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Coesão textual 2 Sistematização Coesão textual é a articulação entre os vários elementos que compõem um texto, estabelecendo-se o encadeamento necessário à sua compreensão pelo leitor. Pronomes, advérbios, conjunções, preposições, numerais, artigos definidos são algumas das categorias gramaticais por meio das quais essa articulação pode ser estruturada, mas ela se estabelece também por meio de repetições, sinônimos, hiperônimos e de outras estratégias, conforme detalharemos adiante. Ressalta-se, entretanto, que embora mecanismos de coesão de natureza gramatical sejam indispensáveis ao entendimento de alguns textos, outros cumprem sua finalidade discursiva, de forma articulada, sem a presença dessas classes de palavras. Apresentamos a seguir três tipos de coesão: referencial, sequencial e recorrencial e diferentes mecanismos por meio dos quais cada uma delas pode se manifestar. Atenha-se a cada um deles para desenvolver as questões que se seguem. COESÃO REFERENCIAL: é aquela em que se utilizam expressões que retomam ou antecipam ideias. Substituição de um elemento por outro Pronomes pronomes pessoais na 3ª pessoa ele, ela, eles, elas João acordaria cedo, pois ele teria uma consulta. pronomes indefinidos algum, nenhum, todo, muito, alguém Ele e a mãe programaram o despertador, mas nenhum acordou. pronomes possessivos meu, nosso, teu, seu, vosso, dele... Minha mãe acorda cedo, mas a dele não. pronomes demonstrativos isto, isso, aquilo... Não canso de dizer-lhe isto: durma cedo! pronomes interrogativos quanto, qual, quem... Laranja e acerola têm vitamina C, mas qual apresenta maior concentração? pronomes relativos que, qual, quem, onde, cujo, como... Comprei as frutas que estavam em promoção. pronomes adverbiais aqui, aí, lá... Fui ao supermercado e encontrei o que precisava. Verbos os verbos são empregados em referência a todo o predicado Comprei muitas frutas e você fará o mesmo. Advérbios Eu sempre acordo cedo e meu irmão, nunca. Numerais Comprei duas laranjas e três mexericas, mas as cinco estragaram. Comprei novas frutas e a metade estava ácida. Reiteração de um elemento do texto por outro Repetições de um mesmo termo de forma idêntica Comprou flores e esqueceu as flores no balcão. com um novo determinante Comprou as flores, mas essas flores não são perfumadas. de forma abreviada Compraram flores para o altar das celebrações da Jornada Mundial da Juventude, mas o Papa pediu simplicidade nas celebrações da JMJ. de forma ampliada Dilma ressaltou o caráter positivo nas manifestações dos brasileiros, mas a popularidade da presidenta Dilma Rousseff continua caindo. de forma cognata 2 Estudar é necessário e o estudo enobrece. sinônimos ou quase sinônimos (coesão lexical) hipônimos 3 Decidiu que voltaria de transporte coletivo, mas quando o ônibus chegou, já era tarde. hiperônimos 3 Desistiu de usar ônibus, pois transportes coletivos não são pontuais nesta cidade. nomes genéricos Um mineiro, diante de uma janela emperrada, exclama: esse trem nunca funciona! termos simbólicos Tinha dúvidas sobre namorar ou não aquele rapaz tão doente, mas o coração venceu a dúvida. expressões nominais definidas Roberto Carlos fará uma turnê em um navio, no qual o rei cantará todas as noites. Elipse 4 O astro chegou à varanda do hotel. De lá, acenou para os fãs.

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Coesão textual 2 – Sistematização

Coesão textual é a articulação entre os vários elementos que compõem um texto, estabelecendo-se o encadeamento necessário à sua compreensão pelo leitor. Pronomes, advérbios, conjunções, preposições, numerais, artigos definidos são algumas das categorias gramaticais por meio das quais essa articulação pode ser estruturada, mas ela se estabelece também por meio de repetições, sinônimos, hiperônimos e de outras estratégias, conforme detalharemos adiante. Ressalta-se, entretanto, que embora mecanismos de coesão de natureza gramatical sejam indispensáveis ao entendimento de alguns textos, outros cumprem sua finalidade discursiva, de forma articulada, sem a presença dessas classes de palavras. Apresentamos a seguir três tipos de coesão: referencial, sequencial e recorrencial e diferentes mecanismos por meio dos quais cada uma delas pode se manifestar. Atenha-se a cada um deles para desenvolver as questões que se seguem.

