colecao sinopse - direito constitucional - selecionadas

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67 Capítulo III Constituição, classificação das constituições e evolução consti- tucional brasileira Sumário • 1. Constituição: 1.1. Conceitos: 1.1.1. Conceitos histórico e moderno; 1.1.2. Perspec- tivas conceituais; 1.2. Documentos que deram origem às constituições modernas – 2. Classi- cação das constituições: 2.1. Quanto ao con- teúdo; 2.2. Quanto à estabilidade; 2.3. Quanto à forma; 2.4. Quanto à origem; 2.5. Quanto ao modo de elaboração; 2.6. Quanto à extensão; 2.7. Quanto à essência; 2.8. Outras denomina- ções; 2.9. Classicação da Constituição de 1988 – 3. Evolução constitucional do Estado brasilei- ro: 3.1. Constituição de 1824; 3.2. Constituição de 1891; 3.3. Constituição de 1934; 3.4. Constitui- ção de 1937; 3.5. Constituição de 1946; 3.6. Cons- tituição de 1967; 3.7. Emenda Constitucional ou Constituição de 1969?; 3.8. Constituição de 1988. 1. CONSTITUIÇÃO 1.1. Conceitos Como percebeu CANOTILHO, constituição é daquelas “palavras viajantes”, cujos conceitos variam de acordo com o momento his- tórico. Tem origem remota no termo grego politeia, mas chegou ao vernáculo a partir do latim constitutio. Representa o conjunto de regras e princípios referentes à estrutura fundamental do Estado, à formação dos poderes públicos, à forma de governo e de aquisição de poder, à distribuição de competências, bem como aos direitos, garantias e deveres dos cidadãos. Para JOSÉ AFONSO DA SILVA, a constituição é algo que tem: a) como forma, um complexo de normas (escritas ou costu- meiras);

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Dir.constitucional

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    C a p t u l o I I I

    Constituio, classificao das constituies e evoluo consti-tucional brasileiraSumrio 1. Constituio: 1.1. Conceitos: 1.1.1. Conceitos histrico e moderno; 1.1.2. Perspec-tivas conceituais; 1.2. Documentos que deram origem s constituies modernas 2. Classi-fi cao das constituies: 2.1. Quanto ao con-tedo; 2.2. Quanto estabilidade; 2.3. Quanto forma; 2.4. Quanto origem; 2.5. Quanto ao modo de elaborao; 2.6. Quanto extenso; 2.7. Quanto essncia; 2.8. Outras denomina-es; 2.9. Classifi cao da Constituio de 1988 3. Evoluo constitucional do Estado brasilei-ro: 3.1. Constituio de 1824; 3.2. Constituio de 1891; 3.3. Constituio de 1934; 3.4. Constitui-o de 1937; 3.5. Constituio de 1946; 3.6. Cons-tituio de 1967; 3.7. Emenda Constitucional ou Constituio de 1969?; 3.8. Constituio de 1988.

    1. CONSTITUIO

    1.1. Conceitos

    Como percebeu CANOTILHO, constituio daquelas palavras viajantes, cujos conceitos variam de acordo com o momento his-trico. Tem origem remota no termo grego politeia, mas chegou ao vernculo a partir do latim constitutio. Representa o conjunto de regras e princpios referentes estrutura fundamental do Estado, formao dos poderes pblicos, forma de governo e de aquisio de poder, distribuio de competncias, bem como aos direitos, garantias e deveres dos cidados.

    Para JOS AFONSO DA SILVA, a constituio algo que tem:

    a) como forma, um complexo de normas (escritas ou costu-meiras);

  • Juliano Taveira Bernardes e Olavo Augusto Vianna Alves Ferreira

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    b) como contedo, a conduta humana motivada pelas relaes sociais (econmicas, polticas, religiosas etc.);

    c) como fi m: a realizao dos valores que apontam para o exis-tir da comunidade; e

    d) como causa criadora: o poder emanado do povo.

    1.1.1. Conceitos histrico e moderno

    O conceito histrico de constituio refere-se ao conjunto das normas (escritas ou consuetudinrias) e das estruturas institucio-nais que conformam, num certo perodo, a ordem jurdico-poltica de determinado sistema socialmente organizado.

    Nos primrdios do constitucionalismo moderno, num conceito de constituio tipicamente liberal do sculo XVIII, dizia-se que uma sociedade em que no est assegurada a garantia dos direitos nem reconhecida a diviso dos poderes no tem Constituio. (Art. 16 da Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado 1789). Mas atualmente j se reconhece que quaisquer organizaes so-ciais possuem constituio, pois cada uma delas se apresenta es-truturada, pelo menos, por certo conjunto de normas fundamen-tais, ainda que baseadas no costume ou na simples autoridade de quem exerce o poder poltico.

