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COLÉGIO REGINA COELI 11º Prêmio Responsabilidade Social SINEPE RS Categoria: Participação Comunitária

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COLÉGIO REGINA COELI

11º Prêmio Responsabilidade Social – SINEPE – RS

Categoria: Participação Comunitária

1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO

1.1 Colégio Regina Coeli

Originárias da França, em 1917, um grupo de religiosas da Congregação de São José fundou, em Alfredo Chaves, uma escola exclusivamente dedicada à formação cristã das moças, inicialmente com o nome de São José. Em 1946, a comunidade mobilizou-se num movimento em apoio às atividades educacionais dos Irmãos Maristas e das Irmãs de São José, tendo como objetivo a ampliação do Ensino formal e a construção de dois Ginásios: O Divino Mestre, dos Irmãos Maristas e a Escola Normal Regina Coeli, das Irmãs de São José, que em 1979 se unificaram, formando a Escola de 1º e 2º Graus Regina Coeli. Em 30 de maio de 1948 foi inaugurado o prédio, onde funciona atualmente o Colégio Regina Coeli. No dia 26 de fevereiro de 1969, fundou-se uma entidade comunitária, que passou a administrar a Escola, com a denominação de Centro Comunitário Veranense de Educação e Assistência, CECOVEA, desvinculando-se da Congregação de São José. O Ensino Médio (Científico) foi criado em 1991 atendendo um apelo dos pais para manterem os filhos mais tempo próximos à família e prepará-los para o Vestibular e para o ENEM. Conforme Ata n° 205/99 de 8/12/99 e atendendo normas do CEED houve necessidade de nova designação passando a Escola a denominar-se Colégio Regina Coeli, situado na Avenida Júlio de Castilhos, 453, na cidade de Veranópolis. O Colégio Regina Coeli oferece hoje, Creche, Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Curso Normal. Também oferece Ensino Superior, na modalidade Educação à Distância em parceria com a Universidade Norte do Paraná – UNOPAR VIRTUAL. Atualmente, a função de Diretor está representada pela Diretora Rejane Zucchinali Cassales e Vices- Diretoras Claudia Pasuch e Eni Mattielo Tedesco.

1.2 Cenário e Justificativa

A escola constitui um importante contexto para a aprendizagem e nela se refletem preocupações transversais à sociedade, que envolvem diferentes dimensões da educação para a cidadania, tais como: EDUCAÇÃO para a DIVERSIDADE, para o EMPREENDEDORISMO e para o VOLUNTARIADO. Sendo esses temas transversais à sociedade, sua inserção no currículo requer uma abordagem transversal, tanto nas áreas disciplinares como em atividades extracurriculares e projetos pedagógicos, desde a Educação Infantil ao Ensino Médio. Subjacente a esta concepção educativa, está uma visão integradora das diversas áreas do saber que atravessa toda a prática educativa e que supõe, para além de uma dinâmica curricular, também uma vivência de escola, coerente e sistemática, alargada ao contexto em que essa se insere.

A Educação para a Diversidade visa à promoção da igualdade de direitos e deveres dos alunos, através de uma educação livre de preconceitos, de forma a garantir as mesmas oportunidades educativas e opções profissionais e sociais. Esse processo configura-se a partir de uma progressiva tomada de consciência da realidade vivida, considerando a sua evolução histórica, na perspectiva de uma alteração de atitudes e comportamentos.

Considerando o acima exposto, o eixo temático gerador: Colégio Regina Coeli – Cruzando Olhares na Diversidade, no Empreendedorismo e no Voluntariado e o que nos diz Champagnat: “Não se trata de ensinar apenas as ciências (...)Mas preparar o homem todo: seu coração, sua mente, sua vontade e sua liberdade”, justificamos o projeto ALEGRE DIFERENÇA.

1.3 Síntese da obra

Segundo Rubem Alves (p. 7, 1987),

esta história foi construída em torno da dor da diferença: a criança que se sente não bem igual às outras, por alguma marca no seu corpo, na sua maneira de ser... Esta, eu sei bem, é a estória para ser contada também para os pais. Eles também sentem a dor dentro dos olhos. Ela lida com algo que dói muito: não é a diferença, em si mesma, mas o ar de espanto que a criança percebe nos olhos dos outros. Dizem os poemas sagrados que, após a queda, os olhos foram a primeira parte do corpo a ser envenenada. De órgãos de carinho, transformaram-se em ferrões. Homens e mulheres descobriram o embaraço da diferença e se esconderam... O medo dos olhos dos outros é sentimento universal. Todos gostaríamos de olhos mansos... A diferença não é resolvida de forma triunfante, como na estória do Patinho Feio. O que muda não é a diferença. São os olhos.