CO

ES

ÃO

RE

FE

RE

NC

IAL

: é

aq

ue

la e

m q

ue

se

utiliz

am

exp

ressõ

es q

ue r

eto

ma

m o

u

an

tecip

am

id

eia

s.

Substituição de um elemento por outro

Pronomes

pronomes pessoais na 3ª pessoa ele, ela, eles, elas

João acordaria cedo, pois ele teria uma

consulta.

pronomes indefinidos algum, nenhum, todo, muito, alguém

Ele e a mãe programaram o despertador, mas nenhum acordou.

pronomes possessivos meu, nosso, teu, seu, vosso, dele...

Minha mãe acorda cedo, mas a dele não.

pronomes demonstrativos isto, isso, aquilo...

Não canso de dizer-lhe isto: durma cedo!

pronomes interrogativos quanto, qual, quem...

Laranja e acerola têm vitamina C, mas qual

apresenta maior concentração?

pronomes relativos que, qual, quem, onde, cujo, como...

Comprei as frutas que estavam em promoção.

pronomes adverbiais aqui, aí, lá...

Fui ao supermercado e lá encontrei o que

precisava.

Verbos os verbos são empregados em referência a todo o predicado

Comprei muitas frutas e você fará o mesmo.

Advérbios Eu sempre acordo cedo e meu irmão, nunca.

Numerais Comprei duas laranjas e três mexericas, mas as cinco estragaram. Comprei novas frutas e a metade estava ácida.

Reiteração de um elemento do texto por outro

Repetições de um mesmo termo

de forma idêntica Comprou flores e esqueceu as flores no

balcão.

com um novo determinante Comprou as flores, mas essas flores não são

perfumadas.

de forma abreviada Compraram flores para o altar das celebrações da Jornada Mundial da Juventude, mas o Papa pediu simplicidade nas celebrações da JMJ.

de forma ampliada Dilma ressaltou o caráter positivo nas manifestações dos brasileiros, mas a popularidade da presidenta Dilma Rousseff

continua caindo.

de forma cognata2 Estudar é necessário e o estudo enobrece.

sinônimos ou quase sinônimos (coesão lexical)

hipônimos3 Decidiu que voltaria de transporte coletivo, mas quando o ônibus chegou, já era tarde.

hiperônimos3 Desistiu de usar ônibus, pois transportes coletivos não são pontuais nesta cidade.

nomes genéricos Um mineiro, diante de uma janela emperrada, exclama: esse trem nunca funciona!

termos simbólicos Tinha dúvidas sobre namorar ou não aquele rapaz tão doente, mas o coração venceu a

dúvida.

expressões nominais definidas Roberto Carlos fará uma turnê em um navio, no qual o rei cantará todas as noites.

Elipse4 O astro chegou à varanda do hotel. De lá, acenou para os fãs.

CO

ES

ÃO

SE

QU

EN

CIA

L

ordenação linear Vim, vi e venci.

Acordei, levantei e saí.

expressões que assinalam a ordenação ou continuação

das sequências temporais

Inicialmente, fiquei em dúvidas, depois, entreguei-me ao

projeto.

partículas temporais Abrirei a loja amanhã.

correlação dos tempos verbais: Peço-lhe que chegue cedo. Pedi-lhe que chegasse cedo.

coesão sequencial por conexão

relações lógico-semânticas

Causalidade porque, pois, como, já que, visto que...

Sairei uma vez que não choveu.

Condicionalidade se, caso, desde que, contanto que...

Se chover, não saia.

Conformidade conforme, como, segundo, consoante...

Sairei, conforme combinamos.

Disjunção ou, e/ou, um ou outro...

Você sairá ou assistirá a um filme em casa?

mediação para, a fim de ...

Ele organizou todos os DVDs para escolher o filme.

Temporalidade quando, mal, assim que, enquanto...

Quando o filme começou, ouviu-se um suspiro.

relações discursivas ou argumentativas

Comparação menos que, tanto como, mais que...

A nova versão do filme é melhor que a anterior.

Comprovação tanto que, de modo que, de forma que...

O filme é bom de modo que foi premiado.

Conclusão logo, então, assim, portanto...

Todos atuaram bem, logo merecem o prêmio.

Conjunção também, além de, mas também...

O filme é, de fato, ótimo: tem bom roteiro, a trilha sonora é fantástica, além disso os efeitos especiais são inéditos.

contra junção porém, todavia, ainda que, apesar de...

Embora seja um ótimo filme, não teve uma boa bilheteria.

Contraste mas, ao passo que...

