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INICIATIVA

Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHOEscritório no Brasil

APOIO

Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação

REALIZAÇÃO

Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária

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Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil - IPEC

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHOEscritório no Brasil

1Combate ao

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CENPEC - Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária

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Copyright © Organização Internacional do Trabalho (2001)

1a edição, 2001

As publicações da Organização Internacional do Trabalho gozam da proteção dos direitos depropriedade intelectual decorrente do protocolo 2 anexo à Convenção Universal sobre Direitos Autorais.Trechos pequenos podem ser reproduzidos sem autorização, desde que a fonte seja mencionada. Parareprodução de trechos maiores ou tradução, solicitações devem ser encaminhadas a OIT – OrganizaçãoInternacional do Trabalho, Departamento de Publicações (Direitos autorais e licenças), CH-1211 Genebra22, Suíça. Solicitação de exemplares, catálogos ou listas de publicações para o endereço acima ou:OIT – Escritório no Brasil, Setor de Embaixadas Norte, Lote 35, 70800-400 Brasília DF, Brasil, tel. (xx61)426-0100 fax (xx61) 322-4352, e-mail [email protected].

As designações usadas nas publicações da OIT e a apresentação de matérias nelas incluídas, segundo apraxe das Nações Unidas, não significam, da parte da OIT, qualquer juízo com referência à situação legalde qualquer país ou território ou de suas autoridades, nem à delimitação de suas fronteiras.A responsabilidade por opiniões expressas em textos assinados, estudos e outras contribuições recaiexclusivamente sobre seus autores; sua publicação não constitui endosso da OIT às opiniões aíconstantes.

OIT – Escritório no Brasil

Direção Armand Pereira

Coordenação Nacional do IPEC-Brasil Pedro Américo Furtado de Oliveira

Coordenação do Projeto Moema Prado

Material elaborado pelo CENPEC para o escritório da OIT no Brasil, no âmbito do Projeto “Professores,educadores e suas organizações na luta contra o trabalho infantil”/IPEC

CENPEC Centro de Estudos e Pesquisas em Educação,Cultura e Ação ComunitáriaR. Dante Carraro 68 Pinheiros05422-060 São Paulo SP Brasilhttp://www.cenpec.org.br

Presidência Maria Alice SetubalCoordenação geral Maria do Carmo Brant de CarvalhoCoordenação de Área Isa Maria F. R. Guará – e-mail: [email protected]ção do Projeto Lúcia Helena NilsonConsultoria Walderez Nosé HassenpflugAutoria (v.1) Alexandre Isaac, Cristina Almeida Sousa, Mirna Busse Pereira,

Ronilde Rocha MachadoEdição de texto Tina Amado e Guy AmadoEdição de arte Eva Paraguassú Arruda Câmara, José Ramos Néto e

Camilo de Arruda Câmara RamosIlustração Luiz MaiaFotografia Iolanda HuzakFotolito Grupo RV2Impressão Cromosete

Apoio CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em EducaçãoSetor de Diversões Sul, Edif. Venâncio III, sala 101/470393-900 Brasília DFwww.cnte.org.br

Organização Internacional do TrabalhoCombatendo o trabalho infantil : Guia para educadores / IPEC. –Brasília : OIT, 2001. : il.

Conjunto formado por 2 volumes, cartazes e jogov.1: Combate ao trabalho infantil – 48 p.v.2: Sugestões de atividades – 64 p.

Produção CENPECISBN 92-2-811040-61.Trabalho infantil. I. OIT II. IPEC. III. CENPEC.

Com base no conjunto: “Child labour: an information kit for teachers,educators and their organizations” ILO/IPEC (ISBN 92-2-111040-0).

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Sumário4 Apresentação

5 Por que e como utilizar este material

7 A OIT e o trabalho infantil

8 As Convenções da OIT

9 O trabalho infantil no mundo

11 Trabalho infantil e direito à infância

13 O que é trabalho infantil

14 O trabalho em sociedades indígenas brasileiras

15 O que obriga crianças e jovens a trabalhar?

16 Alegações usuais para “justificar” o trabalho infantil

16 Efeitos perversos do trabalho infantil

19 Trabalho infantil no Brasil atual20 Dimensionando o problema

21 Trabalho infanto-juvenil por grupos de idade

22 No campo e na cidade

25 O trabalho de crianças no passadobrasileiro

26 A criança escrava

27 Na fábrica, na passagem do século XIX ao XX

29 Trabalho infantil na Inglaterra, séculos XVIII e XIX

31 Os direitos da criança e do adolescente

32 O ECA, Estatuto da criança e do adolescente

34 Direito à educação, direito à infância

36 A importância do brincar

39 Contrapondo-se ao trabalho infantil

43 Considerações finais

44 Referências bibliográficas

46 Anexo

Quadro: Incidência de trabalho infantil no Brasil

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.1

suas organizações na luta contra o trabalhoinfantil”.

Ao buscar discutir o tema com educadores esuas organizações, a OIT e seus parceirosreconhecem a importância desses agentes emsuas comunidades e a contribuição que podemtrazer à luta contra o trabalho de crianças eadolescentes. Considera sua participação,especialmente a dos professores nas escolas,fundamental para mobilizar e sensibilizar todaa comunidade. Compreendendo melhor achaga social que é o trabalho infantil,certamente irão desenvolver ações quecontribuam para sua eliminação, tanto naprópria comunidade como no restante do país.

Quem está em contato próximo comcrianças, jovens e seus pais, tem aoportunidade de fazê-los refletir sobre arealidade e a responsabilidade de cada um denós no conhecimento e na transformaçãosocial, especialmente da realidade à nossavolta. É o educador que pode estimular osalunos a formar conceitos e valores sobredireitos, justiça, eqüidade e solidariedade. Porisso a OIT busca seu engajamento ecompromisso com essa luta, que é de toda asociedade brasileira. Desse esforço desensibilização nasceu o conjunto Combatendoo trabalho infantil: guia para educadores,buscando subsidiá-lo para tratar dessa temáticacom os alunos, pais, colegas, a comunidade.

ESTE CONJUNTO É FORMADO PORDOIS VOLUMES, QUATROCARTAZES E UM JOGO.

Neste Volume 1foram reunidasinformaçõesbásicas sobre atemática dotrabalho infantil,sua situação noBrasil e nomundo, bemcomo sobre osdireitos dascrianças eadolescentes,

destacando a educação e o lazer comoalternativas ao trabalho infantil.

Este material foi preparado para divulgarinformação sobre o trabalho infantil, os direitosda criança e a importância da educação naprevenção e erradicação do trabalho infantil.Nossa expectativa é que os leitores – educadoresem geral, pais, cidadãos – se engajem nocombate a essa forma extrema de violação dosdireitos das crianças e adolescentes.

A erradicação do trabalho infantil é pontode honra para um país que pretenda alcançarpatamares mais elevados de eqüidade e justiçasocial. A construção de um país mais justo,menos desigual, mais democrático dependenão só da definição de estratégias a curto elongo prazos, mas da vontade política dosgovernos, empresários, trabalhadores, gruposorganizados da sociedade civil e dos cidadãosem geral. Impulsionar essa vontade política,sensibilizar e mobilizar novos segmentos edirecionar suas energias para açõescompetentes na busca de soluções ealternativas para o trabalho infantil é o grandedesafio a ser enfrentado por todos aqueles quese comprometem com a luta pelos direitos dainfância e juventude em nosso país.

Para erradicar o trabalho infantil, a principalmedida que vem sendo adotada é a de atribuirprioridade à educação, entendida comoenglobando escola formal e atividadesculturais, de esporte, lazer, orientação à saúdeetc. O direito à educação integral e dequalidade garante às crianças e jovens umoutro direito fundamental: o de viver suainfância e juventude como um períodoessencial de formação para a vida e dedesenvolvimento de seu potencial humano.

A OIT - Organização Internacional doTrabalho, por meio do IPEC - ProgramaInternacional para a Eliminação do TrabalhoInfantil, em parceria com a CNTE -Confederação Nacional dos Trabalhadores emEducação e com o apoio técnico do CENPEC -Centro de Estudos e Pesquisas em Educação,Cultura e Ação Comunitária, de São Paulo –elaboraram este conjunto de materiais noâmbito do projeto “Professores, educadores e

Apresentação

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POR QUE E COMOUTILIZAR ESTE MATERIALUm estudo realizado pela OIT (1999a) sobreestratégias bem-sucedidas para a prevenção eerradicação do trabalho infantil em 13 países(dentre os quais o Brasil) mostrou queeducadores em geral e suas organizações sãoimportantes agentes no combate ao trabalhoinfantil, atuando diretamente na comunidadeescolar e engajando-se em lutas mais amplas.

Assim, este material foi elaborado para subsidiareducadores brasileiros de modo a que venhamser, eles também, agentes nesse combate. Opropósito deste volume é permitir que oeducador, conhecendo a problemática emprofundidade – origens, dimensão, efeitos,mitos, legislação etc. –, esteja em condições deanalisar a natureza do problema local(contextualizando-o no nível nacional) e possacontribuir para aumentar o grau de consciênciade alunos, pais e comunidade sobre o tema.

O volume 2 traz orientações para desenvolver atemática em sala de aula, mas de modo aenvolver toda a escola e a comunidade. A equipeescolar, bem como os educadores deorganizações não-governamentais, podemreforçar junto aos pais o valor da educaçãocomo alternativa importante para romper ocírculo vicioso da pobreza; trabalhar por umaeducação de qualidade, que inclua o currículoapropriado e relevante para todas as crianças,particularmente as mais pobres e vulneráveis; econstruir parcerias com outros grupos quecombatam o trabalho infantil.

Quanto às organizações de educadores, aexpectativa é que, fortalecidas e mobilizadaspelo conhecimento sobre a temática, possam:

pôr à disposição sua estrutura operacional e seupoder de penetração junto aos associados paramobilizar contra o trabalho infantil;

definir uma política de atuação contra otrabalho infantil;

estabelecer parcerias com escolas, órgãosgovernamentais ou outras organizações detrabalhadores, tanto para a prevenção quantoo combate ao trabalho infantil;

organizar fóruns de discussão; auxiliar emdiagnósticos locais;

conscientizar a comunidade sobre o direito e aimportância da educação para todas ascrianças e jovens.

A comunidade poderá então exercer pressão paraa formulação de políticas públicas e parasustentar politicamente programas educativos.

O jogo Bem-vindos à escola visa levaralunos a reconhecer, de forma lúdica, ascaracterísticas negativas do trabalho infantil,bem como a importância do cumprimento doEstatuto da Criança e do Adolescente para pôrfim à exploração dessa população.

Os cartazes podem ser utilizados em váriassituações: para introduzir o estudo do tema,para ficar expostos em lugar bem visível oupara compor, com outros materiais, asatividades em sala de aula. Podem tambémfuncionar como ponto de apoio para debates ediscussões na comunidade escolar.

O Volume 2 reúnesugestões deatividades escolaresrelativas à temática,agrupadas segundoos componentescurricularesHistória, Português,Ciências, Geografiae Artes.

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MENINA (13 ANOS) RETIRA CARVÃO DO FORNO. RIBAS DO RIO PARDO - MS

COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.1

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A OIT e otrabalho infantilA OIT – Organização Internacional doTrabalho, com sede em Genebra, éuma das agências especializadas daONU, Organização das NaçõesUnidas. Foi criada em 1919, aotérmino da Primeira Guerra Mundial,quando se discutia a necessidade deencontrar meios para alcançar a pazpermanente e universal, capaz deimpedir novos e sangrentos conflitoscomo o que findara. Isso foi debatidopor ocasião da Conferência de Paz deParis em 1919, cujos participanteschegaram à conclusão de que “a pazuniversal e permanente somentepode basear-se na justiça social” – oque se tornou a frase inicial daconstituição da própria OIT, formadapor representantes de governos,empregadores e trabalhadores.

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.1

O objetivo da OIT é lutar pela melhoria dascondições de trabalho no mundo e elevação dopadrão de vida dos trabalhadores, pleiteando re-gulamentação da jornada de trabalho, liberdadede associação, negociação coletiva, igualdade deremuneração pelo trabalho de igual valor e não-discriminação no trabalho; também pleiteia pro-teção contra enfermidades profissionais, além deoutras disposições, sobre desemprego e forma-ção profissional.

A proteção da infância é um dos elementosessenciais na luta pela justiça social e pela pazuniversal. A OIT entende que o trabalho infantil,além de não constituir trabalho digno e ser con-trário à luta pela redução da pobreza, sobretudorouba das crianças sua saúde, seu direito à edu-cação, ou seja, sua própria vida enquanto crian-ças – para a OIT, o termo “criança” refere-se apessoas com idade inferior a 18 anos.

Preocupada com a situação de exploração dotrabalho infantil, a OIT lançou em 1992 o Pro-grama Internacional para Eliminação do Traba-lho Infantil (IPEC). Trata-se de um programa mun-dial de cooperação técnica contra o trabalho in-fantil, contando com o apoio financeiro de 22países doadores, cujo objetivo é estimular, orien-tar e apoiar iniciativas nacionais na formulaçãode políticas e ações diretas que coíbam a explo-ração da infância. O IPEC visa a erradicação pro-gressiva do trabalho infantil mediante o fortale-cimento das capacidades nacionais e do incenti-vo à mobilização mundial para o enfrentamentoda questão. Promove o desenvolvimento e a apli-cação de legislação protetora e apóia organiza-ções parceiras na implementação de medidasdestinadas a prevenir o trabalho infantil, a retirarcrianças de trabalhos perigosos e a oferecer al-ternativas imediatas, como medida transitóriapara a erradicação do trabalho infantil.

AS CONVENÇÕES DA OITOs instrumentos normativos da OIT são conven-ções e recomendações sobre o trabalho. Uma con-venção é um instrumento do sistema internacio-nal de direitos humanos que se torna vinculante,ou seja, de cumprimento obrigatório pelos paísesque a ratificam. Como signatário das convençõesda OIT, o Brasil assume o compromisso de fazercumprir suas determinações. Em relação ao traba-lho infantil, duas delas merecem destaque:

a Convenção n.138 sobre Idade Mínima de Ad-missão ao Emprego (OIT, 2001), de 1973, cons-

titui o mais importante instrumento normativode luta contra o trabalho infantil. Essa Conven-ção determina, no geral, a idade mínima de 15anos para o ingresso no mercado de trabalho,em todos os setores da atividade produtiva (paratrabalhos perigosos, a idade mínima é 18 anose, para trabalhos leves, 14 anos). É uma normaque, por seu caráter flexível, atende ao nível dedesenvolvimento socioeconômico dos diferen-tes países-membros da OIT e admite iniciativasa médio e longo prazo.

a Convenção n.182 sobre as Piores Formas deTrabalho Infantil (OIT, 2001) determina a ime-diata concentração de esforços para erradicar otrabalho infantil nas seguintes situações:

todas as formas de escravidão e práticas aná-logas, como a venda e o tráfico de crianças, otrabalho forçado ou obrigatório, a servidãopor dívidas e a condição de servo;a utilização, o recrutamento ou a oferta decrianças para a prostituição, a produção depornografia ou atuações pornográficas;a utilização, o recrutamento ou a oferta decrianças para a realização de atividades ilíci-tas, em particular a produção e o tráfico desubstâncias entorpecentes, tal como se defi-nem nos tratados internacionais pertinentes;qualquer outro tipo de trabalho que, porsua natureza ou pelas condições em que serealiza, possa supor ameaça à saúde, à segu-rança ou à moralidade das crianças.

Com relação ao trabalho perigoso acima mencio-nado, a OIT indica que se considerem, no mínimo,os trabalhos em que as crianças:

fiquem expostas a abusos de ordem física,emocional ou sexual;atuem embaixo da terra e da água, em altu-ras perigosas ou em meios confinados;utilizem maquinarias, equipamentos e ferra-mentas perigosas ou que manipulem e trans-portem cargas pesadas;atuem em meio insalubre ou estejam expos-tas, por exemplo, a substâncias, agentes ouprocessos perigosos, ou ainda a temperatu-ras ou níveis de ruído e vibração prejudiciais àsaúde;atuem em condições especialmente difíceis,como por exemplo horários prolongados, no-turnos ou que impeçam o regresso diário àsua casa.

Além dos instrumentos normativos, a OIT empre-ga outros dois meios de ação: a produção e disse-minação de informação; e a cooperação técnicapara desenvolver programas como o IPEC, que in-centiva o fim da exploração do trabalho infantil.Esses três meios de ação se complementam visan-do o alcance da justiça social.

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A exploração do trabalhoinfantil não é um fato restritoao Brasil. A OIT estima em cercade 250 milhões as criançastrabalhadoras em todo omundo. Pelo menos 120milhões de crianças entre 5 e14 anos de idade trabalham emtempo integral. Os restantescombinam trabalho com osestudos e com outras atividadesnão-econômicas.

De acordo com estimativas daOIT (1999b), a maioria absolutadessas crianças está em países“em desenvolvimento”. São 17milhões na América Latina eCaribe (7%); 80 milhões naÁfrica (32%); e 153 milhões naÁsia, excluindo o Japão (61%).

Embora as estatísticasgeralmente não mencionem,nos países desenvolvidos há umsignificativo contingente decrianças e adolescentestrabalhando em situações queenvolvem riscos. O relatórioSituação Mundial da Infância(UNICEF, 1998) informa, porexemplo, que nos EstadosUnidos uma operação-relâmpago do Departamento deTrabalho, realizada em 1990durante três dias, encontroumais de 11.000 criançastrabalhando ilegalmente.Grande parte delas pertencia aminorias étnicas ou acomunidades de imigrantes etrabalhava na agricultura. NaEuropa, os países do antigobloco socialista viram surgir otrabalho infantil em virtude dosdesajustes sociais e econômicosdecorrentes da transição para aeconomia de mercado.

Em que tipos de trabalho as

O trabalho infantil no mundocrianças são geralmenteencontradas, em todo omundo? Milhões de criançasfazem trabalho perigoso,abusivo e explorador. Entreoutras, são comumenteencontradas exercendo asseguintes formas de trabalho(OIT, 1999b).

Na indústria, realizandotrabalho perigoso, comofabricação de vidro,construção e tecelagem detapetes. Dentre outros países,essas atividades sãofreqüentes na Índia.

de isso se tornar sua principalou única atividade. Essaforma é mais comum empaíses como Brasil, Colômbia,Equador, Filipinas, Quênia eTanzânia.

Na agricultura, realizandotrabalho pesado e sendoexpostas a muitos perigosassociados à introdução demoderna maquinaria eprodutos químicos. A OIT,por meio do IPEC, mantémprogramas de atendimento,entre outros, no Nepal e naTanzânia, onde é muito alto oíndice de crianças envolvidasnas fainas agrícolas.

Em casa, cuidando de irmãose irmãs mais novos ouajudando em sítios ouempresas familiares, a ponto

Em trabalho doméstico,árduo, sob condições deisolamento, trabalhandohoras excessivas, sujeitas aabuso físico e sexual – maisfreqüente no Brasil, Colômbia,Equador e Indonésia.

Em regime de escravidão ouem arranjos de trabalhomuito similares, comotrabalho servil e prostituiçãoinfantil. Esta última é muitocomum no Brasil, no Quêniae na Tailândia, enquantocrianças trabalham emregime escravo ou servil naÍndia e no Nepal.

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AOS 11 ANOS, CARREGANDO SACOS DE LARANJA. TABATINGA - SP

COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.1

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Trabalho infantile direito àinfânciaTalvez uma forma de descrever otrabalho infantil seja pelas marcasque deixa na vida de crianças e jovensque a ele são submetidas. Para essaspessoas, a sina diária é trabalhar sobqualquer condição, enfrentarcansaço, fome, às vezes mutilação,abandono. Nada de livros, cadernos,lápis de cor, brincadeiras ou sonhos.Nada de aprender a ler e escrever, aler o mundo a sua volta... Essascrianças e jovens nunca ouvem o sinaldo recreio. A merenda, quando há,é comida ali mesmo, no meio dafuligem, rapidamente, pois não sepode perder tempo. Ficam proibidosos risos, molecadas, algazarras.O importante é produzir, trocar o queproduziu por quase nada e recomeçartudo no outro dia, sem direito a terdireitos, mesmo os maisfundamentais: aprender, brincar,ter férias, descansar... Bola,brincadeira de roda, jogos nãoentram nesse mundo. Em vez de serpreparadas para segurar o lápis,desenhar, pintar, recortar e colar, suasmãos carregam pás, enxadas, foices,desproporcionais a sua força.

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.1

E com o que sonha uma criança que só co-nhece da vida o horizonte delimitado pelo car-vão, sisal, pela cana ou pedreira? Será que sonhaem ser cantor, atriz, bombeiro ou enfermeira?“Meu maior desejo”, disse um menino carvoei-ro, “é não tossir à noite por causa da fumaça doforno. Aí dá para dormir”. É próprio da criança edo jovem projetar-se no futuro e sonhar com oque virá. Mas o sonho maior do menino carvoei-ro está preso, como ele, ao seu duro cotidiano.

A exploração brutal e os riscos de vida a queestão sujeitos os trabalhadores infantis são fla-grantes, como exemplifica esta descrição das con-dições de trabalho experimentadas por um me-nino, numa pedreira no interior do Ceará:

O lugar não é para brincadeiras. Usa-se cartu-cho de pólvora para fragmentar a pedra; lascas depedra e aço dos instrumentos voam para todo ladoe inala-se pó o tempo inteiro. Ninguém usa óculosnem qualquer outro equipamento de proteção.Acidentes são rotina. (...). No povoado de Taquara(...), Francisco, 11 anos, quebrava pedra como to-dos os meninos: sentado no chão, no meio dapoeira levantada pelas explosões a dinamite, peloentra-e-sai dos caminhões e sob o sol escaldante.Martelava pedra com uma marreta, sobre umapedra almofariz. Para cada carrinho de cinco me-tros cúbicos de brita, Francisco recebe o equiva-lente a pouco mais de dez centavos de dólar1 . Eleproduz 20 carrinhos por semana; se a mãe vemjunto, a produção chega a 60 carrinhos. (Azevedo& Huzak, 1994, p.100)

Essa realidade remete a indagações: Que pers-pectivas de desenvolvimento, de formação edu-cacional e de participação na cultura se colocampara uma criança que desde cedo é submetida aessas condições de trabalho? Que possibilidadesexistem para que Francisco, ao se tornar adulto,vivencie experiência de trabalho que lhe propor-cione condições de vida dignas?

E qual será o futuro de um menino carvoeiro,de um cortador de cana ou de sisal, privado dodireito (que lhe é garantido pelas leis do país) aodesenvolvimento integral, por meio de oportuni-dades educativas? Como enfrentará a sociedadedo conhecimento e da tecnologia, sem saber es-crever o próprio nome, sem poder ler, sem co-nhecer o funcionamento das instituições e do

mundo? Como indenizá-los pela infância não vi-vida, pelas oportunidades perdidas, pelo direitonegado de partilha do conhecimento construídopela humanidade, da qual faz parte? Não sãoperguntas fáceis de responder.

Mas milhares de crianças e jovens brasileirosenfrentam hoje a dura realidade do trabalho pre-coce. E esse número pode aumentar: a agudiza-ção da pobreza estrutural no país e o risco deintensificação das desigualdades sociais ameaçamempurrar mais e mais crianças e jovens para otrabalho. Estudos de caso feitos em 13 países pelaOIT (1999a) apontam esses dois fatores como osmaiores obstáculos à eliminação do trabalho in-fantil – e que mais contribuem para seu aumen-to. Por outro lado, altas taxas de desemprego pro-vocam a falta de confiança no valor e importân-cia da educação, o que prejudica a percepção doseu papel estratégico nessa luta. Outro fatorapontado, além da persistência de atitudes soci-ais e culturais que favorecem o trabalho infantil,é a baixa qualidade dos serviços educacionais,refletida em altas taxas de retenção e evasão.

Esses fatores dão a dimensão da complexida-de que envolve o tema e dos desafios a seremenfrentados nos níveis político, econômico e so-ciocultural, para que o país avance na erradica-ção do trabalho infantil. Tome-se o desafio dadistribuição de renda: sem dúvida, frente ao qua-dro atual de aprofundamento da pobreza no país,a melhor forma de enfrentá-la a curto e médioprazos seria com um programa de distribuição egeração de renda para todas as famílias em situa-ção de pobreza, não só para aquelas envolvidascom o trabalho infantil.

Não é fácil propor soluções a essa problemá-tica. Mas é possível e necessário construir, coleti-vamente, perspectivas de superação dessa reali-dade que afeta a vida de milhares de criançasbrasileiras. A amplitude e complexidade do pro-blema deixam claro que é necessário que toda asociedade brasileira tenha uma atitude de indig-nação frente ao trabalho infantil e se sensibilize,se mobilize para enfrentá-lo. É imprescindível unirtodos: esferas de governo, organizações não-go-vernamentais, sindicatos, empresas, igrejas, clu-bes, associações, escolas, cidadãos, numa atitu-de de co-responsabilidade participante.

Os professores e demais trabalhadores emeducação também estão convocados a descobrir

1 Para se ter uma idéia de quanto Francisco recebia por mês, pode-seestimar a produção mensal em 80 carrinhos o que, a dez centavos dedólar por carrinho, dá oito dólares por mês. Na cotação de maio de2001 (R$ 2,25 por dólar), isso significa que Francisco recebia cerca deR$ 18,00, ou aproximadamente um décimo do salário mínimo.

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que contribuição podem dar em sua escola, bair-ro, comunidade, município ou estado, para pre-venir e erradicar o trabalho infantil e devolver ascrianças à escola, à infância e a uma vida maisdigna e justa. Mãos à obra.

O que é trabalhoinfantil?

O trabalho pode ser compreendido como uma“atividade consciente e voluntária, pela qual ohomem exterioriza no mundo fins destinados amodificá-lo, de maneira a produzir valores oubens social ou individualmente úteis e satisfazerassim suas necessidades” (Russ, 1994, p.297).

A forma como o trabalho é realizado em di-versas sociedades, ao longo do tempo, aproxi-ma-se ou distancia-se dessa definição. Ao mes-mo tempo que modificam o mundo pelo traba-lho, os seres humanos também se modificam,estabelecendo relações entre si, criando e reno-vando a cultura. Nesse sentido, o trabalho com-pleta o indivíduo e contribui para seu desenvol-vimento enquanto ser humano. Mas o modocomo uma determinada sociedade se organizapara o trabalho e o tipo de relações que se esta-belecem na produção podem levar à desumani-zação e à alienação. Há trabalhos que embrute-cem e deformam, além de não proporcionar con-dições para escapar da situação de penúria e pri-vação na vida pessoal, familiar e social.

É fácil incluir o trabalho infantil nessa últimaperspectiva. A entrada precoce de crianças e ado-lescentes no mercado de trabalho, nas condiçõesatuais – e históricas – do capitalismo no Brasilexemplifica bem essa perspectiva de trabalho,situação que não é muito diferente para imensossetores da população adulta trabalhadora.

Em diferentes países, de maneira geral, o tra-balho infantil costuma ser definido como aquelerealizado por “crianças e adolescentes”. Isso sig-nifica que a permissão (ou a proibição) para aentrada dos indivíduos no mercado de trabalhoé estabelecida em lei de acordo com a idade. Noentanto, esse recorte é móvel, varia de socieda-de para sociedade e, em cada uma, muda tam-bém de acordo com a compreensão do que sejainfância e adolescência. No Brasil, em 1891, ins-tituía-se a idade mínima de 12 anos para a en-

trada no mercado de trabalho. As Constituiçõesde 1934, 1937 e 1946 ampliaram a idade míni-ma para 14 anos. Porém, em 1967, em plenaditadura militar, novamente se recuou esse limi-te para 12 anos!

Atualmente, a legislação brasileira, por meioda Emenda Constitucional 20/98 e da lei sancio-nada em 19 de dezembro de 2000 (Brasil, 2000a,que altera disposições da CLT – Consolidação dasLeis Trabalhistas), determina que a idade mínimapara a entrada no mercado de trabalho é 16 anos.O trabalho noturno, perigoso ou insalubre é per-mitido apenas a maiores de 18 anos. E apenasna condição de aprendiz o adolescente pode exer-cer trabalho remunerado, dos 14 aos 16 anos,com direitos trabalhistas garantidos, em jornadae regime especificados na lei.

É PROIBIDO QUALQUER TRABALHO AMENORES DE DEZESSEIS ANOS DE IDADE,SALVO NA CONDIÇÃO DE APRENDIZ,A PARTIR DOS QUATORZE ANOS.(BRASIL, LEI 10.097/2000, ART.1O)

Podemos dizer pois que o trabalho infantil éaquele realizado por crianças e adolescentes queestão abaixo da idade mínima para a entrada nomercado de trabalho, segundo a legislação emvigor no país.

No entanto, é preciso refinar essa definição,contemplando certos aspectos de tradições cul-turais em diferentes lugares do mundo. Em al-gumas sociedades, a transmissão cultural reali-za-se oralmente, não havendo registros escritosde sua história, técnicas ou ritos. Assim, na agri-cultura tradicional ou na produção artesanal,crianças e adolescentes realizam trabalhos sob asupervisão dos pais como parte integrante do pro-cesso de socialização – quer dizer, um meio detransmitir, de pais para filhos, técnicas tradicio-nalmente adquiridas. Esse trabalho pode ser tam-bém motivo de satisfação para as próprias crian-ças (Bequelle, 1993, p.22). O sentido do apren-der a trabalhar varia de acordo com a cultura,com a sociedade e, dentro destas, varia tambémdependendo do momento histórico em que elasse encontram. Mas a situação de trabalho comoparte do processo de socialização não deve serconfundida com aquelas em que as crianças sãoobrigadas a trabalhar, regularmente ou durantejornadas contínuas, para ganhar seu sustento ou

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o de suas famílias, com conseqüentes prejuízospara seu desenvolvimento educacional e social.

Seguindo esse raciocínio, as condições de ex-ploração e os prejuízos à saúde e ao desenvolvi-mento da criança ou adolescente que realiza aatividade é que seriam parâmetros para caracte-rizar o trabalho infantil. Mas é preciso lembrarque o mero fato de trabalhar “em casa” ou “coma família” não descaracteriza o trabalho infantil.Mesmo no espaço do trabalho em família, sabe-se que muitas crianças são submetidas a esta-fantes jornadas de trabalho na lavoura familiarou são responsabilizadas por todos os serviçosdomésticos e cuidados com os irmãos menoresem casa, sem que lhes seja garantido, por exem-plo, tempo para ir à escola ou para brincar.

Por outro lado, essa preocupação não podeser radicalizada no sentido de excluir a participa-ção das crianças e adolescentes em tarefas do-mésticas. Essa participação reveste-se de carátereducativo e formador do senso de responsabili-dade, pessoal e em relação ao núcleo familiar.

Atualmente, na luta pelo reconhecimento dosdireitos da criança e do adolescente, um parâ-metro mais claro tem sido colocado: ainda queseja para garantir a continuidade de uma tradi-ção familiar, para dividir responsabilidades no in-terior da casa ou para ajudar na lide do campo,o trabalho de crianças não pode impedir que elasexerçam seus direitos à educação e ao brincar,condições essenciais a seu pleno desenvolvimen-to.

Em muitas sociedades indígenasbrasileiras, trabalhar é aprendera fazer junto, pois o trabalho secaracteriza como momento detroca de experiência entre osmembros do grupo. Nessavivência, as pessoas envolvidascom as mais diversas formas deatividades constróemcoletivamente conhecimentos,como fruto desse aprendizado.O trabalho constitui assimimportante aspecto da vidacomunitária indígena. Elefornece as bases de umaorganização social de tipoigualitária, em que a famíliafunciona como unidade básicade produção, acumulando etrocando os conhecimentosindispensáveis à subsistência detodos os seus membros. Aorganização baseia-se nadivisão sexual do trabalho: hátarefas masculinas (em geral,caçar, derrubar mato) e tarefasfemininas (em geral, cuidar daroça, cozinhar). Essa divisão do

O trabalho em sociedadesindígenas brasileiras

trabalho leva em consideraçãonão só as tarefas a seremrealizadas, mas principalmentea idade e as condições físicas deseus participantes, como umaforma de protegê-los.

Meninas e meninos aprendem,no convívio familiar, as tarefasconsideradas femininas emasculinas. Mães, mulheresidosas ou experientes ensinamas meninas a tecer, fabricarcerâmica, transformar osalimentos. Pais e homens idososda aldeia ensinam os meninos afazer arcos, flechas, adornoscorporais, técnicas de caça epesca... Na sociedade indígena,essa aprendizagem visapropiciar à criança aapropriação de todos osconhecimentos que necessitaráem sua futura vida adulta.Para uma criança ouadolescente, fazer parte de umafamília, e portanto de umaunidade de produção, significaser membro da sociedade.

E isso quer dizer ter funções eresponsabilidadescompartilhadas com as demaispessoas com as quais convive,como produzir alimentos,confeccionar adereços e objetosartesanais para o uso cotidiano,ritual e festivo, construir aprópria habitação, participar davida comunitária.

Produção, família e sociedadeacham-se articuladas e seorientam pelos mesmospropósitos, o que faz com queeducação e vida caminhemjuntas. Educar nas comunidadesindígenas tem um sentidoamplo. Significa ensinar eaprender pela vivência diretanas várias situações cotidianas:saber é saber fazer. Dessaforma, o aprendizado para otrabalho é incorporado naspráticas coletivas que são, emsi, educativas; em outraspalavras, integra o processo desocialização das crianças ejovens indígenas.

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O que obriga crianças ejovens a trabalhar?

destinada ao trabalho. Um sistema escolar efi-ciente deve assegurar a permanência de todas ascrianças na escola, com aprendizagem efetiva.

Outro fator que obriga ao trabalho infantil éa crença, comum em muitas culturas – e não sónos estratos mais pobres –, de que as criançasdevem compartilhar as responsabilidades da fa-mília, participando do trabalho dos pais, ganhan-do remuneração fora de casa ou ajudando naadministração da casa. Esta última é especialmen-te verdadeira para as meninas, de quem é espe-rado que cuidem dos irmãos e irmãs, bem comodas tarefas domésticas, a ponto de estas se tor-narem sua principal ou única atividade. Tais cren-ças fazem com que o peso da responsabilidadeseja assumido por crianças desde cedo, sem qual-quer questionamento, de geração em geração.

Dessas crenças e da situação de vulnerabilidadeeconômica, os empregadores tiram vantagens emproveito próprio. Ao empregar crianças, têm emmente garantir trabalhadores dóceis, submissos,que não causem “encrenca” e sejam incapazesde defender seus direitos; crianças e adolescen-tes têm menos condições de se negar a realizartarefas servis por baixos salários do que os adul-tos. Os empregadores beneficiam-se ainda daineficácia da fiscalização: embora cientes da leique proíbe o trabalho infantil, violam-na na cer-teza da impunidade.

Portanto, a incorporação de crianças e ado-lescentes no mercado formal e informal de tra-balho expressa, por um lado, deficiências das po-líticas públicas para educação, saúde, habitação,cultura, esportes e lazer, além da ineficácia da fis-calização do trabalho para cumprimento da lei eda vigência de certas crenças, mesmo entre ospróprios pais. Por outro lado, expressa os efeitosperversos da má distribuição de renda, do desem-prego, dos baixos salários, ou seja, de um modeloeconômico que não contempla as necessidadesdo desenvolvimento social. O Brasil é consideradoa 10a economia do mundo em termos de ProdutoInterno Bruto, mas está classificado em 74o lugar(IPEA, 1999) em termos de IDH – Índice de De-senvolvimento Humano (esse índice, criado pelaONU em 1990, considera simultaneamente os ní-veis de renda, instrução e saúde das populações;calculado para 174 países, classifica-os em umaescala do melhor para o pior).

Crianças e jovens são obrigados a trabalharpor várias razões, sendo a pobreza a principaldelas. Muitos governos, ao enfrentar crises eco-nômicas, não dão prioridade às áreas que pode-riam ajudar a aliviar as dificuldades enfrentadaspor famílias de baixa renda: não priorizam saú-de, educação, moradia, saneamento básico, pro-gramas de geração de renda, treinamento profis-sional, entre outros. Para essas famílias, a vida setorna uma luta diária pela sobrevivência. As crian-ças são forçadas a assumir responsabilidades, aju-dando em casa para que os pais possam traba-lhar, ou indo elas mesmas trabalhar para ganhardinheiro e complementar a renda familiar. Em ummundo crescentemente desigual, em um proces-so acentuado pelo fenômeno da globalização,cada vez mais contrapõem-se riqueza e pobreza.Assim, todo um segmento da população, alijadode condições adequadas de formação, educaçãoe acesso a bens e serviços, vem constituindo umcontingente de despossuídos.

Um sistema educacional deficiente tambémcontribui para empurrar crianças para o trabalho.Mesmo tendo acesso à escola – no Brasil, 97%das crianças entre 7 e 14 anos estão sendo matri-culadas todo ano (Brasil, 2000b) – crianças e ado-lescentes das camadas pobres são mais atingidospela repetência. Após repetir várias vezes, a crian-ça – por si mesma e pelos pais – é considerada“incapaz” de aprender, saindo da escola e sendo

HIGIENE MATINAL NA CARVOARIA. ÁGUAS CLARAS - MS

s

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ALEGAÇÕES USUAISPARA “JUSTIFICAR”O TRABALHO INFANTILApesar de condenável e proibido por lei, ainda háquem procure justificar a necessidade do trabalhoinfantil. Alguns argumentos, freqüentemente usa-dos para “justificar” essa prática, devem ser refu-tados (OIT & CECIP, 1995, p.8-9).

“Crianças e jovens (pobres) devem trabalhar paraajudar a família a sobreviver”.

É a família que deve amparar a criança e não ocontrário. Quando a família se torna incapaz decumprir essa obrigação, cabe ao Estado apoiá-la,não às crianças. O custo de alçar uma criança aopapel de “arrimo de família” é expô-la a danosfísicos, intelectuais e emocionais. É um preço al-tíssimo, não só para as crianças como para o con-junto da sociedade pois, ao privá-las de uma in-fância digna, de escola e preparação profissional,reduzimos o valor dos recursos humanos que po-deriam impulsionar o desenvolvimento do país nofuturo.

“Criança que trabalha fica mais esperta, aprendea lutar pela vida e tem condições de vencer profis-sionalmente quando adulta”.

O trabalho precoce nunca foi estágio necessáriopara uma vida bem-sucedida. Ele não qualifica e,portanto, é inútil como mecanismo de promoçãosocial. O tipo de trabalho que as crianças exercem,rotineiro, mecânico, embrutecedor, impede-as derealizar as tarefas adequadas à sua idade: exploraro mundo, experimentar diferentes possibilidades,apropriar-se de conhecimentos, exercitar a imagi-nação...

“O trabalho enobrece a criança. Antes trabalharque roubar”.

Esse argumento é expressão de mentalidade vi-gente segundo a qual, para crianças e adolescen-tes (pobres, pois raramente se refere às das famí-lias ricas), o trabalho é disciplinador: seria a “solu-ção” contra a desordem moral e social a que essapopulação estaria exposta. O roubo – aí conotan-do marginalidade – nunca foi e não é alternativaao trabalho infantil. O argumento que refuta esseé, “antes crescer saudável que trabalhar”. O tra-balho infantil marginaliza a criança pobre das opor-tunidades que são oferecidas às outras. Sem po-der viver a infância estudando, brincando e apren-dendo, a criança que trabalha não é preparadapara vir a ser cidadã plena, mas para perpetuar ocírculo vicioso da pobreza e da baixa instrução.

Outro argumento presente na sociedade é o deque o “trabalho é um bom substituto para a edu-cação”. É usado principalmente no caso de crian-

ças com dificuldades no desempenho escolar.Muitas famílias, sem vislumbrar outras possibili-dades de enfrentamento das dificuldades, acabamincorporando a idéia de que é melhor encaminharseus filhos ao trabalho. Nesse caso, cabe à escolarepensar sua adequação a essa clientela, pois afunção social da escola em uma sociedade demo-crática é permitir o acesso de todos os alunos aoconhecimento.

Em suma, o trabalho infantil não se justifica e nãoé solução para coisa alguma. A solução para essaproblemática é prover as famílias de baixa rendade condições tais que elas possam assegurar a suascrianças um desenvolvimento saudável.

EFEITOS PERVERSOS DOTRABALHO INFANTILO trabalho precoce de crianças e adolescentes in-terfere diretamente em seu desenvolvimento:

físico – porque ficam expostas a riscos de lesões,deformidades físicas e doenças, muitas vezessuperiores às possibilidades de defesa de seuscorpos;

emocional – podem apresentar, ao longo de suasvidas, dificuldades para estabelecer vínculos afe-tivos em razão das condições de exploração aque estiveram expostas e dos maus-tratos quereceberam de patrões e empregadores;

social: antes mesmo de atingir a idade adultarealizam trabalho que requer maturidade deadulto, afastando-as do convívio social com pes-soas de sua idade.