1.4 Grau de importância e adequação ao cenário apresentado A sociedade contemporânea fechou a população em suas casas e apartamentos,

impedindo o lançamento de um olhar para além dos muros. A escola, então, tornou-se um meio para possibilitar o encontro com diferentes realidades como a daqueles alunos com necessidades especiais. O educando passa a ter a oportunidade de uma formação holística e um simples ato pode ser impactante na vida do outro. Nesse sentido, procurou-se realizar atividades de integração com a Associação de Pais e Alunos Especiais (APAE) de Veranópolis e região.

1.5 Objetivos O projeto “Alegre diferença” tem como objetivos: a) conhecer a realidade cotidiana dos portadores de necessidades especiais de

suas famílias; b) estabelecer um convívio com os portadores e suas necessidades especiais; c) estimular o voluntariado na rotina dos alunos da APAE através de ações

simples, como a contação de histórias e a doação de material de limpeza; d) aprimorar a dicção e expressão corporal ao ensaiar e apresentar a encenação; e) construir a conscientização na comunidade escolar da necessidade do ato de

agradecer; f) fomentar o espírito de gratidão pela vida em relação às famílias de pessoas

portadoras de necessidades especiais; g) despertar no público o interesse pelo projeto, assim como estimular o gesto

concreto da doação de sangue; h) produzir um espetáculo em conjunto com a APAE e seus alunos, valorizando as

diferenças.

1.6 Prática e habilidade de produzir transformações A concepção do projeto já causou uma transformação em todos os envolvidos

desde a sua concepção. Estimulou-se o desenvolvimento da empatia frente ao confrontamento com uma realidade tão adversa. O simples fato de andar – algo tão banal para a maioria – transforma-se num grande desafio quando se vê um cadeirante, por exemplo. Se para alguns as palavras sobram, para outros nem os gestos são eficazes na tradução do mais comum pensamento. Através dessas reflexões e da leitura da obra “Como nasceu a alegria”, de Rubem Alves, os alunos do Colégio Regina Coeli foram conduzidos a ter um olhar mais abrangente da realidade que os cerca e que, por vezes, passa despercebido. Ações como essas são capazes de transformar a realidade por si só, importantes na sua continuidade e ampliação. Fazer a diferença dentro do contexto em que se vive é sinônimo do conceito de humanidade e de cidadania, atualmente tão fragilizados.

2. ENVOLVIMENTO COM OS PÚBLICOS DE INTERESSE

2.1 Públicos de interesse do projeto O projeto envolveu os seguintes públicos: 2.1.1 O público diretamente envolvido com a realização do projeto está

relacionado da Creche ao Ensino Médio, totalizando 487alunos. 2.1.2 Alunos e professores da APAE de Veranópolis, 530. 2.1.3 Familiares de ambas as instituições: cerca de 593 famílias. 2.1.4 Equipe diretiva, supervisores, coordenadores, professores e funcionários do Colégio Regina Coeli e da APAE. 2.1.5 Autoridades dos Poderes Executivo, Legislativo, Direções de Escolas, Presidente do CPM, CECOVEA, Imprensa escrita e falada. 2.1.6 Comunidade veranense através da programação oficial de Natal do município.

2.2 Formas de envolvimento

Para que o projeto fosse executado, os professores incentivaram o resgate dos valores através da leitura da obra “Como nasceu a alegria”, de Rubem Alves, da interação entre as duas escolas, além de estimularem o ser solidário através da doação de sangue e materiais de limpeza para APAE.