    De qualquer forma, foi somente com o desenvolvimento cient-fi co do constitucionalismo que surgiu o conceito moderno de cons-tituio, a signifi car, segundo CANOTILHO, a ordenao sistemtica e racional da comunidade poltica atravs de documento escrito no qual se declaram a liberdades e os direitos fundamentais e se fi xam os limites do poder poltico (1998, p. 48).

    1.1.2. Perspectivas conceituais

    Pode-se ainda defi nir o que seja uma constituio conforme as seguintes perspectivas:

    A) Conceito sociolgico: Deve-se a LASSALLE a clssica conceitua-o da constituio num sentido tipicamente sociolgico. Em conferncia de 1863, ele qualifi cou a constituio como a soma dos fatores reais de poder que regem uma nao. Nes-se sentido, constituio simples documento com o qual os fatores reais do poder se impem diante de determinada

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    comunidade. A constituio jurdica apenas incorpora em do-cumento escrito os fatores reais do poder, sem a concorrn-cia dos quais a constituio no passaria de uma folha de papel. Esses fatores reais do poder que so a essncia da constituio real de um pas. Por isso, a verdadeira consti-tuio baseia-se nos fatores reais e efetivos do poder. As cons-tituies escritas s tm valor e durabilidade se exprimirem fi elmente correspondncia com esses fatores reais de poder.

    A crtica feita concepo sociolgica decorre do fato de que ela no reconhece a constituio como instrumento de alterao da reali-dade. O nico papel da constituio seria identifi car as normas institu-das pelos fatores reais de poder existentes. Nesse sentido, se a cons-tituio escrita vai de encontro constituio real (soma dos fatores reais de poder), haver a prevalncia desta em detrimento daquela.

    B) Conceito poltico: Numa perspectiva eminentemente poltica, SCHMITT teorizou a constituio como a sntese da deciso poltica fundamental. dessa deciso que emana a unidade poltica concreta representada pelo Estado e sua respectiva constituio. Toda normatividade estatal reside numa deciso poltica do titular do poder constituinte. A constituio v-lida quando emana de um poder (isto , fora ou autorida-de) constituinte e se estabelece por vontade dele. Todavia, a constituio no se confunde com as leis constitucionais. A constituio propriamente dita, segundo SCHMITT, contm so-mente a determinao consciente da concreta forma de con-junto pela qual se pronuncia ou se decide a unidade poltica do Estado. Assim, a constituio no vale em virtude de sua justia normativa ou de sua sistemtica hermeticamente consi-derada, seno por decorrncia da vontade poltica existencial daquele que a concebe. J a validade das leis constitucionais toma por base essa constituio originada da deciso poltica fundamental. De modo que, para que sejam consideradas v-lidas, as leis constitucionais necessitam, em ltima instncia, da conformidade para com a deciso poltica prvia e ado-tada por um poder ou autoridade politicamente existente.

    C) Conceito jurdico: O conceito jurdico de constituio reconduz ao positivismo da escola de KELSEN e s respectivas explica-es acerca do ordenamento jurdico. Nessa perspectiva, a

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    ordem jurdica no sistema de normas ordenadas no mesmo plano, umas ao lado das outras, mas construo normativa escalonada em diferentes camadas e nveis. Destarte, o autor toma a palavra constituio em dois sentidos distintos. No pri-meiro deles, sentido lgico-jurdico, constituio seria norma fundamental hipottica com funo de servir de fundamento lgico transcendental de validade da constituio jurdico-po-sitiva. De forma diversa, no sentido jurdico-positivo, constitui-o deve ser entendida como norma positiva suprema, como conjunto de normas que regula a criao de outras normas, ou seja, a lei nacional no seu mais alto grau. Desta forma, as nor-mas jurdicas devem manter, entre si, relao hierrquica de fundamentao e derivao. Uma norma jurdica s valida se encontra fundamento em norma superior que lhe regula o res-pectivo processo de produo. E a constituio ocupa o nvel normativo mais alto no ordenamento positivo estatal. Dessa posio hierrquica mais elevada, a constituio que regula a produo das outras normas jurdicas estatais, servindo as-sim de parmetro superior da validade das demais normas de determinado ordenamento jurdico.

