coleta de dados de chão de fábrica via rede serial rs-485 para

108
Universidade Estadual de Londrina Centro de Tecnologia e Urbanismo CTU Departamento de Engenharia Elétrica PEDRO GUILHERME SANTOS NOGUEIRA COLETA DE DADOS DE CHÃO DE FÁBRICA VIA REDE SERIAL RS-485 PARA UM SOFTWARE MES UTILIZANDO CLPS Londrina 2010

Upload: truongnhan

Post on 07-Jan-2017

217 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

Universidade Estadual de Londrina Centro de Tecnologia e Urbanismo – CTU Departamento de Engenharia Elétrica

PEDRO GUILHERME SANTOS NOGUEIRA

COLETA DE DADOS DE CHÃO DE FÁBRICA VIA

REDE SERIAL RS-485 PARA UM SOFTWARE MES

UTILIZANDO CLPS

Londrina

2010

Page 2: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

ii

PEDRO GUILHERME SANTOS NOGUEIRA

COLETA DE DADOS DE CHÃO DE FÁBRICA VIA

REDE SERIAL RS-485 PARA UM SOFTWARE MES

UTILIZANDO CLPS

Trabalho de Conclusão de Curso

submetido à Universidade Estadual de

Londrina como parte dos requisitos para a

obtenção do grau de Engenheiro

Eletricista.

Orientador: Prof. Dr. Leonimer Flávio de

Melo

Londrina

2010

Page 3: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

iii

PEDRO GUILHERME SANTOS NOGUEIRA

COLETA DE DADOS DE CHÃO DE FÁBRICA VIA

REDE SERIAL RS-485 PARA UM SOFTWARE MES

UTILIZANDO CLPS

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Departamento de

Engenharia Elétrica da Universidade

Estadual de Londrina.

COMISSÃO EXAMINADORA

______________________________________

Prof. Dr. Leonimer Flávio de Melo.

Universidade Estadual de Londrina

______________________________________

Prof. Dr. Ruberlei Gaino

Universidade Estadual de Londrina

______________________________________

Prof. Dr. Aziz Elias Demian Junior

Universidade Estadual de Londrina

Londrina, 3 de Novembro de 2010

Page 4: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

iv

A minha família e amigos

Page 5: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a minha família, principalmente aos

meus pais, Luiz Antônio Barbieri Nogueira e Isa Maria Santos Nogueira, que sempre

me apoiaram e me deram tudo que podiam, não só durante este trabalho, mas

sempre.

Aos meus amigos e colegas de curso, principalmente ao pessoal do

Tomelirolla F.C., que fizeram desta etapa da minha vida inesquecível. Mesmo as

partes que não me lembro.

Ao meu orientador, Leonimer Flávio de Melo, pelo incentivo e

direcionamento, sempre preciso e objetivo.

Ao S.E. Palmeiras pelos diversos momentos de alegria em suas

vitorias. Também ao Corinthians pelos diversos momentos de alegria em suas

derrotas.

Por fim, agradeço a tudo que de alguma maneira esteve presente

durante esta etapa da minha vida. Menos ao PT.

Page 6: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

vi

“Onde há educação não há distinção de classes.”

Confúcio.

Page 7: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

vii

Santos Nogueira, Pedro Guilherme. Coleta de dados de chão de fábrica via rede serial RS-485 para um software MES utilizando CLPs. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) - Universidade Estadual de Londrina.

RESUMO

Este trabalho busca detalhar e embasar um projeto de coleta de dados da produção, no chão de fábrica, por um conjunto de CLP (Controlador Lógico Programável) e IHM (Interface Homem-Máquina) através de uma rede serial RS-485 via protocolo Modbus para um software MES (Manufacturing Execution System). Primeiro serão apresentados os conceitos sobre as diversas áreas de conhecimento abordadas no trabalho para em seguida mostrar como foi realizado o projeto. Este desenvolvimento foi dividido em duas partes. A primeira diz respeito aos componentes e estruturas físicas utilizadas para a implantação. A segunda trata mais diretamente do firmware produzido para os CLPs mostrando alguns trechos interessantes do programa. Com a implantação do projeto já em andamento, verificou-se a usabilidade e o ganho proporcionado por este sistema de acompanhamento da execução da manufatura.

Palavras-chave: Automação industrial. Controlador Lógico Programável. Rede serial RS-485. Ladder. Sensores. Software MES.

Page 8: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

viii

Santos Nogueira, Pedro Guilherme. Collecting of factory floor data through serial network RS-485 to a MES software using PLCs. 2010. Course Conclusion Paper (Electrical Engineering Graduation) – State University of Londrina.

ABSTRACT

This study aims to detail and to base a project to collect production data, on the factory floor, for a set of PLC (Programmable Logic Controller) and HMI (Human Machine Interface) through a serial network RS-485 using Modbus protocol for a software MES (Manufacturing Execution System). In the first part will be presented the concepts about the many knowledge areas used in this work to then show how the project was conducted. This development was divided into two parts. The first concerns the physical components and structures used for implantation. The second deals more directly with the firmware produced for the PLCs, showing some interesting parts of the program. With the implementation of the project already underway, had been verified the usability and improvement provided by this manufacturing execution system. Key-words: Industrial Automation. Programmable Logic Controller. RS-485 serial network. Ladder. Sensors. MES Software.

Page 9: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

ix

LISTA DE SIGLAS E ACRÔNIMOS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ASCII – American Standard Code for Information Interchange CLP – Controlador Lógico Programável CPU – Central Processing Unit – (Unidade Centrar de Processamento) CTS – Clear to Send EI – Estado Interno FBD – Function Block Diagram (Diagrama de Blocos Funcionais) IEC – International Eletrotechnical Commision IHM – Interface homem-máquina IL – Instruction List (Lista de Instruções) I/O – Imput / Output – (Entrada / Saída) LD – Ladder Diagram (Diagrama de Escada) MES - Manufacturing Execution System NA – Normalmente aberto NF – Normalmente fechado PDU – Protocol date unit – (Unidade de dados de Protocolo) RS – Regularization Standart RTS – Ready to Send SCADA - Supervisory Control and Data Aquisition SFC – Structured Function Chart ( Quadro de Funções Estruturadas – Grafcet)

Page 10: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Linguagens de programação definidas pela norma IEC 61131-3 ........... 15

Tabela 2 - Operadores padrões para ST pela norma IEC 61131-3 .......................... 17

Tabela 3 - Principais funções em IL para um CLP WEG .................................... ......19

Tabela 4 - Endereços de memória para as funções em IL para um CLP WEG . ......19

Tabela 5 - Funções básicas mais utilizadas do protocolo MODBUS ........................ 40

Tabela 6 - Propriedades elétricas do cabo Draka 2x2x22 AWG ............................. 52

Page 11: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Arquitetura básica do CLP ....................................................................... 06

Figura 2 - Diagrama de blocos sobre o funcionamento do CLP. .............................. 08

Figura 3 - Fluxograma do funcionamento da CPU do CLP ...................................... 09

Figura 4 - Portas lógicas básicas e suas respectivas representações em Ladder .. 11

Figura 5 - Elementos básicos da programação Ladder ............................................ 11

Figura 6 - Estrutura da programação em Ladder. .................................................... 12

Figura 7 - Equivalência de uma função booleana em Ladder .................................. 13

Figura 8 – Evolução da norma IEC 61131-3 ............................................................ 15

Figura 9 - Exemplo de programa em FDB ................................................................ 18

Figura 10 - Exemplo de programa em Ladder e em IL para CLP da WEG .............. 19

Figura 11 - Estrutura genérica do GRAFCET ........................................................... 21

Figura 12 - Exemplo de IHM padrão ALTUS ............................................................ 22

Figura 13 - Exemplo de IHM com tecnologia Touch Screen .................................... 23

Figura 14 – Configuração genérica de um transdutor em um processo qualquer .... 25

Figura 15 – Esquema elétrico dos terminais do sensor de contato mecânico .......... 26

Figura 16 – Constituição e funcionamento de um sensor de fim de curso ............... 26

Figura 17 – Sensor de fim de curso ......................................................................... 27

Figura 18 – Sistema de um sensor óptico do tipo barreira ....................................... 27

Figura 19 – Sistema de um sensor óptico do tipo difuso .......................................... 28

Figura 20 – Sistema de um sensor óptico do tipo reflexão ....................................... 29

Figura 21 – Sistema de um sensor analógico potenciométrico de posição .............. 29

Figura 22 – Frame de dados em uma rede RS-232 ................................................. 31

Figura 23 – Pinagem para RS-232 conector DB9 .................................................... 33

Figura 24 – Topologias de rede ................................................................................ 35

Figura 25 – Configuração da rede serial com os resistores de terminação .............. 36

Figura 26 – Configuração de um terminal com resistores de terminação e BIAS .... 37

Figura 27 – Quadro para MODBUS em barramento serial ....................................... 39

Figura 28 – Arquitetura padrão de um sistema MES ................................................ 43

Figura 29 – Interface do sistema Guenka – MPI ...................................................... 45

Figura 30 – Estrutura genérica utilizada para a construção das redes seriais ......... 47

Page 12: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

xii

Figura 31 – Configuração dos extremos de cada rede com o resistor terminal de

120Ω inserido ......................................................................................... 48

Figura 32 – Configuração de uma célula de coleta de dados genérica .................... 49

Figura 33 – Conjunto CLP/IHM ................................................................................ 49

Figura 34 – Visão geral dos CLPs da série Expert DX ............................................. 50

Figura 35 – Visão geral dos CLPs da série Expert BF ............................................. 51

Figura 36 – Seção transversal do cabo 2x2x22AWG da draka e alguns dados sobre

o mesmo ................................................................................................. 52

Figura 37 – Linha de pintura automatizada .............................................................. 54

Figura 38 – Configuração da linha de sensores ....................................................... 54

Figura 39 – Vista frontal de uma seccionadora genérica com um sensor analógico

instalado ................................................................................................. 55

Figura 40 – Vista lateral de uma seccionadora genérica com um sensor analógico e

um digital instalado ................................................................................. 56

Figura 41 – Sensor analógico de posição do tipo potenciômetro ............................. 56

Figura 42 – Interface do software de programação WinSUP 2 ................................ 59

Figura 43 – Interface do software de programação A1 ............................................ 60

Figura 44 – Máquina de estados para o Back-end ................................................... 62

Figura 45 – Máquina de estados para o Front-end .................................................. 63

Figura 46 – Figura 46 – Estrutura do firmware ......................................................... 64

Figura 47 – Funcionamento de máquinas de estados em Ladder ............................ 65

Figura 48 – Estrutura do contador total de tempo para base de cálculo de utilização

da esteira ................................................................................................ 66

Figura 49 – Estrutura dos contadores de utilização para cada sensor ..................... 67

Figura 50 – Estado da máquina no instante da captação do valor máximo do sensor

analógico ................................................................................................ 68

Figura 51 – Estado da máquina no instante da captação do valor mínimo do sensor

analógico ................................................................................................ 69

Figura 52 – Divisão seriada da leitura de cada CLP pelo servidor ........................... 70

Figura 53 – Estrutura genérica para uma FILA de 32 registros ................................ 72

Figura 54 – Lógica para atualizar as telas para o CLP da série Expert BF

programado no software A1 ................................................................... 73

Figura 55 – Quadro de configuração da função de comparação automática de

registros .................................................................................................. 74

Page 13: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

xiii

Figura 56 – Lógica para atualizar as telas para o CLP da série Expert DX

programado no software WinSUP2 ........................................................ 75

Figura 57 – Gráfico de utilização de uma determinada máquina e a peças produzidas

pela mesma em um determinado turno de produção ............................. 78

Figura 58 – Gráfico de utilização de uma determinada máquina e a peças produzidas

pela mesma em um determinado turno de produção ............................. 78

Figura 59 – Lista de eventos, em aberto ou finalizados, em uma determinada

máquina .................................................................................................. 79

Figura 60 – Gráfico discreto de peças produzidas durante um determinado turno de

produção ................................................................................................. 80

Figura 61 – Diagrama de blocos do sistema ............................................................ 80

Page 14: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

xiv

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

1.1 CONTEXTO ........................................................................................................... 1

1.2 OBJETIVO ............................................................................................................ 2

1.3 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 2

1.4 ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTO ............................................................................. 3

2 CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL E IHMS............................................ 4

2.1 O CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL ............................................................. 4

2.2 ARQUITETURA BÁSICA DO CLP ............................................................................. 6

2.3 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO CLP ............................................................... 8

2.4 CLASSIFICAÇÃO DOS CLPS .................................................................................. 9

2.5 LÓGICA BINÁRIA E A LINGUAGEM LADDER ............................................................ 10

2.6 NORMA IEC 61131 - 3 ....................................................................................... 13

2.7 LINGUAGENS DE PROGRAMAÇÃO DEFINAS PELA IEC 61131 - 3 .............................. 15

2.7.1 Texto Estruturado (ST) .............................................................................. 16

2.7.2 Diagrama de Blocos (FBD) ....................................................................... 17

2.7.3 Lista de Instruções (IL) .............................................................................. 18

2.7.4 Seqüenciamento Gráfico de Funções (GRAFCET) ................................... 20

2.8 IHMS ................................................................................................................ 21

3 SENSORES E REDES SERIAIS ........................................................................... 24

3.1 SENSORES ........................................................................................................ 24

3.1.1 Sensores Elétricos .................................................................................... 25

3.1.2 Sensor de Contato com Acionamento Mecânico ...................................... 26

3.1.3 Sensores Ópticos ...................................................................................... 27

3.1.4 Sensores analógicos de Posição .............................................................. 29

3.2 REDES SERIAIS ................................................................................................. 30

3.1.1 Comunicação de Dados ............................................................................ 30

3.1.2 Canais de Comunicação ........................................................................... 31

3.1.3 Comunicação Serial .................................................................................. 31

3.1.4 Rede Serial RS-232 .................................................................................. 32

3.1.5 Rede Serial RS-485 .................................................................................. 33

Page 15: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

xv

3.1.6 Canal de Comunicação para RS-485 ........................................................ 34

3.1.7 Topologias de Rede para RS-485 ............................................................. 35

3.1.8 Resistores Terminais e Diferenciais .......................................................... 36

4 PROTOCOLO MODBUS E SOFTWARES SUPERVISÓRIOS .............................. 38

4.1 PROTOCOLO MODBUS ........................................................................................ 38

4.1.1 História ...................................................................................................... 38

4.1.2 Definição ................................................................................................... 38

4.1.3 O Quadro MODBUS .................................................................................. 39

4.2 SOFTWARES MES - MANUFACTURING EXECUTION SYSTEM ..................................... 41

4.2.1 Definição ................................................................................................... 41

4.2.2 Funcionamento e Arquitetura .................................................................... 42

4.2.3 Guenka - MPI ............................................................................................ 44

5 ESTRUTURA FÍSICA E HARDWARES................................................................. 46

5.1 ESTRUTURAS MACRO E CELULAR DO PROJETO .................................................... 46

5.2 CLPS ATOS-SCHNEIDER ..................................................................................... 50

5.2.1 Expert DX .................................................................................................. 50

5.2.2 Expert BF .................................................................................................. 51

5.3 CABO DE REDE RS-485 ...................................................................................... 52

5.4 CONVERSOR SERIAL-ETHERNET ......................................................................... 53

5.5 SENSORES DIGITAIS ÓPTICOS ............................................................................. 53

5.6 SENSOR ANALÓGICO DE POSIÇÃO ....................................................................... 55

6 SOFTWARES E FIRMWARE ................................................................................ 57

6.1 SOFTWARES DE PROGRAMAÇÃO DOS CLPS .......................................................... 57

6.1.1 WinSUP2 - Expert DX ............................................................................... 57

6.1.2 A1 -Expert BF ............................................................................................ 59

6.2 ESTRUTURA DO FIRMWARE ................................................................................. 60

6.3 MÁQUINAS DE ESTADO EM LADDER ...................................................................... 65

6.4 LÓGICA PARA OBTER UTILIZAÇÃO DA ESTEIRA ...................................................... 66

6.5 CONTAGEM DE CHAPAS COM SENSOR ANALÓGICO ................................................ 68

6.6 MODELO DE COMUNICAÇÃO POR EVENTOS ........................................................... 70

6.7 LÓGICA PARA MUDANÇAS DE TELAS NA IHM ........................................................ 73

Page 16: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

xvi

7 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 77

8 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 83

APÊNDICE ................................................................................................................ 84

