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COLÉGIO NOSSA SENHORA DOS ANJOS (CONASA): O ENSINO

FRANCISCANO NO MUNICIPIO DE BACABAL

SOUSA, Elane Cristina Costa

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ALVES, Maria Esterlian Ferreira da Silva2

SOUSA, Ana Paula Ribeiro de3

Introdução

Nas décadas de 1950 e 1960, a cidade de Bacabal vivia o auge de sua

economia, através de produtos como o arroz, o algodão, o coco babaçu, dentre outros,

sendo que Bacabal se tornou umas das moires cidades produtoras do Estado do

Maranhão, portanto cheia de oportunidades. Era a esperança de progresso em uma

cidade que antes era apenas uma vila. No ano de 1950, Bacabal tinha 54.949 habitantes,

e em 1960, 55.920, de acordo com o censo 1960, conforme os dados do IBGE.

No ano de 1953, chegam a Bacabal a pedido do Arcebispo Metropolitano de

São Luís do Maranhão, Dom José de Medeiros Delgado, os primeiros padres

Franciscanos, com o intuito de fundar a Igreja de São Francisco das Chagas e o

Convento Nossa Senhora da Conceição. Com o passar dos anos, por pressão das

famílias da cidade, foi iniciada a construção do Ginásio Nossa Senhora dos Anjos, em

1956, para absorver o contingente de crianças e jovens em idade escolar que residiam

no município e em seu entorno, tendo em vista a carência de escolas na região. Os

franciscanos da saxônia desenvolveram um excelente trabalho pastoral em São Luís,

Piripiri e Bacabal e se focaram em conhecer profundamente a situação religiosa dos

1 Acadêmica do curso de Licenciatura em Ciências Humanas da Universidade Federal do Maranhão –

Campus Bacabal. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/CAPES. 2 Acadêmica do curso de Licenciatura em Ciências Humanas da Universidade Federal do Maranhão –

Campus Bacabal. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/CAPES.

3 Professora Assistente da Universidade Federal do Maranhão – Campus Bacabal. Bolsista do Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/CAPES.

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locais, promoveram visitações e analisaram as problemáticas locais, sendo uma delas, a

questão da instrução, devido à ausência da iniciativa do Estado nesse sentido.

Somente no ano de 1959, o Ginásio Nossa Senhora dos Anjos inicia seu

funcionamento, e posteriormente, se torna Colégio de Nossa Senhora dos Anjos

(CONASA), atendendo um contingente maior de alunos e oferecendo outros níveis e

modalidade de ensino, sendo este acontecimento um salto para a educação de Bacabal,

atendendo, principalmente, a elite existente no município.

No presente artigo, discutiremos a atuação da ordem franciscana na educação

no município de Bacabal, através do CONASA, resgatando o histórico dessa instituição

e sua contribuição para a educação no município e na região. Para isso, serão utilizadas

fonte primárias e secundárias a fim de reconstruir a trajetória do CONASA, e também

fontes orais, no sentido de reconhecer o significado social desta instituição para o

município.

2. A atuação da ordem franciscana no município de Bacabal

O Colégio Nossa Senhora dos Anjos (CONASA) é a instituição de ensino

dentre as escolas mais antigas e conceituadas e a primeira particular a ser criada na

cidade de Bacabal. Sua fundação, inicialmente como Ginásio, data em 15 de agosto de

1957, com a celebração da missa do lançamento da pedra fundamental. Como todos os

colégios fundados e mantidos pelos franciscanos, o CONASA segue: “Uma proposta

educacional à luz da fé cristã, inspirada nas diretrizes e orientações da Igreja Apostólica

Romana e no Carisma Franciscano, pertencente aos Franciscanos do Maranhão e do

Piauí”. (www.conasa.org.br).