Ao mesmo tempo, ao ser inserida no mundo dotrabalho a criança é impedida de viver a infância ea adolescência sem ter assegurados seus direitosde brincar e de estudar. Isso dificulta muito a vi-vência de experiências fundamentais para seu de-senvolvimento e compromete seu bom desempe-nho escolar – condição cada vez mais necessáriapara a transformação dos indivíduos em cidadãoscapazes de intervir na sociedade de forma crítica,responsável e produtiva. Entre as crianças que tra-balham há maior repetência e abandono da escola.

Encomendada pelo IPEC e CNTE, uma pesquisafeita pelo DIEESE – Departamento Intersindical deEstatística e Estudos Sócio-Econômicos (1997),junto a 1.419 crianças trabalhadoras que freqüen-tam a escola, constatou índices alarmantes de re-petência, na faixa de 64%. Essa pesquisa foi reali-zada em seis das maiores capitais brasileiras: Be-lém, Belo Horizonte, Goiânia, Porto Alegre, Recifee São Paulo. A pesquisa também entrevistou osalunos-trabalhadores, constatando que os deve-res escolares, quando realizados, são feitos após ajornada de trabalho e cada dia em um horário di-ferente, roubando parte do tempo destinado ao

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descanso ou lazer. Inquiridas sobre as razões dasfreqüentes repetências, porém – embora para oobservador externo seja óbvio que não têm tem-po para estudar – as crianças a explicam por seupróprio “desinteresse”.

Isso significa que o mau desempenho escolar apa-rece, para as crianças, como de sua responsabili-dade. É possível, também, que tal explicação sejaassumida pela família – o que confirmaria dadossemelhantes encontrados por outros pesquisado-res, de que as camadas excluídas dos bens e servi-ços sociais se atribuem a causa da exclusão. Essavisão tem efeitos danosos, pois impede ou dificul-ta a mobilização para cobrar os direitos de cida-dania que lhes são negados.

Além disso, o fato de as crianças se consideraremas únicas “culpadas” por sua repetência acaba porinterferir em sua auto-estima, levando-as a se acharincapazes de aprender. Essa crença, comum a alu-nos e pais, acaba gerando o abandono da escola:“se não é bom pros estudos, então larga a escolae vai trabalhar”. “Embora a evasão esteja presentedesde a 1a série do ensino fundamental, o aban-dono definitivo da escola geralmente ocorre entreos 13 e 15 anos. Mais grave ainda: o aluno médio,mesmo permanecendo quase oito anos na escola,só consegue atingir a 3a ou 4a série. Mais uma vez,são as crianças e famílias pobres as mais vulnerá-veis à evasão. É muito provável que pressões eco-nômicas obriguem esses estudantes a abandonar

Gráfico 1Gráfico 1Gráfico 1Gráfico 1Gráfico 1

Distribuição de crianças de 10 a 14 anos que trabalham e não estudam, segundo a rDistribuição de crianças de 10 a 14 anos que trabalham e não estudam, segundo a rDistribuição de crianças de 10 a 14 anos que trabalham e não estudam, segundo a rDistribuição de crianças de 10 a 14 anos que trabalham e não estudam, segundo a rDistribuição de crianças de 10 a 14 anos que trabalham e não estudam, segundo a renda familiarenda familiarenda familiarenda familiarenda familiar, Brasil, 1990, Brasil, 1990, Brasil, 1990, Brasil, 1990, Brasil, 1990O trabalho precoceinterfere pois negati-vamente na escolari-zação das crianças,seja provocandomúltiplas repetên-cias, seja empurran-do-as para fora daescola – fenômenodiretamente relacio-nado à renda fami-liar. Crianças e ado-lescentes oriundas defamílias de baixa ren-da tendem a traba-lhar mais e estudarmenos, comprome-tendo, dessa forma,suas possibilidadesde vida digna.

O trabalho infantilconstitui assim obs-táculo ao desenvolvi-mento das crianças,resultando em redu-ção de suas expecta-tivas futuras.

o sistema escolar para colaborar com a renda fa-miliar” (CENPEC, 1999, p.19). Os dados da Tabela1 confirmam isso.

12,3%11,7%

8,0%

4,0%

1,2%

Até 1/4 salário mínimoMais de 1/4 a 1/2 salário mínimoMais de 1/2 a 1 salário mínimoMais de 1 a 2 salários mínimoMais de 2 salários mínimo

TTTTTabela 1abela 1abela 1abela 1abela 1

Distribuição de crianças de 10 a 14 anos por situação de trabalho eDistribuição de crianças de 10 a 14 anos por situação de trabalho eDistribuição de crianças de 10 a 14 anos por situação de trabalho eDistribuição de crianças de 10 a 14 anos por situação de trabalho eDistribuição de crianças de 10 a 14 anos por situação de trabalho e

frfrfrfrfreqüência à escola, segundo a reqüência à escola, segundo a reqüência à escola, segundo a reqüência à escola, segundo a reqüência à escola, segundo a renda familiarenda familiarenda familiarenda familiarenda familiar, Brasil, 1990, Brasil, 1990, Brasil, 1990, Brasil, 1990, Brasil, 1990

Renda familiar Só Trabalham e Sóestudam estudam trabalham(%) (%) (%)

Até 1/4 SM 59,6 14,7 12,3

Mais de 1/4 a 1/2 SM 63,8 11,7 11,7

Mais de 1/2 a 1 SM 73,2 10,3 8,0

Mais de 1 a 2 SM 83,1 8,3 4,0

Mais de 2 SM 91,5 5,1 1,2

Fonte: dados do IBGE compilados por Sabóia (1996, p.79).

Como se pode verificar, os índices referentes acrianças que “estudam e trabalham” ou “so-mente trabalham” são mais elevados nas fa-mílias com faixa de renda menor. Enquanto nasfamílias com renda acima de dois salários mí-nimos apenas 1,2% das crianças “somente tra-balham”, naquelas com renda abaixo de 1/4de salário mínimo esse índice é de 12,3%. OGráfico 1 (com os dados da última coluna databela acima) permite visualizar melhor a in-terrelação entre renda familiar, trabalho infan-til e evasão escolar.

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ADOLESCENTES ALMOÇAM DURANTE A COLHEITA DA LARANJA. TABATINGA - SP

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O trabalhoinfantil no BrasilatualA mera existência de trabalhoinfanto-juvenil revela desrespeitoflagrante ao direito de existir demilhões de crianças e adolescentes,no Brasil e no mundo. Como se viu,essa realidade reflete o modelopolítico-econômico vigente nasúltimas décadas, que vemconduzindo o país a um processo deconcentração de renda semprecedentes na história, colocandoum enorme contingente de nossapopulação em situação de extremapenúria. Para combater otrabalho infantil, porém, não bastaconhecer as causas: é precisoconhecer sua extensão, localizaçãoe características.

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Fonte: dados dos Censos Demográficos do IBGE; extraído de Retratos doBrasil, 1985, v.2, p.303.

Gráfico 2Gráfico 2Gráfico 2Gráfico 2Gráfico 2

PPPPPorororororcentagem de crianças (10 a 14 anos) e jovens (15 a 19 anos)centagem de crianças (10 a 14 anos) e jovens (15 a 19 anos)centagem de crianças (10 a 14 anos) e jovens (15 a 19 anos)centagem de crianças (10 a 14 anos) e jovens (15 a 19 anos)centagem de crianças (10 a 14 anos) e jovens (15 a 19 anos)

trabalhadortrabalhadortrabalhadortrabalhadortrabalhadores no total dos res no total dos res no total dos res no total dos res no total dos respectivos grupos etários, Brasil, 1950-1980espectivos grupos etários, Brasil, 1950-1980espectivos grupos etários, Brasil, 1950-1980espectivos grupos etários, Brasil, 1950-1980espectivos grupos etários, Brasil, 1950-1980

Dimensionando o problema

Necessidade, oportunismo e incompreensãose mesclam para explicar o trabalho precoce. Asituação de pobreza obriga os pais tanto a utili-zar os filhos como mão de obra doméstica, quan-to a oferecê-los no mercado de trabalho para au-mentar a renda familiar.

Como uma das expressões da pobreza e dainjusta distribuição de renda, o trabalho infantilsempre se fez presente em nossa sociedade. OGráfico 2 mostra como crianças e jovens partici-param da economia entre os anos 1950 e 1980.Tais dados ainda consideravam a população tra-balhadora infantil somente a partir dos 10 anosde idade.

A década de 80, é bom lembrar, foi marcadapor grande instabilidade econômica, fazendocom que o Brasil entrasse nos anos 90 com umdos piores desempenhos entre os países pobresdo Terceiro Mundo, no que diz respeito ao en-frentamento da pobreza e à distribuição de ren-da. E, embora tenha sido também a década damobilização social pela redemocratização do país,a luta contra o trabalho infantil e a inserção do

tema na agenda social nacional só se iniciariamna década seguinte.

Os anos 90 foram decisivos para o início domovimento contra o trabalho infantil, tanto paraa mobilização da sociedade civil como para a im-plementação de políticas públicas de assistênciasocial. Em 1992, o número de crianças e adoles-centes exercendo algum tipo de atividade eco-nômica era de 9,7 milhões. A estimativa do totalde crianças e adolescentes (10 a 17 anos) traba-lhando no Brasil em 1998 é de 7,7 milhões. Issoaponta uma tendência de redução que, no en-tanto, ainda é muito lenta.

Cabe notar que, dentre os que trabalham,aproximadamente a metade têm entre 16 e 17anos, estando portanto na faixa etária permitidapela legislação brasileira para o ingresso no mer-cado de trabalho. Para conhecer melhor o fenô-meno do trabalho precoce, é preciso pois desa-gregar os dados por faixa etária.

Os indicadores sobre a participação de crian-ças na força de trabalho mostram que essa parti-cipação cresce com a idade e é maior entre osmeninos do que entre as meninas (com a ressalvada invisibilidade e maior dificuldade de estimativa

Jovens Crianças

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

50,9%

47,8%

41,7%

19,8%

12,7% 14,4%

1950 1970 1980

do trabalho destas emcasa); decresce com oaumento do nível derenda das famílias ondeestão inseridas; e é maiselevada na área ruraldo que na urbana.

É preciso ressaltarque, ao longo da dé-cada de 90, os dadosmostram que houveuma redução no nú-mero de crianças tra-balhando. Isso prova-velmente se deve aofato de a sociedadeestar mais atenta e de-nunciar a exploraçãode crianças e adoles-centes. Também podeestar refletindo a vi-gência de algumas es-truturas de controle so-cial e a implementação,mesmo se pontual e

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Dos 5 aos 9 anos

Foi somente em 1993 que oBrasil assumiu oficialmente aexistência de criançastrabalhadoras com idades entre5 e 9 anos, em diferentes tiposde trabalho em diversos estadosbrasileiros. Esse reconhecimentotardio é grave, se levarmos emconta que o país já dispunha delegislação trabalhistaregulamentando o acesso aotrabalho segundo a idade e,também, do Estatuto daCriança e do Adolescente (ECA),promulgado em 1990.

Dados de 1995 mostravam que3,6% (581.300) das criançasentre 5 e 9 anos trabalhavamno país, com uma jornadamédia semanal de 16,2 horas.A maior parte (79,2%) dotrabalho nessa faixa etáriaocorria em ocupações típicas daagricultura (três quartos doschefes de família dessas

crianças ocupavam-se ematividades agrícolas),especialmente na pequenaprodução familiar, epredominantemente nosestados do Nordeste. Os dadosde 1999 já mostram que onúmero de crianças de 5 a 9anos trabalhando caiu para375.000.

Dos 10 aos 14 anos

O número e proporção decrianças trabalhadoras eleva-sesubstancialmente na faixa dos10 aos 14 anos. O contingentedos que trabalhavam em 1995representava 18,7% (3,3milhões) das crianças do grupo(ao todo, cerca de 17,6milhões) – e erammajoritariamente meninos(87,4%). Novamente, mais dametade (54,6%) moravam emáreas rurais. Em 1999, essecontingente havia baixado para2,5 milhões – 16,6% do total

Fontes: IBGE, PNADs 95 e 99; Cipola, 2001; Schwartzman, 2001.

Gráfico 3Gráfico 3Gráfico 3Gráfico 3Gráfico 3

Distribuição das crianças e adolescentes (10-14 anos) que trabalham segundo o sexo e grandes rDistribuição das crianças e adolescentes (10-14 anos) que trabalham segundo o sexo e grandes rDistribuição das crianças e adolescentes (10-14 anos) que trabalham segundo o sexo e grandes rDistribuição das crianças e adolescentes (10-14 anos) que trabalham segundo o sexo e grandes rDistribuição das crianças e adolescentes (10-14 anos) que trabalham segundo o sexo e grandes regiões, Brasil, 1999egiões, Brasil, 1999egiões, Brasil, 1999egiões, Brasil, 1999egiões, Brasil, 1999

Trabalho infanto-juvenil porgrupos de idade

de crianças e jovens entre 10 e14 anos –, indicando umaauspiciosa tendência à redução.

Com certeza, os meninos sãomais numerosa e precocementeempurrados para o trabalho doque as meninas, em todo opaís. No entanto, considerandoa arraigada visão que atribui àsmulheres e meninas oscuidados domésticos, é possívelque os dados subestimem otrabalho das meninas em casa.O trabalho infantil femininodoméstico é uma das formas detrabalho mais difundidas emenos pesquisadas, devido asua pouca visibilidade. Dadosda PNAD de 1998 mostram quequase 400 mil meninas na faixade 10 a 16 anos trabalhavamcomo empregadas domésticas.A regra geral é não teremcarteira assinada e aremuneração, em média, nãochega a um salário mínimo.

3 000000

2 500000

2 000000

1 500000

1 000000

500000

0

2 817889

1854 854

963035

BRASIL

1600 000

1400 000

1200 000

1000 000

800 000

600 000

400 000

200 000

0NORDESTE

total de crianças trabalhadorasmeninosmeninas

NORTE CENTROOESTE

SUDESTE SUL

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insuficiente, de políticas públicas de assistênciapara retirar crianças do trabalho – o que só re-força a necessidade de incentivar a manutençãoe ampliação eficiente e sustentável das políticaspúblicas de combate ao trabalho infantil.

Muitas dessas crianças estão exercendo tra-balhos considerados insalubres e perigosos2 –que, por sua natureza ou circunstância em quesão exercidos, comprometem sua saúde, seu de-senvolvimento físico, psicológico, ou moral. Ascondições particulares em que se realiza a explo-ração do trabalho de crianças e adolescentes noBrasil passa pelas “piores formas” apontadas naConvenção da OIT (cf. p.7-8). Algumas dessasformas são trágicas no país, como a prostituiçãoe a participação de crianças e adolescentes notráfico de drogas. No primeiro caso, o machismoimperante em amplos setores da sociedade fa-vorece o acobertamento e a tolerância dessa prá-tica infame em muitas regiões; no segundo, afalta de perspectiva, a escassez de recursos e adesesperança têm levado milhares de crianças ejovens ao circuito do crime organizado, vislum-brando possibilidades de ganhos “fáceis” e ime-diatos. Ao mesmo tempo, tornam-se autores evítimas de ações violentas, como se tem verifica-do em estatísticas sobre jovens infratores e sobremortes em chacinas. Em ambos os casos, as crian-ças são expostas a todos os riscos que a vida nes-sas condições coloca, sendo o pior deles a perdado senso de dignidade da existência humana.

A visibilidade do problema do trabalho infan-til, traduzido em números, contribui sobrema-neira para compreender a dimensão que este vemassumindo no Brasil. Embora em termos estatís-ticos os números possam parecer pouco signifi-cativos, no que diz respeito aos direitos das crian-ças e adolescentes (como também aos direitoshumanos), enquanto houver uma só criança queesteja trabalhando, devemos exercer não só odireto de nos indignar, como também nos posi-cionar contra essa exploração e reivindicar medi-das concretas para a erradicação dessa chaga,em qualquer parte do mundo.

NO CAMPOE NACIDADEConhecer a realida-de do trabalho in-fantil implica co-nhecer, também,as condições desu-manas em queocorre. As crian-ças trabalhadorasdesenvolvem ati-vidades penosas,perigosas, emambientes insa-lubres – no mais,

inadequadas também para adultos. Váriosdesses aspectos podem ser mais facilmente vislum-brados no campo, na cultura da cana de açúcar,nas carvoarias, no sisal e nas pedreiras, entre ou-tros. As informações sobre trabalho infantil porestado, apresentadas a seguir, foram colhidas porfiscais das Delegacias Regionais do Trabalho do res-pectivo ministério e publicadas no Mapa de indi-cativos do trabalho da criança e do adolescente(Brasil, 1999).

Milhares de crianças e jovens trabalham de sol asol nos canaviais e no engenho, principalmente emAlagoas, Bahia e São Paulo. Na safra, fazem o cor-te da cana, ajudam a transportar os feixes para oengenho. Num calor abrasador, trabalham no co-zimento do caldo da cana, revirando-o com umaescumadeira, retirando espuma e impurezas, atéque se atinja o ponto do melado. Na entressafra,pegam na enxada para ajudar os pais a limpar ocanavial. Esse tipo de trabalho os expõe a váriosriscos de acidentes – lesões por facão ou foice,queimaduras, picadas de cobras. Além disso, otransporte até o local de trabalho é feito em veí-culos inadequados. As jornadas são longas, os sa-lários baixíssimos e a situação é agravada pela fal-ta de alimentação, de água potável e de instala-ções sanitárias adequadas.

Sob o calor do sol e dos fornos que queimam le-nha para fazer carvão, centenas de crianças e jo-vens trabalham em carvoarias, principalmente nosestados da Bahia, Goiás e Minas Gerais. Seu tra-balho é encher os fornos com lenha, fechá-los combarro e, depois, retirar o carvão. Ainda ajudam nocorte das árvores para fornecer a lenha, no ensa-camento do carvão e no carregamento dos cami-nhões. Fumaça e calor fazem parte do ambientede trabalho. A jornada excessiva, o trabalho no-turno e exposição a variações bruscas de tempera-tura comprometem a saúde. Crianças e adultostrabalham sem proteção alguma e sem descanso

2 Em relação ao trabalho perigoso, o país que ratifica a Convenção 182 daOIT compromete-se a constituir uma comissão com representantes degoverno, empregadores e trabalhadores, para listar os trabalhos conside-rados perigosos. O Brasil foi o oitavo país a ratificá-la e a comissão tripar-tite aqui formada (com base em quadro sobre “Trabalho do menor”, cons-tante da antiga CLT), definiu 81 tipos de atividades como perigosas, rigo-rosamente proibidas para menores de 18 anos (Brasil, 2001).

LIXÃO DO JANGURUÇU. CE

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semanal. Em algumas localidades do Mato Gros-so do Sul, constatou-se a existência de trabalhosemi-escravo, ou seja, a empresa fornecia alimen-tos e descontava seu valor sem apresentar notas;na hora do acerto de salário, muitos trabalhado-res ainda ficavam devendo à empresa (Huzak &Azevedo, 2000, p.22). O grande paradoxo é pen-sar que o carvão, destinado a fornecer energia,seja produzido subtraindo energia de crianças ejovens.

No sertão da Bahia e da Paraíba, crianças e ado-lescentes trabalham nas plantações de sisal: cor-tam as pontudas folhas e as carregam para a “ba-tedeira”, máquina de desfibrar as folhas de sisal,transportando também a fibra processada para asecagem. Nesse trabalho, não raro sofrem mutila-ções pelo uso da máquina e ainda são expostos aoruído excessivo e à alta concentração de poeira. OBrasil é o principal fornecedor mundial dessa plan-ta, cujas fibras conseguem altos preços no merca-do internacional. A beleza dos produtos derivadosdo nosso sisal esconde histórias de privações decrianças e adolescentes envolvidos na produção dafibra.

Detectado em 12 estados brasileiros, dentre osquais Alagoas, Bahia e São Paulo, o trabalho decrianças e adolescentes em pedreiras lembra osantigos trabalhos forçados que prisioneiros eramobrigados a realizar. As crianças trabalham a céuaberto em meio a explosões de rochas, provoca-das com cartuchos de pólvora. Com marretas etalhadeiras quebram os blocos de pedras sob osol, num esforço físico excessivo para suas idades.Também trabalham no polimento e carregamentode pedras, inalando pó o tempo inteiro. A jornadaé excessiva, o trabalho é insalubre, ninguém usaóculos ou qualquer outro meio de proteção.

Nos centros urbanos, o trabalho infantil é visívelnas ruas e, especialmente, nos depósitos de lixoou “lixões”. Em ambiente altamente insalubre, crian-ças e adolescentes recolhem garrafas, latas, plás-tico e papel para reciclagem ou reaproveitamentoe posterior comercialização. Nos lixões, convivemcom materiais contaminados e gases de fermen-tação dos dejetos; latas, garrafas e peças de metalcortam e ferem, tanto adultos como crianças. Ali-mentam-se em meio a enxames de moscas. Alémdo que recolhem para venda, costumam selecio-nar alimentos e objetos reaproveitáveis para usopróprio. Com o que vendem, crianças conseguemobter a quantia de no máximo R$ 2,00 por dia(Huzak & Azevedo, 2000, p.81). É comum traba-lhar a família inteira, numa jornada ininterrupta,sem descanso semanal ou qualquer vínculo em-pregatício.

Pequenos trabalhadores nas cidades vêem-se portoda parte, nas ruas. São vendedores de picolé,fruta, cigarro, biscoito, doces e balas; são guarda-

dores de carro, “flanelinhas”, jornaleiros ou en-graxates, dentre tantas atividades. Vendendo pro-dutos diversos entre veículos em congestionamen-tos, pontos de ônibus, em frente a centros comer-ciais ou estádios de futebol, eles fazem parte dapaisagem urbana, sendo por muitas vezes vistoscomo estorvo ou mesmo como futuros marginais.A rua é um local de trabalho cruel e perigoso: asrelações que estabelecem com outros atores so-ciais (adultos agenciadores, policiais, traficantes eadultos de rua) em muitos casos põem em riscosua vida. Além disso, esses meninos e meninas fa-zem longos percursos a pé, alimentam-se de ma-neira e em horários inadequados e, por vezes, tra-balham em locais e horários impróprios para a ida-de, como bares ou boates, à noite.

Nas cidades, além dos lixões e do trabalho nas ruas,outra forma de inserção, menos visível, é o em-prego doméstico e em pequenos empreendimen-tos (lojas, fábricas e escritórios familiares ou depequeno porte). Para os empregadores, o traba-lho infantil apresenta-se como recurso barato esem necessidade de regularização. Embora talvezcause menor impacto, esse trabalho não perde suascaracterísticas e condições de exploração, exposi-ção a riscos e prejuízo ao desenvolvimento dascrianças e jovens.

O trabalho doméstico, realizado geralmente pormeninas em residências, constitui freqüentemen-te uma forma de exploração oculta, como men-cionado. Na maioria das vezes, as condições devida e trabalho são inadequadas, muitas meninasdormem no emprego – condição que favorece umajornada de trabalho extremamente alongada – emuitas chegam a sofrer humilhações e abusos se-xuais.

A mesma pesquisa do DIEESE (1997) em seis gran-des centros urbanos brasileiros, já mencionada,constatou que 70% das crianças trabalhadoras têmmenos de 14 anos, sendo que um terço delas co-meçou a trabalhar antes dos 10 anos. Grande par-te delas trabalha cinco, seis e até sete dias da se-mana, em tempo integral; muitas cumprem parteda jornada de trabalho à noite. O trabalho que ascrianças fazem é exatamente o mesmo que é feitopor adultos, inclusive com as mesmas condiçõesprecárias, isto é, em locais perigosos e insalubres.

Um quadro sintetizando as principais ocupaçõesde crianças no Brasil é apresentado anexo (últimapágina). O quadro aqui esboçado mostra que asociedade brasileira, nos tempos atuais, vem im-primindo grandes doses de sofrimento a milhõesde crianças e adolescentes, que continuam sendoagenciados para os mais diversos tipos de traba-lho, realizados em condições que em nada se re-vertem em seu próprio benefício. E, também nopassado, isso ocorria.

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PATRÃO (OU CAPATAZ) POSA PARA FOTO AO LADO DE SEUS OPERÁRIOS - FÁBRICA BANGU. RIO DE JANEIRO - RJ (1907)

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O trabalho decrianças nopassado brasileiroA escravidão vigorou no Brasil pormais de três séculos, tempo em quese permaneceu investindo naformação e na constante reafirmaçãoda mentalidade escravista, sobretudoatravés do trabalho, adulto e infantil.Nos últimos pouco mais de cem anosrepublicanos e de “trabalho livre”,têm sido muito tênues as iniciativasconcretas no sentido de combatere/ou coibir a exploração desenfreadado trabalho infanto-juvenil. É precisopois indagar em que medida essaprática estaria expressando resquíciosda mentalidade escravista. Qualqueriniciativa que vise a superação dosefeitos do trabalho escravo aindapresentes em nossa sociedade deveránecessariamente deitar o olhar sobreo passado escravista.É lá que estão algumas das raízeshistóricas que explicam a aceitaçãocom grande naturalidade daexploração da força de trabalhode crianças e jovens. Afinal, esse foium aprendizado que se deu nocotidiano das relações entre senhorese negros, escravizados e libertos.

25ICONOGRAPHIA

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A criança escrava

Estudos mostram que, nos engenhos, os fi-lhos de escravos, tal qual seus pais, passavam pelomesmo tormento de ter de trabalhar no eito,cortar a cana de açúcar, arrastá-la e picá-la empedaços, colocando-a para moer, espremer e fer-ver. Podemos supor então que seus pequenoscorpos também experimentaram o desconfortodas altas temperaturas emanadas das caldeirasdas casas de purgar, local onde se fabricava oaçúcar. Também nas demais atividades em quese empregava mão-de-obra escrava, a criançatrabalhou desde cedo em tarefas que exigiamesforços muito superiores às suas possibilidadesfísicas. Acompanhando seus pais, fazia desde ser-viços domésticos, como servir, lavar, passar, co-zer roupas e consertar sapatos, até trabalhos emmadeira. No campo, pastoreava gado e realizavatarefas na roça.

Para a lógica dos proprietários de escravos, otrabalho infantil significava projetar o aumento

do preço do escravo adulto, uma vez que o mer-cado escravista valorizava mais aqueles que ti-nham certas habilidades ou que haviam se espe-cializado em alguma ocupação. Era dessa formaque proprietários exploravam a força de traba-lho de crianças e adolescentes escravos.

No mundo do trabalho escravo, aprender atrabalhar significava, sobretudo, aprender a ser-vir e a obedecer ao senhor. Isso implicava, para acriança negra, ser iniciada num longo e sofridoaprendizado, em que deveria incorporar a ma-neira de ser... escrava. Esse aprendizado come-çava muito cedo e estava concluído por volta dos12 anos de idade. Aos 14 anos as crianças já tra-balhavam como adultos.

Na sociedade escravista, ao voltar o olhar, ain-da que brevemente, à vida das crianças da elite,o que vislumbramos são as imensas diferenças,comparativamente à vida das crianças escravas,sendo a principal diferença óbvia: as crianças daelite branca não trabalhavam. Durante quatroséculos ocorreu a lenta e constante construçãode uma mentalidade pautada na relação de man-do e obediência; a desigualdade social entre ascrianças escravas e as da elite expressa a própriaestrutura econômica da época. Às crianças bran-ca da elite estava reservado um tipo de vida queas preparava para as funções que viriam a assu-mir na sociedade: as meninas seriam as futurassinhás – aprendiam a costurar e bordar, a tocarpiano; e os sinhozinhos, que assumiriam as ve-zes de senhores-de-engenho, eram educados porprofessores (muitos estrangeiros), que lhes ensi-navam conhecimentos gerais e idiomas. A situa-ção de mando se afirma por meio das múltiplasrelações que os indivíduos estabelecem entre si.Para as crianças da elite, as brincadeiras erammomentos privilegiados para exercitar e afirmarsua condição de superioridade na hierarquia so-cial. Uma brincadeira típica era aquela em que omenino escravo, com joelhos e mãos apoiadosno chão, servia de mula para o sinhozinho mon-tar e trotar. Arqueado, curvado ao chão e sendomontado pelo sinhozinho, ao menino escravo seincutia, mesmo nessa “brincadeira”, sua condi-ção de inferioridade na hierarquia social do mun-do escravista.

Tal mentalidade, enraizada em nossa socieda-de por quase quatro séculos, pode estar na raizda aceitação como “natural” do trabalho de crian-ças e adolescentes pobres.

ESCRAVOS BRASILEIROS DO SÉCULO XIX NA FOTOGRAFIA DE CHRISTIANO JR.

LIVRO DE PAULO CESAR DE AZEVEDO E MAURICIO LISSOVSKY

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Na fábrica, na passagemdo século XIX ao XX

No início do século XX, o que se buscava como trabalho fabril era a disciplinarização do traba-lhador, isto é, a incorporação de seus movimen-tos ao ritmo sincronizado das máquinas. Essa dis-ciplina dos gestos e dos movimentos era ensinadadesde cedo, empregando-se crianças de 10 anosde idade, ou menos. A história das crianças ope-rárias acha-se assim inserida no processo de in-dustrialização como um capítulo pontuado de re-latos de acidentes de trabalho, que registram des-de queimaduras, passando por perdas parciais demãos e/ou braços, chegando mesmo à morte.

Alguns dados sobre o trabalho infantil, no fi-nal do século XIX e início do XX em São Paulo,ajudam a dimensionar o que pode ter significa-do o início do processo de industrialização paraos pequenos operários. Em 1890, do total de em-pregados em estabelecimentos industriais, 15%era formado por crianças e adolescentes. Nessemesmo ano o Departamento de Estatística e Ar-quivo do Estado de São Paulo registrava que ¼da mão de obra empregada no setor têxtil dacapital paulista era formada por crianças e ado-lescentes. Vinte anos depois, esse equivalente jáera de 30%, segundo dados do DepartamentoEstadual do Trabalho. Já em 1919, segundo omesmo órgão, 37% do total de trabalhadores dosetor têxtil eram crianças e jovens; e, na capitalpaulista, esses índices chegavam a 40%. Crian-ças operárias trabalha-vam em vários setoresda atividade fabril;além da têxtil, estavamtambém presentes nasindústrias alimentíciase de produtos quími-cos, por exemplo.

Esses dados expres-sam, principalmente, asituação de pobreza vi-vida pela família operá-ria. Da perspectiva dosindustriais, o empregoe a baixa remuneraçãode mão-de-obra infan-to-juvenil significavaaumentar seus lucros,

pois pressionava para baixo o salário do trabalha-dor adulto.

Um recurso utilizado no meio industrial, su-postamente para minimizar a inadequação dotrabalho infanto-juvenil, foi a prática de fazeradaptar parte do maquinário aos pequenos cor-pos trabalhadores. A Fábrica de Tecidos Mariân-gela, instalada em São Paulo, adquiriu máquinasem tamanho reduzido para as crianças que em-pregava. Esse tipo de medida, porém, não alte-rava o fato de as crianças operárias serem sub-metidas a condições de trabalho inadequadas àidade e serem vítimas de acidentes. Em 1904,por exemplo, a menina Antonia de Lima perdeuparte de seu braço direito numa máquina de cor-tar fumo da fábrica Arthur Pereira, em São Paulo(Moura, 1999).

Aos “acidentes de trabalho” acresciam-se, ain-da, os ferimentos resultantes de maus-tratos aque os pequenos trabalhadores estavam sujeitospela ação de patrões e/ou chefias hierárquicas.Sob o argumento de manter “na linha” e de “pre-venir o (mau) comportamento”, as crianças eadolescentes operários eram submetidos a casti-gos e humilhações, chegando a casos extremosde serem surradas e espancadas. Isso foi o queaconteceu com o garoto Vitto Lindolpho que,também em 1904, foi “brutalmente espancadopelo patrão”, quando este deu falta de 50 milréis da gaveta da sapataria (Moura, 1999). Eracomum também os pequenos trabalhadores se-rem castigados em decorrência de avaliaçõesnegativas de seu desempenho profissional.

OFICINA DE LATOEIRO. RIO DE JANEIRO - RJ (1908)

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Inadequação do trabalho à idade, disciplina-rização e castigos atingiam não só meninos, comomeninas também. No entanto, a inserção demeninas crianças e adolescentes se daria sob adupla discriminação de sexo e de idade, que com-primia ainda mais sua remuneração. Além disso,as crianças do sexo feminino também sofriamcom práticas de abuso sexual, então encobertaspela relação de mando de seus superiores hierár-quicos – que, embora em menor proporção, nãopoupavam nem os meninos.

O mundo do trabalho, com sua disciplina fér-rea e suas relações de poder – em que patrões echefes hierárquicos transformavam sua condiçãosocial e funcional em instrumentos de mando,imprimindo maus-tratos à mão-de-obra infantil– não foi porém suficiente para subverter a in-fância e adolescência a ponto de excluir o lúdicodas vidas de crianças e adolescentes. Relatos debrincadeiras no interior das fábricas e oficinas –inadequadas ao ambiente de trabalho, mas pró-prias à idade – atestam que os pequenos traba-lhadores não só transformavam em brinquedoobjetos de trabalho (como pedaços de ferro emarmas, por exemplo), mas em certos casos, resis-tiam a obedecer regras, fazendo prevalecer suaidade sobre a situação de trabalhadores, por meiode malcriação, desobediência e constantes brin-cadeiras. Além de resistência à rigidez de com-portamento exigido pelo mundo do trabalho, asbrincadeiras sugerem que os pequenos trabalha-dores também buscavam uma forma de quebrara monotonia da rotina. Elas “aliviavam a tensãoque permeava a situação de trabalho, resgatan-do minimamente o direito à infância e à adoles-cência, tão negado a esses trabalhadores” (Mou-ra, 1999, p.270).

Nas fábricas, os trabalhadores se amontoa-vam em ambientes insalubres, mal iluminados eventilados, com excesso de ruído. Nessas condi-ções precárias permaneciam em excessivas jor-nadas, que variavam de 12 a 14 horas diárias,realizando esforço contínuo e intenso. A precari-zação e o comprometimento da saúde constan-temente geravam doenças, entre as quais a tãotemida tuberculose.

Em relação aos trabalhadores infanto-juvenis,desde 1910 havia leis regulamentando a jornadade trabalho de acordo com a idade, mas não eramobservadas. Em 1917, a Lei Estadual 1596 (SP)definia o limite de até cinco horas diárias para

crianças entre 12 e 15 anos. O Decreto Estadualn.233, de 1894, estabelecera a jornada de 12horas diárias para o conjunto do operariado, proi-bindo jornadas noturnas após as 21h para meni-nos menores de 15 anos e, para o sexo feminino,até os 21 anos. Apesar da legislação, porém, dadaa inoperância ou inexistência de fiscalização go-vernamental, o empresariado determinava suaprópria jornada – um exemplo é o do CotonifícioCrespi (em São Paulo), cujos 60 “menores” em-pregados trabalhavam durante 11 horas segui-das, com um pequeno intervalo de 20 minutos àmeia-noite; sua jornada tinha início às 7 horasda noite e se estendia até às 6 da manhã do diaseguinte. Longe de ser um caso isolado, essa erauma prática comum nos estabelecimentos indus-triais do início do século XX.

Mas não só na indústria havia exploração dotrabalho infantil. De modo geral as cidades, ape-sar dos baixos salários, ofereciam mais oportuni-dades de trabalho, inclusive informais, como osde vendedor ambulante, engraxate e jornaleiro.Desse modo, a cidade representava um atrativopara a família inteira migrante do campo, poisacenava com a possibilidade de emprego paraos adultos e seus filhos. Entre os operários, deuma maneira geral, o salário infantil era entendi-do como forma de complementar o orçamentofamiliar. No entanto, e ao contrário dessa expecta-tiva, o agenciamento de mão-de-obra de crian-ças e adolescentes pressionava para baixo os sa-lários dos trabalhadores adultos.

Portanto, os empresários se beneficiavam du-plamente da precária situação de vida e de tra-balho do operariado em geral. Souberam tirarproveito da grande quantidade de crianças queperambulavam pela cidade. Com um discurso queera um misto de filantropia e paternalismo, enal-teciam o trabalho como uma suposta solução oualternativa para a convivência nas ruas com seusriscos, seduções e vícios de toda ordem. Na insu-ficiência deste, recorriam a outro argumento, odo aprendizado. Na ausência ou omissão de polí-ticas públicas em matéria de educação profissio-nalizante, empresários alegavam propiciar oaprendizado de habilidades para o exercício deprofissão ou função. Nesse caso, a tendência daprática empresarial era a de não remunerar amão-de-obra aprendiz, que acabou sendo a ca-tegoria mais explorada nas primeiras décadasrepublicanas.

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o sistema fabril, é que esteúltimo herdou as piores feiçõesdo sistema doméstico, numasituação em que não existiamas compensações do lar,utilizando o trabalho decrianças pobres, explorando-ascom brutalidade tenaz.

Isso pode ser evidenciado nosRelatórios dos Comissários deTrabalho Infantil, resultantes deinvestigações determinadaspelo Parlamento Britânico em1833:

O presente inquérito reuniu(...) uma grande quantidadede provas sobre os diversosaspectos das condições dasfábricas, que exercemimportante influência nasaúde dos trabalhadores,adultos e crianças. Nasfábricas (...) [o ambiente] ésujo; mal ventilado; maldrenado; sem banheiros ouvestiários; sem exaustorespara a poeira; [há]maquinária solta (...).Disso resulta:

Que as crianças empregadasem todos os ramos demanufatura do Reinotrabalham o mesmo númerode horas que os adultos;

Que os efeitos de trabalhotão prolongado são: adeterioração permanente daconstituição física; aaquisição de doençasincuráveis; a exclusão (porexcesso de fadiga) dos meiosde obtenção da educaçãoadequada;

Que, na idade em que ascrianças sofrem prejuízos

Atualmente, na maior parte dospaíses desenvolvidos da Europaas crianças e adolescentes sãoem geral respeitadas em seusdireitos: estudam, brincam e sepreparam de forma adequadapara a vida adulta. Mas nemsempre foi assim. Embora otrabalho infantil seja constantena história da humanidade,ganhou evidência a partir daRevolução Industrial, nosséculos XVIII e XIX.

Segundo o historiadorThompson (1987, p.202-24) naInglaterra, por exemplo, houveuma intensificação drástica daexploração do trabalho decrianças entre 1780 e 1840,período em que astransformações na produçãoestavam em curso, com aintrodução do sistema defábrica. Crianças trabalhavamnas minas de carvão e nasfábricas, “(...) quase todasdoentias, franzinas, frágeis,além de andarem descalças emal vestidas. Muitas nãoaparentavam ter mais de 7anos”, escreveu um médico,sobre as que trabalhavam emuma fábrica em Manchester.

As jornadas eram longas, tantoquanto as dos adultos, variandode 12 a 15 horas diárias. Ossalários eram muito baixos,apenas um complemento para apequena renda familiar; e asfábricas, sujas, escuras, malventiladas.

Embora o trabalho infantil nãofosse novidade já nessa época,segundo Thompson (1987) adiferença entre o que era antesrealizado, no âmbito familiar, e

com o trabalho, elas aindanão são emancipadas, sendoalugadas e seus saláriosrecebidos pelos pais ouresponsáveis (Documentosparlamentares ingleses, apudSão Paulo, 1978).

O fato é que, a despeito daopinião dos ricos, queconsideravam as criançastrabalhadoras nas fábricas“ativas”, “laboriosas” e “úteis”(sendo afastadas dos parques epomares), os anos de 1830 a1840 foram de intensa agitaçãooperária pela melhoria dascondições de trabalho eredução da jornada, tanto dosadultos quanto das crianças.Comitês pela Redução daJornada foram criados,“encorajando a dignidade (...) eexplicando o valor da educaçãopara os não-instruídos”. Omovimento de apoio às criançasoperárias cresceu e ganhouadeptos em outros setores dasociedade. Thompson,na condição dehistoriador ecidadão inglês,conclui sua análisedizendo que “aexploração dascrianças, naescala e naintensidadecom que foipraticada,representouum dosacontecimentosmais vergonhososda nossa história”.

Trabalho infantil na Inglaterra,séculos XVIII e XIX

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MENINA EXTRAI RESINA DE PINHEIRO. ITAPETININGA - SP

COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.1

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Direitos dacriança e doadolescenteOs direitos da criança e doadolescente no Brasil são asseguradosna Constituição Brasileira eespecificados no ECA - Estatuto daCriança e do Adolescente. Fruto deum processo democrático, demobilização e organização popularpoucas vezes visto na história dasociedade brasileira, o ECA representao esforço de diversos setores sociaiscomprometidos com a causa dainfância e juventude. Durante aelaboração da Constituição de 1988,diversos grupos de pressão emovimentos sociais organizadosdenunciaram a situação desumana eviolenta a que estavam submetidasgrandes parcelas da população decrianças eadolescentes pobres do país econseguiram aprovar dois artigosconstitucionais sobre os direitos dainfância e juventude, que vieram aservir de base para a elaboração doECA em 1990.