APÊNDICE A - CÓDIGO PARA COLETAR NÚMERO DE CHAPAS CORTADAS ........................ 84

ANEXOS ................................................................................................................... 88

ANEXO A - CARACTERÍSTICAS GERAIS DA SÉRIE EXPERT DX ...................................... 88

ANEXO B - ESQUEMAS DE LIGAÇÃO PARA O MODELO EXPERT DX 2450.10 P ............... 89

ANEXO C - ESQUEMAS DE LIGAÇÃO PARA O MODELO EXPERT DX 2450.70 P ............... 90

ANEXO D - CARACTERÍSTICAS GERAIS DA SÉRIE EXPERT BF ....................................... 91

ANEXO E - ESQUEMAS DE LIGAÇÃO PARA O MODELO EXPERT BF 2850.20 N ............... 92

Page 17: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contexto

A atual demanda industrial para obter uma gama maior de dados

sobre a produção, assim como recursos para efetuar um controle ágil e eficiente

sobre os processos, fez da coleta automática de dados junto a softwares

supervisórios, uma das soluções mais procuradas e eficientes no mercado

industrial. A cada dia, mais e mais indústrias e empresas buscam substituir a velha

forma de registros feitos manualmente por um sistema informatizado e rápido.

Dentro deste contexto, a crescente substituição destes processos

manuais gerou uma escassez de oferta de sistemas automáticos para o controle da

produção. Tentando cobrir está brecha no mercado, este trabalho busca mostrar a

elaboração de um projeto para a coleta de dados para ser entregue a um software

MES (Manufacturing Execution System). Primeiramente será apresentada uma

revisão de bibliografia sobre todos os aspectos utilizados no projeto para em

seguida mostrar mais detalhadamente o projeto em si. Para isto, este trabalho

divide-se em duas partes com intuito de facilitar a compreensão do mesmo. A

primeira destina-se a parte física do projeto, onde estão inseridos os componentes e

hardwares necessários para a implementação, desde a rede para a comunicação

dos dados, até o processamento dos dados captados (CLP - Controlador Lógico

Programável) pelos transdutores automáticos (sensores) e manuais (IHM –

Interface Homem-Máquina). A segunda parte destina-se a elaboração do firmware

para o CLP, responsável pelo processamento lógico das entradas captadas, para

assim enviar pela rede ao programa supervisor.

Esta primeira etapa do projeto, destinada aos hardwares, se divide

em: Rede Serial RS-485; Conversor serial-ethernet; CLP; IHM; Sensores. Este

capítulo procura mostrar a estrutura física utilizada para captar, processar e enviar

os dados da produção para o servidor onde há um programa supervisório. Para isto

serão vistos os sensores utilizados diretamente sobre a produção, que são os

responsáveis por fazer as medidas automáticas. Os dados inseridos manualmente

pelos operadores das máquinas serão obtidos através de uma IHM que é

Page 18: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

2

diretamente ligada ao CLP. Serão também mostradas as características deste

conjunto CLP/IHM. Após a captação e um tratamento preliminar, estes dados são

enviados, via protocolo Modbus por uma rede serial até o ponto onde um conversor

serial-ethernet os envia ao servidor.

O seguinte capítulo - 6 - é destinado à programação dos firmwares

para os CLP/IHMs. Primeiramente serão detalhados os dois tipos de softwares de

programação utilizados. Também serão mostradas algumas técnicas de

programação utilizadas assim como trechos relevantes do código produzido.

1.2 Objetivos

Este trabalho busca detalhar as etapas e características

necessárias para a elaboração de um projeto de coleta de dados industriais por

controladores lógicos programáveis. Como um todo, este trabalho procura embasar

teoricamente todos os passos e detalhes utilizados na confecção do projeto em

geral. Para que com isto, este sirva de auxílio para a elaboração de projetos com

intuitos semelhantes ou mesmo para estudos nas áreas de automação industriais,

envolvendo controladores lógicos programáveis ou demais tópicos abordados pelo

trabalho.

Paralelamente, um dos objetivos deste trabalho é por em prática e

verificar todo o aprendizado do autor durante a graduação, enfocando nas áreas de

produção industrial, programação e redes de comunicação.

1.3 Justificativa

Este trabalho surge de um projeto realizado e implantado pelo

graduando durante um estágio curricular realizado em uma empresa de

desenvolvimento de softwares. O projeto foi elaborado para uma indústria de

grande porte do setor moveleiro do norte paranaense. Para a implantação do

sistema de monitoramente e gerenciamento oferecido pela empresa, a indústria se

viu à necessidade de obter um sistema de coleta de dados sobre sua produção.

Page 19: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

3

1.4 Organização do documento

A apresentação do trabalho está organizada segundo os seguintes

tópicos:

No capítulo 2, serão apresentados conceitos teóricos e históricos

sobre os controladores lógicos programáveis e suas IHMs.

No capítulo 3, serão introduzidos os fundamentos e conceitos sobre

sensores e redes de comunicações seriais.

O capítulo 4 será destinado aos conceitos e características do

protocolo de comunicação serial Modbus e dos softwares supervisórios.

No capítulo 5 estarão descritas as especificidades físicas do projeto.

O capítulo 6 é utilizado para descrever os detalhes e técnicas

utilizadas na programação do firmware dos CLPs.

O capítulo 7 será dedicado à discussão e considerações a respeito

dos resultados obtidos com a implantação do projeto.

Por fim, as conclusões estão presentes no capítulo 8.

No final do trabalho, encontrar-se-ão alguns apêndices com partes

do programa utilizados no projeto, bem como anexos contendo materiais

informativos, como manuais e datasheets.

Page 20: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

4

2 CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL E IHMS

Neste capítulo serão introduzidos os conceitos sobre os

controladores lógicos programáveis e interfaces homem-máquina.

2.1 CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL

O CLP ou Controlador Lógico Programável pode ser definido,

segundo a norma ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), como um

equipamento eletrônico-digital compatível com aplicações industriais. Os CPLs

também são conhecidos como PLCs, do inglês: Programmable Logic Controller.

Na década de 60, o aumento da competitividade fez com que a

indústria automotiva melhorasse o desempenho de suas linhas de produção,

aumentando tanto a qualidade como a produtividade. Fazia-se necessário encontrar

uma alternativa para os sistemas de controle a relés. Uma saída, possível,

imaginada pela General Motors (GM), seria um sistema baseado no computador.

Assim, em 1968 , a divisão Hydramatic da GM determinou os critérios para projeto

do PLC , sendo que o primeiro dispositivo a atender às especificações foi

desenvolvido pela Gould Modicion em 1969 [1].

Sob a liderança do engenheiro Richard Morley, foi preparada uma

especificação que refletia as necessidades de muitos usuários de circuitos e relés,

não só da indústria automobilística como de toda a indústria manufatureira. Nascia

assim um equipamento bastante versátil e de fácil utilização, que vem se

aprimorando constantemente, diversificando cada vez mais os setores industriais e

suas aplicações, o que justifica hoje um mercado mundial estimado em 4 bilhões de

dólares anuais [2]. As principais características desejadas nos novos equipamentos

eram:

Menor espaço

Menor consumo de energia elétrica

Reutilizáveis

Page 21: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

5

Programáveis

Maior confiabilidade

Maior flexibilidade

Maior rapidez na elaboração dos projetos

Interfaces de comunicação com outros CLPs e computadores

Inicialmente, os PLCs eram chamados PCs – Programmable

Contrllers, mas com o advento dos computadores pessoais (PCs – Personal

Computers), convencionou-se PLCs para evitar conflitos de nomenclatura.

Originalmente os PLCs foram usados em aplicações de controle discreto (on/off –

liga/desliga), como os sistemas a relés, porém eram facilmente instalados,

economizando espaço e energia, alem de possuírem indicadores de diagnósticos

que facilitavam a manutenção. Uma eventual necessidade de alteração na lógica de

controle da máquina era realizada em pouco tempo, apenas com mudanças no

programa, sem necessidade de alteração nas ligações elétricas [1].

A década de 70 marca uma fase de grande aprimoramento dos

CLPs. Com as inovações tecnológicas dos microprocessadores, que deram maior

flexibilidade e um grau maior de inteligência, os Controladores Lógicos

Programáveis incorporam:

1972. Funções de temporização e contagem;

1973. Operações aritméticas, manipulação de dados e

comunicação com computadores;

1974. Comunicação com Interfaces Homem - Maquina;

1975. Maior capacidade de memória, controles analógicos e

controles PID;

1979/80. Módulos de I/O remotos, módulos inteligentes e

controle de posicionamento.

Page 22: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

6

Nos anos 80, os aperfeiçoamentos descritos abaixo foram atingidos,

fazendo do CLP um dos equipamentos mais atraentes na Automação Industrial. A

possibilidade de comunicação em rede (1981) é hoje uma característica

indispensável na indústria. Além dessa evolução tecnológica, foi atingido um alto

grau de integração, tanto no número de pontos como no tamanho físico, que

possibilitou o fornecimento de minis e micros CLPs ( a partir de 1982) [1].

Atualmente, Os CLPs apresentam as seguintes características:

Módulos de I/O de alta densidade (grande numero de pontos I/O por módulo);

Módulos remotos controlados por uma mesma CPU;

Módulos inteligentes (co-processadores que permitem realização de tarefas

complexas: Controle de PID, posicionamento de eixos, transmissão via radio

ou modem, leitura de código de barras);

Softwares de programação em ambiente Windows (facilidade de

programação);

2.2 Arquitetura básica do CLP

Genericamente o CLP se divide em CPU, entradas, saídas e um

software para programação da lógica a ser executada pela CPU. Para ilustrar temos

a figura abaixo:

Figura 1 – Arquitetura básica do CLP.

Page 23: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

7

A CPU de um PLC compreende os elementos que formam a

“inteligência” do sistema: O Processador e o Sistema de Memória por meio do

Programa de Execução (desenvolvido pelo fabricante) interpretam e executam o

Programa de Aplicação (desenvolvido pelo usuário), e gerencia todo o sistema. Os

circuitos auxiliares de controle atuam sobre os barramentos de dados (data bus), de

endereços (address bus) e de controle (control bus), conforme solicitado pelo

processador, de forma similar a um sistema convencional baseado em

microprocessador [1].

Entradas Digitais: São entradas que recebem sinais que assumem

apenas 2 níveis, 0 e 1, 0v ou 5v, 0v ou 24v, 0v ou 220v. Estes sinais podem vir de

chaves fim de curso, botões de painéis elétricos, sensores do tipo ON/OFF, etc.

Entradas Analógicas: São entradas que recebem sinais que

podem assumir vários valores dentro de uma faixa determinada de tensão ou

controle. Estes sinais podem vir de sensores de temperatura, velocidade, nível, e

que sejam proporcionais, ou seja, enviam um sinal que varia de 0v a 10v, por

exemplo, para informar a temperatura exata do processo naquele instante.

Saídas Digitais: São saídas que enviam sinais que podem assumir

apenas 2 níveis de tensão, 0v ou 24v, por exemplo, e podem ser utilizados para

acionar um motor, uma bomba, etc.

Saídas Analógicas: São saídas que enviam sinais que podem

assumir vários níveis de tensão dentro de uma determinada faixa, por exemplo, 0v a

10v.

Software: Existem vários fabricantes de CLPs , e cada um tem o

seu próprio software com suas particularidades , como por exemplo a forma de dar

nomes a cada entrada que podem ser:

I32.0 , I32.1 .... I32.7 , I33.0 ...I33.7 ( padrão Siemens )

E0.0 , E0.1... E0.7, E1.0 , ... E1.7 ( padrão Altus )

I0 , I1 , I2 ( padrão WEG )

Page 24: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

8

%I0.0 , %I0.1 , %I0.2 ( padrão Telemecanique )

%MX0 , %MW20 , %IX1 , %QX0 ( Norma IEC 61131-3 )

Mas quando o assunto é programação existem 03 formas básicas

de programar em PLC : Ladder (linguagem de contatos) , Blocos , Lista de

instruções ( semelhante a Assembly ) , em todos os CLP modernos existem estas

formas de programação , variando alguns recursos que alguns fabricantes tem a

mais , a forma de programar é idêntica . Portanto se você souber programar bem

em um determinado fabricante, para programar em CLPs de outros fabricantes não

será difícil [1]. Embora estas três linguagens de programação sejam as mais

básicas, existem outros tipos como o texto estruturado e o GRAFCET.

2.3 Princípio de funcionamento do CLP

O diagrama de blocos externo mais simples sobre o funcionamento

do CLP é o mostrado na figura abaixo:

Figura 2 – Diagrama de blocos sobre o funcionamento do CLP.

Os sinais de entrada e saída dos CLPs podem ser digitais ou

analógicos. Existem diversos tipos de módulos de entrada e saída que se adéquam

as necessidades do sistema a ser controlado. Os módulos de entrada e saídas são

compostos de grupos de bits, associados em conjunto de 8 bits (1 byte) ou conjunto

de 16 bits, de acordo com o tipo da CPU. As entradas analógicas são módulos

conversores A/D, que convertem um sinal de entrada em um valor digital,

normalmente de 12 bits (4096 combinações). As saídas analógicas são módulos

conversores D/A, ou seja, um valor binário é transformado em um sinal analógico.

Os sinais dos sensores são aplicados às entradas do controlador e a cada ciclo

Page 25: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

9

(varredura) todos esses sinais são lidos e transferidos para a unidade de memória

interna denominada memória imagem de entrada. Estes sinais são associados

entre si e aos sinais internos. Ao término do ciclo de varredura, os resultados são

transferidos à memória imagem de saída e então aplicados aos terminais de saída

[2]. Este ciclo esta representado na figura 3.

Figura 3 – Fluxograma do funcionamento da CPU do CLP.