    Perspectivas conceituais

    Concepo sociolgica Concepo poltica Concepo jurdica

    Ferdinand Lassale Obra clssica: Essn-

    cia da Constituio

    Carl Schmitt Obra clssica: Teoria

    da Constituio

    Hans Kelsen Obra clssica: Teoria

    pura do direito

    CONSTITUIO REAL aquela que refl ete a

    soma dos fatores re-ais de poder que re-gem a sociedade;

    CONSTITUIO ESCRITA no refl ete os fatores

    reais de poder, no passando a constitui-o escrita de uma "folha de papel".

    CONSTITUIO a deciso poltica

    fundamental, deciso concreta de conjunto sobre o modo e forma de existncia da uni-dade poltica (estrutu-ra e rgos do Estado, direitos individuais, vida democrtica etc.);

    LEI CONSTITUCIONAL so os dispositivos

    inscritos no texto constitucional que no contenham matria de deciso poltica fundamental.

    SENTIDO LGICO-JURDICO- constituio como

    norma fundamen-tal hipottica com funo de servir de fundamento lgico transcendental de va-lidade da constituio jurdico-positiva.

    SENTIDO JURDICO-POSITIVO constituio como nor-

    ma positiva suprema, como conjunta de nor-mas que regula a cria-o de outras normas, ou seja, a lei nacional no seu mais alto grau.

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    Como esse assunto foi cobrado em concurso?Em 2010, o concurso para Juiz do Trabalho Substituto da 23 Regio, o candidato deveria apontar como correta a seguinte alternativa: No sentido sociolgico, a Constituio, segundo a conceituao de Ferdi-nand Lassale a somatria dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade, e no sentido poltico, segundo Carl Schimitt, a deciso po-ltica fundamental, fazendo distino entre Constituio e leis constitu-cionais;. Na mesma questo, o gabarito indicou como errada a asser-tiva que se segue: Para Hans Kelsen a concepo de Constituio tem dois sentidos: lgico-jurdico, que equivale norma positiva suprema, ou seja, conjunto de normas que regula a criao de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau, e jurdico-positivo, que signifi ca norma fundamental hipottica.

    No XIII Concurso da Magistratura Federal do TRF1 (2009) foi considerada errada a seguinte alternativa: No sentido sociolgico, a constituio seria distinta da lei constitucional, pois refl etiria a deciso poltica fun-damental do titular do poder constituinte, quanto estrutura e aos rgos do Estado, aos direitos individuais e atuao democrtica, en-quanto leis constitucionais seriam todos os demais preceitos inseridos no documento, destitudos de deciso poltica fundamental.

    Por sua vez o X Concurso da Magistratura Federal do TRF5 (2009) con-siderou errada assertiva com a seguinte redao: Segundo Kelsen, a CF no passa de uma folha de papel, pois a CF real seria o somatrio dos fatores reais do poder. Dessa forma, alterando-se essas foras, a CF no teria mais legitimidade.

    O concurso para Juiz do Trabalho realizado pelo TRT da 24 Regio (2007) exigia que os candidatos relacionassem os incisos I. Constituio no sentido lgico-jurdico. II. Constituio no sentido jurdico-positivo. III. Constituio como deciso poltica fundamental; com as alneas (A) Signifi ca a norma fundamental hipottica. (B) A Constituio dimen-sionada como deciso global e fundamental advinda da unidade po-ltica, e identifi cvel pelo ncleo de matrias que lhe so prprias e inerentes. (C) Equivale norma positiva suprema. O gabarito apontou como correta a resposta que continha a seguinte correlao ( I-A ); ( II-C ); ( III-B ).

    1.2. Documentos que deram origem s constituies modernas

    Sem esquecer que foi somente com o constitucionalismo mo-derno que as constituies tiveram a preocupao consciente em

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    fi xar mecanismos limitadores do poder poltico e em estabelecer direitos e garantias para os membros da comunidade, apontam-se alguns diplomas precursores das constituies atuais:

    a) Cdigo de Hamurabi (sc. XXIII a.c.): primeiro conjunto de leis escritas, embora baseadas na suposta vontade divina.

    b) Carta Magna inglesa (1215): primeiro texto no qual a socieda-de imps regras e delimitou o poder estatal e do governante.

    c) Instrumento de Governo (Instrument of Government) (1654): documento assinado na Inglaterra pelo ento monarca Cromwell. considerado pela melhor doutrina como a pri-meira constituio escrita.