Nas décadas de 1950-1960, a oferta de ensino na região do Médio-Mearim,

onde o município de Bacabal encontra-se localizado, era bastante insipiente, e em

alguns casos, inexistente4. Com a pressão das famílias da região, que tinham que

4 De acordo com dados levantados por PINTO (1982), a 1966, a rede escolar constituída de

ginásios mantidos pelo Governo do Estado resumia-se em duas escolas, funcionando na Capital, num

mesmo prédio: Liceu e Escola Normal. Além disso, de acordo com dados da mesma pesquisa, as

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deslocar seus filhos até a cidade de São Luís, capital do Estado, os padres sentiram a

necessidade de construírem um ginásio, o qual foi inaugurado em 22 de fevereiro de

1959, dois anos após o lançamento da pedra fundamental, em 1957, iniciando suas aulas

em 9 de março daquele ano. No ginásio funcionavam a 1º, 4º e 5º séries do primário e

tinham respectivamente matriculado 54 alunos na 1º série, 43 no 4º e no 5º 52 alunos,

um número bem significativo totalizando 143 alunos e que existia apenas uma

professora normalista.

Com a chegada dos frades em Bacabal no ano de 1953, logo no início de suas

atividades já pensavam numa escola. Em 06 de outubro de 1954, um ano depois, o

Prefeito de Bacabal, Frederico Leda, enviou uma carta á superiora geral em

Waldbreitbach manifestando seu interesse pela fundação de um ginásio na cidade, sendo

que, anteriormente ao envio da mesma, o prefeito já havia oferecido um terreno aos

franciscanos para a construção do ginásio, onde fica localizado atualmente o colégio

Estado do Ceará.

Para o ginásio poder funcionar normalmente diante da legislação foi criada

uma fundação que tinha como idealizador Frei Adauto que tinha como função conseguir

verbas para construção e manutenção das obras sociais. Nasce assim o Parque

Educacional de Nossa Senhora Aparecida – PENSA.

No PENSA funcionava o curso de admissão para meninos e meninas, e o

ginásio para meninos e outro para meninas. Esses ginásios internos e externos eram

dirigidos pelas irmãs de Waldbreitbach. Havia também um jardim de infância, uma

escola profissionalizante dirigido por irmãos franciscanos, consultórios médicos, um

escritório de agricultura e a igreja.

Algumas datas foram importantes para a formação da escola, dentre elas estão

assinatura dos estatutos que datam de 30.12.1955, 06.02.1956 quando Frei Adauto foi

nomeado presidente pelo arcebispo. Alguns dias depois ele viajou para o Rio de Janeiro

para pedir verbas ao governo. A fundação não alcançou o resultado esperado, pois as

verbas aprovadas pelo congresso nacional foram investidas na construção da capital

matriculas no estado do Maranhão estavam concentradas em 70% na rede privada, constituída, em sua

maioria, de estabelecimentos confessionais (PINTO, 1982).

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Brasília pelo então presidente Juscelino Kubitchek. No lugar do PENSA ficou a Vice

Província Franciscana de Nossa Senhora da Assunção fundada em 28.05.1954.

Questões foram discutidas para a construção do prédio escolar. Uma das

preocupações dos padres era o avanço da religião protestante, que de certo modo

incomodava. A partir desse ponto plantas foram apresentadas para irmãs e depois

passaram por um processo de melhorias. No que consta nos documentos oficiais, em

abril do ano de 1956 na questão de propriedade, é que o primeiro terreno que foi cedido

pelo prefeito Frederico Leda, foi descartado pelo arquiteto e construtor Frei Constâncio,

pois não era apropriado para tal empreendimento segundo o próprio. Outro terreno

melhor foi encontrado e aceito para a construção do prédio escolar:

O terreno para escola, colocado á disposição pela prefeitura, é

pequeno demais, traz grandes dificuldades para o escoamento da água,

investimento maior com os fundamentos na areia. Achamos vantajoso

trocar o terreno com um outro que tem o tamanho três vezes maior,

tem declive para três lados e fica em frente ao terreno do Convento, na

Rua da forquilha. O terreno tem mais de 3 ha e será doado pela

prefeitura, em troca do antigo. A indenização dos moradores

dificilmente supera a soma que teríamos que gastar com o aumento do

antigo terreno comprando umas casas vizinhas (LÖHER, Eurico, Pg.