2.4 Classificação dos CLPs

A Embora existam algumas divergências entre autores e fabricantes

quanto aos critérios de classificação, os CLPs podem ser divididos em grupos

específicos de acordo com a estrutura que apresentem (especificamente

relacionada à quantidade de Pontos de I/O que a CPU pode controlar e a

quantidade de memória de programação disponível) [3]:

Micros CLPs (até 64 Pontos de I/O e até 2Kwords de

memória)

Pequenos CLPs (de 64 a 512 Pontos de I/O e até 4Kwords

de memória)

Page 26: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

10

CLPs Médios (de 256 a 2048 Pontos de I/O e dezenas de

Kwords de memória)

CLPs Grandes (acima de 2048 Pontos de I/O e centenas de

Kwords de memória)

Em 1997, CLPs com até 14 Pontos de I/O e tamanho muito

reduzido foram lançados no mercado, tendo sido denominados pelos fabricantes de

Nanos CLPs.

Entre os Micros e Pequenos CLPs, ainda é possível encontrar outra

divisão:

CLPs Compactos: que têm quantidade fixa de Pontos de I/O.

CLPs Modulares: que permitem a configuração, por parte do

usuário, da quantidade e combinação dos Pontos de I/O.

Em alguns CLPs Compactos, é possível a adição de Pontos de I/O

por meio de „blocos‟ de expansão, com limite determinado pelo fabricante, porém

apresentam poucas opções de configuração [3].

2.5 Lógica Binária e a linguagem Ladder

A lógica matemática ou simbólica visa superar as dificuldades e

ambigüidades de qualquer língua, devido a sua natureza vaga e equívoca das

palavras usadas e do estilo metafórico e, portanto, confuso que poderia atrapalhar o

rigor lógico do raciocínio. Para evitar essas dificuldades, criou-se uma linguagem

lógica artificial. A lógica binária possui apenas dois valores que são representados

por : 0 e 1. A partir desses dois símbolos se constrói então uma base numérica

binária. A partir desses conceitos foram criadas as portas lógicas, que são circuitos

utilizados para combinar níveis lógicos digitais de formas específicas [2].

Page 27: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

11

Figura 4 – Portas lógicas básicas e suas respectivas representações em ladder.

Os CLPs vieram a substituir elementos e componentes eletro-

eletrônicos de acionamento e a linguagem utilizada na sua programação é similar à

linguagem de diagramas lógicos de acionamento desenvolvidos por eletrotécnicos e

profissionais da área de controle, esta linguagem é denominada linguagem de

contatos ou simplesmente LADDER. A linguagem Ladder permite que se

desenvolvam lógicas combinacionais, seqüenciais e circuitos que envolvam ambas,

utilizando como operadores para estas lógicas: entradas, saídas, estados auxiliares

e registros numéricos. A figura 5 mostra os 03 principais símbolos de programação

Ladder

Figura 5 – Elementos básicos da programação Ladder.

Uma boa definição para a linguagem Ladder é:

“O diagrama de contatos (Ladder) consiste em um desenho formado por duas linhas

verticais, que representam os pólos positivo e negativo de uma bateria, ou fonte de

alimentação genérica. Entre as duas linhas verticais são desenhados ramais

horizontais que possuem chaves. Estas podem ser normalmente abertas, ou

fechadas e representam os estados das entradas do CLP (Marcelo Euípedes.)”

Page 28: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

12

O nome Ladder deve-se à representação da linguagem se parecer

com uma escada (do inglês, ladder), na qual duas barras verticais paralelas são

interligadas pela Lógica de Controle, formando os degraus (do inglês, rungs) da

escada. Portanto, a cada Lógica de Controle existente no Programa de Aplicação

dá-se o nome de rung, a qual é composta por Colunas e Linhas. [4]. Os degraus

são divididos em duas zonas conforme ilustra a figura 6. A zona da esquerda pode ser

chamada de zona de testes e é a região que contém a lógica da função booleana. A

zona da direita é chamada de zona de ação e representa a saída da função booleana.

Figura 6 – Estrutura da programação em Ladder.

Fazendo uma avaliação genérica e de forma “elétrica” sobre a

linguagem Ladder, seu funcionamento consiste em criar uma lógica de acordo com

os requisitos do problema, de modo que uma corrente fictícia chegue à zona de

ação. Logo, para o rung 1, composto pelas linhas 1 e 2, temos a função booleana

𝑀0 = (𝐼1.0 + 𝑀0) × 𝐼1.1 , ilustrada pela figura 7.

Page 29: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

13

Figura 7 – Equivalência de uma função booleana em Ladder.

Com o advento de novas tecnologias, foram incorporadas novas

funções e blocos lógicos à linguagem ladder. Hoje em dia cada fabricante, modelo e

classe de CLPs têm funções e operações específicas. A norma IEC 61131-3

estabelece um conjunto de linguagens, operadores e funções necessárias para um

CLP, como veremos no capítulo a seguir.

2.6 Norma IEC 61131-3

O grupo de trabalho, International Electrotechnical Commission (IEC

Comissão Eletrotécnica Internacional) foi organizado em 1979 para estudar e

avaliar o projeto completo dos controladores lógico programáveis, incluindo o

projeto do hardware, a instalação, os testes, a documentação, a programação e as

comunicações. O IEC como uma organização irmã da International Standardisation

Organization (ISO - Organização Internacional de Normatização) fundada em

Genebra na Suíça, tem comitês e grupos de trabalho formados a partir de

representantes da maioria de países industriais do mundo que põem a frente

procedimentos de padronização [5].

Durante os anos 1990, O IEC publicou várias partes do padrão IEC

61131 que cobre o ciclo completo dos CLP s, que são:

Parte 1 - Definição da informação geral, da terminologia

básica e dos conceitos; Publicado em 1992.

Page 30: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

14

Parte 2 - Exigências de equipamento e testes eletrônicos e

testes mecânicos de construção e verificação; Publicado em

1992.

Parte 3 - Estrutura do Software do CLP, execução do

programa e linguagens de programação; Publicado em 1993.

Parte 4 - Guia de orientação ao usuário na seleção,

instalação e manutenção de CLP s; Publicado em 1995.

Parte 5 - Facilidade do Software em especificação de

mensagens de serviços a comunicar-se com outros

dispositivos usando as comunicações baseadas em MAP

(Manufacturing Messaging Services); Publicado em 1998.

Parte 6 - Comunicação via facilidade do Software fieldbus

para comunicação de PLC s utilizando IEC fieldbus;

Aguardando fechamento do padrão fieldbus.

Parte 7 - Programação utilizando Lógica Nebulosa (Fuzzy);

Publicada em 1997.

Parte 8 - Guia para implementação das linguagens;

A figura 8 ilustra a evolução da norma IEC 61131-3.

A norma proporciona que sejam desenvolvidos ambientes de

programação capazes de decompor programas complexos em diferentes elementos

de software, os quais possuem uma interface padronizada e bem definida entre os

mesmos. São definidas 5 linguagens de programação para o desenvolvimento de

módulos ou componentes de software. A programação é orientada para o

desenvolvimento de programas a partir da abordagem de cima para baixo (top-

down) e de baixo para cima (botton-up) [5], baseada em três princípios:

Page 31: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

15

Figura 8 – Evolução da norma IEC 61131-3.

Modularização - decomposição de qualquer sistema,

complexo ou não, em partes menores capazes de serem

gerenciáveis;

Estruturação - forma hierárquica utilizada para a

programação em níveis facilitando a modularização e

reutilização de blocos;

Reutilização - de funções, de blocos funcionais ou

programas.

2.7 Linguagens de programação definas pela IEC 61131 - 3

O A norma IEC 61131-3 define 05 linguagens de programação:

Texto Estruturado (ST-Structured text)

Textuais

Lista de Instruções (IL-Instruction List)

Diagrama de Blocos Funcionais (FBD - Function Block Diaggrams) Gráficas

Page 32: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

16

Diagrama Ladder (LD-Ladder Diagram)

Gráficas

Seqüenciamento Gráfico de Funções (GRAFCET)

Tabela 1 – Linguagens de programação definidas pela norma IEC 61131-3.

A norma IEC 61131-3 define elementos comuns às 05 linguagens

de programação com o intuito de padronizar o correto entendimento, como variáveis

e tipos de dados para permitir a utilização de qualquer linguagem de

programação [5].

Ainda a linguagem gráfica Ladder é a mais utilizada para a

programação de CLPs. Sua descrição foi detalhada no item 2.5. As demais

linguagens definidas pela norma IEC 61131-3 serão descritas nos itens seguir.

2.7.1 Texto Estruturado (ST)

É uma linguagem de alto nível com sintaxe similar ao Pascal,

desenvolvida especificamente para controle industrial usada para descrever o

comportamento de:

Funções;

Blocos Funcionais;

Programas;

Passos, ações e transições da linguagem SFC.

É uma linguagem de fácil assimilação para os desenvolvedores de

programas, pois permite uma fácil interpretação pelo uso de identificadores de fácil

entendimento, associados a comentários. É muito útil para o desenvolvimento de

cálculos aritméticos complexos, pois é só digitar a fórmula em questão [5]. Os

operadores padrão segundo a norma IEC 61131-3 são:

Page 33: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

17

Tabela 2 – Operadores padrões para ST pela norma IEC 61131-3.

2.7.2 Diagrama de Blocos (FDB)

O diagrama de blocos é adotado principalmente por CLPs de

pequeno porte, usados para processos reduzidos de automação ou para realizar

funções específicas dentro de processos maiores. Alguns fabricantes chamam tais

CLPs de relés programáveis ou ainda, relés inteligentes. Dois grandes fabricantes

desses equipamentos são a WEG e a SIEMENS, que produzem o CLIC e o LOGO!

respectivamente. Devido ao tamanho e custo reduzidos, esses CLPs são usados,

também, para automação residencial, como controle de iluminação externa, alarme,

controle automático de persianas, etc [4].

Uma vantagem desses equipamentos é a opção de programá-los

em campo, possível graças a um teclado e um display – IHM (Interface Homem-

Máquina) – no próprio CLP, dispensando o uso de computador e cabo de dados

para transferir o programa a ser executado. Justamente pela presença da IHM e

pela simplicidade de programação, o FBD é uma linguagem que está disponível

nesses equipamentos [4]

Page 34: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

18

.

Figura 9 – Exemplo de programa em FDB.

2.7.3 Lista de Instruções (IL)

É uma linguagem de baixo nível, compacta e próxima da linguagem

de máquina, caracterizada pelo uso de mnemônicos pra representar funções da

lógica booleana – AND, OR, NOT, etc. – e outras funções utilizadas em linguagem

de programação de microcontroladores como LOAD, STORE, SET, RESET, etc. [4].

A linguagem é ideal para resolver problemas simples e pequenos,

onde existem poucas quebras no fluxo de execução do programa. Pela norma, IL é

uma linguagem adicional, menos amigável e flexível e que pode ser usada para

produzir código otimizado para trechos de desempenho crítico em um programa [5].

As tabelas 3 e 4 mostram as principais funções em IL e a sintaxe

para seus endereços de memória para um CLP WEG. A figura 10 mostra um

exemplo de um programa em IL e sua respectiva transcrição em Ladder.

Page 35: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

19

Tabela 3 – Principais funções em IL para um CLP WEG.

Tabela 4 – Endereços de memória para as funções em IL para um CLP WEG.

Figura 10 – Exemplo de programa em Ladder e em IL para CLP da WEG.

Page 36: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

20

2.7.4 Seqüenciamento Gráfico de Funções (GRAFCET)

A linguagem de Seqüenciamento Gráfico de Funções (SFC), ou

Grafcet (Graphe Fonctionnel de Command Etape-Transition), é baseada nas

técnicas correntes para descrever o comportamento seqüencial. Universidades

francesas desenvolveram uma linguagem de representação de processos

seqüenciais baseada nas Redes de Petri, o Grafcet. O Grafcet se tornou um padrão

europeu com a introdução do padrão IEC 848: Preparation of function charts for

control system. Muitos fabricantes europeus de CLPs oferecem Grafcet como uma

linguagem gráfica. A norma IEC 61131-3 introduziu algumas modificações no

padrão IEC 848 visando integrar esta quinta linguagem às demais linguagens da

norma [5].

Uma seqüência em SFC é composta por uma série de passos

(Steps) mostrados como retângulos conectados por linhas verticais, onde cada

passo representa um estado particular programado em qualquer uma das demais

quatro linguagens IEC (ST, FBD, LD e IL) e até em SFC.

Cada linha de conexão possui uma barra horizontal representando

uma transição, a qual é associada a uma condição que, quando verdadeira (TRUE),

causa a desativação do passo anterior e a ativação do passo seguinte. Uma

transição recebe um nome (T1, T2, T3, etc...) e está programada nas linguagens

ST, FBD, LD, IL.

Cada passo pode ter uma ou mais ações associadas que é

representada por um ou mais programas e podem ser descritos utilizando-se uma

das quatro linguagens IEC: ST, FBD, LD ou IL. O fluxo é de cima para baixo (top-

down), mas ramos podem ser usados para retornar para passos anteriores.

A figura 11 ilustra de forma genérica a estrutura da linguagem SFC.

Page 37: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

21

Figura 11 – Estrutura genérica do GRAFCET.

2.8 Interfaces Homem-Máquina

IHM (Interface Homem Máquina) é um equipamento responsável

por melhorar a interface entre o usuário e o processo. Sua função básica é

monitorar e configurar variáveis de processo. Existem inúmeros modelos de IHMs

que disponibilizam recursos básicos como: indicação de alarmes, comando via

Touch Screen, visualização e acesso à valores de variáveis. Alguns modelos de

IHM utilizam sistemas Operacionais voltados para sistemas mais simples(ex:

Windows CE) possibilitando, por exemplo, a utilização de Sistemas de Supervisão

em IHMs. As IHMs ligam-se aos equipamentos como o PLC através de um meio

físico (RS232, RS485, Ethernet, etc) e a maneira como as informações são

Page 38: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

22

trocadas respeitam o protocolo de comunicação. Para saber se uma IHM pode ser

utilizada com um equipamento, a porta de comunicação deve possuir o mesmo

meio físico do equipamento que se deseja comunicar e, além disso, a IHM deve

utilizar (no mínimo) o mesmo protocolo de comunicação que o equipamento [6].

Existem inúmeros fabricantes de IHMs no mercado. Grande parte

deles são fabricantes de CLPs que disponibilizam as IHMs para comunicação com

seus produtos. Nestes casos o próprio software de programação do CLP possibilita

a programação da IHM e sua integração com o próprio CLP. De forma simplificada,

programar uma IHM é configurar quais informações serão lidas ou escritas e como

elas serão apresentadas ao usuário. As IHMs de um mesmo fabricante de PLC

poderá ou não se comunicar com equipamentos de outros fabricantes. Isto

dependerá da capacidade da IHM “falar” outros protocolos de comunicação. Isto

não depende somente de quem fabrica a IHM, pois alguns fabricantes não

disponibilizam ou dificultam a documentação do protocolo tornando quase

impossível que IHMs de outras marcas “conversem” com seus equipamentos [6].

Figura 12 – Exemplo de IHM padrão ALTUS.

