coleção biológica (1) (1)

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1-O que é Coleção Biológica Coleção Biológica é o conjunto de organismo devidamente tratado, conservado e organizado de modo a fornecer informações sobre sua procedência, coleta e identificação de cada um de seus espécimes. 2-A importância das Coleções As coleções biológicas são amostras da biodiversidade e servem de base para pesquisas de sistemática e taxonomia, atividades educacionais, e também podem apresentar valioso material com importância histórica. Estes acervos tornaram- se bancos de patrimônio genético, já que várias pesquisas foram realizadas utilizando material preservado em coleções para resgatar informações fundamentais sobre a história de espécies de vetores de doenças e seus agentes etiológicos. O conhecimento da biodiversidade de uma determinada região passa por 4 estágios principais: 1- Coleta de indivíduos em seus habitats; 2- Preparação; 3- Triagem, catalogação e identificação em laboratórios; 4- A inclusão desses indivíduos, considerados como material-testemunho, em coleções científicas de instituições que trabalham com a preservação de patrimônio biológico

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Page 1: Coleção Biológica (1) (1)

1-O que é Coleção Biológica

Coleção Biológica é o conjunto de organismo devidamente tratado, conservado e

organizado de modo a fornecer informações sobre sua procedência, coleta e

identificação de cada um de seus espécimes.

2-A importância das Coleções

As coleções biológicas são amostras da biodiversidade e servem de base para

pesquisas de sistemática e taxonomia, atividades educacionais, e também podem

apresentar valioso material com importância histórica. Estes acervos tornaram-se bancos

de patrimônio genético, já que várias pesquisas foram realizadas utilizando material

preservado em coleções para resgatar informações fundamentais sobre a história de

espécies de vetores de doenças e seus agentes etiológicos.

O conhecimento da biodiversidade de uma determinada região passa por 4

estágios principais:

1- Coleta de indivíduos em seus habitats;

2- Preparação;

3- Triagem, catalogação e identificação em laboratórios;

4- A inclusão desses indivíduos, considerados como material-testemunho, em coleções

científicas de instituições que trabalham com a preservação de patrimônio biológico

3-Tipos de coleções

As coleções são divididas em quatro categorias: coleções microbiológicas,

coleções botânicas, coleções histopatológicas e coleções zoológicas.

3.1-Coleções Microbiológicas

Têm a função de preservar os micro-organismos autenticados para dar suporte à

pesquisa científica, estudos epidemiológicos, e o desenvolvimento e a produção de

bioprodutos para diagnóstico, vacina e medicamentos, atuando também como

provedores de serviços especializados. 

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3.2-Coleções Botânicas (Herbário)

As coleções botânicas tem como objetivo de estudo das plantas em herbário,

auxiliando no conhecimento da biodiversidade vegetal mundial e na formação de uma

coleção de espécimes.

È uma referencia científica, com grande importância para a preservação e

conservação da biodiversidade.

O Herbário desempenha um papel importante nos estudos de biodiversidade,

sendo cada vez mais reconhecido pelos cientistas. Ele contém uma enorme base de

dados onde constantemente se extrai, utilizar e adicionar novas informações sobre

espécies.

3.3-Coleções Histopatológicas

São espécimes que servem como recursos valiosos para a compreensão da Saúde

e de doença em humanos e demais animais. Auxiliam também na relação

epidemiológica das doenças e dos ambientes nos quais ocorrem e ajudam na

compreensão da evolução das doenças, e dos patógenos, vetores e reservatórios. Na

reavaliação diagnóstica histopatológica e/ou molecular; para o estudo da influência das

doenças nos hábitos e costumes da sociedade.

3.4-Coleções Zoológicas

É o conjunto de animais coletados em ambientes naturais e preparados para que

permaneçam em condições de estudo por muitos anos. Essas coleções podem também

abrigar produtos da atividade animal, tais como ninhos e pegadas. Garantem a

denominação de grupos de organismos e estabelecem a base de informação para

análises de distribuição geográfica, diversidade morfológica, relações de parentesco e

evolução das espécies, levando a uma maior compreensão sobre a relação

epidemiológica dos vetores e reservatórios com seus agentes infecciosos. 

3.4.1- Coleta, Montagem e Conservação de Insetos

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Para fazer a coleta é necessário que o representante legal da instituição realize o

registro da instituição e da coleção no Cadastro Nacional de Coleções Biológicas

(CCBIO) no Ibama por meio do Sistema de Autorização e Informação em

Biodiversidade (Sisbio). A coleção deverá conter a identificação do responsável, a

identificação da coleção, a indicação da sua localização, a relação dos principais grupos

taxonômicos contemplados e a dimensão estimada do acervo.

A coleta de insetos exige planejamento na organização e preparação dos equipamentos e

demais utensílios de coleta e captura.

Grande parte da taxonomia dos insetos está baseada em caracteres externos do

corpo e seus apêndices (pernas, antenas e asas) por isso é necessário tomar um cuidado

especial durante a coleta, para evitar a quebra de qualquer parte inseto. Além dos

equipamentos de coleta, um bloco de anotações é fundamental para registro de

informações relativas ao tipo de ambiente onde o inseto foi capturado.