3. GESTÃO DO PROJETO

3.1 Estratégias e ações propostas Todos os alunos envolvidos no projeto deveriam atender aos seguintes passos:

3.1.1 realizar a leitura e análise da obra “Como nasceu a alegria”, de Rubem Alves (alunos do 6º ano ao Ensino Médio);

3.1.2 contação da história “Como nasceu a alegria”, de Rubem Alves, (alunos da Creche ao 5º ano);

3.1.3 incentivar os pais dos alunos a doarem sangue como garantia da continuidade da vida;

3.1.4 comparar e refletir acerca das dificuldades enfrentadas pelos portadores de necessidades especiais, bem como de seus cuidadores, com o intuito de romper o paradigma da impessoalidade;

3.1.5 a partir da desenvolvimento da empatia, provocar ações concretas e voluntárias;

3.1.6 participar da culminância do projeto na noite da apresentação (30 de novembro de 2015).

3.2 Metodologia de aplicação e execução do projeto

Após leitura, análise, interpretação e debate da obra “Como nasceu a alegria”, de Rubem Alves, e do conhecimento da realidade da APAE de Veranópolis, elencaram-se as possíveis ações a serem desenvolvidas. No decorrer do ano, alunos do 5º ano apresentaram um espetáculo “Mãe Coruja” na APAE. Também os alunos do Ensino Médio, sensibilizados, organizaram uma campanha para arrecadar materiais de limpeza para a APAE. Logo após, ocorreu a seleção dos alunos de acordo com seus interesses e habilidades e estes passaram a participar de oficinas preparatórias para a culminância. No dia 30 de novembro de 2015, o espetáculo “Alegre Diferença” foi apresentado para a comunidade veranense e regional.

3.3 Recursos necessários – humanos, financeiros e materiais

A realização de um projeto de tamanha estrutura necessitou de um investimento considerável da direção da instituição. Em relação aos recursos humanos envolvidos, foram designados:

Quanto aos aspectos financeiros e materiais, a escola adquiriu o livro para a realização das leituras, fantoches para a contação de histórias, figurinos para os alunos, materiais que compuseram o cenário, decoração, maquiagem, frete para o transporte de materiais diversos e equipe de sonorização e iluminação. Nesse contexto, expõem-se os seguintes investimentos:

Recurso Valor

Sonorização e Iluminação R$ 4.500,00 Figurinos (material e costureiras) R$ 1.181,00 Adereços R$ 267,30 Decoração R$ 1.311,40 Fogos de Artifício R$ 1.390,00 Total R$ 8.649,70

02 professores coordenadores 2h semanais

02 professores responsáveis pelos musicais 6h semanais

14 Professores titulares das turmas 1h semanal

03 professores responsáveis pela decoração 3h semanais durante o mês de novembro

10 Pais para construção do palco 15 horas

02 Costureiras 103 figurinos

01 Maquiadora 2h no dia da culminância

4. RESULTADOS ALCANÇADOS

4.1 Avaliação da continuidade do projeto ou da ação

Após o término do projeto, é possível concluir que a sua validade é bastante relevante. Todos os educandos envolvidos avaliaram que apresentaram um grande crescimento em relação aos valores, destacando a solidariedade, a empatia, a superação das diferenças decorrentes de qualquer limitação. Ademais apontaram a melhora da expressão em frente ao público e habilidade de comunicação. Também faz-se relevante ressaltar que os alunos sentiram-se gratificados não só pelo espetáculo ter constado na programação do município, como também perceberam que ações como essa precisam ser uma constante na vida de todo ser humano. A solidariedade deve estar presente como algo corriqueiro na vida das pessoas, fazendo parte dela, não somente em momentos pontuais. Assistir a meninos e meninas cadeirantes dançando uma valsa no palco junto com alunos sem qualquer necessidade especial ultrapassou qualquer expectativa e deixou a todos sensibilizados. Nesse contexto, é, sim, relevante a reaplicação do projeto em anos posteriores, bem como por diferentes instituições, visto que o ponto de partida é simples e o incentivo à leitura é uma constante no cotidiano escolar, bem como o resgate de valores adormecidos na correria do dia a dia.