Page 39: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

23

Uma IHM permite que o operador da interface tenha acesso a

valores atualizados do processo via CLP, alterar parâmetros de controle do

processo para o CLP e receber mensagens do CLP para o acompanhamento do

processo. Apesar de ser uma interface bastante simples, é muito eficaz para o

campo e a operação de equipamentos.

Figura 13 – Exemplo de IHM com tecnologia Touch Screen.

Page 40: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

24

3 SENSORES E REDES SERIAIS

Neste capítulo serão apresentados os conceitos sobre sensores e

sobre as redes seriais de comunicação de dados.

3.1 Sensores

Um sensor é geralmente definido como um dispositivo que recebe e

responde a um estímulo ou um sinal. Porém, os sensores são aqueles que

respondem com sinal elétrico a um estímulo ou um sinal. Um transdutor por sua vez

é um dispositivo que converte um tipo de energia em outra não necessariamente

em um sinal elétrico. Muitas vezes um sensor é composto de um transdutor e uma

parte que converte a energia resultante em um sinal elétrico. Podem ser de

indicação direta (como um termômetro de mercúrio ou um medidor elétrico) ou em

par com um indicador (algumas vezes indiretamente com um conversor de

analógico para digital, um computador e um display) de modo que o valor detectado

se torne legível pelo homem. Além de outras aplicações, os sensores são

largamente usados na medicina, indústria e robótica [7].

O sensor é apenas a parte sensitiva de um transdutor (que é um

sistema completo que produz um sinal elétrico de saída que representa a grandeza

física sendo medida), que se completa em muitos casos com um circuito eletrônico

para a geração desse sinal elétrico que depende do nível de energia da grandeza

física que afeta o dispositivo sensitivo [7].

Existem grandezas físicas que podem tomar qualquer valor ao

longo do tempo: são as chamadas grandezas físicas analógicas, por exemplo,

pressão, temperatura, umidade, vazão, força, ângulo, velocidade, luminosidade,

altitude, torque, entre muitas outras. Porém, embora estritamente falando não se

trate propriamente de grandezas físicas, existem outras variáveis ou características

num sistema que, ao longo do tempo, só podem tomar dois valores possíveis, os

quais são denominados arbitrariamente como 0 e 1, essas variáveis são chamadas

de grandezas físicas digitais. Um exemplo delas é a presença de um objeto num

determinado local [7].

Page 41: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

25

3.1.1 Sensores Elétricos

Atualmente, a maioria dos sensores utilizados são elétricos ou

eletrônicos, apesar de existirem outros tipos. Além de outras aplicações, os

sensores são largamente usados na medicina, automação e controle de processos

industriais e robótica. Sensores elétricos são componentes que captam as

informações necessárias no decorrer do processo automatizado e as enviam ao

circuito elétrico de controle, conforme a figura 14.

Figura 14 – Configuração genérica de um transdutor em um processo qualquer.

Dentre a grande diversidade de sensores elétricos existentes, os

mais utilizados são:

Sensor de Contato com Acionamento Mecânico;

Sensor de Contato com Acionamento Magnético;

Sensor de Proximidade;

Sensor Fotoelétrico;

Sensor de Pressão;

Sensor de Temperatura.

Como a quantidade dos tipos sensores é muito grande, este

trabalho detalhará somente alguns dos sensores mais utilizados na indústria,

inclusive no projeto alvo deste trabalho.

Page 42: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

26

3.1.2 Sensor de Contato com Acionamento Mecânico

Este tipo de sensor é uma chave elétrica acionada mecanicamente

pelo movimento dos elementos de trabalho, através do dispositivo atuador

localizado no sensor. O elemento atuador pode ser: curto, convencional, longo, com

rolete, com falso rolete e etc. Este tipo de sensor tem resposta do tipo digital e de

uma forma geral tem uma representação esquemática de uma chave, como

mostrado na figura 15.

Figura 15 – Esquema elétrico dos terminais do sensor de contato mecânico.

Um exemplo deste tipo de sensor é o chamado “sensor de fim de

curso”. Estes sensores são interruptores mecânicos, acionados pela própria peça

monitorada. Há diversos tipos e tamanhos, conforme a aplicação. Possuem

limitação quanto ao número de acionamentos e, ainda, quanto à corrente que passa

pelos seus contatos, normalmente na ordem de um milhão de acionamentos,

mecanicamente.

Figura 16 – Constituição e funcionamento de um sensor de fim de curso.

Page 43: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

27

Figura 17 – Sensor de fim de curso.

3.1.3 Sensores Ópticos

São Sensores cujo funcionamento baseia-se na emissão de um

feixe de luz, o qual é recebido por um elemento fotossensível, basicamente são

divididos em três sistemas: Barreira, Difusão e reflexão.

No sistema do tipo “Barreira” o circuito transmissor e o circuito

receptor são encapsulados em unidades distintas e devem ser colocados um em

frente ao outro, de modo que o receptor possa receber a luz do transmissor. O

sensor é acionado quando o objeto a ser detectado interrompe o feixe de luz,

conforme mostra a figura 18 [7].

Figura 18 – Sistema de um sensor óptico do tipo barreira.

Page 44: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

28

Como pode ser deduzido, o objeto alvo de detecção interrompe a

chegada do feixe luminoso ao receptor. Esta ocorrência gera uma comutação no

transdutor, que pode ser interpretada como “ON” ou “OFF” de acordo com a

configuração elétrica do transdutor (PNP ou NPN).

Nos sistemas do tipo difusão, o transmissor e o receptor são

montados na mesma unidade. Sendo que o acionamento da saída ocorre quando o

objeto a ser detectado entra na região de sensibilidade e reflete para o receptor o

feixe de luz emitido pelo transmissor.

Figura 19 – Sistema de um sensor óptico do tipo difuso.

A luz gerada no emissor reflete de forma difusa sobre o objeto a ser

sensoriado de tal forma que uma parcela dessa luz retorne ao sensor atingindo o

receptor. Os sensores ópticos desse tipo de detecção não atingem grandes

distancias (até 360mm), em função de que na reflexão difusa apenas uma pequena

parcela da luz é refletida em direção ao receptor. A luz refletida depende de alguma

característica do objeto, como a cor e o acabamento de superfície. Desta forma,

objetos escuros, pequenos ou com superfícies altamente rugosas, podem não ser

detectados.

Do mesmo modo que os difusos, os sensores ópticos de reflexão,

apresentam o transmissor e o receptor em uma única unidade. O feixe de luz chega

ao receptor somente após ser refletido por um espelho prismático, e o acionamento

da saída ocorrerá quando o objeto a ser detectado interromper este feixe.

Page 45: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

29

Figura 20 – Sistema de um sensor óptico do tipo reflexão.

3.1.4 Sensores Analógicos de Posição

Os sensores analógicos de posição baseiam-se no princípio da

variação da resistência de um potenciômetro conectado mecanicamente a um eixo.

São normalmente utilizados quando se deseja conhecer a posição de algum eixo ou

de qualquer peça giratória.

Figura 21 – Sistema de um sensor analógico potenciométrico de posição.

Muitos CLPs têm entradas analógicas que fornecem uma diferença

de potencial para alimentar as extremidades destes potenciômetros. Utilizando este

recurso, basta pegar a referência de tensão em relação à posição do eixo móvel e

utilizar como a entrada analógica.

Page 46: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

30

3.2 Redes de Comunicações Seriais

3.2.1 Comunicação de dados

A distância que um dado sinal percorre em um computador varia de

alguns milímetros, como no caso de conexões de um simples CI, até vários

centímetros quando a conexão de sinais envolve, por exemplo, uma placa mãe com

conectores para diversos circuitos. Para estas distâncias, o dado digital pode ser

transmitido diretamente. No entanto, os dados devem ser enviados para fora dos

circuitos que constituem o computador. Nesses casos, as distâncias podem ser

enormes. Com o aumento das distâncias entre a fonte e o destino aumenta também

a dificuldade de estabelecer uma transmissão de dados precisa. Isso é o resultado

de distorções elétricas dos sinais que trafegam através de condutores longos, e de

ruídos adicionados ao sinal que se propagam através do meio de transmissão. A

distorção e o ruído podem tornar-se tão severos que a informação é perdida [8].

Como regra, a taxa de transmissão máxima permissível é

diretamente proporcional a potência do sinal, e inversamente proporcional ao ruído.

A função de qualquer sistema de comunicação é fornecer a maior taxa de

transmissão possível, com a menor potência e com o menor ruído possível. A

eficiência do canal de comunicação é definida como o número de bits de informação

utilizável (dados) enviados através do canal por segundo. Ela não inclui bits de

sincronismo, formatação, e detecção de erro que podem ser adicionados a

informação antes da mensagem ser transmitida, e sempre será no máximo igual a

um [8]. A figura 22 ilustra um frame de dados em uma rede RS-232 à uma taxa de

transferência de 9600 bits/s bem como sua eficiência.

Page 47: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

31

Figura 22 – Frame de dados em uma rede RS-232

3.2.2 Canais de comunicação

Um canal de comunicação é um caminho sobre o qual a informação

pode trafegar. Ela pode ser definida por uma linha física (fio) que conecta

dispositivos de comunicação, ou por um rádio, laser, ou outra fonte de energia

radiante. Em comunicação digital, a informação é representada por bits de dados

individuais, que podem ser encapsulados em mensagens de vários bits. Um byte é

um exemplo de uma unidade de mensagem que pode trafegar através de um canal

digital de comunicações. Uma coleção de bytes pode ser agrupada em um “frame”,

por exemplo. Esses múltiplos níveis de encapsulamento facilitam o reconhecimento

de mensagens e interconexões de dados complexos [8].

3.2.3 Comunicação Serial

A maioria das mensagens digitais são mais longas que alguns

poucos bits. A mensagem é quebrada em partes menores e transmitida

seqüencialmente. A transmissão bit-serial converte a mensagem em um bit por vez

através de um canal. Cada bit representa uma parte da mensagem. Os bits

individuais são então rearranjados no destino para compor a mensagem original.

Em geral, um canal irá passar apenas um bit por vez. A transmissão bit-serial é

normalmente chamada de transmissão serial, e é o método de comunicação

escolhido por diversos periféricos de computadores. A transmissão byte-serial

converte 8 bits por vez através de 8 canais paralelos. Embora a taxa de

transferência seja 8 vezes mais rápida que na transmissão bit-serial, são

necessários 8 canais, e o custo poderá ser maior do que 8 vezes para transmitir a

mensagem [8].

Page 48: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

32

A taxa de transferência refere-se a velocidade com que os dados

são enviados através de um canal e é medido em transições elétricas por segundo.

Nas normas EIA232 e EIA485, ocorre uma transição de sinal por bit, e a taxa de

transferência e a taxa de bit (bit rate) são idênticas. Nesse caso, uma taxa de 9600

bauds corresponde a uma transferência de 9600 dados por segundo, ou um período

de aproximadamente, 104µs (1/9600s) [8].

3.2.4 Rede Serial RS-232

RS é uma abreviação de “Recommended Standard”. Ela relata uma

padronização de uma interface comum para comunicação de dados entre

equipamentos, criada no início dos anos 60, por um comitê conhecido atualmente

como “Electronic Industries Association” (EIA). A mais de 30 anos desde que essa

padronização foi desenvolvida, a EIA publicou três modificações. A mais recente,

EIA232E, foi introduzida em 1991. Ao lado da mudança de nome de RS232 para

EIA232, algumas linhas de sinais foram renomeadas e várias linhas novas foram

definidas [8].

Na sua forma padrão o RS-232 utiliza dois sinais de controle, o RTS

(ready to send) e o CTS (clear to send) para efetuar o controle de fluxo via

hardware. Basicamente, quando o transmissor deseja começar um envio ele

sinaliza através do pino RTS. O receptor, ao perceber que o transmissor deseja

enviar algum dado, prepara-se para receber-lo e seta o pino CTS. Apenas depois

de receber o sinal CTS o transmissor pode começar a transmissão. Para cada byte

existem bit de start e stop; o mais comum é utilizar-se 1 bit de início (start bit) e 1 bit

de parada (stop bit). No transmissor o envio basicamente resume-se a enviar um bit

de início, aguardar um tempo, e enviar os próximos 8 bit, mais o bit de parada, com

o mesmo intervalo de tempo entre eles. No receptor, após a primeira borda de

descida (nível lógico de "1" para "0") (start bit) o receptor sabe que uma seqüência

de mais 8 bit de dados + bit de parada chegará. Ele também conhece a velocidade

de transmissão, então tudo que ele precisa fazer é aguardar o tempo de

transmissão entre cada bit e efetuar a leitura. Após receber o bit de parada, a

recepção encerra-se e ele volta à aguardar o próximo start bit. Na interface RS232 o

nível lógico "1" corresponde à uma tensão entre -3V e -12V e o nível lógico "0" à

Page 49: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

33

uma tensão entre 3V e 12V. Valores de tensão entre -3V e +3V são indefinidos e

precisam ser evitados. O estado idle da linha é 1 lógico (-V) [9].

A interface RS-232 é amplamente utilizada em casos onde a

distancia de comunicação é curta, pois esta suporta no máximo uma distancia de 15

m. Para distancias maiores é necessário utilizar RS-422 ou RS-485. A figura 23

ilustra um conector DB9 (Macho) com as funções de seus respectivos pinos.

Figura 23 – Pinagem para RS-232 conector DB9.

3.2.5 Rede Serial RS-485

A norma RS-485 define esquemas de transmissão de dados

balanceados que oferecem soluções robustas para transmitir dados em longas

distâncias em ambientes ruidosos. Esta norma não define qual o protocolo a ser

utilizado para a comunicação dos dados, e é adotada como especificação da

camada física de diversos protocolos, como, por exemplo, MODBUS, PROFIBUS,

DIN-Measurement-Bus e muitos outros. Todos os aparelhos que possuem

comunicação serial por barramento utilizam o padrão RS-485, devido às vantagens

que o mesmo apresenta em ambientes industriais. Por ser amplamente difundido, é

bem aceito em todas as partes do mundo [10].

Page 50: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

34

A norma TIA/EIA-485, conhecida popularmente como RS-485,

descreve uma interface de comunicação operando em linhas diferenciais capaz de

se comunicar com 32 “unidades de carga”. Normalmente, um dispositivo

transmissor/receptor corresponde a uma “unidade de carga”, o que faz com que

seja possível comunicar com até 32 dispositivos. Entretanto, existem dispositivos

que consomem frações de unidade de carga, o que aumenta o máximo número de

dispositivos a serem interligados. O meio físico mais utilizado é um par trançado.

Através deste único par de fios, cada dispositivo transmite e recebe dados. Cada

dispositivo aciona o seu transmissor apenas no instante que necessita transmitir,

mantendo-o desligado no resto do tempo de modo a permitir que outros dispositivos

transmitam dados. Em um determinado instante de tempo, somente um dispositivo

pode transmitir, o que caracteriza esta rede como half-duplex. Uma rede RS-485

pode também utilizar 02 pares trançados, operando no modo full-duplex, totalmente

compatível com RS-422 [10]. Também segundo a norma, o comprimento máximo

aconselhável para esta rede é de 1200 metros a um baud rate de 9600 bits/s.