343).

A escola foi construída ao lado da Congregação das irmãs de Nossa Senhora dos

Anjos, local onde se encontra até hoje. Em terrenos próximos funcionam o jardim de

infância de Nossa Senhora dos Anjos, a igreja de São Francisco das Chagas e a

Paroquia Franciscana. No dia 15 de agosto de 1957 houve a benção da pedra

fundamental, com a Santa Missa. A população de Bacabal ficou lisonjeada com a

iniciativa dos frades. Apesar de ter sido um grande projeto, a manutenção da escola

dependia de colaborações que eram conseguidas exclusivamente por iniciativas dos

frades que promoviam leilões, coletas e também doações de fiéis. Na fase de construção

não houve contribuição das instituições Misereor5.

5 “MISEREOR é uma Obra episcopal da igreja Católica da Alemanha para a cooperação ao

desenvolvimento. MISEREOR há mais de 50 anos, é comprometida com a luta contra a pobreza na

África, Ásia e América Latina. Sua ajuda é dirigida a todas as pessoas independente de raça, cor, sexo ou

religião, mas pessoas que sofrem necessidades”. (http://www.misereor.org/pt/about-us.html).

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Umas das primeiras dificuldades que a instituição enfrentou foram a de

conseguir profissionais competentes para uma escola no interior. Não havia muitos

professores com formação superior. Para a cidade as irmãs tinham que se

profissionalizar para poderem dar aula no colégio. O corpo docente era composto por

quatro professores normalistas, um engenheiro, para desenho, um contabilista para

matemática, um dentista, Frei Godofredo para música e religião e Frei Alberto que

ficava responsável pelas aulas de latim e francês.

Na década de 1960 até 1970, a escola tinha como currículo as seguintes

disciplinas: Na 1ª série: português, latim, francês, matemática, historia do Brasil,

geografia, trabalho manual, desenho, canto orfeônico e religião. Na 2ª série, além das

que já era oferta na 1ª série, acrescentava o inglês. Já na 3ª série, tem no currículo o

português, latim, francês, inglês, matemática, ciências naturais, historia geral, religião,

geografia, desenho e o canto orfeônico e a 4ª série, português, latim, francês, religião,

matemática, ciências naturais, historia geral, desenho e educação física. Já hoje a escola

tem no currículo as disciplinas de português, matemática, história, geografia, religião,

filosofia e funciona do 1º ao 6º, mas tentando preservar o ensino tradicional.

No ano de 1966, a MISEREOR, começou a fazer suas doações para melhor

desenvolvimento do colégio Nossa Senhora dos Anjos, doações essas que duraram

cerca de três anos, ou seja, até 1969. Recomeçando em 1973 até o ano 1975.

O ginásio teve como primeiro diretor Frei Alberto Mersmann (1958), passando a

direção em março de 1959 para Frei Solano Kuhn (1959 a 1980), e que foi primeiro

secretário de educação do município de Bacabal, no ano de 1966. O colégio durante

seus 55 anos teve vários diretores dentre eles Frei Evaldo Dimon (1980 a 1995), Frei

Eurico Loher (2001 a 2012), Frei Agostinho Diekman (1995 a 2001) e a atual a direção

está nas mãos de Frei José Wagner do Nascimento.

A escola desde a inauguração da 1º série teve uma única finalidade formar

líderes e multiplicadores, os professores eram formados para serem verdadeiros

pregadores do evangelho. Era uma escola tradicional que tinha como principal objetivo

formar cidadãos para conviver na sociedade seguindo os ensinamentos cristãos. Há

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registros de que as primeiras turmas tomaram parte pelo catecismo dominical de uma

forma que teve um engajamento de catequistas em alguns bairros da cidade.