4.2 Mensuração e avaliação do projeto 4.2.1 Socialização: houve uma interação real entre os alunos dos diferentes níveis e cursos da escola; 4.2.2 incentivo ao ato de ser solidário; 4.2.3 dicção e oratória: desenvolveu-se a habilidade comunicativa e interacional, bem como a postura diante do público. Aprendizado este que ultrapassa a escola e serve de suporte e apoio para novas conquistas; 4.2.4 quebra de paradigmas: um cadeirante pode sim dançar valsa! Os alunos perceberam que a incapacidade está mais na cabeça do que nas condições físicas; 4.2.5 alegria: as diferenças foram capazes de produzir alegria, através da dança, música, do aplauso; 4.2.5 amenizar a dor: os pais puderam ver seus filhos portadores de necessidades especiais como protagonistas de um espetáculo como sempre imaginaram, protagonistas capazes de transformar a dor em um momento mágico; 4.2.6 sensibilização do público: os pais dos alunos da escola puderam não só ver além do que costumam no seu cotidiano, mas também presenciar as novas amizades que superaram as diferenças.

5. DEPOIMENTOS Rejane Zuchinali Cassales – atual Diretora do Colégio Regina Coeli “Fui convidada a assistir o Espetáculo Cultural Alegre Diferença do Colégio Regina

Coeli, em novembro de 2015. Como ex-aluna, tenho um carinho especial por esse colégio. O Regina mais uma vez abrilhantou e mostrou seu melhor aos familiares e comunidade de Veranópolis. Sim, pois o evento já é um acontecimento na cidade!

Para mim foi tão especial e bonito ver a escola iluminada não só com luzes, mas também com o brilho dos alunos que cantavam, dançavam, declamavam e sorriam. Pude ter a certeza que a magia foi além de uma apresentação de final de ano. Muita coisa aconteceu por de trás das janelas desse importante prédio escolar: reflexões, lembranças, admiração, orgulho e alegria, todos fazendo a sua parte com o coração, com amor, respeito as diferenças.

A apresentação emocionou a todos. Fez com que o clima de amor e integração renascesse em todos os corações, remetendo a família Regina Coeli à união e encantamento de toda comunidade presente. Faz parte da tradição do colégio divulgar a cultura, neste porte de apresentação, sempre em parceria com outra entidade. Nesse ano com a emocionante e brilhante participação dos alunos da APAE.

O evento encantou e emocionou centenas de pessoas.” Elinara Farina Mendo e Emanuele Bassani – Ex-diretora da APAE e atual

Diretora da APAE “O espetáculo Alegre Diferença foi construído através de um tema que envolve a

dor, a alegria e a diferença. As crianças especiais, às vezes, não se sentem bem iguais as outras, por alguma

marca no corpo ou na maneira de ser. A história inicia com cenas de interação entre alunos do Regina Coeli e da APAE

extraídas da vida real, onde se descobre um público embaraçado pelas diferenças que se apresentam: o medo nos olhos dos outros é um sentimento universal.

A APAE e o Regina permitiram-se mostrar e falar sobre isso. A interação deu-se através de uma série de atividades e encontros capazes de

gerar o conhecimento mútuo; tanto entre os alunos das duas escolas; como também com seus familiares.

A Comunidade Regina Coeli transformou em carinhos e alegrias esses momentos, mostrando para o público presente, que o futuro se faz com a conscientização das diferenças. Desde os ensaios, contações de histórias e outras formas de interação nos surpreenderam com o afeto recíproco.

Agradecemos a oportunidade, porque a história Alegre Diferença mostrou à Comunidade Veranense que é preciso ouvir a voz do outro que diz: “Estou aqui meu filho” e vislumbrar um novo olhar e novas possibilidades”.

Marcelo dos Santos Ferrugem – Delegado de Polícia da cidade de Veranópolis e pai das alunas Marina e Júlia

“À Direção do Colégio Regina Coeli: Registro a surpresa e satisfação de nossa

família pela grandeza da apresentação, que emocionou a toda comunidade que se fez presente, também pelo emprego de recursos áudio visuais e de iluminação que engrandeceram o evento.

Oportuno também mencionar o empenho, dedicação e envolvimento da direção, professores e alunos da escola, pois sem a sua fundamental participação - com destaque para a inclusão de todos, ou seja, desde a educação infantil até o ensino médio, bem como alunos especiais da APAE -, o espetáculo, que teve como mote as igualdades e diferenças culturais, não seria uma realidade.

É importante perceber que a escola prioriza a integração entre as diferentes realidades e oferece aos nossos filhos e à comunidade momentos para reavaliar nossos conceitos.”

Atenciosamente,

Marcelo Ferrugem.

