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Matéria da Combustíveis e Conveniencia sobre Gestão de Riscos em Postos de Gasolina

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Page 1: Combustiveis e conveniencia-gr

NA PRÁTICA

n Por Rosemeire Guidoni

No ranking dos produtos mais visados pelas qua-drilhas que praticam o roubo de cargas, os combustíveis aparecem bem longe do topo da lista, em décimo lugar. As estatísticas mostram que os criminosos preferem alimentos, eletro-eletrônicos, produtos farmacêuticos, cigarros, bebidas e até artigos de confecção, antes dos combustíveis (veja gráfico). Segundo dados do Setcesp (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de

São Paulo e Região), apenas no Estado de São Paulo foram registrados 6.344 casos de roubo de carga em 2008, dos quais 107 eram de combustíveis e 216 de produtos químicos (dentre os quais estão incluídas as cargas de solventes). Mas apesar de os combustíveis representarem uma parcela pequena do universo total de cargas roubadas, os prejuízos provocados por este tipo de crime são enormes.

Além da perda da carga em si, que gera prejuízo ao dono do posto (no caso de transporte FOB, ou free on board) ou à bandeira distribuidora (trans-porte CIF, ou cost, insurance and freight), o roubo fomenta outras ações criminosas que

prejudicam o mercado como um todo. Invariavelmente, a carga roubada é vendida de forma irregular, por valores bem inferiores aos praticados no mercado, o que gera concorrência desleal. Pior, além do baixo preço, em geral o combustível roubado sofre adulteração, com mistura de etanol ou outros produtos químicos (também fruto de roubo). Muitas vezes, a carga serve para abastecer o crime organizado. Em outros casos, o combustível é despejado de forma clandestina em estabelecimentos coniventes com o delito.

Quando isso acontece, o consumidor é lesado, pois acaba comprando um produto de roubo (e mui-tas vezes adulterado) sem saber. O Estado também é prejudicado, uma vez que os impostos deixam de ser recolhidos. Isso porque em alguns Estados, como em São Paulo, é possível pleitear o reembolso do ICMS, já que não houve o fato gerador (venda ao consumidor final). O mercado de revenda, como um todo, sofre com os efeitos da atividade irregular na concorrência.

Segundo avaliação do Setcesp, este tipo de crime tem sido praticado por grupos cada vez mais especia-lizados, que utilizam equipamentos sofisticados e até estratégias organizadas de abordagem. E, em geral, existe sempre um receptador, ou seja, as cargas são subtraídas por encomenda.

Por isso, é essencial que os transportadores de com-bustíveis se conscientizem dos riscos e passem a investir em tecnologias para monitorar tanto os veículos quanto a carga transportada. A implantação destas tecnologias, em conjunto com a adoção de procedimentos de segurança e cuidados na contratação e treinamento de motoristas, integra o programa de gestão de riscos no transporte. A

Gestão de riscos contra o roubo de cargasEmbora os combustíveis não apareçam no topo das estatísticas de roubo de cargas, o crime traz enormes prejuízos para o mercado, já que o combustível roubado alimenta diversas irregularidades e gera concorrência desleal. Por isso, é essencial investir em tecnologia e em procedimentos de segurança, como forma de minimizar os danos

Antes de contratar um serviço de

gestão de riscos ou adquirir

equipamentos para monitorar

veículos, é importante verificar as

cláusulas de seu contrato de

seguroFred Alves

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gestão de riscos, além de visar a redução de roubos, tem por objetivo melhorar diversos aspectos relacionados à segurança, como a prevenção de acidentes (colisão de veículo, tombamento, deslizamento de carga, avarias no produto durante o transporte e danos ao meio ambiente, no caso de produtos perigosos). “O objetivo principal da gestão de riscos é otimizar a logística do cliente”, disse Luis Vitiritti, consultor de riscos de transportes da Chubb do Brasil Cia de Seguros. Segundo ele, para minimizar os riscos é necessário integrar recursos humanos, tec-nologia e processos. “Se houver falha em um destes elementos, pode acontecer um sinistro ou perda. E a melhor forma de garantir a eficiência e integração destes itens é por meio da gestão de risco, feita por empresas especializadas, capazes de analisar as peculiaridades de cada caso específico”, completou.