Gosto de todos os gêneros de filmes, mas terror eu não

suporto.

correção/redefinição isto é, ou melhor...

Gravarei o filme para você, isto é, se o equipamento

funcionar.

disjunção argumentativa ou...

O filme é bom. Ou não são boas as cenas em que a

batalha invade as telas?

especificação /exemplificação por exemplo, como...

Filmes, como “Bonequinha de luxo” e “Casablanca”, são

clássicos.

Explicação que, pois, porque...

Os efeitos especiais ficaram fantásticos, pois o diretor de

arte é muito experiente.

generalização/extensão aliás, também, é verdade...

O diretor é ótimo, aliás, ele sempre é premiado.

CO

ES

ÃO

RE

CO

RR

EN

CIA

L

Esse tipo de coesão não se caracteriza pela retomada de algum elemento...

Diferentemente do que ocorre na coesão referencial, não se faz alusão a um referente específico, mas a um determinado padrão ou modelo.

Recorrência de termos “Viver! / E não ter a vergonha / De ser feliz / Cantar e cantar e cantar/ A beleza de

ser / Um eterno aprendiz”... Eterno Aprendiz – Gonzaguinha

Paralelismo – recorrência da mesma estrutura sintática

“Irene no Céu Irene preta Irene boa Irene sempre de bom humor. Imagino Irene

entrando no céu: - Licença, meu branco! E São Pedro bonachão: - Entra, Irene. Você não precisa pedir licença” Manuel Bandeira “Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!”

Arnaldo Jabor

Paráfrase – recorrência de conteúdos semânticos.

Ele não pagou a diária, ou seja, deu o calote. Ele é muuuuuito inteligente, ou melhor, um gênio.

Recursos fonológicos (rimas) A causa da falta de qualidade na educação é a corrupção.

CARNEIRO, Agostinho. Redação em construção. São Paulo: Moderna, 2001.

FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. 8ª ed. são Paulo: Ática, 2000. KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual. 15ª ed. São Paulo: Contexto, 2001. SIMÕES, Fátima: CARLOS, Kátia; RUMEU, Márcia. Redação I. CLAC: UFRJ, s/d. CAVALVANTE, José antônio. Coesão sequencial. In: http://linguaberta.blogspot.com.br/2010/10/coesao-sequencial.html. Acesso: 25 jul.2013.

Atividades

1- Leia o fragmento do conto que se apresenta abaixo, com especial atenção aos mecanismos de coesão em destaque.

O gato preto

Edgar Allan Poe

Não espero nem peço que se dê crédito à história sumamente extraordinária e, no entanto, bastante doméstica que1 vou narrar. Louco seria eu se esperasse tal coisa2, tratando-se de um caso que3 os meus próprios4 sentidos se5 negam a aceitar. Não obstante, não estou louco e6, com toda a certeza, não sonho. Mas amanhã ( )7 posso morrer e, por isso8, gostaria, hoje, de aliviar o meu espírito. Meu propósito imediato é apresentar ao mundo, clara e sucintamente, mas sem comentários, uma série de simples acontecimentos domésticos9. Devido a suas10 consequências, tais acontecimentos11 me aterrorizaram, e instruíram12.

No entanto, não tentarei esclarecê-los13. Em mim, ( )14 quase não produziram outra coisa senão horror _ mas, em muitas pessoas, talvez lhes15 pareçam menos terríveis que grotesco. Talvez, mais tarde, haja alguma inteligência que reduza o meu fantasma a algo comum _ uma inteligência mais serena, mais lógica e muito menos excitável16 do que17, a minha18, que perceba, nas circunstâncias a que me refiro com terror, nada mais do que uma sucessão comum de causas e efeitos muito naturais.

Desde a infância19, tomaram-se patentes a docilidade e o sentido humano de meu caráter. A ternura de meu coração era tão evidente, que20 me tomava alvo dos gracejos de meus companheiros. Gostava, especialmente, de animais, e meus pais me permitiam possuir grande variedade deles21. Passava com eles22 quase todo o meu tempo, e jamais me sentia tão feliz como23 quando lhes dava de comer ou os24 acariciava. Com os anos, aumentou esta peculiaridade de meu caráter25 e, quando26 me tomei adulto, fiz dela27 uma das minhas principais fontes de prazer. Aos que já sentiram afeto por um cão fiel e sagaz, não preciso dar-me ao trabalho de explicar a natureza ou a intensidade da satisfação que se pode ter com isso28. Há algo, no amor desinteressado, e capaz de sacrifícios, de um animal, que toca diretamente o coração daqueles que tiveram ocasiões frequentes de comprovar a amizade mesquinha e a frágil fidelidade de um simples homem.