Daniela Salla – Mãe do cadeirante Guilherme “Quando o Guilherme nasceu pensamos em quantas coisas ele não poderia fazer,

tentamos, enquanto pais oferecer o máximo. Ao sermos convidados para apresentação imaginamos como isso seria possível, ou melhor, isso seria impossível. Conversamos muito eu e o meu marido. Achamos maravilhoso, mas ficamos com medo: como seria a reação dele, como seria a reação do público, ele cansaria, estaria feliz???. Pensamos em tudo que poderia dar errado e... apostamos que daria certo.

Foi emocionante: meu filho, de terno e gravata dançando uma valsa, num palco maravilhoso, acompanhado de uma bela jovem... Vocês não imaginam a nossa emoção. Vocês não imaginam como meu coração de mãe batia. Foi um momento de sonho, meu filho foi aplaudido de pé. O Guilherme, do seu jeitinho, ficou muito feliz.

Descobri neste dia que o impossível só existe na cabeça e no coração daqueles que não se permitem viver e amar.”

Chrisie Roveda – Professora de Educação Física da APAE “Confesso que ao receber a proposta para ensaiar os cadeirantes para uma valsa

causou-me estranheza e um certo receio. Acredito que tudo é possível, mas a minha preocupação maior era com as crianças: como elas reagiriam diante de uma grande aglomeração de pessoas, como aceitariam ser conduzidas por pessoas que não lhes do seu cotidiano, se cansariam ou demonstrariam insatisfação, alegria, medo.

Talvez o medo fosse mais meu do que deles. Certamente foi isso que aconteceu, pois eles tiraram de letra. Ensaiá-los foi muito gratificante e desafiador. O resultado foi magnífico, para além das expectativas. Nossos alunos e os do Regina Coeli protagonizaram momentos de magia, encantamento e quebra de paradigmas. Vencemos as barreiras da diferença e permitimos aos presentes acreditar na superação de limites.”

Rafaela Peliciolli – Aluna e narradora do espetáculo “Quando a escola me convidou para fazer parte do espetáculo “Alegre Diferença”,

como narradora, aceitei imaginando como seria bom fazer parte de uma apresentação tão linda e simbólica, porém, me surpreendi ainda mais do que eu esperava.

De cima, assistia a sorrisos inspirados, lágrimas que, emocionadas, rolavam pelos rostos; assistia ao céu, que não aguentou, e em uma primeira tentativa, chorou emocionado também. Assisti a alegria do pessoal da APAE, que com todos os motivos para não sorrir, eram os mais alegres.

Ao longo da apresentação, crescia em mim um sentimento de agradecimento, não só pela minha saúde, mas também pelo momento que me ensinou tanto. Desejaria apenas poder ter mais oportunidades como esta, quando verdadeiramente vivemos, sentimos e, acima de tudo, aprendemos com esta alegre diferença.”

Bruna Luzzatto Berton – Aluna que apresentou a valsa com seu par

cadeirante “No dia 30 de novembro de 2015, foi realizada, em frente ao colégio Regina Coeli,

uma apresentação em parceria com a APAE de Veranópolis. Eu e alguns de meus amigos tivemos a honra de abrir o espetáculo com uma valsa em parceria com cadeirantes.

Não existe melhor jeito de aceitar as diferenças, do que convivendo com elas. Realizar a apresentação com os cadeirantes foi, com certeza, inesquecível. Ao chegar na APAE para os ensaios ia encontrar todos aqueles meninos e meninas felizes, apesar de tudo, ao no ver, vinham no cumprimentar com um sorriso. Era muito gratificante.

Normalmente ensaiávamos somente com as cadeiras de rodas, até montarmos toda a coreografia e depois com as crianças para não cansá-las. Um belo dia chegamos lá e começamos a ensaiar. No meio da dança, aparece uma profe junto com o Gabi que, segundo ela, não parava de apontar para a sala onde estávamos querendo dançar. A pequena Manu começou a chorar no meio do ensaio. Descobrimos que era porque a música tinha acabado.

Indubitavelmente, nunca esquecerei dessa experiência. Há algumas semanas, encontrei o Alan, cadeirante com quem dancei, ver o sorriso dele ao me reconhecer alegrou o meu dia. A felicidade dele gerou a minha. Percebi que a solidariedade traz benefícios e nunca deixarei de praticá-la.