    2. CLASSIFICAO DAS CONSTITUIES

    2.1. Quanto ao contedo

    a) Constituio material: consiste no conjunto de normas, es-critas ou costumeiras, relacionadas com temas considerados essenciais s funes que a constituio deve desempenhar (normas materialmente constitucionais). Nesse conceito de normas materialmente constitucionais, o importante o con-tedo delas, e no a fonte normativa em que veiculadas. Da se admitir que normas materialmente constitucionais possam ser estabelecidas em diplomas normativos diversos do as-sim considerado texto constitucional (constituio formal). No Brasil, servem de exemplo as normas materialmente consti-tucionais dispostas, v.g., na Lei de Introduo ao Cdigo Civil; no Cdigo Eleitoral; na Lei Orgnica dos Partidos Polticos; na Lei Orgnica da Magistratura.

    Mas a grande perplexidade causada por tal conceito material est em que simplesmente no h consenso sobre quais sejam as matrias constitucionais. Todavia, embora autores como KELSEN sustentem que a constituio material s inclui as normas que regulam a produo de outras normas jurdicas, a experin-cia constitucional vem constantemente alargando o rol das normas materialmente constitucionais. Existem assuntos que, no decorrer do constitucionalismo, vm sendo enquadrados como tipicamente

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    constitucionais, tais como a organizao do poder poltico e o cat-logo dos direitos fundamentais da pessoa humana.

    No direito brasileiro, por infl uncia da primeira parte do art. 178 da Constituio de 1824, parece existir certo acordo em que a constituio material abrange pelos menos as normas pertinentes aos limites e atribuies dos poderes polticos, aos direitos polti-cos e individuais das pessoas.

    B) Constituio formal: conjunto de normas que, independente-mente do contedo, consideram-se inseridas em ato escrito no qual se encontram os padres normativos dotados de hierarquia jurdica superior.

    No h frmula nica ou preestabelecida a caracterizar as consti-tuies formais. Mas elas so facilmente identifi cadas quando se trata de documentos solenes produzidos por pessoas ou assembleias s quais se atribui o exerccio do poder constituinte. J a maior hierar-quia normativa atribuda s constituies formais, no geral, atribu-da existncia de mecanismos de rigidez constitucional, i.e., da pre-viso de procedimentos especiais para se reform-las (v. item 2.2).

    Nessa acepo, confi guram normas formalmente constitucionais:

    a) em sentido estrito, as normas implcita ou explicitamente ex-tradas de documento normativo escrito e solene, ao qual se atribui hierarquia superior em relao s demais normas do mesmo sistema normativo (constituio formal); e

    b) em sentido amplo, todas as normas dotadas de hierarquia normativa superior, incluindo as extradas de fontes diversas da constituio formal propriamente dita, tais como as nor-mas constantes de emendas constitucionais.

    O direito brasileiro possui excessivo nmero de normas formal-mente constitucionais, mas que no veiculam matrias constitucio-nais. So as chamadas normas apenas formalmente constitucionais. Entre os muitos exemplos caricatos, sobressai a previso consti-tucional segundo a qual o Colgio Pedro II ser mantido na rbita federal (art. 242, 2, da CF/88).

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    A partir da EC 45/2004, o sistema normativo brasileiro passou a admitir, ainda, a existncia de nova modalidade de normas formal-mente constitucionais (em sentido amplo). Conforme 3 acrescen-tado pela EC 45/2004 ao art. 5 da CF/88, os tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, sero equivalentes s emen-das constitucionais.

    Como esse assunto foi cobrado em concurso?

    No XIII Concurso da Magistratura Federal do TRF1 (2009) foi considerada errada a seguinte alternativa: Na acepo formal, ter natureza cons-titucional a norma que tenha sido introduzida na lei maior por meio de procedimento mais difi cultoso do que o estabelecido para as normas infraconstitucionais, desde que seu contedo se refi ra a regras estru-turais do Estado e seus fundamentos.

    Sobre o mesmo tema, em concurso elaborado pela Fundao Carlos Chagas para cargo de Tcnico Superior de Procuradoria da PGE-RJ (2009), a seguinte afi rmao foi considerada como errada: O conceito de normas materialmente constitucionais antagnico ao de normas formalmente constitucionais.

    2.2. Quanto estabilidade

    a) Constituio imutvel: a que no admite reformas.

    b) Constituio rgida: constituio cujo texto admite reformas, mas somente de acordo com processos de modifi cao mais complexos e rigorosos do que os exigidos para a aprovao da legislao ordinria. tipo de constituio predominante desde a Constituio dos EUA. A atual Constituio brasileira tambm prev tcnicas de rigidez constitucional que se re-velam na comparao entre as formalidades necessrias aprovao de emendas constitucionais (art. 60) e as que se exigem no processo legislativo comum (art. 47).

    c) Constituio fl exvel: constituio cujas reformas podem ser feitas segundo processos semelhantes aos exigidos para a