3.4.2-Equipamentos e métodos de Coleta

Podemos dividir os métodos de coleta em duas categorias que podem ser usados

simultaneamente. Na primeira categoria o coletor deverá estar presente. Será necessário

o uso de rede entomológica, rede de varredura, aspirador, “morteiro”, coleta no pano

para insetos noturnos, ou outro equipamento adaptado às necessidades de quem está

operando a coleta (Fig.1).

Figura 1. Aspirador (A, B); Morteiro (C); Coleta no pano (D, E); Rede entomológica (F, G).

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Na segunda categoria o coletor não precisa estar presente. Serão utilizadas

armadilhas como: luminosa, adesiva, guarda-chuva entomológico, funil de Berlese,

armadilha de Malaise, de impacto, armadilha para inseto de solo (pit-fall), de sucção,

bandeja d’água com cores atrativas, frasco-caça-mosca e feromônio sexual (Fig. 2).

Figura 2. Belease (A); guarda-chuva entomológico (B); Pit-fall (C); Luminosa (mod. “Luiz de Queiroz”)

(D); Adesiva (E); frasco caça-mosca modelo Macphail (F); Bandeja (G).

É aconselhável uso de um kit entomológico contendo os seguintes utensílios:

vidros de boca larga (100 a 200 mL) com tampa de polietileno, álcool 70%, éter,

clorofórmio, pinças, seringa descartável, estiletes, pincéis, papel toalha, recipientes

plásticos com boa vedação, papel rascunho e caixa de isopor (Fig. 3). Recomenda-se

não misturar, no campo os insetos que tenham tamanhos diferentes.

Os insetos devem ser guardados em pequenas caixas separados por papel toalha.

Dentro do “morteiro” devem ser colocadas tiras de papel toalha para absorver líquidos

liberados pelas glândulas dos insetos. Para assegurar uma boa representatividade da

entomofauna de um determinado ecossistema, recomenda-se o uso de diferentes

métodos de coleta.

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Figura 3: Equipamentos para coletar insetos no campo: cx – caixa; rv – rede de varredura; re – rede

entomológica; cm – câmara mortífera; ba – bandeja; cxt – caixa de alumínio para transportar inseto; su –

instrumento para aspirar; pa – papel para anotações; et – etiquetas; et – envelope de papel em forma de

triângulo (modificado de Imes, 1992).

3.4.3-Como Matar e Preservar Insetos

Após coletar um inseto, mate-o imediatamente para evitar qualquer tipo de dano

ao seu corpo. Os lepidópteros de menor porte devem ser imobilizados pela constrição do

tórax (borboletas em geral) e acondicionados em envelopes (Fig. 4).

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Figura 4. Dobramento do papel para formação do envelope entomológico.

Insetos de corpos mais robustos devem ser mortos injetando, com auxílio de uma

seringa descartável, clorofórmio ou outro líquido preservativo. As larvas devem ser

fixadas em água fervente e preservadas em álcool 70% .

Os insetos podem ser mortos e preservados em álcool 70% porem algumas

ordens de insetos é recomendável preservá-los secos.

Existem várias alternativas para manter os insetos em boas condições até sua

adequada preparação. O método usado dependerá do tempo em que o espécime vai ser

armazenado. Uma vez montados, devem ser acondicionados em caixas entomológicas

totalmente fechadas contendo paraformolaldeído ou naftalina para evitar ataque de

pragas de coleção. Estas caixas devem ser mantidas em local sob controle de umidade e

temperatura.

Cada táxon requer meios e formas adequadas para sua montagem. Insetos

maiores devem ser montados em alfinetes que variam de tamanho e espessura,

conforme o volume do corpo do inseto. Insetos menores podem ser submetidos à dupla

montagem, usando-se “triângulos” ou micro alfinetes. A localização para transpassar o

alfinete no inseto também é variável para cada táxon. Nos coleópteros deve-se inserir no

terço superior do élitro direito, enquanto nos heterópteros deve ser na região central do

escutelo.

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As borboletas e mariposas são montadas em plataformas entomológicas

apropriadas. Um bloco de montagem é útil para auxiliar na disposição das etiquetas.

Estas devem conter informações como: localidade, data da coleta, nome do coletor,

identificação taxonômica, etc. (Fig.5).

Figura 5. Local de alfinetagem (A-D); Bloco de montagem (E); Plataforma de distensão

das asas (F); Etiquetagem (G) (Nakano et al., 2002).

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REFERENCIA

ALMEIDA, L. M. de; RIBEIRO-COSTA, C.S.; MARINONI, L. Manual de Coleta, Conservação,Mmontagem e Identificação de Insetos. Ribeirão Preto: Holos, 1998.

FILHO, W. S de A; Botton M; Soria, de J. S. Curadoria da Coleção Entomológica da Embrapa Uva e Vinho. Bento Gonçalves, RS, 2007.

LAZZARI, S. M. N; PICCOLI, C. F. Montagem de Insetos – Via Seca para Coleção Didática. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR, 2009.

BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Instrução Normativa nº 160 Brasília, Distrito Federal, 2007.