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Nesse sentido, falar do ECA implica falar dosmovimentos sociais que, de alguma maneira, re-sistiram à ditadura militar e, no início da décadade 80, cresceram e se articularam politicamente,nas áreas de educação, saúde, habitação, infân-cia e juventude, entre outras. A principal bandei-ra desses movimentos era a democratização dasociedade brasileira e a melhoria das condiçõesde vida da população. Sua expressão maior veioa ser o novo texto constitucional (que substituiuo que estava em vigor desde 1969, consideradoautoritário e centralista). Nesse contexto, os mo-vimentos especificamente voltados para a infân-cia e juventude promoveram intenso debate quelevou, em março de 1988, à formação do FórumNacional Permanente de Entidades Não-Gover-namentais de Defesa dos Direitos da Criança edo Adolescente (Fórum DCA). O esforço reunidodesses setores comprometidos com a defesa dainfância e juventude culminou na importanteemenda popular “Criança prioridade nacional”,incorporada nos artigos 227 e 228 da Constitui-ção Federal – que, por sua vez, foram fundamen-tais para a elaboração de uma lei específica re-gulando os assuntos da infância e juventude, oECA, promulgado em 1990.

Um olhar retrospectivo permite visualizar queas lutas e negociações travadas no Brasil pela con-quista dos direitos da criança e do adolescenteestão inseridas no contexto das lutas internacio-nais – o que não quer dizer que o que ocorria noBrasil fosse apenas reflexo do que estava sendodiscutido no mundo. Já em 1924, a Declaraçãode Genebra determinava “a necessidade de pro-porcionar à criança uma proteção especial”. Damesma forma, a Declaração Universal dos Direi-tos Humanos, das Nações Unidas (ONU, [2000])afirmava o direito da criança a cuidados e assis-tência especiais. Estes foram finalmente consoli-dados na Declaração dos Direitos da Criança,adotada pela Assembléia Geral das Nações Uni-das em 1959 (ONU, 1959 – ver cartaz 1).

O ECA - ESTATUTO DACRIANÇA E DOADOLESCENTEO ECA pretende assegurar, a toda criança e ado-lescente, o direito básico de viver – desenvolver-sesaudavelmente, educar-se e receber proteção. Con-trariando a tradição brasileira de estabelecer o or-denamento jurídico a partir “de cima” (quase sem-pre atendendo aos interesses dos segmentos do-minantes da sociedade), o ECA resultou desse pro-cesso de mobilização dos setores sociais compro-metidos com a mudança, tanto na maneira de“ver” a criança e o adolescente quanto no atendi-mento a lhes ser dedicado. Assim, sua redaçãoevitou o termo “menor”, o que representou umamudança radical em relação à legislação anteriorsobre o assunto, o Código de Menores. O termo“menor”, de larga utilização no senso comum, naimprensa e mesmo na pesquisa científica, inicial-mente associado à idade, passou a assumir cono-tação estigmatizante, designando principalmentecrianças pobres, abandonadas, ou que incorriamem delitos, generalizando-se daí por diante parareferir-se a crianças e adolescentes oriundos dascamadas populares e em situação de miséria. Subs-tituir o termo “menor” por criança e adolescenteé, portanto, uma atitude política e filosófica deresistência e não-discriminação.

Nesse sentido, o ECA representa uma mudançade paradigma na área da infância e da juventude,na medida em que incorpora uma nova concep-ção de criança e adolescente – como sujeitos dedireitos – na perspectiva da proteção integral, emcontraposição à concepção anterior, em que eramdefinidos por suas carências. Pensar a infância e aadolescência nessa perspectiva significa reconhe-cer que, nessa fase da vida, crianças e adolescen-tes necessitam de atendimento e cuidados espe-ciais para se desenvolver plenamente; e essas ne-cessidades constituem direitos do conjunto dessesegmento social, sem discriminação de qualquertipo.

O principal aspecto do ECA é especificar os direi-tos da criança e do adolescente no que diz respei-to à vida e saúde, à liberdade, respeito e dignida-de, à educação, cultura, esporte e lazer, e à profis-sionalização e proteção no trabalho. Além disso,explicita claramente a condenação legal contratoda e qualquer forma de ameaça ou violação dosdireitos, sob forma de violência, exploração, dis-criminação ou negligência, responsabilizando opoder público pela implementação de políticassociais “que permitam o nascimento e o desenvol-vimento sadio e harmonioso, em condições dig-nas de existência” (Art. 7o). O Estatuto tambémassegura às crianças e adolescentes o direito à con-

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vivência comunitária e familiar, à livre expressãode opiniões e crenças; o direito de brincar, de pra-ticar esportes e de se divertir. Cabe aos adultospreservar-lhes a integridade física, moral e psíqui-ca, pondo-os a salvo de qualquer tratamento de-sumano, violento ou constrangedor.

Dois direitos assegurados pelo ECA, em especial,interessam-nos aqui: o direito à educação e a pro-teção no trabalho. Entre os maiores ganhos doEstatuto está o reconhecimento do princípio dacentralidade da educação. O direito à educaçãocomo direito do cidadão criança e adolescente ecomo dever do Estado e da sociedade tem sidoum instrumento poderoso na exigência do direitode acesso à escola pública e gratuita, próxima daresidência, em igualdade de condições de acessoe permanência, assegurando-se também o direitoa programas suplementares de material didático-escolar, transporte escolar, alimentação e assistên-cia à saúde. Cabe ao Estado oferecer ensino fun-damental, obrigatório e gratuito, buscar a pro-gressiva extensão da obrigatoriedade e gratuida-de para o ensino médio, além de assegurar a ofer-ta de creche e pré-escola para as crianças de até6 anos. O Estatuto determina ainda que deve seroferecido ao adolescente trabalhador ensino no-turno regular e atendimento especializado paraos portadores de necessidades especiais, estabe-lecendo a obrigação dos pais de matricular seusfilhos na escola e definindo como direito dos res-ponsáveis participar da definição das propostaseducacionais. Na perspectiva aqui adotada, essedireito é tão importante que é tratado em tópicoà parte, adiante.

No que se refere ao trabalho, o capítulo V doECA é inteiramente dedicado ao tema. Embora oEstatuto tenha definido a idade mínima de 14anos para a admissão ao trabalho, legislaçãoposterior (Brasil, 2000a), como já mencionado,determinou a idade mínima de 16 anos; o traba-lho da criança de 0 a 14 anos permanece termi-nantemente proibido; e ao adolescente entre os14 e 16 anos é facultado o trabalho na condiçãode aprendiz.

Ao ingressar em um emprego, o adolescente mai-or de 16 anos tem todos os direitos asseguradosao trabalhador na CLT (carteira de trabalho assi-nada, salário, repouso semanal remunerado, fé-rias, recolhimento do Fundo de Garantia por Tem-po de Serviço, direitos previdenciários etc.).

É possível o adolescente com mais de 14 anos tra-balhar como aprendiz, sendo a aprendizagem rea-lizada pelos Serviços Nacionais de Aprendizageminstalados em todo o país, por organizações cre-denciadas de ensino profissionalizante ou na pró-pria empresa, desde que supervisionada pelos ór-gãos públicos responsáveis das Secretarias de Edu-

cação e Delegacias do Trabalho e que sejam ob-servadas as regras de proteção ao trabalho previs-tas na CLT. O Estatuto determina, porém, em seuartigo 68 sobre o trabalho educativo, que as exi-gências pedagógicas relativas ao desenvolvimen-to pessoal e social do educando prevaleçam sobreo aspecto produtivo.

A única possibilidade de trabalho para o adoles-cente sem vínculo de emprego é a condição deestagiário. Mas essa forma de aprendizagem pro-fissional é regida por legislação específica, queestabelece entre outras coisas que haja compati-bilidade entre a atividade do estágio (“parte prá-tica”) e o horário escolar (“parte teórica”), nãodevendo a jornada de estágio ultrapassar seishoras diárias, objetivando priorizar a freqüênciaà escola diurna.

Para fazer valer os direitos que arrola, o ECA tam-bém determina a criação de um sistema de garan-tia de direitos e de proteção integral, o que signi-fica dizer que não apenas descreve os direitos, mascria mecanismos para que os mesmos possam serassegurados na prática. A proteção integral obri-ga a que todas as políticas sociais se articulem paraviabilizar o atendimento às necessidades da crian-ça e do adolescente. A exigibilidade torna legítimaa defesa comunitária desse atendimento por meiodos Conselhos de Direitos (nacional, estaduais emunicipais) e dos Conselhos Tutelares. Cabe aosConselhos de Direitos formular e definir políticaspúblicas para a infância e juventude, financiadascom recursos da União, dos estados e municípios.Em cada município deve haver um Conselho Mu-nicipal e um Fundo da Criança e do Adolescente.Apesar de serem instrumentos democráticos, épreciso fiscalizar as políticas formuladas pelos con-selhos, bem como o destino dos recursos do Fun-do. Os Conselhos Tutelares são órgãos autônomose permanentes, encarregados de garantir o res-peito aos direitos de todos as crianças e adoles-centes. É composto por cinco membros eleitos pelaprópria comunidade que têm como atribuições,dentre outras, atender crianças e adolescentescujos direitos foram ameaçados ou violados, apli-cando as devidas medidas de proteção; atender eaconselhar pais e responsáveis; requisitar serviçospúblicos nas áreas de saúde, educação, serviço so-cial, previdência, trabalho e segurança. Vale lem-brar que somente a autoridade judiciária tem po-der para rever as decisões do Conselho Tutelar (maisde uma década depois da promulgação do ECA,porém, o papel dos conselheiros de direitos e tu-telares ainda é pouco entendido por diversos se-tores da sociedade).

O Estatuto institui pois direitos dos quais não po-demos abrir mão – e tampouco podemos deixarde lutar para sua efetiva implementação.

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3 Desde a década de 80 movimentos de educadores pleiteavam o resgateda importância da escola pública de qualidade e acessível a todos, emconfronto com visões então predominantes, que viam a escola basica-mente como instrumento de perpetuação das elites. As CBE –Conferên-cias Brasileiras de Educação – surgiram da aproximação entre associa-ções de professores das redes públicas de ensino e entidades ligadas àpesquisa e ao ensino universitário, tendo representado importante es-paço para a ampliação dos debates que vinham ocorrendo na área edu-cacional. Realizadas entre 1980 e 1988, “tiveram papel de destaque,pois foi a partir delas que se consolidou uma posição em defesa doensino público e da melhoria da qualidade do ensino (...) visando ademocratização da educação” (Setubal et al., 2001, p.22).

Direito à educação,direito à infância

Em todos os países que lutam pela elimina-ção do trabalho infantil, é consenso que a po-breza é a principal causa do ingresso precoce dascrianças no mundo do trabalho. As famílias, pre-midas pela miséria, muitas vezes não encontramalternativas a não ser buscar a complementaçãode renda por meio do trabalho dos filhos. Por-tanto, o combate a essa forma de exploração nãopode ser dissociado de outras políticas que te-nham como objetivo intervir na diminuição dapobreza. E uma das maneiras de incidir sobre apobreza é propiciar mais e melhor educação àscamadas pobres. Estudos recentes demonstramque o baixo índice de escolaridade da populaçãogera e realimenta as desigualdades sociais e aconcentração de renda. Investir na educação bá-sica é uma estratégia para reduzir as desigualda-des e melhorar a qualidade de vida da popula-ção (Barros et al., 1990).

No Brasil, a luta pela prevenção e eliminaçãodo trabalho infantil está centrada na garantia dodireito à educação básica, associada a outrasações, como complementação da renda familiare implantação e desenvolvimento de programassocioeducativos no período complementar à es-cola.

Organismos internacionais e nacionais, pes-quisadores e educadores não se cansam de res-saltar a importância da educação na formaçãode cidadãos. Educados, estes estariam melhor ca-pacitados a enfrentar as exigências de uma so-ciedade cada vez mais complexa: uma sociedadeque exige das pessoas assumir uma postura queimplica discernir, escolher e se posicionar frenteàs mais diversas informações e situações da rea-

lidade. Certamente um requisito básico para essemodo de estar no mundo é a existência de parâ-metros éticos que sirvam de balizamento à mul-tiplicidade de escolhas que se colocam no dia-a-dia dos indivíduos. A questão que então se colo-ca é: qual educação poderia dar conta dessesdesafios?

Entre os organismos internacionais, a UNES-CO, por meio do Relatório da Comissão Interna-cional sobre Educação para o Século XXI, coor-denado por Jacques Delors (1998) aponta a ne-cessidade de a educação estar apoiada numaconcepção de aprendizagem que contemple oaprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser. Aperspectiva é a de que os cidadãos acessem eapreendam os conhecimentos construídos e a-cumulados socialmente, que compreendam eatuem criticamente na realidade social não sómais próxima, como também na mais ampla, nosentido de sua modificação, preservação ou am-pliação das conquistas sociais. Trata-se, portan-to, de incorporar os conhecimentos à própria prá-tica, ao próprio fazer-se no dia-a-dia. Para isso, énecessário desenvolver competências pessoaisque envolvem flexibilidade, criatividade e pre-disposição para um contínuo processo de apren-dizagem.

Também internacionalmente foi firmada, em1990, a Declaração Mundial sobre Educação paraTodos (conhecida como EFA, sigla em inglês deeducação para todos, Education For All) no âm-bito de conferência organizada por agências daONU (UNICEF, 1990). Esse documento, do qualo Brasil é signatário, determina que toda pessoadeve poder se beneficiar de uma formação quecompreenda tanto os instrumentos de aprendi-zagem essenciais (leitura, escrita, expressão oral,cálculo, resolução de problemas) quanto de con-ceitos, atitudes e valores indispensáveis à convi-vência social saudável. No Brasil, em consonân-cia com a EFA e como resultado de movimentosde educadores que a antecederam3 , foi elabora-

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do o Plano Nacional de Educação para Todos,um conjunto de diretrizes que orienta a imple-mentação das políticas educacionais no país.

Uma das metas do Plano, já alcançada em pra-ticamente todas as regiões do país, é a universa-lização do acesso à escola fundamental – o queinclui o acesso das crianças e adolescentes detodas as camadas sociais, impedindo que a apro-priação do conhecimento por uma parte da so-ciedade seja utilizada como instrumento de ex-clusão social de milhares de crianças e jovens.

Mas uma educação que contribua para a in-clusão social deve contemplar tanto a democra-tização do acesso às instituições educacionaisquanto a permanência na escola, com aprendi-zagem efetiva. E isso ainda não foi alcançado,como atestam os elevados índices de repetênciae evasão escolar. Para as crianças trabalhadoras,como se viu, esses índices são ainda mais eleva-dos, o que reforça a necessidade de combater otrabalho infantil, que dificulta o acesso à escola,cada vez mais fundamental para o exercício dacidadania.

É importante, entretanto, considerar que o di-reito à educação não se reduz à freqüência à es-cola formal. Embora esta constitua espaço privi-legiado para o desenvolvimento do processo edu-cativo, a sociedade e o Estado podem e devemassumir suas responsabilidades no sentido de criar

outros espaços de educação e socialização paracrianças e jovens, que não apenas o escolar. De-senvolver plenamente o potencial presente emcada criança não é tarefa somente da escola, masda família e da sociedade como um todo. Os pro-gramas socioeducativos que se desenvolvem nohorário oposto ao da escola têm a função de criaroportunidades para que crianças de famílias debaixa renda pratiquem esportes, desenvolvamatividades artísticas e culturais, desenvolvam com-petências sociais, brinquem e tenham seuestudo acompanhado. A intenção não é a desubstituir ou repetir o que a criança faz na esco-la, mas complementar e enriquecer a educaçãoque ela recebe de seus professores e familiares.Vale lembrar que as crianças de outros estratossociais se aprimoram em aulas particulares, fre-qüência a clubes, bibliotecas, museus, teatros etc.Complementar a educação daquelas crianças écontribuir para a maior eqüidade nas oportuni-dades educacionais. Assim, parte dos esforçospara combater o trabalho infantil devem ser des-tinados a fortalecer essas ações complementaresà escola. Nessa perspectiva é que se justifica a lutapor uma escola de qualidade que garanta o in-gresso, regresso, permanência e sucesso da crian-ça e, ao mesmo tempo, a luta por espaços, públi-cos ou não, que ofereçam oportunidade de aces-so e prática de esporte, arte, cultura e lazer.

Viver a infância, ir à escola e ter possibilida-des concretas de desenvolver atividades compa-tíveis com a faixa etária em que se encontramsão condições necessárias ao pleno desenvolvi-mento das potencialidades das crianças e ado-lescentes. E um tipo especial dessas atividadessão as brincadeiras.

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As brincadeiras são universais,estão presentes na história dahumanidade ao longo dostempos, fazem parte da culturade um país, de um povo.Achados arqueológicos doséculo IV a.C., na Grécia,descobriram bonecas emtúmulos de crianças. Háreferências a brincadeiras ejogos em obras tão diferentescomo a Odisséia de Ulisses e oquadro Jogos infantis, de PeterBrueghel, pintor flamengo doséculo XVI. Nessa tela de 1560,são apresentadas cerca de 84brincadeiras que ainda hojeestão presentes em diversassociedades. No Brasil, muitasdelas podem ser encontradasno repertório das crianças dediversas regiões do país; porexemplo, “cabra-cega” e “bocade forno” parecem ser variantesdas brincadeiras “galinha–cega”e “o-chefe-mandou”,representadas naquele quadro.Mas há também diferenças nosjogos, brincadeiras ebrinquedos ao longo dahistória, no interior das culturase entre as classes sociais. Assim,pode-se dizer que o brincar, aomesmo tempo, expressa aquiloque há de universal epermanente na infânciahumana e as peculiaridades de

uma determinada cultura ougrupo social.

Uma forma de brincar é o faz-de-conta das crianças, quecomeça muito cedo pelaimitação dos adultos. Aoexercê-lo, a criança vai seapropriando das vivênciascotidianas, internalizando essasexperiências e tornando-as suas.Essa é uma das formas de acriança explorar, experimentar econhecer o mundo e a realidadeque a circunda. Quando brincade bonecas está re-apresentando o cuidar queexperimenta da mãe, estávivendo esse papel em seusaspectos cognitivos e afetivos;no faz-de-conta pode exercerdiversos papéis para, dessaforma, melhor compreendê-los.E, à medida que esse processose amplia com a participação deoutras pessoas, a criança vaiaprendendo a lidar comdiferentes situações, aestabelecer relações entre ela eo outro, ao mesmo tempo quese diferencia deste.

A importância do brincarAs brincadeiras como cantigasde roda, cabra-cega, queimadae os diversos tipos de atividadesesportivas e jogos comofutebol, xadrez ou damas, porexemplo, apresentam situaçõespré-estabelecidas, não sãocriadas por um indivíduo emparticular. Portanto, nãoexpressam diretamenteaspectos de suas própriasvivências. Mas nelas também acriança experimenta emoções evivências comuns a todos osindivíduos, simbolicamenterepresentadas, e aprende arespeitar regras e limites, aconviver com o outro. Alémdisso, nas brincadeirastradicionais a criança entra emcontato com experiênciaspassadas, que fazem parte dahistória da cultura em que vive.Dessa forma, brincando – semestar exercendo funções adultas– a criança elabora sentimentos,fantasias, angústias, medos,aprende a se relacionar com omundo e a se apropriar dahistória do grupo social de quefaz parte – e da história dahumanidade.

O brincar tem hoje suaimportância reconhecida porestudiosos, educadores,organismos governamentaisnacionais e internacionais. ADeclaração Universal dosDireitos da Criança (aprovadana Assembléia Geral das NaçõesUnidas em 1959), no artigo 7o,ao lado do direito à educação,enfatiza o direito ao brincar:“Toda criança terá direito abrincar e a divertir-se, cabendoà sociedade e às autoridadespúblicas garantir a ela oexercício pleno desse direito”.

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Em 1961, foi criada a IPA –Associação Internacional peloDireito de Criança Brincar. Dezanos depois, em 1971, a IPA foireconhecida pela UNESCO epassou a agir de acordo comseus princípios.

O direito de brincar também éexplicitado no ECA: referindo-se

ao direito à liberdade, o art. 16inciso 4 reafima o direito a“brincar, praticar esportes edivertir-se” (Cury et al., 1992,p.63).

A dimensão lúdica na vida dascrianças e adolescentes, porém,não é valorizada apenas porespecialistas, mas por elas

próprias, conforme se podeverificar nestes depoimentos:

Na rua só durmo em grupo.Tenho meu grupo certo detrês amigos e a gente estásempre junto. De noite agente dorme junto, e de diaa gente brinca junto,também. A gente gostamuito de brincar de picula,porque é uma brincadeiralegal e alegre.(depoimento colhido porAtaíde, 1996, p.89)

Nunca teve festa no dia domeu aniversário. Desde queeu era pequeno que euqueria muito ter um bolo nomeu aniversário… queriaconvidar meus amigos parauma festa (…) mas issonunca aconteceu porquenunca sobrava dinheiro emcasa para festinhas…(depoimento colhido porAtaíde, 1996, p.95)

Pode-se compreender, pois,como o trabalho precoce, aodificultar não só os estudos mastambém o brincar, inviabilizaou restringe as possibilidadesde desenvolvimento dascrianças, sua preparação parase tornarem adultos e cidadãossaudáveis, críticos eparticipativos.

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SISALEIRO (7 ANOS) ESTENDENDO FIBRAS PARA SECAGEM. LAGOA DO BOI - BA

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Contrapondo-seao trabalhoinfantilVimos que o trabalho infantil já foipreconizado como “solução” para osproblemas da infância pobre. E,agora, é reconhecido universalmentecomo um grave problema, reveladorda situação de miséria e exclusãosocial vivida por milhares de famílias.A mudança nesse modo de olhar aquestão vem acontecendolentamente. No Brasil, surge doesforço de grupos organizados,movimentos sociais, sindicatos ediversas instituições, especialmente apartir da década de 90.

Estudos acadêmicos, reportagens-denúncia, levantamentos estatísticos,seminários e debates foramrealizados. Aos poucos, a discussãoganha corpo, torna-se pública e aquestão “Trabalho infantil” vemconstituindo mais um dos problemasque a sociedade brasileira precisaenfrentar e propor alternativasvisando sua superação.Recapitulamos algumas das açõesque pontuam essa luta.

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O Fórum Nacionalde Prevenção e Erradicaçãodo Trabalho InfantilEsse organismo, criado em 1994, é composto por re-presentantes de organizações não-governamentais egovernamentais, de trabalhadores, empresários, mem-bros da Igreja Católica e dos poderes legislativo e ju-diciário. Além dessas instituições, conta com a parti-cipação de organismos internacionais, como a OIT eo UNICEF.

Seu objetivo é discutir as ações de prevenção e erradi-cação do trabalho infantil, visando garantir o cumpri-mento da legislação em vigor no país. O Fórum pro-põe-se a atuar como articulador entre os diversos pro-jetos e programas no âmbito das esferas federal, es-tadual e municipal, buscando assegurar o acesso, apermanência e o sucesso das crianças na escola. Seusintegrantes acreditam que uma atuação coerente noque diz respeito ao trabalho infantil deve procurar me-lhorar as condições de vida das famílias e não somen-te das crianças, contemplando os aspectos básicos desaúde, educação e trabalho.

O Fórum Nacional constitui o mais amplo e impor-tante espaço de discussão sobre a questão da pre-venção e erradicação do trabalho infantil no Brasil,não apenas por congregar os diversos segmentos so-ciais, mas por seu caráter democrático.

A Marcha GlobalContra o Trabalho InfantilPartindo da África do Sul, do Brasil e das Filipinas, aMarcha percorreu 80 mil quilômetros, de janeiro ajunho de 1998. Em 29 de maio desse ano, 600 pes-soas, dentre as quais 104 crianças e adolescentes re-presentando seus pares dos quatro continentes, reu-niram-se na sede da OIT na Suíça. Foi o ponto culmi-nante das mobilizações, caminhadas e encontros rea-lizados nos diversos países do mundo, envolvendomilhares de pessoas. A maioria dos meninos e meni-nas participantes era de ex-trabalhadores, resgatadosde lixões, das ruas, de pequenas e grandes planta-ções, de fábricas e de outros sorvedouros da infânciapobre e desatendida por esse mundo afora.

A presença dessas crianças e adolescentes na Marchacontribuiu para chamar a atenção da opinião públicamundial para a necessidade da eliminação do traba-lho infantil, que persiste no início do novo milênio.Também permitiu a essas crianças e jovens aparecer,resgatando-os da invisibilidade e deixando que suaprópria voz ecoasse pelo mundo, anunciando que épreciso e possível mudar essa realidade, de modo agarantir-lhes o direito a uma infância digna.

CHEGADA DA MARCHA GLOBAL EM GENEBRA, 1998

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O PETI – Programade Erradicaçãodo Trabalho InfantilO PETI, vinculado à SEAS – Secretaria de Estado deAssistência Social do Ministério da Previdência e As-sistência Social, foi lançado em 1996, como uma dasprimeiras ações concretas resultantes de denúncias ereivindicações relacionadas ao trabalho de crianças noBrasil. Surgiu com a perspectiva de eliminar as pioresformas de trabalho de crianças e adolescentes no país.

A primeira experiência foi implantada em 1996, nascarvoarias do Mato Grosso do Sul e, nos anos seguin-tes, nos canaviais de Pernambuco e na região sisaleirada Bahia. Em 1998 o programa atingia as regiões ci-trícolas do Sergipe, um garimpo de Rondônia e cana-viais do Rio de Janeiro. Em 1999 passou a contemplaros estados de Alagoas, Espírito Santo, Pará, Paraíba,Rio Grande do Norte e Santa Catarina.

O público alvo do PETI são as famílias em condiçõesde miséria, com filhos na faixa de 7 a 14 anos querealizem trabalhos considerados perigosos, insalubres,penosos ou degradantes. Seu principal instrumento éa “Bolsa Criança-Cidadã”, que complementa a rendadas famílias com R$ 25,00, desde que estas mante-nham os filhos freqüentando escola; propicia aindauma série de atividades socioeducativas para além dohorário normal das aulas (jornada escolar ampliada).

O programa visa garantir condições mínimas para quea família promova o atendimento de suas necessida-des fundamentais e não precise da renda gerada pelotrabalho das crianças. Em dezembro de 2000,362.000 crianças e adolescentes estavam sendo aten-didas pelo PETI, em 590 municípios de 26 unidadesda Federação.

Apesar de o PETI apresentar concretamente resulta-dos positivos, devemos considerar alguns problemasem sua operacionalização. O programa tem um cará-ter emergencial, uma vez que não é acompanhadode políticas mais efetivas voltadas para superar a in-justa distribuição da renda no país, situação essa res-ponsável pela permanência das condições que impe-lem as crianças para o trabalho precoce. As idadesdeterminadas para inclusão e desligamento do pro-grama (7 a 14 anos) atuam como limitador da abran-gência da população atendida. Há casos de criançasque, ao serem excluídas do programa por completa-rem 15 anos, retornam ao trabalho nas mesmas con-dições de ilegalidade anteriores, apesar de a legisla-ção proibir o trabalho para os menores de 16 anos.

As políticas públicas nas áreas de educação, saúde,trabalho, justiça, emprego e renda, entre outras, apre-sentam um grau de articulação ainda incipiente como PETI, dificultando uma ação intergovernamentalmais efetiva no combate ao trabalho infantil. Algunsmunicípios não estabelecem parcerias estáveis com

os governos estaduais e federal, o que inviabiliza açõesdo PETI em determinadas localidades.

Frente aos dados alarmantes, já expostos, em quecrianças e adolescentes de 5 a 16 anos exercem diver-sas atividades econômicas, contrariando a legislaçãoe, principalmente, comprometendo seu desenvolvi-mento biológico, psicológico e social, o governo con-segue atingir, com o PETI, uma reduzida parcela des-ses pequenos trabalhadores.

O Mapa de indicativosdo trabalho de crianças eadolescentes no BrasilEm 1996, o Ministério do Trabalho e Emprego rea-lizou em todo o país, por meio das Delegacias Regio-nais do Trabalho, um levantamento detalhado da in-cidência de trabalho infantil, por regiões e estadosbrasileiros. Foi produzido um diagnóstico preliminar,com informações sobre o tipo de atividade, as tarefasrealizadas, as condições de trabalho e os riscos à saú-de e à segurança das crianças. Esses dados, atualiza-dos e complementados, foram reunidos no documen-to Mapa de indicativos do trabalho de crianças e ado-lescentes (Brasil, 1999), com novas informações so-bre o assunto, incluindo dados a respeito dos municí-pios onde ocorreu redução do emprego da força detrabalho infantil.

Esse documento, sem dúvida, é importante por for-necer dados que contribuem para a implementaçãode ações visando a erradicação do trabalho infantil.Contudo, as denúncias decorrentes dessa pesquisa ea correspondente fiscalização têm sido insuficientespara coibir a atuação dos empregadores, responsá-veis pelo gesto fundamental: dar emprego a crianças,em vez de a adultos.

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Mobilização dos trabalhadores: opapel de centrais sindicais,confederações e sindicatosOs sindicatos introduziram em primeira instância aquestão do trabalho infantil na pauta do movimentosocial em defesa dos direitos da criança. As centraissindicais (CUT, CGT, Força Sindical), com o apoio doprograma IPEC da OIT, iniciaram em 1992-1993 umacampanha para a conscientização de sindicalistas emobilização da sociedade. Além de enfatizar os direi-tos negados às crianças, promoveram a realização deseminários para sindicalistas, encontros e caravanasde crianças trabalhadoras, voltados para a denúnciae a pressão direta junto ao governo (Carvalho, 2000).As centrais sindicais e as confederações de trabalha-dores (CONTAG, por exemplo), integraram-se ao Fó-rum Nacional de Prevenção e Erradicação do Traba-lho Infantil desde a sua formação, em 1994.

Organizações sindicais realizaram estudos que subsi-diaram, entre outras ações, a discussão para a for-mulação de políticas públicas pertinentes, programasde atendimento às crianças e a inclusão da questãodo trabalho infantil nos contratos coletivos de traba-lho. Também promoveram cursos de capacitação dostrabalhadores a respeito da cidadania das crianças, oque os fortalece para participarem mais ativamenteem conselhos como de direitos da criança, de assis-tência social, entre outros.

A CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadoresem Educação, parceira da OIT neste projeto –, visan-do ampliar o engajamento de educadores e suas or-ganizações no combate ao trabalho infantil, vem de-senvolvendo atividades como:

realização de uma pesquisa, em cinco estados brasi-leiros, envolvendo a comunidade local, famílias, edu-cadores e governo, que resultou em uma cartilhaespecífica sobre o tema (CNTE, 1999);

participação nas marchas estaduais, nacional e glo-bal contra o trabalho infantil;

inserção de representantes nos Conselhos da Crian-ça e do Adolescente em nível nacional e estadual,interferindo nas políticas públicas de atendimentoà população infanto-juvenil;

participação no debate sobre a questão da impu-tabilidade penal;

participação no Fórum Nacional de Prevenção eErradicação do Trabalho Infantil.

Além dessas, várias outras atividades vêm sendo de-senvolvidas nos sindicatos de base e em conjunto comoutras frentes que buscam a adesão dos vários seg-mentos da sociedade (governo, empresários, educa-dores, trabalhadores em geral) à luta para prevenir eerradicar esse mal que compromete por inteiro o fu-turo da nação.

Participação dos empresários:a Fundação ABRINQCriada em 1990, a Fundação ABRINQ incluiu a lutapela eliminação do trabalho infantil no rol de suaspreocupações a partir de 1995. Dentre outras ações,criou o selo “Empresa Amiga da Criança”, destinadoàs empresas que respeitam a legislação referente aotrabalho infantil. Também procura atuar sobre as ca-deias produtivas, isto é, acompanhar todas as fasesde produção de um determinado item, desde a maté-ria-prima até o produto final, com o intuito de detec-tar a existência de exploração do trabalho infantil.

Recentemente, a Fundação ABRINQ aumentou as exi-gências relativas ao compromisso com a infância, parareconhecer uma empresa como “Amiga da criança”.Trazendo o tema do combate ao trabalho infantil parao âmbito da discussão sobre a responsabilidade socialdas empresas, amplia-se o engajamento do empresa-riado na defesa dos direitos das crianças e adolescen-tes, estimulando também o envolvimento do setorprodutivo em programas educacionais locais.

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ConsideraçõesfinaisRefletir sobre soluções que, de algumamaneira, enfrentem a realidade dotrabalho infantil implica,principalmente, discutir a urgência deuma política econômica queredistribua a renda de maneira maisjusta, promovendo as reformasestruturais necessárias e implantandoprogramas específicos para as famíliasem situação de pobreza extrema, paraerradicar de maneira definitiva aprática do trabalho infantil no país.Tais medidas devem estender a todosos brasileiros condições dignas demoradia, uma educação pública dequalidade e um sistema de saúdeeficiente.

Essas são ações de caráter político-institucional, mas muito tambémpode ser feito no cotidiano, porcidadãos comuns. Não basta discutire refletir sobre as condições em queuma imensa parcela de crianças ejovens estão sendo precocementeinseridos no mundo do trabalho. Épreciso agir e propiciar condições paraque o problema seja efetivamenteresolvido. Cada qual com sua parcelade contribuição e responsabilidade,governos, empregadores, trabalhadorese suas organizações, organizações dasociedade civil e as próprias famíliasdevem empenhar-se no objetivocomum de garantir a todas as criançase adolescentes os direitos asseguradosna Constituição brasileira.

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.1

Quadro 1: Incidência de Trabalho Infantilpor regiões do Brasil e estados da Federação, segundo atividade econômica,tarefas executadas e condições de trabalho

REGIÃO NORREGIÃO NORREGIÃO NORREGIÃO NORREGIÃO NORTETETETETE

Atividade/incidênciaAtividade/incidênciaAtividade/incidênciaAtividade/incidênciaAtividade/incidência TTTTTarararararefas geralmente executadasefas geralmente executadasefas geralmente executadasefas geralmente executadasefas geralmente executadas Condições de trabalho a que estão submetidosCondições de trabalho a que estão submetidosCondições de trabalho a que estão submetidosCondições de trabalho a que estão submetidosCondições de trabalho a que estão submetidosnos estadosnos estadosnos estadosnos estadosnos estados adultos e criançasadultos e criançasadultos e criançasadultos e criançasadultos e crianças

Indústria de móveis Cortar, lixar e pintar madeiras Ambientes insalubres, falta de equipamento de proteção,(Acre, Amazonas e para fabricação de móveis contato com produtos tóxicos, falta de anotação em carteiraTocantins) de trabalho

Pecuária (Acre) Limpeza dos currais, ordenha e Jornada excessiva de trabalho, transporte de carga excessivaalimentação dos animais e falta de registro na carteira de trabalho

Cerâmica e Olaria Coleta do barro, transporte de Trabalho realizado em galpões úmidos, ritmo de trabalho(Acre, Amazonas, lenha para alimentação do forno acelerado e repetitivo, jornada excessiva eRondônia e Tocantins) falta de registro na carteira de trabalho, luminosidade

e instalações sanitárias inadequadas, máquinas sem proteçãodas polias e baixa remuneração.

Engraxate Atividade autônoma, realizada Longos percursos em busca de clientes, má alimentação,(Amazonas e Rondônia) em ruas, praças, bares e pontos trabalho em locais de risco e proibidos como bares

de ônibus e boates

Madeireira e Serrarias Serviços gerais – limpeza de Falta de anotação na CTPS, descumprimento do período de(Acre, Amazonas e entulhos, coleta de pó de descanso intrajormnada, falta de condições de higiene,Pará) serragem, e manuseio de serra exposição a ruído e poeira vegetal, contato com produtos

circular. químicos, manuseio de máquinas perigosas,Laminadores – corte laminar, não-fornecimento de água potável e instalações sanitáriassecagem e colagem de lâminas, inadequadascarregamento e empilhamento

REGIÃO NORDESTEREGIÃO NORDESTEREGIÃO NORDESTEREGIÃO NORDESTEREGIÃO NORDESTE

Fumicultura Plantio, colheita, secagem e Jornada excessiva, manuseio de agrotóxicos, falta(Alagoas, Bahia, ensacamento do fumo de registro na carteira de trabalhoParaiba)

Pedreira (AL, BA, Extração, beneficiamento, corte, Trabalho a céu aberto, falta de água potável e instalaçõesCE,MA, PE, PI) polimento e carregamento de sanitárias; carga e jornada excessivas

pedras

Agricultura canavieira Plantio manual, queima do Não fornecimento de água potável e alimentação, falta de(AL, BA, CE, canavial, corte e carregamento instalações sanitárias adequadas, transporte em veículosMA, PB, PI,PE) dos caminhões inadequados e jornada excessiva de trabalho

Cultura do sisal Corte do sisal, carregamento Ruído excessivo junto às máquinas, jornada longa(BA,CE,PB) para “batedeira”, Uso dessa de trabalho, máquinas sem proteção, alta concentração de poeira,

máquina para desfibramento, e falta de registro na carteira de trabalhotransporte para secagem

Anexo

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REGIÃO CENTRO-OESTEREGIÃO CENTRO-OESTEREGIÃO CENTRO-OESTEREGIÃO CENTRO-OESTEREGIÃO CENTRO-OESTE

Catador de papel Recolhimento em carroça com Trabalho insalubre, risco de acidentes de trânsito,ou sem animal de papel e baixa remuneração e transporte de pesopapelão dos lixos dosescritórios e dos orgãos públicos

Produção de carvão Manutenção dos fornos, Trabalho noturno, jornada excessiva, remuneraçãovegetal (GO,MS) ensacamento, corte das madeiras por produção e exposição a variações bruscas de temperaturas

e carregamento dos caminhões

Agricultura (GO,MS) Limpeza, plantio, colheita e Transporte inadequado, uso de instrumentos cortantes,transporte com cargas excessiva jornada excessiva, manuseio de agrotóxicos e falta de registro na

carteira de trabalho

REGIÃO SUDESTEREGIÃO SUDESTEREGIÃO SUDESTEREGIÃO SUDESTEREGIÃO SUDESTE

Extração de pedra Extração, quebra, corte, polimento Insalubridade, perigo de acidentes, jornadabrita, mármore e granito e carregamento de pedra excessiva, falta de condições sanitárias, trabalho a(ES,RJ,SP) céu abertoMineração (MG*) *Manipulação inadequada de explosivos

Cafeicultura (MG,SP, Colheita e transporte de cargas Falta de registro em carteira de trabalho e jornadaES*) pesadas excessiva

*Manuseio de produtos tóxicos

Agricultura canavieira Plantio manual, queima do Não fornecimento de água potável e alimentação,(ES,MG,RJ,SP) canavial, corte e carregamento falta de instalações sanitárias adequadas,

dos caminhões transporte em veículos inadequados e jornadaexcessiva de trabalho

Construção civil Ajudante de pedreiro e Falta de registro na carteira de trabalho, não(ES,MG,SP) carregamento de entulho em fornecimento de água potável e jornada excessiva

carrinho de mão

REGIÃO SULREGIÃO SULREGIÃO SULREGIÃO SULREGIÃO SUL

Extração do calcário Corte, beneficiamento e Falta de máscaras, de protetores para o ouvido epolimento jornada excessiva

Avicultura Abate, tratamento, embalagem, Falta de registro na carteira de trabalho e jornada excessivacoleta dos ovos

Indústria calçadista Trançagem do couro, colagem Atividade exercida em “pequenos ateliês” emda sola e outros componentes, alguns casos localizados no próprio domincílio.limpeza da sola com produtos Por essas razões, não há controle de jornada dequímicos, pintura e lixamento trabalho, de proteção contra riscos à saúde

(exposição a produtos químicos) e à segurança(manuseio de ferramentas cortantes), dentre outros aspectos.

Plantio e corte de Plantio e corte Falta de registro na carteira de trabalho, jornadapinus (SC) excessiva, transporte inadequado e falta de água potável.

Fonte: Mapa de indicativos do Trabalho da Criança e do Adolescente. Brasília: Ministério do Trabalho eEmprego/Secretaria de Inspeção do Trabalho, 1999.

No que diz respeito especificamente aos riscos e à segurança à saúde, a entrada precoce no universo do trabalho expõemilhares de crianças e adolescentes às seguintes situações:contaminação pela água, intoxicação por diversos produtosquímicos, doenças no aparelho auditivo e respiratório, postura inadequada, dermatoses, lesão por esforços repetitivos.

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Ver sugestão de trabalho com este mapa à p.6 do volume 2

BRASIL

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NFANTIL GUIA

ALHO INFANTIL GUIA PARA ED

O TRABALHO INFANTIL GUIA PARA EDUCAD

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Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil - IPEC

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHOEscritório no Brasil

ISBN 92-2-811040-6

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Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHOEscritório no Brasil

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Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação

REALIZAÇÃO

Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária

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2Sugestões deAtividades

CENPEC - Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária

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Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil - IPEC

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHOEscritório no Brasil

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Copyright © Organização Internacional do Trabalho (2001)

1a edição, 2001

As publicações da Organização Internacional do Trabalho gozam da proteção dos direitos depropriedade intelectual decorrente do protocolo 2 anexo à Convenção Universal sobre Direitos Autorais.Trechos pequenos podem ser reproduzidos sem autorização, desde que a fonte seja mencionada. Parareprodução de trechos maiores ou tradução, solicitações devem ser encaminhadas a OIT – OrganizaçãoInternacional do Trabalho, Departamento de Publicações (Direitos autorais e licenças), CH-1211 Genebra22, Suíça. Solicitação de exemplares, catálogos ou listas de publicações para o endereço acima ou:OIT – Escritório no Brasil, Setor de Embaixadas Norte, Lote 35, 70800-400 Brasília DF, Brasil, tel. (xx61)426-0100 fax (xx61) 322-4352, e-mail [email protected].