Segundo especialistas em gestão de riscos, para elevar os índices de segurança é necessário investir em treinamento e boas condições de trabalho para o motorista (alimentação e respeito aos horários de descanso, por exemplo), além de adotar tecnologias que permitam o ras-treamento dos veículos e monitoramento das cargas.

Rastreadores, sensores de carga e localizadores

Diversas empresas no mercado oferecem produtos que prometem o controle de rotas e disparam alarmes quando há uma parada, desvio, desengate do caminhão, entre outros. O mínimo recomendado para garantir a segurança é investir em sistemas que ofereçam os seguintes recursos:

• Botão de pânico; • Sensores de abertura de portas de cabine (mo-

torista e carona); • Sensor de ignição (ligada/desligada); • Teclado para troca de mensagens; • Sensor de desengate de carreta ou trava de 5ª

roda (no caso de Conjunto Veículo Carga articulados); • Trava de baú; • Dispositivo anti-vandalismo.No caso de cargas de combustíveis, a trava de baú

deve ser substituída por um sensor de vazão de combus-tíveis, assim como sensor da tampa de abastecimento do tanque. Além disso, o sistema deve incluir um localizador (equipamento passivo que grava histórico de posicionamento da viagem realizada e serve para recuperação de veículo

transportador) e um rastreador (equipamento ativo que possui inteligência embarcada, podendo mapear rotas e pontos de parada. Grava o histórico em sua caixa preta e se auto-bloqueia durante a viagem, caso o veículo saia da rota pré-programada). Existem rastreadores que permitem o monitoramento on line, serviço interessante quando há uma central contratada capaz de acompanhar em tempo real.

Vale destacar que a manutenção e o controle destes dispositivos são essenciais. Assim, todos os equipamentos devem ser testados antes de qualquer viagem. Outro ponto muito importante é que os empresários, antes de contratarem um serviço de gestão de riscos ou adquirirem equipamentos para monitorar seus veículos, verifiquem as cláusulas de seu contrato de seguro e observem as exigências da seguradora, para não terem surpresas caso aconteça um sinistro.

O preço médio de um sistema de monitoramento comum do caminhão pode variar entre R$ 140 e R$ 150 mensais e a aquisição de equipamentos de ras-treamento por caminhão pode oscilar entre R$ 1,5 mil e R$ 10 mil, de acordo com a configuração de cada rastreador, seus periféricos, atuadores e sensores. Já o investimento em um serviço de análise de riscos pode variar muito, dependendo da complexidade do projeto (número de veículos, diversidade de rotas, áreas, ativi-dade, treinamento, entre outros).

Procedimentos de segurançaOutro aspecto essencial da gestão de riscos é a

adoção e padronização de procedimentos de segurança.

Todos os motoristas e encarregados devem ser treinados para a utilização correta dos dispositivos de segurança e orientados com relação a rotas e horários mais seguros, direção defensiva e comportamento adequado em situação de risco

Fred

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“O objetivo principal da gestão de riscos é otimizar a logística do cliente”, disse Luis Vitiritti, consultor de riscos de transportes da Chubb do Brasil Cia de Seguros. Segundo ele, para minimizar os riscos é necessário integrar recursos humanos, tecnologia e processos. “Se houver falha em um destes elementos, pode acontecer um sinistro ou perda. E a melhor forma de garantir a eficiência e integração destes itens é por meio da gestão de risco, feita por empresas especializadas, capazes de analisar as peculiaridades de cada caso específico”, completou.
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Segundo especialistas em gestão de riscos, para elevar os índices de segurança é necessário investir em treinamento e boas condições de trabalho para o motorista (alimentação e respeito aos horários de descanso, por exemplo), além de adotar tecnologias que permitam o rastreamento dos veículos e monitoramento das cargas.
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NA PRÁTICA

Todos os motoristas e encarregados devem ser treinados para a utilização correta dos dispositivos de segurança e orientados com relação a rotas e horários mais segu-ros, direção defensiva e comportamento adequado em situação de risco.

