes ao óleo diesel. A

soja pode ser processada para também produzir diversos produtos comerciais, como

polímeros, com qualidades iguais àqueles produzidos do petróleo. Além disso, este

biocombustível não é tóxico, é biodegradável e praticamente livre de enxofre. O

balanço energético da produção da soja é o mais alto de todos os combustíveis –

mais que três unidades de energia são ganhas para cada unidade de combustível

fóssil utilizada no processo. Como o diesel, também requer aditivos para ter bom

desempenho nos climas frios, mas queima mais limpo. É o único combustível que

passou no teste dos Requisitos de Testes nos Efeitos na Saúde (Health Effects

Testing Requirements) do Clean Air Act. Substituindo “cultivando por perfurando”,

reduzimos nossa dependência do petróleo externo.

O óleo vegetal usado é outra fonte de combustível alternativo. Restaurantes

de fast-food e outros processadores de alimentos consideram seu óleo usado como

resíduo, mas quando as proteínas e outros contaminantes são removidos e o óleo é

filtrado para remover outras partículas (com tamanhos tão pequenos como 5

mícrons), ele se torna um combustível viável para substituir o óleo diesel. Custa por

volta de um quarto do óleo diesel e sua utilização como combustível o remove do

lixo municipal também. Muitos proprietários de veículos usam este processo para

reduzir custos operacionais dos seus carros, caminhões e tratores a diesel.

Outros combustíveis alternativos empregados no setor de transportes estão

listados na figura 22. Hidrogênio combustível é um combustível de queima limpa

que pode ser feito a partir de gás natural (metano + vapor CO₂ + H₂), carvão ou

eletrólise da água. No momento, o método mais barato é o que utiliza gás natural. O

uso de células solares para fornecer eletricidade para a eletrólise da água é uma

forma ideal de armazenar a energia solar e reduzir as emissões de gases estufa. O

hidrogênio pode ser usado em um motor a gasolina convencional, mas é muito mais

eficiente em um modificado. Ele pode ser armazenado como um gás sob alta

pressão, como hidrogênio líquido (-253ºC), ou dentro de um hidreto metálico, para

ser liberado com a adição de calor. Ele também pode ser usado em uma célula a

combustível. Células a combustível são duas vezes mais eficientes que os motores

de combustão interna padrão e fornecem diretamente energia elétrica ao combinar

hidrogênio e oxigênio. No momento, as células a combustível ainda são muito

47

pesadas, o que faz a maior parte da sua utilização se dar em ônibus, apesar dos

novos avanços feitos em células mais leves para carros. Células combustíveis quase

não emitem poluição. Veículos elétricos movidos a bateria (VEs) são mais

desenvolvidos que as células a combustível.

Figura 22 Combustíveis alternativos para veículos

Contudo, os altos custos, as baixas autonomias, os longos tempos de recarga

e os custos de substituição da bateria continuam a ser desvantagens cruciais dos

VEs. Estão se tornando populares os veículos híbridos – carros que utilizam um

motor de combustão interna e motor elétrico com uma bateria simples. Nesses

veículos, desempenhos de 70 milhas por galão são comuns. Gás natural comprimido

(GNC) é o combustível alternativo de custo mais baixo e tem um abastecimento

bastante estável. Motores a gasolina convencionais requerem apenas mínimas

modificações para funcionar exclusivamente com gás natural. O combustível é

armazenado em cilindros pressurizados no veiculo. A maior parte dos veículos a

GNC em uso funciona com os dois combustíveis e são veículos convencionais

convertidos utilizando-se kits de conversão, que incluem um tanque de

armazenamento, um regulador de pressão, um equipamento de mistura e diversas

válvulas e tubulações de combustível. Algumas concessionárias de serviços públicos

de eletricidade têm passado a atuar no setor de transportes vendendo GNC aos

postos de combustível. A Figura 23 mostra a densidade energética dos diversos

combustíveis alistados acima.