3.2.6 Canal de comunicação para RS-485

A comunicação por RS-485 se caracteriza pela utilização de um

meio de comunicação diferencial (ou balanceado), denominado par trançado. Os

circuitos transmissores e receptores adotados nestas interfaces utilizam como

informação a diferença entre os níveis de tensão em cada condutor do par trançado.

Os códigos binários são identificados pela polaridade (+ ou -) da diferença de

tensão entre os condutores do par, ou seja, quando a tensão no condutor “+” for

maior que no condutor “-”, é caracterizado um nível lógico “1”; quando, ao contrário,

a tensão no condutor “-” for maior que no condutor “+”, é caracterizado um nível

lógico “0”. Uma margem de ruído de ±0,2 V é definida para aumentar a tolerância a

interferências. Esta técnica resulta no cancelamento de ruídos induzidos no meio de

transmissão, pois se o mesmo ruído é induzido nos 02 condutores, a diferença de

tensão entre eles não se altera e a informação é preservada. A interferência

eletromagnética emitida por um barramento de comunicação diferencial é também

menor que a emitida por barramentos de comunicação não-diferenciais [10].

Page 51: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

35

3.2.7 Topologias de rede para RS-485

Enquanto a velocidade for relativamente baixa e as distâncias

relativamente curtas, a influência da topologia da rede em seu desempenho não é

significativa. Contudo, quando os efeitos de linhas de transmissão começam a

aparecer, há apenas uma topologia simples que permite gerenciar estes efeitos.

Apenas no tipo “daisy chain”, onde todos os dispositivos são conectados

diretamente aos condutores da linha de comunicação principal, é fácil controlar as

reflexões causadoras de erros de comunicação. Isso não significa que seja

impossível implementar uma rede funcional com outra topologia. Entretanto, na

prática, controlar as reflexões em uma rede tipo estrela (por exemplo) é mais uma

arte do que ciência. Ao utilizar o barramento com derivações, é recomendável que o

comprimento das derivações que interligam cada dispositivo à linha de

comunicação principal seja o menor possível (muito menores que o comprimento do

barramento principal) [10].

A figura 24 mostra os tipos de topologias existentes para uma rede

serial RS-485

Figura 24 – Topologias de rede.

Page 52: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

36

A topologia em azul é a mais recomendada. Neste tipo de

configuração a rede (cabo par trançado) é guiada segundo a disposição dos

dispositivos. Esta configuração é um caso especial da topologia de barramento e

tem por característica principal a curta distância entre o dispositivo e o nó com o

barramento principal. Além disso, há somente uma ligação por nó.

Para os demais casos, a maneira de combater reflexões durante a

transmissão e demais interferências varia de caso a caso. Quando se utiliza a

configuração “Daisy Chain” pode-se utilizar uma forma mais genérica. Esta consiste

em utilizar resistores de terminação para eliminar as reflexões e resistores

diferenciais para manter a margem de ruído.

3.2.8 Resistores terminais e diferenciais

Em casos onde a rede principal (barramento) ultrapassa os 100

metros torna-se necessária introdução de resistores terminais para eliminar a

reflexão ocorrida durante a transmissão. Estes resistores servem para “casar” as

impedâncias entre a fonte, o cabo de transmissão e as cargas. Estes resistores

devem ser colocados apenas nos extremos da rede, ou seja, no inicio e fim do

barramento. Como na grande maioria dos casos o cabo utilizado é um par trançado,

e este geralmente tem uma impedância característica de 120 Ω, os resistores de

terminação são normalmente deste valor. A figura 25 ilustra como deve ser feita a

ligação dos resistores na rede serial. Note que os resistores estão apenas nos

extremos da rede.

Figura 25 – Configuração da rede serial com os resistores de terminação.

Quando a diferença de tensão entre os dois cabos é menor que a

margem de ruído, que é entre -200mV e 200 mV, a saída do receptor é vista como

"indefinida". Esta falha normalmente se dá por um dos motivos a seguir:

Page 53: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

37

- Todos os transmissores do sistema estão desligados

- O receptor não está conectado ao cabo.

- A rede está em aberto ou o cabo está em curto.

Os resistores diferenciais (Fail-safe bias) são utilizados para manter

está margem de ruído entre os cabos do par trançado. Estes resistores podem ser

colocados em qualquer ponto da rede, mas usualmente são colocados no início da

mesma, junto ao resistor terminal conforme mostra a figura 26. O valor para estes

resistores é calculado com base em toda a carga presente na rede. Quando

resistores de terminação são inseridos, estes se tornam responsável pela maior

parte da carga. Para ilustrar um exemplo, se cada nó da rede possuir uma

impedância de 12 KΩ, e tivermos 10 nós, teremos uma resistência paralela de 1,2

KΩ. Agora o paralelo dos resistores terminais é 60 Ω. Com isso a carga é de

aproximadamente 57 Ω. Para manter os 200 mV necessários precisamos ter uma

corrente mínima de 3,5 mA. Isto implica em uma resistência, cabo a cabo, de

aproximadamente 1420 Ω. Como já estão inseridos entre os cabos os resistores

terminais, com resistência total de 57 Ω, precisamos de mais 1363 Ω. Colocando

um resistor entre o cabo e a fonte (pull-up resistor) e outro igual entre o cabo e o

terra (pull-down resistor) teremos uma resistência aproximada de 680 Ω para cada.

Figura 26 – Configuração de um terminal com resistores de terminação e de BIAS.

Page 54: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

38

4 PROTOCOLO MODBUS E SOFTWARES SUPERVISORIOS

Este capítulo tem por objetivo abordar as características do

protocolo de comunicação MODBUS e mostrar o que são os softwares MES.

4.1 Protocolo MODBUS

4.1.1 Historia

Criado em 1979 para comunicação entre controladores da

MODICON (Schneider), o MODBUS sempre teve uma especificação aberta. Uma

de suas principais características é a fácil operação e manutenção. Por estes

motivos o protocolo MODBUS foi amplamente aceito e adotado como padrão por

muitos fornecedores de equipamentos. É um protocolo largamente utilizado em

vários níveis de aplicações, inclusive em sistemas de supervisão. A Modicon, hoje

Schneider Electric, introduziu o protocolo MODBUS no mercado em 1979. A

Schneider ajudou no desenvolvimento de uma organização de usuários e

desenvolvedores independentes, chamada MODBUS–IDA. MODBUS-IDA é uma

organização com fins não lucrativos agrupando usuários e fornecedores de

dispositivos de automação que visam à adoção do pacote de protocolos MODBUS e

a evolução da arquitetura de endereçamento para sistemas de automação

distribuídos em vários segmentos de mercado. MODBUS-IDA fornece a

infraestrutura para obter e compartilhar informação sobre os protocolos, suas

aplicações e a certificação de dispositivos visando simplificar a implementação

pelos usuários [11].

4.1.2 Definição

Protocolo é um conjunto de regras e convenções para conversação.

Essas regras definem a comunicação entre dois equipamentos, sejam eles

computadores, máquinas ou computadores e máquinas. Nos protocolos são

definidas as sintaxes como os equipamentos irão ordenar os dados de forma que

Page 55: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

39

fiquem entendidos por ambos os lados que fazem parte da comunicação. O

protocolo MODBUS define uma estrutura de mensagem que os controladores

reconhecerão e usarão independente do tipo de rede acima deles. O protocolo

MODBUS também descreve o processo que um controlador usa para pedir acesso

a outros dispositivos, como responderá a pedidos desses outros dispositivos, e

como serão descobertos erros da comunicação e serão informados à sua origem.

Sendo o MODBUS uma linguagem informática independente do material, esta

permite o diálogo entre equipamentos de natureza e construções diferentes.

Também é importante ressaltar que existem várias implementações do protocolo

MODBUS. Como sua especificação é bastante ampla, as vezes não é necessário

implementar todas as suas especificações para se ter uma rede industrial padrão

MODBUS em funcionamento, ou seja, tem-se como padrão de mercado o formato

simples de mensagens que o MODBUS utiliza [12].

O protocolo MODBUS operando em linha serial é um protocolo

mestre-escravos. Isso significa que somente um mestre é conectado ao barramento

ao mesmo tempo. Quanto aos escravos, um ou mais nós (número máximo de 247)

podem ser conectados a este mesmo barramento. Uma comunicação MODBUS é

sempre iniciada pelo mestre. O nó escravo nunca irá transmitir dados sem receber

uma requisição do nó mestre. Os nós escravos nunca irão se comunicar entre eles.

O nó mestre inicia somente uma transação MODBUS por vez [13].

4.1.3 Quadro MODBUS

O protocolo de aplicação MODBUS define uma simples unidade de

dados de protocolo ( PDU) independentemente das camadas adjacentes.

Figura 27 – Quadro para MODBUS em barramento serial.

Em uma comunicação MODBUS sobre barramento serial, o campo

Page 56: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

40

endereço contém o endereço de um determinado escravo. Os endereços válidos

para nós escravos estão na faixa de 0 a 247 decimal. Quando utilizado o endereço

0, a mensagem é um broadcast, portando todos os nós escravos estarão sendo

endereçados. Os escravos são individualmente endereçados na faixa de 1 a 247.

Um mestre endereça um escravo colocando o endereço do escravo no campo

endereço da mensagem. Quando o escravo retorna sua resposta, ele coloca o seu

próprio endereço no campo endereço da mensagem de resposta para permitir que o

mestre identifique qual escravo está respondendo [13].

O código de função indica para o servidor que tipo de ação deve se

executada. O código de função pode ser seguido por um campo de dados que

contém parâmetros da requisição e da resposta. O campo de verificação de erro é

resultado de um cálculo de verificação de redundância que é adicionado ao

conteúdo da mensagem. Dois métodos para cálculo são usados, dependendo do

modo de transmissão que está sendo utilizado (RTU ou ASCII).

O protocolo de comunicação MODBUS disponibiliza as funções

necessárias para haver uma boa comunicação entre os dispositivos nesta rede

conectados. Entre as principais, podem ser citadas:

Função Nome Descrição

01 Read Coils Lê o valor de uma saída ou endereço de

memória binário.

02 Read Discret

Input

Lê de 1 a 2000 entradas discretas de um

dispositivo remoto.

03 Read Holding

Registers

Lê o conteúdo de um bloco de registradores

tipo holding. Para este comando não são

válidos acesso tipo broadcast.

04 Read Imput

Registers

Lê de 1 a aproximadamente 125 registros de

entradas.

Page 57: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

41

05 Write Single Coil Escreve o valor binário em um endereço de

memória binário.

06 Preset Single

Register

Programa um único registrador tipo holding.

Para acessos tipo broadcast, este mesmo

registrador de todos os escravos será

programado com o mesmo valor.

15 Write Multiple

Coils

Escreve valores binários em uma seqüência de

endereços binários.

16 Preset Multiple

Registers

Programa um bloco de registradores tipo

holding seqüencialmente. Para acessos tipo

broadcast, este mesmo bloco de registradores

de todos os escravos da rede será programado

igualmente.

Tabela 5 – Funções básicas mais utilizadas do protocolo MODBUS.

4.2 SOFTWARES MES – MANUFACTURING EXECUTION SYSTEM

4.2.1 Definição

O termo Manufacturing Execution System (MES), foi criado em 1990

por Bruce Richardson da Advance Manufacturing Research, porém na literatura

brasileira encontram-se várias traduções para ele. A que mais condiz com as

funcionalidades do sistema e normalmente adotada é “Sistema de

Acompanhamento da Execução de Manufatura”. Numa definição um tanto quanto

ampla pode-se caracterizar MES como todo sistema de chão de fábrica orientado

para melhoria de desempenho que complementa e aperfeiçoa os sistemas

integrados de gestão (planejamento e controle) da produção [14].

Independente de quão bom é o planejamento feito, a realidade nem

sempre ocorre conforme o que foi planejado. Este feedback do chão de fábrica

Page 58: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

42

proporcionado pelo MES permite à empresa e outros sistemas uma comparação

entre os dados obtidos durante a fase de planejamento e que realmente estão

sendo executados. Podendo com isso até modificar e adaptar as funções de

planejamento às variações ocorridas na prática durante a produção [14].

Apesar do MES se parecer com o sistema SCADA (Supervisory

Control and Data Aquisition) e ambos serem freqüentemente confundidos, eles

apresentam uma diferença básica, é que o SCADA tem como objetivo principal o

monitoramento do chão de fábrica, através de uma base de dados em tempo real

(real time database), ou seja, sua função principal é mostrar o que está ocorrendo

no chão de fábrica naquele exato momento; enquanto que os sistemas MES

possuem funcionalidades que auxiliam no processo de tomada de decisões

baseado em fatos históricos, num horizonte de planejamento mais longo, se

comparado com os sistemas SCADA [14].

4.2.2 Funcionalidade e Arquitetura

Como outros tipos de sistema, o MES não possui uma única função,

segundo a Manufacturing Execution System Association International, uma

associação internacional de empresas provedoras de soluções em produção de

manufatura, são 11 as principais funcionalidades que um sistema MES deve

oferecer:

Controle detalhado de operações

Estado e alocação de recursos

Gerenciamento de unidades de produção

Controle e geração de documentação

Rastreamento de produtos e genealogia

Gerenciamento da mão de obra

Gerenciamento de manutenção

Page 59: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

43

Gerenciamento de processos

Gerenciamento de qualidade

Análise de performance

Coleta e aquisição de dados

Embora deva haver várias arquiteturas para este tipo de sistema, os

elementos apresentados na figura 28 estão presentes na maioria de sistemas com

características de um MES. Por isso pode-se considerar como uma arquitetura

padrão do sistema. Basicamente, existe um servidor central que recebe as

informações coletadas do chão de fábrica através de uma rede conectada a

dispositivos, distribuídos estrategicamente pela linha de produção, e as armazena

no banco de dados do sistema, cujos registros podem ser acessados por máquinas

cliente através do mesmo servidor [14].

Figura 28 – Arquitetura padrão de um sistema MES.

As máquinas cliente utilizadas por gerentes, funcionários ou

Page 60: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

44

qualquer outra pessoa que tenha acesso ao sistema, onde são disponibilizados o

status da produção, análise dos dados coletados e todas as outras funcionalidades

descritas de MES, podem se conectar ao servidor para obter as informações

através da própria intranet da empresa ou até mesmo pela internet [14].

4.2.3 Guenka - MPI

Desenvolvido pela Guenka Soluções em Software, uma empresa

ainda nova no mercado com sede em Londrina, o Guenka - MPI (Monitoramento de

Processos Industriais) trata-se de uma ferramenta MES com objetivo de atender as

necessidades da automação industrial, identificadas a partir da análise do processo

produtivo das indústrias do pólo moveleiro de Arapongas – PR [14]. Dentre suas

principais funcionalidades estão:

Monitoramento de Recursos: O software exibe telas com a

situação em tempo real de máquinas e operadores.

Rastreabilidade de produtos: Com o auxílio das ordens de

produção, importadas do sistemas de planejamento, o MPI

lista por quais máquinas a pilha foi ou está sendo processada

e setores por onde ainda deverá passar.

Coleta de dados: O apontamento de dados é feito por

entrada manual de funcionário através de microterminais,

CLPs ou pontos de monitoração espalhados pelo chão de

fábrica.