Com o passar dos anos o colégio se tornou um dos mais requisitados da cidade,

sendo que algumas pessoas deixavam suas cidades para morar em Bacabal com intuito

de colocarem seus filhos para estudarem na escola.

Neste ano uns 200 alunos se inscreveram para o exame de admissão

para a primeira série do primário. Para a cidade de Bacabal e seu vasto

interior o Ginásio já desempenha um papel importante. Moradores do

interior se mudam para cá, compram ou constroem suas casas. Quem

mora aqui, fica. Antes especialmente a inteligência de Bacabal

costumava mudar para São Luís (LÖHER, Eurico, Pg.345).

Segundo Frei Bartolomeu, a igreja ganhou vários adeptos, pois por meio dos

alunos chegavam-se aos pais e com isso ganhavam-se a confiança dos mesmos e novos

colaboradores para a paróquia. Contando também com alunos e professores que se

engajavam com trabalhos religiosos feitos por toda a igreja. No ano de 1962, já existiam

as 5ª séries do primário e as 4 séries do ginásio, totalizando, no primário, 310 alunos e

208 alunos no ginásio.

As irmãs ficavam responsáveis pelo jardim de infância Branca de Neve, que

funcionava dentro do convento internato das irmãs, logo depois o jardim mudou-se para

um prédio próprio ao lado do ginásio. Um fato interessante é como ficava organizado a

distribuição de alunos em cada turno. No turno matutino estudavam as crianças de

famílias mais ricas, com direito a farda e no turno vespertino estudavam as crianças de

famílias mais pobres, que não precisavam pagar.

Em 8 de dezembro de 1962 formou-se a primeira turma, onde foi celebrada

uma grande missa e uma grande festa no clube mais sofisticado da cidade. Nessa turma

formou-se 20 alunos da 8º série do ensino fundamental.

Em 1964, foi aberto o segundo grau clássico com duração de três anos e com

16 alunos e terminou em 1966 com 14 formandos. As festividades foram as mesmas

com celebrações de missas e entregas de diplomas e festa de encerramento. O lema

escolhido para a festa foi “Brilhe nossa Luz”, lema que bem demonstra a satisfação e a

confiança em alcançar diretrizes maiores. Esse lema traduz bem o espírito inovador que

a escola trouxe para a educação de Bacabal.

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Apesar de existirem dificuldades de achar profissionais qualificados na cidade,

nos primeiros anos de funcionamento do ginásio a educação ficou a cargo dos frades e

das irmãs da Congregação de Nossa Senhora dos Anjos. Eram pessoas qualificadas, a

maioria pedagogos, que se dispuseram a exercerem suas profissões a favor de uma

educação franciscana e tradicional para as crianças e adolescentes. Dentre eles estão

Frei Evaldo Dimon, Irmã Berta Schirra, Irmã Emanuela Henneken, Frei Bartolomeu

Pickardt foram alguns dos religiosos que ensinavam na época.

Em 1967 com o inicio do “Científico” o nome da escola foi mudado de

“Ginásio de Nossa Senhora dos Anjos” para “Colégio de Nossa Senhora dos Anjos –

CONASA”.

Segundo Frei Solano o ensino científico foi aberto em 1969 com 15 alunos

matriculados mais apenas funcionando as 1º e 2º séries sendo a 3º série implantada

somente em 1974. A dificuldade de achar professores capacitados para o ensino

científico foi o mesmo que para o ensino fundamental, mas foram trazidos profissionais

de outras localidades e os padres e freiras ainda estavam a cargo dos ensinos para

formar as primeiras turmas. Algumas pessoas ao término do científico tentaram o

vestibular, sendo todos aprovados.

Funcionava também no colégio o curso supletivo de auxiliar de enfermagem

em nível de 2º grau e de Habilitação Básica de Saúde.