48

Figura 23 Densidade energética de diversos combustíveis

6.2 Programa brasileiro de etanol

O Brasil é o terceiro maior consumidor de energia do Hemisfério Ocidental e

tem um suprimento energético bastante diversificado. Quarenta e um por certo das

fontes energéticas usadas no Brasil são renováveis, com 14% de origem hídrica e

27% da biomassa. Sua floresta tropical amazônica representa cerca de 30% das

florestas tropicais mundiais remanescentes. Aproximadamente 83% da sua

eletricidade vem de usinas hidrelétricas, incluindo a Usina de Itaipu, com 12.000

MW. O Brasil importa cerca de 20% do petróleo que consome, bem menos do que

fazia na década de 1990.

Em 1975, em resposta aos aumentos nos preços do petróleo a partir de 1973,

foi iniciado um programa de etanol que garantiria que toda gasolina vendida seria

misturada com 22% de etanol de cana-de-açúcar. Em 1988, 100% dos novos carros

vendidos podiam utilizar ricas misturas de etanol – os chamados “carros flex-fuel”. A

produção de etanol cresceu durante os anos de 1980 e os carros movidos a etanol

tornaram-se subsidiados e populares. Entretanto, como com o passar dos anos os

preços da gasolina caíram, foi difícil sustentar esse programa; menos de 1% dos

automóveis novos vendidos em 1997 funcionavam com etanol.

Atualmente esse programa está sendo retomado por reduzir as emissões de

carbono, produzir queimas mais limpas (poluição atmosférica é um grande problema

nas maiores cidades), criar empregos na indústria da cana-de-açúcar e por reduzir

as importações de petróleo, Além disso, o custo é cerca de metade da gasolina. A

nova iniciativa busca incrementar a produção anual de carros flex-fuel (movidos por

49

E85) e aumentar a exportação de etanol. O Brasil domina 50% do mercado mundial

de exportação de etanol. Em 2003, o país colheu 350 milhões de toneladas de cana-

de-açúcar e produziu 3,6 bilhões de galões de etanol, 20% a mais que os Estados

Unidos.

7.0 Biodiesel

O biodiesel é um substituto potencialmente importante do combustível diesel

convencional. Ele pode ser obtido a partir de muitas matérias-primas renováveis que

incluem óleos de soja, de semente de colza e de palma através de um processo

simples de tratamento com metanol ou etanol denominado de transesterificação (o

subproduto é glicerina, que precisa ser separada). Outros processos (como a

catálise ácida) também produzem biodiesel. O biodiesel está em estágio inicial de

comercialização, mas muitos tipos do produto ainda estão nos estágios iniciais de

desenvolvimento.

Vários tipos de biodiesel passaram por muitos testes de longa duração com sucesso

em ônibus, caminhões e tratores.

7.1 Biodiesel e H-Bio no Brasil

No Brasil, a mistura de 2% de biodiesel ao diesel mineral (B2) foi autorizada

pelo Governo Federal para 2005-2007 e tornada obrigatória para 2008-2012. A meta

é ampliá-la de forma compulsória para 5% (B5) a partir de 2013. A capacidade atual

de produção está aquém dessas metas e serão precisos investimentos de vulto para

alcançá-las. O combustível é renovável (exceto pela parte feita com metanol fóssil),

praticamente livre de enxofre (exceto se produzido por catálise ácida, com ácido

sulfúrico, H₂SO4), atóxico higroscópico (absorve água) e facilmente biodegradável (o

que se torna um problema na estocagem, principalmente em locais quentes e

úmidos). Ao queimar, produz menos material particulado e um pouco mais de NOx.

Alguns problemas do biodiesel estão na garantia da qualidade do produto, na

conformidade com as normas da Agência Nacional de Petróleo, na viabilidade

econômica (insumos como óleo de mamona possuem alto valor de marcado), na

logística e na escala de produção (o biodiesel é frequentemente apontado como um

“combustível social”, que vai gerar empregos e viabilizar pequenas culturas).