Relatórios: Pode-se gerar relatórios relativos a produção,

perdas (tempo e materiais) e eficiência de um setor, máquina

ou funcionários em um período selecionado pelo usuário

(turno, diário, mensal, etc.).

Page 61: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

45

Figura 29 – Interface do sistema Guenka – MPI.

Page 62: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

46

5 ESTRUTURAS FISICAS E HARDWARES

Este capítulo trará as configurações físicas gerais do projeto, como

os detalhes dos hardwares e elementos físicos utilizados. Inicialmente será

apresentada como é a estrutura do projeto, isto é, qual a disposição espacial dos

elementos dentro do projeto. Em seguida serão detalhadas as características de

cada elemento utilizado.

5.1 ESTRUTURAS MACRO E CELULAR DO PROJETO

O intuito do projeto em si é captar informações sobre estado atual e

real das máquinas no chão de fábrica e enviar-las de forma coerentes e inteligíveis

ao software MES. Para isto se utilizam sensores digitais e/ou analógicos em

conjunto com uma Interface Homem-Máquina para aferir os dados e o estado atual

das máquinas. Estes dados captados são então processados, interpretados e

filtrados por um CLP. O seguinte passo é enviar estes pacotes de informação ao

programa MES. Para realizar esta comunicação utiliza-se uma rede serial RS-485

pelo protocolo de comunicação MODBUS. Como o número de máquinas e o espaço

ocupado é muito grande, foi feita uma divisão em varias redes para com isso limitar

o número de nós nas redes, possibilitar uma topologia de barramento do tipo “Daisy

Chain” e reduzir o comprimento da rede. Cada rede serial destas é conectada a um

conversor Serial-Ethernet e em seguida ligada a rede Intranet ou LAN (Local Area

Network). A figura 30 ilustra de forma genérica como é a estrutura destas redes

dentro de uma fábrica.

Como é possível observar na figura, cada rede segue a topologia de

barramento “Daisy Chain”. Apesar da rede serial RS-485 permitir, para dispositivos

com carga padrão, um número de até 31 células mais a célula Mestre, foram

colocadas na mesma rede um máximo de 11 células. Esta disposição aumentou o

custo-benefício do projeto e deixa cada rede com uma margem de segurança maior

contra erros de transmissão.

Page 63: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

47

Figura 30 – Estrutura genérica utilizada para a construção das redes seriais.

A maior das redes construídas tem um comprimento aproximado de

450 metros. A teoria sobre a rede serial RS-485 aconselha um comprimento

máximo de 1200 metros a um baud rate de 9600 bits/s. Também para aumentar a

confiabilidade dos dados transmitidos e por não ser necessária uma transmissão de

dados muito veloz, foi adota como velocidade para cada rede serial 9600 bits/s.

Logo, o caminho físico dos dados, após seu processamento nos CLPs, até o

conversor Serial-Ethernet é em uma rede serial a uma velocidade de 9600 bits/s. O

protocolo de comunicação no qual estes dados são transmitidos pela rede é o

MODBUS.

Como todas as redes possuem mais de 100 metros de

comprimento é imprescindível o uso de resistores de terminação para reduzir os

efeitos da reflexão dos bits durante a transmissão. Conforme pode ser observado

no anexo X, à impedância característica dos cabos utilizados é de 120 Ω. Logo, os

resistores de terminação são deste mesmo valor. Os resistores diferenciais não

foram necessários, pois a atenuação gerada pelos cabos é insignificante. Um dos

motivos para esta atenuação ser tão baixa é o super-dimensionamento dos

condutores. Isto é, foram utilizados cabos específicos para a rede RS-485 com 2

pares de cabo par trançado, blindados, de 22 AWG, sendo que um par trançado de

24 AWG já é suficiente.

Page 64: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

48

Figura 31 – Configuração dos extremos de cada rede com o resistor terminal de 120 Ω inserido.

A figura 31 ilustra como ficaram os extremos de cara rede, como o

resistor terminal. Em todas as redes, o conversor Serial-Ethernet é um dos

extremos, logo um dos resistores de 120 Ω foi colocado entre seus terminais. Este

conversor integra a rede serial RS-485 a LAN ou intranet da fábrica. O servidor

“enxerga” cada rede serial como uma porta serial. Logo o acesso do servidor a cada

rede fica bastante simples.

As células de coleta são geralmente compostas por um conjunto

CLP/IHM e sensores elétricos. Em algumas máquinas onde não se há necessidade

de usar sensores automáticos, a célula de coleta contém somente o CLP mais a

IHM. A figura 32 ilustra a configuração de uma célula de coleta com sensores

elétricos. As luzes indicativas são acionadas pelas saídas do CLP para indicar o

estado atual da máquina, como por exemplo, para indicar se a máquina está

produzindo ou está parada. O sensor de peça é particular para cada máquina. Em

alguns casos é utilizado um sensor por acionamento mecânico, em outros sensores

ópticos e etc. Este sensor é o que indica se de fato a máquina está trabalhando. O

sensor da esteira serve para indicar se o transporte de determinada máquina está

ligado. O estado no qual se conclui que a máquina está “parada” acontece quando o

sensor da esteira está ligado e o sensor de peça permanece inativo por um

determinado tempo. Esta combinação de eventos pode ser considerada “trabalho a

vazio”. Apontar este evento é um dos principais objetivos deste projeto, pois este

“trabalho a vazio” deve ser identificado já que este fenômeno é muito custoso para a

fábrica.

Page 65: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

49

Figura 32 – Configuração de uma célula de coleta de dados genérica.

A figura 33 mostra como é este conjunto de CLP/IHM.

Figura 33 – Conjunto CLP/IHM.

Page 66: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

50

5.2 CLPS ATOS-SCHNEIDER

Após a verificação dos requisitos impostos pelo cliente, o CLP com

melhor custo benefício que atendia as especificações foram os CLPs fornecidos

pela ATOS (Schneider Eletric). Estes CLPs já têm uma IHM anexada. Para as

células com sensores analógicos foi necessário o modelo Expert BF, que tem

suporte a entradas e saídas analógicas. Para as demais células (apenas sensores

digitais, ou somente a IHM) o modelo Expert DX foi suficiente. Ambos os modelos

têm dois canais de entrada seriais, um RS-232 e outro RS-485. Ambos os canais

têm suporte ao protocolo de comunicação MODBUS.

5.2.1 Expert DX

Esta linha de CLPs da ATOS possuem somente entradas e saídas

digitais. No projeto foram utilizados dois modelos do CLP Expert DX. Um deles, o

mais simples, possui 14 entradas e 12 saídas. Este modelo foi o mais utilizado, pois

atendia a aproximadamente 75% das células de coleta (2 entradas, 3 saídas e

IHM). O outro modelo utilizado tinha suporte para 20 entradas digitais e 12 saídas.

Este segundo modelo foi necessário para as linhas de pintura, onde cada célula de

coleta recebia informações de 18 sensores ópticos mais o sensor do transporte. A

IHM para os 2 modelos é idêntica e faz parte do pacote. A figura 34 mostra como é

o CLP Expert DX.

Figura 34 – Visão geral dos CLPs da série Expert DX.

Page 67: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

51

Até os endereços para acesso as teclas da IHM são os mesmos

para os dois modelos. Ambos os modelos são do tipo “P”. Ou seja, o “nível alto”

para as entradas e saídas digitais é 24 V (valor padrão de tensão para CLPs). Nos

anexos deste trabalho encontram-se os esquemas de ligações e as principais

características elétricas dos dois modelos.

5.2.2 Expert BF

O Expert BF pode ser visto como uma evolução do Expert DX. Este

modelo de CLP e seu software de programação atendem a norma IEC 61131-3. A

serie Expert BF possui 14 entradas e 10 saídas digitais e 2 entradas e saídas

analógicas. A IHM é muito parecida com a do modelo Expert DX, como pode ser

visto na figura 35. Este modelo só foi necessário para as células que utilizam

sensores analógicos.

Figura 35 – Visão geral dos CLPs da série Expert BF.

Este modelo é um dos mais recentes da ATOS. Nos anexos entram-

se os esquemas de ligação e as características elétricas deste modelo. Os

softwares de programação, tanto para a série Expert DX e Expert BF serão

mostrados no capitulo 6.

Page 68: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

52

5.3 CABO DE REDE RS-485

Para se ter uma boa qualidade na rede serial, o parâmetro mais

importante é o cabo utilizado. Para isto o cabo escolhido foi o Cabo de Rede

RS485-2x2x22AWG, da marca Draka. A figura 36 mostra alguns dados do cabo

assim como sua seção transversal.

Figura 36 – Seção transversal do cabo 2x2x22AWG da draka e alguns dados sobre o mesmo.

O cabo é constituído por condutores de cobre nu, classe 2,

isoladas a base de polietileno de alta densidade (PEAD), reunidas com fita não

higroscópica de poliéster, dreno e fita alumianada, com parte metálica em contato

com o dreno, armado com malha de cobre estanhado e sobre esta uma capa de

PVC anti chama. É utilizado na transmissão de dados na rede RS485, aplicado em

protocolos tais como MODBUS. Possui blindagem eletrostática, evitando eventuais

interferências e apresenta características necessárias para a transmissão de dados

em alta velocidade. A tabela 6 mostra as características elétricas do cabo.

Tabela 6 – Propriedades elétricas do cabo Draka 2x2x22AWG.

Page 69: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

53

5.4 CONVERSOR SERIAL-ETHERNET

Dentre os diversos modelos de conversores Seriais-Ethernet

disponíveis no mercado, o conversor que representou o melhor custo benefício foi o

MOXA NPort 5130.

Este conversor é projetado para trabalhar em ambientes hostis,

como os industriais. Seu consumo de potencia é muito baixo e sua alimentação de

entrada pode ser qualquer valor DC na faixa de 12 V a 42 V. Apesar de não ter sido

necessário, este conversor possibilita a adição de resistores diferenciais (BIAS)

através do acionamento de alguns jumpers internos.

Este conversor já vem com um driver para OS Windows. Com o

driver devidamente instalado, o servidor trata este conversor como uma porta serial.

Logo, basta ao servidor acessar a cada rede por meio de um simples software de

comunicação MODBUS para realizar as transferências de dados.

5.5 SENSORES DIGITAIS ÓPTICOS

Na maioria das grandes indústrias de móveis seriados as linhas de

pintura são altamente automatizadas. Nestas linhas, encontram-se varias seções de

pintura, secagem, vernissage e etc. A figura 37 ilustra uma linha de pintura

automatizada.

Page 70: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

54

Figura 37 – Linha de pintura automatizada.

Nestas linhas de pintura, a tinta fica quase o tempo todo sendo

despejada pelas máquinas. Logo, o interessante nestes casos é utilizar a maior

parte da esteira possível. A função da coleta de dados para estes casos é, alem de

apontar o trabalho a vazio, indicar a porcentagem da esteira que está sendo

utilizada pelas peças. Para isto foi montada uma linha de sensores digitais ópticos

para cobrir toda a largura da esteira. O espaçamento destes sensores é igual à

menor peça existente que passa pela linha de pintura. Os sensores ópticos são do

tipo difuso. A figura 38 mostra como foi feita esta linha de sensores.

Figura 38 – Configuração da linha de sensores.

O capitulo 6 mostrará como foi feita a lógica para obter esta

porcentagem de utilização.

Page 71: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

55

5.6 SENSORES ANALÓGICOS DE POSIÇÃO

Para o caso das células que utilizam os sensores analógicos de

posição, são necessários 03 sensores para obter os dados requisitados pelo cliente.

Estas células estão presentes nas seccionadoras. Estas máquinas são

responsáveis por seccionar as chapas de madeira. O objetivo neste caso, além de

apontar trabalho a vazio, é saber quantas chapas foram cortadas. O sensor

analógico é do tipo potenciômetro excursivo. A excursão do sensor acompanha o

deslocamento vertical da máquina e com isso se obtém a altura total das chapas a

serem cortadas. As figuras 39 e 40 mostram a configuração desta máquina e seus

sensores.

Figura 39 – Vista frontal de uma seccionadora genérica com um sensor analógico instalado.

Page 72: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

56

Figura 40 – Vista lateral de uma seccionadora genérica com um sensor analógico e um digital instalado.

O sensor analógico é do tipo mostrado na figura 41. No capitulo 6

será mostrado como é feita a lógica para se obter esta medida

Figura 41 – Sensor analógico de posição do tipo potenciômetro.

Page 73: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

57

6 SOFTWARES E FIRMWARE

Neste capítulo serão abordadas as características e técnicas de

programação dos CLPs utilizadas no projeto. Inicialmente serão mostradas as

características dos dois softwares de programação utilizados para em seguida

explicar a estrutura do firmware elaborado para os CLPs. Como o firmware

produzido é muito extenso, serão apresentados alguns trechos como exemplo.

6.1 SOFTWARES DE PROGRAMAÇÃO DOS CLPs

6.1.1 Software WinSUP2 - Expert DX

Assim como a série DX, o software de programação WinSUP2 não

segue os padrões da norma IEC 61131-3. Segundo o próprio desenvolvedor, o

WinSUP é:

“WinSup é um ambiente de programação que permite o desenvolvimento de uma aplicação de controle baseada na linguagem de programação Ladder Diagrams, sendo uma poderosa ferramenta de desenvolvimento, documentação e manutenção de aplicações de controle, executada em ambiente Windows™”

A figura 42 mostra como é a interface do software de programação

WinSUP 2, onde:

A – Barra de título, localização e driver.

Esta barra mostra o título do projeto que está sendo trabalhado, a

localização do arquivo e o driver selecionado.

B – Barra de menu

Concentra todos os comandos do WinSUP. A maioria destes

comandos está disponível na barra de ferramentas do aplicativo.

C - Controles do Windows

Page 74: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

58

São os controles padrões do Windows para toda aplicação

(Minimizar, Maximizar, Fechar).

D - Barra de ferramentas

Esta barra concentra atalhos para os comandos mais utilizados do

WinSUP.

E - Gerenciador de Projetos

Possibilita a visualização, edição e configuração de todos os itens

envolvidos no projeto.

F - Editor Ladder

Permite a criação das rotinas do programa de usuário.

G - Comentário de operandos

Visualização do comentário do operando selecionado.

H - Barra de Ferramentas Ladder

Sempre que executamos o WinSUP, a barra de ferramentas do

editor ladder já vem anexada à esquerda da área de edição de linhas. Esta barra

concentra os botões de acesso a todas as instruções de programação.

Page 75: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

59

Figura 42 – Interface do software de programação WinSUP 2.

6.1.2 Software A1 - Expert BF

O software de programação A1 é bem recente e obedece a todos

os padrões estabelecidos pela IEC – 61131. Este software dá suporte ao usuário

realizar um programa bem estruturado e modular. Por ser um programa de mais alto

nível, o A1 é de muito fácil assimilação e usabilidade. Possui também um “Help”

muito didático e completo, tanto para o usuário saber como usar-lo, como para

saber o funcionamento das instruções. A figura 43 mostra como é a interface do

software de programação A1.

Page 76: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

60

Figura 43 – Interface do software de programação A1.

