com unica do tecnico - embrapa

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Com unica do Tecnico Ministerio daAgricultura, Pecuaria eAbastecimento As algas marinhas sac organismos classificados como protistas autotr6ficos, diferindo dos vegetais por terem organizayao mais simples. Botanicamente, as macroalgas estao classificadas de acordo com a estrutura ffsica, funyao ecicio reprodutivo em: Chlorophyta (algas verdes), Phaeophyta (algas pardas) e Rhodophyta (algas verme- Ihas). Tradicionalmente exploradas pelos orientais e povos que habitam as ilhas tropicais do Pacffico, sob 0 ponto de vista nutricional, farmaceutico ecomercial, s6 recentementesua explorayao tem sido estendida aos pafsesocidentais. Isso em virtude da crescente propaganda ao naturalismo e a vida saudavel e, tambem, da abundante exportayao de suas especies para 0 Oriente. De uma maneira geral, sac ricas em protefna ecarboidrato. Algumas especies apresentam nas suas composiyoes de aminoacidos elevadas quantidades dearginina, acido aspartico, acido glutamico, glicina e alanina.Sao, tambem, fontes promissoras dealguns minerais requeridos pelo homem, por exemplo, 0 iodo, justificandoassim a quase inexistencia de i b6cioj nos habitantes da costa da Asia. Alem disso, tem-se side encontrado em alguns desses represent antes quantidades apreciaveis de vitaminas A, B,ftiamina), B? (riboflavina), C eespecialmente B 12 , ainda nao detectada em vegetais. ISSN 0104-7647 Dezembro, 2002 Teresina, PI Classifica~ao taxonomica e composi~ao quimica de algas marinhas vermelhas Sandra Maria de Souza e Silva 1 Marjory L. Holanda 2 IIka Maria Vasconcelos 3 Norma Maria Barros Benevides 4 Este trabalho e parte integrante doestudo qualitativodas algas marinhas que integram projetos que se propoem a identificar, caracterizar e selecionar algas marinhasde interesse medicinal, farmacol6gico, alimentar e comercial no Estado do Ceara. Realizou-se com 0 objetivo de estudar, comparativamente, acomposiyao qufmica de dez especies de algas marinhas da Divisao Rhodophyta do litoral cearense. Asalgas foram coletadas emrochas do meso-litoral, durante mare de baixasizigia (-0,2 a 2,0), na Praia do Pacheco, municfpio de Caucaia d CE,ena Praia do Farol, Fortaleza-CE,conduzidas em sacos plasticos ao laborat6rio de Bioqufmica da Universidade Federal do Ceara e, ap6s lavadas com agua destilada para retirada das epffitas, foram estocadas em sacos plasticos a -10°C para posterior utilizayao. A identificayao taxon6mica e as analises qufmicas foram determinadas por meio de metodos padroes. A identificayao das especies alga isem estudo foi registrada por meio de registros fotograticos (tabela 1). Osresultados das analises qufmicas (tabela 2) mostraram uma grande variayao nacomposiyao decadaconstituinte, ate mesmo quando analisados dentro de uma mesma ordem. Os percentuais de umidade variaram de 25,59% a 93,49% para Pterocladia capilacea e Hypnea musciformis, respecti- vamente. Similarmente, os teores de cinza foram bastante I Bi610ga, M.Sc., EmbrapaMeio-Norte, CaixaPostal 01, CEP: 64006-220 Teresina, PI. E-mail: smssilva@cpamn.embrapa.br 2 Boisista, Departamento de BioquimicaeBiologia Molecular,Universidade FederaldoCeara, CEP: 60451-970 Fortaleza, CE 3 Boisista, DepartamentodeBioquimica e Biologia Molecular,Universidade Federal do Ceara, CEP: 60451-970 Fortaleza, CE 4 Professora, Departamento deBioquimica e Biologia Molecular,Universidade Federal do Ceara,CEP: 60451-970 Fortaleza, CE

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Page 1: Com unica do Tecnico - Embrapa

Com unica doTecnico

Ministerio da Agricultura,Pecuaria e Abastecimento

As algas marinhas sac organismos classificados comoprotistas autotr6ficos, diferindo dos vegetais por teremorganizayao mais simples. Botanicamente, as macroalgasestao classificadas de acordo com a estrutura ffsica, funyaoe cicio reprodutivo em: Chlorophyta (algas verdes),Phaeophyta (algas pardas) e Rhodophyta (algas verme-Ihas).

Tradicionalmente exploradas pelos orientais e povos quehabitam as ilhas tropicais do Pacffico, sob 0 ponto de vistanutricional, farmaceutico e comercial, s6 recentemente suaexplorayao tem sido estendida aos pafses ocidentais. Issoem virtude da crescente propaganda ao naturalismo e avida saudavel e, tambem, da abundante exportayao desuas especies para 0 Oriente.

De uma maneira geral, sac ricas em protefna e carboidrato.Algumas especies apresentam nas suas composiyoes deaminoacidos elevadas quantidades de arginina, acidoaspartico, acido glutamico, glicina e alanina. Sao, tambem,fontes promissoras de alguns minerais requeridos pelohomem, por exemplo, 0 iodo, justificando assim a quaseinexistencia de i b6cioj nos habitantes da costa da Asia.Alem disso, tem-se side encontrado em alguns dessesrepresent antes quantidades apreciaveis de vitaminas A,B,ftiamina), B?(riboflavina), C e especialmente B12, aindanao detectada em vegetais.

