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16/08/2019 Jovem rapper Nill cria empatia com seu primeiro disco, 'Regina' - Cultura - Estadão https://cultura.estadao.com.br/noticias/musica,nill-regina,70002080037 1/3 Álbum com participações de Rodrigo Ogi e DeLeve foi muito bem recebido por pares e fãs do hip hop nacional Jovem rapper Nill cria empatia com seu primeiro disco, 'Regina' Guilherme Sobota, O Estado de S. Paulo 10 de novembro de 2017 | 18h01 Ouça a entrevista com o rapper Nill: LEIA TAMBÉM > Refrão Estadão #19 — Entrevista com Nill “É que eu levo as coisas um pouco a sério demais, e odeio quando elas ficam todas iguais”, canta o jovem rapper Nill, 24 anos, que começou em Jundiaí e em julho deste ano lançou o disco Regina, pelo selo do coletivo SoundFood Gang, do qual ele é um dos fundadores. Com uma produção lo-fi ligada ao movimento vaporwave (cultura surgida no início dos anos 2010, relacionada a comunidades online com forte ligação à cultura pop e aos anos 1990), Regina conquistou os círculos do rap nacional, se encaminha para ser lembrado no topo das listas de melhores do ano – e neste sábado, 11, ele apresenta o trabalho no Breve (Rua Clélia, 470), em São Paulo. O produtor Sono TWS abre os trabalhos às 21h, Nill toca às 22h e os ingressos, na porta, custam R$30. Nill – Davi Rezaque de Andrade – cresceu numa família pouco musical, e na falta de irmão mais velho foi descobrindo as coisas com os amigos da rua e da escola. Foi no colégio também que a vontade de fazer rap nasceu, quando uma professora (sempre elas) estimulou o jovem a continuar após ler alguns de seus textos, segundo o próprio, “umas paradas aleatórias”. Veio então a formação de conjuntos com amigos e colegas de Jundiaí e um grupo, o Sem Modos. Mas foi com a criação da SoundFood Gang, em 2015, que as coisas começaram a virar.

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Page 1: com seu primeiro disco, 'Regina'e Nill acredita que faixa resume bem seu objetivo como artista, conseguir se destacar entre a quantidade de bons MCs que estão por aí. “Eu atiro

16/08/2019 Jovem rapper Nill cria empatia com seu primeiro disco, 'Regina' - Cultura - Estadão

https://cultura.estadao.com.br/noticias/musica,nill-regina,70002080037 1/3

Álbum com participações de Rodrigo Ogi e DeLeve foi muito bem recebidopor pares e fãs do hip hop nacional

Jovem rapper Nill cria empatiacom seu primeiro disco, 'Regina'

Guilherme Sobota, O Estado de S. Paulo10 de novembro de 2017 | 18h01

Ouça a entrevista com o rapper Nill:

LEIA TAMBÉM >Refrão Estadão #19 — Entrevista com Nill

“É que eu levo as coisas um pouco a sério demais, e odeio quando elas ficamtodas iguais”, canta o jovem rapper Nill, 24 anos, que começou em Jundiaí eem julho deste ano lançou o disco Regina, pelo selo do coletivo SoundFood Gang,do qual ele é um dos fundadores. Com uma produção lo-fi ligada ao movimentovaporwave (cultura surgida no início dos anos 2010, relacionada a comunidadesonline com forte ligação à cultura pop e aos anos 1990), Regina conquistou oscírculos do rap nacional, se encaminha para ser lembrado no topo das listas demelhores do ano – e neste sábado, 11, ele apresenta o trabalho no Breve (RuaClélia, 470), em São Paulo. O produtor Sono TWS abre os trabalhos às 21h, Nilltoca às 22h e os ingressos, na porta, custam R$30.

Nill – Davi Rezaque de Andrade – cresceu numa família pouco musical, e na faltade irmão mais velho foi descobrindo as coisas com os amigos da rua e da escola.Foi no colégio também que a vontade de fazer rap nasceu, quando umaprofessora (sempre elas) estimulou o jovem a continuar após ler alguns de seustextos, segundo o próprio, “umas paradas aleatórias”. Veio então a formação deconjuntos com amigos e colegas de Jundiaí e um grupo, o Sem Modos. Mas foicom a criação da SoundFood Gang, em 2015, que as coisas começaram a virar.

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“A gente se inspirou em vários coletivos. O Wu-Tang Clan, o Odd Future. Quandoas pessoas se juntam, têm mais caminhos para alcançar uma coisa só”, reflete oartista, numa conversa na última quarta-feira. “Assim você consegue pegar umcamarada que tem contatos de filmagem, outro tem na mídia, outro sabe decomputador. O bagulho é mais rápido. Nunca quis crescer sozinho, chegar noauge com uma galera estranha. Queria ter os amigos em volta. Se a galera sejuntar, é mais fácil correr junto.”