Essa junção de formação cristã com formação cientifica é o que fazia com que

o CONASA ganhasse cada vez mais renome na região. Atualmente os ex-alunos ainda

fazem reflexões e depoimentos sobre lembranças dos tempos áureos da escola. A prova

vinha nos números de aprovados no vestibular, que bem mostravam a importância e o

valor da educação franciscana. A professora aposentada Maria Assunção Arraes

Teixeira, uma da nossa interlocutora do nosso artigo nos contou que a educação nos

tempo dos franciscanos era de excelência, o ensino era disciplinado e que os alunos

tinham por obrigação estudar. A mesma foi aluna e professora do CONASA.

O colégio fez tanto sucesso, que nos seus tempos áureos cogitaram em

investirem no ensino superior e na construção de uma universidade, mas Frei Solano,

que era um apaixonado pelo desenvolvimento da instituição, ponderou que não seria o

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momento propício, pois a instituição não estava madura o suficiente para fazer tal

investimento. A proposta de criação da universidade não foi aceita.

Em 1982, as irmãs acabaram por deixar o convento que ficava ao lado do

CONASA e se mudaram para outro que ficava na Rua Antonio Lobo e o prédio do

convento ficou sob a condição de ser usado a favor da educação. Em 15 de julho do

mesmo ano, foi inaugurado o Centro de Formação Nossa Senhora dos Anjos, que no

primeiro momento serviu para hospedar os jovens do projeto Rondom. Em 1985,

fecharam-se os cursos de Habilitação Básica de Saúde e de formação de Magistério por

falta de alunos.

Em 1986, o 2º grau foi fechado na escola, pois ao longo dos anos, surgiram

várias escolas públicas de boa qualidade, com um corpo docente com o mesmo nível do

CONASA, e que não cobrava mensalidade escolar. Mais esse foi somente um dos

motivos do fechamento das turmas, o outro foi à transferência do Seminário Frei Jordão

Mai para uma das alas do colégio.

Frei Solano Kuhn, um dos grandes mestres e fundadores do CONASA, falecera

em 28 de outubro de 1989, deixando uma grande lacuna no corpo docente da escola.

Nesse trecho de um discurso feito por Frei Evaldo, sintetiza bem quem foi Frei Solano

para a história da educação em Bacabal:

Ás expressões nas manifestações de pêsames- Educador, Amigo, Pai, Irmão,

semente que morre para dar frutos, Lutador que mostrou garra e merece

reconhecimento-, junta-se o que a fraternidade franciscana estampou no

santinho do 7º dia: Cumpri minha missão; que cristo vos ensine a cumprir a

vossa ( LÖHER, Eurico, Pg. 349).

Em 1991, fecharam-se as 5º, 6º e 8º séries, abrindo uma nova era na história da

escola. Com a chegada de várias escolas publicas e privadas na cidade, houve a

ampliação da oferta de vagas em outros estabelecimentos de ensino. Em 1991, ouve

outra ameaça de fechamento das turmas de 1º a 4º séries, pois o centro de formação

precisaria de um espaço para funcionamento, mas não chegou a se concretizar.

O CONASA continuou ofertando turmas do ensino primário de 1º a 4º série e o

jardim de infância tinha seu prédio próprio. A percepção que temos é que ao longo dos

anos a escola CONASA não perdeu seu vínculo cristão e nem seu status de educação

tradicional. O que mudou desde sua fundação na década de 1950 até hoje é que naquela

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época a maioria dos alunos era de famílias abastadas, hoje a maior parte de seu corpo

discente vem de bairros periféricos, o que é motivo de orgulho para a instituição, pois

acaba por proporcionar uma base educacional consistente para crianças sem

oportunidades, além de proporcionar uma educação religiosa. Atualmente o CONASA

tem filial em educação infantil nos bairros: Parque Rui Barbosa, Vila Frei Solano e Vila

Coelho Dias, região periférica da cidade. A maior parte dos alunos é composta por

filhos de pais trabalhadores, lavradores ou mães solteiras, que não tem condições de

pagar mensalidades altas em escolas particulares. É por esse e outros motivos que a

escola oferece também bolsas para filhos dos próprios funcionários ou pessoas

paupérrimas que não tem condições para pagar mensalidades altas. Atualmente a escola

não tem nenhuma fonte de financiamento, pois a última foi a MISEREOR, que por

alguns anos manteve a mesma. Hoje, a escola conta com ajuda financeira das baixas

mensalidades que são pagas pelos alunos e por eventos promovidos pela escola.