As designações usadas nas publicações da OIT e a apresentação de matérias nelas incluídas, segundo apraxe das Nações Unidas, não significam, da parte da OIT, qualquer juízo com referência à situação legalde qualquer país ou território ou de suas autoridades, nem à delimitação de suas fronteiras.A responsabilidade por opiniões expressas em textos assinados, estudos e outras contribuições recaiexclusivamente sobre seus autores; sua publicação não constitui endosso da OIT às opiniões aíconstantes.

OIT – Escritório no Brasil

Direção Armand Pereira

Coordenação Nacional do IPEC-Brasil Pedro Américo Furtado de Oliveira

Coordenação do Projeto Moema Prado

Material elaborado pelo CENPEC para o escritório da OIT no Brasil, no âmbito do Projeto “Professores, educadores esuas organizações na luta contra o trabalho infantil”/IPEC

CENPEC Centro de Estudos e Pesquisas em Educação,Cultura e Ação ComunitáriaR. Dante Carraro 68 Pinheiros05422-060 São Paulo SP Brasilhttp://www.cenpec.org.br

Presidência Maria Alice SetubalCoordenação geral Maria do Carmo Brant de CarvalhoCoordenação de Área Isa Maria F. R. Guará – e-mail: [email protected]ção do Projeto Lúcia Helena NilsonConsultoria Walderez Nosé HassenpflugAutoria (v.2) Gilberto Pamplona da Costa (Geografia), Luiza Inês M. de Freitas e

Maria Clara S. Pacheco (Ciências), Maria Terezinha T. Guerra (Arte),Ronilde Rocha Machado (História), Zoraide I. Faustinoni da Silva(Língua Portuguesa)

Edição de texto Tina Amado e Guy AmadoEdição de arte Eva Paraguassú Arruda Câmara, José Ramos Néto e

Camilo de Arruda Câmara RamosIlustração Luiz MaiaFotografia Iolanda HuzakFotolito Grupo RV2Impressão Cromosete

Apoio CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em EducaçãoSetor de Diversões Sul, Edif. Venâncio III, sala 101/470393-900 Brasília DFwww.cnte.org.br

Organização Internacional do TrabalhoCombatendo o trabalho infantil : Guia para educadores / IPEC. –Brasília : OIT, 2001. : il.

Conjunto formado por 2 volumes, cartazes e jogov.1: Combate ao trabalho infantil – 48 p.v.2: Sugestões de atividades – 64 p.

Produção CENPECISBN 92-2-811040-61.Trabalho infantil. I. OIT II. IPEC. III. CENPEC.

Com base no conjunto: “Child labour: an information kit for teachers,educators and their organizations” ILO/IPEC (ISBN 92-2-111040-0).

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Sumário4 Introdução

9 História10 Ativ.1 Crianças e adolescentes devem trabalhar?11 Ativ.2 Panorama do trabalho infantil no Brasil atual13 Ativ.3 Por que crianças e adolescentes trabalham?15 Ativ.4 Trabalho infantil no passado: crianças escravas e operárias16 Ativ.5 Os direitos da criança e do adolescente18 Ativ.6 Outros jeitos de ser criança19 Sugestões de leitura

21 Português22 Ativ.1 Jornal mural: organização inicial24 Ativ.2 Produção dos textos para o mural25 Ativ.3 Jornal falado26 Ativ.4 Poemas27 Ativ.5 Histórias, personagens e cenários29 Ativ.6 Organizando o evento final29 Referências bibliográficas

31 Ciências32 Ativ.1 Conhecendo seus direitos33 Ativ.2 O direito à saúde34 Ativ.3 Os catadores de lixo36 Ativ.4 Prostituição infantil37 Sugestões de leitura

39 Geografia40 Ativ.1 Criança não trabalha41 Ativ.2 Representações do trabalho infantil42 Ativ.3 O trabalho infantil na comunidade43 Sugestões de leitura

45 Arte46 Ativ.1 Criando um símbolo47 Ativ.2 Divulgando nossas idéias49 Ativ.3 Quem canta seus males espanta?50 Ativ.4 Não desligue o televisor51 Referências bibliográficas

52 Textos para reprodução para os alunos53 História56 Português61 Ciências63 Geografia

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

IntroduçãoNeste volume estão reunidas sugestões deatividades a ser desenvolvidas em sala de aula,em sua escola ou organização, de modo aenvolver também a comunidade em torno daescola. As atividades estão organizadas pordisciplina do currículo e destinam-se a alunoscursando o ensino fundamental (1a a 8a séries).

Esta proposta pretende incentivar o aluno aestudar o tema pesquisando, refletindo ediscutindo com colegas, formando novosconceitos, posturas e atitudes frente aotrabalho infantil. Quanto aos educadores,tendo-se apropriado dos conteúdos do volume1, acreditamos que estejam em condições deanalisar a natureza do problema local(contextualizando-o no nível nacional) e possamcontribuir para aumentar o grau deconscientização de alunos, pais e comunidadesobre o tema. Esperamos que todos osenvolvidos com as atividades aqui propostas seengajem no combate ao trabalho infantil evalorizem ainda mais a educação, organizando-se para defendê-la e expandir as oportunidadeseducacionais na comunidade, encarando-acomo um direito sagrado de todos.

Acreditamos que a temática do trabalhoinfantil, por sua abrangência, oferece condições

de ser estudada de forma interdisciplinar, demodo que os conhecimentos sejam integradose contextualizados, o que, por sua vez, permiteo desenvolvimento de conceitos, habilidades evalores de forma articulada. Em outras palavras,estas atividades podem constituir um projetopolítico-pedagógico – um assunto de relevânciasocial em torno do qual se articulam atividadesem todas as disciplinas, em toda a escola.

No entanto, as atividades são aqui apresentadaspor disciplina, tendo em vista a estrutura denosso sistema de ensino, em que da 5a à 8a

série cada professor ministra disciplinadiferente. Os professores de 1a a 4a sériepoderão facilmente proceder à integração aquivisada, enquanto os das séries finais irãoarticular-se para tratar do tema com as classesde forma harmoniosa – buscando aindaintegrar as classes entre si, de modo a envolvertoda a escola.

As disciplinas aqui contempladas são: História,Português, Ciências, Geografia e Arte.Professores das demais (assim como atividadesem outras áreas, no caso das séries iniciais)poderão integrar-se ao projeto desenvolvendoatividades que contribuam para oenriquecimento da aprendizagem: emMatemática, por exemplo, podem serconstruídos gráficos semelhantes, ou analisadosos que constam do volume 1; em Educação

EMBALANDO UVA - BA TRANSPORTANDO TIJOLOS - SP

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Física, pode-se abordar o tema salientando aimportância das atividades físicas e do lazer paraa saúde física e psíquica e mostrando como, emconseqüência de certas atividades impostas àscrianças e adolescentes que trabalham, suasaúde e desempenho ficam comprometidos; emlíngua estrangeira, podem ser feitas pesquisassobre o trabalho infantil nos países onde alíngua é falada, como também apreciar poemasou canções que tratem do tema...

As atividades foram pensadas para ser feitascom todos os alunos; em cada uma, indicamosformas alternativas de desenvolvê-las comclasses da 1a à 4a séries e da 5a à 8a do ensinofundamental. Você, professor, certamentesaberá adequá-las à situação específica de seusalunos. O ponto de partida é a problematizaçãoda realidade, isto é, o levantamento dequestões para orientar um novo olhar, tendocomo base o que o aluno já sabe e as pesquisase reflexões individuais e coletivas sobre o tema.

No desenvolvimento das atividades, alunas ealunos serão convidados a participar de maneiracriativa e crítica, manifestando-se no coletivo daclasse, em pequenos grupos ouindividualmente. Provavelmente, apresentarãoopiniões variadas e até divergentes sobre ainserção precoce de crianças no mercado detrabalho. Isso é natural e reflete as diferentesformas de lidar com essa questão na sociedade.

Por isso mesmo, em um primeiro momento,todos devem ser ouvidos e poder externar suasopiniões com liberdade; no decorrer dasatividades, irão ter contato com informações eidéias com as quais irão dialogar e refletir,levando em consideração o que já pensavam esabiam, incorporando os novos conhecimentosa que estarão tendo acesso.

Um cuidado e sensibilidade especial deve sermantido em relação aos alunos que trabalham.Sabemos que, em muitas famílias, a únicaalternativa que vislumbram para superardificuldades econômicas é encaminhar criançase adolescentes para o mercado de trabalho.Nesse caso, o aluno não pode serestigmatizado, nem seus familiares. Ouça-ocom respeito e favoreça um clima desolidariedade em classe. Explique que esseestudo vai ajudá-los a compreender de maneiramais ampla a questão do trabalho infantil e apensar juntos nas formas pelas quais se podeorganizar e lutar para resolver esse grandeproblema.

Por fim, é importante respeitar suas idéiase opiniões e considerar que nem todoscompreenderão, ao mesmo tempo,a dimensão de tragédia social envolvida notrabalho infantil. Aprender é processo.E um processo que é conduzido de formarespeitosa tende a ser verdadeiro e a ter sucesso.

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

PLANEJANDOAS AÇÕES INICIAISNão existe, como se sabe, uma forma única derealizar um trabalho. No entanto, o trabalho pla-nejado, discutido e organizado coletivamente temmais chances de dar certo. É importante planejaras etapas de implementação desse projeto. O queapresentamos a seguir é uma entre outras possi-bilidades de desenvolver as ações em sua escolaou organização. Você, melhor do que ninguém,conhece sua realidade e sabe qual o melhor cami-nho a seguir.

O primeiro passo é conhecer este material e pla-nejar sua discussão e apropriação pela comunida-de escolar. Para isso, pode-se formar uma comis-são com integrantes da escola, que se encarrega-rá do estudo preliminar. O ideal é que o diretor,líder da equipe docente, faça parte desse grupo.

Na etapa seguinte, a comissão define como será aimplantação do projeto para toda a comunidade

escolar e apresenta seus planos para discussão eaprovação pelo Conselho Escolar, APM, Caixa Es-colar, Grêmio Estudantil e outras instâncias cole-giadas. Deve-se prever a duração do projeto, defi-nir um cronograma de trabalho, tarefas e respon-sabilidades.

A comissão deve se preparar para enfrentar even-tuais discordâncias e atitudes de defesa do traba-lho infantil. Num primeiro momento, deve ouvir eacolher todas as opiniões, para depois apresentarargumentos. O importante é manter um clima deliberdade e confiança que favoreça o diálogo, astrocas, o crescimento de todos.

Após a aprovação do projeto, é hora de planejar aintrodução do tema aos demais professores e fun-cionários da escola. Talvez possam ser aproveita-das as reuniões de planejamento já previstas nocalendário escolar. A equipe deve cuidar para queo tema do trabalho infantil não venha a constituirum apêndice, mas que seja incorporado ao proje-to pedagógico da unidade escolar. A própria co-missão ou um grupo de professores pode cuidarda elaboração das pautas e da coordenação dasreuniões, prevendo estratégias que propiciem odebate de idéias e a participação ativa de todos.Na escola, todos os funcionários (secretários, pes-soal administrativo, serventes, merendeiras, inspe-tores de alunos, vigias etc.) devem ser incluídosnesse trabalho pois, ao entrar em contato com ascrianças e jovens, exercem uma ação educativa;além do mais, muitos deles residem na própriacomunidade e são uma referência da escola paraos demais moradores, podendo contribuir para seuenvolvimento.

Uma sugestão é reunir a equipe para desenvolver,todos juntos, a atividade 2 de Geografia para alu-nos maiores, “Representando o trabalho infantilpor meio de mapas” (p.41). Usando o QuadroAnexo e o mapa do Brasil reproduzido na últimapágina do volume 1, a equipe irá desenhar ou ins-crever, nos lugares correspondentes, texto ou sím-bolo das principais formas de trabalho infantil aíencontradas. Com isso, terão idéia mais concretada dimensão dessa realidade no país e estarão maismotivados para desenvolver as atividades com osalunos.

O passo seguinte é a apresentação do tema aos alu-nos. O lançamento do projeto pode ocorrer, porexemplo, em um evento especial que reúna toda acomunidade, em cada turno separadamente, ou ain-da em cada classe. É preciso garantir que todos te-nham clareza dos resultados que se quer alcançar.

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Sugerimos que tudo o que foi aprendido na se-mana em cada classe seja divulgado para as ou-tras, possibilitando ampliação de saberes e o en-volvimento coletivo. Pode-se marcar periodicamen-te (por exemplo, uma vez por semana) uma reu-nião de todas as classes do período ou turno paraque contem o que aprenderam sobre o trabalhoinfantil, que descobertas e reflexões o tema pro-vocou. Os alunos podem criar um nome para esseencontro semanal, como Trabalho infantil em foco.A criação de um jornal mural por classe ou perío-do, ou agregando todas as classes, é uma das ati-vidades sugeridas para reunir e socializar informa-ções e aprendizados.

O desenvolvimento do tema é uma ocasião propí-cia para ampliar os vínculos com a comunidade,sensibilizar outras pessoas e instituições, convidan-do-as a participar ativamente do estudo do tema.Pode-se localizar pessoas que tenham vivência ouconhecimento sobre trabalho infantil para enrique-cer a aprendizagem, como familiares de alunos quetenham passado pela situação de trabalhador in-fantil e relatem fatos interessantes; ou especialis-tas no assunto, de organizações governamentaisou não, juízes, promotores, advogados, médicos;conselheiros dos Conselhos Tutelares e/ou da In-fância e Juventude; pessoas de associações de bair-

ro ou ligadas às igrejas, a clubes de serviço, a ins-tituições de atendimento à infância e juventude.Assim, por meio do estudo do tema, vai se for-mando um grupo de parceiros e interessados emdesenhar e implementar ações que visem a pre-venção e eliminação do trabalho infantil na comu-nidade. Seria ideal envolver também outras esco-las da região, delegacias de ensino, com a colabo-ração do sindicato dos trabalhadores em educa-ção, além das secretarias de educação, saúde, as-sistência social, trabalho etc.

Ao final do projeto, sugerimos a realização de umevento comunitário de encerramento, com expo-sição das produções dos alunos, apresentação demúsicas, poemas alusivos ao tema, e/ou uma en-cenação de peça de teatro, elaborada pelos alu-nos com orientação dos professores. A atividade6 de Português detalha a organização desse even-to. Na verdade, este pode marcar o início de umamobilização permanente, envolvendo escola e co-munidade, para atuar em relação ao trabalho in-fantil. É preciso definir estratégias de ação que vi-sem conhecer e dar apoio aos alunos que traba-lham e estudam e estender a ação para as outrascrianças que estão fora da escola, qualquer queseja o motivo, trazendo-as de volta para o ambien-te escolar.

É importante que os resultados do projeto sejamavaliados por todos os integrantes, por meio dequestionários, entrevistas, depoimentos etc., visan-do identificar que conhecimentos, atitudes e valo-res novos foram desenvolvidos; o que mudou; oque foi bom, o que poderia ter sido melhor etc.Um resultado muito positivo será a inclusão dotema no currículo da escola e a mobilização perma-nente da comunidade escolar para combater o tra-balho infantil existente e prevenir que se expanda.

Do projeto também pode resultar um diagnósticodas crianças e adolescentes matriculados na esco-la que exercem algum tipo de trabalho. Conhe-cendo-se as condições em que esse trabalho é exer-cido, podem-se adotar medidas a curto, médio elongo prazos para assegurar a essas crianças o di-reito ao desenvolvimento integral.

Ao final deste volume, para facilitar a reprodução,reunimos textos, gráficos ou outros materiais quesugerimos sejam copiados para os alunos, ao de-senvolver as diversas atividades. Os textos foramnumerados na ordem em que são mencionados.Assim, os textos 1 a 5 são para atividades de His-tória, os de números 6 a 13 de Português etc. Guie-se pelo Sumário para encontrá-los rapidamente.

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

MENINA (13 ANOS) RETIRA CARVÃO DO FORNO. RIBAS DO RIO PARDO - MS

COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

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HistóriaPropomos aqui uma seqüência de atividadespara serem desenvolvidas com suas classes,visando propiciar reflexão a respeito dotrabalho de crianças e adolescentes, no Brasile no mundo. Outras atividades poderão sercriadas por você, ao reconhecer a importânciadesse e de outros assuntos relevantes darealidade brasileira, na composição docurrículo de História de sua escola.

O ordenamento das atividades inicia-se coma exploração da noção mais ampla detrabalho para, depois, introduzir essa formaparticular e condenável, que é o trabalhoinfantil. Em seguida, o tema éproblematizado na forma como se apresentano Brasil atual – por meio de fotografias,pesquisas na comunidade e textos. Com basenos conhecimentos propiciados por essavisão do trabalho infantil no presente,voltamos o olhar ao passado, para buscarcompreender por que essa forma de trabalhopersiste até nossos dias e por que ainda évista de maneira tão natural. Nessa busca,resgatamos um pouco da experiência dascrianças escravas e trabalhadoras nas fábricas(no início do século XX); textos e imagenspermitem ressaltar o significado individual ecoletivo dessas experiências. Do passado,novamente por meio de fotografias,documentos de época e outros textos,retornamos ao presente. Esse movimento trazuma dimensão de historicidade que ajuda aampliar a compreensão do que foi e é otrabalho infantil: uma forma de exploraçãodesenfreada e desrespeitosa, por parte deempregadores, que põem seus lucros acimade qualquer consideração de natureza éticaou de justiça social. A volta ao presente traztambém um novo olhar para as crianças eadolescentes: são sujeitos de direitos, quedevem ser assegurados pela família, pelasociedade e pelo Estado – principalmente,são sujeitos do direito à infância, tempo emque estudar e brincar são atributosessenciais, sua razão de ser.

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Atividade 1

Crianças e adolescentesdevem trabalhar?Objetivo: para iniciar o diálogo com os alunossobre o trabalho de crianças e adolescentes,sugerimos uma conversa sobre o trabalho emgeral; em seguida, uma sensibilização sobre otrabalho infantil, para, finalmente, abrir adiscussão sobre o que pensam a respeito. Antesde desenvolver esta atividade, releia a seção “Oque é trabalho infantil?”, às p.13-14 do volume 1.

Material necessário: papel pardo, pincelatômico, cartaz 2.

PPPPPara classes da 1ara classes da 1ara classes da 1ara classes da 1ara classes da 1aaaaa à 4 à 4 à 4 à 4 à 4aaaaa séries séries séries séries sériesObservando os adultos trabalhadores daescola

Convide os alunos a circular um pouco pelaescola, observando os adultos e as atividadesque estão realizando. Leve-os à cozinha, aopátio, à diretoria, à secretaria.

Em classe, peça que contem o que viram: qual aatividade, quem estava realizando, para quê.Peça que descrevam ou imitem os movimentosrealizados pelas pessoas. Explique-lhes que asatividades observadas são chamadas de trabalho.Escolha uma delas (a preparação da merenda,por exemplo) e pergunte: qual era o cardápio,que produtos estavam sendo utilizados. E deonde vieram esses produtos. É importanteperceberem que no trabalho, de modo geral, hátransformação. O milho foi transformado em fubáque virou uma gostosa polenta para o lanche...

Terminando essa exploração, sugira à classepensar na seguinte questão: a escola poderiafuncionar com todos os adultos estudando e ascrianças trabalhando, nas tarefas queobservaram? Por quê? Provavelmente, os alunosirão perceber que as tarefas não são adequadas

para serem feitas por crianças: usar fogão,manusear grandes panelas pesadas, varrer umpátio imenso...

Observando fotografias de criançastrabalhando

Afixe na parede ou na lousa o cartaz 2 (Umarealidade que precisa mudar), com fotografiasde crianças trabalhando. Peça que observemcom atenção as fotos e as descrevam livremente.Depois, pergunte qual palavra indica o que todasas crianças nas fotos estão fazendo (trabalho).Desafie-os a expressar a grande diferença emrelação ao que observaram na escola. Comcerteza, irão perceber que crianças como elasestão quebrando pedras, colhendo cana efazendo outras atividades, que deveriam serfeitas por adultos.

Pergunte-lhes se acham que isso está certo e porquê. Anote as respostas na lousa e, se jádominam a escrita, peça para anotarem nocaderno. Caso contrário, registre suas respostasnuma folha de papel pardo e deixe-a fixadanuma parede da sala.

Finalmente, como tarefa de casa, solicite queconversem com um/a adulto/a com quemconvivem e perguntem sobre seu trabalho: o quefaz, como faz, por que faz, se gostam, com queidade começaram a trabalhar e por quê. Peça pararegistrarem as respostas no caderno (ou guardarbem na memória, se ainda não escrevem), paraconversar sobre o assunto numa próxima aula.

PPPPPara classes da 5ara classes da 5ara classes da 5ara classes da 5ara classes da 5aaaaa à 8 à 8 à 8 à 8 à 8aaaaa séries séries séries séries sériesChuva de palavras: trabalho e seus diferentessentidos

No centro da lousa ou quadro de giz, escreva apalavra TRABALHO. Peça aos alunos para falarpalavras, expressões ou pequenas frases quepossam ser associadas a essa e vá anotando-asna lousa. Em seguida, organize a classe emgrupos e oriente-os a formar, com as palavras oufrases anotadas, conjuntos que tenham sentidoparecido, obedecendo a um critério estabelecidopor eles. Por exemplo: conjunto 1, legal,gostoso, criativo; conjunto 2, chato, exploração,cansativo; conjunto 3, necessário para viver; etc.Dê a cada grupo uma folha de papel pardo paraanotarem os conjuntos formados, verificando seestão agrupados de maneira coerente com ocritério que combinaram. Peça que dêem umtítulo a cada conjunto. Terminando, convide-os aapresentar o que fizeram aos colegas e, depois,a afixar as folhas na parede. Na discussão

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coletiva sobre estas, certifique-se se ficou claropara eles o sentido atribuído ao trabalho (dehumanização, alienação e outros), comosugerido no texto mencionado do volume 1.

Observando fotografias de criançastrabalhando

Peça para observarem as fotos do cartaz 2 eanotar no caderno: a autora de cada foto e olocal onde foi tirada; informe que as fotos foramcopiadas do livro de Iolanda Husak e Jô Azevedo,Crianças de fibra (Paz e Terra, 2000). Depois,proceda como na orientação para as sériesiniciais (acima), explorando mais detalhes: olugar retratado, a expressão do rosto e do corpodas crianças. Sugira que comparem as criançasdas fotos com as que conhecem. Hásemelhanças? Há diferenças? Por quê?

Quando terminarem, organize a classe emgrupos, propondo que discutam a seguintequestão: É justo crianças e adolescentestrabalharem? Marque um tempo, depois formeum círculo e peça aos grupos para apresentarsuas conclusões. Registre as idéias formuladaspor eles, pois serão retomadas no decorrer daatividade. Peça também para registrarem emseus cadernos. Aproveite para perguntar naclasse se algum aluno trabalha ou se játrabalhou e peça para contar sua experiência.Deixe-os à vontade para falar, sem fazerapreciações críticas em relação a isso. Maspergunte a eles por que “resolveram” (outiveram de) trabalhar tão cedo.

Finalmente, divida a classe em dois grandesgrupos e proponha aos integrantes de um grupo(A) que façam uma entrevista com algumacriança ou jovem (menor de 16 anos) quetrabalha e não estuda. Aos do outro grupo (B),que entrevistem uma criança ou jovem quetrabalha e estuda (também menor de 16 anos).Organize com eles um roteiro com as perguntasque irão fazer. Certifique-se de que as questões dejornada de trabalho, local, atividade realizada,condições de trabalho, salário e tipo de empresasejam contemplados nesse roteiro. Oriente-os aperguntar aos entrevistados que estudam se ofato de trabalhar ajuda ou prejudica orendimento na escola, explicando as razões.Também é importante perguntar aosentrevistados dos dois grupos por que trabalham.Alerte-os para não fazerem muitas perguntas,para facilitar o trabalho de tabulação. Lembre-osde anotar as respostas dos entrevistados e dê umprazo para realizar as entrevistas de modo apoderem analisar os resultados na aula seguinte.

Atividade 2

Panorama dotrabalho infantil noBrasil atualObjetivo: perceber a magnitude do problemado trabalho infantil – na comunidade, por meiode informações obtidas em entrevistas; no Brasil,pela leitura e interpretação de textos e dadosestatísticos. Como subsídio para esta atividade,releia o capítulo “Trabalho infantil no Brasilatual”, p.19-23 do v.1.

Material necessário: papel pardo, mapa doBrasil, cartolina, papel sulfite, pincel atômico,lápis de cor; para 5a a 8a séries, Textos 1, 2 e 3.

PPPPPara classes da 1ara classes da 1ara classes da 1ara classes da 1ara classes da 1aaaaa à 4 à 4 à 4 à 4 à 4aaaaa séries séries séries séries sériesComece essa aula retomando com os alunos aconversa com uma pessoa adulta com quemconvivem. Peça para contarem sobre o tipo detrabalho realizado por essas pessoas e anote asrespostas na lousa.

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Em seguida, promova uma atividade declassificação, solicitando aos alunos,coletivamente, que agrupem os diferentes tiposde trabalho segundo um critério dado por você,que pode ser “trabalho no campo” ou “trabalhona cidade”, ou ainda trabalho na lavoura, emfábrica ou prestando serviços.

Peça-lhes então para descrever as atividadesrealizadas (o que as pessoas fazem) e comenteas respostas às demais perguntas, destacando osaspectos mais significativos. Registre o que forpossível na lousa, indicando para fazerem omesmo em seus cadernos.

Finalmente, avise-os de que as respostas àpergunta “com que idade começaram a trabalhare por quê” serão retomadas na aula seguinte.

Conhecendo alguns tipos de trabalho infantilno Brasil

Leia para a classe o Texto 3 sobre Francisco, de11 anos (é o mesmo transcrito do capítulo“Trabalho infantil e direito à infância”, no v.1).Converse sobre o que entenderam: onde moraFrancisco (ajude-os a localizar o Ceará no mapado Brasil, caso sua escola fique em outro estado);como é seu trabalho; em que lugar ele trabalha;e como são as condições de trabalho. Informeaos alunos o salário de Francisco,R$ 18,00.

Mostre à classe novamente o cartaz 2, paraidentificarem um trabalho semelhante ao deFrancisco; peça que observem maisdetalhadamente a situação mostrada na foto.Aproveite para contar mais sobre outras formasde trabalho infantil no Brasil: no corte da cana,no sisal, em carvoarias e em muitos outroslugares. Proponha que pensem um pouco eprocurem responder: Por que será que essascrianças trabalham? Será que elas gostariam deestar fazendo outra coisa, como estudar ebrincar? Anote essas respostas numa folha depapel pardo, com o título “Achamos que ascrianças trabalham porque...” , para serretomada na aula seguinte.

Finalmente, organize a classe em grupos e dêuma folha de papel sulfite ou uma cartolina acada grupo, para fazerem desenhos mostrandodiferentes tipos de trabalho infantil. Lembre-os decriar títulos para os desenhos e exponha-os na sala.

PPPPPara classes da 5ara classes da 5ara classes da 5ara classes da 5ara classes da 5aaaaa à 8 à 8 à 8 à 8 à 8aaaaa séries séries séries séries sériesEntrevistando crianças trabalhadoras

Para essa aula, prepare com antecedênciacritérios para a tabulação das respostas dasentrevistas realizadas pelos alunos. Por exemplo,

Jornada de trabalho: até 4 horas ( ); de 4 a 8horas ( ); de 8 a 12 horas ( ).

Local de trabalho: sob o sol ( ); em lugarfechado, como fábrica ou loja ( ); na água ( ).

Comece a aula retomando com os alunos asentrevistas realizadas. Caso nenhum deles tenhaencontrado menores de 16 anos trabalhando,comemore o fato com a classe: pode ser que osdireitos das crianças e adolescentes estejamsendo respeitados, na sua região ou cidade.Nesse caso, passe para a atividade seguinte,discutindo com eles o Texto 1.

Se realizaram as entrevistas, divida a classe emdois grandes grupos, A e B, conforme aentrevista realizada. Copie a chave de tabulaçãona lousa e proceda à classificação das respostasdo grupo A (criança ou jovem que só trabalha),solicitando aos alunos que indiquem quando aresposta que têm combina com o item solicitadopor você. Depois, faça o mesmo com asrespostas do grupo B (estuda e trabalha). Osalunos devem anotar esses resultados nocaderno. Deixe as respostas de caráterqualitativo (aquelas cujas informações nãopodem ser transformadas em números) para ofinal e procure agrupá-las por semelhança,transcrevendo-as na lousa.

Terminando o trabalho de tabulação, estimule-osa analisar os resultados, para obter uma visãomais abrangente sobre o trabalho infanto-juvenilem sua comunidade. Dedique especial atenção àanálise das respostas a “por que os jovenstrabalham” e para a situação dos jovens quetrabalham e estudam. O trabalho ajuda ouprejudica seu desempenho na escola?

O trabalho infantil em outros lugares do Brasil

Reproduza para os alunos o Texto 1, que traznúmeros sobre o trabalho infantil no Brasil.Depois de leitura silenciosa, explore com eles asinformações do texto. Aproveite para contarmais sobre outras formas de trabalho infantil noBrasil: no corte da cana, no sisal, em carvoarias emuitos outros lugares (v. Quadro anexo ao v.1).

Faça um cartaz copiando o Gráfico 1 do v.1(p.17). Ajude os alunos a fazer a leitura einterpretação dos dados apresentados. Depois,organize a classe em grupos e distribua o Texto 2(Gráfico 2). Oriente a análise dos três gráficos (odo cartaz que você fez e dos Textos 1 e 2),discutindo as informações que eles trazem,ressaltando que a menor proporção de meninastrabalhadoras provavelmente se deve ao fato deque o trabalho doméstico realizado por meninas

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

ainda não foi devidamente levantado, em termosestatísticos. Peça para registrarem no caderno asidéias que formularem. Terminando, peça aosgrupos para apresentarem suas conclusões,colocando em discussão as que foremconflitantes.

Distribua o Texto 3 (sobre Francisco, 11 anos) e,após a leitura, converse sobre o queentenderam: as condições de trabalho; o lugarem que é realizado; o salário (peça paracalcularem, considerando a relação dólar/real, ovalor do salário mensal em reais; podemtambém calcular a que porcentagem do saláriomínimo corresponde). Depois, escreva na lousaesta frase, do texto sobre Francisco: “Se a mãevem junto, a produção chega a 60 carrinhos”.Discuta coletivamente: quem está ajudandoquem? De quanto aumenta a produção, comum adulto “fazendo junto”? Essa não seria,então, tarefa para adultos? Certamenteperceberão a perversidade da situação, pois,segundo o texto, é a mãe que ajuda Francisco.Acham isso correto? Atenção, cuidado para nãotransformarem a mãe em “vilã” da história. Peçapara calcularem o ganho semanal quando a mãetambém trabalha. Se o ganho aumenta tantoquando ela “vai junto”, então certamente elanão vai sempre porque não pode. Por que esseempregador não contrata um adulto? O queFrancisco deveria estar fazendo, na sua idade?Registre na lousa as respostas e peça paraanotarem nos cadernos.

Atividade 3

Por que criançase adolescentestrabalham?Objetivo: propiciar reflexão sobre as razões daentrada precoce de crianças e jovens nomercado de trabalho. Para isso, será necessárioindagar sobre as explicações e representaçõesdos diferentes segmentos envolvidos com aquestão: crianças e jovens, os seus pais, osempregadores e os estudiosos do trabalhoinfantil. O que se pretende é ajudar os alunos aquestionarem as justificativas que muitas vezesencobrem a realidade do trabalho de crianças eadolescentes no país.

Material necessário: papel pardo; pincelatômico, lápis de cor; para 5a a 8a séries, Texto 4.

Para classes da 1a à 4a sériesNessa aula, retome com os alunos as respostasdadas na conversa com um adulto da família, arespeito da idade com que começaram atrabalhar e por quê. Verifique com eles quantaspessoas trabalharam antes de 14 anos e queatividade faziam. Peça que comparem essasatividades com as realizadas pelas criançasatualmente, vistas nas fotografias e no textosobre Francisco. São semelhantes? Sãodiferentes? Por quê?

Em seguida, motive-os a falar sobre asexplicações dadas pelos adultos com quemconversaram sobre começar a trabalhar compouca idade. Anote as respostas numa folha depapel pardo, com o título: “Quando eramcrianças, nossos familiares/ conhecidostrabalharam porque...”. Certamente, a maioriadas respostas estarão relacionadas a dificuldadesde sobrevivência na família e isso precisa serproblematizado com os alunos.

Retome as anotações da aula anterior, sobre asexplicações das crianças para o trabalho infantilatualmente. Mostre os dois cartazes feitos emsala: “Achamos que as crianças trabalhamporque...” e “Quando eram crianças, nossosfamiliares trabalharam porque...” e comparemas respostas. O que mudou? O quepermaneceu? Certamente, as crianças irãoperceber o trabalho infantil precoce como ligado

EXTRAINDO RESINA DE PINHEIRO

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às dificuldades das famílias; e, também, que issoacontece há bastante tempo. Pergunte a eles,em seguida, se apenas as famílias sãoresponsáveis por esse problema, trazendo para adiscussão o papel dos empregadores, queexploram o trabalho das crianças como forma deobter mais lucros, pois pagam salários muitobaixos. Retome a situação de Francisco e quantoele ganha. Pergunte a eles se essa situação (de ascrianças precisarem trabalhar tão cedo) poderiaser diferente e o que poderia ser feito, para quefosse diferente. Registre as respostas na lousa epeça para anotarem no caderno.

Finalmente, peça que, em grupos, elaboremcartazes com frases e desenhos a respeito doque pode ser feito pelos governantes, pelosempregadores, pelas famílias, para evitar quecrianças e adolescentes precisem trabalhar desdecedo. Junto com eles, afixe os cartazes pelaescola ou na vizinhança.

Para classes da 5a à 8a sériesNessa aula, os alunos irão refletir sobre amaneira como os diferentes segmentosenvolvidos com a questão do trabalho infantil oexplicam. Retome com eles as respostas dasentrevistas que realizaram, trazendo o ponto devista de crianças ou adolescentes que trabalham.

Exponha à classe, sucintamente, o conteúdo dasseções “O que obriga crianças e adolescentes atrabalhar?” e “Efeitos perversos do trabalhoinfantil” (v.1, p.15-17). Explique-lhes que essa éa opinião dos estudiosos do assunto e da OIT –aproveite para falar um pouco sobre o IPEC e aOIT, as convenções da OIT e a lei brasileira –enfatize o que diz nossa legislação (v.1, p.13).Pergunte se concordam com essas idéias, seacham que ajudam a entender o problema dotrabalho infantil e por quê.

Em seguida, distribua a reprodução do Texto 4(“Justificativas” comuns para o trabalhoprecoce). Depois que todos leremsilenciosamente, alguns alunos podem revezar-sefazendo a leitura oral. Aproveite esse momentopara tirar dúvidas e explicar palavrasdesconhecidas. Organize a classe em um círculoe solicite que destaquem as idéias maissignificativas do texto. Aproveite para compararos argumentos falaciosos que justificam otrabalho infantil com as respostas obtidas nasentrevistas. Depois pergunte: De tudo o queaprenderam até aqui, que posição sobre otrabalho infantil é a mais importante para serdefendida: Apoio? Condenação, mas sem se

envolver com o problema? Condenação,respeitando as pessoas que são obrigadas atrabalhar, mas se comprometendo a participarde alguma forma da luta contra o trabalhoexplorador das crianças? Outras idéias?

Trabalho infantil: mito e realidade

Em seguida, pergunte se alguma criança daclasse trabalha e se gostaria de falar sobre isso.Caso ela concorde, garanta que sua fala sejarespeitada e sua situação de vida não sejadepreciada pelos colegas. Mostre aos alunos quea existência de trabalho infantil entre os colegassó reforça o que foi discutido até esse momentoe revela a necessidade de mudanças urgentesnessa situação. (Depois da aula, Informe sobreos possíveis casos à equipe escolar, para contatoscom a família e encaminhamento a programasde erradicação do trabalho infantil.) Finalmente,sugira que, em grupos, elaborem cartazes comfrases e desenhos a respeito do que pode serfeito pelos governantes, pelos empregadores,pelas famílias, para evitar que crianças eadolescentes precisem trabalhar desde cedo.Junto com eles, afixe os cartazes pela escola ouna vizinhança.

Divida a classe em grupos de cerca de seisintegrantes cada e proponha que criem umahistória sobre a questão do trabalho infantil emseus diferentes aspectos, para ser encenada.Oriente os alunos para criar personagensvariados, lembrando-se de que há diversossegmentos (tipos de pessoas) envolvidos com otrabalho infantil, além das próprias crianças;pensar em lugares ou cenários pertinentes –pedreira, plantação de cana, fábrica, casa dealguém, ou mesmo escola, caso um personagemtrabalhe e estude; cenas podem acontecer emdiferentes lugares; criar um roteiro para ahistória, com começo, meio e fim (desfecho); ereler os textos que já receberam, para ajudar aelaborar as falas dos personagens. Articule-secom os professores de Arte e de LínguaPortuguesa – a Atividade 5 desta última orientaa construção de personagens e cenários.

Marque uma data para a apresentação dosgrupos e dedique um tempo de cada aula paraos grupos trabalharem na elaboração do roteiro,na definição dos personagens, na elaboraçãodas falas, na montagem dos cenários e nosensaios. Na véspera da apresentação, promovaum ensaio geral na classe, para ajudar os alunosnas dificuldades que aparecerem.

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Atividade 4

Trabalho infantil nopassado: criançasescravas e operáriasObjetivo: propiciar reflexão sobre as condiçõesdegradantes a que muitas crianças e jovensforam submetidos no passado, quando inseridosprecocemente no mundo da produção –durante a escravidão (séculos XVI a XIX) e nosistema de fábricas (início do século XX) –, adimensão individual e coletiva dessa experiência;compreender que esse fato contribuiu paraformar uma atitude cúmplice ou conivente paracom essa forma de exploração do trabalho, queé vista de maneira natural até nossos dias. Aoplanejar essa aula, releia o cap.4 do v.1, “O trabalhode crianças no passado brasileiro” (p.25-28).

Material necessário: cartolina branca, lápis decor, cartaz 3; para 5a a 8a séries, reprodução dosdocumentos à p.16.

Para classes da 1a à 4a sériesMostre aos alunos o cartaz 3 e deixe-os observarlivremente as imagens, que mostram criançasescravas e operárias trabalhando. Incentive-os afazer comentários sobre o que chama mais aatenção. Veja se percebem que se trata decrianças que viveram em tempos diferentes, oque pode ser verificado pelas vestimentas,construções e outros aspectos. Aproveite paracontextualizar as fotografias, falando um poucosobre a escravidão e o início da industrializaçãono Brasil.

Oriente-as a observar mais detidamente asimagens. Incentive-as a falar sobre: o tipo detrabalho, o lugar em que está sendo realizado equem está fazendo o quê. Sugira que descrevamas crianças: aspectos físicos, expressões do rostoe do corpo. Anote o que forem descobrindo nalousa e peça para registrarem nos cadernos.

Converse com a classe sobre o que significava sercriança nessas condições. Certamenteperceberão que, no mundo do trabalho, acriança de origem africana era iniciada no longoaprendizado de sua condição de escrava. Contea eles também um pouco do cotidiano dascrianças filhas dos senhores. Informe-os aindasobre as condições de trabalho, a jornada e os

baixos salários das crianças (e adultos) operárias,nessa época.

Reúna os alunos em círculo e discuta as seguintesquestões, considerando a realidade vivida porcrianças escravas e operárias: Será que osproblemas vividos por essas crianças eramsemelhantes ou diferentes dos problemas dascrianças que trabalham atualmente? Quais assemelhanças? E as diferenças? Nessa conversa,destaque a situação especial das criançasescravas: não tinham escolha, sua condição defilhos de escravos determinava seu destino – o deserem também escravos desde seu nascimento.

Por fim, pergunte à classe: E atualmente, seráque todas as crianças vivem a infância da mesmamaneira? Será que todas têm acesso às mesmasoportunidades de brincar, ir à escola, alimentar-se? Registre as hipóteses dos alunos, pois esseassunto será retomado mais adiante.

Para classes da 5a à 8a sériesComece a aula pela análise das fotos de criançasescravas e operárias, no cartaz 3, procedendocomo na orientação para as 1a a 4a séries,propondo ainda que verifiquem quem apareceno primeiro plano das fotografias, como, e oque podem ver ao fundo.

Transcreva na lousa ou em um cartaz osdocumentos (A e B) a seguir sobre a exploraçãodo trabalho de crianças em fábricas, no início doséculo. Depois da leitura silenciosa e oral e doesclarecimento das dúvidas, proceda àidentificação e análise dos dois documentos:datas em que foram escritos, onde forampublicados; quem “fala”, de quem e do que“fala” e por quê.

