coluna do senador aécio neves da folha - carências sociais

2

Click here to load reader

Upload: julia-dutra

Post on 10-Jul-2015

18 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Coluna do Senador Aécio Neves da Folha - Carências Sociais

Carências Sociais

Coluna do senador Aécio Neves na Folha de São Paulo, em 03 de dezembro de 2012

A “Síntese de Indicadores Sociais 2012″ (SIS), publicada pelo IBGE, ajuda a entender o tamanho

dos desafios do Brasil do nosso tempo. No estudo, um amplo conjunto de informações

demonstra que a pobreza não pode continuar sendo definida apenas pelo valor da renda dos

brasileiros, como a dimensionamos nos últimos anos e ainda hoje.

O país permanece com um quadro grave de carências diversas. Uma delas é o acesso aos

serviços básicos de esgoto, coleta de lixo, iluminação elétrica e água tratada. Em 2011, a

proporção de pessoas sem acesso aos serviços básicos era de 32%, ou seja, um em cada três

brasileiros.

A população com atraso educacional é de 31%, e sem acesso à seguridade social, de 21%.

Cerca de sete milhões de pessoas ainda vivem em domicílio precário. Nas regiões menos

desenvolvidas, a situação piora muito: 65% dos moradores do Norte e 48% do Nordeste têm

carência de serviços básicos.

Considerando-se todas as carências avaliadas, verificou-se que 58% dos brasileiros

apresentaram ao menos uma delas.

O grande mérito dessa pesquisa é chamar a atenção para a pobreza sob a perspectiva dos

direitos e garantias indispensáveis para o exercício da dignidade humana.

Dentre os fatores que melhoraram a renda na última década, a SIS 2012 coloca a expansão das

ações de transferência direta para os mais pobres, como o Bolsa Família e o Benefício de

Prestação Continuada (BPC), cujas bases e início ocorreram sob a gestão reformadora do ex-

presidente Fernando Henrique.

São iniciativas fundamentais na nossa realidade, mas está demonstrado que são insuficientes

para fazer a travessia dos brasileiros para um novo patamar. Elas precisam ser mantidas e

ampliadas, mas também somarem-se a outras políticas de Estado que enfrentem os problemas

estruturais.

O estudo traz argumentos que apoiam as reflexões propostas pela oposição nos últimos anos:

a pobreza precisa ser compreendida também na sua dimensão de privação de oportunidades,

direitos e serviços.

O país precisa de políticas sociais que garantam à população atendida o direito de se

emancipar. Não podemos nos contentar apenas com a perpetuação da tutela do Estado, que

tem prevalecido no atual ciclo de governo. Em respeito a esses brasileiros, precisamos avançar

além do processo de gestão diária da pobreza.

As informações do IBGE reforçam, portanto, àqueles que há muito tempo propõem novo

dimensionamento, com o necessário realismo, do que precisa ser feito para superação da

desigualdade e da pobreza.

Page 2: Coluna do Senador Aécio Neves da Folha - Carências Sociais

Como se constata, a questão não se reduz ao mero enfrentamento político ou a peça de

combate da oposição. É o Brasil real, que não frequenta a propaganda e o ufanismo oficial.