Alternativa patenteada pela Petrobras é o H-Bio, resultado da hidrogenação

de óleos vegetais e diesel mineral, realizada na própria refinaria pela reação: 100

litros de óleo de soja + H₂ à 96 litros de H-Bio (diesel) + 2,2 m³ de propano. O H-Bio

permanece em fase de estudos pré-comerciais.

50

8.0 Digestão anaeróbica

É um processo de decomposição por meio da qual bactérias convertem

material orgânico em gases metano e dióxido de carbono na ausência de oxigênio.

Este é um método utilizado atualmente nas estações municipais de tratamento de

esgotos para a remoção de matéria orgânica e a destruição de micro-organismos

nocivos. O processo pode utilizar resíduos agrícolas – como o esterco – para gerar

gás com um valor de aquecimento de 500 Btu/ pés³ a 600 Btu/ pés³ (gás natural de

metano puro tem um valor de aquecimento de cerca de 1.000 Btu/ pés³). Nas

estações de tratamento de esgoto, esse gás é queimado para fornecer as

temperaturas necessárias para a rápida decomposição dos resíduos.

A digestão anaeróbica normalmente ocorre em digestores construídos para

conter uma mistura pastosa de resíduos e água. Se a matéria-prima é esterco

bovino, o produto é um gás composto de cerca de 60% de metano e 40% de dióxido

de carbono. Uma libra de esterco bovino vai produzir cerca de 1 pé³ de gás e a

produção anual de uma vaca é equivalente à energia de aproximadamente 50

galões de gasolina. Esse gás (denominado biogás) pode ser utilizado para

aquecimento, cozimento, refrigeradores a gás, geração de eletricidade e outras

demandas por energia. Digestores no Quênia, com volume de 1,5 m³ (16 pés³),

produzem cerca de 0,75 m³ (8 pés³) de biogás por dia a partir do esterco diariamente

produzido por duas vacas – o que é suficiente para cinco horas de iluminação ou

uma hora de cozimento. A utilização de usinas de biogás tem sido crucial na China e

na Índia, com mais de 1 milhão de usinas em operação. Dois terços das famílias nas

áreas rurais da China usam biogás como seu combustível principal.

A Figura 24 mostra um digestor de metano de pequena escala. O tanque

coletor tem uma cobertura flutuante para permitir a expansão do gás. Os resíduos e

a água são misturados com micro-organismos que convertem os resíduos em

biogás. A faixa de temperatura na qual a bactéria digestora trabalha varia de 35ºC a

43ºC (95ºF a 110ºF). Sendo assim, é necessária uma fonte externa de calor (como

um coletor solar). Além do biogás, outro produto útil do digestor é o fertilizante.

Resíduos sólidos domésticos e lodo de estação de tratamento de esgotos podem ser

combinados em um processo com calor para fornecer outro produto útil – o

composto. O produto pode ser utilizado na agricultura e em paisagismo.

51

Digestores tamanho família que utilizam esterco são relativamente comuns

em países como a Índia e a China. Na China, estima-se que 4,5 milhões de

digestores de biogás estejam atualmente em utilização.

Figura 24 Digestor de metano de recipiente fixo

9.0 Impactos ambientais

O impacto ambiental gerado durante a obtenção de energia vem sendo

discutido mundialmente, mediante a gravidade desses problemas. O planejamento

integrado de recursos é uma ferramenta para se atingir as metas que vem sendo

estabelecidas em conferências internacionais que tem como foco central a mitigação

dos impactos ambientais provocados pela busca do desenvolvimento econômico.

10. Energia e Sustentabilidade

Um tema muito discutido em vários seguimentos do meio acadêmico, a

sustentabilidade ocorre devido a conscientização através de pesquisas cientificas de

que o impacto ambiental promovido pelas humanidade para o desenvolvimento das

nações pode se tornar o limite desse mesmo desenvolvimento, causando danos

tanto reversíveis como custosos a longo prazo, como irreversíveis ao mundo.