Organize a classe em grupos e peça parafazerem uma lista das denúncias mencionadasnos dois documentos. Em seguida pergunte, sevivessem naquela época, o que fariam: se fossemuma daquelas crianças; se fossem seus pais; sefossem os empregadores; ou membros dogoverno.

Agora formando um círculo, os gruposapresentam o resultado de suas discussões. Nocoletivo, aproveite para ampliar osconhecimentos, trazendo mais informações eidéias a respeito da exploração do trabalhoinfantil nas fábricas.

Por fim, organize um debate na classe, em tornodas questões: Será que os problemas vividospelas crianças escravas e operárias (da épocaestudada) são semelhantes ou diferentes dos

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

problemas vividos pelas crianças que trabalhamatualmente? Quais as semelhanças? Quais asdiferenças? O que acham que pode ser feitopara eliminar de vez o trabalho infantil no Brasil,garantindo-se a todas as crianças e jovens osdireitos de cidadania? Destaque e discuta asrespostas conflitantes ou muito inadequadas.Registre as respostas na lousa e peça pararegistrarem no caderno.

Atividade 5

Os direitos da criança edo adolescenteObjetivo: informar os alunos sobre a existênciade lei que dispõe sobre a proteção integral dascrianças e adolescentes brasileiras, o ECA –Estatuto da Criança e do Adolescente; divulgaraos alunos os direitos a que todas as pessoas de0 a 18 anos fazem jus, de acordo com essa lei;promover reflexão sobre a relação entre o queestá disposto na lei e a realidade de muitascrianças e jovens no Brasil. Subsídios sobre esseassunto estão no capítulo correspondente dovolume 1 (p.31-35).

Material necessário: cartaz 1, papel pardo,jornais e revistas usados, lápis de cor, tesoura,cola; para 5a a 8a séries, reprodução do Texto 5.

Para classes da 1a à 4a sériesConvide os alunos a falar sobre coisas de queuma criança precisa para viver com dignidade,crescer e se preparar para a vida adulta,montando uma lista no quadro. Ajude-os apensar fazendo perguntas que ressaltem o planodas necessidades. Por exemplo, as criançaspodem responder: “tomar sorvete”. Nesse caso,as perguntas devem ajudá-los a perceber queuma necessidade vital é a alimentação. Depoisde pronta a lista, explique que essasnecessidades mais importantes constituem osdireitos fundamentais assegurados às crianças eadolescentes numa lei chamada ECA (direito àvida, à alimentação, à saúde, à educação, àmoradia e outros).

Leia com a classe os direitos da criança e doadolescente no cartaz 1, explicando o significadode cada um. Converse sobre a efetivação dessesdireitos no bairro ou na cidade: são garantidos atodas as crianças? Por quê? Peça que levantemhipóteses sobre a não-observância dessesdireitos. Explique a quem cabe assegurá-los,segundo o Estatuto: a família, a comunidade, asociedade em geral e o poder público.

Organize-os em grupos e dê a cada grupo umafolha de papel pardo, algumas revistas usadas,tesoura e cola. Peça que escolham um dosdireitos e selecionem nas revistas fotografias oumanchetes de notícias que mostrem situaçõesonde esse direito está sendo observado e outras

Documento A... Por ocasião do recente movimentogrevista, uma das reclamações maisinsistentes dos operários era contra aexploração dos menores nas fábricas. Aliás,não faziam mais do que exigir ocumprimento das leis existentes. Entretanto,os industriais, à exceção da firma (...)continuam a empregar menores emtrabalhos impróprios. Entre eles, podemoscitar nominalmente o Sr.(...), porqueassistimos ontem à entrada de cerca de 60pequenos às 19 horas, na sua fábrica naMoóca. Essas crianças, entrando àquelahora, saem às 6 horas. Trabalham, pois, 11horas a fio, em serviço noturno, apenas comum descanso de 20 minutos, à meia-noite!O pior é que elas se queixam de que sãoespancadas pelo mestre de fiação. Muitosnos mostraram equimoses nos braços e nascostas. Algumas apresentaram mesmoferimentos produzidos com uma manivela.Uma há com orelhas feridas porcontinuados e violentos puxões. Trata-se decrianças de 12, 13, e 14 anos.

(Publicado no jornal operário O combate em1917; extraído de CENPEC, Ensinar e aprender

História v.3: ficha 10, 1998)

Documento BPor conveniência própria, em prejuízo dehonrados pais de família, exploramvergonhosamente meninos aprendizes,usurpando os suores dessas pobres criançaspela miserável quantia de 500, 1$000 e1$500 por dia, enquanto deixam de ladocriminosamente aqueles que têm certaresponsabilidade social, que têm grandeprática do ofício. Mas como reclamar, se ospatrões, no seu egoísmo feroz, preferem oserviço malfeito ao bem feito e correto,desde que corra em seu proveito?

(Publicado em O trabalhador gráfico, 1904;extraído de Rago, 1985, p.142)

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

imagens mostrando o mesmo direito sendodesrespeitado. Devem dividir a folha em duaspartes, colocar um título em cada uma e colar osrecortes de forma criativa, na partecorrespondente. Terminando, peça paraapresentarem seus cartazes. Nesse momento,converse sobre o que pode ser feito quando umdireito está sendo violado: conversar com umadulto da família para que este denuncie àsautoridades. Não se esqueça de combinar comeles um lugar para afixar os cartazes.

Como tarefa de casa, peça às crianças paraconversar com os pais ou um adulto com quemconvivam sobre os tipos de brincadeiras de quemais gostavam quando eram crianças. Devemdescrever como e em que lugar se brincava. Digaaos alunos para registrar essa conversa, parauma atividade em outra aula, adiante.

Para classes da 5a à 8a sériesComece a aula promovendo uma discussãosobre necessidades e direitos, tal como propostoacima para os alunos menores, utilizandotambém o cartaz 1.

Em seguida, distribua reprodução do Texto 5,que traz mais algumas idéias sobre o significadodos principais direitos da criança e do adolescente.Peça para fazerem uma leitura silenciosa edepois oral. Reúna-os em círculo e incentive-os afalar sobre os aspectos mais significativos.

Depois, converse sobre a efetivação dessesdireitos no bairro ou cidade: são garantidos atodas as crianças e adolescentes? Por quê? Peçapara levantarem hipóteses sobre a não-observância desses direitos. Explique a quemcabe assegurá-los, segundo o Estatuto: a família,a comunidade, a sociedade em geral e o poderpúblico. Registre as respostas na lousa,indicando que devem fazer o mesmo noscadernos. Nesse momento, é importanteencaminhar a discussão para aprofundar umpouco mais as razões das constantes violaçõesdos direitos das crianças e adolescentes (emesmo dos adultos), retomando o que já foitrabalhado nas aulas anteriores:a experiência de mais de trêsséculos de escravidão ajudou aformar a idéia de que as elites egovernantes tinham/têmprivilégios, enquanto os setoresdominados da sociedade, apenasdeveres e obrigações, não sendoconsiderados cidadãos portadoresde direitos. Essa situação tem se

modificado muito lentamente, por meio da lutadesses setores desfavorecidos, que têm exigidomais veementemente respeito a seus direitos.Mais ainda há muito a fazer nessa direção, poisser cidadão significa compreender que não bastalutar pelos direitos para si, mas assumir ocompromisso de que os mesmos sejamestendidos a todos. Explique à classe que aConstituição brasileira e o ECA resultaram demuitas lutas de várias pessoas, participantes demovimentos sociais e políticos em prol dosdireitos fundamentais para todos os brasileiros.

Após essa discussão sobre os direitos e suaviolação, proponha que, em grupos, façam umareflexão sobre os possíveis casos de violação dedireitos de que sabem ou ouviram falar, nobairro ou cidade, levantando idéias sobre o quepode ser feito para que esses casos deixem deacontecer. Se necessário, dê dicas: podemprocurar entidades de defesa dos direitoshumanos ou dos direitos da criança e doadolescente; escrever cartas às autoridades domunicípio, do estado ou do governo federal;procurar o Juizado da Infância e Juventude, oConselho Tutelar, entre outros.

Finalmente, proponha que, em grupos, criemum poema ou canção sobre o que foi discutidonessa aula. Se acharem difícil criar uma melodia,podem criar uma letra para ser cantada numamelodia já existente. Incentive-os a escolher umgênero de sua preferência (fazendo, por exemplo,um “Rock da cidadania”, um “Rap da cidadania”ou um “Samba da cidadania”...). Pronta a letra, ésó sair por aí cantando, na sala de aula, na escola,nas festividades do bairro ou da cidade...

Como tarefa de casa, peça aos alunos paraconversar com avós, bisavós ou uma pessoa dacomunidade com mais de 70 anos, perguntandosobre os tipos de brincadeiras de que maisgostavam de participar, quando eram crianças.Devem descrever como era a brincadeira, emque lugar e com quem se brincava. Diga-lhespara registrar a conversa; o registro será usadoem aula a seguir.

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

Atividade 6

Outros jeitos de sercriançaObjetivo: propiciar discussões e atividadeslúdicas que reforcem junto aos alunos aimportância da educação e do brincarcontraproposta ao trabalho infantil; valorizar oprotagonismo dos adolescentes, estimulandosua participação no projeto sobre TrabalhoInfantil na escola; ampliar sua visão sobre aexperiência “de trabalho” na vida cotidiana decrianças em outras culturas, no caso a indígena.

Material necessário: papel sulfite, lápis de cor;cartolina para capa do álbum.

Para classes da 1a à 4a sériesOrganizando um álbum de brincadeiras

Recolha os dados dos alunos obtidos napesquisa sobre brincadeiras, proposta na aulaanterior. Peça para contarem os jogos oubrincadeiras que aprenderam, dizendo como eonde eram brincadas. À medida que falam,registre na lousa os nomes das brincadeiras.Pergunte quais delas já conheciam e quais sãonovas para eles. Aproveite para conversar umpouco sobre a idéia de que brincadeira é coisaséria e que todas as crianças devem ter tempo,condições e meios para brincar. Relembre ashistórias de crianças que trabalham, contadasem aulas anteriores, indagando se, nascondições em que vivem, podem exercerplenamente seu direito ao lazer e ao brincar.

Sugira, então, montarem um álbum combrincadeiras do passado e do presente.Organize-os em grupos, dê a cada pessoa dogrupo uma folha de sulfite e peça paraescreverem ou desenharem brincadeiras, tantoas que eles fazem quanto as contadas pelosadultos; devem anotar o nome da brincadeira ea idade da pessoa que ensinou. Terminando,junte todas as folhas e, com a classe, classifique-as em dois grupos: brincadeiras do nosso tempoe brincadeiras do tempo dos nossos pais e mães.Façam uma capa – e está pronto o álbum. Casoseja possível, articule-se com o/a professor/a deHistória das 5a a 8a séries para que os alunosmaiores também participem do Álbum.

Em classe mesmo ou na hora do recreio, peçapara escolherem no álbum uma ou maisbrincadeiras que acharem interessantes.Estimule-os a brincar, em casa e no pátio daescola, sempre que for possível. O álbum debrincadeiras pode ser exposto na escola edivulgado para outras crianças da comunidade.

Conhecendo outro jeito de ser criança

Pergunte aos alunos se na sua região existemreservas indígenas e se sabem algo a respeito:que povos vivem nesse lugar, como vivem e oque gostam de fazer. Se eles não têm contatocom indígenas, converse sobre o assunto,explicando que, apesar das dificuldades desobrevivência e das constantes ameaças de perdade suas terras, muitos grupos indígenaspreservam aspectos essenciais do seu modo devida tribal, que é muito diferente do nosso.Reunindo a classe em círculo, exponha o teor dobox O trabalho nas sociedades indígenas (v.1,p.14), destacando, no cotidiano das criançasindígenas, a forma como se relacionam com osadultos e aprendem a fazer o necessário para asobrevivência do grupo. Em seguida, sugira quecomparem o cotidiano das crianças quetrabalham na sociedade capitalista em quevivemos com o de uma criança indígena que vivana reserva. Quem vive mais plenamente suainfância? Por quê? Pergunte também o queacham que podemos aprender com as crianças eadultos indígenas; e o que eles podem aprenderconosco, que contribua para manter o seu modode vida? Sistematizando, redijam um pequenotexto coletivo sobre o que concluírem, que todosdevem copiar em seus cadernos.

Para classes da 5a à 8a sériesAtuando como protagonistas na escola:brincando com os pequenos

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Retome com os alunos a pesquisa sobrebrincadeiras, na geração dos avós e bisavós.Proceda como na orientação inicial para aatividade com alunos menores, acima. Peça parafazerem uma lista das brincadeiras em folha desulfite. Converse previamente com o/a professor/a das séries iniciais, para acertarem acolaboração entre as turmas dos maiores emenores. Fale à classe sobre o Álbum debrincadeiras, que pretende registrar fragmentosda memória sobre brincadeiras antigas. Perguntese querem participar da elaboração do álbum,inserindo nele os registros da pesquisa quefizeram, de brincadeiras de outras gerações.Nesse caso, o álbum teria uma terceira parte:brincadeiras do tempo dos nossos avós. Assim,os alunos perceberão que, se cada geraçãoinventa novos modos de brincar e esqueceoutros, há brincadeiras que permanecem vivaspor várias gerações, algumas durando séculos!

Depois, convide-os a escolher uma classe decrianças pequenas para fazer algumasbrincadeiras do álbum com elas, no recreio ouem dias de festa na escola. Diga-lhes paracontextualizar as brincadeiras, explicando quembrincava (menino, menina ou ambos); se abrincadeira era realizada em casa, na rua, no rioou em outro lugar; se era realizada no campo ouna cidade. Os pequenos irão adorar!

Atuando como protagonistas: participandoda campanha “De volta à escola”.

Certamente sua escola irá promover atividadesenvolvendo a comunidade, no desenvolvimentodo projeto sobre o trabalho infantil. Éimportante que este não fique restrito ao espaçoescolar, para que seus resultados sejam maisconsistentes. Nesse sentido, convide os alunos aparticipar de atividades extra-classe, sugerindo aeles algumas possibilidades, como estas:

levantamento, junto à secretaria da escola, dosalunos que abandonaram os estudos duranteesse ano letivo; localização dos endereços;seleção de alguns deles, cujo endereço sejapróximo do local de moradia dos alunos;organização da classe em grupos, para visitas àsfamílias desses ex-alunos; preparo da visita(conversa sobre as razões da desistência daescola e incentivo para retornar à mesma); casoa evasão tenha se dado por razões de trabalho,orientar os alunos para informar as famíliassobre possibilidades concretas de retirada dascrianças do trabalho, por meio do acesso aprogramas como Bolsa-Escola e outros

porventura existentes na região. Combine comeles o dia da visita e, se achar melhor,acompanhe-os;

grupos de estudo ou mesmo aulas de reforçopara as crianças que abandonaram a escoladevido a dificuldades com a leitura e escrita. Elessão capazes disso, com sua orientação e daequipe escolar!

Para mobilizar os alunos, retome o gráfico quereproduziu em um cartaz, sobre crianças que sótrabalham e não estudam. Lembre-os de que fa-zem parte do grupo de jovens que permanece naescola e estão conseguindo exercer um importan-te direito, o direito à educação. É dever de cidada-nia lutar para que esse direito seja estendido atodas as crianças e jovens de nosso país. Nessecaso, eles estarão contribuindo nessa luta e prati-cando um importante valor: a solidariedade!

Sugestões de leituraAZEVEDO, Jô, HUZAK, Iolanda, PORTO, Cristi-

na. Serafina e a criança que trabalha. 12.ed.São Paulo: Ática, 2000.

CIPOLA, Ari. O trabalho infantil. São Paulo:Publifolha, 2001. (Coleção Folha Explica).

DEL PRIORE, Mary (org.) História das criançasno Brasil. São Paulo: Contexto, 1999.

MATTOSO, Kátia Q. Ser escravo no Brasil. SãoPaulo: Brasiliense, 1988.

RAGO, Margareth. Do cabaré ao lar: a utopiada cidade disciplinar; Brasil, 1890-1930. Riode Janeiro: Paz e Terra, 1985.

SILVA, Aracy L., GRUPIONI, Luís D. B. (orgs.) Atemática indígena na escola: novos subsí-dios para professores de 1º e 2º graus. Bra-sília: MEC; MARI; UNESCO, 1995.

SILVA, Maria Alice S.S., GARCIA, Maria AliceL., FERRARI, Sônia C. M. Memória e brinca-deiras na cidade de São Paulo nas primeirasdécadas do século XX. São Paulo: Cortez;CENPEC, 1989. (Biblioteca da Educação,Série Escola, v.7)

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AOS 11 ANOS, CARREGANDO SACOS DE LARANJA. TABATINGA - SP

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

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PortuguêsSendo a linguagem, oral e escrita, um veículoprivilegiado de formação do cidadão, nocurrículo escolar a área de Português éextremamente rica para a conscientização decrianças e jovens sobre questões tãorelevantes como o trabalho infantil.Acreditamos que o aprendizado dalinguagem se dá no seu uso social, nainteração entre as pessoas e no contatoprazeroso com o texto oral e escrito.

Assim, propomos algumas oficinas em que ascrianças e jovens irão desenvolver atividadesde fala, leitura e produção escrita nas aulasde Português, mas incorporando asproduções resultantes do trabalho realizadoem outras áreas, tais como os registros depesquisas e entrevistas, análise de mapas,gráficos, cartazes, fotos e outros textos. Aproposta é que as produções dos alunos nasdiferentes disciplinas, em torno do temaTrabalho Infantil, sejam divulgadas durante odesenvolvimento desse tema pela escola e emum evento final, que poderá ser um eventofestivo e/ou uma pequena manifestação queenvolva a população local. Dessa forma,crianças e adolescentes estarão produzindotrabalhos com uma finalidade social, nãoapenas como tarefa escolar.

Nesse sentido, sugerimos odesencadeamento de uma campanha deconscientização contra a exploração dotrabalho infantil, em que as informações queforem sendo trazidas pelos alunos possam serdivulgadas em jornais falados e em um jornalmural, e que poderá culminar com umapasseata no entorno da escola. Umacampanha tem função mobilizadora, tantopara os que a planejam e executam, comopara o público a que se destina. Propicia acompreensão de problemas contemporâneose amplia a visão de mundo, contribuindopara formar cidadãos ativos e participantes.

No jornal falado ou no jornal mural poderãoser incorporadas os resultados das entrevistase dados coletados nas pesquisas realizadasnas áreas de História e Geografia, bem comoas informações sobre questões de saúde

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trabalhadas em Ciências. O tema desse jornalserá o Trabalho Infantil, mas depois a escolapoderá dar continuidade à sua edição comoutros temas, ou para divulgar fatosocorridos na escola e seu entorno. Napasseata poderão ser utilizados o símbolo dacampanha e os cartazes elaborados na áreade Arte. Além disso, sugerimos uma oficinade criação de personagens, integrada comessa área e a de História, e outra que exploreletras de músicas populares e poemas, tendocomo produto a escrita de histórias e poemasque serão reunidos em coletâneas.

No desenvolvimento de todas as atividades, éimportante não ficar apenas no nível dadenúncia. Os alunos devem tomarconhecimento também dos meios de acabarcom o trabalho infantil: escola, centros dejuventude, amparo financeiro às famílias,políticas públicas e programas específicos.Como anunciado na introdução, este é umprojeto que deverá envolver não apenas todaa escola, mas os grupos organizados dacomunidade (sindicatos, associações demoradores, ONGs) e, se possível, também aimprensa local.

Antes de propor qualquer atividade, procuresensibilizar os alunos para o tema. Use oscartazes 2 e 4, que mostram respectivamentecrianças trabalhando, estudando ebrincando. Em História, a atividade 1 propõea observação das fotos do cartaz 2;contraponha-o ao 4, que mostra criançasestudando e brincando. Lance mão tambémde poemas, canções e outros textos, além dosaqui sugeridos, e incentive os alunos a trazeroutros. Ao propor o projeto aos alunos,procure envolvê-los, falando com entusiasmosobre as atividades que irão desenvolver e omuito que irão aprender.

Atividade 1

Jornal mural:organização inicialO jornal mural é uma ótima atividade sobre essatemática, pois possibilita a divulgação deopiniões, notícias, reportagens e informações;pode ficar exposto durante um certo tempo,possibilitando que muitas pessoas leiam.

Para a produção do jornal mural, o ideal seriaque os alunos já tivessem certa familiaridadecom o jornal impresso. Se na localidade em queestá sua escola houver jornais como de bairro oude associações, leve exemplares para a turmamanusear; chame a atenção para a forma comose organiza – as seções, manchetes, matérias, adiagramação. Explique a função de cada seção echame a atenção para a forma de cada uma.Leia com eles para que percebam a diferençaentre um editorial (coluna em que o jornalexpressa sua opinião sobre algum tema), umanotícia ou reportagem (conjunto de matérias:entrevistas, gráficos, mapas etc. sobre um temaou fato) e um anúncio classificado, por exemplo.Destaque as manchetes: a forma como seorganizam, sua função de chamar a atenção doleitor.

Se sua escola está em um local onde não hájornais impressos, uma boa alternativa é o jornalfalado, pois o rádio e a televisão chegam aoslugares mais distantes. Se possível, façam osdois.

Participantes e recursosTodos os alunos podem participar, mas éinteressante que a coordenação do jornal fiquecom os alunos das séries ou ciclos maisadiantados. Eles se encarregarão das tarefasmais complexas, como escrever o editorial,coletar matérias produzidas pelas outras turmas,diagramar o jornal, digitar os textos. Os alunosque ainda não estão alfabetizados devemparticipar, não apenas nas atividades orais, mastambém nas de leitura e escrita, pois éarriscando-se a ler e escrever que irão aprender.No desenvolvimento das atividades, junte alunosmais adiantados com aqueles que têm maisdificuldades, incentivando a cooperação. Dêatenção especial aos que ainda não sabem ler e

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

escrever, lendo e escrevendo para eles,incentivando-os a descobrir o que está escrito ea escrever do jeito que sabem.

O jornal mural não requer muitos recursos.Basta reservar um espaço, que pode serdelimitado em uma parede. Para elaborá-lo,vocês vão precisar de: papel pardo e sulfite, lápisde cor, pincel atômico, tesoura, cola, fita adesivaou tachinhas. Se possível, é bom ter umacâmera fotográfica para ilustrar algumasmatérias, mas elas podem ser ilustradas tambémcom desenhos. Se a escola possuir computadorpara uso dos alunos, organize-os para quepossam digitar os textos. Se não houvercomputador, poderão datilografá-los ou passá-los a limpo com letra legível.

Como o jornal mural irá envolver a escola todaou uma boa parte dela, outras áreas e outrosprofessores, converse com eles antes de iniciarcom os alunos e façam um planejamentoconjunto. Combinem um prazo (por exemplo,um mês) para que o jornal fique pronto e sejapublicado.

O nome e as seções do jornalDiscuta com a (as) turma (s) quais seções ojornal vai ter. Pode haver duas colunas deopinião: uma do jornal (o editorial) e uma doleitor (o espaço do leitor, com cartas que osalunos irão escrever). As demais podem serescolhidas por votação, mas, tendo em vista otema, é importante que contemplem: Notíciaslocais; Notícias “do mundo” (do estado, país oumundo), Saúde, Cotidiano, Denúncias e umaseção literária para histórias e poemas. Registrena lousa as sugestões dos participantes e faça aeleição das preferidas. Peça-lhes que registremos nomes das seções escolhidas no caderno e

num cartaz, que será afixado na parede da sala.Depois, repita o mesmo processo para escolhero nome do jornal.

Produção, diagramação, ediçãoUm bom encaminhamento é dividir as seçõespelas turmas da escola. Cada tipo de texto iráexigir uma orientação específica do professor eum tempo para que os alunos os elaborem.Dependendo do texto, poderá ser feito pelaclasse toda, e o professor fará o primeiroregistro. Outros poderão ser feitos em duplas oupequenos grupos e, depois, a classe escolhe osque estiverem mais adequados ou bonitos paraa publicação. Os alunos farão uma primeiraversão que será revista antes de ser publicada.Explique a eles que, como os textos se destinamà publicação, não poderão apresentarproblemas de rasuras, ortografia, concordânciaetc. Uma vez acertada a forma ideal, elesdeverão “passar a limpo” o texto para publicá-lo, isto é, afixá-lo no lugar combinado.

Com a turma, combine como será adiagramação, ou seja, a disposição das váriasseções no espaço reservado para o mural. Façamantes, na lousa, um esquema da diagramaçãoescolhida pela turma. Os grupos responsáveispelas diversas seções deverão editar, isto é,revisar os textos recebidos, procedendo tambémà adequação de tamanho para o espaçodeterminado pela diagramação. A equipe deprodução se encarregará da forma final (digitada,datilografada ou manuscrita, conforme osrecursos disponíveis), montagem e fixação daspáginas (em geral, mediante colagem).

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Atividade 2

Produção dos textospara o muralO editorialFale aos alunos sobre a importância do editorial:ele expressa a opinião do jornal. Para produzireditorial sobre o trabalho infantil, é necessárioque antes os alunos leiam textos argumentativose façam um debate sobre o tema, tornando-secapazes de caracterizá-lo com precisão. Com asturmas dos maiores, leia e discuta o Texto 6.Articule-se com o professor de História pois,para que desenvolvam argumentos em defesada erradicação do trabalho infantil, é preferívelque já tenham realizado a atividade 4 daqueladisciplina, com leitura e debate das justificativasusualmente alegadas para “defender” otrabalho infantil. Complemente-a com a leituraem classe do Texto 7, “Mais argumentos” afavor e contra o trabalho infantil.

Para discuti-los, você pode, por exemplo,elaborar um quadro em que, de um lado sejamcolocadas as opiniões daqueles que defendem otrabalho infantil e, do outro, os argumentos queos alunos podem contrapor a tais pontos devista:

Organize um debate entre dois grupos, umdefendendo o trabalho infantil e outro seposicionando contra; ou, então, discuta o temacom a turma toda, anotando em um dos ladosda lousa os pontos principais que deverãoconstar do editorial. Em seguida, produza umtexto coletivo, abrangendo os itens registradosna lousa. Chame a atenção deles para a formadiscursiva desse tipo de texto (opinião, defesa deidéias, uso de argumentos). Depois proceda àedição do texto ou encaminhe-o aosresponsáveis pela edição, conforme ocombinado para as demais matérias do mural.

Outras seções e textos do jornal

As seções Notícias, Mundo e Cotidiano serão

compostas de matérias e reportagens sobre otrabalho infantil. Os alunos poderão trazerinformações colhidas na própria localidade emque vivem (o que já está sendo solicitado ematividades de História, Ciências e Geografia) ouaquelas publicadas em jornais locais, se oshouver na sua cidade. Se forem escrever asnotícias, oriente-os para que estas tenham, defato, característica desse tipo de texto. Distribuajornais, leia algumas notícias com eles e faça-osobservar suas características. Reproduza edistribua o Texto 8, com exemplo de trecho deuma notícia.

A função da notícia é informar o leitor (no jornalimpresso ou mural) ou o ouvinte (no jornalfalado). Explique que o início da notícia procurasituar o leitor (ou ouvinte) no assunto que seráapresentado. Em geral, responde às perguntas:quem, o quê, quando, onde, como e por quê.Diga também que, numa notícia, os fatos nãosão relatados em ordem cronológica, mas deimportância. Incentive-os também a estabelecera relação entre o título da notícia e o texto.

A reportagem caracteriza-se por formar umconjunto de matérias sobre um mesmo tema,aprofundando um fato ou conjunto de fatos notempo e no espaço: comparam-seacontecimentos de épocas passadas com osatuais, fatos semelhantes ocorridos em outraslocalidades; recorre-se também a depoimentosou comentários feitos por pessoas ligadas aotema. Para essa seção, certamente você contarácom o trabalho proposto para as áreas deHistória, Geografia e Ciências. Mas não seesqueça de explorar em sala de aula algumasreportagens publicadas em jornais, para que osalunos apreendam sua estrutura. Além disso,converse com os professores das outras áreaspara que desenvolvam um trabalho conjunto.Afinal, leitura e escrita são habilidades quedizem respeito a todas as áreas.

A seção de cartas é propícia para a manifestaçãodos alunos, professores, funcionários e paissobre o trabalho infantil, denunciando,protestando, solidarizando-se com as crianças eadolescentes explorados. Também nesse caso, énecessário trabalhar com os alunos o formatodas cartas que são escritas para jornais e revistas.

Se houver uma seção Saúde, aproveite otrabalho realizado em Ciências. Na seçãoDenúncia podem ser divulgadas situações de

Os que defendem o trabalho Para rebater essa idéia,infantil dizem que: argumentamos que:

“Melhor trabalhar do que ficarna rua em más companhias”...

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

exploração do trabalho infantil, com fotos,desenhos etc.

Finalmente, o jornal mural divulgará histórias epoemas feitos pelos alunos e escolhidos por elesmesmos para compor o mural. Orientações paraisso constam das Atividades 4 e 5, adiante.

Criando manchetes para o jornal

O objetivo é que os alunos criem manchetespara as notícias que irão publicar no jornalmural. Explique-lhes que a manchete tem duplafunção: anunciar o assunto tratado e atrair aatenção do leitor. Por isso, não deve ser muitoextensa.

Prepare com antecedência recortes de algumasnotícias de jornais sem os respectivos títulos ousubtítulos. Organize os alunos em duplas,distribua uma notícia para cada dupla, pedindoque leiam com atenção e criem uma manchetepara ela. Depois, troque os recortes de jornaisde cada dupla e solicite que façam o mesmocom outra notícia. Assim, cada notícia receberáduas manchetes feitas por duplas diferentes.Cada dupla lê as notícias sobre as quaistrabalhou e apresenta sua manchete. Peça-lhesque comparem as manchetes criadas para umamesma notícia por diferentes duplas e apreciemtodas as manchetes criadas. Em seguida,entregue-lhes as manchetes originais para quecomparem com aquelas criadas por eles. Discutaas possíveis razões para as diferenças. O Texto 8traz também exemplos de manchetes. Sugiraque tentem imaginar o conteúdo das respectivasnotícias.

Atividade 3

Jornal faladoEm geral, crianças e jovens não têm o hábito deassistir a noticiários na TV ou de ouvi-los pelorádio, pois dão preferência a outros tipos deprograma. Portanto, é preciso que sejamincentivados a fazê-lo, em suas casas ou naescola, para que observem como sãoapresentados – pois é função da escola ampliaro campo de conhecimento dos alunos.

Pergunte-lhes se assistem a noticíários de TV ouse os ouvem pelo rádio; veja se já têmconhecimento suficiente para montar um jornalfalado ou se precisam familiarizar-se mais comesse tipo de programação. Se necessário,oriente-os para que observem os conteúdos e aforma desses noticiários e depois comentem emsala.

Proponha-lhes então, que se organizem emgrupos para montar um jornal falado. A cadasemana, sempre no mesmo dia, um grupo seencarrega de apresentá-lo para o restante daclasse ou da escola. Neste projeto, o jornalfalado poderia ser apresentado em diferenteshorários: na entrada e saída das aulas, nointervalo para a merenda, de forma que muitaspessoas pudessem ouvi-lo. Os alunos podemtransmitir notícias sobre o trabalho infantil(fatos ocorridos em sua localidade ou em outroslugares), comentar fatos (opinião do jornal),entrevistar pessoas sobre esse assunto. Podemusar como fonte os trabalhos que estarão sendorealizados nas disciplinas de História, Geografiae Ciências.

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Atividade 4

PoemasPara classes da 5a à 8a sériesO objetivo desta oficina é,ao mesmo tempo, sensibilizar osjovens para a problemática dotrabalho infantil e aproximá-losda linguagem poética, para quetenham prazer em ler e ouvirpoemas e para que se sintammotivados a expressar suasemoções recorrendo à linguagempoética.

A poesia está quase sempre presente em nossasvidas, mas nem sempre a percebemos ousentimos. Para saborear um poema, é precisoentender sua linguagem. Quanto mais se gosta,mais se entende e, quanto mais se entende,mais se gosta, sobretudo quando não se perdede vista o sentido lúdico da poesia: brincar comas palavras.

Ao professor, cabe intensificar o contato dosalunos com a poesia, orientando-os no sentidode ler e ouvir cada poema, saboreando o ritmo,os sons, as imagens, a disposição gráfica, nãoapenas uma vez, mas inúmeras vezes e, a cadauma delas, buscando novas descobertas.Certamente, a observação mais atenta dessesrecursos trará aos jovens uma compreensãomaior da linguagem poética e lhes darácondições para que ensaiem seus própriospassos em poesia.

Quem lê ou escreve poemas lida com sentidosnovos e incomuns das palavras e expressões. Porisso, em todas as atividades é importante teralguns dicionários disponíveis para consulta.

Todos os textos produzidos devem ter um leitorreal. Assim, os poemas que não foremescolhidos para o jornal mural devem serdivulgados de outra forma: expostos na própriasala ou reunidos em coletâneas manuscritas ouimpressas, e até mesmo ilustradas, acessíveis atodos.

Os recursos poéticosMuitos são os recursos poéticos: rimas,comparação, paralelismo, personificação,

metáforas. Com as atividades aqui propostasqueremos sensibilizar os alunos para aproblemática do trabalho infantil e incentivá-losa perceber a expressividade da poesia com sualinguagem metafórica, aberta a múltiplasinterpretações que emocionam e inquietam oleitor.

Peça aos alunos que leiam os poemas Meninoscarvoeiros, de Manoel Bandeira e a letra damúsica Pivete, de Chico Buarque de Holanda eFrancis Hime (Textos 9 e 10). Deixe quecomentem livremente e falem sobre ossentimentos despertados. Eles provavelmenteserão capazes de identificar o ritmo, as rimas, ojogo de palavras, a mensagem. Em seguida, façavocê também observações sobre os poemas.

É provável que não conheçam o significado dealgumas palavras. Deixe que tentem adivinharprimeiro. Depois podem recorrer ao dicionário.No poema de Manoel Bandeira, a palavracarvoeiro é usada algumas vezes na forma“carvoero”. Explique que não se trata de erroortográfico, mas de uso intencional do autor,expressando o jeito de pessoas do povo falarem,na época em que o poema foi escrito.

Nesses dois poemas, faz-se um paralelo entre otrabalhar (forçado) e o brincar perdido que acriança tenta recuperar na sua dura vida detrabalhador infantil: “apostando corrida,bamboleando”; “agora ele se chama Ayrton.Sobe no passeio, pega no recreio”... Explorecom os alunos os recursos poéticos utilizadospelos autores. Há comparações: “comoespantalhos desamparados”; “E tem as pernastortas e se chama Mané” (verifique se os alunossabem que se refere ao famoso jogador de

TAREFAS DOMÉSTICAS (MENINA DE 5 ANOS) - RJ

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

futebol Mané Garrincha, que tinha as pernastortas).

Em outra aula distribua o Texto 11, trazendo ospoemas O moinho e o campo de golfe, de SarahN. Cleghorn e Trabalho Infantil é…, de MichaelJ. Pasternak (em traduções livres do inglês).

No primeiro, por meio de ironia, a autoramostra uma realidade absurda. Pergunte aosalunos se conhecem situações semelhantes àrelatada no poema. O poema Trabalho infantilé…usa diferentes imagens (metáforas) pararepresentar o trabalho infantil: sombra naescuridão, amarelo-violeta de velhosmachucados, áspera gravata de seda, vestidotecido de dor… Chame a atenção dos alunossobre a beleza e a expressividade dessasmetáforas.

Em seguida, distribua os Textos 12 e 13, sobretrabalho infantil no campo e nos centrosurbanos. Verifique se entenderam os textos, sehá palavras desconhecidas. Peça que comentemo assunto lido. Depois, divida a classe em setegrupos e peça para cada grupo reler um trechoreferente a: trabalho no canavial, na carvoaria,no sisal, na pedreira, no lixão, na rua e nasresidências. Peça aos grupos que tentem criarfrases com imagens (metáforas, comparaçõesetc.) referentes ao assunto que estão lendo,assim como Michael J. Pasternak, dizendo deum jeito poético o que está expresso no textoinformativo. Inicialmente, crie algumas com a

classe toda, para que compreendam bem o queestá sendo proposto. Pergunte-lhes que imagenspoderiam criar para representar: o perigoenfrentado pelas crianças, o abandono dosestudos, a longa jornada de trabalho, o trabalhoforçado e sem remuneração, o trabalho no lixo,o trabalho que exige muito esforço eresponsabilidade. Por exemplo: um espinho nopé; o sonho roubado; um dia escuro; uma noitesem fim; beleza tecida de dor. Com essasimagens eles irão compor poemas sobre o tema.Os poemas serão apresentados primeiro para aclasse e os ouvintes farão apreciações e ajudarãoa melhorá-los.

Alguns poemas serão escolhidos pelos própriosalunos para publicação no jornal mural e osdemais poderão ser divulgados de outra forma:painéis, coletâneas etc. Mas, antes de serempublicados precisam ser revistos para que nãoapresentem erros.

Atividade 5

Histórias, personagens ecenáriosAs atividades propostas nesta oficina podem serdesenvolvidas da 1a à 8a séries, desde que se leveem conta as possibilidades dos alunos conformea idade e o nível de escolaridade. Os alunos que

BARREANDO O FORNO - BA

ainda não estãoalfabetizadospodem participarcom idéias etentativas de escrita.Podem expressaroralmente suasidéias para seremregistradas pelaprofessora ou porcolegas maisadiantados.

O objetivo destaoficina é que osalunos escrevamhistórias. Mas, paraisso, é necessárioque aprendam acriar cenários epersonagens.

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PersonagensO sucesso de uma narrativa depende, emgrande parte, da construção dos personagens.Há personagens muito simples, chamados“tipos” ou lineares, que apresentam muitopoucas características, por exemplo, o mocinhobom e justo ou o bandido mau e corrupto. E hápersonagens mais complexos, misteriosos eimprevisíveis: são bandidos e mocinhos aomesmo tempo, são heróis e covardes, capazesdo bem e do mal, enfim, mais parecidos compessoas reais.

Há duas maneiras de caracterizar umpersonagem: uma é pela qualificação, outrapelas ações. No primeiro caso, ele é descritopelo narrador ou por outros personagens dahistória: características físicas, psicológicas,sociais. No segundo caso, o personagem vai-sedefinindo pelo que faz, isto é, por suas ações oleitor vai percebendo como ele é. Entretanto,essas duas possibilidades se completam, pois osautores recorrem tanto à qualificação quanto àação para caracterizar o personagem.

A proposta nesta oficina é que os alunostransformem em personagens as crianças ejovens vítimas do trabalho infantil, os patrõesque exploram crianças e jovens, e as pessoasque lutam pela erradicação do trabalho infantil.Portanto, várias de suas características já estãodeterminadas. Eles irão inspirar-se nas leituras jáfeitas e outras atividades, nas diferentesdisciplinas. Sugerimos o seguinte roteiro, paraelaborarem, em duplas, fichas sobre ospersonagens criados:

características físicas: nome e apelido (se tiver);idade e aparência: olhos, cabelos e pele, boca,nariz, pernas etc.; condições de saúde.

características psicológicas: qualidades,habilidades, defeitos, dificuldades; o que gosta,adora, detesta em relação a comidas,divertimentos, estudo, trabalho, esportes,religião, política, roupas; o que deseja, de quetem medo; o que faz questão de mostrar, o quefaz questão de esconder; hábitos, manias.

características sociais: família – como são e oque fazem seus integrantes, estado civil;condições econômicas – vantagens edificuldades; moradia – localização, como é acasa, a vizinhança; relações afetivas – namoros,quem são seus amigos, se tem inimigos;trabalho ou estudo – o que faz e onde; lazer –

como ocupa seu tempo livre, de que forma sediverte, lugares que freqüenta; acontecimentosque marcaram sua vida.

CenárioOutro aspecto muito importante, numanarrativa, é o cenário (tempo e espaço) em quese passa a ação. Ele se liga aos fatos e aospersonagens, podendo influenciar seussentimentos e atitudes. A descrição do cenário,em geral, vem entremeada no enredo, bemdetalhada ou diluída.

Continuando em duplas, os alunos irão imaginarum cenário e, nele, os personagens criados poreles: Que lugar é esse? Que época é essa? Peça-lhes que os descrevam bem. Eles irão inspirar-senas fotos que observaram e nas leituras feitassobre as crianças que trabalham. Se possível,coloque-os em contato com publicações como,por exemplo, Serafina e a criança que trabalha,de Jô Azevedo e outros (2000), publicada pelaeditora Ática, e mostre-lhes réplicas de obras dearte, filmes e documentários sobre o tema.

A produção das históriasCom os personagens criados e o cenárioesboçado, lance outras questões: O que opersonagem principal está fazendo? Como foiparar aí? Há outros personagens? Quem são? Oque está acontecendo? Por quê? O que vaiacontecer em seguida? E depois? Como ascoisas vão se resolver? Como tudo termina?