Teresinha Ghellere Simonato - Ex-Diretora do Colégio Regina Coeli

Amigos... Sabedores de que vivemos numa sociedade que, por vezes, o que não é idêntico ao convencional, passa a ser alvo de críticas e discriminações, trazendo como consequência práticas segregatórias, como na situação de pessoas portadoras de necessidades especiais, surgiu a ideia, no Colégio Regina Coeli, de uma ação capaz de mudar esse pensamento. Assim, nasceu o espetáculo “Alegre Diferença”, que foi concretizado no dia vinte e seis de novembro. “Alegre Diferença” foi muito mais que um espetáculo, foi emoção, prazer, alegria, contentamento, AÇÃO, uma vez que houve a participação e envolvimento com os portadores de necessidades especiais. APAE e Regina Coeli, juntos, imbuídos num sentimento de respeito mútuo, de compromisso, vivenciando momentos que deixaram claro que as diferenças não impedem a vida e, muito menos, o desejo por ela. A alegria estampada nos rostos transformou esse projeto numa verdadeira magia. A dança dos cadeirantes com os alunos do Regina Coeli, um momento ímpar, fez os corações transbordarem de felicidade e viajar por um universo que até então parecia desconhecido. Além disso, foi agregado mais um gesto concreto a esse projeto: Doação de Sangue – Um Convite à Generosidade. A comunidade veranense também envolveu-se e podemos dizer que jamais será a mesma após ter a oportunidade de rever conceitos através de uma forma encantadora, engajando-se, participando, doando, congregando, divulgando, convidando o “outro” para dar a sua contribuição. Imagino a emoção dos pais daqueles cadeirantes ao vê-los num palco, dançando com suas cadeiras, vestidos a rigor, uma valsa. Indescritível, incontrolável. O ser humano é capaz de superar limites quando o amor envolvido é verdadeiro e puro. E eles foram aplaudidos de pé. Foi um prazer fazer parte desse projeto. Acredito que ao ser idealizado, as pessoas envolvidas nem imaginavam a sua extensão, a grandiosidade de cada gesto, de cada AÇÃO. Eu, como Ex-Diretora do Colégio Regina Coeli, só tenho a agradecer e parabenizar. Obrigado aos que acreditaram, colaboraram, apoiaram e se envolveram nesse projeto, fazendo dele um sucesso. Obrigado comunidade veranense! Parabéns, Regina Coeli! Como diz o nosso hino: Salve Regina Coeli, nosso orgulho é a ti pertencer... sempre semeando ideias e construindo sonhos. Obrigada, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Veranópolis por nos permitirem vivenciarmos essa experiência incrível! Ficou no ar um desejo de quero mais, de ajudar, de estender esse projeto para a vida toda, afinal, viver não é isso? Com carinho, Teresinha Ghellere Simonato Ex-Diretora Coordenadora da Creche Regina Coeli

Marilva Gusberti Savaris – Auxiliar de Limpeza do Colégio Regina Coeli O espetáculo que eu assisti e em que meu filho estava apresentando

mostrou um carinho muito sincero dos alunos e da APAE. Vi também mães que não medem esforços para dar de tudo a seus filhos e o quanto o simples fato de poder caminhar é importante.

Acho interessante que aconteça novamente para o meu filho aprender a importância de vencer as dificuldades e ele junto com os colegas percebam as diferentes realidades. Achei muito interessante, diferente e bonito.

Ivane Costella Bissani – Mãe dos alunos Camile e Artur e doadora de sangue “ Uma escola não pode ensinar só através dos livros, precisa ensinar coisas para a

vida. Fiquei sensibilizada com a proposta. Minha filha Camile chegou em casa com o convite – mas afirmou que eu não poderia recusar – para ser uma doadora de sangue. Ela tinha tantos argumentos para me convencer da importância da doação de sangue que aceitei o convite. Saber que uma parte de mim poderia ajudar alguém – palavras da minha filha – foi gratificante e decisivo.

Pude perceber que a escola dos meus filhos estava ensinando para além dos conteúdos, estava mostrando que é necessário fazer alguma coisa pelos outros, ajudar, colocar-se na posição de quem necessita. Não querendo nada em troca. Isso para mim é uma escola que pensa na formação integral.”

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Rubem. Como nasceu a diferença. Edições Paulinas. São Paulo: 1987.

7. FOTOS Veja alguns momentos...