De qualquer maneira, Regina é uma criação mais ou menos solitária de Nill – eleescreveu as letras e produziu quase todos os beats, usando o programa FruityLoops, no PC de casa (no disco há beats também de Estranho, Albano, e Réptil).Vários chamam atenção, mas um deles destoa positivamente: Minha MulherAcha Que Eu Sou o Brad Pitt tem um sample de Ashes to Ashes, de David Bowie,e Nill acredita que faixa resume bem seu objetivo como artista, conseguir sedestacar entre a quantidade de bons MCs que estão por aí. “Eu atiro em outrosbagulhos justamente porque aí você não consegue me classificar”, diz.

+ Podcast Refrão Estadão #19 — Entrevista com Nill

Outra característica do álbum – e sobre a qual o rapper fala com os olhosbrilhando – são as referências aos anime, os desenhos animados japoneses. Seuspreferidos são Dragonball (que ele sampleia na faixa Loopers, que tem aparticipação dos rappers DeLeve e Rodrigo Ogi, duas das suas maioresreferências), mas principalmente Naruto.

O rapper Nill, fotografado no Estúdio Eldorado Foto: JF Diorio/ Estadão

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“Essas paradas cresceram comigo. Meus amigos mais velhos não entendemmuito bem, mas é um bagulho bem louco. Nem todo mundo tem uma realidadefavorável, digna. Então a gente tenta se apegar em coisas que podem trazer umalívio”, explica – em linhas gerais, o personagem Naruto carrega em si mesmouma espécie de demônio, que faz com que as pessoas da sua aldeia não queiramse relacionar com ele e criem dificuldades.

+ 'Esú' abre as portas de Baco Exu do Blues no cenário nacional

Regina é nomeado em homenagem à sua mãe, que morreu há alguns anos, emuito do apelo que tem é relacionado a um sentimento de empatia que asmúsicas e as letras despertam. “Foi intencional… no meu estilo de escrita, queroque as pessoas se sintam em casa. A gente saiu nessa missão de colocar aspessoas mais próximas.” Nill não precisava de uma motivação generosa paralançar um disco tão criativo – ter uma, hoje em dia, porém, pode ser um alívio nomeio do caos.

Monkeybuzz no Breve: niLL + Sono TWS

Breve (Rua Clélia, 470 Pompeia). Sábado, 11/11. Show às 21h (casa abre às 19h).R$30.

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16/08/2019 niLL declara seu amor pela vida em 'Good Smell Vol.1' - VICE

https://www.vice.com/pt_br/article/mb4zvv/nill-declara-seu-amor-pela-vida-em-good-smell-vol1 1/2

niLL declara seu amor pela vida em'Good Smell Vol.1'Em nova mixtape, rapper e produtor do coletivo Sound Food Gangdesbrava novos mares.

Por Paulo Marcondes

30 Agosto 2018, 12:01am

NILL. FOTO: ISA HANSEN/DIVULGAÇÃO

Page 5: com seu primeiro disco, 'Regina'e Nill acredita que faixa resume bem seu objetivo como artista, conseguir se destacar entre a quantidade de bons MCs que estão por aí. “Eu atiro

16/08/2019 niLL declara seu amor pela vida em 'Good Smell Vol.1' - VICE

https://www.vice.com/pt_br/article/mb4zvv/nill-declara-seu-amor-pela-vida-em-good-smell-vol1 2/2

O flow meio falado e o vaporwave são marcas registradas do niLL. Pegue isso e

misture com rango, anime e um gosto por ser independente. Era essa a receita

que o MC de Jundiaí seguiu em seus trabalhos anteriores. Mas em Good Smell

Vol.1, sua nova mixtape lançamento exclusivo pelo Noisey, ele faz um pouco

diferente e experimenta novos ingredientes. O arroz-e-feijão — produção lo-fi e

o jeito característico de bater as rimas — estão lá, mas há outros sabores. Nos

temas, nas participações exclusivamente femininas (incluindo as imagens de

divulgação, que ilustram esse texto), e nas bases, assinadas pelo Tan Beats. O

rapper troca o tom confessional de Regina, uma homenagem à sua falecida mãe,

por um brinde à vida e o "sol dormindo na laje".

Escondido em seu quarto escuro, produzindo e escrevendo sempre, niLL aposta

em outros rumos pra Good Smell Vol.1 usando novos timbres e efeitos vocais,

aumentando o clima vaporwave. E nos temas, as letras carregam menos a

tristeza do luto contemplando o mundo cão em que vivemos. É como se ele

olhasse ao redor com uma lata de breja na mão, um pacote de Trakinas na outra,

e apesar de tudo, é bom demais estar vivo.