Os alunos poderão produzir as histórias emduplas ou individualmente. Depois irão trocá-lasentre si para leitura e sugestões. As históriasprecisam passar por revisão gramatical antes deserem publicadas. Oriente-os para queconsultem o dicionário. Incentive-os a ilustrar ashistórias com desenhos ou recortes de revistas.

Os próprios alunos irão escolher aquelas queserão publicadas no jornal mural. As outrashistórias também serão divulgadas em painéis ecoletâneas. Algumas poderão ser adaptadaspara a apresentação teatral proposta emHistória e Arte.

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Atividade 6Organizando o eventofinalA escola envolveu-se nas atividades dasdiferentes disciplinas escolares, muitos trabalhosforam produzidos e alguns já foramcompartilhados: jornais falado e/ou mural,dramatizações, exposição de trabalhos artísticosetc. Agora chegou o momento de encerrar acampanha envolvendo ainda mais pessoas edivulgar tudo o que foi feito.

O evento final será organizado conforme aspossibilidades de sua escola e da localidade emque se encontra. Em localidades pequenas épossível organizar uma passeata pelas ruasprincipais portando cartazes e faixas. Em cidadesmaiores a manifestação pode acontecer nas ruasque circundam a escola. Nos dois casos, épreciso tomar as medidas de segurança

Referências bibliográficasAZEVEDO, Jô, HUZAK, Iolanda, PORTO, Cristi-

na. Serafina e a criança que trabalha. 12.ed.São Paulo: Ática, 2000.

OPINIÃO PUC-SP. São Paulo: Pontifícia Univer-sidade Católica, v.2, n.14, fev. 2000.

ESPAÇO: informativo da Associação de Inspe-ção do Trabalho do Paraná. Curitiba, v.1,n.9, jun/jul. 1997.

necessárias: os alunos precisam de autorizaçãodos pais e devem estar acompanhadas por

adultos. É preciso também pedirautorização ao serviço de tráfego dacidade e proteção da polícia civil. E,principalmente, envolver a comunidade,pois é ela que se quer mobilizar nessemomento. Para isso, os alunos podemfazer cartazes, afixando-os na porta da

escola e em estabelecimentos comerciais,distribuir convites aos moradores. Se possível,podem divulgar o evento na rádio, jornal ou TVlocal. Para toda essa organização, éfundamental a união da escola e a colaboraçãoda comunidade.

Para a passeata os alunos irão criar palavras deordem e confeccionar cartazes (propostos naárea de Arte) e faixas manifestando o repúdio aotrabalho infantil. É importante que osprofessores de todas as disciplinas se envolvamnessas atividades e na organização da passeata.Além desta, a escola pode convidar todos aapreciar os trabalhos produzidos pelos alunos:coletâneas de histórias e poemas, trabalhosartísticos, jornal falado e mural, apresentação deteatro, de músicas etc. Os alunos tambémpoderão confeccionar alguns “selos” com osímbolo da campanha para que os convidadoslevem para colocar em suas casas.

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

ADOLESCENTES ALMOÇAM DURANTE A COLHEITA DA LARANJA. TABATINGA - SP

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

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CiênciasAs atividades aqui propostas visamconscientizar os alunos sobre a prática dotrabalho infantil e suas possíveis formas deerradicação, contribuindo para o projetopedagógico da equipe escolar. Será precisoarticular-se com os colegas de equipe,principalmente os professores de História,Arte, Português e Geografia, verificando oque cada um estará abordando em suasrespectivas aulas, de modo a evitarfragmentação (ou repetição) dos conteúdos.

Atitudes de repúdio à discriminaçãopreconceituosa de diferenças e a situações deviolência e autoritarismo devem sertrabalhadas por meio do exercíciopermanente dos direitos das pessoas, e dascrianças em particular, tomando-se comoreferência o Estatuto da Criança e doAdolescente. Esta série de atividadespretende contribuir para isso, medianteestudo e reflexão conjunta. Sabendo quetoda atividade de sala de aula é única,acontece em tempo e espaço socialmentedeterminados, envolvendo professores eestudantes que têm particularidades quantoa necessidades, interesses e histórias de vida,confiamos em que você saberá propor asadequações necessárias a suas classes.

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Atividade 1

Conhecendo seus direitosObjetivos: Conhecer a declaração dos direitosda criança da ONU; promover a discussão dosdireitos da criança e da importância dodocumento. Como subsídio, releia o capítulo“Os direitos da criança e do adolescente”, no v.1(p.31-35).

Material: papel pardo, giz de cera, lápis de cor,canetas coloridas, tesoura, cola; cartaz 1; para5a a 8a séries, reprodução do Texto 14.

Para classes da 1a à 8a sériesInicie esta atividade esclarecendo que todo serhumano, adulto ou criança, tem garantidosdireitos humanos. A criança, por viver uma faseda vida de desenvolvimento de seu potencial,requer atenção e proteção especiais. Um númerode instrumentos, nacionais e internacionais, têmsido adotados a fim de proteger esses direitos,visando salvaguardar as crianças da exploração eassegurar que toda criança tenha acesso à

educação, a uma vida saudável, e seja capaz dedesenvolver-se plenamente.

A Declaração dos Direitos da Criança foiproclamada pela Assembléia Geral das NaçõesUnidas em novembro de 1959. Os direitos têmpor objetivo garantir que todas as crianças domundo cresçam em condições humanas,protegidas, alimentadas, com acesso à escola, amédicos e ao mínimo necessário para odesenvolvimento sadio. Infelizmente, porém, tantotempo depois de assinada, ainda nascem muitascrianças que não podem desfrutar desses direitos.

Afixe o cartaz 1, para que todos conheçam osdireitos da criança. Para as classes dos maiores,distribua o Texto 14, que reproduz o teor docartaz. Após a leitura, proponha a discussãocomeçando pelas perguntas: O que vocêentende por declaração? E por direito? (Lembre-se de uma declaração é um documento, umalista afirmativa; e direito é faculdade concedidapela lei, poder legítimo.) Forneça osesclarecimentos que forem necessários. Depois,continue a explorar, auxiliando com perguntascomo: Qual a importância de ter esses direitosgarantidos? O documento refere-se claramente auma atividade que a criança não deve exercer –qual? De que forma essa atividade comprometeo desenvolvimento da criança? A Declaraçãotambém protege as crianças de diferentesformas de violência – quais?

Vá registrando, na lousa ou em uma folha depapel pardo, as principais respostas ouresultados da discussão. Para examinar cada umdos direitos, proponha montarem uma frasecompleta, por exemplo: (n.2) “Toda criança temo direito de receber um nome e umanacionalidade ao nascer”.

Em seguida, proponha à classe, oralmente e emrodízio, substituir a expressão Toda criança pelopronome da primeira pessoa, “eu” – o objetivo éque o aluno se conscientize de que esseconjunto de direitos também se referediretamente a ele. Assim, o 5o direito será “Eutenho direito a afeto e segurança”...

Finalmente, proponha aos alunos que, emgrupos, escolham um ou mais artigos daDeclaração para ilustrar, com desenhos e/oucolagens. Articule-se com o professor de Artepara orientações sobre técnicas. Monte um livrocom as ilustrações produzidas e o texto daDeclaração, que poderá ser mostrado naexposição para a comunidade.

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Atividade 2

O direito à saúdeObjetivos: conhecer e refletir sobre o direito dascrianças à saúde; conhecer os riscos à saúde aque estão sujeitas as crianças trabalhadoras.Sugerimos, como subsídio, que analise o quadroanexo ao volume 1, especialmente a nota relativaaos riscos à saúde implicados nos trabalhosexercidos por crianças em todo o Brasil.

Material: papel pardo; revistas, jornais, folhetosde propaganda variados, com imagens decrianças exercendo diversas atividades; canetascoloridas, tesoura, cola; cartaz 2; para 5a a 8a

séries, reprodução do Texto 15.

Para classes da 1a à 8a sériesInicie a atividade escrevendo na lousa umaforma concisa do 3o direito da criança:

TODA CRIANÇA TEM DIREITO A CRESCER COMSAÚDE

Converse com os alunos sobre esse direito e seusignificado. Verifique se a classe já aprendeusobre o ECA, Estatuto da Criança e doAdolescente. (atividade 5 de História). Se não,explique que é a lei brasileira que assegura essesdireitos – dentre os quais o direito à saúdeintegral. Inicie discutindo o que entendem porsaúde. É comum pensarem que ter saúde é nãoestar doente. Explique-lhes o conceito maisabrangente de saúde, definido pelo bem-estarfísico, psíquico, emocional, e que inclui ascondições de vida – alimentação, vestuário emoradia adequados – e assistência médica.

Distribua o Texto 15 (O trabalho no sisal), nocaso dos alunos mais velhos, sugerindo leituraindividual, ou leia-o com a classe, no caso dosmais novos. Após esclarecer o sentido de

palavras desconhecidas e certificar-se de quecompreenderam o texto, pergunte: Essascrianças têm garantido o direito à saúde?

Peça que releiam o texto para responder: Quaisos riscos à saúde de Paulo Sérgio e de Éris?Quais as conseqüências à saúde do trabalho quefazem? Esse trabalho é adequado a umacriança? Pergunte ainda: De acordo com essesdepoimentos, além do direito à saúde, queoutros direitos da criança estão sendo violados?As respostas devem ser anotadas na lousa e noscadernos.

Em seguida, em discussão coletiva, procuresaber dos alunos de que tipo de assistência àsaúde dispõem: eles têm garantido esse direito?Deixe-os falar livremente. Mesmo no caso de osalunos disporem de assistência satisfatória,lembre-os de que esse é um direito de todas ascrianças. Pergunte à classe se acham que todasas crianças (do bairro, da cidade) têm acesso aassistência médica.

Caso negativo, proponha descobrirem o quepoderia ser feito para garantir a todas ascrianças o direito à assistência à saúde. Emgrupos, os alunos podem fazer uma pesquisa nacomunidade, verificando os postos existentes e apopulação que a eles têm acesso. Tambémpodem convidar um profissional da área desaúde para conversar sobre o atendimento àscrianças e adolescentes locais e o que poderiaser feito para melhorá-lo. Se for o caso, osalunos podem confeccionar um cartazreivindicando as melhorias necessárias. Os dasséries mais adiantadas podem escrever umacarta ao prefeito, aos Conselhos Municipais deSaúde e dos Direitos da Criança do Adolescente.

Para aprofundar o conhecimento da realidadedas crianças que trabalham e os danos causadosà saúde pelas atividades exercidas, sugerimosuma atividade usando imagens. Com isso osalunos também irão perceber que a imagem, talcomo o texto escrito, pode ser veículo deinformação. Nas aulas de História e Português,provavelmente já terão analisado o cartaz 2,com fotos de crianças trabalhando. Proponhaentão a montagem coletiva de um painel,utilizando imagens e textos.

Distribua as revistas, jornais e outros materiaisque tiver reunido; peça-lhes que retomemtambém os textos já lidos, os relatos edepoimentos coletados nas entrevistas feitas nasaulas de História e Geografia. Oriente-os a, emgrupos, selecionar e recortar imagens quemostrem crianças trabalhadoras em diferentes

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setores da economia, em atividades rurais eurbanas. Se não encontrarem determinadasimagens, podem desenhar, com base nas fotosdo cartaz ou nos depoimentos escritos. Essasimagens irão compor um painel, montado empapel pardo.

Promova a leitura das imagens selecionadas:Que sensações as imagens provocam em vocês?Conduza os alunos a fazer descriçõesdetalhadas: a partir de uma dada imagem decriança, devem indicar a idade aparente, a corda pele, as roupas, descrever aspectos dehigiene, do ambiente em que trabalha, se estáacompanhada ou sozinha, o que faz, suaexpressão do rosto etc. Depois, oriente amontagem do painel, propondo que escrevamuma legenda para cada imagem, com base nasentrevistas, depoimentos ou textos lidos.

Finalmente, com o painel montado, promovauma discussão coletiva: Quais as condições devida desses meninos e meninas? Quais serão asconseqüências dessas atividades para a saúdedas crianças? Retome o direito à saúde: combase nas imagens, textos e nas explicações dadaspor você, façam uma lista dos riscos à saúde aque estão sujeitas essas crianças. Anote na lousae peça que os alunos registrem nos cadernos. Adiscussão coletiva deve levá-los a perceber ascondições arriscadas e injustas em que vivem ascrianças trabalhadoras.

Atividade 3

Os catadores de lixoObjetivos: sensibilizar sobre o trabalho decrianças e adolescentes em depósitos de lixo;perceber o quanto é insalubre a vida doscatadores de lixo; alertar e desenvolver atitudesde cidadão para com questões relativas àprodução de lixo, desperdício, possibilidade dereaproveitamento e destino adequado ao quenão pode ser reutilizado. Subsídios: Quadroanexo ao v.1 e seção “Efeitos perversos dotrabalho infantil”, v.1, p.16-17

Material: para 5a a 8a séries, reprodução doTexto 16.

Para classes da 1a à 8a sériesProponha aos alunos que façam uma pesquisaem casa sobre a qualidade do lixo produzido e odestino que lhe é dado. Comece perguntando seexiste coleta de lixo no bairro onde as criançasmoram, se sabem para onde esse lixo é levado eo que é feito com ele. Isso pode levar a umainvestigação bem interessante, pois a maioria denós não se preocupa com o destino do lixo quevai da porta para fora.

Discuta o conceito de lixo com os alunos e peçaque procurem no dicionário o significado dapalavra. Eles encontrarão a definição como“sujeira, imundície, coisa ou coisas inúteis,velhas sem valor”. Explique que, em linguagemtécnica, é sinônimo de resíduos sólidos,consistindo em “materiais descartados pelasatividades humanas”. Contrapondo esses doissignificados, os alunos poderão perceber que osmateriais descartados pelas atividades humanasnem sempre são inúteis e que algumas pessoaspodem encontrar utilidade nesse “lixo”. Verifiqueo que sabem a respeito dos chamados catadoresde lixo.

Explique que os catadores de lixo exercem umafunção ecológica importantíssima, pois recolhemmaterial que pode ser reutilizado ou reciclado,contribuindo para diminuir o desperdício e asmontanhas de lixo à mercê do tempo. Mas essanão é uma atividade digna de um ser humano,pelas condições insalubres e subumanas em queatuam.

Organize com a classe uma lista do que jogamfora como sendo “lixo”, e que outra utilidadepoderia ser dada a esse “lixo”. Introduza o

COMENDO NO TRABALHO

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

conceito de reutilizar, que difere do conceito dereciclar. Reciclar significa transformar os restosdescartados por residências, fábricas, lojas eescritórios em matéria prima para a fabricaçãode outros produtos. Não importa se o papel estárasgado, a lata amassada ou a garrafa quebrada,pois ao final tudo vai ser transformado em novosobjetos e embalagens. Ao reutilizar, estamosdando nova utilidade ao mesmo produto. Aoinvés de descartar garrafas de plástico, podemostransformá-las em vasinhos de plantas, porta-lápis, porta-trecos etc. Com essas questões emmente, proponha que, ao voltar para casa, osalunos investiguem seu lixo doméstico. Deverãofazer uma lista do que vai para o lixo. Tambémpodem pesquisar, em casa, quanto lixo a famíliaproduz diariamente. Os mais velhos poderãofazer estimativas do volume (em litros) de lixorecolhido em um dia e dividir pelo número depessoas que moram na mesma casa, chegando,assim, ao valor de produção individual.

Com o resultado das pesquisas em casa, a classeirá analisar o lixo produzido, separando-o emreciclável e não reciclável. Faça na lousa uma listados itens que forem apontando, separando-a emduas colunas, de lixo reciclável e de não- reciclável.Usando a lista, discuta com os alunos os conceitosde reciclar e reutilizar. Fale também das pessoas,adultos e crianças, que conseguem sobreviver nosdepósitos de lixo catando o que a maioria das

pessoas considera sem utilidade Discuta ainda aproblemática do excesso de lixo, da falta deespaço para depositá-lo – e da necessidade deerradicar o trabalho infantil nesse espaço.

Se for possível, a classe será ainda maissensibilizada assistindo ao documentário Ilha dasFlores, com roteiro e direção de José Furtado(1989)

Depois, distribua o Texto 16 (É ruim ser criança)– ou leia-o para as crianças menores – e, após aleitura, inicie uma discussão com os alunos: Aatividade de catar lixo é adequada às crianças?Por quê? Qual a função dessas crianças no lixão?A que riscos crianças catadoras de lixo estãosujeitas? Quais as conseqüências desses riscospara a saúde?

Ao discutir as conseqüências para a saúde,considere, além dos acidentes com objetoscortantes, também a presença de lixo hospitalare tóxico (se houver); informe aos alunos que apresença de todo tipo de lixo junto, hospitalar,residencial e tóxico, aumenta em muito o riscode contaminação das crianças que vivem dacoleta de lixo; em algumas cidades, o lixohospitalar é coletado e tratado separadamente,para evitar o risco de contaminação. Verifique seisso acontece na sua cidade. Também reforce orisco de transmissão de doenças por animaiscomo moscas, ratos, pulgas e baratas.

ATERRO DE JAGURUÇU - CE

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

Com relação a essa temática, aproveite paradesenvolver conteúdos de sua área previstospara as respectivas séries, como noções básicasde higiene, doenças transmitidas pormicrorganismos, intoxicação alimentar,conservação de alimentos e saneamento básico.

De toda maneira, retorne à temática propondonovas perguntas acerca do texto lido: Que coisasas crianças catadoras de lixo sabem e as outrasnão? Qual é o sonho da menina Ionara,catadora de lixo? pergunte sobre a pesquisa quejá devem ter realizado, em História e Geografia:na comunidade, vocês têm conhecimento decrianças que trabalham? Que tipo de trabalhofazem? Em sua opinião, de que tipo deoportunidades essas crianças estão sendoprivadas?

Finalmente, em colaboração com os professoresde Arte e Português, proponha a criação de umslogan para uma campanha contra o trabalhoinfantil nos lixões, focalizando os riscos à saúdeda criança trabalhadora.

Atividade 4

Prostituição infantilOOOOObjetivos: identificar a prostituição como umaprática do trabalho infantil; contribuir para oconhecimento e prevenção da AIDS, doençassexualmente transmissíveis e gravidez; contribuirpara a formação de atitudes não-discriminatórias,de combate urgente a essa prática e de respeitoaos direitos de toda criança. Subsídios: textossobre as convenções da OIT (p.8) e o direito àeducação (p.34-35) do volume 1.

Material: reprodução do Texto 17.

Para classes da 5a à 8a sériesO tema proposto é de difícil abordagem. Noentanto, é importante discuti-lo, uma vez queaparece muito na mídia e, com certeza, é deconhecimento dos alunos mais velhos. Adificuldade de abordagem deve-se ao fato deenvolver preconceito e valores. Ao desenvolver a

atividade, procure levar os alunos a perceberdiferentes possibilidades de valorizar a

vida, fortalecendo a autoestima e orespeito às diferenças. É importante

dosar o tipo de informação e aprofundidade com que seráabordada de acordo com acapacidade de entendimento e ointeresse demonstrado pelosalunos.

Se não se sentir à vontade paratratar do tema com a classe, você

pode convidar alguém dacomunidade, especialista ou

médico, para conversar sobreexploração de meninas, prevenção

contra doenças sexualmentetransmissíveis, gravidez na adolescência.

Inicie propondo a leitura do Texto 17, extraídode uma reportagem sobre prostituição infantil.Após a leitura e comentários, inicie umadiscussão coletiva, perguntando: Que fatoreslevam meninas a se prostituir? Quais os riscosque uma menina corre ao exercer tal profissão?De que forma seria possível minimizar essesriscos (fatores de proteção)? Para facilitar aorganização das idéias que forem surgindo,monte na lousa um quadro com os riscos, asconseqüências e os fatores de proteção.

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Sugestões de leituraDIMENSTEIN, Gilberto. Meninas da noite. São

Paulo: Ática, 1997.

DIREITOS da criança. 7.ed. São Paulo: Ática,1989. [Adaptaçao do texto da Declaraçãodos Direitos da Criança proclamada pela As-sembléia Geral das Nações Unidas em 20de novembro de 1959].

FURTADO, Jorge. Ilha das Flores. Porto Ale-gre, 1989. [curta-metragem, 13 min.]

HUZAK, Iolanda, AZEVEDO, Jô. Crianças de fi-bra. 3.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

REVISTA CLÁUDIA. São Paulo: Ed. Abril, p.21-2,set. 1999.

Durante a discussão, deve aparecer o risco decontrair o vírus HIV, doenças venéreas e o dagravidez indesejada, como mais comuns nessetrabalho. Encaminhe a discussão para enfatizaras condutas preventivas (principalmente o usode camisinha) e promover debate sobreobstáculos que dificultam a prevenção. Lembre aclasse que essa medida de prevenção deve serutilizada por todas as pessoas (e não apenas asque se prostituem), pois todas correm o risco decontaminação. Em relação à AIDs, evite tratá-lacomo uma “doença que mata”, pois isso tem serevelado contraproducente. Como é uma doençapara a qual ainda não se tem a cura, amensagem fundamental é de que pode serevitada pelo uso de camisinha em todas asrelações sexuais.

Além da promoção da saúde, conteúdosimportantes a serem trabalhados são avalorização da vida e o respeito ao outro (“Penseo que significa na sua vida ter respeito pelooutro. Você se lembra de alguma situação emque se sentiu respeitado, valorizado e outra, emque tenha sido desrespeitado?).

Conduza a conversa então para as atitudesfrente às pessoas – especialmente às meninas emeninos – que trabalham na prostituição. Estejaatenta/o para detectar e discutir o preconceito.Esclareça o significado de preconceito ediscriminação, discutindo o preconceito explícitoe as formas veladas como se manifesta. Resgatecom os alunos algumas expressõesdiscriminatórias. Converse com a classe sobreesses preconceitos e mostre a situação em queas meninas prostitutas se encontram, vítimas detodo o tipo de preconceito, sujeitas à violênciafísica e emocional, e expostas a sérios riscos àsaúde. Retome os Textos 17 e 14 (Direitos dacriança). Sugira que verifiquem quais direitos deRosa estão sendo violados, perguntando, Rosatrabalha na prostituição porque gosta? Lembreos alunos que Rosa, aos 13 anos, simplesmentenão deveria estar trabalhando em coisa alguma.Contraponha essa idéia à última frase do texto,sobre o maior desejo de Rosa. Que escolhasessas meninas têm? Que oportunidades têm deexercer seu direito à infância?

Para finalizar, fale um pouco sobre a Convençãoda OIT sobre as Piores Formas de TrabalhoInfantil (p.8 do v.1), que incluem a exploraçãosexual infantil com fins de prostituição, ouexploração econômica sexual da prostituiçãoinfantil, que atinge não só meninas, mastambém meninos. Implica riscos enormes(físicos, psíquicos e morais) não apenas da AIDS

e gravidez mas, principalmente, por constituiruma forma extrema de exploração – e, emmuitos casos, de trabalho forçado e até deescravidão – da qual as crianças e adolescentesnão têm como se esquivar e em que sãosubmetidas a maus-tratos e extorsão.

No Brasil, essa forma de exploração assumeproporções assustadoras; meninas e meninossão recrutados, muitas vezes enganando-secrianças e seus pais, por redes de tráficocriminoso que alimentam o chamado turismosexual. A criança e o adolescente exploradossexualmente com fins de prostituição sãoprincipalmente vítimas dos adultos e, como tal,devem ser protegidos, resgatados, reabilitados eintegrados na sociedade.

Divida a classe em grupos e sugira que criemcartazes com slogans sobre o que estudaram(prevenção de doenças sexualmentetransmissíveis, inclusive AIDS; necessidade decombater atitudes discriminatórias epreconceituosas; e, principalmente essa formaextrema de trabalho infantil, que é aprostituição). A classe pode montar um painelcoletivo sistematizando as idéias discutidasdestacando o combate ao trabalho infantil,a proteção à saúde das crianças e a valorizaçãoda vida.

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

PATRÃO (OU CAPATAZ) POSA PARA FOTO AO LADO DE SEUS OPERÁRIOS - FÁBRICA BANGU. RIO DE JANEIRO - RJ (1907)

COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

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GeografiaO objetivo destas atividades de Geografia érefletir sobre o trabalho infantil no territóriobrasileiro, buscando identificar diferençasregionais e as várias formas de trabalhoinfantil mais freqüentes em cada região – edesenvolver, nos alunos, habilidades deconstrução e leitura de mapas e gráficos. Esseestudo, porém, sempre toma como ponto departida as instâncias mais próximas dascrianças – a casa, a escola, o município.

Estas atividades pretendem integrar-se aoconjunto das realizadas em outras disciplinase em toda a escola. Procure valorizar oespaço público, a escola, os centroscomunitários como locais privilegiados paraampliar o debate sobre a erradicação dotrabalho infantil.

ICONOGRAPHIA

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

Atividade 1

Criança não trabalhaObjetivo: Refletir sobre a importância do brincarna infância. Compreender que a criança quetrabalha é impedida de brincar em sua infância.Subsídios: textos do v.1 sobre o ECA e o direitoao brincar (p.31-37).

Material: papel sulfite; espaço para realizarbrincadeiras; para os maiores, reprodução demapas do município e do Texto 18.

Para classes da 1a à 4a sériesRealize esta atividade preferivelmente depois deter desenvolvido com a classe a atividade 6 deHistória, sobre brincadeiras. Retome com osalunos as brincadeiras de que mais gostam,listando-as. Se o álbum já estiver pronto, devemrecorrer a ele. Em seguida, proponha umaclassificação das brincadeiras, segundo o lugarem que costumam ser brincadas (em casa, naescola, na rua). Sugira que escolham uma parabrincar agora e marque um tempo parabrincarem. Assim, irão perceber que, parabrincar, as crianças precisam de espaço e tempo.Depois, pergunte se é bom brincar, por quê, ecomo se sentiriam se não tivessem tempo parabrincar.

Diga que vão em seguida ler uma letra demúsica (ou ouvir a música, se possível) que falasobre brincadeiras. Distribua o Texto 18 eproponha inicialmente a leitura silenciosa,explorando depois outras formas de leitura – porestrofe, em jogral etc., buscando a compreensãodo texto. Estimule comentários sobre o título dacanção (Criança não trabalha). Pergunte seconhecem ou ouviram falar de crianças que nãobrincam e por quê. Pergunte o que sabem sobrecrianças que trabalham e que tipo de trabalhorealizam. Se ainda não o fez, verifique se há naclasse crianças que trabalham (veja orientaçõesna atividade 3 de História), ou se sabem decolegas de outras classes que trabalham.Converse com as crianças sobre o assunto,procurando despertar nelas o sentimento desolidariedade e respeito em relação a essescolegas. Retome os cartazes feitos em sala nasatividades 3 e 5 de História: devem verificaragora se o direito de brincar ficou claro noscartazes. Para finalizar, redija um pequeno textocoletivo – que os alunos deverão registrar emseus cadernos – sobre o direito de brincar, os

espaços e tempos que precisam ser destinados aessa atividade tão importante para odesenvolvimento saudável.

Para classes da 5a à 8a sériesDistribua à classe e proponha a leitura do Texto18 (letra da canção Criança não trabalha).Promova comentários coletivamente; com aajuda do professor de Português, busquemreconhecer os artifícios poéticos utilizados pelosautores ao montar a “lista” dos elementos davida das crianças. Em seguida, em grupos, osalunos irão classificar as brincadeirasmencionadas: as que são feitas individualmentee em grupos; depois, montar um terceiro grupo,listando as brincadeiras que de que eles própriosmais gostam. Depois que apresentarem suaslistas ao coletivo da classe, conduza a discussão,primeiro, sobre locais para brincar nacomunidade; sugira que citem quais lugares acomunidade oferece para o lazer das crianças ejovens, se são adequados e quais alternativaspodem ser criadas para o lazer. Depois,introduza a questão da criança que trabalha,como sugerido acima: tem tempo para brincar?Discuta coletivamente a importância do brincar.

Depois da discussão, proponha aos alunos, emgrupos, o desenho de um mapa com as áreas delazer ideais, segundo eles. Distribua aos gruposreproduções do mapa do município onde fica aescola (ou planta do bairro, no caso de cidadesgrandes), pedindo que, primeiro, identifiquem asáreas de lazer existentes com um símbolo ecriem uma legenda explicando-o. Em seguida,avaliem se são suficientes, se estão bemdistribuídas (ou concentradas junto aos bairrosdas camadas de melhor renda?) , propondo queindiquem quais áreas poderiam sertransformadas em novas áreas para atividadesesportivas e culturais, brincadeiras etc.; depoisde delimitá-las, devem identificá-las com outrosímbolo e completar a legenda. Os novos“mapas do lazer” devem ser apresentados a todaa classe, comparados, discutindo-se o quepoderia ser feito para torná-los “verdadeiros”.

Conclua a atividade com um debate a respeitoda importância do brincar na infância – e otrabalho infantil como a negação do direito aobrincar.

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Atividade 2

Representações dotrabalho infantilPara classes da 1a à 4a sériesRepresentando o tempo infantil em gráfico

Objetivo: propiciar reflexão sobre a rotina diáriada criança que trabalha, identificando otrabalho precoce como impedimento aoexercício dos direitos das crianças e jovens.

Material: Folhas de sulfite com “relógio”desenhado; lápis de cor.

Pergunte aos alunos como é sua rotina diária.Compare diferenças e semelhanças entre asrotinas. Distribua folhas de papel com um círculodesenhado, dividido em 24 partes (cada umarepresentando uma hora do dia). Diga que vãorepresentar nesse círculo suas atividades diárias,em horas. A fatia correspondente a cada tipo deatividade deve ser pintada de uma cor ou umjeito diferente; será preciso fazer uma legenda.Combine coletivamente as cores, por exemplo:tempo de dormir = cor laranja; tempo debrincar = cor verde; e assim por diante. Façaalguns exemplos na lousa e depois peça quecada um registre a sua rotina diária, começandopela hora em que acorda. Oriente a construçãoda legenda. Depois de prontos, os “relógios”podem ser vistos pela turma toda e comparados(“Você dorme mais do que eu!”). Aproveite paraexplicar como uma representação gráficapermite visualizar mais facilmente determinadassituações.

Pergunte então à classe se conhecem algumacriança que trabalha. Devem tentar imaginarcomo é sua rotina diária. Se não conhecerem,leia para a classe este exemplo, do dia-a-dia deuma criança que trabalha (texto criado com baseem depoimentos de crianças trabalhadoras):

Meu nome é Ednaldo. Tenho 12 anos e morocom minha mãe e quatro irmãos. Parei deestudar na primeira série com oito anos, paratrabalhar na roça. Depois minha família mudoupara um lugar que tem muita plantação decana. – Como é o meu dia? Eu levanto às 5horas da manhã, não como nada e vou esperaro caminhão. Ando meia hora até o caminhão edepois mais uma hora até chegar na plantação.Trabalho até meio-dia, almoço em meia hora econtinuo cortando cana. Depois, faço umaesticada até às 17 horas. Só paro para beberágua, de vez em quando. Depois volto decaminhão e ando até minha casa. Janto e voudormir, porque estou muito cansado. No diaseguinte, começo tudo de novo. – Brincar? nãodá tempo, não. Só no domingo, quando jogobola com os amigos ou tomo banho de rio. Meumaior sonho? Voltar a estudar. Eu queria tantosaber ler e escrever, pelo menos o nome.

Distribua agora novas folhas com círculos,pedindo que registrem a rotina diária deEdnaldo. Incentive a comparação entre as rotinasda classe e de Ednaldo e conversem sobre oporquê dessas diferenças. Peça que sugiramsaídas para que Ednaldo volte a ter o direito deestudar e brincar.

Para classes da 5a à 8a sériesRepresentando o trabalho infantil por meiode mapas

Objetivo: Conhecer os tipos de trabalho infantilmais freqüentes nas regiões do Brasil, poratividade econômica e condições de trabalho.

Material: Atlas, mapa do Brasil, cartolina, lápisde cor, revistas velhas; Texto 19.

Apresente um mapa do Brasil por região eestados que compõem cada região. Peça que,em duplas, os alunos abram seus Atlas empágina que contenha mapa semelhante.Faça solicitações como localizar o estado e aregião em que se encontram e, nesta, suacidade; pergunte o que conhecem sobre osoutros estados, se alguém na classe veio deoutro estado ou se tem algum familiarque mora em outro estado, se já viajou paraoutro estado etc.

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

Apresente então cada região e os estados que acompõem. Informe os critérios utilizados paraessa separação. Informe que vão estudar agoraos aspectos característicos de cada região, emrelação ao trabalho infantil.

Divida a classe em cinco grupos. Cada gruposerá responsável pela representação do trabalhoinfantil em uma região do Brasil, tendo osquadros reproduzidos no Texto 19 comoreferência.

Em cartolina, cada grupo deverá desenhar(reproduzir o mais fielmente possível) o contornoda “sua” região e os respectivos estados.Proponha que desenhem, em seu mapa,símbolos que representem o trabalho infantil, deacordo com as informações do Quadro“Trabalho infantil nas regiões do Brasil” (Texto19). Os alunos podem também utilizar recortesde revista para criar os símbolos. Não esqueça deorientá-los a construir uma legenda adequada,representando o trabalho executado, bem comoindicar o título (nome da região) e os nomes dosestados.

Prontos os mapas, afixe-os em lugar visível atodos e promova uma discussão: O que há decomum nas condições de trabalho a que estãosubmetidos adolescentes e crianças? Quaistarefas são executadas geralmente? Quais ascaracterísticas dessas tarefas? Discuta com aclasse as causas e os efeitos perversos dotrabalho infantil. Conte um pouco do que já vemsendo feito, no país, para eliminação dotrabalho infantil.

Os cinco mapas feitos, se juntados em umgrande painel, poderão transformar-se em umcartaz gigante, ao qual poderão seracrescentadas frases de repúdio ao trabalhoinfantil. Esse painel poderá ser exposto noevento de encerramento do projeto na escola.

Atividade 3

O trabalho infantil nacomunidadeObjetivo: Obter dados e informações a respeitodas atitudes para com o trabalho infantil na suacomunidade.

Material necessário: papel, lápis, borracha,régua, cartolina e recortes de jornais e revistas.

Para classes da 3a e 4a sériesConverse sobre as atividades já realizadas sobreo assunto e anuncie que irão fazer um“mapeamento” do que as pessoas pensam sobreo trabalho infantil. Faça junto com a classe umroteiro de perguntas para ser usado ementrevistas com os pais e outras pessoas. É muitoimportante procurar as mais diversas pessoas dasua comunidade, como o padre, o dono davenda ou mercearia, algum político localvereador ou prefeito, outros professores, donasde casa, motoristas, vendedores ambulantes,feirantes etc.

O roteiro sugerido envolve questões sobre otrabalho infantil como:

1) O sr(a). conhece alguma criança quetrabalha? Qual o tipo de trabalhodesempenhado?

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

2) Qual a sua opinião sobre o trabalho infantil?Criança deve trabalhar?

3) Por que existe o trabalho infantil?

4) Quais as conseqüências para as crianças quetrabalham muitas horas por dia?

5) Qual a sua opinião sobre o papel dosgovernos no combate ao trabalho infantil?

6) Na sua opinião, como a sociedade deveria seorganizar para ajudar a acabar com otrabalho infantil?

Peça aos alunos para anotar as respostas demaneira organizada nos cadernos.

Após a pesquisa, forme grupos para quediscutam e comparem as respostas obtidas. Emseguida, anote os resultados na lousa, em formade relatório, e incentive comentários. Peça quecopiem e ilustrem o relatório em seus cadernos.

Ainda em grupos, peça que criem pequenoscartazes com frases (que podem ser ilustradascom colagem ou desenho) sobre as principaisconclusões a que chegaram após as entrevistas:opiniões sobre trabalho infantil, por quecrianças trabalham, por que não devemtrabalhar em hipótese alguma, o papel dogoverno e da sociedade em combater o trabalhoinfantil. Organize uma exposição dos cartazesno pátio da escola, não esquecendo de reservaralguns para expor no evento final.

Para classes da 5a à 8a sériesAdote os mesmos procedimentos acima parafazer a pesquisa. Se preferir, acrescentequestões, para ampliar o debate sobre o tema:

7) O sr(a). conhece ou já ouviu falar do ECA(Estatuto da Criança e do Adolescente)?

8) Conhece os direitos das crianças? Quais?

Sugestões de leituraALMEIDA, Rosângela D., PASSINI, Elza Y. O es-

paço geográfico: ensino e representação.São Paulo: Contexto, 1991.

KUPSTAS, Márcia (org.) Sete faces da escola.São Paulo: Moderna, 1998.

9) A sua comunidade já promoveu algumaatividade para defender os direitos dascrianças e adolescentes?

10) Na sua opinião, em que idade a criançadeve completar sua educação? Em queidade deve ser permitido que a criançacomece a trabalhar?

11) Sua escola ou a do seu filho organizoualguma atividade relacionada aos direitosda criança e do adolescente, ou ao trabalhoinfantil?

12) Conhece alguma organização local,nacional ou internacional que atua nadefesa dos direitos das crianças?

13) O que o sr(a). pode fazer para contribuirpara o fim do trabalho infantil?

Após a pesquisa, proponha aos alunos aelaboração de cartazes com tabelas e gráficos debarras dos dados obtidos (se necessário, peça acolaboração do professor de Matemática).Promova a discussão coletiva dos resultados,relembrando o que estudaram sobre“justificativas” para o trabalho infantil emHistória e Português.

Finalize essa atividade solicitando à classe queescreva uma carta sobre os direitos das crianças,as conseqüências do trabalho infantil na vidadelas e cobrando providências para suaeliminação. Com auxílio do professor dePortuguês, proceda à revisão do texto coletivo.Envie cópias dessa carta a representantes comovereadores da cidade, deputados estaduais efederais, de Conselhos Municipais e doMinistério Público.

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

MENINA EXTRAI RESINA DE PINHEIRO. ITAPETININGA - SP

COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

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ArteAs oficinas a seguir foram pensadas em umavisão do ensino de arte como linguagem ecomo área do conhecimento humano. A arte,patrimônio cultural da humanidade, não sónos faz entender o passado; tambémressignifica o presente e antecipa o futuro:esse mundo que ainda não é, mas pode vir aser, torna-se real nas pinturas, filmes,histórias em quadrinhos, na música, noteatro, enfim em toda as linguagensartísticas. Dessa forma, quem sabe, formandocidadãos mais conscientes e críticos, talvezpossamos, também através da arte,sensibilizá-los a serem os transformadores dasociedade, naquilo em que mudanças sefazem urgentes.

Assim, as oficinas aqui propostas não seresumem a um simples fazer, lazer ou àprodução de objetos supostamente artísticos,mas visam levar os alunos a refletir sobre asquestões propostas, pretendendo que essareflexão sobre a erradicação do trabalhoinfantil não se esgote na sala de aula, mas seestenda ao dia-a-dia dos envolvidos.

É importante que você converse com osprofessores dos outros componentescurriculares, como Ciências, História,Geografia, Língua Portuguesa, que tambémestarão trabalhando neste projeto, para queseu trabalho seja mais rico e para garantirque os alunos já tenham discutido eaprofundado, nessas disciplinas, a questãodo trabalho infantil. É imprescindível a leituraatenta, consciente, do volume 1.

Estas atividades podem ser desenvolvidascom alunos a partir da 1a até à 8a oitava série,mudando apenas o grau de profundidadecom que cada conteúdo será trabalhado.O tempo destinado a elas será idealmente deno mínimo duas horas-aula, podendo serampliado ou reduzido de acordo com asnecessidades, idade e interesse da classe.Os materiais sugeridos podem ser ampliadosutilizando-se recursos da própria região,como tintas feitas a partir de flores, folhas,pedras, terra, pigmentos, etc.; bem como ospincéis feitos com fibras, etc.

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

Distribua uma folha de papel em branco a cadagrupo para que façam uma colagem com essematerial, procurando organizar as figurasencontradas de um modo artístico, original. Valecolocá-los de ponta-cabeça, um sobre o outro,cortá-los ao meio separando-os, etc.

Prontos os trabalhos, organize um único muralcom todos eles; mostre ao grupo que elescriaram uma nova possibilidade artística:montaram um grande painel, que, emborautilizando as marcas dos outros (os logotipos,bandeiras, etc.), têm agora a marca do grupo:fizeram uma composição utilizando essas figurasnão mais como marcas, mas como elementos deuma nova obra.

Atividade 1

Criando um símboloObjetivos: Criar um símbolo que represente ocombate ao trabalho infantil; expressar-se nasartes visuais; conhecer e estabelecer um juízocrítico sobre as produções de marcas elogotipos; entender a arte como linguagem,como sistema simbólico de representação;perceber que imagens podem ser lidas,interpretadas, que contêm significados.

Material: revistas e jornais, tesoura, cola, papelcanson branco (ou sulfite), papéis coloridos,lápis de cor, borracha, tinta gouache, pincéis.

Converse com a classe sobre a importância desaber ler não apenas palavras, mas tambémlinhas, cores, formas. Dê exemplos. Nas grandescidades do mundo inteiro, todos os motoristas (emuito mais gente) sabem ler o que significa overmelho do semáforo. Assim também,identificamos as bandeiras dos países, osdistintivos dos clubes de futebol, os ícones docomputador, os logotipos de bancos e indústrias,as marcas das grandes empresas e emissoras detelevisão. Quem não conhece, por exemplo, osdesenhos que identificam as Olimpíadas?