Quanto ao método de ensino, durante muitos anos fizeram uso do método

tradicional principalmente quanto da inauguração, quando as aulas eram ministradas por

padres e freiras e o ensino era bem rígido. Com a mudança nos costumes sociais ao

longo dos anos, a escola teve que se adaptar as novas concepções e mudar seu método

de ensino. Ainda em alguns aspectos permaneceu tradicional, ainda que tivesse que se

flexibilizar a adoção de alguns dogmas que a igreja católica, como é o caso da aceitação

do homossexualismo e a combate a homofobia, termos polêmicos, que segundo as

coordenadoras, são assuntos abordados em sala de aula e usados a favor da educação

das crianças sem fazer jus a nenhum tipo de preconceito.

A instituição teve um papel muito importante na história da educação no

município de Bacabal. Foi à primeira escola católica da cidade e sendo a ser a mais

antiga que resistiu às mudanças na sociedade. Essa importância se evidencia no fato

dela ser a responsável pela formação de figuras ilustres do município de Bacabal, dentre

elas podemos citar: Dr. Hidalgo Martins da Silveira Neto, Vereador Florêncio Neto, Ex.

prefeito Jurandir Ferro do Lago Filho e Benedita Iranise Lemos, autora do hino da

cidade de Bacabal. Assim a instituição cresce e junto cresce a nova geração bacabalense

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados levantados preliminarmente nesta pesquisa, ainda em andamento,

revelam elementos interessantes da história da Educação básica no Estado do Maranhão,

sobretudo em regiões que se localizam no interior do estado, que, por ausência de

estudos e pesquisas, tem se constituído em uma lacuna no âmbito da história da

educação. Entretanto, com a chegada da Universidade Federal do Maranhão ao

município de Bacabal, essa história tem sido recuperada ou de fato registrada, pois

muitos dos registros da história da educação no município se encontram em arquivos

dessas instituições pioneiras, ou fazem parte de acervos particulares, ou são fruto da

memória dos antigos habitantes.

No entanto, a exemplo de outras regiões do estado do Maranhão, em que já

existem estudos sobre a história da educação, é necessário proceder esse registro,

analisando aspectos ainda não abordados neste trabalho, como questões

socioeconômicas e políticas que incidem diretamente sobre a educação na região no

período. Entretanto, esse resgate de fontes e tentativa de reconstrução da memória dos

primórdios da educação no município de Bacabal, por meio da atuação de instituições

pioneiras, se constitui em um primeiro esforço em direção a essa tarefa, que nos foi

apresentada como um desafio, onde nós, pesquisadores locais, temos singular

responsabilidade.

REFERÊNCIAS

LÖHER, Eurico. Franciscanos no Maranhão e Piauí, 1952 a 2007. Teresina, PI:

Halley, 1999.

OLIVEIRA, Raimundo Sergio de. Bacabal de Sempre. Bacabal, MA: 19/02/2003.

Disponível em 23/06/2014http://www.conasa.org.br

PINTO, Maria Núbia Bonfim. Do velho ao novo: política e educação no Maranhão.

Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas – Instituto de Estudos Avançados em

Educação, 1982 (Tese de Doutorado).

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ANEXOS

1. Imagem da fachada do prédio da escola

Fonte: http://www.conasa.org.br/?page=ler&id=7

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2. Ficha de matrícula do 1º aluno da escola (1959)

Fonte: própria.

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3. Ficha de registro individual do aluno

4.

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