6.2 ESTRUTURA DO FIRMWARE

O software MES que receberá os dados coletados possui a função

de acompanhamento em tempo real do chão de fábrica. Logo, é necessário ao MES

saber qual o estado atual de cada máquina na fábrica. Porém como o número de

máquinas é grande, a verificação continua de cada célula de coleta pelo software

MES iria saturar o tráfego de dados nas redes. Um modo de diminuir esta

quantidade de informações é avisar ao servidor quando há pacotes de dados a

serem lidos. Com isso o servidor (Mestre) só lê de uma célula de coleta quando

está possuir informações novas e relevantes para o servidor. Deste ponto já se

pode deduzir que o CLP é responsável por monitorar o estado atual de cada

máquina.

Page 77: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

61

O CLP também é responsável pela lógica que interage a IHM com o

operador da máquina. Estas são as duas principais funções do CLP dentro do

projeto. Apesar de estas funções interferirem uma na outra, elas devem ser tratadas

separadamente, pois possuem certo grau de independência entre elas.

Em projetos de softwares a parte do sistema que é responsável

pela interação com o usuário é usualmente chamada de Front-end. Já a parte que

monitora a célula e utiliza os dados obtidos pelo Front-end é chamada de back-end.

Com os requisitos impostos pelo cliente e com uma análise sobre o

funcionamento das máquinas a serem monitoradas é possível criar um fluxograma,

ou máquina de estado, de como o programa deverá trabalhar. Com a utilização

desta técnica o programa ganha uma estrutura mais modular, facilitando a

compreensão e até mesmo para criar modificações no mesmo. Estes fluxogramas

serão mostrados de forma genérica, pois representam fielmente o modo de

operação e as características das máquinas da fábrica. E como o cliente deseja

sigilo sobre suas características de produção é antiético expor-las. A seguir estão

os fluxogramas para estas duas funções do firmware.

Na figura 46 temos uma representação de como é estruturado o

firmware. Com esta figura podemos observar a característica linear de um programa

em ladder em um CLP. A cada ciclo o CLP lê as entradas e carregas as imagens

para em seguida varrer o programa de cima para baixo fazendo o calculo da lógica

imposta pelo mesmo. No final de cada ciclo o CLP atualiza as saídas de acordo

com os resultados destes cálculos. Logo, a disposição de cada parte, ou módulo, no

programa pode interferir em seu funcionamento. Esta montagem deve ser bem

analisada antes de efetuada.

Page 78: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

62

Figura 44 – Máquina de estados para o Back-end.

Page 79: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

63

Figura 45 – Máquina de estados para o Front-end.

Page 80: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

64

Figura 46 – Estrutura do firmware.

Apesar do firmware não trabalhar de forma preemptiva, esta divisão

por setores faz como que o funcionamento “serial” do CLP simule uma execução de

tarefas em paralelo. Nos itens seguintes serão mostrados alguns trechos do

programa. Foram escolhidos alguns pedaços em particular, pois os programas para

cada célula têm aproximadamente 1000 linhas de ladder e fica inviável e

desnecessário explicar todas. Nas regiões de inicialização é feita as declarações

seja de constantes, de variáveis, preset de temporizadores e etc. Nas regiões em

vermelho são feitas as operações com variáveis que precisam estar no programa

principal (não podem ficar em sub-rotinas), como contagem de peças, tempo a

vazio e etc.

Page 81: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

65

6.3 MÁQUINAS DE ESTADO EM LADDER

Um dos princípios das máquinas de estado é que estas, em um

determinado tempo, encontram-se em um, e só um, de seus estados. Em um

programa de alto nível é relativamente simples a sua implementação. Na maioria

destas linguagens existem os operadores “SWITCH” e “DO WHILE” que conseguem

realizar uma máquina de estados facilmente. Já em Ladder é necessário “guiar a

corrente” de forma ao programa escolher o estado “certo”.

Um modo efetivo e organizado de criar máquinas de estado em

ladder é atribuir uma sub-rotina e uma variável respectiva a cada estado da

máquina. Com isso em cada sub-rotina, que representa um estado, será inserida a

lógica de transição para algum dos outros estados. Deste modo fica possível fazer

uma programação que siga o fluxograma predeterminado, de um forma mais

simples e limpa. Para ilustrar este método temos a figuras 47. Para facilitar a

compreensão, podemos dizer que o programa vê qual das sub-rotinas que deverá

ser chamada (em qual estado à máquina se encontra) e a coloca na região do

programa respectiva a máquina de estados em questão. As chamadas para as sub-

rotinas são feitas através de operadores do tipo “CALL”, presente em ambos os

softwares de programação.

Figura 47 – Funcionamento de máquinas de estados em Ladder.

Page 82: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

66

6.4 LÓGICA PARA OBTER UTILIZAÇÃO DA ESTEIRA

Como foi visto no item 5.5, se deve medir a porcentagem de

utilização da esteira na linha de pintura. O CLP utilizado é da serie Exper DX, logo o

software de programação é o WinSUP2.

Como a capacidade de processamento e os recursos disponíveis no

servidor são maiores, pois utiliza plataformas de alto nível, é interessante deixar

para o servidor realizar cálculos aritméticos mais complexos e extensos. Logo, o

CLP deve fornecer os dados para o servidor calcular o grau de utilização da esteira.

De forma lógica, temos que 100% de utilização da esteira ocorre

quando os 18 sensores ópticos estão em ON. Mas como o servidor deve evitar

congestionar o trafego da rede, foi criada uma lógica para pré-calcular estes dados

e para assim possibilitar a leitura discreta dos dados pelo servidor.

Logo, o CLP deve fornecer ao servidor um parâmetro de tempo total

e outro parâmetro de tempo para cada sensor, quando este estiver ON. Para isto

foram utilizados contadores. Com estes dados, basta ao servidor dividir o contador

de cada sensor pelo contador total de tempo, para assim obter a porcentagem de

tempo em que este sensor ficou ON (passando peça sobre ele). As figuras 48 e 49

mostram como são estes contadores.

Figura 48 – Estrutura do contador total de tempo para base de cálculo de utilização da esteira.

Page 83: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

67

Figura 49 – Estrutura dos contadores de utilização para cada sensor.

Conforme pode ser observados nos anexos deste trabalho, o

contador UPDD pode realizar contagem crescente ou decrescente. Isto depende do

sinal recebido em sua entrada “I”. Como em ambos os casos a contagem deve ser

crescente, foi colocado um contato NA com endereço de memória 0F6h. O

endereço 0F6h é um Estado Interno (EI) default do CLP que é sempre FALSO (“0”).

Sinal “0” na entrada “I” do contador UPDD faz com que a contagem seja crescente.

A entrada “R” serve para resetar a contagem sempre que um pulso

(sinal alto por pelo menos um ciclo) for submetido. Logo, sempre que o EI 318h

receber um pulso, a contagem será resetada.

A entrada “H” (de Habilita) é a responsável pela contagem. Logo, a

cada ciclo em que a entrada “H” tenha sinal alto, o contador será incrementado.

Para esta entrada se usa um EI do CLP que gera pulsos a cada 0,2 segundos. Com

isso o contador total de tempo a cada 0,2 segundos sofrerá incremento. Já para

cada sensor, seu contador só sofrerá incremento a cada 0,2 segundos se o sensor

do mesmo estiver em ON. Podemos observar esta condição se analisarmos que os

contatos NA 100h (sensor 1) e NA 0F3 (pulsos a cada 0,2 segundos) estão em série

(AND). O número logo abaixo das letras “UPDD” no bloco do contador indica o

endereço do registro em que a contagem está sendo feita.

Page 84: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

68

6.5 CONTAGEM DE CHAPAS COM SENSOR ANALÓGICO

Nas células de coleta sobre as máquinas seccionadoras o objetivo é

saber quantas chapas a máquina cortou. Conforme pode ser visto na figura 40,

temos 3 sensores. O sensor analógico acompanha o movimento que prensa as

chapas. Este sensor é posicionado de forma que seu excurcionamento seja

proporcional a altura total das chapas. O sensor digital é um sensor por

acionamento mecânico e só acionado quando um conjunto de chapas novas irá ser

cortado. O outro sensor é vinculado à alimentação da serra, ou seja, sempre que

esta estiver cortando o sensor estará ON. O sensor que indica quando há chapas

novas a serem cortadas é necessário por que a serra corta várias vezes o mesmo

conjunto de chapas. Por isso se faz necessário um parâmetro para saber quando se

deve captar o sinal do sensor analógico ou não.

Junto à lógica que faz esta contagem, foi implementada uma lógica

para calibração do sensor analógico, pois se observou que este pode perder sua

calibração com o tempo. Esta calibração segue os seguintes passos:

1º - O operador deixa a máquina em sua posição de máximo

excurcionamento (no caso, de 135 mm) enquanto pressiona uma tecla na IHM. Este

procedimento salva o valor do potenciômetro que será usado como máximo. Veja

figura 50.

Figura 50 – Estado da máquina no instante da captação do valor máximo do sensor analógico.

Page 85: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

69

2º - Em seguida o operador deixa a máquina em sua posição de

mínimo (0 mm) enquanto pressiona outra tecla na IHM. Com isto, temos os valores

referentes a 0 mm e 135 mm.

Figura 51 – Estado da máquina no instante da captação do valor mínimo do sensor analógico.

3º - Com estes parâmetros, o CLP calcula um fator usando a

seguinte relação:

𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 = 𝑀𝑎𝑥 −𝑀𝑖𝑛

135

Conforme pode ser visto nos anexos, o programa usa de diversos

operadores, como transformar de inteiro pra real, subtrações e etc. O “fator” será

usado para dividir o valor atual do potenciômetro e assim transformar este valor em

milímetros.

Com o sensor calibrado, a lógica para fazer a contagem começa

quando o sensor por acionamento mecânico recebe uma borda de subida. O

programa pega este sinal e o bufferiza, significando assim que chapas novas irão

ser cortadas. Este sinal bufferizado é colocado em série com o sinal proveniente de

um temporizador de 2 segundos de delay do sinal da serra. Este delay se faz

necessário, pois foi verificado que em aproximadamente 2 segundos após a serra

começar a cortar, a prensa estará exatamente sobre as chapas, dando assim a

medida real destas. Após coletado o valor do sensor analógico, zera-se o buffer do

sensor por acionamento mecânico e com isso só serão computadas novas chapas

quando o sensor por acionamento mecânico receber uma nova borda de subida.

Page 86: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

70

Neste momento o CLP já tem o valor total em milímetros das

chapas que estão sendo cortadas. Para saber o número de chapas a que se refere

esse total de milímetros, o CLP divide o valor medido pela espessura da chapa. O

CLP sabe a espessura da chapa, pois faz parte do procedimento do operador inserir

o plano de corte no CLP. O servidor consulta no banco de dados e informa ao CLP

qual a espessura das chapas para aquele plano de corte. Como na grande maioria

das medidas obtidas, o valor encontrado não é um múltiplo exato da espessura da

chapa, foi introduzida uma lógica para arredondamento científico, amenizando

assim o erro desta medida.

6.6 MODELO DE COMUNICAÇÃO POR EVENTOS

Como já foi discutido, se o servidor acessar cada CLP em tempo

real para ler seus dados, o tráfego na rede se tornaria inviável. Outro motivo para

criar uma lógica de comunicação mais inteligente é para casos onde o servidor

estiver fora do ar e existam mudanças de estados nos CLP que sejam relevantes

para o software MES. Ou seja, esta lógica diminui o tráfego de informações na rede

e ainda possibilita ao sistema trabalhar sem a presença do servidor por algumas

quantidades de eventos.

Outro fato que faz esta lógica necessária é que a comunicação é

serial. O servidor faz uma divisão nas leituras de cada rede da seguinte forma:

Figura 52 – Divisão seriada da leitura de cada CLP pelo servidor.

Onde “N” é o número de CLPs presente na respectiva rede e TC é o

tempo máximo de leitura destinado a cada CLP. O servidor não espera

necessariamente um tempo de TC segundos para ler o próximo CLP. Ao acessar

um CLP, o servidor lê todos os endereços relevantes e faz toda a interação

Page 87: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

71

necessária com este CLP durante um tempo máximo de TC. Caso esta

comunicação dure menos que TC segundos, o servidor já passa para o próximo

CLP. Com isso se deduz que se um CLP estiver desligado, o servidor esperará TC

segundos (timeout) pela resposta do mesmo. Logo, quanto mais CLPs estiverem

desligados na rede, mais lenta esta ficará. Devido a isso TTOTAL não tem um valor

fixo. O valor deste timeout fica a critério do desenvolvedor do servidor, ou seja, este

é o responsável por decidir qual o tempo máximo de leitura destinado a cada CLP.

Ao acessar um CLP, o servidor lê alguns endereços de memória

relevantes para o monitoramento e uma estrutura de dados do tipo “FILA”. Estes

endereços de memória relevantes são, por exemplo: as luzes indicativas do painel

(outputs) que indicam se a máquina está em trabalhando, parada ou etc.; Registro

com a contagem de peças para cálculo de produtividade; Registro que indica se há

itens a serem lidos na “FILA” e etc.

Esta estrutura de dados do tipo “FILA” é utilizada para salvar os

eventos relevantes do CLP em sua ordem de ocorrência (Evento Log). Sua lógica é

do tipo “FIFO” (First in, First Out). Foi estipulado um tamanho de até 32 eventos

para esta FILA. Logo, se o servidor estiver Offline e ocorrer mais de 32 eventos

relevantes para a leitura, os mais antigos serão descartados.

Também foi reservado para cada evento da FILA um total de 32

registros de dois Bytes cada. Logo, cada CLP deve reservar pelo menos 2048 Bytes

de memória para a FILA (32 registros X 2 bytes X 32 eventos). A figura 53 mostra a

estrutura desta FILA de forma genérica. O primeiro item é usualmente um registro

de tempo no qual ocorreu o evento salvo na FILA (timestamp). Os demais itens são

particularidades de cada projeto podendo ser, por exemplo: Códigos de

funcionários, códigos de ordem de produção, motivos de parada e etc.

A cada evento que precisa ser salvo, estes 32 registros da FILA são

salvos na memória e um registro que contem a quantidade de itens na FILA ainda

não lidos pelo servidor é incrementado. Quando o servidor acessa um CLP uma das

primeiras coisas que ele faz é verificar se este registro contém algo, indicando

assim que há eventos na FILA a serem lidos. Caso existam, o servidor da um sinal

para o CLP (Pull) e com isso o CLP coloca o evento que está na ordem em uma

Page 88: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

72

região de memória especifica para o servidor ler. Este sinal de Pull também faz com

que o registro que contém a quantidade de eventos a serem lidos seja

decrementado. Caso o servidor veja que não existem eventos a serem lidos, este

passa para o próximo CLP dando seqüência as rotinas de leituras.

Figura 53 – Estrutura genérica para uma FILA de 32 registros.

Como os três modelos de CLPs possuem drivers diferentes (embora

os dois modelos da série Exper DX sejam muito parecidos, possuem drivers

diferentes) foram necessárias três lógicas diferentes para criar esta estrutura de

comunicação do tipo FILA. Isto ocorreu pelo fato das operações que tornam

possíveis a implementação desta estrutura serem diferentes para cada modelo.