Conforme as estatísticas do Setcesp, o horário de maior risco de sinistros é entre 10h e 12h, e os roubos de carga costumam acontecer ou em áreas próximas ao local do carregamento (no caso de combustíveis, perto das bases de distribuição), ou de entrega. Não por acaso, os dados do sindicato mostram que a rodovia Anhanguera, estrada que passa perto de Paulínia, no interior de São Paulo, é uma das líderes em roubos de carga.

De modo geral, há uma série de cuidados que devem ser observados:

1. Antes do carregamento• Verificar se o veículo está em boas condições

para o deslocamento;• Conferir a parte mecânica e elétrica, lubrificantes,

pneus, estepe e freios;• Abastecer antes do carregamento, evitando assim

a necessidade de paradas durante o trajeto;• Conferir a documentação, tanto da carga quanto

do veículo, não esquecendo de verificar os documentos pessoais;

• Planejar detalhadamente a sua rota, seja ela urbana ou rodoviária, procurando se informar sobre as áreas de risco.

2. Durante o deslocamento• Se for necessário parar durante o trajeto (para

refeição ou abastecimento, por exemplo), o motorista deve ser orientado a não comentar com ninguém sobre sua carga, itinerário ou destino;

• Caso tenha problemas com o veículo, o mo-torista deve evitar parar em lugar sem movimento ou iluminação.

3. No descarregamento • O motorista deve ficar atento às imediações do

posto e ao desembarque. O responsável pelo recebi-mento da carga deve ser avisado do horário previsto de chegada do caminhão;

• Depois do descarregamento, com o veículo vazio, é necessário efetuar os mesmos procedimentos de checagem feitos antes do carregamento.

Benefícios da gestão de riscosAlém de permitir a redução de acidentes e perdas

de produtos, a gestão de risco pode trazer outros be-nefícios, como a gestão de frotas e a gestão de fretes. Tais serviços, embora sejam mais direcionados para empresas que possuem um maior número de veículos transportadores e também diversidade de rota, também podem ser úteis aos postos revendedores que utilizam caminhão próprio para o transporte de combustíveis. A gestão de frotas inclui controles de cadastro (seguros, leasing), documentação (licenciamento, impostos, taxas, boletins de ocorrência, entre outros), manutenção, con-sumo de combustíveis, lubrificantes, pneus e câmaras dos veículos, além de controle de funcionários. Já a gestão de fretes possibilita, entre outras coisas, cálculos do custo do frete e simulações.

Atenção aos recursos humanosBoa parte dos roubos de carga acontece com a

conivência ou em decorrência do despreparo do motorista encarregado do transporte. A observação é de uma fonte do setor, que preferiu não revelar seu nome. Em sua avaliação, de nada adianta investir em tecnologias sofisticadas se o responsável pela sua utilização não faz o uso correto dos dispositivos. “Por exemplo, se o motorista está envolvido ou é conivente com o roubo, ele pode facilitar a ação da quadrilha, já que conhece os dispositivos de segurança instalados no veículo”, explicou a fonte.

Por este motivo, uma das medidas principais de segurança é o recrutamento do profissional. Como nos demais cargos do posto, é necessário verificar antecedentes, fazer uma entrevista cuidadosa, averiguar a veracidade das informações fornecidas e checar referências. Além disso, existem cadastros de motoristas, que incluem o histórico profissional e comercial dos trabalhadores, e devem, sempre que necessário, ser consultados.

Depois da contratação, o treinamento é primordial. Todo motorista periodicamente precisa ser orientado a respeito dos procedimentos de segurança e utilização correta dos equipamentos instalados nos veículos. n

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