ISSN 0104-7647Dezembro, 2002Teresina, PI

Classifica~ao taxonomicae composi~ao quimica dealgas marinhas vermelhas

Sandra Maria de Souza e Silva 1Marjory L. Holanda2

IIka Maria Vasconcelos3

Norma Maria Barros Benevides4

Este trabalho e parte integrante do estudo qualitativo dasalgas marinhas que integram projetos que se propoem aidentificar, caracterizar e selecionar algas marin has deinteresse medicinal, farmacol6gico, alimentar e comercialno Estado do Ceara. Realizou-se com 0 objetivo deestudar, comparativamente, a composiyao qufmica de dezespecies de algas marinhas da Divisao Rhodophyta dolitoral cearense.

As algas foram coletadas em rochas do meso-litoral,durante mare de baixa sizigia (-0,2 a 2,0), na Praia doPacheco, municfpio de Caucaia d CE, e na Praia do Farol,Fortaleza-CE, conduzidas em sacos plasticos ao laborat6riode Bioqufmica da Universidade Federal do Ceara e, ap6slavadas com agua destilada para retirada das epffitas,foram estocadas em sacos plasticos a -10°C para posteriorutilizayao. A identificayao taxon6mica e as analisesqufmicas foram determinadas por meio de metodospadroes.

A identificayao das especies alga is em estudo foi registradapor meio de registros fotograticos (tabela 1). Os resultadosdas analises qufmicas (tabela 2) mostraram uma grandevariayao na composiyao de cad a constituinte, ate mesmoquando analisados dentro de uma mesma ordem. Ospercentuais de umidade variaram de 25,59% a 93,49%para Pterocladia capilacea e Hypnea musciformis, respecti-vamente. Similarmente, os teores de cinza foram bastante

I Bi610ga,M.Sc., Embrapa Meio-Norte, Caixa Postal 01, CEP:64006-220 Teresina, PI. E-mail: [email protected] Boisista, Departamento de Bioquimica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Ceara, CEP: 60451-970 Fortaleza, CE3 Boisista, Departamento de Bioquimica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Ceara, CEP: 60451-970 Fortaleza, CE4 Professora, Departamento de Bioquimica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Ceara, CEP: 60451-970 Fortaleza, CE

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diferentes, cuja faixa encontrada foi de 4,45% a 34,79%para Solieria filiformis e Enantiocladia duperrhyi, respecti-

vamente. Os dados tambem mostraram a distribui9aO

heterogenea das protein as nas algas, po is a Vidalia

obtusiloba apresentou apenas 3,43% enquanto a

Enantiocladia duperrehy encerrou 37,19%, ambas perten-centes a mesma familia taxonomica (Rhodomelaceae).

Como esperado, os teores de lipidic foram relativamente

baixos, 0,27% (Solieria filiformis) a 5,85%(Bryothamnion triquetrum). Quanto aos carboidratos, os

valores encontrados tambem revelaram uma grande

varia9aO desses componentes, sendo 0 conteudo minima

detectado na alga Enantiocladia duperrehyi (26,52%) eomaximo na alga Vidalia obtusiloba (88,60%). Os altosvalores proteicos das algas E. duperrehyi (37,19%), A.multifida (34,03%), H. musciformis (24,85%), S.filiformis (23,78%) e B. seaforthii (21,76%) mostraramque essas especies sac boas fontes de proteinas quando

comparadas com sementes de leguminosas. Esses resulta-

dos, mesmo preliminares, estimulam 0 prosseguimento da

pesquisa, de modo a estimar 0 real potencial economico

desse imenso recurso natural marinho.

OrdemCeramialis

EspecieVidalia obtusilobaEnantiocladia duperrehyiAmansia multifidaBryothamnion triquetrumBryothamnion seafhortii

FamiliaRhodomelaceae

Gelidium pusilumPterocladia eapilacea

Tabela 2. Composi9ao quimiea de algas marinhas expressa em pereentagem de peso seeo.

Alga Umidade Proteina Lipidios Carboidrato* *

Bruta*

Vidalia obtusiloba 76,58 3,43 0,95 88,60.Enantiocladia duperrehyi 86,98 37,19 1,50 26,52Amansia multifida 81,12 34,03 0,92 58,57Bryothamnion triquetrum 78,04 17,33 5,85 64,47

Bryothamnion seaforthii 71,72 21,76 0,97 66,83Hipnea musciformis 93,49 24,85 1,05 51,67Gelidium pusilum 58,57 5,86 2,70 78,03Pterocladia capilacea 25,59 12,41 4,83 71,75Gracilaria cervicornis 82,14 4,71 1,20 87,43

Solieria filiformis 87,74 23,78 0,27 71,50Nitrogenio total x 6,25.

* * Obtido por diferenya.

ComunicadoTecnico.150

Exemplares desta edi9ao podem sar adquiridos na:Embrapa Meio-NorteEnder~o: Av. Duque de Caxias, 5650, BairroBuenos Aires, Ceixe Postel 01 , CEP: 64006-220,Teresi na, PIFone: (B6) 225-1141Fax: (B6) 225-1142E-mail: [email protected]' ecli~iiol' impressao (2002): 120 exemplares

7,0234,796,48

12,3510,4422,4313,41

11,016,664,45

Comitedepublic~oes

Presidente: Valdenir Queiroz RibeiroSecreUiria-Executiva: Ursula Maria Barros de AraujoExpedito Aguiar Lopes, Maria do Per"etuo SocorroCortez Bona do Nascimento, Edson Alves Bastos,Milton Jose Cardoso e Joao A velar Magalhaes

Supervisor editorial: Ugia Maria Rolim BandeiraRevisiio de texto: Ugitl Mtlritl Rolim BandeirtlEditora~iio eletriinica: Lutz Elson de Araujo Fontenele