Existem símbolos tão antigos que, embora osreconheçamos hoje, esquecemos que foramcriados há milênios, permanecendo com seu realsignificado através dos séculos, como porexemplo a cruz para os cristãos, a estrela de Davipara os judeus e tantos outros, em diversaspartes do mundo.

Peça aos alunos para se lembrarem do maiornúmero possível de marcas, logotipos, símbolos,distintivos que conseguirem. Incentive-os. Sealguém quiser desenhar na lousa, melhor.

Divida a classe em grupos, distribua jornais,revistas, catálogos, etc., e peça-lhes quepesquisem marcas, bandeiras,logotipos, logomarcas, símbolos,distintivos etc., que deverão serrecortados.

Peça que discutam nos grupossobre o significado das marcasencontradas, o porquê desuas formas, de suascores, letras etc.;estimule-os a explicitar arelação entre o desenhoe a idéia representada.

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Marca ou logomarca: desenho que identificauma firma, empresa, instituição, etc.; exemplo: aarvorezinha da Editora Abril.

Logotipo: siglas ou conjunto de letras organizadas,desenhadas, que representam uma firma,empresa, etc., por exemplo “Coca-Cola”, “MTV”.

Em outra ou na mesma aula, reforce a idéia deque a arte é uma linguagem, que as cores,linhas, formas numa produção artística têm umaintenção, um significado; portanto, representamidéias, sentimentos, pensamentos. Conversandocom os alunos, pergunte-lhes se já viram algumacampanha (de vacinação, prevenção da AIDS,anti-tabagismo, de partidos políticos...) sobrequalquer assunto, na televisão, em revistas,cartazes etc. Pergunte-lhes se essas campanhastinham um símbolo que as identificava.

Em seguida, pergunte à classe o que jáaprenderam sobre a criança que trabalha, sobreo direito à infância, ao estudo, à brincadeira, àcompanhia dos pais, ao descanso... Pergunte-lhes se conhecem crianças que trabalham ecomo são suas vidas. Peça-lhes para lembraremdas discussões já realizadas nas aulas de Históriae que sugiram um tema para uma campanhasobre a erradicação do trabalho infantil (p.ex.,“Lugar de criança é na escola”, “Diga não aotrabalho infantil”).

Proponha aos alunos então a criação de umsímbolo, de um logotipo para essa campanha.Lembre-os que essa marca deve representar opensamento deles sobre o trabalho infantil;portanto, nenhuma cor, nenhuma forma seráusada aleatoriamente; cada linha, cada sombraterá uma intenção, um significado. Esse trabalhodeverá ser realizado individualmente.

As crianças pequenas poderão fazê-losutilizando lápis de cor; as maiores, se quiserem,poderão usar tinta guache.

Terminados os trabalhos, faça um grande painelcom todos eles e discuta as idéias maispresentes, as cores mais utilizadas, seapareceram mais logotipos ou logomarcas, osignificado das cores, das formas etc. Peça aosalunos que comentem seus símbolos, queexpliquem por que tal desenho representa suaidéia sobre o combate ao trabalho infantil.Sugira que dêem um título ao painel, explicandoas razões de sua escolha.

Atividade 2

Divulgando as idéias dogrupo-classeObjetivos: Criar um out-door para umacampanha de conscientização sobre o trabalhoinfantil; expressar-se nas artes visuais; entender aarte como sistema simbólico de representação;adquirir noções de ocupação de espaço,composição; articular texto e imagem; exercitarum olhar crítico sobre cartazes e out-doors.

Material: Papel pardo ou cartolina, fita crepe,lápis, papeis coloridos, tesoura, cola, revistas,tinta guache, pincéis.

Alternativamente, esta oficina pode consistir nacriação de um selo, um adesivo para automóveisou geladeiras, o que reduz gastos com material;também podem ser criadas várias dessas formas,o que permite aos alunos trabalhar com espaçosdiferentes. Também, se tiver um número maiorde aulas, pode sugerir à classe que crie desenhospara camisetas, bonés, chaveiros, capas decaderno, calendários, marcadores de livros etc.que, supostamente, fariam parte de uma grandecampanha de conscientização da populaçãosobre o trabalho infantil em nosso país.

Pergunte aos alunos se lembram de algumdaqueles grandes cartazes espalhados pelas ruasda cidade. Explique que são conhecidos pelonome de out-door e incentive-os a falar sobre osque mais os impressionaram, quais acharammais bonitos etc. Diga-lhes que a tarefa queterão a seguir será, exatamente, criar um dessesenormes cartazes para que todos na escolavejam e possam também pensar um poucosobre o problema do trabalho infantil.

Voltem ao painel executado na aula anterior epeça aos alunos que escolham (ou sorteiem)quatro ou cinco desenhos que melhoridentifiquem o pensamento da classe sobre acampanha de erradicação do trabalho infantil.Não precisa ser o melhor pintado ou o mais bemfeito, mas aquele que melhor simboliza a idéiaque o grupo quer expressar.

Divida a classe em grupos (tantos quantos foremos trabalhos selecionados) e distribua um dossímbolos escolhidos para cada um. Érecomendável que o autor do desenho façaparte do grupo. Se a equipe quiser alterar algum

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

detalhe ou mudar alguma cor do logotipo, jáque agora o trabalho não é mais individual, masdo grupo, isso só poderá ocorrer com aconcordância do autor do desenho, que deveráargumentar sobre as razões que o levaram adeterminada escolha; assim também deveráfazer a equipe, justificando a mudança. Auxilie-os na busca de consenso.

Dê-lhes algum tempo para pensar e rascunhar oprojeto do cartaz, que deverá obrigatoriamenteconter o logotipo escolhido e tantas outrasimagens quantas o grupo decidir, o mesmovalendo para o texto. Lembre-os, porém, que umout-door é visto muito rapidamente, por pessoasque têm pressa, estão no automóvel, no ônibus,no horário de almoço, voltando para casa,portanto, esse cartaz deve conter um máximo deinformações num mínimo de texto. Alerte-ossobre a importância da imagem! Quem tempressa não tem muito tempo para ler, mas asimagens, mesmo que de relance, são vistas epodem influenciar as pessoas.

Conte-lhes também que muitos out-doors agorajá não respeitam mais o limite do retângulooriginal: apresentam imagens que parecemsaltar para o espaço, rompendo com as regrastradicionais e, portanto, mais uma vez,chamando a atenção de quem passa. Incentive-os a serem criativos, ousados, originais!

Determine um tamanho padrão paraos cartazes (120cm x 80cm, porexemplo, ou maior), ensine-os acolar as folhas de papel pardo oucartolina por trás, com fitacrepe até alcançar o tamanhoestipulado. Oriente os alunosna ampliação dos desenhos,execução das letras do texto e,principalmente, nacomposição do cartaz.

Se você estivertrabalhando com asséries iniciais, leve opapel já colado, prontopara receber o desenho eauxilie as crianças naexecução do mesmo. Nãoexija dos pequenos algomuito elaborado; você pode tambémdiminuir o tamanho do cartaz e trabalhar compintura a dedo ou colagem. O importante é quetodos participem.

Nas classes com alunos maiores, distribuaguache, pincéis, copos descartáveis para água

e mistura de tintas, assim como papel toalha outecido velho para limpeza dos pincéis. Oriente osalunos na obtenção das cores que necessitareme na pintura em geral. Você pode também optarpor colagem se achar mais produtivo e mais deacordo com o nível dos alunos; para tanto,distribua papéis coloridos, revistas velhas,tesoura e cola. Nada impede, também, que ogrupo utilize uma técnica mista: por exemplo, odesenho pintado e as letras do texto, recortadasde jornais ou revistas e coladas sobre o guache.

Terminados os trabalhos, converse com a classesobre como foi trabalhar em equipe, se oscartazes divulgam bem a idéia do grupo e osignificado da campanha, se as pessoas que osvirem se sentirão atraídas por eles. Discutatambém sobre questões estéticas – acomposição, ocupação do espaço, utilização dascores, a pintura, se os cartazes são inovadores,como foi a escolha das imagens, do texto etambém sobre a arte enquanto representação deidéias, enquanto algo que tem significado.

Converse com os alunos sobre os pontos maismovimentados da escola e, junto com eles,coloquem os cartazes espalhados pelos locaisonde passam mais pessoas.

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Atividade 3

Quem canta seus malesespanta?Objetivos: criar um jingle para uma campanhasobre a erradicação do trabalho infantil; expressar-se na linguagem musical; adquirir noções sobremúsica; pesquisar e buscar uma postura críticasobre os jingles veiculados pela mídia.

Material: se possível, instrumentos musicais egravador.

Retome com a classe as oficinas anteriores,lembrando-os da importância da arte enquantolinguagem. Na criação dos símbolos, ossignificados vinham através das cores e formas;nesta oficina, a proposta é a criação musical;portanto o “material” a ser trabalhado serão ossons e os silêncios.

Novamente, proponha à classe a continuidadeda campanha sobre a erradicação do trabalhoinfantil. Comente com os alunos os problemasdecorrentes de tal situação, como oanalfabetismo, a evasão escolar, as doenças eacidentes a que estão submetidas crianças quemuito cedo têm de trabalhar, a falta de convíviocom a família e amigos, a absoluta falta detempo para brincar, descansar, sonhar,fantasiar... O amadurecimento precoce, ocansaço, enfim, todas as situações nefastas queprivam a criança de uma etapa de sua vida quelhe é negada e que lhe trará sériasconseqüências no futuro.

Converse com os alunos então sobre os jinglesque eles conhecem. Explique-lhes que jingles sãoaquelas músicas utilizadas em propaganda, paradivulgar produtos no rádio e na televisão. Peçaque cada um diga ou cante algum que se lembreou que ache interessante. Diga-lhes que opróximo desafio, agora, é justamente criar umamúsica que fale sobre a importância da infância,do problema do trabalho infantil.

Divida a classe em grupos e oriente-os na criaçãomusical. Se a turma em questão for de 1a a 4a

séries, você pode sugerir que façam umaparódia, ou seja, colocar uma letra em umamúsica já existente. Por exemplo, trocar a letrade “Ciranda, cirandinha” por outra, de criaçãodo grupo, auxiliado por você. (Criança,criancinha está na hora de brincar; largue todoesse trabalho, agora vamos estudar...)

Lembre-os que um jingle deve ser curto, de fácil

memorização, se possível “contagiante”, aomesmo tempo que veicula uma idéia que é oobjetivo da campanha.

Se na escola existirem instrumentos musicais oubandinha rítmica, você pode oferecê-los aosalunos para que enriqueçam sua criação. Podetambém pedir ajuda ao professor de Portuguêsna elaboração das letras das músicas, já que, naverdade, estas não deixam de ser pequenos poemas– e nem sempre é fácil trabalhar com rimas.

Dê um bom tempo para a execução da tarefa.Se houver salas ociosas em sua escola, seriainteressante colocar um grupo em cada uma, ouleve-os para o pátio, colocando-os distantes paraque um grupo não atrapalhe o ensaio do outro.Circule entre as equipes auxiliando-as eincentivando-as a ser criativas e a dizer o que defato pensam sobre o trabalho infantil.

Assim que todos os grupos tiverem terminado,sorteie a ordem de apresentação. Determine umlocal da sala de aula onde será o “palco”, ouseja, onde os alunos se apresentarão. Éfundamental que você prepare os grupos paraouvir críticas construtivas e para responder apossíveis dúvidas da “platéia”.

Se você tiver um gravador, será excelente gravaros jingles, pois, o grupo que se apresenta nemsempre tem a exata noção do que é “ouvir-se”.Da mesma forma, após as apresentações, seriaótimo se todos pudessem ouvir novamente asproduções da classe, como se estivessemouvindo rádio.

Assim que cada grupo se apresentar, incentive a“platéia” a aplaudir e comente cada trabalho,dando a palavra primeiro ‘para os queassistiram, para elogios, pedidos deesclarecimentos de dúvidas ou sugestões; depoispasse-a ao grupo que se apresentou, para que secoloquem e respondam a possíveis dúvidas.

Depois que todos os grupos tiverem seapresentado, discuta com a classe se as músicaseram de fácil memorização, se continham umaboa mensagem sobre a erradicação do trabalhoinfantil, se o ritmo era adequado, se acomposição não ficou muito longa ou curtademais, se há alguma correção a fazer etc.

Se os alunos tiverem utilizado instrumentosmusicais, fale também um pouco sobreinstrumentos, aumentando seus conhecimentossobre a linguagem musical.

Se os jingles tiverem sido gravados, reproduza-ospara que a classe possa ouvir. Lembre-se quedeverão ser reproduzidos também no evento final

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

Atividade 4

Não desligue o televisor!Objetivos: Criar um comercial para TV sobre aerradicação do trabalho infantil; expressar-se nalinguagem cênica; observar de maneira maiscrítica os comerciais de televisão; adquiriralgumas noções de artes cênicas.

Material: cartazes 2 e 3; se necessário, materialde apoio, acessórios para a caracterização depersonagens (tecidos, chapéus, óculos,perucas...); se possível, uma filmadora.

Alternativamente, esta oficina também podeconsistir na criação de um anúncio para rádio.Nesse caso, a ênfase não será nas imagensvisuais mas na palavra, no som.

Nesta oficina você estará exercitando com osalunos um pouco de teatro; para tanto, énecessário, antes de qualquer atividade, fazerum pequeno aquecimento com a turma. Umoutro cuidado que se deve ter é quanto àexposição dos alunos: incentive todos aparticipar, mas muitas pessoas não se sentembem quando colocadas como foco dasatenções; portanto, não force os que nãoquiserem participar; dê-lhes outra função, comopreparar o cenário, pensar nas falas, namaquiagem, figurino, fundo musical etc.

AquecimentoEsvazie a sala, retirando ou afastando todas ascarteiras, de modo que sobre o maior espaçovazio possível. Peça que todos fiquem em pé, se

espreguicem, façam vária vezes o gesto de jogarfora luvas e chinelos e caminhem lentamentepela sala, ocupando todos os espaços, sem seolhar. A um sinal seu (pode ser o som depalmas) mude o comando, peça-lhes que andemde costas. Novo comando, voltam a andarnormalmente e, novo sinal, correndo, voltam aonormal. Peça agora que se olhem nos olhosquando cruzarem com um colega. Dê uma sériede orientações, sempre intercaladas com umavolta ao modo normal de andar: como bêbados,como soldados marchando, como velhos, comonum desfile de modas, na corda bamba, nalama, num terreno minado... diga “Uma bombaexplodiu!” e mande “Congelar!” (parar no meioda ação, como se tivessem se transformado emestátuas).

Novamente, solicite que se levantem, seespreguicem e caminhem pela sala. A um sinalseu, deverão congelar o movimento. Peça-lhesque continuem andando normalmente,alternando ordens como: amarrem o seu tênis,congelem, andem, troquem a lâmpada do teto;congelem, andem; escovem os dentes,congelem, andem; peguem um lápis que caiu nochão, congelem, andem; apanhem uma laranjabem alto, numa árvore, congelem, andem;acenem para alguém que está muito longe,congelem, andem, apaguem com o pé umcigarro aceso que caiu no chão, congelem,andem, ajoelhem-se na igreja, congelem,andem, lavem roupa no tanque, congelem,andem, rodem um bambolê na cintura,congelem, andem.

Peça agora que o grupo se organize em duplas,um frente ao outro para o jogo do espelho. Asduplas deverão combinar quem é a pessoa,quem é o espelho. O jogador “pessoa” deveráfazer o maior número possível de movimentos,desde os mais sutis, como mascar chicletes aosmais elaborados, como contorcer-se no chão e o“espelho” deverá imitar simultaneamente todosos gestos de seu par. Passados uns dois minutos(ou menos) diga bem alto “Troca!”, assim, quemera espelho vira pessoa e a pessoa, espelho,seguindo as mesmas regras.

Criando um comercialPeça aos alunos que se sentem em círculo, nochão ( e você também) e diga-lhes que seupróximo desafio será o de criar um comercialpara televisão, um “miniteatro”, queconscientize as pessoas sobre a vida da criança edo adolescente que trabalha. Recupere um

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

pouco de tudo que já foi falado nas outrasaulas, traga mais idéias a partir da leitura dovolume 1.

Converse com os alunos pedindo para que cadaum fale sobre algum comercial de TV do qualgostou, ou que achou criativo, não esqueceu, epergunte por quê. Diga você também o seu.Peça-lhes também para comentar algumcomercial que tenham achado horroroso e quedigam por quê. Explique que um comercial deveinfluenciar as pessoas: elas deverão acreditarnaquilo que os atores estão dizendo. Lembreainda aos alunos que um comercial é muitorápido; portanto, em alguns segundos ouminutos, terão de dar seu recado!

Divida a classe em grupos de, no máximo, seispessoas e dê-lhes tempo para pensar e ensaiarseu comercial. Circule entre os grupos,orientando-os e esclarecendo dúvidas. Ofereça-lhes, se possível, material de apoio (tecidos,papéis, cartolinas, tesoura, cola, tintas, pincéis,pois pode ser que alguém queira fazer umchapéu, um bigode postiço...).

Se o grupo quiser, poderá também utilizar ojingle criado na aula anterior, como fundomusical, e o logotipo como elemento do cenário.Incentive-os quanto ao uso, assim, a campanhavai ficando cada vez mais marcante, sonora evisualmente.

Apresentando o comercialSorteie a ordem de apresentação dos grupos.Divida novamente a sala em palco e platéia – ediga-lhes que, agora, estão na TV!

Se for possível dispor de uma filmadora, seriaexcelente gravar os comerciais.

Assim que cada grupo apresentar seu comercial,incentive a platéia a aplaudir. O esforço dosalunos deve ser recompensado. Deixe o grupoainda no palco, enquanto você comenta com aplatéia se esta entendeu o que os “artistas”queriam dizer, se as falas, os gestos, osmovimentos, a ocupação do espaço etc. foramadequados, se deu para ouvir bem, se ficou claraa idéia sobre a erradicação do trabalho infantil,se a platéia quer fazer alguma pergunta aogrupo.

Passe a palavra aos alunos que se apresentarampara que respondam às dúvidas da platéia.Pergunte-lhes como foi trabalhar em equipe, sefoi fácil criar a cena, se alguém não se sentiu àvontade, se sentiram falta de material, segostariam de alterar algo em sua apresentação

depois das colocações feitas pelos colegas etc.

Chame outro grupo para se apresentar eproceda da mesma maneira, até que todostenham se apresentado.

Finalmente, se tiver filmado os comerciais,mostre-os à classe.

Lembre-se: todas essas atividades poderão, se osalunos quiserem (pois não se pode forçá-los,principalmente nas apresentações de música eteatro, quando alguns poderão sentir-seconstrangidos), formar parte do evento quemarcará o final do projeto na escola, deconscientização sobre a necessidade daerradicação do trabalho infantil. Assim,poderiam ser convidados a ver o trabalho dosalunos os pais, famílias, a comunidade,funcionários da escola etc. Integre-se aos demaisprofessores da equipe escolar para aorganização desse evento.

Referências bibliográficas:AZEVEDO, Jô, HUZAK, Iolanda, PORTO, Cristi-

na. Serafina e a criança que trabalha. 12.ed.São Paulo: Ática, 2000.

BOAL, Augusto. Duzentos exercícios e jogospara o ator e o não-ator com vontade dedizer algo através do teatro. São Paulo: Ci-vilização Brasileira, 1983.

BRASIL. Ministério da Educação e do Despor-to. Parâmetros curriculares nacionais: Arte.Brasília, 1996.

MARTINS, Mírian C. F. D., PICOSQUE, Gisa,GUERRA, M. Terezinha T. Didática do ensi-no de arte: a língua do mundo; poetizar,fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.

SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação.Coordenadoria de Estudos e Normas Peda-gógicas. Proposta curricular para o ensinoda educação artística: 1o grau. São Paulo,1991.

SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. SãoPaulo: Perspectiva, 1982.

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

Textos parareproduçãopara os alunosA seguir encontram-se os textos a serutilizados nas atividades das váriasdisciplinas, arranjados de modo a facilitar suacópia (xerox) e reprodução para os alunos.Lembramos que, no caso de páginas quecontêm dois textos, você pode optar pordestacar e distribuir apenas o que for serutilizado em determinada aula, guardando ascópias do outro para a aula seguinte.

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Fontes: IBGE, PNAD 1999Obs.: *dados para a Região Norte referem-se apenas à zona urbana.

Distribuição das crianças e adolescentes (10-14 anos) que trabalham segundo o sexo e grandes regiões, Brasil, 1999Distribuição das crianças e adolescentes (10-14 anos) que trabalham segundo o sexo e grandes regiões, Brasil, 1999Distribuição das crianças e adolescentes (10-14 anos) que trabalham segundo o sexo e grandes regiões, Brasil, 1999Distribuição das crianças e adolescentes (10-14 anos) que trabalham segundo o sexo e grandes regiões, Brasil, 1999Distribuição das crianças e adolescentes (10-14 anos) que trabalham segundo o sexo e grandes regiões, Brasil, 1999

História – Texto 2

História – Texto 1

Dimensionando o trabalhoinfantil no Brasil

Como uma das expressões da pobreza e da in-justa distribuição de renda, o trabalho infantil sem-pre esteve presente em nossa sociedade. O gráfi-co abaixo mostra como crianças e jovens partici-param da economia entre os anos de 1950 e 1980.Tais dados ainda consideravam a população tra-balhadora infantil somente a partir dos 10 anosde idade.

A década de 80, é bom lembrar, foi marcadapor grande instabilidade econômica, fazendo comque o Brasil entrasse nos anos 90 com um dos pio-res desempenhos entre os países do Terceiro Mun-do, no que diz respeito ao enfrentamento da po-breza e à distribuição de renda. E, embora tenhasido também a década da mobilização social pelaredemocratização do país, a luta contra o traba-lho infantil e a inserção do tema na agenda socialnacional só se iniciariam na década seguinte.

Os anos 90 foram decisivos para o início domovimento contra o trabalho infantil, tanto paraa mobilização da sociedade como para a imple-mentação de políticas públicas de assistência so-cial. A estimativa do número total de crianças eadolescentes (10 a 17 anos) trabalhando no Brasilem 1998 é de 7,7 milhões. Em 1992, o númerode crianças eadolescentes exercendo algum tipode atividade econômica era de 9,7 milhões. Issoaponta uma tendência de redução que, no en-tanto, ainda é muito lenta.

Cabe notar que, dentre os que trabalham, apro-ximadamente a metade têm entre 16 e 17 anos,estando portanto na faixa etária permitida pelalegislação brasileira para ingressar no mercado detrabalho. Nos demais grupos de idade, porém, osnúmeros ainda são alarmantes. No Brasil, em1999, dados da PNAD – Pesquisa Nacional porAmostra Domiciliar, feita pelo IBGE – mostram quehavia 375.000 crianças de 5 a 9 anos trabalhan-do! E, dos 10 a 14 anos, eram 2 milhões e meiode trabalhadores. Embora esses totais sejam me-nores dos que havia em 1995, a dimensão do pro-blema do trabalho infantil ainda é absurda. Mui-to precisa ser feito para que o total de crianças eadolescentes trabalhando seja igual a zero.

PPPPPorcentagem de crianças (10-14 anos) e jovensorcentagem de crianças (10-14 anos) e jovensorcentagem de crianças (10-14 anos) e jovensorcentagem de crianças (10-14 anos) e jovensorcentagem de crianças (10-14 anos) e jovens(15-19 anos) trabalhadores no total dos respectivos(15-19 anos) trabalhadores no total dos respectivos(15-19 anos) trabalhadores no total dos respectivos(15-19 anos) trabalhadores no total dos respectivos(15-19 anos) trabalhadores no total dos respectivosgrupos etários, Brasil, 1950-1980grupos etários, Brasil, 1950-1980grupos etários, Brasil, 1950-1980grupos etários, Brasil, 1950-1980grupos etários, Brasil, 1950-1980

Fonte: dados dos Censos Demográficos do IBGE; extraído de Retratos doBrasil, 1985, v.2, p.303.

3000000

2500000

2000000

1500000

1000000

500000

0

2817889

1854854

963035

BRASIL

1600000

1400000

1200000

1000000

800000

600000

400000

200000

0NORDESTE NORTE CENTRO

OESTESUDESTE SUL

total de crianças trabalhadoras meninos meninas

Jovens Crianças

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

50,9%

47,8%

41,7%

19,8%

12,7% 14,4%

1950 1970 1980

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

“O trabalho enobrece a criança. Antes traba-lhar que roubar”.

Esse argumento é expressão de mentalidadevigente segundo a qual, para crianças e adoles-centes (pobres, pois raramente se refere às dasfamílias ricas), o trabalho é disciplinador: seria a“solução” contra a desordem moral e social a queessa população estaria exposta. O roubo – aí co-notando marginalidade – nunca foi e não é alter-nativa ao trabalho infantil. O argumento que re-futa esse é, “antes crescer saudável que trabalhar”.O trabalho infantil marginaliza a criança pobre dasoportunidades que são oferecidas às outras. Sempoder viver a infância estudando, brincando eaprendendo, a criança que trabalha não é prepa-rada para vir a ser cidadã plena, mas para perpe-tuar o círculo vicioso da pobreza e da baixa ins-trução.

Outro argumento presente na sociedade é ode que o trabalho é um bom substituto para aeducação. É usado principalmente no caso de cri-anças com dificuldades no desempenho escolar.Muitas famílias, sem vislumbrar outras possibili-dades de enfrentamento dessas dificuldades, aca-bam incorporando a idéia de que é melhor enca-minhar seus filhos ao trabalho. Nesse caso, cabeà escola repensar sua adequação a essa clientela,pois a função social da escola em uma sociedadedemocrática é permitir o acesso de todos os alu-nos ao conhecimento.

Em suma, o trabalho infantil não se justifica enão é solução para coisa alguma. A solução paraessa problemática é prover as famílias de baixarenda de condições tais que elas possam assegu-rar a suas crianças um desenvolvimento saudável.

Fonte: OIT, Criança que trabalha compromete seu futuro,1995, fasc.1, p.8-9.

História – Texto 4

“Justificativas” comunspara o trabalho precoce

Apesar de condenável e proibido por lei, aindahá quem procure justificar a necessidade do tra-balho infantil. Alguns argumentos, freqüentemen-te usados para “justificar” essa prática, devem serrefutados.

“Crianças e jovens (pobres) devem trabalharpara ajudar a família a sobreviver”.

É a família que deve amparar a criança e não ocontrário. Quando a família se torna incapaz decumprir essa obrigação, cabe ao Estado apoiá-la,não às crianças. O custo de alçar uma criança aopapel de “arrimo de família” é expô-la a danos físi-cos, intelectuais e emocionais. É um preço altíssi-mo, não só para as crianças como para o conjuntoda sociedade pois, ao privá-las de uma infância dig-na, de escola e preparação profissional, reduzimoso valor dos recursos humanos que poderiam im-pulsionar o desenvolvimento do país no futuro.

“Criança que trabalha fica mais esperta, apren-de a lutar pela vida e tem condições de vencerprofissionalmente quando adulta”.

O trabalho precoce nunca foi estágio necessá-rio para uma vida bem-sucedida. Ele não qualificae, portanto, é inútil como mecanismo de promo-ção social. O tipo de trabalho que as crianças exer-cem, rotineiro, mecânico, embrutecedor, impede-as de realizar as tarefas adequadas à sua idade:explorar o mundo, experimentar diferentes possi-bilidades, apropriar-se de conhecimentos, exerci-tar a imaginação...

História – Texto 3

Na pedreiraO lugar não é para brincadeiras. Usa-se cartu-

cho de pólvora para fragmentar a pedra; lascasde pedra e aço dos instrumentos voam para todolado e inala-se pó o tempo inteiro. Ninguém usaóculos nem qualquer outro equipamento de pro-teção. Acidentes são rotina. (...). No povoado de

Taquara (...) Francisco, 11 anos, quebrava pedracomo todos os meninos: sentado no chão, no meioda poeira levantada pelas explosões a dinamite,pelo entra-e-sai dos caminhões e sob o sol escal-dante. Martelava pedra com uma marreta, sobreuma pedra almofariz. Para cada carrinho de cincometros cúbicos de brita, Francisco recebe o equi-valente a pouco mais de dez centavos de dólar.Ele produz 20 carrinhos por semana; se a mãevem junto, a produção chega a 60 carrinhos.

(Extraído de Huzak & Azevedo, 2000, p.100)

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

História – Texto 5

O ECA – Estatuto daCriança e do Adolescente

O ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente,de 1990, é uma lei para assegurar, a toda criançae adolescente, o direito básico de viver – desen-volver-se sadiamente, educar-se e receber prote-ção. Ao contrário da maioria das nossas leis, esta-belecidas a partir “de cima”, o ECA resultou deuma longa mobilização dos setores sociais com-prometidos com a mudança, tanto na maneira de“ver” a criança e o adolescente quanto no atendi-mento a lhes ser dedicado. Esses setores se orga-nizaram e conseguiram que fosse incorporada nanossa Constituição de 1988 dois artigos especifi-camente referidos aos direitos da infância e ju-ventude. Dois anos depois, foi promulgado o Es-tatuto, regulamentando esses direitos.

O ECA é considerado uma legislação muito“avançada”. Em sua redação, evitou-se usar o ter-mo “menor”, das leis anteriores, que designavacrianças pobres, abandonadas, ou que incorriamem delitos. Isso representou uma mudança radi-cal: substituir o termo “menor” por “criança eadolescente” é uma atitude política, de não-dis-criminação. Institui-se uma nova concepção decriança e adolescente como sujeitos de direitos –pessoas que, nessa fase da vida, necessitam deatendimento e cuidados especiais para se desen-volver plenamente. Essas necessidades constitu-em direitos de todos, sem qualquer discrimina-ção.

O principal aspecto do ECA é especificar os direi-tos da criança e do adolescente à vida e saúde, àliberdade, respeito e dignidade, à educação, cultu-ra, esporte e lazer, e à profissionalização e prote-ção no trabalho. Além disso, explicita a condena-ção legal contra toda e qualquer forma de ameaçaou violação dos direitos, seja por violência, explo-ração, discriminação ou negligência, responsabili-zando o poder público de garantir essa proteção.O Estatuto também assegura às crianças e adoles-centes o direito à convivência comunitária e famili-ar, à livre expressão de opiniões e crenças; e o direi-to de brincar, de praticar esportes e de se divertir.

Dois direitos assegurados pelo ECA, em espe-cial, interessam aqui: o direito à educação e a pro-teção no trabalho. O Estatuto reforça a centrali-dade da educação, garantindo a toda criança eadolescente o direito de acesso a escola pública egratuita, próxima da residência, em igualdade decondições de acesso e permanência, assegurandotambém o direito a programas suplementares dematerial didático, transporte escolar, alimentaçãoe assistência à saúde. Cabe ao Estado oferecerensino fundamental, obrigatório e gratuito, esten-der aos poucos essa obrigatoriedade e gratuida-de ao ensino médio, além de oferecer creche epré-escola para as crianças de até 6 anos. O Esta-tuto determina ainda que, ao adolescente traba-lhador, deve ser oferecido ensino noturno regular.

O capítulo V do ECA é inteiramente dedicadoao trabalho. Nele se definia a idade mínima de 14anos para admissão ao trabalho, mas a Lei 10.097de 2000 determina a idade mínima de 16 anos.Então é essa última que vale. O trabalho da crian-ça de 0 a 14 anos permanece terminantementeproibido. E o adolescente entre 14 e 16 anos podeexercer trabalho só na condição de aprendiz. Essacondição é detalhadamente regulamentada: aaprendizagem deve realizar-se em instituição cre-denciada e supervisionada pelos órgãos públicos.E o Art. 68, sobre o trabalho educativo, determi-na que os aspectos pedagógicos prevaleçam so-bre o aspecto produtivo.

O adolescente maior de 16 anos, ao ingressarem um emprego, tem todos os direitos assegura-dos ao trabalhador na CLT (carteira de trabalhoassinada, salário, repouso semanal remunerado,férias, recolhimento do FGTS - Fundo de Garantiado Tempo de Serviço, direitos previdenciários etc.).A única possibilidade de trabalho para o adoles-cente sem vínculo de emprego é a condição deestagiário. Mas o estágio é regido por lei específi-ca, que estabelece entre outras coisas a compati-bilidade entre a “parte prática” e o horário esco-lar, de modo a garantir a freqüência à escola.

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

Português – Texto 7

Mais argumentosSou a favor do trabalho infantil porque sou a

favor da liberdade. Exemplos mostram que quemcomeçou cedo a trabalhar (...) perdeu o medo deenfrentar a vida. Tirar o menor do mercado detrabalho para proteger o adulto é um atentado àliberdade do menor.

(Dirigente empresarial)

Trabalhando precocemente, as crianças perdema chance de desenvolver sua criatividade, seu po-tencial como cidadãos plenos e produtivos. Lugarde criança tem que ser na escola, junto da famí-lia, nos centros de formação.

(Oded Grajew, empresário, Presidente da FundaçãoABRINQ)

Valorizar demais o trabalho para a solução dosproblemas sociais faz com que as pessoas achem

Português – Texto 6

Trabalho infantil:o que é, o que não é

O trabalho infantil pode ser definido como oque é feito por crianças e adolescentes que estãoabaixo da idade mínima para a entrada no merca-do de trabalho, segundo a legislação em vigor nopaís. No entanto, é preciso refinar essa definição,considerando aspectos de tradições culturais emdiferentes lugares do mundo.

Algumas sociedades não mantêm registros es-critos de sua história, técnicas ou ritos: a trans-missão cultural realiza-se oralmente. Assim, naagricultura ou na produção artesanal, crianças eadolescentes realizam trabalhos sob a supervisãodos pais como parte integrante do processo desocialização – quer dizer, um meio de transmitir,de pais para filhos, conhecimentos e técnicas tra-dicionais. Esse trabalho pode ser também motivode satisfação para as próprias crianças.

No entanto, essa situação de trabalho comoparte do processo de socialização não deve serconfundida com aquelas em que as crianças sãoobrigadas a trabalhar, regularmente ou durantejornadas contínuas, para ganhar seu sustento ou

o de suas famílias, com conseqüentes prejuízospara seu desenvolvimento educacional e social.

Assim, as condições de exploração e os prejuí-zos à saúde e ao desenvolvimento da criança ouadolescente é que iriam definir o trabalho infan-til. Mas é preciso lembrar que o mero fato de tra-balhar “em casa” ou “com a família” não o des-caracteriza. Mesmo no trabalho em família, mui-tas crianças são submetidas a estafantes jornadasde trabalho na lavoura ou são encarregadas detodos os serviços domésticos e cuidados com ir-mãos menores, sem que lhes seja garantido, porexemplo, tempo para ir à escola ou brincar.

Atualmente, na luta pelo reconhecimento dosdireitos da criança e do adolescente, um parâme-tro mais claro tem sido adotado: ainda que sejapara garantir a continuidade de uma tradição fa-miliar, para dividir responsabilidades no interiorda casa ou para ajudar na lide do campo, o traba-lho de crianças não pode impedir que elas exer-çam seus direitos à educação e ao brincar, essen-ciais a seu pleno desenvolvimento.

Mas, atenção: isso não quer dizer que criançasestejam dispensadas de ajudar: podem e devemassumir tarefas, de forma compatível com suas ida-des, partilhando-se entre todos os membros da fa-mília – inclusive os masculinos – as tarefas domés-ticas necessárias a uma convivência saudável.

que o trabalho é bom até para crianças. Ao veruma criança entregando pizza, as pessoas ficamaliviadas. Acham que é melhor estar trabalhandodo que assaltando ou cheirando cola.

(Socióloga)

“Trabalho faz mal para a educação”, mostra apesquisa do Datafolha feita em São Paulo, na Bahiae em Pernambuco.

(Reportagem da Folha de S. Paulo,1o maio 1997,Especial Trabalho Infantil, p.5)

O lugar é escuro e fechado. Isso é ilegal. Mas émelhor trabalhar do que ficar vagabundeando narua.

(Menino de classe média ao conhecer uma fábrica queempregava crianças, mesma reportagem da FSP, 1o maio

1997).

Disseram que em Brasília as meninas só brin-cam e estudam. Eu só estudo, me furo e canso nosisal. Isso é vida de criança?

(Menina de 13 anos, mesma reportagem da FSP)

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Português – Texto 8

Notícias e manchetesTRABALHO INFANTIL COMEÇA A SER COM-BATIDO NO RJ

Rio – O Programa Comunidade Solidária, pre-sidido pela primeira-dama Ruth Cardoso, lançouno Rio de Janeiro uma campanha de erradicaçãodo trabalho infantil no estado, que será estendidaà Bahia e a Mato Grosso. A iniciativa decorreu dosdados da Organização Internacional do Trabalho(OIT), segundo os quais, das 30 mil pessoas quetrabalham no corte de cana no norte e noroestedo Estado do Rio, 6 mil são crianças com idadesentre 5 e 14 anos. Esse número representa 20%da mão-de-obra empregada. A pesquisa mostra,ainda, que a situação é mais crítica no Rio, emMato Grosso e na Bahia…

(O Estado de S. Paulo, 7 maio 1997)

Manchetes

70% DAS CRIANÇAS QUE TRABALHAM RE-PETEM

(Folha de S. Paulo, 21 mar.1997, Caderno 3, p.4)

AMBULANTES MIRINS TRABALHAM ATÉ12 HORAS DENTRO DE TRENS

(O Estado de S. Paulo, 2 out. 1997, p.C-12)

INDÚSTRIA PAGA PARA CRIANÇA NÃOTRABALHAR(Folha de S. Paulo, 26 fev. 1997, Caderno São Paulo, p.4)

Português – Texto 9

Meninos carvoeirosManuel Bandeira (Petrópolis, 1921)

Os meninos carvoeirosPassam a caminho da cidade.

– Eh, carvoero!

E vão tocando os animais com um relho enorme.Os burros são magrinhos e velhos.Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.A aniagem é toda remendada.Os carvões caem.(Pela boca da noite vem uma velhinha que osrecolhe, dobrando-se com um gemido)

– Eh carvoero!

Só mesmo estas crianças raquíticasVão bem com estes burrinhos descadeirados.A madrugada ingênua parece feita para eles...Pequenina, ingênua miséria!Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como sebrincásseis!

– Eh, carvoero!

Quando voltam, vêm mordendo num pãoencarvoado,Encarapitados nas alimárias,Apostando corrida,Dançando, bamboleando nas cangalhas comoespantalhos desamparados!

(Extraído de Manuel Bandeira, Estrela da vida inteira:poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1966,

p.92-3)

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

Português – Texto 10

PiveteFrancis Hime e Chico Buarque de Holanda

No sinal fechadoEle vende chicleteCapricha na flanelaE se chama PeléPinta na janelaBatalha algum trocadoAponta um caniveteE atéDobra a Carioca, olerêDesce a Frei Caneca, olaráSe manda pra TijucaSobe o BorelMeio se malocaAgita numa bocaDescola uma mutucaE um papelSonha aquela mina, oleréE tem as pernas tortasPrancha, parafina, olaráDorme gente finaAcorda pinelZanza na sarjetaFatura uma besteiraE tem as pernas tortasE se chama ManéArromba uma portaFaz ligação diretaEngata uma primeiraE atéDobra a Carioca, olerêDesce a Frei Caneca, olaráSe manda pra TijucaNa contramãoDança pára-lamaJá era pára-choqueAgora ele se chamaAyrtonSobe no passeio, olerêNão se liga em freioNem direçãoNo sinal fechadoEle transa chicleteE se chama piveteE pinta na janelaCapricha na flanelaDescola uma beretaBatalha na sarjetaE tem as pernas tortas. (Extraído de Chico Buarque de Holanda, Para todos. São

Paulo: RCA; Distr. BMG Ariola, 1993)

Português – Texto 11

O moinho e o campo degolfe

Sarah N. Cleghorn

O campo de golfe e o moinhoficam perto, tão pertinho…Que as crianças trabalhandoquase sempre podem veros homens brincando.

Trabalho infantil é...Michael J.Pasternak

Trabalho infantil é…sombra na escuridão,silêncio do lado de fora,guerra por dentro,o amarelo-violeta de velhos machucados. (...)Trabalho infantil é…uma áspera gravata de seda que te enforca,um vestido tecido de dor,olhos famintos,sonhos desfeitos.O trabalho infantil vive…No buraco negro do espaço (...)Seu pertence mais precioso:as crianças mortas e esquecidaspara sempre.

(Extraído de OIT/IPEC, Poems and songs. Genebra,1998.p.14-5.)

HIGIENE MATINAL NA CARVOARIA. ÁGUAS CLARAS - MS

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Português – Texto 12

Trabalho infantil nocampo

Conhecer a realidade do trabalho infantil sig-nifica conhecer também as condições desumanasem que ocorre. As crianças trabalhadoras desen-volvem atividades penosas, perigosas, em ambien-tes insalubres – no mais, inadequadas tambémpara adultos. Vários desses aspectos podem sermais facilmente vislumbrados no campo, na cul-tura da cana de açúcar, nas carvoarias, no sisal enas pedreiras, entre outros.