Casei cedo, e tive a sorte de encontrar em minha mulher disposição semelhante à minha. Notando o meu amor pelos animais domésticos, não perdia a oportunidade de arranjar as

espécies mais agradáveis de bichos. Tínhamos pássaros, peixes dourados, um cão, coelhos, um macaquinho e um gato29.

Este último30 38era um animal extraordinariamente grande e belo, todo negro e de espantosa sagacidade. Ao referir-se à sua inteligência, minha mulher, que, no íntimo de seu coração, era um tanto supersticiosa, fazia frequentes alusões à antiga crença popular de que todos os gatos pretos são feiticeiras disfarçadas. Não que ela se referisse seriamente a isso: menciono o fato apenas porque31 aconteceu lembrar-me disso neste momento.

Pluto32 _ assim se chamava o gato33 _ era o meu preferido, com o qual34 eu mais me distraía. Só eu o35 alimentava, e ele36 me seguia sempre pela casa. Tinha dificuldade, mesmo, em impedir que me ( )37 acompanhasse pela rua.

Nossa amizade durou, desse modo, vários anos, durante os quais não só o meu caráter como o meu temperamento _ enrubesço ao38 confessá-lo _ sofreram, devido ao demônio da intemperança, uma modificação radical para pior. Tomava-me, dia a dia, mais taciturno, mais irritadiço, mais indiferente39 aos sentimentos dos outros. Sofria ao empregar linguagem desabrida ao dirigir-me à minha mulher. No fim40, cheguei mesmo a tratá-la com violência. Meus animais, certamente, sentiam a mudança operada em meu caráter. Não apenas não lhes dava atenção alguma, como, ainda, os maltratava. Quanto a Pluto, porém41, ainda42 despertava em mim consideração suficiente que me impedia de maltratá-lo, ao passo que43 não sentia escrúpulo algum em maltratar os coelhos, o macaco e mesmo o cão, quando, por acaso ou afeto, cruzavam em meu caminho. Meu mal, porém, ia tomando conta de mim _ que outro mal pode se comparar ao álcool? _ e, no fim44, até Pluto, que começava agora a envelhecer e, por conseguinte, se tomara um tanto rabugento, até mesmo Pluto45 começou a sentir os efeitos de meu mau humor.

Certa noite, ao voltar à casa, muito embriagado, de uma de minhas andanças pela cidade, tive a impressão de que o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, assustado ante a minha violência, me feriu a mão, levemente, com os dentes.46 Uma fúria demoníaca apoderou-se, instantaneamente, de mim. Já não sabia mais o que estava fazendo. Dir-se-ia que, súbito, minha alma abandonara o corpo, e uma perversidade mais do que diabólica, causada pela genebra, fez vibrar todas as fibras de meu ser. Tirei do bolso um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pela garganta e, friamente, arranquei de sua órbita um dos olhos!47 Enrubesço, estremeço,48 abraso-me de vergonha, ao referir-me, aqui, a essa abominável atrocidade.

Quando, com a chegada da manhã, voltei à razão _ dissipados já os vapores de minha orgia noturna, experimentei, pelo crime que praticara49, um sentimento que era um misto de horror e remorso; mas não passou de um sentimento superficial e equívoco, pois minha alma permaneceu impassível. Mergulhei novamente em excessos, afogando logo no vinho a lembrança do que acontecera.

Entrementes, o gato se restabeleceu, lentamente. A órbita do olho perdido apresentava, é certo, um aspecto horrendo, mas não parecia mais sofrer qualquer dor. Passeava pela casa como de costume, mas, como bem se poderia esperar, fugia, tomado de extremo terror, à minha aproximação. Restava-me ainda o bastante de meu antigo coração para que50, a princípio, sofresse com aquela evidente aversão por parte de um animal que, antes, me amara tanto. Mas esse sentimento logo se transformou em irritação. E, então51, como para perder-me final e irremissivelmente, surgiu o espírito da perversidade. Desse espírito, a filosofia não toma conhecimento. Não obstante, tão certo como existe minha alma, creio que a perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano – uma das faculdades, ou sentimentos primários, que