A sustentabilidade abrange várias dimensões politicas, sociais e ambientais,

sendo que o setor energético esta conectando a todas essas dimensões gerando

impactos benéficos e maléficos. A tabela a seguir mostra alguns impactos e suas

principais causas.

52

Impactos AmbientaisProblemas Principais causas

Local: Poluição Urbana no Ar Uso de combustíveis

fósseis para transportePoluição do ar em Ambientes

Fechados

Uso de biomassa para

aquecimentoRegional: Chuva ácida Emissor de enxofre e

nitrogênio, matéria

particulada e ozônio na

queima de combustíveis

fósseis principalmente no

transporte.

Global: Efeito estufa

Emissão de co2 na queima

de combustíveis fósseis

Desmatamento

Produção de lenha e

carvão vegetal e expansão

da fronteira agudaDegradações costeiras e

marinhas

Transporte de combustíveis

fósseis

53

Por que esses problemas que afetam o meio ambiente são tão importantes

hoje e não eram de centenas de anos atrás?

Com o aumento da população, o impacto ambiental se torna 16 vezes maior.

Cada um consome em média oito toneladas de recursos minerais por ano.

Forças naturais como o vento, erosão, chuvas, etc., movimentam 50 milhões

de toneladas por ano.

Maiores partes dos problemas ambientais provêm da obtenção de energia

onde as principais fontes de poluição são:

Produção de eletricidade

Transporte

Indústria

Construção

Desmatamento

A utilização da biomassa de forma ampla pode ter impactos ambientais

inquietantes.

O resultado pode ser destruição da fauna e da flora com extinção de certas

espécies, contaminação do solo e mananciais de água por uso de adubos e outros

meio de defesa manejados inadequadamente. Por isso o respeito à biodiversidade e

a preocupação ambiental devem reger toda e qualquer intenção de utilização da

biomassa.

VIII

Conclusão

Com a certeza da escassez e da crescente elevação no preço dos

combustíveis fósseis, prioriza-se um amplo investimento na produção e criação de

combustíveis alternativos. Diante dessa situação, justamente causada pelas altas e

baixas do petróleo, várias empresas aprofundaram-se em pesquisas e, dessa forma,

lançaram uma tecnologia revolucionária: os carros dotados de motor bicombustível,

fabricados tanto para o uso de gasolina quanto de álcool.

O uso da energia a partir dos combustíveis fósseis ainda é grande se

comparado ao uso da energia da biomassa. A produção e o consumo de ambas as

energias são prejudiciais aos ecossistemas. A utilização dos combustíveis fósseis

contribui mais com o efeito estufa, contribuindo assim com o aquecimento global, e a

da biomassa, com o desflorestamento e a desertificação. Saber como ambas as

energias funcionam é importante para assim contribuirmos com o desenvolvimento

de toda a sociedade.

Tivemos uma visão sobre as formas de geração de energia por meio desses

dois tipos, e também sobre a importância de se investir em ambas, de forma que

não traga consequências graves à natureza, na finalidade de mantermos a harmonia

entre a produção de energia, consumo e meio ambiente.

IX

Referências

HINRICHS, R. A; KLEINBACK; M; DOS REIS, L.B. Energia e o meio ambiente. 4ª

ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.

SZKLOA, A; ULLER, V.C. Fundamentos do refino de petróleo. 2ª ed. Rio de Janeiro:

Interciência, 2008.

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www.brasilescola.com/geografia/biomassa .htm . Acesso em 17 de novembro de

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www.energiasealternativas.com/extrair-energia-biomassa .html . Acesso em 17 de

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www.infoescola.com › Química › Combustíveis. Acesso em 16 de novembro de

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www.suapesquisa.com/o_que_e/combustiveis _ fosseis .htm . Acesso em 16 de

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