Milhares de crianças e jovens trabalham de sola sol nos canaviais e no engenho, principalmenteem Alagoas, Bahia e São Paulo. Na safra, fazem ocorte da cana, ajudam a transportar os feixes parao engenho. Num calor abrasador, trabalham nocozimento do caldo da cana, revirando-o com umaescumadeira, retirando espuma e impurezas, atéque se atinja o ponto do melado. Na entressafra,pegam na enxada para ajudar os pais a limpar ocanavial. Esse tipo de trabalho os expõe a váriosriscos de acidentes – lesões por facão ou foice,queimaduras, picadas de cobras. Além disso, otransporte até o local de trabalho é feito em veí-culos inadequados. As jornadas são longas, ossalários baixíssimos e a situação é agravada pelafalta de alimentação, de água potável e de insta-lações sanitárias adequadas.

Sob o calor do sol e dos fornos que queimamlenha para fazer carvão, centenas de crianças ejovens trabalham em carvoarias, principalmentenos estados da Bahia, Goiás e Minas Gerais. Seutrabalho é encher os fornos com lenha, fechá-loscom barro e, depois, retiraro carvão. Ainda ajudam nocorte das árvores para for-necer a lenha, no ensaca-mento do carvão e no car-regamento dos caminhões.Fumaça e calor fazem partedo ambiente de trabalho. Ajornada excessiva, o traba-lho noturno e exposição avariações bruscas de tempe-ratura comprometem a saú-de. Crianças e adultos tra-balham sem proteção algu-ma e sem descanso sema-nal. Em algumas localidadesdo Mato Grosso do Sul,

constatou-se a existência de trabalho semi-escra-vo, ou seja, a empresa fornecia alimentos e des-contava seu valor sem apresentar notas; na horado acerto de salário, muitos trabalhadores aindaficavam devendo à empresa. O grande paradoxoé pensar que o carvão, destinado a fornecer ener-gia, seja produzido subtraindo energia de crian-ças e jovens.

No sertão da Bahia e da Paraíba, crianças e ado-lescentes trabalham nas plantações de sisal: cor-tam as pontudas folhas e as carregam para a “ba-tedeira”, máquina de desfibrar as folhas de sisal,transportando também a fibra processada para asecagem. Nesse trabalho, não raro sofrem muti-lações pelo uso da máquina e ainda são expostosao ruído excessivo e à alta concentração de poei-ra. O Brasil é o principal fornecedor mundial des-sa planta, cujas fibras conseguem altos preços nomercado internacional. A beleza dos produtosderivados do nosso sisal esconde histórias de pri-vações de crianças e adolescentes envolvidos naprodução da fibra.

Detectado em 12 estados brasileiros, dentre osquais Alagoas, Bahia e São Paulo, o trabalho decrianças e adolescentes em pedreiras lembra osantigos trabalhos forçados que prisioneiros eramobrigados a realizar. As crianças trabalham a céuaberto em meio a explosões de rochas, provoca-das com cartuchos de pólvora. Com marretas etalhadeiras quebram os blocos de pedras sob osol, num esforço físico excessivo para suas idades.Também trabalham no polimento e carregamen-to de pedras, inalando pó o tempo inteiro. A jor-nada é excessiva, o trabalho é insalubre, ninguémusa óculos ou qualquer outro meio de proteção.

Fontes: Mapa de indicativos do trabalho dacriança e do adolescente (Brasil, 1999);

Huzak & Azevedo (2000)

TRABALHO NO CANAVIAL - PE

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

Português – Texto 13

Trabalho infantil noscentros urbanos

Nos centros urbanos, o trabalho infantil é visí-vel nas ruas e, especialmente, nos depósitos delixo ou “lixões”. Em ambiente altamente insalu-bre, crianças e adolescentes recolhem garrafas,latas, plástico e papel, que vendem para seremreciclados ou reaproveitados. Nos lixões, convivemcom materiais contaminados e gases de fermen-tação dos dejetos; latas, garrafas e peças de me-tal cortam e ferem, tanto adultos como crianças.Alimentam-se em meio a enxames de moscas.Além do que recolhem para venda, costumam se-lecionar alimentos e objetos reaproveitáveis parauso próprio. Com o que vendem, crianças conse-guem obter a quantia de no máximo R$ 2,00 pordia. É comum trabalhar a família inteira, numajornada ininterrupta, sem descanso semanal ouqualquer vínculo empregatício.

Pequenos trabalhadores nas cidades vêem-sepor toda parte, nas ruas. São vendedores de pico-lé, fruta, cigarro, biscoito, doces e balas; são guar-dadores de carro, “flanelinhas”, jornaleiros ou

engraxates, dentre tantas atividades. Vendendoprodutos diversos entre veículos em congestiona-mentos, pontos de ônibus, em frente a centroscomerciais ou estádios de futebol, eles fazem par-te da paisagem urbana, sendo por muitas vezesvistos como estorvo ou mesmo como futurosmarginais. A rua é um local de trabalho cruel eperigoso: as relações que estabelecem com ou-tros atores sociais (adultos agenciadores, policiais,traficantes e adultos de rua) em muitos casos põeem risco sua vida. Além disso, esses meninos emeninas fazem longos percursos a pé, alimentam-se de maneira e em horários inadequados e, porvezes, trabalham em locais e horários imprópriospara a idade, como bares ou boates, à noite.

Nas cidades, além dos lixões e do trabalho nasruas, outra forma de inserção, menos visível, é oemprego doméstico e em pequenos empreendi-mentos (lojas, fábricas e escritórios familiares oude pequeno porte). O trabalho infantil nesses ca-sos apresenta-se como recurso barato e sem ne-cessidade de regularização por parte dos empre-gadores. Isso talvez cause menor impacto, porémnão perde suas características e condições de ex-ploração, exposição a riscos e prejuízo no desen-volvimento de crianças e adolescentes.

O trabalho doméstico, realizado geralmentepor meninas em residências, constitui freqüen-temente uma forma de exploração oculta. Namaioria das vezes, as condições de vida e traba-lho são inadequadas, muitas meninas dormemno emprego – condição que favorece uma jorna-da de trabalho extremamente alongada – e al-gumas delas chegam a sofrer humilhações e abu-sos sexuais.

Uma pesquisa feita pelo DIEESE (1997) em seisgrandes centros urbanos brasileiros constatou que70% das crianças trabalhadoras têm menos de 14anos, sendo que um terço delas começou a tra-balhar antes dos 10 anos. Grande parte delas tra-balha cinco, seis e até sete dias da semana, emtempo integral; muitas cumprem parte da jorna-da de trabalho à noite. O trabalho que as criançasfazem é exatamente o mesmo que é feito por adul-tos, inclusive com as mesmas condições precárias,isto é, em locais perigosos e insalubres.

O quadro aqui esboçado mostra que a socie-dade brasileira vem violando os direitos de milhõesde crianças e adolescentes, que continuam sendoagenciados para os mais diversos tipos de traba-lho, realizados em condições que em nada se re-vertem em seu próprio benefício.

Fontes: Mapa de indicativos do trabalho da criança e doadolescente (Brasil, 1999); DIEESE (1997).

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Ciências – Texto 14

Declaração dos direitosda criança

Toda criança, independente de sexo, cor, raça,religião, origem nacional ou social, ou qualquer ou-tra condição, sua ou de sua família, tem direito a:

1 desenvolver-se física, mental, moral, espirituale socialmente de forma sadia, em condiçõesde liberdade e dignidade;

2 receber um nome e uma nacionalidade, desdeo nascimento;

3 crescer e criar-se com saúde, tendo alimenta-ção, habitação, recreação, cuidados, proteçãoe benefícios da previdência social;

4 receber cuidados especiais no caso de incapa-cidade física, mental ou social;

5 crescer em ambiente de afeto e segurança,moral e material, propiciado pelos pais e pelasociedade;

6 receber educação gratuita, em condições deigualdade de oportunidades;

7 brincar e divertir-se;

8 estar entre os primeiros a receber proteção esocorro, em quaisquer circunstâncias;

9 ser protegida contra abandono, violência, trá-fico, ou exploração pelo trabalho;

Não será permitido à criança empregar-se an-tes da idade mínima conveniente; de nenhu-ma forma será levada a ou ser-lhe-á permitidoempenhar-se em qualquer ocupação ou em-prego que lhe prejudique a saúde ou a educa-ção ou que interfira em seu desenvolvimentofísico, mental ou moral.

10 ser protegida contra toda e qualquer forma dediscriminação, crescendo em ambiente de to-lerância e amizade entre os povos.

(Adaptado da Declaração dos Direitos da Criança,aprovada na Assembléia Geral das Nações Unidas em 20

de novembro de 1959)

Ciências – Texto 15

O trabalho no sisalJá é meio-dia e Éris começou às 7 da manhã.

As pernas, sob o calção curto, estão cheias de fe-ridas pelo contato com as folhas cortantes e seusuco. Enxames de moscas pousam sobre elas. Ocabelo de Éris é todo avermelhado nas pontas, detanto sol na cabeça, mas vida de cambiteiro é as-sim mesmo: pega a palha e leva no burro; trazfibra descascada e ajuda a mãe a estender nosjiraus, para que seque. Dá duro e já aprendeu anão reclamar, embora tenha 7 anos.

(Extraído de Huzak & Azevedo, Crianças de fibra, 2000,p.132-4)

Depoimento de Paulo Sérgio, menino trabalha-dor em cultura de sisal, Bahia:

Comecei como cambiteiro aos 4 anos. Com 16cortava sisal. Meu pai sevava. Quando ele mor-reu, tive de fazer o serviço. Um dia, uma fibraembolou o motor. Bati nela e ela prendeu meusdedos. O problema não foi só a dor, mas a faltaque a minha mão faz.

O sisal dá muito trabalho e pouco dinheiro paraquem produz. Se não destocar, enche de mato.Cortar é perigoso por causa das cobras no mioloda planta e as pontas das folhas podem bater noolho e furar. Carregar, botar, sevar, estender parasecar: tudo é longe. Tem de andar muito, compeso, no sol quente. Depois as escolas são distan-tes, tem de andar mais.

(Extraído de Huzak & Azevedo, Crianças de fibra, 2000,p.135-9)

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL: GUIA PARA EDUCADORES v.2

Ciências – Texto 17

Prostituição infantilAndréia Peres

Seja no mangue, no lixo, seja na roça, o trabalhoinfantil é terrível – e condenável – em qualquer umade suas formas. A Organização Internacional do Tra-balho, no entanto, classificou na sua última conven-ção algumas atividades como piores do que outras eincluiu a prostituição na sua lista de trabalhos queprecisam ser urgentemente erradicados. O Piauí é umdos estados brasileiros em que a prostituição infantilé mais escancarada. Na Praça da Bandeira, uma dasprincipais de Teresina, uma dezena de prostitutas me-ninas disputam clientes em plena luz do dia. Algu-mas delas vendem café por 25 centavos, para disfar-çar, mas a maioria nem se preocupa com isso.

(...)

Ciências – Texto 16

É ruim ser criançaCabelo escorrido, magrinha, pele morena, roupas

puídas e sandálias de borracha, Ionara Oliveira Alves,11 anos, vive do lixo do Janguruçu, em Fortaleza.Metade das mil pessoas que aqui trabalham são mu-lheres, adolescentes e crianças.

Janguruçu fica a 10 quilômetros da cidade. O ater-ro recebe 3 000 toneladas de lixo residencial, hospi-talar e entulhos por dia. (...)

Ionara se matriculou na escola, por isso só vai paraa rampa aos sábados e domingos. Procura brinque-dos, mas cata “outras coisinhas”. Com isso, ajuda nasdespesas com a alimentação. São nove pessoas emcasa. (...) A renda dessa família chega no máximo aum salário mínimo por mês.

Logo na entrada, perto das balanças, a sensação éangustiante. Nuvens de moscas colam na pele, o caloré insuportável, misturado aos gases da fermentaçãodo lixo e do chorume, que escorre pelos barrancos parao rio Cocó. O mau cheiro sufoca. Há restos de tudo,inclusive seringas, agulhas e frascos de soro. (...)

Centenas de catadores se atiram sobre o lixo, assimque cada veículo [caminhão] chega. Roupas sujas emfrangalhos, calçam sapatos díspares encontrados nomeio dos “bagulhos” e cobrem a cabeça com camise-tas e trapos. Disputam o entulho (...) num trabalhocontínuo de vasculha-acha-separa-amontoa-carrega.

A briga é desigual: os homens são mais agressivose pegam maior quantidade de materiais. As criançasacabam ficando na retaguarda, esperando que sobrealguma coisa para amontoar e vender aos “deposei-

ros”. Acidentes acontecem diariamente e, é claro, nãohá assistência alguma. Ionara vai narrando:

“É muito ruim ser criança”. Ela se sai mal quandoo caminhão chega. (...) “Porque tem muita gente abes-tada mesmo, que não pode ver a gente pegar umalata, que pode até matar por isso. (...) As criançascatam com a mão, com paus. Perigoso. Uma amigaminha não viu um caco e cortou a mão. Depois temesse movimento de caminhão, trator, tudo em cima,muito perigoso. Um menino morreu atropelado; euma mulher, buchuda, o trator passou em cima”.

Os catadores fazem as refeições no meio da sujei-ra, com milhares de moscas e outros insetos em vol-ta. Normalmente, levam marmita e água de casa, paranão se sujeitar ao preço dos barraqueiros. Alguns, naânsia de garantir mais produção, trabalham à noite,iluminados por lamparinas de querosene, feitas comlatas velhas e trapos.

“Tem criança virando a noite. Eu já trabalhei denoite. Mas é muito ruim, não dá pra dormir nada demadrugada. A gente se ajeita em cima de um pape-lão, perto dos fardos. Mas pode pegar um fuscão:tem uns meninos que jogam aquele pó preto que vemno lixo, ou então pó de pneu queimado. A genteamanhece preta dos pés à cabeça. Já aconteceu co-migo. Se quiser dormir um pouquinho, tem de botarpapelão em cima”.

Os catadores não têm condições de pensar no fu-turo. Ionara resume: “Quando eu vinha aqui todo dia,pensava: vou dormir. Dormia, acordava, estava a mes-ma coisa. Quando brinco com os brinquedos que achopor aqui, eu finjo que sou dona de casa e que minhaamiga também tem uma casa. Eu sonho”.

(Extraído de Huzak & Azevedo, Crianças de fibra, 2000,p.80-5)

[Em outra cidade do Piauí,] Maquiada e com rou-pas curtíssimas, Rosa aparenta mais do que seus 14anos. Desde os 13 a menina se prostitui. Sem dinhei-ro e sem emprego, ela aceitou a proposta de um ho-mem com quase o triplo da sua idade para fazer sexopor dinheiro. Recebeu dez reais pelo programa e pas-sou a ir sempre para a praça.

“Tem alguns clientes que eu não agüento nem ver.Tampo o rosto para não olhar e transo assim mes-mo”, diz a menina, que coleciona fotos e pôsteres doRonaldinho e parou de estudar na quarta série.

Sua mãe sabe de tudo; não concorda com o tipode trabalho da filha, mas não o reprime. Rosa vivenuma casa de pau-a-pique, sem energia elétrica, emTimon, na fronteira do Piauí com o Maranhão. Seuscinco irmãos e a mãe sobrevivem com o salário míni-mo que seu padrasto recebe. Com o dinheiro queganha na rua, a menina compra roupa, calçados e,de vez em quando, comida. Seu maior desejo é arru-mar emprego numa casa de família.

(Extraído de Revista Cláudia, p.21-2, set. 1999)

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Geografia – Texto 18

Criança não trabalhaPaulo Tatit e Arnaldo Antunes

Lápis, caderno, chiclete, piãoSol, bicicleta, skate, calçãoEsconderijo, avião, correria,Tambor, gritaria, jardim, confusãoBola, pelúcia, merenda, crayonBanho de rio, banho de mar,Pula-sela, bombom

Geografia – Texto 19

Trabalho infantil nas regiões do Brasil

Tanque de areia, gnomo, sereia,Pirata, baleia, manteiga no pãoGiz, mertiolate, band-aid, sabãoTênis, cadarço, almofada, colchãoQuebra-cabeça, boneca, peteca,Botão, pega-pega, papel, papelão.Criança não trabalha,Criança dá trabalho,Criança não trabalha!1, 2 feijão com arroz3, 4 feijão no prato5, 6 tudo outra vez!(Do CD Canções curiosas, Palavra Cantada/Eldorado, 1998)

Atividade econômica Tarefas geralmente Condições de trabalho a que estão submetidosexecutadas adultos e crianças

Região Norte

Indústria de móveis, Serrar, lixar, pintar madeira; Ambiente insalubre, exposição a ruído e pó, falta demadeireira colagem de lâminas; limpeza, equipamentos de proteção, contato com produtos

coleta de pó de serragem; tóxicos; falta de registro na carteira de trabalhocarregar e empilhar

Pecuária Limpeza dos currais, ordenha Jornada excessiva de trabalho, transporte de cargae alimentação dos animais excessiva; falta de registro na carteira de trabalho

Olarias Coleta do barro, transporte de Ambiente insalubre: galpões úmidos, polias elenha para alimentação do máquinas sem proteção; ritmo de trabalho acelerado eforno repetitivo; jornada excessiva, falta de registro na

carteira de trabalho

Engraxate Atividade autônoma em ruas, Longos percursos em busca de clientes, mápraças, bares, pontos de alimentação, trabalho em locais de risco ou proibidos,ônibus como bares e boates

“Lixão” Seleção de lixo reciclável para Atividade informal com jornada ininterrupta, praticadavenda, seleção de alimentos e geralmente com a família; risco de contrair doenças eobjetos para uso próprio de atropelamento por caminhões

Extrativismo Coleta e transporte da Jornada excessiva; trabalho familiar realizado nacastanha floresta, sujeito a longas caminhadas

Fonte: Mapa de indicativos do trabalho da criança e do adolescente (Brasil, 1999).

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Geografia – Texto 19 (continuação)

Região Nordeste

Fumicultura Plantio, colheita, secagem, Jornada excessiva, manuseio de agrotóxicos; falta deensacamento registro na carteira de trabalho

Venda de jornais, Em vias públicas, Trabalho perigoso, noturno; remuneração pordistribuição de principalmente em produçãofolhetos cruzamentos

Agricultura canavieira Plantio manual, queima do Não-fornecimento de água potável nem alimentação,canavial, corte e carregamento falta de instalações sanitárias; transporte em veículosda cana; inadequados, jornada excessiva

Cultura do sisal Uso de máquina para Ruído e pó excessivos, máquinas sem proteção;desfibramento, corte e jornada longa, falta de registro na carteira de trabalhotransporte da fibra

Região Centro-Oeste

Coleta de papel e Recolhimento em carroça, Trabalho insalubre, transporte de peso, risco depapelão com ou sem animal (de lixos acidentes de trânsito; baixa remuneração

de escritórios, órgãospúblicos etc.)

Produção de Manutenção e alimentação dos Trabalho noturno, jornada excessiva, remuneração porcarvão vegetal fornos, ensacamento, corte de produção; exposição a variações bruscas de

lenha, carregamento temperatura

Agricultura Limpeza, plantio, colheita, Uso de instrumentos cortantes, manuseio detransporte de carga excessiva agrotóxicos; jornada excessiva, transporte

inadequado, falta de registro na carteira de trabalho

Região Sudeste

Extração de pedra Extração, corte, polimento e Insalubridade, perigo de acidentes, jornada excessiva,brita, mármore e carregamento de pedra falta de condições sanitárias, trabalho a céu abertogranito

Cafeicultura Colheita, transporte Cargas e jornada excessivas; falta de registro emcarteira de trabalho

Agricultura canavieira Plantio manual, queima do Não fornecimento de água potável e alimentação, faltacanavial, corte e carregamento de instalações sanitárias; transporte em veículosda cana inadequados, jornada excessiva

Construção civil Ajudante de pedreiro, Falta de de água potável, excesso de peso; jornadacarregamento de entulho em excessiva, falta de registro na carteira de trabalhocarrinho de mão

Região Sul

Extração do calcário Corte, beneficiamento e Falta de máscaras, de protetores para o ouvido;polimento jornada excessiva

Avicultura Abate, tratamento; coleta e Falta de registro na carteira de trabalho, jornadaembalagem de ovos excessiva

Indústria calçadista Colagem da sola, limpeza com Trabalho feito em casa ou em fábricas pequenas, semprodutos químicos, lixamento controle de jornada de trabalho; exposição a produtose pintura tóxicos, falta de proteção contra riscos à saúde

Cultivo de pinus Plantio, corte, extração de Falta de água potável, transporte inadequado; jornadaresina excessiva, falta de registro na carteira de trabalho.

Page 119: Combatendo o Trabalho infantil · trabalho infantil, sua situação no Brasil e no mundo, bem como sobre os direitos das crianças e adolescentes, destacando a educação e o lazer

NTIL GUIA

LHO INFANTIL GUIA PARA

RABALHO INFANTIL GUIA PARA EDUCAD

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Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil - IPEC

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHOEscritório no Brasil

ISBN 92-2-811040-6

Page 121: Combatendo o Trabalho infantil · trabalho infantil, sua situação no Brasil e no mundo, bem como sobre os direitos das crianças e adolescentes, destacando a educação e o lazer

QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃOSolicitamos que este questionário seja preenchido pelo diretor ou diretora da escola, com base em informações colhidas

junto à equipe escolar, após a leitura do material e do planejamento para sua aplicação. Interessa-nos muito saber como omaterial foi recebido, as impressões que causou, especialmente sobre sua aplicabilidade.

Agradecemos desde já essas informações, fundamentais para ajustarmos o material em futuras aplicações, vindo a cons-tituir efetivo apoio à escola nesse combate que é de todos nós.

Informações sobre a escola:Diretor(a): ____________________________________________________________________________________________

Escola: _______________________________________________________________________________________________

Cidade: ____________________________________________________________ Estado: __________________________

1. Quanto à forma de apresentação (dois volumes, um com textos, outro com sugestões de atividades), consideramos omaterial:

{ } adequado { } adequado em parte { } inadequado

Justifique: ___________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________

2. Quanto ao conteúdo do volume 1, consideramos que é:

{ } satisfatório { } satisfatório em parte { } insatisfatório

Justifique: ___________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________

3. Quanto ao conteúdo do volume 2, consideramos que é:

{ } adequado { } adequado em parte { } inadequado

Justifique:___________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________

4. Quanto aos demais componentes (jogo, cartazes), consideramos que são:

{ } adequados { } adequados em parte { } inadequados

Justifique: ___________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________

5. De uma maneira geral, quanto à aplicabilidade do material para os fins a que se destina, consideramos que é:

{ } adequado { } adequado em parte { } inadequado

Justifique: ___________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________

6. Que tipos de apoio a equipe deseja (ou espera), de modo que possa ampliar e fortalecer a participação da escola nestaluta contra o trabalho infantil?

____________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________

7. O que mais a equipe gostaria de dizer, que não foi perguntado?

____________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________

Muito obrigado por sua contribuição.

OIT – ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHOIPEC Programa Internacional para a Eliminação do TrabalhoInfantilProjeto Professores, educadores e suas organizações na lutacontra o trabalho infantil

Combatendo oCombatendo oCombatendo oCombatendo oCombatendo oGUIA PARA EDUCADORES

TTTTTrabalho infantilrabalho infantilrabalho infantilrabalho infantilrabalho infantil

DOBRE E COLE AQUI

Page 122: Combatendo o Trabalho infantil · trabalho infantil, sua situação no Brasil e no mundo, bem como sobre os direitos das crianças e adolescentes, destacando a educação e o lazer

DOBRE E COLE AQUI

Combatendo oCombatendo oCombatendo oCombatendo oCombatendo oGUIA PARA EDUCADORES

TTTTTrabalho infantilrabalho infantilrabalho infantilrabalho infantilrabalho infantil

CARTA-RESPOSTA

O SELO SERÁ PAGO POROIT - ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO

REMETENTE:

ENDEREÇO:

PRT-10 0106052

UP – AC / CENTRAL

DR / BSB

NÃO É NECESSÁRIO SELAR

70099-999 BRASÍLIA - DF

Page 123: Combatendo o Trabalho infantil · trabalho infantil, sua situação no Brasil e no mundo, bem como sobre os direitos das crianças e adolescentes, destacando a educação e o lazer

Combatendo oCombatendo oCombatendo oCombatendo oCombatendo oGUIA PARA EDUCADORES

TTTTTrabalho infantilrabalho infantilrabalho infantilrabalho infantilrabalho infantil

Declaração dos direitos da criançaToda criança, independente de sexo, cor, raça, religião, origem nacional ou

social, ou qualquer outra condição, sua ou de sua família, tem direito a:

11111Desenvolver-se física, mental,

moral, espiritual e socialmentede forma sadia, em condições

de liberdade e dignidade. 22222 Receber um nome e uma

nacionalidade, desde onascimento.33333

Crescer e criar-se com saúde,tendo alimentação,

habitação, recreação,cuidados, proteção e

benefícios da previdênciasocial. 44444

Receber cuidados especiais nocaso de incapacidade física,

mental ou social.55555Crescer em ambiente de

afeto e segurança, moral ematerial, propiciado pelos

pais e pela sociedade.

88888Estar entre os primeiros a

receber proteção esocorro, em quaisquer

circunstâncias.

99999Ser protegida contra abandono, violência, tráfico, ou

exploração pelo trabalho.NNNNNão será permitido à criança empregarão será permitido à criança empregarão será permitido à criança empregarão será permitido à criança empregarão será permitido à criança empregar-se antes da idade mínima-se antes da idade mínima-se antes da idade mínima-se antes da idade mínima-se antes da idade mínima

conveniente; de nenhuma forma será levada a ouconveniente; de nenhuma forma será levada a ouconveniente; de nenhuma forma será levada a ouconveniente; de nenhuma forma será levada a ouconveniente; de nenhuma forma será levada a ou

serserserserser-lhe-á permitido empenhar-lhe-á permitido empenhar-lhe-á permitido empenhar-lhe-á permitido empenhar-lhe-á permitido empenhar-se em qualquer ocupação ou emprego-se em qualquer ocupação ou emprego-se em qualquer ocupação ou emprego-se em qualquer ocupação ou emprego-se em qualquer ocupação ou emprego

que lhe prejudique a saúde ou a educação ou que interfira em seuque lhe prejudique a saúde ou a educação ou que interfira em seuque lhe prejudique a saúde ou a educação ou que interfira em seuque lhe prejudique a saúde ou a educação ou que interfira em seuque lhe prejudique a saúde ou a educação ou que interfira em seu

desenvolvimento físico, mental ou moral.desenvolvimento físico, mental ou moral.desenvolvimento físico, mental ou moral.desenvolvimento físico, mental ou moral.desenvolvimento físico, mental ou moral.

1010101010Ser protegida contra toda e qualquerforma de discriminação, crescendo

em ambiente de tolerância e amizadeentre os povos.

77777Brincar e divertir-se.

66666Receber educação gratuita,

em condições de igualdade deoportunidades.

(Adaptado da Declaração dos Direitos da Criança, aprovada na Assembléia Geral das Nações Unidas em 20 de novembro de 1959.)

Cartaz 1

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Uma realidade queprecisa ser mudada

Quebrando pedraMenino, 10 anos, Santa Luz (BA)

Retirando carvão do fornoMenina, 13 anos, Água Clara (MS

Colhendo cháMenina, 9 anos, Vale do Ribeira (SP)

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Estendendo sisalMenino, 7 anos, Lagoa do Boi (BA)

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GUIA PARA EDUCADORES

Cartaz 2

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Page 125: Combatendo o Trabalho infantil · trabalho infantil, sua situação no Brasil e no mundo, bem como sobre os direitos das crianças e adolescentes, destacando a educação e o lazer

Combatendo oCombatendo oCombatendo oCombatendo oCombatendo oTTTTTrabalho infantilrabalho infantilrabalho infantilrabalho infantilrabalho infantil

GUIA PARA EDUCADORES

Combatendo o Trabalho InfantilCombatendo o Trabalho Infantil Combatendo o Trabalho Infantil Combatendo o Trabalho Infantil

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CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM EDUCAÇÃO,CULTURA E AÇÃO COMUNITÁRIAR. Dante Carraro 68 Pinheiros05422-060 São Paulo SP Brasil

http://www.cenpec.org.br

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO– Escritório no Brasil

Setor de Embaixadas Norte, Lote 35, 70800-400Brasília DF Brasil

[email protected].

Combatendo o Combatendo o Combatendo o Combatendo o Combatendo oTTTTTrabalho infantil rabalho infantil rabalho infantil rabalho infantil rabalho infantil rabalhoinfantil rabalhoinfantil GUIA PARA EDUCADORES

Combatendoo Trabalho Infantil

• volume 1 Combate aotrabalho infantil

• volume 2 Sugestões deAtividades

• cartaz 1 Declaração dosdireitos da criança

• cartaz 2 Uma realidadeque precisa ser mudada

• cartaz 3 Trabalho infantil:uma história que vem delonge

• cartaz 4 Criança fazendoo que é de direito

• tabuleiro do jogoBem-vindos à escola

• cartela com fichas e dadodo jogo Bem-vindos à escola

• folheto com as regrasdo jogo Bem-vindos à escola

• questionário em carta-resposta

Brasília, julho de 2001Brasília, julho de 2001Brasília, julho de 2001Brasília, julho de 2001Brasília, julho de 2001

Prezado(a) Diretor(a)Prezado(a) Diretor(a)Prezado(a) Diretor(a)Prezado(a) Diretor(a)Prezado(a) Diretor(a)

VVVVVocê e sua escola estãoocê e sua escola estãoocê e sua escola estãoocê e sua escola estãoocê e sua escola estão recebendo orecebendo orecebendo orecebendo orecebendo omaterial material material material material Combatendo o trabalhoCombatendo o trabalhoCombatendo o trabalhoCombatendo o trabalhoCombatendo o trabalhoinfantil: guiainfantil: guiainfantil: guiainfantil: guiainfantil: guia para educadorespara educadorespara educadorespara educadorespara educadores. Esta é. Esta é. Esta é. Esta é. Esta éuma iniciativa da OIT – Organizaçãouma iniciativa da OIT – Organizaçãouma iniciativa da OIT – Organizaçãouma iniciativa da OIT – Organizaçãouma iniciativa da OIT – OrganizaçãoInternacional do TInternacional do TInternacional do TInternacional do TInternacional do Trabalho, por meiorabalho, por meiorabalho, por meiorabalho, por meiorabalho, por meiodo IPEC – Programa Internacionaldo IPEC – Programa Internacionaldo IPEC – Programa Internacionaldo IPEC – Programa Internacionaldo IPEC – Programa Internacionalpara a Eliminação do Tpara a Eliminação do Tpara a Eliminação do Tpara a Eliminação do Tpara a Eliminação do TrabalhorabalhorabalhorabalhorabalhoInfantil, em parceria com a CNTE –Infantil, em parceria com a CNTE –Infantil, em parceria com a CNTE –Infantil, em parceria com a CNTE –Infantil, em parceria com a CNTE –Confederação Nacional dosConfederação Nacional dosConfederação Nacional dosConfederação Nacional dosConfederação Nacional dosTTTTTrabalhadores em Educação, e com orabalhadores em Educação, e com orabalhadores em Educação, e com orabalhadores em Educação, e com orabalhadores em Educação, e com oapoio técnico do CENPEC – Centro deapoio técnico do CENPEC – Centro deapoio técnico do CENPEC – Centro deapoio técnico do CENPEC – Centro deapoio técnico do CENPEC – Centro deEstudos e PEstudos e PEstudos e PEstudos e PEstudos e Pesquisas em Educação,esquisas em Educação,esquisas em Educação,esquisas em Educação,esquisas em Educação,Cultura e Ação Comunitária, de SãoCultura e Ação Comunitária, de SãoCultura e Ação Comunitária, de SãoCultura e Ação Comunitária, de SãoCultura e Ação Comunitária, de SãoPPPPPaulo.aulo.aulo.aulo.aulo.

Com este material, esperamos queCom este material, esperamos queCom este material, esperamos queCom este material, esperamos queCom este material, esperamos quesua escola desenvolva o projeto asua escola desenvolva o projeto asua escola desenvolva o projeto asua escola desenvolva o projeto asua escola desenvolva o projeto aquiquiquiquiquisugerido e que, a partir dele, possamsugerido e que, a partir dele, possamsugerido e que, a partir dele, possamsugerido e que, a partir dele, possamsugerido e que, a partir dele, possamser desencadeadas outras iniciativas,ser desencadeadas outras iniciativas,ser desencadeadas outras iniciativas,ser desencadeadas outras iniciativas,ser desencadeadas outras iniciativas,de caráter permanente, para prevenirde caráter permanente, para prevenirde caráter permanente, para prevenirde caráter permanente, para prevenirde caráter permanente, para prevenire eliminar qualquer forma dee eliminar qualquer forma dee eliminar qualquer forma dee eliminar qualquer forma dee eliminar qualquer forma detrabalho infantil, na comunidade outrabalho infantil, na comunidade outrabalho infantil, na comunidade outrabalho infantil, na comunidade outrabalho infantil, na comunidade ouregião.região.região.região.região.

SSSSSolidários neste combate,olidários neste combate,olidários neste combate,olidários neste combate,olidários neste combate,

Armand FArmand FArmand FArmand FArmand F. P. P. P. P. PereiraereiraereiraereiraereiraOIT - Escritório no BrasilOIT - Escritório no BrasilOIT - Escritório no BrasilOIT - Escritório no BrasilOIT - Escritório no Brasil

PPPPP.S. .S. .S. .S. .S. AgradeceAgradeceAgradeceAgradeceAgradecemosmosmosmosmos de antemão de antemão de antemão de antemão de antemão o envio da o envio da o envio da o envio da o envio dacarta-resposta anexa.carta-resposta anexa.carta-resposta anexa.carta-resposta anexa.carta-resposta anexa.

Page 126: Combatendo o Trabalho infantil · trabalho infantil, sua situação no Brasil e no mundo, bem como sobre os direitos das crianças e adolescentes, destacando a educação e o lazer

Trabalho infantil: umahistória que vem de longe

Combatendo oCombatendo oCombatendo oCombatendo oCombatendo oGUIA PARA EDUCADORES

TTTTTrabalho infantilrabalho infantilrabalho infantilrabalho infantilrabalho infantil

Cartaz 3

Oficina de latoeiroInstituto Profissional Masculino, Rio de Janeiro, 1908

Crianças operáriasFábrica Bangu, Rio de Janeiro, 1892

Tempo da escravidãoFoto de Cristhiano Jr., Rio de Janeiro, c.1870Museu Imperial de Petrópolis

JornaleirosFoto de Marc Ferrez, Rio de Janeiro, 1899

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Page 127: Combatendo o Trabalho infantil · trabalho infantil, sua situação no Brasil e no mundo, bem como sobre os direitos das crianças e adolescentes, destacando a educação e o lazer

BATENDO O TRABALHO INFANTIL BEM-VINDOS À ESCOLA COMBATENDO O TRABALHO INFAN-

EM-VINDOS À ESCOLA COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL BEM-VINDOS À ESCOLA

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COMBATENDO O TRABALHO INFANTIL BEM-VINDOS À ESCOLA COMBATENDO O TRABALHO INFAN-

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GUIA PARA EDUCADORES

Page 128: Combatendo o Trabalho infantil · trabalho infantil, sua situação no Brasil e no mundo, bem como sobre os direitos das crianças e adolescentes, destacando a educação e o lazer

Com este jogo, todos estãoconvidados a divertir-se e, aomesmo tempo, reconhecer ascaracterísticas negativas dotrabalho infantil e a importância documprimento do Estatuto daCriança e do Adolescente para pôrfim a essa exploração.

O objetivo é tirar todas as“crianças” das situações detrabalho (em carvoaria, pedreira,lixão ou no beneficiamento do sisal)e levá-las para a escola. Para chegarlá, é preciso percorrer o caminho eir conhecendo um pouco mais asgraves situações a que estãosubmetidas crianças que trabalhame, também, algumas possibilidadesde reverter essa realidade.

Fazem partedeste jogo

• um tabuleiro contendo quatrocasas de partida (situações detrabalho, cada qual em uma cor),o caminho para a escola(amarelo) e a escola ao centro.Quatro “calçadas” das mesmascores das situações de trabalhodão acesso à escola;

• um dado (a ser montado);

• quatro conjuntos (das mesmascores das situações de trabalho)de quatro fichas cada.

Participantes• quatro jogadores, quatro duplas

ou quatro grupos de no máximoquatro jogadores cada.

Como jogarEste jogo é semelhante ao Ludo,com quatro locais de partida querepresentam situações de trabalhoinfantil praticado no Brasil e umlocal de chegada, a escola.

No início, em cada situação detrabalho ficam as quatro fichascorrespondentes, que podem sermovimentadas por um mesmojogador, dupla ou grupo. As fichasrepresentam crianças eadolescentes que devem deixar detrabalhar e ir para a escola. Ganhao jogador (ou grupo) que primeirolevar todas as suas “crianças” paraa escola, percorrendo o caminhoque contém obstáculos evantagens, relativas aos direitos dascrianças e adolescentes.

Para iniciar, cada participante (ougrupo) escolhe uma situação de

trabalho; para saber a ordem emque vão jogar, lançam o dado umavez; começa quem tirar o valor maisalto e assim por diante; em caso deempate, lança-se o dadonovamente.

Definida a ordem de jogo, somentepode começar a movimentar asfichas o jogador (ou grupo) quetirar 1 ou 6, posicionando umaficha na flecha “Saída” e lançandonovamente o dado para percorrer ocaminho, na direção indicada. Parasair da situação de trabalho e entrarno jogo, os outros jogadorestambém deverão tirar 1 ou 6,lançando-o novamente para verquantas casas percorrerão. Todas asfichas devem dar a volta completado caminho amarelo (no sentidoanti-horário) antes de entrar na“sua” calçada da escola. A cadarodada, o jogador lança os dados,anda sua ficha o número de casascorrespondente, lê a frase da casaem que caiu e recua, permanece ouavança, de acordo com asindicações.

Depois de dar a volta completa,cada ficha entra na calçada de suacor. Estando na calçada, só podeentrar na escola quando tirar o

número certo no dado. Porexemplo: se faltarem três casas parachegar na escola, deverá tirar 4 (aescola conta um); se tirar 5, terá deavançar até a escola e recuar umacasa.

Mesmo depois que um jogador ougrupo ganhar, tendo levado suasquatro fichas para a escola, osdemais continuam jogando atéconseguir chegar à escola também.

Bom divertimento!

Quando jogarOs alunos podem jogar em horáriode recreio. Grupos também podemjogá-lo em sala de aula, em horáriode trabalho diversificado. Pode serutilizado por uma classe de cadavez, em sistema de rodízio. Ou,ainda, pode ser jogadocoletivamente, na festa deencerramento do Projeto na escola,ao se formarem equipes compostaspor alunos, professores, pais econvidados. Nesse caso, seriapreferível reproduzir o tabuleiro emformato maior, ou desenhá-lo nochão, para que os próprios alunospossam percorrê-lo como peçasvivas.

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GUIA PARA EDUCADORES

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GUIA PARA EDUCADORES

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Cartaz 4

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O patrão aumentou suajornada de trabalho:

desânimo

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Você fico

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Sua mão, que vivecortada pelos fios de

sisal, inflamouRECUE UMA CASA

Seu município agoraobriga as empresas a

cumprir a lei que proíbeo trabalho infantil

AVANCE DUAS CASAS

Você ficou com problemano ouvido por causa dobarulho das máquinas

Foi inaugurado umposto de saúde no

seu bairroHouve mais um acidente

de trabalho com umcolega seu

RECUE UMA CASA

Os alunos estão seorganizando para criar

o grêmio estudantilAVANCE TRÊS

CASAS

Seus irmãos não receberama bolsa criança-cidadã

Perigo deexplosão. Seuamigo teve umacidente e foi

parar nohospital

Na

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A prefeitura nãocontrola o acesso

de crianças eadultos ao lixão

A escola do bairroorganizou uma festa parareceber os novos alunos

Sua comunidade estáse organizando paraexigir coleta seletiva

do lixoAVANCE UMA CASAO Centro Comunitário

vai oferecer aulas decirco

Seu colega foiatropelado por umcaminhão de lixo

RECUE TRÊSCASAS

Sua família trabalhano lixão parasobreviver

Você se cortoucom um caco

de vidroFIQUE UMA VEZ

SEM JOGAR

Você faz esporte noCentro Comunitário

três vezes porsemana

AVANCE UMACASA

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Você fez vários

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Seu professor

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A escola foi

reformada e

agora você tem

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jogar bola

Seus pais

acreditam que você

terá um futuro

melhor indo

à escola

A escola foi re

formada

e agora você tem uma

quadra para jogar bola

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que você terá um

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Os adultos quetrabalham no lixão

formaram umacooperativa

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GUIA PARA EDUCADORES

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-vindos à escola

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CENTRO

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