dirigem o caráter do homem. Quem não se viu, centenas de vezes, a cometer ações vis ou estúpidas, pela única razão de que sabia que não devia cometê-las? Acaso não sentimos uma inclinação constante mesmo quando estamos no melhor do nosso juízo, para violar aquilo que é lei, simplesmente porque a compreendemos como tal? Esse espírito de perversidade, digo eu, foi a causa de minha queda final. O vivo e insondável desejo da alma de atormentar-se a si mesma, de violentar sua própria natureza, de fazer o mal pelo próprio mal, foi o que me levou a continuar e, afinal, a levar a cabo o suplício que infligira ao inofensivo animal. Uma manhã, a sangue frio, meti- lhe um nó corredio em torno do pescoço e enforquei-o no galho de uma árvore52. Fi-lo com os olhos cheios de lágrimas, com o coração transbordante do mais amargo remorso. Enforquei-o53 porque sabia que ele me amara, e porque reconhecia que não me dera motivo algum para que me voltasse contra ele. Enforquei-o53 porque sabia que estava cometendo um pecado _ um pecado mortal que comprometia a minha alma imortal, afastando-a, se é que isso era possível, da misericórdia infinita de um Deus infinitamente misericordioso e infinitamente terrível.

Na noite do dia em que foi cometida essa ação tão cruel54, fui despertado pelo grito de “fogo!”. As cortinas de minha cama estavam em chamas. Toda a casa ardia. Foi com grande dificuldade que minha mulher, uma criada e eu conseguimos escapar do incêndio. A destruição foi completa. Todos os meus bens terrenos54 foram tragados pelo fogo, e, desde então, me entreguei ao desespero. [...]

1.1- Exemplifique os casos de coesão reproduzidos a seguir, utilizando-se dos mecanismos

coesivos em destaque no texto.

Atenção: os termos em destaque não exemplificam todos os casos.

1.2- Verifique se há, nas partes não destacadas do texto, fragmentos que exemplifiquem os

casos que ficaram em branco.

CO

ES

ÃO

RE

FE

RE

NC

IAL

:

é a

qu

ela

em

qu

e s

e u

tiliz

am

exp

ressõ

es q

ue

reto

ma

m o

u a

nte

cip

am

id

eia

s.

Substituição de um elemento por outro

Pronomes pronomes pessoais na 3ª pessoa ele, ela, eles, elas

pronomes indefinidos algum, nenhum, todo, muito, alguém...

pronomes possessivos meu, nosso, teu, seu, vosso, dele...

pronomes demonstrativos isto, isso, aquilo...

pronomes interrogativos quanto, qual, quem...

pronomes relativos que, qual, quem, onde, cujo, como. ..

pronomes adverbiais aqui, aí, lá...

Verbos os verbos são empregados em referência a todo o predicado

Advérbios

Numerais

Reiteração de um elemento do texto por outro

Repetições de um mesmo termo

de forma idêntica

com um novo determinante

de forma abreviada

de forma ampliada

de forma cognata

sinônimos ou quase sinônimos (coesão lexical)

hipônimos

hiperônimos

nomes genéricos

termos simbólicos

expressões nominais definidas

Elipse

CO

ES

ÃO

SE

QU

EN

CIA

L

ordenação linear

expressões que assinalam a ordenação ou

continuação das sequências temporais

partículas temporais

correlação dos tempos verbais:

coesão sequencial por conexão

relações lógico-semânticas

Causalidade porque, pois, como, já que, visto que...

Condicionalidade se, caso, desde que, contanto que...

Conformidade conforme, como, segundo, consoante...

Disjunção ou, e/ou, um ou outro...

mediação para, a fim de ...

Temporalidade quando, mal, assim que, enquanto...

relações discursivas ou argumentativas

Comparação menos que, tanto como, mais que...

Comprovação tanto que, de modo que, de forma que...

Conclusão logo, então, assim, portanto...

Conjunção também, além de, mas também...

contra junção porém, todavia, ainda que, apesar de...

Contraste mas, ao passo que...

correção/redefinição isto é, ou melhor...

disjunção argumentativa ou...

especificação /exemplificação por exemplo, como...

Explicação que, pois, porque...

generalização/extensão aliás, também, é verdade...

CO

ES

ÃO

RE

CO

RR

EN

CIA

L

Esse tipo de coesão não se caracteriza pela retomada de algum elemento... Diferentemente do que ocorre na coesão referencial, não se faz alusão a um referente específico, mas a um determinado padrão ou modelo.

Recorrência de termos

Paralelismo – recorrência da mesma estrutura sintática

Paráfrase – recorrência de conteúdos semânticos.

Recursos fonológicos (rimas)