"A experimentação tem que ser feita de forma mútua, na lírica e na produção,

pras coisas darem certo. Sempre tô testando coisa nova, e ia chegar uma hora

que eu precisar lançar tudo o que fiz. Pra mim, sonoramente falando, deu certo,

era o que eu queria. Manter presente e trazer cada vez mais o vaporwave, que eu

não tinha conseguido fazer tanto como eu queria", explica o rapper.

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16/08/2019 niLL – Regina – Monkeybuzz

https://monkeybuzz.com.br/resenhas/albuns/nill-regina/ 1/1

niLL – ReginaSegundo disco de rapper jundiaiense é um densoe introspectivo mergulho em episódios íntimosde sua vida

Ano:2017

Selo:D'sgueio Estudio# Faixas:14Estilos:Hip-Hop, Vaporwave, TrapDuração: 39:36

Nota: 8

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16/08/2019 niLL – Regina – Monkeybuzz

https://monkeybuzz.com.br/resenhas/albuns/nill-regina/ 1/1

O rapper jundiaiense niLL já tem plena consciência do valor introspectivo do Rap, mas há algoem sua obra que parece o destacar dentre os demais. Ex-membro do grupo Sem Modos e atualintegrante do coletivo SoundFoodGang, o jovem nos concedeu a honra de conhecer seuimaginário por meio de Negraxa, um disco construído a partir de samples da cultura Eletrônica,como o VHS e os primeiros consoles de videogame, e que evidenciava um ar bastante sombrio emisterioso. Havia algo na personalidade de niLL que cativava e nos prendia fortemente aouniverso que ele construíra, algo inominável ou até mesmo impossível de ser categorizado.Assim, com o lançamento de seu segundo disco, ele nos propõe uma nova visão desse mesmomistério – e se você acha que após escutá-lo terá respostas efetivas, não tenha tanta certeza.

Regina requer um longo suspiro antes de sequer ser executado, pois, uma vez que começamosesta jornada, aceitamos ser guiados por densos níveis de consciência e inconsciência do rapper. Odisco é uma homenagem póstuma a sua mãe e uma exposição de rimas e pensamentos que sesucederam após este episódio. A partir disso, começamos a entender um pouco mais sobre aconstrução desta obra, principalmente no que tange a escolha das sonoridades. Apoiado emreverbs de cunho Vaporwave e com interferências de áudios de WhatsApp, o álbum tenta criaruma espécie de registro da mente de niLL e, dessa forma, ele apresenta conteúdos de diversasnaturezas misturados de diferentes formas nas quatorze composições. Um samba-jazz dos anos1970, samples de videogame, rimas que mostram pontos de vistas psicológicos sobre um mesmotema e um ocasional descompromisso com qualquer métrica são alguns dos exemplos doselementos que niLL se utiliza para criar a sensação mais fidedigna possível de suas memóriasfamiliares e episódios que definitivamente o marcaram.

Com dois audios de WhatsApp abrindo o disco, começamos a perceber a natureza dos caminhospelos quais niLL vai nos guiar pelos próximos quase 40 minutos. Wifi discute postumamentealgumas questões diretamente com sua mãe, como o descaso do pai ou a súbita responsabilidadeque ele assume diante dos fatos. Minha Mulher Acha Que Eu Sou o Brad Pittdiscute ciúmes eamor em cima de um reverberado sample que parece ter sido retirado de algum infomercial dosanos 80/90. Valete de Copas, por sua vez, resignifica timbres icônicos de Dr. Dre com batidasTrap investindo em rimas intensas sobre a ostentação.

Com referências da cultura Pop, niLL continua na investida Trap agressiva com uma das músicascom mais nostálgicas do disco. Com faixas como Summer Nights e 160293 (Interlúdio),podemos perceber que as influências Vaporwave vem no sentido original que o gênero se utilizade samples antigos: explorar acontecimentos da cultura digital como forma de mostrar asubjetividade de nossa memória. Por fim, Tchau, Regina se despede de sua mãe com o esplendorde arranjos de cordas dos anos 1950/60, com versos dolorosos como “não disse a Deus se te vejomais tarde” e o final e cortante “Oi, tio, eu tô com saudades”.

Assim, mais uma vez, Regina é um disco que nos traz mais evidências do talento de niLL, cujasfontes ainda permanecem um mistério. Um dos palpites que podemos ter é que o rapper temtanta consciência de sua obra e de seus valores que cada disco funciona como uma sessão intensade análise, no qual são revelados conteúdos íntimos de inconsciente que nos assustam ao serdeclarados em alto tom e versos densos. Talvez este seja uma das pontas do por quê niLL é tãofantástico em nos apresentar suas vivências: ele é seu próprio psicanalista, e nós somos apenasum público boquiaberto diante de sua maturidade investigativa.