Page 89: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

73

6.7 LÓGICA PARA MUDANÇAS DE TELAS NA IHM

Os conjuntos de CLP/IHMs da ATOS oferecem duas maneiras de

programar telas. A que mais se encaixou nas necessidades do projeto é a que usa

um registrador onde o programador insere o número da tela a qual deseja que seja

mostrada e em seguida da um pulso em um EI especifico para fazer esta

atualização.

Na elaboração do programa, quando certas condições acontecem o

programa carrega o numero da tela que deve ser mostrada na IHM. Ambas as

séries dos CLPs trabalham desta maneira e também possuem outro registrador que

contém o número da tela atual que está sendo mostrada na IHM.

A solução encontrada para dar o pulso que atualiza a tela a ser

mostrada foi comparando o número da tela atual com o número da tela alvo. Apesar

da mesma essência, a lógica para cada série de CLP é diferente. Os trechos do

programa que fazem esta lógica no CLP Expert BF são mostrados na figura 54.

Figura 54 – Lógica para atualizar as telas para o CLP da série Expert BF programado no software A1.

Page 90: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

74

Onde P50MS é um EI default do CLP que gera pulsos a cada 50

milissegundos. O Bloco funcional “NE” é um operando de comparação de “Não

Igual”. Ou seja, quando ACTUAL_SCR (registro default do CLP que contém o

número da tela atual) for diferente de TARGET_SCR (registro default do CLP que

contém o número da tela alvo) as saídas à direita serão acionadas. A saída

“refresh_scr” foi criada pelo usuário e serve para o programa entrar na região que

da o pulso de atualização. Já saída “refresh2” funciona como uma borda de subida

da saída “refresh_scr” e é esta que da o pulso no EI default do programa que

atualiza a tela, GO_SCREEN.

Para os CLPs da série Expert DX a lógica é um pouco diferente,

pois este possui o recurso de comparação muito limitada, impossibilitando fazer

uma comparação direta entre a tela alvo e a tela atual.

A saída encontrada foi utilizar a função de comparação automática

de registros existente nestes CLPs. Conforme mostra a figura 55, esta função

consiste em na comparação automática feita pelo CLP, em todo ciclo de leitura,

entre dois registros. Os registros de “preset” e de “efetivo” devem ser declarados

antecipadamente.

Figura 55 – Quadro de configuração da função de comparação automática de registros.

Page 91: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

75

Esta função compara o conteúdo do registro inicial (no caso, 0690h)

com um número de “presets” relativos (iniciando em 0550h) e de acordo com o

resultado da comparação o EI respectivo (iniciando em 040h) é setado ou não. Ao

olharmos a figura 55, vemos que nos campos destinados aos Registros 01 e 02

temos 1 e 12 “presets” respectivamente. Isto significa que o conteúdo do Registro

01 (0690h) será comparado com UM preset (número contido em 0550h) e caso o

conteúdo do registro 01 for MAIOR ou IGUAL ao do preset, o EI 040h será setado

em TRUE, caso contrário será setado em FALSE. Para o registro 02 (0692h) temos

DEZ comparações do mesmo tipo, sendo que o resultado da comparação com o

primeiro preset (0552h) seta o EI 041h, já com o segundo preset (0554h) quem é

setado é o EI 042h e assim sucessivamente até completar a comparação com os

DEZ presets.

Logo, a maneira encontrada para comparar o número da tela alvo

com o número da tela atual consiste em comprar um registro que contém o número

da tela alvo com dois presets. Onde um preset contém o número da tela atual e o

outro preset contém o número da tela atual + 1. Na figura 56 temos a parte do

programa que faz esta atualização.

Figura 56 – Lógica para atualizar as telas para o CLP da série Expert DX programado no software WinSUP2.

Caso a tela alvo (conteúdo do registro) seja maior ou igual ao

primeiro preset (tela atual), o EI 05Bh será acionado. Já o EI 05Ch só é acionado

quando a tela alvo for maior ou igual ao segundo preset (tela atual + 1). Com esta

Page 92: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

76

relação podemos deduzir que a tela atual será igual à tela alvo somente quando o

EI 05Bh for TRUE e o EI 05Ch for FALSE. Analisando a figura 56 vemos que

quando esta condição é satisfeita, o programa pula para o label “NOT”. Quando não

satisfeita significa que se deve atualizar a tela, logo o programa não pula e com o

auxilio do EI default 0F3 (pulsos a cada 0,2 segundos) cria uma borda de subida

sobre o EI 00D8 (EI para atualização da tela).

Estas lógicas de atualização de tela são muito importantes, pois

outra característica dos CLPs da ATOS é que a tecla ENTER da IHM é programada

de fábrica para mostrar a tela “0”. Logo, sempre que o operador da máquina

acionasse a tecla ENTER, a IHM iria para a tela “0” e seria impossível criar uma

interação homem-máquina.

Page 93: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

77

7 ANALISE DOS RESULTADOS OBTIDOS

Como a proposta deste trabalho é a coleta dos dados da produção

de uma indústria para um software de supervisão do tipo MES, os resultados

obtidos são de uma forma geral o funcionamento deste software de forma a

acompanhar, relatar e apontar todo o processo de manufatura da indústria, em

tempo real ou para registro.

Esta coleta informatizada busca substituir o modelo manual de

coleta que existe na indústria. Todas as principais máquinas do processo produtivo

da fábrica foram consideradas células de coleta. Esta distribuição destes centros de

informação garante que todo o processo, com todos seus detalhes, seja

acompanhados.

Contudo, como o projeto já está no mercado e em fase de

implantação, grande parte das informações geradas pelo software MES a partir dos

dados coletados por este projeto, é particular da indústria que o comprou, e sua

publicação torna-se indevida. Muitas das vantagens agora vistas pela equipe de

produção da fábrica podem ser úteis à suas concorrentes, por isso só serão

mostradas informações genéricas.

Logo, como tudo que uma máquina faz dentro do chão de fábrica

fica agora registrado, estes dados podem ser utilizados para criar diversos gráficos,

relatórios, ou mesmo para acompanhamento em tempo real. As figuras 57 e 58

mostram as características do funcionamento de duas máquinas em um

determinado tempo. Delas podemos observar que a coleta mostra até o tipo de

produção que a máquina realizou, o tempo que ficou parada, ociosa e etc. A

máquina da figura 57 esteve pouco mais de 74% produção enquanto a máquina da

figura 58 esteve quase 84% do tempo reproduzindo alguma ordem de produção.

Toda a produção da fábrica segue ordens de produção geradas por um sistema de

controle, já existente. Logo, sempre que o funcionário desejar utilizar alguma

máquina, este informará via IHM o que deseja fazer, qual a ordem do processo que

deseja realizar e algumas outras informações que serão captadas pelo software

MES.

Page 94: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

78

Figura 57 – Gráfico de utilização de uma determinada máquina e a peças produzidas pela mesma em um determinado turno de produção.

Figura 58 – Gráfico de utilização de uma determinada máquina e a peças produzidas pela mesma em um determinado turno de produção.

Com estes tipos de dados, o gerente de produção tem uma visão

melhor de sua produção, sabendo assim onde estão os gargalos, travamentos e

setores da fábrica que precisam ser aperfeiçoados.

Page 95: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

79

Outra funcionalidade possível é acompanhar o que aconteceu em

cada máquina. A figura 59 mostra os eventos ocorridos em uma determinada célula

de coleta em um determinado turno. Esta funcionalidade descreve detalhadamente

tudo o que ocorreu na máquina, como por exemplo, o funcionário que a estava

operando, o tipo de evento ocorrido, o número de peças produzidas, a produtividade

por minuto e etc.

Figura 59 – Lista de eventos, em aberto ou finalizado, em uma determinada máquina.

Outra característica importante que o programa tem é mostrar em

tempo real uma visão mais aérea da fábrica, como se fosse uma planta estrutural

em AutoCAD, só que em tempo real e descrevendo o estado de cada máquina na

fábrica. Isto é, se esta produzindo, parada ou etc. Não é possível mostrar esta

função, pois a planta da fábrica é uma informação sigilosa. Mas a qualquer

momento, quem tiver acesso ao sistema poderá entrar em cada máquina e ver

diversos indicadores sobre a mesma, como por exemplo, o mostrado na figura 60,

que mostra o gráfico das peças produzidas em cada fração de momento de um

turno.

Page 96: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

80

Figura 60 – Gráfico discreto de peças produzidas durante um determinado turno de produção.

Para elucidar o funcionamento do sistema como um todo, podemos

observar a figura 61.

Figura 61 – Diagrama de blocos do sistema.

Onde todo módulo tem esta característica, não importando se está

em máquina de pintura, de seccionamento e etc. Os sensores e IHM coletam os

dados que em seguidas são preliminarmente processados pelo CLP para serem

enviados via protocolo Modbus pela rede serial RS-485. O servidor, mestre de todas

as redes, lê estes dados usando rotinas de leituras programadas em linguagens de

mais alto nível para que em conjunto com as informações contidas no banco de

dados, o software MES Guenka-MPI possa realizar suas funcionalidades.

Page 97: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

81

8 CONCLUSÃO

A coleta informatizada de dados é de fato uma inovação muito

eficiente e com grande mercado futuro, pois de certa forma completa um processo

de produção automatizado. Não faz muito sentido uma fábrica ter sua produção

com alto grau de automatização se as informações sobre a mesma forem

rudimentares e muito sujeitas a erros e manipulações humanas. Por isto esta busca

crescente por sistemas de coleta e monitoramento informatizados se justifica.

Normalmente ambientes industriais, principalmente de indústrias de

grande porte, são muito hostis para grande parte das tecnológicas recentes. Por

isso ao se tentar implantar um sistema informatizado se deve levar em

consideração diversos detalhes, como que tipo de rede de comunicação utilizar,

qual aparato usar para processar e interagir com os operadores e etc. Este

trabalhou mostrou as principais alternativas hoje existentes para realizar uma

implantação destas. Começando pela estrutura física, este trabalho mostrou como

fazer uso da melhor topologia de rede, como dimensionar os componentes a fim de

obter uma rede confiável e etc. Na questão de programação foi mostrado como

funciona o processamento de um programa em um CLP e indicado como fazer

algumas técnicas de programação em ladder, principalmente para os CLPs da

marca ATOS, que são bastante utilizados por terem um ótimo custo benefício.

Neste ponto também pode se observar as diferenças de utilidades entre os

sensores digitais e analógicos.

Os resultados obtidos são muito satisfatórios, pois o projeto

realizado atende ao mercado, tendo sua primeira implantação já em fase de testes

e treinamento em ambiente industrial real. O firmware produzido mostrou-se

também muito útil e flexível, pois pode ser aperfeiçoado e moldado de acordo com

as necessidades do cliente. Com os dados obtidos através do projeto foi possível

visualizar o ganho de controle e planejamento que o setor de gerenciamento de

produção pode ter ao utilizar-lo.

Este estudo pode servir para quem desejar implementar alguma

Page 98: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

82

característica mostrada neste trabalho, seja de forma geral ou somente sobre

alguns aspectos, pois uma rede serial é genérica para qualquer utilidade ou mesmo

a programação sobre um CLP pode ser para diversas funções.

Para estudos posteriores, este trabalho pode auxiliar a elaboração

de tutoriais ou manuais de projetos de coletas de dados industriais utilizando CLPs.

Também seria bastante interessante a interação com novas funções ou tecnologias,

como por exemplo, leitores de códigos de barras e identificador de digitais, para

assim elevar mais ainda o grau de automatismo do sistema como um todo. Na

questão que diz respeito a avaliação do aprendizado do autor durante a graduação,

este trabalho teve uma importância impactante, pois testou e aprimorou diversas

áreas de conhecimento vistas durante o curso, como o tipo de programação de

baixo nível utilizada, a fragilidade e importância de uma rede de comunicação e etc.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Page 99: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

83

[1] VALÉRIO, Marcus. CLP – Controlador Lógico Programável. ETEP faculdades [2] SEVERO, Bernardo da S. F. Curso de Controladores Lógicos Programáveis. Laboratório de Engenharia Elétrica – LEE -Universidade do Estado do Rio de Janeiro - RJ. [3] STOCLER, Geraldo. Controlador Lógico Programável. Centro de formação profissional “José Inácio Peixoto” – Unidade Operacional – SENAI – MG. [4] MIGOTTO, Matheus W. Desenvolvimento de Sistemas e Experimentos Acadêmicos para Auxílio Didático a Práticas Laboratoriais nas Áreas de Mecatrônica, Controle e Automação Industrial. Universidade Estadual de Londrina – UEL – PR, 2009. [5] CASATI, Hugo F. G. Norma IEC 61131-3 para programação de controladores programáveis: Estudo e aplicação. Universidade Federal do Espírito Santo – UFES – ES, 2005 [6] NIEDERAUER, Mastelari. Automação Industrial Utilizando CLPs. UNICAMP – SP – 2007. [7] BARROSO, Carlos., ARAUJO, Emerson., DE SÁ, Marciene., TREVISAN, Pedro. Sensores. Universidade Metodista de Piracicaba – SP, 2008. [8] CANZIAN, E. Minicurso: Comunicação serial RS-232. Disponível em <http://tecnociencia.inf.br/comunidade/arqautor/edmur/csrs232.swf>. Acesso em 30/09/2010.

[9] ALCÂNTARA, FILHO, R. Padrão Serial RS-232. Disponível em: <http://www2.eletronica.org/artigos/eletronica-digital/padrao-serial-rs-232>. Acesso em: 30/09/2010. [10] KRON MEDIDORES. Informativo: Conceitos Básicos de RS-485 e RS-232. Disponível em <http://www.kronweb.com.br/br/downloads_faqs.php>. Acesso em 01/10/2010.

[11] CAVALCANTE, Walmy A. M. S. Redes industriais – aula 04. Instituto Federar de Educação, Ciência e Tecnologia Rio Grande do Norte – CEFETRN – RN, 2010.

[12] CUNHA, Judson M. Protótipo de rede industrial utilizando o padrão serial rs485 e protocolo modbus. Universidade Regional de Blumenau – FURB – SC, 2000.

[13] DENARDIN, Gustavo W. MODBUS sobre linhas seriais. Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR – PR, 2005. [14] BELAN, Helder C. Sistema de Acompanhamento da Execução de Manufatura. Universidade Estadual de Londrina – UEL – PR, 2005. APÊNDICES

Page 100: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

84

Apêndice A – Código para coletar número de chapas cortadas

Page 101: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

85

Page 102: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

86

Page 103: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

87

Page 104: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

88

ANEXOS

Anexo A – Características Gerais da Série Expert DX

Page 105: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

89

Anexo B – Esquemas de Ligação para o Modelo Expert DX 2450.10 P

Page 106: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

90

Anexo C – Esquemas de Ligação para o Modelo Expert DX 2450.70 P

Page 107: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

91

Anexo D – Características Gerais da Série Expert BF

Page 108: Coleta de Dados de Chão de Fábrica Via Rede Serial RS-485 para

92

Anexo E – Esquemas de Ligação para o Modelo Expert BF 2850.20 N